Universidade e Forças Armadas: o caso da ABED (2005 2014)samuel Jesus
Este documento discute a relação entre universidades e forças armadas no Brasil, especificamente através da ABED (Associação Brasileira de Estudos de Defesa). Ele argumenta que a institucionalização desta relação pode levar a hesitações na formulação de críticas às ações políticas dos militares sobre a sociedade civil. Também defende a importância de se estabelecer um "ethos civil" na abordagem de questões de defesa e segurança nacional, incorporando temas como direitos indígenas e preservação ambiental.
Segurança Nacional no Governo Michel Temer (2016-2018)samuel Jesus
Este documento discute a segurança nacional no governo Michel Temer entre 2016-2018, focando na reorganização do sistema de inteligência sob controle militar e na criação do Ministério da Segurança Pública, liderado por um general, após a intervenção militar no Rio de Janeiro.
Reveses da Democracia Brasileira: a Historia do Golpe de 2016SamueldeJesus24
O livro escrito entre 2017 e 2018, publicado em 2019, narra a História do Golpe de 2016. Aquilo que o autor professor Samuel de Jesus, doutor em Sociologia pela UNESP e professor adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso Sul, DENOMINOU de golpe Jurídico-parlamentar-midiático-militar de 2016.
Defesa e fronteiras: novos estudos e perspectivas temáticasSamueldeJesus24
O documento discute estudos e perspectivas sobre defesa e fronteiras no Brasil, abordando temas como o ensino da defesa, o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), o comércio transfronteiriço e a criminalidade nas regiões de fronteira.
A Projeção Estratégica e Militar do Brasil entre 2008 e 2016samuel Jesus
Este documento resume um livro sobre a projeção estratégica e militar do Brasil entre 2008 e 2016. O livro analisa temas como os esforços do Brasil para obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e a atuação de empresas brasileiras como a Odebrecht em projetos de infraestrutura na América Latina, financiados pelo governo brasileiro. O prefácio oferece contexto histórico sobre as relações do Brasil com outros países da região e sobre o impacto internacional revelado pela Operação Lava Jato
A Integração Sul-americana: O Caso de Brasil e Peru. Dimensões históricas, po...SamueldeJesus24
O livro oferece uma observação, com viés crítico, das relações políticas e econômicas entre Brasil e Peru, considerando suas dimensões históricas, culturais e ambientais. A avaliação é de que esta cooperação possibilitaria ao Brasil acesso à Bacia do Pacífico, área de incrível potencial econômico, e, em disputa comercial entre potências como os Estados Unidos e a China. A obra contribui à bibliografia brasileira voltada às relações nem sempre equitativas entre Brasil e outros países sul-americanos, neste caso com o Peru desde os anos 90. Um dos apontamentos da obra é a demonstração de que uma das consequencias da Operação Lava Jato foi tornar evidente as relações desiguais entre os países
Ecos do Autoritarismo. A Ditadura Revisitada. SamueldeJesus24
Este livro publicado em 2019 demonstra que o autoritarismo dos tempos da Ditadura Militar (1064-1985) ecoa sobre o presente. A Ideologia do cidadão de bem seria o sustentáculo deste autoritarismo revisitado.
I. O texto discute o objeto de estudo da Sociologia segundo Durkheim, que são os fatos sociais.
II. A sociedade brasileira ainda apresenta desigualdades sociais profundas, como pequena parcela da população detendo a maior parte da riqueza.
III. Grupos discriminam homossexuais, negros e punks, contrariando a Constituição de 1988.
Universidade e Forças Armadas: o caso da ABED (2005 2014)samuel Jesus
Este documento discute a relação entre universidades e forças armadas no Brasil, especificamente através da ABED (Associação Brasileira de Estudos de Defesa). Ele argumenta que a institucionalização desta relação pode levar a hesitações na formulação de críticas às ações políticas dos militares sobre a sociedade civil. Também defende a importância de se estabelecer um "ethos civil" na abordagem de questões de defesa e segurança nacional, incorporando temas como direitos indígenas e preservação ambiental.
Segurança Nacional no Governo Michel Temer (2016-2018)samuel Jesus
Este documento discute a segurança nacional no governo Michel Temer entre 2016-2018, focando na reorganização do sistema de inteligência sob controle militar e na criação do Ministério da Segurança Pública, liderado por um general, após a intervenção militar no Rio de Janeiro.
Reveses da Democracia Brasileira: a Historia do Golpe de 2016SamueldeJesus24
O livro escrito entre 2017 e 2018, publicado em 2019, narra a História do Golpe de 2016. Aquilo que o autor professor Samuel de Jesus, doutor em Sociologia pela UNESP e professor adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso Sul, DENOMINOU de golpe Jurídico-parlamentar-midiático-militar de 2016.
Defesa e fronteiras: novos estudos e perspectivas temáticasSamueldeJesus24
O documento discute estudos e perspectivas sobre defesa e fronteiras no Brasil, abordando temas como o ensino da defesa, o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), o comércio transfronteiriço e a criminalidade nas regiões de fronteira.
A Projeção Estratégica e Militar do Brasil entre 2008 e 2016samuel Jesus
Este documento resume um livro sobre a projeção estratégica e militar do Brasil entre 2008 e 2016. O livro analisa temas como os esforços do Brasil para obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e a atuação de empresas brasileiras como a Odebrecht em projetos de infraestrutura na América Latina, financiados pelo governo brasileiro. O prefácio oferece contexto histórico sobre as relações do Brasil com outros países da região e sobre o impacto internacional revelado pela Operação Lava Jato
A Integração Sul-americana: O Caso de Brasil e Peru. Dimensões históricas, po...SamueldeJesus24
O livro oferece uma observação, com viés crítico, das relações políticas e econômicas entre Brasil e Peru, considerando suas dimensões históricas, culturais e ambientais. A avaliação é de que esta cooperação possibilitaria ao Brasil acesso à Bacia do Pacífico, área de incrível potencial econômico, e, em disputa comercial entre potências como os Estados Unidos e a China. A obra contribui à bibliografia brasileira voltada às relações nem sempre equitativas entre Brasil e outros países sul-americanos, neste caso com o Peru desde os anos 90. Um dos apontamentos da obra é a demonstração de que uma das consequencias da Operação Lava Jato foi tornar evidente as relações desiguais entre os países
Ecos do Autoritarismo. A Ditadura Revisitada. SamueldeJesus24
Este livro publicado em 2019 demonstra que o autoritarismo dos tempos da Ditadura Militar (1064-1985) ecoa sobre o presente. A Ideologia do cidadão de bem seria o sustentáculo deste autoritarismo revisitado.
I. O texto discute o objeto de estudo da Sociologia segundo Durkheim, que são os fatos sociais.
II. A sociedade brasileira ainda apresenta desigualdades sociais profundas, como pequena parcela da população detendo a maior parte da riqueza.
III. Grupos discriminam homossexuais, negros e punks, contrariando a Constituição de 1988.
Este documento apresenta um texto dissertativo-argumentativo sobre o lugar da mulher na sociedade brasileira do século XXI. Ele discute a evolução histórica dos direitos das mulheres no Brasil, desde as primeiras obras feministas no século XVIII até a conquista do direito ao voto na década de 1930. Também aborda desafios atuais como a violência de gênero e a desigualdade no acesso à educação e trabalho.
O documento discute a importância da liberdade de expressão e pensamento entre os partidos políticos no Brasil. Resume que desde que o PT assumiu o poder, críticas aos petistas se espalharam, mas que as liberdades fundamentais asseguraram ao povo conhecimento verdadeiro sobre o país. A desigualdade social é arquitetada pela concepção de superioridade, mas as liberdades revelaram a hipocrisia brasileira. Problemas reais como corrupção e qualidade de vida persistem, apesar dos discursos dos partidos.
1) A reportagem de capa trata dos avanços nas pesquisas com células-tronco e seus benefícios para a saúde.
2) Há reportagens sobre as comemorações do 7 de Setembro no Brasil e nos Estados Unidos.
3) O trabalho da Legião da Boa Vontade recebeu homenagens em diversas partes do Brasil no mês de setembro.
Aulão Multidisciplinar - Redação Enem 2014Isaquel Silva
O documento discute os elementos estruturais do texto dissertativo, incluindo o tema, ponto de vista e argumentação. Apresenta também um exemplo de texto dissertativo que trata da estupidez humana em assistir indiferente à morte de milhões pela fome enquanto envia instrumentos a Marte.
A Revista Boa Vontade tem por objetivo levar informações por meio de matérias que abordam temas voltados à cultura, educação, política, saúde, meio ambiente, tecnologia, sempre aliados à Espiritualidade como ferramenta de esclarecimento, auxílio, entendimento e compreensão.
O documento discute o conceito de informatividade em textos. Explica que um texto é mais informativo quanto mais novas e relevantes forem as informações apresentadas, despertando o interesse do leitor. No entanto, o grau de informatividade não deve ser nem muito alto nem muito baixo, devendo respeitar as expectativas do público. Também aborda a importância de se evitar informações óbvias ou baseadas em preconceitos, que tornam o texto fraco do ponto de vista argumentativo.
O artigo descreve a teoria e o projeto de dominação concebido pelo filósofo italiano Antonio Gramsci, conhecido como "gramscismo". Gramsci pregava uma "revolução silenciosa" para derrubar o capitalismo por meio da infiltração na sociedade e no Estado, ao invés de uma revolução violenta. O texto também contextualiza brevemente a história do comunismo e sua disseminação na Europa e Ásia no século XX, assim como os antecedentes do movimento comunista no Brasil a partir dos anos 1920.
O documento discute a educação anti-racista no Brasil, incluindo a legislação e currículo sobre o tema. Apresenta a luta histórica do movimento negro brasileiro para incluir a história e cultura afro-brasileira e africana no sistema educacional, culminando na Lei 10.639/03 e Diretrizes Curriculares Nacionais de 2004. Também descreve políticas públicas implementadas desde então para promover a igualdade racial.
O documento discute a acusação do presidente Lula de que a imprensa se comporta como um partido político. O autor afirma que há uma diferença entre se comportar como um partido e tomar partido em uma disputa eleitoral que envolve valores essenciais para a democracia. Antes de apresentar sua tese, o autor contextualiza a fala de Lula que motivou o editorial.
Diversidade no Mundo Globalizado (palestras)Edson Lisboa
Este documento apresenta um resumo de 5 palestras sobre diversidade no mundo globalizado. As palestras abordam diversidade, nova ordem mundial, religião, filosofia e mundo virtual. Cada palestra dura aproximadamente 1 hora e 20 minutos e não são destinadas a público específico, com o objetivo de fornecer uma visão abrangente sobre diversidade humana.
Este documento resume as comemorações do centenário da República em Portugal, incluindo eventos realizados por várias federações da Juventude Socialista e a participação da JS nas comemorações oficiais em Lisboa.
Para fazer frente à barbárie contemporânea e fazer com que a paz prevaleça nas relações internacionais, é preciso constituir um governo mundial que teria por objetivo a defesa dos interesses gerais da humanidade compatibilizando-os com os interesses dos povos de cada nação e evitar que as relações internacionais sejam regidas pela lei do mais forte como tem sido ao longo da história da humanidade. Para fazer frente à barbárie contemporânea e fazer com que a paz prevaleça no interior de cada nação, é preciso que se implante um modelo de sociedade nos moldes da social democracia escandinava
O documento resume um programa de rádio sobre os direitos humanos. Aborda a Declaração Universal dos Direitos Humanos, violações atuais de direitos no Brasil e sinais de esperança como movimentos de direitos humanos.
Educação e direitos humanos Aula 5 Internacionalização dos direitos humanosCleide Magáli dos Santos
O documento descreve a internacionalização dos direitos humanos após a Segunda Guerra Mundial. A ONU estabeleceu um sistema de segurança coletiva para proteger os direitos humanos através de acordos como a Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948 e os Pactos Internacionais de 1966. A ONU também criou convenções para proteger grupos específicos como a Convenção sobre Genocídio e a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial.
Este documento discute vários tópicos, incluindo: 1) Uma pesquisa que encontrou uma correlação linear entre o consumo de chocolate per capita em diferentes países e o número de prêmios Nobel recebidos; 2) Comentários sobre as recentes manifestações estudantis no Brasil pedindo por melhorias na educação e outros serviços públicos; 3) Uma crítica da situação política e social do Brasil sob o governo atual.
Este documento é um informativo maçônico que contém os seguintes blocos de informação: (1) um almanaque com eventos históricos; (2) um artigo sobre os desejos e o Santo Graal; (3) fatos históricos maçônicos. O artigo discute como os desejos humanos são classificados em uma hierarquia e como eles devem ser controlados para que se possa alcançar a satisfação de forma harmoniosa na sociedade.
ECOS DO AUTORITARISMO. A DITADURA REVISITADAsamuel Jesus
O livro escrito pelo professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Samuel de Jesus, analisa a tipologia social e a ideologia que permitiu a ascensão de J. B., ao poder, ou seja, o bolsonarismo na figura do "cidadão de bem". Reúne textos que sobre o período da ditadura militar, sobre fatos passados que ecoam sobre o nosso triste presente presente.
O documento discute como o etnocentrismo ainda é disseminado na sociedade contemporânea e como afeta a percepção de direitos humanos e cidadania. O autor argumenta que a desigualdade social no Brasil reflete valores etnocêntricos que criminalizam as classes menos favorecidas e negam a elas plena cidadania e acesso a direitos.
O documento discute como o etnocentrismo ainda é disseminado na sociedade contemporânea e como afeta a percepção de direitos humanos e cidadania. O autor argumenta que a desigualdade social no Brasil resulta em "cidadanias mutiladas" e que as classes menos favorecidas são frequentemente vistas como criminosas. O etnocentrismo é apresentado como um elemento constitutivo da cultura ocidental que leva ao julgamento de outras culturas.
O documento discute a evolução do conceito de cidadania ao longo da história, desde a Grécia Antiga e Roma, passando pela Idade Média e época moderna. Aponta que cidadania deixou de ser apenas o direito de voto e passou a incluir também direitos sociais, econômicos e a participação política. Argumenta que cidadania e direitos humanos estão intimamente ligados, uma vez que a garantia dos direitos humanos é essencial para o pleno exercício da cidadania.
O documento discute a diferença entre direitos humanos e direitos dos cidadãos. Direitos dos cidadãos variam entre países e estão ligados a uma ordem jurídica específica, enquanto direitos humanos são universais e naturais. No Brasil, direitos humanos são frequentemente associados de forma equivocada à criminalidade. É importante educar sobre a universalidade e importância dos direitos humanos.
Este documento apresenta um texto dissertativo-argumentativo sobre o lugar da mulher na sociedade brasileira do século XXI. Ele discute a evolução histórica dos direitos das mulheres no Brasil, desde as primeiras obras feministas no século XVIII até a conquista do direito ao voto na década de 1930. Também aborda desafios atuais como a violência de gênero e a desigualdade no acesso à educação e trabalho.
O documento discute a importância da liberdade de expressão e pensamento entre os partidos políticos no Brasil. Resume que desde que o PT assumiu o poder, críticas aos petistas se espalharam, mas que as liberdades fundamentais asseguraram ao povo conhecimento verdadeiro sobre o país. A desigualdade social é arquitetada pela concepção de superioridade, mas as liberdades revelaram a hipocrisia brasileira. Problemas reais como corrupção e qualidade de vida persistem, apesar dos discursos dos partidos.
1) A reportagem de capa trata dos avanços nas pesquisas com células-tronco e seus benefícios para a saúde.
2) Há reportagens sobre as comemorações do 7 de Setembro no Brasil e nos Estados Unidos.
3) O trabalho da Legião da Boa Vontade recebeu homenagens em diversas partes do Brasil no mês de setembro.
Aulão Multidisciplinar - Redação Enem 2014Isaquel Silva
O documento discute os elementos estruturais do texto dissertativo, incluindo o tema, ponto de vista e argumentação. Apresenta também um exemplo de texto dissertativo que trata da estupidez humana em assistir indiferente à morte de milhões pela fome enquanto envia instrumentos a Marte.
A Revista Boa Vontade tem por objetivo levar informações por meio de matérias que abordam temas voltados à cultura, educação, política, saúde, meio ambiente, tecnologia, sempre aliados à Espiritualidade como ferramenta de esclarecimento, auxílio, entendimento e compreensão.
O documento discute o conceito de informatividade em textos. Explica que um texto é mais informativo quanto mais novas e relevantes forem as informações apresentadas, despertando o interesse do leitor. No entanto, o grau de informatividade não deve ser nem muito alto nem muito baixo, devendo respeitar as expectativas do público. Também aborda a importância de se evitar informações óbvias ou baseadas em preconceitos, que tornam o texto fraco do ponto de vista argumentativo.
O artigo descreve a teoria e o projeto de dominação concebido pelo filósofo italiano Antonio Gramsci, conhecido como "gramscismo". Gramsci pregava uma "revolução silenciosa" para derrubar o capitalismo por meio da infiltração na sociedade e no Estado, ao invés de uma revolução violenta. O texto também contextualiza brevemente a história do comunismo e sua disseminação na Europa e Ásia no século XX, assim como os antecedentes do movimento comunista no Brasil a partir dos anos 1920.
O documento discute a educação anti-racista no Brasil, incluindo a legislação e currículo sobre o tema. Apresenta a luta histórica do movimento negro brasileiro para incluir a história e cultura afro-brasileira e africana no sistema educacional, culminando na Lei 10.639/03 e Diretrizes Curriculares Nacionais de 2004. Também descreve políticas públicas implementadas desde então para promover a igualdade racial.
O documento discute a acusação do presidente Lula de que a imprensa se comporta como um partido político. O autor afirma que há uma diferença entre se comportar como um partido e tomar partido em uma disputa eleitoral que envolve valores essenciais para a democracia. Antes de apresentar sua tese, o autor contextualiza a fala de Lula que motivou o editorial.
Diversidade no Mundo Globalizado (palestras)Edson Lisboa
Este documento apresenta um resumo de 5 palestras sobre diversidade no mundo globalizado. As palestras abordam diversidade, nova ordem mundial, religião, filosofia e mundo virtual. Cada palestra dura aproximadamente 1 hora e 20 minutos e não são destinadas a público específico, com o objetivo de fornecer uma visão abrangente sobre diversidade humana.
Este documento resume as comemorações do centenário da República em Portugal, incluindo eventos realizados por várias federações da Juventude Socialista e a participação da JS nas comemorações oficiais em Lisboa.
Para fazer frente à barbárie contemporânea e fazer com que a paz prevaleça nas relações internacionais, é preciso constituir um governo mundial que teria por objetivo a defesa dos interesses gerais da humanidade compatibilizando-os com os interesses dos povos de cada nação e evitar que as relações internacionais sejam regidas pela lei do mais forte como tem sido ao longo da história da humanidade. Para fazer frente à barbárie contemporânea e fazer com que a paz prevaleça no interior de cada nação, é preciso que se implante um modelo de sociedade nos moldes da social democracia escandinava
O documento resume um programa de rádio sobre os direitos humanos. Aborda a Declaração Universal dos Direitos Humanos, violações atuais de direitos no Brasil e sinais de esperança como movimentos de direitos humanos.
Educação e direitos humanos Aula 5 Internacionalização dos direitos humanosCleide Magáli dos Santos
O documento descreve a internacionalização dos direitos humanos após a Segunda Guerra Mundial. A ONU estabeleceu um sistema de segurança coletiva para proteger os direitos humanos através de acordos como a Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948 e os Pactos Internacionais de 1966. A ONU também criou convenções para proteger grupos específicos como a Convenção sobre Genocídio e a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial.
Este documento discute vários tópicos, incluindo: 1) Uma pesquisa que encontrou uma correlação linear entre o consumo de chocolate per capita em diferentes países e o número de prêmios Nobel recebidos; 2) Comentários sobre as recentes manifestações estudantis no Brasil pedindo por melhorias na educação e outros serviços públicos; 3) Uma crítica da situação política e social do Brasil sob o governo atual.
Este documento é um informativo maçônico que contém os seguintes blocos de informação: (1) um almanaque com eventos históricos; (2) um artigo sobre os desejos e o Santo Graal; (3) fatos históricos maçônicos. O artigo discute como os desejos humanos são classificados em uma hierarquia e como eles devem ser controlados para que se possa alcançar a satisfação de forma harmoniosa na sociedade.
ECOS DO AUTORITARISMO. A DITADURA REVISITADAsamuel Jesus
O livro escrito pelo professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Samuel de Jesus, analisa a tipologia social e a ideologia que permitiu a ascensão de J. B., ao poder, ou seja, o bolsonarismo na figura do "cidadão de bem". Reúne textos que sobre o período da ditadura militar, sobre fatos passados que ecoam sobre o nosso triste presente presente.
O documento discute como o etnocentrismo ainda é disseminado na sociedade contemporânea e como afeta a percepção de direitos humanos e cidadania. O autor argumenta que a desigualdade social no Brasil reflete valores etnocêntricos que criminalizam as classes menos favorecidas e negam a elas plena cidadania e acesso a direitos.
O documento discute como o etnocentrismo ainda é disseminado na sociedade contemporânea e como afeta a percepção de direitos humanos e cidadania. O autor argumenta que a desigualdade social no Brasil resulta em "cidadanias mutiladas" e que as classes menos favorecidas são frequentemente vistas como criminosas. O etnocentrismo é apresentado como um elemento constitutivo da cultura ocidental que leva ao julgamento de outras culturas.
O documento discute a evolução do conceito de cidadania ao longo da história, desde a Grécia Antiga e Roma, passando pela Idade Média e época moderna. Aponta que cidadania deixou de ser apenas o direito de voto e passou a incluir também direitos sociais, econômicos e a participação política. Argumenta que cidadania e direitos humanos estão intimamente ligados, uma vez que a garantia dos direitos humanos é essencial para o pleno exercício da cidadania.
O documento discute a diferença entre direitos humanos e direitos dos cidadãos. Direitos dos cidadãos variam entre países e estão ligados a uma ordem jurídica específica, enquanto direitos humanos são universais e naturais. No Brasil, direitos humanos são frequentemente associados de forma equivocada à criminalidade. É importante educar sobre a universalidade e importância dos direitos humanos.
O documento discute como os direitos humanos foram transformados em "privilégios de bandidos" na sociedade brasileira. A defesa dos direitos individuais de prisioneiros comuns não teve o mesmo apoio que os direitos coletivos e políticos, pois os indivíduos eram vistos como criminosos. Isso mostra como a noção de direitos ainda está associada a privilégios para muitos cidadãos brasileiros.
O documento discute como os direitos humanos foram transformados em "privilégios de bandidos" na sociedade brasileira. A defesa dos direitos individuais de prisioneiros comuns não teve o mesmo apoio que os direitos coletivos e políticos, pois eram vistos como privilégios. Isso ocorreu porque os direitos individuais são associados a privilégios para a elite, em contraste com direitos coletivos que promovem a igualdade.
O documento discute a história e a efetividade dos direitos humanos ao longo do tempo. Apresenta três gerações de direitos - civis e políticos, econômicos e sociais, e de solidariedade - e reconhece que, apesar de avanços, ainda há um longo caminho a percorrer para sua plena realização diante das desigualdades persistentes na prática.
O documento discute os conceitos de cidadania e direitos humanos. A cidadania envolve tanto o exercício dos direitos quanto dos deveres do cidadão, como respeitar leis e não perturbar os outros. Os direitos humanos são mais amplos e incluem direitos civis, políticos e sociais. Embora variem entre países, devem ser universais por se referirem à dignidade humana.
O documento discute os diferentes conceitos de cidadania ao longo da história, desde a Grécia Antiga até os dias atuais, abordando a cidadania política, universal, social e os desafios contemporâneos da cidadania.
O documento discute a relação entre globalização, cidadania e direitos humanos. Aborda como a globalização econômica levou a uma maior desigualdade e como as organizações internacionais desempenham um papel importante na promoção e proteção dos direitos humanos no cenário globalizado. Também explora como o conceito de cidadania tem evoluído ao longo das gerações de direitos.
Livro cidadania no brasil josé murilo de carvalhosesouff2014
Este livro discute a evolução histórica da cidadania no Brasil desde a independência em 1822 até a redemocratização após a ditadura militar de 1964-1985. O autor divide a análise em quatro capítulos, discutindo como os direitos civis, políticos e sociais foram conquistados de forma desigual e não linear ao longo do tempo. O caminho brasileiro para a cidadania plena diferiu do modelo inglês em dar ênfase maior aos direitos sociais e em alterar a sequência histórica de aquisição desses dire
O documento discute o conceito de cidadania ao longo da história, desde a Grécia Antiga e Roma até a modernidade. Aborda os direitos e deveres dos cidadãos, incluindo direitos cívicos, políticos, econômicos, sociais e culturais. Também discute a liberdade, identidade, responsabilidade e participação cívica.
HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA CIDADANIA E DEMOCRACIAAllan Vieira
O documento discute a história da construção da cidadania e sua relação com a democracia no Brasil. Apresenta como a cidadania surgiu na antiguidade, idade média e moderna e como se desenvolveu no Brasil desde a independência em 1822 até a Constituição de 1988. Apesar dos avanços conquistados, ainda há desafios para que os direitos constitucionais se tornem realidade para toda a população e o exercício pleno da cidadania seja alcançado.
Cidadania como construcao de vida dignaOvidio Mendes
Palestra proferida na Câmara Municipal de Rosário do Sul (RS) focando a educação para a cidadania. Analisa as três vertentes em que se divide o conceito de cidadania: direitos sociais, participação política e atuação na sociedade civil.
O documento discute conceitos de políticas públicas e cidadania. Aborda a importância da democracia e dos direitos humanos, e a necessidade de as políticas públicas respeitarem as diferenças individuais para promover a igualdade de direitos de todos.
Este documento discute a relação entre cidadania, reconhecimento e minorias. Aborda conceitos como liberalismo, liberdade versus igualdade, virtudes cívicas e o papel da mídia na mediação de conflitos sociais envolvendo minorias. As minorias são caracterizadas como "flutuantes" ou "passionais" dependendo de seu grau de engajamento político.
O documento discute as relações entre políticas públicas, dignidade humana e responsividade pública. Aborda conceitos como cidadania, democracia, constituição brasileira e direitos humanos, destacando a importância da dignidade da pessoa humana e da construção da equidade social. Também reflete sobre desafios como corrupção, violência, habitação, saúde e multiculturalismo, enfatizando a necessidade de políticas públicas responsivas que atendam a todos com respeito às diferenças.
O documento discute o conceito de cidadania ao longo da história, desde a Grécia Antiga até os dias atuais. Na democracia grega, cidadania significava o direito e dever de participar ativamente na gestão pública. Já a cidadania moderna reconhece direitos universais independentemente de características individuais. Atualmente, defende-se uma cidadania ativa com participação política e responsabilidade social.
Ditadura Militar e Ensino de História: práticas, fontes, experiências e refle...samuel Jesus
O documento discute práticas, fontes, experiências e reflexões sobre o ensino de história durante a ditadura militar no Brasil. Aborda como a ditadura influenciou o ensino da disciplina e apresenta propostas para trabalhar o período ditatorial em sala de aula de forma crítica.
HISTORIADORES E O ENSINO DE HISTÓRIA SOBRE A DITADURA MILITAR ENTRE 2013 E 20...samuel Jesus
HISTORIADORES E O ENSINO DE HISTÓRIA SOBRE A
DITADURA MILITAR ENTRE 2013 E 2022
Samuel de Jesus
Isabela Barbosa Rodrigues
Doi: 10.48209/978-65-5417-123-4
Saúde e fronteiras: os impactos da crise ocasionada pela pandemia ao desenvol...samuel Jesus
O documento discute os impactos da pandemia de Covid-19 nas fronteiras e no desenvolvimento sul-americano. O fechamento de fronteiras entre países como Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai teve graves consequências econômicas. A pandemia também aumentou o contrabando e o tráfico de drogas nas fronteiras brasileiras.
O MITO BRASILEIRO DE ORIGEM: RONDON, A SÍNTESE ENTRE O ÍNDIO, O EUROPEU E O...samuel Jesus
Segundo Baczo (1985) a imaginação possuidora de contornos “sociais”
ou “coletivos” avançou no campo discursivo e sempre estivera no poder. Os
antropólogos, sociólogos, historiadores e psicólogos começaram a reconhecer
as funções múltiplas e complexas que competem ao imaginário na vida
coletiva e, em especial, no exercício do poder. Entendem as representações
imaginarias e simbólicas como estratégicas ao poder político. Os mitos
passaram a ter implicações utilitárias e instrumentais frente aos imaginários
sociais. As situações conflituais entre poderes concorrentes estimulavam a
invenção de novas técnicas de combate no domínio do imaginário. (1985, p.
297). O termo ideologia adquire sentido apenas na segunda metade do século
REVESES DA DEMOCRACIA BRASILEIRA: A HISTÓRIA DO GOLPE DE 2016/SEGURANÇA NACIO...samuel Jesus
O documento descreve o golpe parlamentar-jurídico-midiático-militar de 2016 no Brasil que removeu a presidente eleita Dilma Rousseff do poder. Ele analisa como o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal, a mídia e as forças armadas agiram de forma coordenada para conduzir o impeachment de Dilma antes da apreciação de suas contas pelo Congresso, o que representou uma inversão dos preceitos constitucionais. O documento também discute o papel secundário, mas ainda importante, das forças armadas no golpe de 2016
DEFESA E FRONTEIRAS: NOVOS ESTUDOS E PERSPECTIVAS TEMÁTICASsamuel Jesus
O documento discute estudos e perspectivas sobre defesa e fronteiras no Brasil, abordando temas como o ensino da defesa, o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), o comércio transfronteiriço e a criminalidade nas regiões de fronteira.
A Integração Sul Americana: O CASO DE BRASIL E PERUsamuel Jesus
O documento descreve a publicação do livro "A integração sul-americana: o caso de Brasil e Peru. Dimensões históricas, políticas, culturais e ambientais.", organizado por Samuel de Jesus e publicado pela Editora UFMS em 2020. O livro contém capítulos escritos por diferentes autores abordando diferentes aspectos da relação entre Brasil e Peru.
A festa junina é uma tradicional festividade popular que acontece durante o m...ANDRÉA FERREIRA
Os historiadores apontam que as origens da Festa Junina estão diretamente relacionadas a festividades pagãs realizadas na Europa no solstício de verão, momento em que ocorre a passagem da primavera para o verão.
Atividade letra da música - Espalhe Amor, Anavitória.Mary Alvarenga
A música 'Espalhe Amor', interpretada pela cantora Anavitória é uma celebração do amor e de sua capacidade de transformar e conectar as pessoas. A letra sugere uma reflexão sobre como o amor, quando verdadeiramente compartilhado, pode ultrapassar barreiras alcançando outros corações e provocando mudanças positivas.
Slides Lição 11, Central Gospel, Os Mortos Em CRISTO, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
Slideshare Lição 11, Central Gospel, Os Mortos Em Cristo, 1Tr24, Pr Henrique, EBD NA TV, Revista ano 11, nº 1, Revista Estudo Bíblico Jovens E Adultos, Central Gospel, 2º Trimestre de 2024, Professor, Tema, Os Grandes Temas Do Fim, Comentarista, Pr. Joá Caitano, estudantes, professores, Ervália, MG, Imperatriz, MA, Cajamar, SP, estudos bíblicos, gospel, DEUS, ESPÍRITO SANTO, JESUS CRISTO, Com. Extra Pr. Luiz Henrique, 99-99152-0454, Canal YouTube, Henriquelhas, @PrHenrique
Slides Lição 12, CPAD, A Bendita Esperança, A Marca do Cristão, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
Slideshare Lição 12, CPAD, A Bendita Esperança: A Marca do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique, EBD NA TV, 2Tr24, Pr Henrique, EBD NA TV, Lições Bíblicas, 2º Trimestre de 2024, adultos, Tema, A CARREIRA QUE NOS ESTÁ PROPOSTA, O CAMINHO DA SALVAÇÃO, SANTIDADE E PERSEVERANÇA PARA CHEGAR AO CÉU, Coment Osiel Gomes, estudantes, professores, Ervália, MG, Imperatriz, MA, Cajamar, SP, estudos bíblicos, gospel, DEUS, ESPÍRITO SANTO, JESUS CRISTO, Com. Extra Pr. Luiz Henrique, de Almeida Silva, tel-What, 99-99152-0454, Canal YouTube, Henriquelhas, @PrHenrique, https://ebdnatv.blogspot.com/
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Campo Grande • Mato Grosso do Sul
ISBN 978-85-45584-14-8
Tiragem: 50 exemplares.
1ª Edição - Ano 2019
Obra aprovada pelo conselho editorial da Editora Oeste
através da Resolução n. 114/2019.
CONSELHO EDITORIAL
Drª. Alda Maria do Nascimento Osório / UFMS
Drª. Alexandra Ayach Anache / UFMS
Dr. Amaury de Souza / UFMS
Dr. Antônio Carlos do Nascimento Osório / UFMS
Drª. Carla Dupont – Vercors, França
Drª. Eurize Caldas Pessanha / UFMS
Drª. Fabiany de Cássia Tasvares Silva / UFMS
Dr. Flávio Aristone / UFMS
Me. Horacio Porto Filho / UTCD-PY
Dr. Leo Dayan – Univ. de Paris 1 – Sorbonne
Dr. Luiz Otavio Saraiva Ferreira / UNICAMP
Drª. Margarita Victoria Rodriguez / UFMS
Drª. Maria Dilnéia Espindola Fernandes / UFMS
Drª. Myrna Wolf B. dos Santos / UFMS
Drª. Regina Tereza Cestari de Oliveira / UCDB
Drª. Soraia Napoleão de Freitas / UFSM
Drª. Silvia Helena Andrade de Brito / UFMS
Drª.Tatiana Calheiros Lapas Leão / SED-MS
7. 9
Cidadão, quem?
Segundo José Murilo de Carvalho (1995) a construção da democra-
cia brasileira colocou em voga a palavra cidadania. Na retórica política, esta
palavra substituiu o termo povo. A afirmação: “a cidadania quer” indica que
ela foi transformada em gente, ou seja, é como se a palavra cidadania tivesse
ganhado relativa individualidade. Neste momento nutrimos a ilusão de que,
apenas, bastava democratizar as instituições para alcançarmos a felicidade
nacional, no entanto, problemas como a violência urbana, desemprego, as-
sim como a falência da educação pública, serviços de saúde e saneamento,
exclusão, a permanência dos contrastes sociais persistem e ameaçam com-
prometer o tecido social. Ao contrário do que afirmou em 1995, hoje ocorre
a descrença no sistema democrático e isto gerou o saudosismo dos tempos
da Ditadura Militar (1964-1985).
Segundo J. M. de Carvalho, o cidadão pleno seria o indivíduo que pos-
sui o direito à vida, a liberdade, propriedade e igualdade. Os indivíduos
que não possuem estes direitos seriam considerados não-cidadãos. Os cidadãos
incompletos seriam os que possuíssem apenas alguns destes direitos. A partir
dessa premissa podemos imaginar que o termo cidadania não é homogêneo
e quando mencionamos esta palavra é preciso compreendermos que não
estamos falando de todos os membros de uma cidade, mas de uma camada
social específica. A natureza histórica da cidadania se desenvolveu como
um fenômeno histórico, por exemplo, o termo cidadania surgiu de um sen-
timento de pertencimento, uma identidade nacional que se deve a fatores
como a língua, religião, sobretudo a coesão gerada pelas lutas e guerras
contra inimigos comuns. (CARVALHO, 1995)
8. 10••• Ideologia do “cidadão de bem”
Samuel de Jesus
No caso do Brasil, de 1500 a 1822, tínhamos (e temos) um territó-
rio continental dotado de uma unidade territorial, cultural, linguística e
religiosa, no entanto perdurou uma população analfabeta, uma sociedade
escravocrata, uma economia monocultora, latifundiária, praticamente um
Estado Absolutista e quando chegamos à independência, não existiam ci-
dadãos e patriotas. Para J. M. de Carvalho o fator mais danoso ao nasci-
mento da cidadania foi, sem dúvida, a escravidão. Na época da indepen-
dência estima-se que o Brasil teria em torno de um milhão de pessoas
feitas escravas. A escravidão e a grande propriedade foram os elementos
impeditivos para a constituição da cidadania, para a formação de cidadãos.
Os homens livres não poderiam ser considerados cidadãos, pois eram de-
pendentes dos grandes proprietários, assim eram desprovidos dos direitos
civis. Os grandes proprietários, ou os senhores, também não poderiam
ser chamados de cidadãos, apesar de serem livres e gozarem de direitos
políticos, faltavam-lhes o sentido da cidadania, ou seja, o sentido de igual-
dade de todos perante à lei, pois exercia o poder privado em suas fazendas.
(CARVALHO, 1995)
Para Botelho e Schwarcz (2012, p. 12) cidadania é noção construída cole-
tivamente e ganha sentido nas experiências tanto sociais quanto individuais, e por isso
é uma identidade social. A cidadania assume um aspecto de identidade social
construída socialmente. No caso do Brasil se refere aos aspectos relativos à
inclusão ou exclusão social.
Ser detentor legítimo de direitos e obrigações sugere, em pri-
meiro lugar, que cidadania sempre envolve uma dinâmica de
inclusão e exclusão, suas reivindicações são sempre reivindi-
cações de inclusão no usufruto de direitos, e se criamos crité-
rios para incluir alguém estamos, necessariamente, também
excluindo outros. Isso é importante para que se perceba como
o discurso que cria os atributos de um bom cidadão, do “cida-
dão virtuoso”, ao mesmo tempo o distingue e cria, por con-
traste, um “outro”, cujas práticas e valores podem ser estig-
matizados e identificados como “maus” ou “não” cidadãos.
Assim, por exemplo, se o “bom” cidadão paga impostos pontu-
almente, já sabemos como identificar aqueles que não o fazem.
(BOTELHO & SCHWARCZ, 2012, p. 11, 12)
9. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 11
ECOS DO AUTORITARISMO
Imagina-se que o cidadão é aquele recebedor dos benefícios do
Estado. Desta forma a cidadania seria conferida por nascimento ou por
consentimento, ou seja, é o único que recebe a proteção do Estado, no
entanto existem diferentes tipos de cidadãos: o cidadão “oprimido”, “iso-
lado” e “pluralista”, por exemplo, o cidadão oprimido seria o indivíduo
que possui pouquíssima proteção do Estado e o isolado é aquele pro-
tegido pelo Estado, mas decide não participar das decisões políticas.
(BOTELHO & SCHWACZ, 2012).
Se Gilberto Freyre e Casa Grande & Senzala fizerem algum sentido
para o presente, perdura entre nós um abismo social que separa os bairros
suntuosos e a periferia. Quando estamos falando em cidadão, falamos de
um sujeito pertencente a uma elite que possui a cidadania, ou seja, tornou-se
um privilégio e podemos identificar a impossibilidade de concebermos a
cidadania como algo que é para todos/todas, pois alguns são mais cidadãos
que outros.
Colocada desta forma o termo cidadania assume uma forma ideológi-
ca, afinal sua historicidade indica uma verticalidade social. A partir desta ti-
pologia podemos considerar a existência do cidadão de bem. O Golpe de 2016
foi sustentado por este tipo social. O termo é tão excludente que, não por
acaso nos referimos semanticamente ao homem: “O” cidadão de bem e não
“A” cidadã de bem, torna-se um termo masculinizado, conservador, machista.
No dia 03 de abril de 2018, um dia antes de o Supremo Tribunal Fede-
ral tomar decisão sobre a concessão de habeas corpus ao ex-presidente Lula, o
General Eduardo Villas Bôas escreveu em seu twitter: “Asseguro à Nação que o
Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à
impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à democracia, bem como se mantem
atento às suas missões institucionais”. Seu gesto foi interpretado como um enqua-
dramento do Supremo, ou uma pressão sobre a Corte para que ela negasse
o pedido de Lula, como de fato foi negado.
Afinal, o que queremos dizer quando invocamos o termo cidadão de
bem? Seria o cidadão manso, obediente, pagador de seus impostos que vê
as notícias do dia em um telejornal e sente-se indignado com a corrupção.
Já foi às ruas pedir a intervenção militar para colocar ordem no caos? É
aquele senhor ou senhora que vai a igreja aos domingos, é temente a Deus,
mas defende a comercialização das armas de fogo e votou no candidato de
10. 12••• Ideologia do “cidadão de bem”
Samuel de Jesus
extrema-direita. O mesmo que reúne a misoginia, a homofobia, racismo,
preconceito de origem e difusão do ódio como um antídoto para a cura dos
males sociais?
Se a resposta for sim, teremos um novo tipo político, sobretudo ca-
paz de subverter a democracia, capaz de impor aos governos eleitos as suas
premissas autoritárias. O “cidadão de bem” seria a resultante de fatores que
impossibilitam a configuração plena da cidadania brasileira. Ou seja, a au-
sência de um sentido público, restos da escravidão, da indolência, do patri-
monialismo, estamento, compadrio, cordialidade, coronelismo, populismo,
ou seja, todos os elementos que impediram a emergência do povo como
agente político e permitiu o predomínio do poder privado, do individua-
lismo, do corporativismo que assegurou poderes ao estamento militar, a
oligarquia agrária e ciclos de tirania como o Estado Novo (1937-1945) e a
Ditadura Militar (1964-1985).
O “cidadão de bem” corresponderia a uma parcela da população que
possui uma cidadania relativa e que reivindica sua plenitude de forma con-
servadora e autoritária, por meio de um salvador da pátria como um Napo-
leão Bonaparte, um herói capaz de libertá-los dos grilhões. Esta personagem
promoveria uma incursão para restituir os seus valores morais fundamen-
tais e impô-los ao conjunto da sociedade, a restituir a “ordem” das coisas.
Quando faço uma busca no Google usando o termo “cidadão de bem”,
aparece um texto assinado por Cefas Carvalho, intitulado: Porte de arma para
o cidadão de bem, mas quem é o cidadão de bem? O autor Questiona quais os pa-
râmetros para uma pessoa receber esta denominação. Presume que este seja
o sujeito que paga seus impostos, trabalha sério e com responsabilidade.
Sua antítese são os indivíduos que moram nas regiões periféricas, possuem
pele escura, sofrem carências, são pobres economicamente, assim como os
jovens que dão um “rolezinho” nos shoppings.
11. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 13
ECOS DO AUTORITARISMO
Segundo Foucault para compreender o sujeito “eu” é preciso enxer-
gar os tentáculos do poder, pois o sujeito é fruto de relações de poder e
não de imposição de poderes. Considerando que o sujeito, ou o seu lugar
é um espaço vazio que espera ser ocupado por alguém que possui algu-
mas condições e requisitos. Os sujeitos precisam de um discurso que os
legitime ao ocupar estes espaços. Os sujeitos são reconhecidos pela pro-
dução de seu discurso. O discurso é determinante em relação ao que o
sujeito deve pensar, falar, produzir. É o discurso que define o sujeito.
(CUNHA MOURA apud FOUCAULT, 1999, p. 33)
Foucault (1996, 39) chama de ritual os aspectos visíveis, presen-
tes nas práticas sociais e que define o lugar do sujeito. A partir do apara-
to discursivo os sujeitos começam a construir mitologias. O poder que
gravita no âmbito do discurso assume o caráter de imposição de regras
e condutas “ao outro”. O discurso obedece uma ordem, todos os atos são
controlados por arquétipos, modelagens. A sensação de liberdade ocor-
re pela sensação de inclusão e pertencimento a determinado espaço
como sujeito, ao final o sujeito é sujeitado, ele controla e, é controlado
(CUNHA MOURA apud DELEUZE, 1992, P. 221)
Para Foucault existem três sistemas de exclusão que atingem o discur-
so. A palavra proibida, a segregação da loucura e a vontade da verdade. Trata-se de
determinar as condições do funcionamento do discurso, impor aos indiví-
duos que os pronuncia um conjunto de regras e assim não permitir que todo
mundo tenha acesso a elas. Desta maneira, ninguém entrará na ordem do
discurso se não satisfazer certas exigências, ou se não for, de início qualifi-
O “cidadão de bem” na teoria
12. 14••• Ideologia do “cidadão de bem”
Samuel de Jesus
cado para fazê-lo. Mais precisamente, nem todas as regiões do discurso são
altamente abertas (diferenciadas e diferenciantes).
Só aparece aos nossos olhos uma verdade que seria rique-
za, fecundidade, força doce (...) ignoramos, em contraparti-
da, a vontade de verdade, como prodigiosa maquinaria des-
tinada a excluir todos aqueles que, ponto a ponto, em nossa
história, procurará contornar essa vontade de verdade e colo-
ca-la em questão contra a verdade, lá justamente onde a verda-
de assume a tarefa de justificar a interdição e definir a loucura.
(FOUCALT, 2004, p. 21).
Segundo Durkheim um dos grandes desafios da ciência está
em superar as noções do fato, pois, muitas vezes, é confundido com
o real. Geralmente estas noções são colocadas como acontecimen-
tos inerentes ou que pertence à “natureza das coisas”, possui a ideia
de “naturalidade” do fato social, tal como uma “verdade inquestio-
nável” dos fatos. Em vez de buscar compreender os fatos adquiridos e realiza-
dos, ela empreende realizar novos, mas conforme aos fins perseguidos pelos homens.
(Durkheim, 2007, p. 18)
Sendo assim a ciência assume um aspecto prático de obtenção de resul-
tados, assim não querem explicações, mas remédios. São idola, fantasmas que nos
desfigura o verdadeiro aspecto das coisas, que, no entanto tomamos como as coisas mesmas.
(DURKHEIM, 2007, p. 18).
Há uma rejeição à busca da verdade. Os documentos não mais impor-
tam e são ignorados, assim como as estatísticas, as pesquisas e os boletins.
A verdade ganhou vários sentidos, os poderes: cada um com sua verdade,
cada um com sua democracia, cada um com a sua ética, cada um com suas
próprias convicções, assim os indivíduos se entrechocam, vence o mais for-
te. Vivemos um vácuo de legitimidade, muitas vezes o consenso é forçado e
os impasses permanecem como cadáveres insepultos da injustiça. A mídia é
a grande construtora de narrativas e embrenha-se na luta pela versão oficial,
há uma luta pela narrativa, uma batalha pelo discurso e no caso da mídia ela
acaba por subverter e se apropriar do discurso, assim criando demônios e
anjos alados, a santificando ou a amaldiçoando personas. Possui a capacida-
de de modelar a opinião pública.
13. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 15
ECOS DO AUTORITARISMO
A greve dos caminhoneiros foi um acontecimento que nos permite
entender como de fato isto ocorre. Em maio de 2018 os caminhoneiros
paralisaram o sistema e ameaçaram colapsar o país, protestavam contra o
aumento do diesel que havia sido indexado ao dólar. No Governo Temer
ocorreram mais de duzentos aumentos sucessivos no preço dos combustí-
veis. Neste momento a imprensa destacava os prejuízos aos cidadãos, sobre-
tudo, gerados pela greve dos caminhoneiros. Os repórteres entrevistavam
as pessoas na fila de ônibus, esperando o transporte público que não vinha,
mostravam as imensas filas nos postos de combustíveis, as prateleiras dos
supermercados em desabastecimento. As pesquisas indicavam que, aproxi-
madamente, 80% dos brasileiros apoiavam a greve dos caminhoneiros. Este
fato gerou desconfianças nos movimentos de esquerda de que a paralisação,
apesar de justa, poderia representar uma nova guinada dos movimentos de
caráter similares à extrema-direita. Sobretudo, tinham desconfianças de que
o movimento foi patrocinado pelos empresários, o que caracterizaria um
lockout. Foi baseado nesta tese que o governo recorreu às forças armadas
para reprimir os caminhoneiros. Os quartéis estavam de prontidão, a Força
Nacional e o Exército agiram para liberar o tráfego.
No país ocorreram movimentos de apoio aos caminhoneiros, dos
grupos de esquerda e de direita. Em Coxim-MS, os patrões fecharam as lojas,
fábricas e foram com seus funcionários apoiar os caminhoneiros. Os tra-
balhadores vestiam o uniforme de suas empresas, assemelhavam-se às tor-
cidas organizadas. Alguns marchavam segurando uma grande faixa pre-
ta com a inscrição em branco: “QUEREMOS INTERVENÇÃO MILITAR”,
A greve dos caminhoneiros e a
luta pela narrativa
14. 16••• Ideologia do “cidadão de bem”
Samuel de Jesus
percorreram as ruas da pequena cidade com mais de 30 mil habitantes e
ao final bloquearam a BR 163 na frente do 47° Batalhão de Infantaria do
Exército com suas faixas e cartazes. Para o grande conglomerado midiáti-
co estes não eram os “cidadãos de bem”, mas sim o indivíduo sem transporte
e abastecimento. Aquele que gostaria de comparecer ao trabalho e voltar
para casa de forma obediente. A imprensa foi surpreendida pelo aumento
de adesão ao movimento e encontrou dificuldades em fazer colar a sua
versão da notícia.
Este movimento autônomo foi formado por proprietários de cami-
nhões que corresponderam a 70% do movimento e profissionais represen-
tados pelas empresas de transporte e logística, aproximadamente 30% do
movimento. A grande diferença nestes dois tipos de caminhoneiros é que
os primeiros reivindicaram o fim da política de preços da Petrobrás que
indexava o preço dos combustíveis à flutuação do dólar no mercado inter-
nacional e o segundo reivindicou, somente, a redução dos impostos nos
preços dos combustíveis como COFINS e CIDE. Na luta pela narrativa,
a imprensa adotou o termo “lockout” para se referir ao movimento. Esta é
uma prática proibida por lei, pois seria uma prática ilegal de união de em-
presários e proprietários que obrigam os trabalhadores a pararem com o
objetivo de prejudicar a economia. A utilização do termo “lockout” permi-
tia neutralizar o discurso do movimento, desqualificá-lo e deslegitimá-lo
perante a opinião pública e também permitiria a repressão ao movimento,
como de fato ocorreu.
Para entendermos o papel político da imprensa ao construir a ver-
são dos fatos é preciso uma volta à teoria. Segundo Silvia T. Maurer Lane
(1985, p. 22, 23, 24) a identidade social e os seus papéis são mediados
ideologicamente, sobretudo ao ponto de conferir uma naturalidade, um
cunho de necessidade e liberdade artificiais. Desta forma, escamoteando
que os papéis sociais são determinados por fatores exteriores ao indiví-
duo, ou seja, são definidos pela produção da vida material, ou a divisão
social do trabalho. É isto, realmente que estabelece nossas preferências,
costumes e ideias.
Para a autora esta questão suscita o problema da consciência em si,
afinal de contas, um espirito questionador poderá nos fazer perceber
que os nossos papéis, identidade e lugar são resultados dessas relações
15. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 17
ECOS DO AUTORITARISMO
de dominação. Contrapõem-se a esta tomada de consciência os grupos
que exercem esta dominação e assim atribuem papéis sociais através
de seus aparelhos ideológicos pra anular, abrandar, amenizar os possí-
veis questionamentos que possam colocar em xeque sua hegemonia.
(LANE, 1985, p. 24)
O jornal O GLOBO de 26.06.2018 publicou análise assinada por José
Ricardo Rocha Bandeira, especialista de Segurança Pública e presidente do
Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina, intitula-
da: A greve dos caminhoneiros e suas consequências para a segurança. O autor tentou
construir uma narrativa dos caos na segurança pública, supostamente oca-
sionada pela greve dos caminhoneiros. Afirmou:
Faz alguns dias que o Brasil foi surpreendido pela greve nacio-
nal dos caminhoneiros, que tem causado falta de abastecimento
de gêneros de primeira necessidade como alimentos, remédios
e combustíveis, levando a sociedade a um estado de quase ca-
lamidade. E no que diz respeito à segurança pública, a situa-
ção é ainda mais grave, pois devido à falta de combustível, as
viaturas policiais estarão, muito em breve, sem condições de
realizar o patrulhamento. Como consequência, teremos uma
diminuição na capacidade de repressão policial em todas as
grandes capitais do país, fazendo com que a mancha de crimi-
nalidade se expanda e aumente os índices de violência nas ruas.
(BANDEIRA, 2018).
Esta narrativa midiática lembra o controle pelo medo descrito na obra
de George Orwell, chamada: 1984, ou seja, uma imprensa que difunde o
medo e o caos para vender como solução a utilização do aparato repressivo
estatal e isto, na prática, cria um Estado Policial que utiliza a censura, o con-
trole social como meio para garantir uma falsa segurança a todos.
A revista ISTOÉ publicou artigo em 31.05.2018, assinado por André
Solitto, Cilene Pereira, Giorgia Cavicchioli e Luisa Purchio, com a seguinte
afirmação: VIROU BADERNA! Neste artigo afirmaram que o movimento
era oportunista e afundou o país no caos:
Defensores da volta do regime militar, sindicalistas opor-
tunistas e líderes trabalhistas que pedem a libertação do
16. 18••• Ideologia do “cidadão de bem”
Samuel de Jesus
ex-presidente Lula se apropriaram da greve dos caminho-
neiros e afundaram o País no caos. Os prejuízos econômi-
cos ultrapassam os R$ 75 bilhões e atrasam o crescimento.
(SOLITTO, PEREIRA, CAVICCHIOLI & PURCHIO, 2018).
Neste momento, para a mídia, o cidadão de bem era aquele que gosta-
ria de ir para o trabalho e não conseguia, queria comprar no supermerca-
do, mas não tinham produtos na prateleira para serem vendidos, os que
precisavam de remédios, gasolina, aulas, segurança e não tinham devido
ao lockout, promovido pelos empresários que eram “inimigos” do país, pen-
savam somente em seu interesse corporativo e que deveriam ser punidos,
exemplarmente.
O jornal Folha de S. Paulo de 31.05.2018 reproduziu a fala do Minis-
tro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o título da matéria, assinada por
Angela Boldrini, é uma afirmação deste ministro: ‘Quem paga a conta sempre é
o cidadão’, diz Padilha. Segundo o ministro: “quem pagará pelos subsídios (aos cami-
nhoneiros) é a sociedade brasileira como um todo, já que o governo não fabrica dinheiro,
administra”.
Segundo a matéria da Folha de S. Paulo do dia 10.07.2018, assinado
por Anaís Fernandes, intitulado: “Famílias mais pobres sentem impacto maior de
paralisação dos caminhoneiros nos preços. Inflação para pessoas de renda muito baixa
mais que triplicou em junho, diz Ipea”.
Segundo a matéria:
A inflação entre as pessoas mais pobres representou
alta de 1,5 no mês, mais que o triplo observado em maio,
de 0,41, de acordo com o indicador do IPEA (Institu-
to de Pesquisas Econômica Aplicada) calculado com
base no SNIPC (Sistema Nacional de índice de Preços
ao Consumidor) do IBGE, divulgado no dia 10.07.2018.
(FERNANDES 2018)
Os setores jornalísticos não se mostraram favoráveis à paralisação
dos caminhoneiros como podemos ver neste pequeno apanhado de notícias
sobre o movimento. Todos eles divulgam aspectos negativos da paralisa-
ção, como o aumento do custo de vida, destaca a fala do ministro de que
o conjunto da população que iria pagar a conta. A narrativa deste modo é
17. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 19
ECOS DO AUTORITARISMO
assumida a partir da versão da notícia. A mídia é a grande correia de transmissão
do discurso oficial, difusora das ideias baseadas no senso-comum, assim
como afirma o sociólogo Jessé Souza, a mídia imbeciliza a sociedade. Para o
professor Milton Santos trata-se da violência da informação praticada pelos
veículos da comunicação que, por exemplo, difundem as fábulas do neolibe-
ralismo, tais como a aldeia global, fábrica global. Instituição fundamental para
a projeção econômica de uma elite global que concentra o capital global-
mente, a partir da supressão dos nacionais-desenvolvimentismos, mas isto é
outro assunto que não aprofundaremos aqui.
O tamanho dos conglomerados de comunicação e sua concentração
em torno de pouquíssimas famílias poderão indicar que a luta pela narrativa
está perdida, no entanto, a internet, sobretudo as redes sociais tem imposto
grandes obstáculos aos meios televisivos e, em muitos casos, subvertido as
condições do funcionamento do discurso oficial, invertendo a “versão ofi-
cial” dos fatos, pois como afirma Foucault (1996), os poderosos determinam
as condições do funcionamento do discurso, assim impõem aos indivíduos,
que o pronuncia, um conjunto de barreiras e assim não permitem que todo
mundo tenha acesso a elas. Desta maneira, ninguém entrará na ordem do
discurso se não satisfizer certas exigências, ou se não for, de início qualifi-
cado para fazê-lo. Mais precisamente, nem todas as regiões do discurso são
altamente abertas.
Só aparece aos nossos olhos uma verdade que seria rique-
za, fecundidade, força doce (...) ignoramos, em contraparti-
da, a vontade de verdade, como prodigiosa maquinaria des-
tinada a excluir todos aqueles que, ponto a ponto, em nossa
história, procurara contornar essa vontade de verdade e colo-
ca-la em questão contra a verdade, lá justamente onde a verda-
de assume a tarefa de justificar a interdição e definir a loucura.
(FOUCAULT, 2004, p. 21).
18. 20••• Ideologia do “cidadão de bem”
Samuel de Jesus
No livro A Família como Espelho, um estudo sobre a moral dos pobres (2005),
Cynthia Andersen Sarti, analisa a articulação de elementos morais e reli-
giosos aos econômicos ou a naturalização da pobreza. Estes aspectos são
revelados a partir de algumas afirmações, tais como: sempre vão existir rico
e pobre. Parte da ideia que o rico não sabe fazer os serviços que o pobre faz, o que
colocaria, em tese, os pobres em vantagem em relação aos ricos. Esta é uma
dádiva dada por Deus, assim aos ricos caberia a função de dar o trabalho e o
empregado é aquele que cuida do patrão, tal como uma família. Entre rico
e pobre existe uma igualdade que está em outro plano, no reino de Deus,
pois todos somos filhos de Deus, assim neste mundo cada um é designado
a cumprir um papel definido hierarquicamente. Dentro desta concepção as
injustiças sociais serão redimidas em outro mundo. Para evitar a miséria é
preciso a obediência, escreve Sarti:
Eles (os não-iguais que detém a riqueza, prestígio e/ou
poder) tem de dar aos pobres a oportunidade de traba-
lho, e os pobres tem de trabalhar, inserindo o trabalho
num universo de obrigações no qual o esforço legitima
a oportunidade de trabalhar que é conferida ao pobre.
(SARTI, 2005, p.108)
O esforço do trabalho confere um caráter, um valor moral, por exem-
plo, o trabalhador fez por merecer, sobretudo quando se recebe é necessário retri-
buir, através do seu trabalho, o pobre dá o que tem, assim o trabalho assume um
papel redentor, pois torna-se uma obrigação dentro de uma relação e a pros-
A moral dos pobres
19. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 21
ECOS DO AUTORITARISMO
peridade é reservada aos que fizeram por merecer, assim o esforço reafir-
ma a honra de quem trabalha. De acordo com essas concepções a esmola
é um ato condenável, pois fere os valores inerentes ao trabalho. Os con-
siderados vagabundos, os mendigos representam uma antítese aos trabalhadores.
(SARTI, 2005, p.109)
O princípio de dar sem receber, no qual se funda o trabalho,
é negado pela esmola. Nesse prisma, pedir esmola humilha
porque quem o faz recebe sem dar, sem o esforço valorizado.
(SARTI, 2005, p.110)
Pensando assim, o desemprego representa uma humilhação, pois o
trabalhador é privado do ato de dar e receber. Os pobres acreditam que
a obrigação dos ricos é lhe dar o trabalho, seguindo uma cadeia de obri-
gações entre desiguais. Desta maneira o desemprego representa uma
ruptura desta relação entre estas classes. Se o trabalho é negado, en-
tão se recorre à caridade que é legitimada socialmente através do lema:
“Dando aos pobres, empresta-se a Deus”, pois afinal “pedir é melhor que roubar”
(SARTI, 2005, p.111).
Deste ponto de vista os benefícios sociais providos pelo Estado são
observados como um retrocesso social, pois, segundo esta ótica, o indiví-
duo terá sucesso se trabalhar duro e assim possuirá dinheiro para pagar por
todos estes serviços. A dimensão do Estado de bem-estar social ou acesso
aos benefícios do Estado de Direitos Sociais representam um obstáculo ao
merecimento, pois quem recebe benefícios sociais, segundo a moral do tra-
balho, não progredirá. Os benefícios não são entendidos como direitos do
cidadão. Esta visão é a base para o fim do Estado de Bem-Estar Social, para
privatização e o Estado-mínimo.
O princípio de honestidade faz parte da moral dos pobres igualmente.
O trabalhador mesmo diante da opressão do dia a dia, possui a sua moral
inabalável, sua honra. Os meios de comunicação, rotineiramente, divulgam
casos em que os pobres acharam uma fortuna e acabaram por devolver aos
seus donos. Matéria do Portal G1 informa que Catador de recicláveis encontra
R$ 50 mil e devolve ao dono no Paraná. Na cidade de Iporã-PR, o catador de re-
cicláveis, Sr. Antônio Garcia do Prado, encontrou R$ 50 mil no meio de um
caderno jogado na rua e foi até a rádio local divulgar o achado. A reporta-
20. 22••• Ideologia do “cidadão de bem”
Samuel de Jesus
gem destaca que, apesar de receber, aproximadamente, R$ 20 reais por dia,
em nenhum momento pensou em ficar com o dinheiro. O dinheiro era do
empresário Amauri Rodrigues que afirmou ter esquecido o caderno com di-
nheiro na capota do carro, antes de sair com o veículo, esqueceu-se de pegar
e saiu com o carro, assim o caderno acabou caindo meio no percurso. Ale-
gou: cabeça cheia, descuido e disse que não deu falta do dinheiro, nem imaginava
que tinha perdido. Existe uma ética neste exemplo: o Sr. Antônio achou o di-
nheiro, apesar de dizer o ditado: “achado não é roubado”, mas “Deus tudo vê” e
castiga. A honestidade do pobre é uma instituição, afinal sua recompensa
não está neste mundo. O dinheiro será sempre do rico, ao pobre restará o
suficiente para sobreviver, além disto; a virtude, a moral, a honestidade. Ao
pobre está reservado o trabalho de dia e de noite, o trabalho que dignifica.
O portal G1 (Jornal Nacional) de 24.02.2017 divulga que Jovem devolve
celular perdido e não aceita recompensa; pede emprego. As afirmações do jornalista
que escreve esta reportagem são ilustrativas em relação a “moral do pobre”,
afirma: “Agora uma pausa nesse noticiário de suspeitos, de delatados e investigados só
para lembrar a beleza de nosso povo, a beleza que o nosso país também tem”. O jovem
Pablo encontrou o celular e rejeitou uma recompensa de R$ 200.00, mesmo
precisando de dinheiro. Disse para o dono do celular que precisava de ajuda
para encontrar um emprego. “O fato de ele não se interessar pelo dinheiro e querer
ajuda para o emprego, para arrumar um emprego, para mim foi o que tocou”, disse Niko-
las Soares Valério, que é analista de redes. Nicolas postou a história na internet e
teve 14 mil curtidas. A Associação dos Magistrados de Goiás ofereceu uma
oportunidade a Pedro, trabalhar como auxiliar de almoxarifado, mas com
uma condição: retomar os estudos. Afirmou seu contratante, o Juiz Eduar-
do Perez; “Você só vem trabalhar conosco se você estudar porque só avança na vida, só
tem condição de avançar aquele que se dedica, aquele que estuda”.
Estes dois casos são ilustrativos sobre o papel exercido pela imprensa
na manutenção de uma ordem social hierarquizada, ou seja, duas pessoas
pobres, o primeiro catador e o segundo um jovem desempregado que ti-
nham necessidades materiais, mas foram honestos e devolveram o que não
lhes pertencia. A honestidade é um elemento muito importante na moral do po-
bre, pois sua recompensa como afirmamos, anteriormente, poderá não estar
neste mundo, mas no plano divino. O pobre não tem riqueza material, mas
possui honra, é uma pessoa em que devemos confiar, pois ele respeita o que
21. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 23
ECOS DO AUTORITARISMO
é dos outros, ou dias melhores virão, Deus proverá, assim, ele reconhece o “lugar do
pobre” e o “lugar do rico”. Pedro não quer a recompensa, quer um trabalho,
quer ter dignidade, ou seja, não é vagabundo, é “cidadão de bem”. Ocupará um
lugar no sistema produtivo, terá dignidade, ainda que ocupando uma fun-
ção subalterna.
Através dos valores positivos do trabalho e da família,
criam, como fronteira do mundo dos pobres e traba-
lhadores, a adesão a um código de obrigações morais
que delimita seu grupo de referência, como a família.
(SARTI, 1995, 130)
A mídia é o grande instrumento de afirmação dos princípios conser-
vadores e faz isto cotidianamente, através de novelas, filmes e reportagens
como aquelas apresentadas anteriormente. A mídia é um aparelho ideológi-
co de Estado, sem dúvida.
Na obra Aparelhos Ideológicos do Estado, Louis Althusser menciona que
as técnicas aprendidas na escola se referem ao bom relacionamento, ao res-
peito à divisão técnica do trabalho e à submissão às normas da ordem vi-
gente ou submissão da classe operária à ideologia dominante, pois o “todo
social” possui níveis e instâncias pré-determinadas, tais como a infraestrutu-
ra (economia), superestrutura (Estado, Direito) e a ideologia (religião, mo-
ral) que ocupa o cume da pirâmide social. Desta maneira o Estado é visto
como uma instituição que reprime os trabalhadores, afinal é o Estado que
assegurará a reprodução das relações de produção. Deste modo, a narrativa
é assumida como parte da categoria ideológica, através dela se transmite o
discurso oficial e a mídia é a sua grande correia de transmissão.
22. 24
No Brasil, hoje, é corrente a tese de que o cidadão deve andar armado
para se “proteger”. Esta ideia é fomentada pela chamada bancada da bala, depu-
tados que eram financiados pela indústria de armas leves do Brasil. O portal
de notícias on line O tempo, divulgou que em uma audiência pública sobre
mudanças no estatuto do desarmamento, realizada na Assembleia Legis-
lativa de Minas Gerais em 26.06.2015, o Deputado Federal Jair Bolsonaro,
afirmou, “O cidadão armado é a primeira linha de defesa de um país”
A reportagem conta com comentários que devem ser analisados, pois
embora represente a opinião de apenas algumas pessoas, de fato reflete o
pensamento de milhões de pessoas e, assim torna-se fonte para nossas aná-
lises. Aqui não mencionamos o nome dessas pessoas, apenas as iniciais de
seus primeiros nomes. Dentre várias mensagens escolhemos aquelas que
mencionam o termo “cidadão de bem” e em segundo, aquelas mensagens que
mencionam termos como “homens de bem” e outras derivações. Os comentá-
rios assinados por pseudônimo foram mantidos.
Mencionamos aqui a fala de D.
Até que enfim o tal de Jair Bolsonaro deu uma “dentro”. SE o ban-
dido anda armado, por que o cidadão de bem não pode ter uma
arma para se defender destes cânceres da sociedade ? O porte de
armas em casos especiais é justificável (inclusive eu já tive, mas
não tentei renovar) em alguns casos - não se pode generalizar, nis-
to eu concordo. A polícia NUNCA TEVE e nem NUNCA TERÁ
condições de fiscalizar TUDO e estar em TODOS os lugares ao
mesmo tempo - não há efetivo para isto, em NENHUM lugar do
“Cidadão de bem”
e armado.
23. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 25
ECOS DO AUTORITARISMO
mundo. Quanto à redução da maioridade penal, sou favorável,
pois se pode votar com 16 anos, por que não pode responder pe-
los crimes? MAS, o pior e que existe no Brasil, é a IMPUNIDADE.
(D. In: PEIXOTO, 2015).
Segundo Epitáfio
Se bandido pode meter tiro na cara de cidadão de bem, por
que o cidadão de bem não pode ter uma arma registrada e
com porte? Seria até melhor a polícia saberia melhor onde
identificar um cidadão que cometeu um crime, pois essa ban-
didagem aí atira nos outros e desova a arma e ninguém pro-
va nada. Maioridade penal já, Bolsonaro tem razão e quem
discorda é por que é conivente com essa bandidagem aí!!!!
(Epitáfio In: PEIXOTO, 2015).
Segundo C. P.
Qualquer cidadão de bem deveria ter um porte de arma (caso
quisesse possui-lo),o grande problema nesse país é a impunidade,
e a insanidade dos líderes desse BRASIL, há alguns anos fize-
ram a campanha do desarmamento, como se isso fosse solução,
como se os bandidos fossem entregar as suas armas ! O que pre-
cisamos nesse país é a segurança que as leis serão iguais para to-
dos e que as mesmas sejam cumpridas, não podemos viver com
flanelinhas nos extorquindo com a conivência das autoridades,
com assassinos que matam e sequer são presos e tantos outros
disparates que todos já sabemos e cansamos de pedir solução!
(C. P. In: PEIXOTO, 2015)
Segundo P. B.
Temos de lembrar que nos EUA, desde o Velho Oeste, os homens
de bem de cada vila ou cidade é que ajudavam o Xerife a banir os
mal feitores. Países onde não há impunidade sempre souberam
usar a seu favor a força civil armada, para cumprimento do dever
e da Lei. Sabemos que qualquer pivete na rua hoje anda armado
e a polícia nada faz para defender a sociedade. As armas vão e
voltam para os marginais. Somente as pessoas de bem é que ficam
indefesas. Se votamos todos contra o desarmamento naquele ple-
24. 26••• Ideologia do “cidadão de bem”
Samuel de Jesus
biscito ridículo, por que Lula teimou em desobedecer a vontade
das urnas e desarmar a sociedade mesmo assim? Pensemos......
(P. B. In: PEIXOTO, 2015)
Segundo H. M.
Este deputado é polêmico, mas na verdade é dos melho-
res que temos em Brasília, pena que são poucos, mas acho
muito boa a ideia do armamento das pessoas de bem.
(H. M. In: PEIXOTO, 2015).
A revista Carta Capital publicou em 12.02.2016 artigo assinado por
Robert Muggah e Daniel Cerqueira intitulado: Quatro mitos sobre o “cidadão de
bem armado”. Segundo os autores o Brasil é o país que possui maior número
de homicídios, ocasionados por armas de fogo, no mundo. Um levantamen-
to de dados, feitos em 2010, revelou que existem, em torno de 17,6 milhões
de armas leves em circulação no país, dessas 57% eram ilegais.
De fato, a proliferação das armas se deu ao mesmo tempo em
que se verificou um crescimento acelerado da taxa de homicí-
dio por arma de fogo. Enquanto em 1980 de cada 100 pessoas
assassinadas 44 eram vitimadas por armas de fogo, em 2003,
nas vésperas da sanção do Estatuto do Desarmamento (ED),
esse número já era de 77, diminuindo para 75 nos anos subse-
quentes. Em países como a Inglaterra e a Espanha tal pro-
porção gira na ordem de 7 e 14 vítimas, respectivamente.
(MUGGAH & CERQUEIRA, 2016)
De acordo com Robert Muggah e Daniel Cerqueira (2016), esta tese
de armar o cidadão já ocorre, desde os anos 80, e de lá para cá, isto gerou o
aumento do número de mortes e não fez a sociedade brasileira mais segura,
sobretudo chamam atenção para o movimento que pretende a revogação
do Estatuto do Desarmamento aprovado no Congresso Nacional. Aqueles
que pretendem revogar o Estatuto do desarmamento, na prática querem
permitir ao adulto, acima de 21 anos ter o direito de comprar até seis armas,
sobretudo permitir sua utilização nas ruas.
Na sequência assinalam quatro mitos sobre a utilização das armas
de fogo pelo cidadão brasileiro. Mito 1: O cidadão armado provê maior seguran-
ça à sua família. Na prática, ter armas em casa, significa aumento no risco
25. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 27
ECOS DO AUTORITARISMO
de suicídio, acidente e homicídio entre familiares. Mito 2: A regulação mais
restritiva de acesso às armas de fogo não é importante, uma vez que as armas dos ban-
didos entram ilegalmente pelas fronteiras. De acordo com dados disponibiliza-
dos pelas polícias do RJ e SP, também ONGs como Instituto Sou da Paz,
aproximadamente, 75% das armas utilizadas em crimes foram produzidas
no Brasil e 38% das armas utilizadas em crimes fatais eram armas nacio-
nais, compradas por brasileiros e desviadas e entrando na ilegalidade. Mito
3: O cidadão de bem armado irá dissuadir o criminoso, fazendo com que o número de
crimes e de homicídios diminua. Na verdade, a flexibilização do porte de ar-
mas de fogo aumentam os números de roubos e invasões a residências.
Mito 4: O ED não evitou o crescimento da violência armada no Brasil. Segundo
estudos de pesquisadores do IESP/UERJ e do Ipea, o Estatuto do De-
sarmamento evitou, aproximadamente, 121 homicídios entre 2004 e 2014.
(MUGGAH & CERQUEIRA, 2016)
A tese do armamento da população extrapola os argumentos sobre a
necessidade de autoproteção pelo cidadão de bem e assume interesses corpo-
rativos, ou seja, os da indústria armamentista, tal como ocorre nos Estados
Unidos onde existe um lobby muito forte das empresas armamentistas sobre
os congressistas. Os deputados e senadores financiados por esta poderosa
indústria defendem os seus interesses, ou seja, visam alterar a legislação que
restringe a ampliação do mercado de armamentos, sobretudo de vendas
de armas leves que podem ser adquiridas por civis. Os dados demonstram
que a tese da proteção através do porte de armas é falsa e ao contrário, na
prática, amplia os riscos de morte por acidentes ou motivos passionais e
existem dúvidas sobre a eficácia de reação a um assalto, pois os cidadãos não
possuem treinamento e preparo suficientes.
26. 28
Surge um novo tipo social, muito embora já esteja presente na raiz
histórica do Brasil. O cidadão de bem é o herdeiro da casa grande e seus capitães
do mato, a elite escravocrata e os comensais que se alimentavam de suas sobras
como parasitas. São aqueles que fizeram pelo trabalho dos outros, da mulher
e do homem D’África, do indígena. Os que compareciam às cerimonias do
beija-mão de Dom João VI, ato público onde o monarca se colocava em po-
sição de superioridade ante ao vassalo. Posteriormente aquele que mostrava
submissão poderia solicitar alguma benesse. O homem bom ou os homens bons.
Esta designação recebiam somente os proprietários, homens brancos que
não possuíam “impureza” racial, católicos e que tivessem acima de 25 anos.
Estas raízes históricas profundas fazem com que as árvores do pen-
samento racial brasileiro continuem resistentes contra qualquer vento de
mudança. A reafirmação da elite branca, um modo de ser, sentir e pensar
de uma expressiva parcela da população brasileira. O verniz da elite branca
com a qual pinta uma sociedade pluriétnica. Difunde seus signos racistas
através de livros infantis como os de Monteiro Lobato, por exemplo, Tia
Nastácia teve como castigo ser negra, mas um dia tornará à branquidão ou
o extenso estudo de Joel Zito de Araújo sobre o negro na telenovela brasilei-
ra, sempre ocupando o papel do empregado, chofer, jardineiro, cozinheiro,
aquele sabedor de seu lugar e que nunca estaria no primeiro plano, mas
depois de 60 anos de televisão no Brasil, Lázaro Ramos o protagonismo
novelesco, mas quantos outros mais ocuparão esta ribalta?
Estes arquétipos foram difundidos em massa pela televisão, muito
embora a Constituição Cidadã de 1988 tenha determinado que racismo como
Quem são eles?
27. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 29
ECOS DO AUTORITARISMO
um crime inafiançável, mas, assim como afirmou Lilia Moritz Schwarcz, o
racismo não ocorre no aspecto formal, mas na intimidade em áreas não
atingidas pela formalidade, no secreto, na vaga resposta da entrevista de
empregos: “não obedece ao perfil da empresa”. O cidadão de bem é branco, he-
terossexual, de estrato alto ou mediano da sociedade, ocupa os melhores
lugares da cidade, com acesso a transportes, comércio e serviços, locais com
segurança pública e privada, próximos a hospitais, shoppings, restaurantes,
cinemas, teatros, entre muitos outros.
Na invisibilidade estão os “não cidadãos”. Estes ocupam os bairros
mais distantes, longe do acesso à saúde, compras e lazer, o transporte públi-
co é precário, não existe segurança, a violência graça. O músico Humberto
Gessinger fez a pergunta, em sua canção; Quem são eles? Em resposta: eles
são os donos dos bancos, a classe política, os militares, os juízes, os líderes
religiosos, os donos dos meios de comunicação, empresários da indústria e
do agronegócio, sobretudo agentes do mercado financeiro e de interesses
estrangeiros de corporações. Estes atores políticos fomentam este sistema
racial, econômico e socialmente excludente. Estes conferem apenas a alguns
a cidadania plena.
Podemos detectar outros diferentes tipos de “cidadãos de bem”. Diante
de uma revista policial qualquer pessoa afirma que é trabalhador. Muitos
policiais pedem a carteira de trabalho ou algo que o identifique como ocu-
pado. Os trabalhadores se contrapõem aos vagabundos. Este último não é
bem visto na sociedade e todos dizem para estes arrumarem um trabalho. O
trabalhador, embora ocupe um estrato social baixo, é considerado um “cida-
dão de bem”. Os jovens estudantes ou aprendizes profissionais contrapõem-se
aos que praticam pequenos delitos, são usuários de drogas ou envolvidos no
tráfico, mortos, em muitos casos, por esquadrões da morte, pois são con-
siderados degenerados, incorrigíveis e sendo assim recebem a pena capital.
Sua morte é considerada como um tipo de “limpeza”. O aumento de jovens,
principalmente da periferia, todos sabemos que sempre possui números ex-
pressivos e isto já vem de muitas décadas atrás.
Os jovens estudantes que “querem aula” contrapõem-se aos estudan-
tes que protestam. Estes últimos recebem spray de pimenta, bombas de
gás lacrimogêneo, balas de borracha, Jatos de água, prisões ilegais ou a
perseguição no espaço universitário, sobretudo do corpo administrativo.
28. 30••• Ideologia do “cidadão de bem”
Samuel de Jesus
Em relação os que protestam há uma distinção. Aqueles que se concen-
tram na frente da FIESP, usam a camisa da seleção brasileira de futebol
empunhando um pato amarelo e pedindo intervenção militar contra-
põem-se aqueles de vermelho que empunham bandeiras de sindicatos,
movimentos e partidos de esquerda.
Para a mídia é o “pacato cidadão”, trabalhador que chega no horário, es-
tuda, alcança a prosperidade, o achador de uma maleta gorda com milhares
e que devolve sem pensar duas vezes, é o povo que somente sofre, lamenta
e retoma tudo no dia seguinte, pois sua indignação cabe em uma caixinha
ressonância, reproduzindo as verdades da televisão, torce pelo seu time,
sofre, chora, toma uma cervejinha no bar, desfila na escola de samba, vai ao
zoológico ou a praia com a família, financia um carro popular e, é vítima
de balas perdidas.
A definição sobre o “homem de bem” é heterogênea. Vários grupos rei-
vindicam para si este termo, desde o conservador com armas na mão, pas-
sando pelos militares, mídia, classe política e os grupos econômicos. Obser-
vamos aqui, pelo menos em parte, como isto ocorre no âmbito ideológico.
O Antipetismo
O cidadão de bem é, sobretudo, um antipetista. A ascensão do an-
tipetismo é uma verdade artificial construída pelos setores midiáticos sob
a tese de que o PT é o maior e talvez o único responsável pela corrup-
ção e pela crise econômica do Brasil na atualidade. Assemelha-se muito
ao que ocorreu aos Judeus no período anterior à Segunda Guerra Mun-
dial (1939-1945), ou seja, eles foram considerados responsáveis pela crise
alemã. Os paralelos possíveis: Hannah Arendt em “As Origens do Totalita-
rismo”, no capítulo 2: “Os Judeus, o Estado-Nação e o nascimento do Antissemitis-
29. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 31
ECOS DO AUTORITARISMO
mo”. Pelo fato dos Judeus constituírem um Estado dentro do Estado-Nação
da Alemanha, ou sua não incorporação ao Estado Alemão, fez com que
fossem considerados párias da sociedade alemã, expatriados que forma-
vam uma unidade cultural, não reconhecedora do nacionalismo alemão.
(ARENDT, 1989, p. 31)
Buscando semelhanças históricas possíveis, quando a extrema-direi-
ta brasileira chama os petistas de comunistas, difundem a ideia de que o
PT é uma pária da “boa” sociedade brasileira, pois não amam o país, mas
suas ideologias que são estranhas ao nacionalismo brasileiro, são sangues-
sugas, elementos estranhos que destruíram o país. O nacionalismo brasi-
leiro opera sobre uma ordem social, ou seja, uma hierarquia que reserva
lugares distintos e fronteiras bem delimitadas entre os diversos grupos
sociais. A distinção entre pobres e ricos, estes últimos consideram que
possuem uma importância no sistema social brasileiro, ou seja, os ricos
dependem deles, pois fazem o que os ricos não sabem ou não se propõem
a fazer. Esta mentalidade indica uma codependencia intraclasses, a subalterni-
dade como algo naturalizado.
Ao promover, através de suas políticas, uma autonomização do indi-
víduo, o PT rompeu com esta hierarquia social que foi naturalizada por sé-
culos no Brasil. Por exemplo: o acesso à universidade, tanto pública, quanto
privada, espaço, até então, reservado às camadas dominantes da sociedade
brasileira. Este fato representou uma inversão da ordem, uma insubordi-
nação pelo fato de integrarem os pobres ao locus privilegiado da sociedade
brasileira. Isto é observado nas falas das camadas médias, tal como: “...ago-
ra, qualquer um pode entrar na universidade”, ou seja, espaços acadêmicos eram
espaços de privilegiados, neste sentido a democratização do acesso à uni-
versidade pública é observada de forma negativa. Outro espaço até então
demarcado e exclusivo das elites são os aeroportos brasileiros. As elites se
sentiram invadidas pelos membros da chamada nova classe C. Ou seja, pes-
soas que a partir do incremento e democratização do consumo gerada, por
exemplo, pela valorização do salário mínimo, andaram de avião pela pri-
meira vez. Antes, as camadas marginalizadas da sociedade estavam restritas
às rodoviárias, indo para destinos mais longínquos do país. Este assunto
requer uma pesquisa mais aprofundada, mas registramos aqui uma sugestão
de pesquisa que poderá ser alargada com estudos posteriores.
30. 32
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