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A Ideologia do
"Cidadão de Bem"
Samuel de Jesus
Ecos do Autoritarismo
A Ditadura Revisitada
Este texto é parte integrante
do livro
"Ecos do Autoritarismo
A Ditadura Revistada"
publicado pela Editora Oeste
em 2019
ISBN:978-85-88523-14-8
© 2019 - Samuel de Jesus
TÍTULO
ECOS DO AUTORITARISMO:
A DITADURA REVISITADA (TEXTOS REUNIDOS)
AUTOR
Samuel de Jesus
EDIÇÃO, PROJETO GRÁFICO
Editora Oeste
DIAGRAMAÇÃO
Ricardo Barbosa Porto
REVISÃO
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e
confiabilidade são de responsabilidade exclusiva do autor da obra.
ILUSTRAÇÃO DA CAPA
Samuel de Jesus
PUBLICAÇÃO DA
Editora Oeste
www.editoraoeste.com.br
editoraoeste@hotmail.com
ISBN 978-85-45584-14-8
Depósito Legal na Biblioteca Nacional
Impresso no Brasil
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Jesus, Samuel de.
Ecos do autoritarismo : a ditadura revisitada (textos reunidos) / Samuel de
Jesus. -- Campo Grande, MS : Ed. Oeste, 2019.
128 p. : il. ; 23 cm.
Inclui bibliografías.
ISBN 978-85-88523-14-8 (broch.)
1. Autoritarismo – Brasil. 2. Brasil – História – 1964-1985. 3. Brasil – Política e
governo – Século XX. 4. Brasil – Política e governo – Século XXI. I. Título.
CDD (23) 981.063
Bibliotecária responsável: Wanderlice da Silva Assis – CRB 1/1279
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da editora, como pesquisa é
permitido desde que citada a fonte.
UMA PUBLICAÇÃO DA
Editora Oeste
www.editoraoeste.com.br • editoraoeste@hotmail.com
Campo Grande • Mato Grosso do Sul
ISBN 978-85-45584-14-8
Tiragem: 50 exemplares.
1ª Edição - Ano 2019
Obra aprovada pelo conselho editorial da Editora Oeste
através da Resolução n. 114/2019.
CONSELHO EDITORIAL
Drª. Alda Maria do Nascimento Osório / UFMS
Drª. Alexandra Ayach Anache / UFMS
Dr. Amaury de Souza / UFMS
Dr. Antônio Carlos do Nascimento Osório / UFMS
Drª. Carla Dupont – Vercors, França
Drª. Eurize Caldas Pessanha / UFMS
Drª. Fabiany de Cássia Tasvares Silva / UFMS
Dr. Flávio Aristone / UFMS
Me. Horacio Porto Filho / UTCD-PY
Dr. Leo Dayan – Univ. de Paris 1 – Sorbonne
Dr. Luiz Otavio Saraiva Ferreira / UNICAMP
Drª. Margarita Victoria Rodriguez / UFMS
Drª. Maria Dilnéia Espindola Fernandes / UFMS
Drª. Myrna Wolf B. dos Santos / UFMS
Drª. Regina Tereza Cestari de Oliveira / UCDB
Drª. Soraia Napoleão de Freitas / UFSM
Drª. Silvia Helena Andrade de Brito / UFMS
Drª.Tatiana Calheiros Lapas Leão / SED-MS
A
IDEOLOGIA DO
“CIDADÃO DE BEM”
9
Cidadão, quem?
Segundo José Murilo de Carvalho (1995) a construção da democra-
cia brasileira colocou em voga a palavra cidadania. Na retórica política, esta
palavra substituiu o termo povo. A afirmação: “a cidadania quer” indica que
ela foi transformada em gente, ou seja, é como se a palavra cidadania tivesse
ganhado relativa individualidade. Neste momento nutrimos a ilusão de que,
apenas, bastava democratizar as instituições para alcançarmos a felicidade
nacional, no entanto, problemas como a violência urbana, desemprego, as-
sim como a falência da educação pública, serviços de saúde e saneamento,
exclusão, a permanência dos contrastes sociais persistem e ameaçam com-
prometer o tecido social. Ao contrário do que afirmou em 1995, hoje ocorre
a descrença no sistema democrático e isto gerou o saudosismo dos tempos
da Ditadura Militar (1964-1985).
Segundo J. M. de Carvalho, o cidadão pleno seria o indivíduo que pos-
sui o direito à vida, a liberdade, propriedade e igualdade. Os indivíduos
que não possuem estes direitos seriam considerados não-cidadãos. Os cidadãos
incompletos seriam os que possuíssem apenas alguns destes direitos. A partir
dessa premissa podemos imaginar que o termo cidadania não é homogêneo
e quando mencionamos esta palavra é preciso compreendermos que não
estamos falando de todos os membros de uma cidade, mas de uma camada
social específica. A natureza histórica da cidadania se desenvolveu como
um fenômeno histórico, por exemplo, o termo cidadania surgiu de um sen-
timento de pertencimento, uma identidade nacional que se deve a fatores
como a língua, religião, sobretudo a coesão gerada pelas lutas e guerras
contra inimigos comuns. (CARVALHO, 1995)
10••• Ideologia do “cidadão de bem”
Samuel de Jesus
No caso do Brasil, de 1500 a 1822, tínhamos (e temos) um territó-
rio continental dotado de uma unidade territorial, cultural, linguística e
religiosa, no entanto perdurou uma população analfabeta, uma sociedade
escravocrata, uma economia monocultora, latifundiária, praticamente um
Estado Absolutista e quando chegamos à independência, não existiam ci-
dadãos e patriotas. Para J. M. de Carvalho o fator mais danoso ao nasci-
mento da cidadania foi, sem dúvida, a escravidão. Na época da indepen-
dência estima-se que o Brasil teria em torno de um milhão de pessoas
feitas escravas. A escravidão e a grande propriedade foram os elementos
impeditivos para a constituição da cidadania, para a formação de cidadãos.
Os homens livres não poderiam ser considerados cidadãos, pois eram de-
pendentes dos grandes proprietários, assim eram desprovidos dos direitos
civis. Os grandes proprietários, ou os senhores, também não poderiam
ser chamados de cidadãos, apesar de serem livres e gozarem de direitos
políticos, faltavam-lhes o sentido da cidadania, ou seja, o sentido de igual-
dade de todos perante à lei, pois exercia o poder privado em suas fazendas.
(CARVALHO, 1995)
Para Botelho e Schwarcz (2012, p. 12) cidadania é noção construída cole-
tivamente e ganha sentido nas experiências tanto sociais quanto individuais, e por isso
é uma identidade social. A cidadania assume um aspecto de identidade social
construída socialmente. No caso do Brasil se refere aos aspectos relativos à
inclusão ou exclusão social.
Ser detentor legítimo de direitos e obrigações sugere, em pri-
meiro lugar, que cidadania sempre envolve uma dinâmica de
inclusão e exclusão, suas reivindicações são sempre reivindi-
cações de inclusão no usufruto de direitos, e se criamos crité-
rios para incluir alguém estamos, necessariamente, também
excluindo outros. Isso é importante para que se perceba como
o discurso que cria os atributos de um bom cidadão, do “cida-
dão virtuoso”, ao mesmo tempo o distingue e cria, por con-
traste, um “outro”, cujas práticas e valores podem ser estig-
matizados e identificados como “maus” ou “não” cidadãos.
Assim, por exemplo, se o “bom” cidadão paga impostos pontu-
almente, já sabemos como identificar aqueles que não o fazem.
(BOTELHO & SCHWARCZ, 2012, p. 11, 12)
Ideologia do “cidadão de bem” ••• 11
ECOS DO AUTORITARISMO
Imagina-se que o cidadão é aquele recebedor dos benefícios do
Estado. Desta forma a cidadania seria conferida por nascimento ou por
consentimento, ou seja, é o único que recebe a proteção do Estado, no
entanto existem diferentes tipos de cidadãos: o cidadão “oprimido”, “iso-
lado” e “pluralista”, por exemplo, o cidadão oprimido seria o indivíduo
que possui pouquíssima proteção do Estado e o isolado é aquele pro-
tegido pelo Estado, mas decide não participar das decisões políticas.
(BOTELHO & SCHWACZ, 2012).
Se Gilberto Freyre e Casa Grande & Senzala fizerem algum sentido
para o presente, perdura entre nós um abismo social que separa os bairros
suntuosos e a periferia. Quando estamos falando em cidadão, falamos de
um sujeito pertencente a uma elite que possui a cidadania, ou seja, tornou-se
um privilégio e podemos identificar a impossibilidade de concebermos a
cidadania como algo que é para todos/todas, pois alguns são mais cidadãos
que outros.
Colocada desta forma o termo cidadania assume uma forma ideológi-
ca, afinal sua historicidade indica uma verticalidade social. A partir desta ti-
pologia podemos considerar a existência do cidadão de bem. O Golpe de 2016
foi sustentado por este tipo social. O termo é tão excludente que, não por
acaso nos referimos semanticamente ao homem: “O” cidadão de bem e não
“A” cidadã de bem, torna-se um termo masculinizado, conservador, machista.
No dia 03 de abril de 2018, um dia antes de o Supremo Tribunal Fede-
ral tomar decisão sobre a concessão de habeas corpus ao ex-presidente Lula, o
General Eduardo Villas Bôas escreveu em seu twitter: “Asseguro à Nação que o
Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à
impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à democracia, bem como se mantem
atento às suas missões institucionais”. Seu gesto foi interpretado como um enqua-
dramento do Supremo, ou uma pressão sobre a Corte para que ela negasse
o pedido de Lula, como de fato foi negado.
Afinal, o que queremos dizer quando invocamos o termo cidadão de
bem? Seria o cidadão manso, obediente, pagador de seus impostos que vê
as notícias do dia em um telejornal e sente-se indignado com a corrupção.
Já foi às ruas pedir a intervenção militar para colocar ordem no caos? É
aquele senhor ou senhora que vai a igreja aos domingos, é temente a Deus,
mas defende a comercialização das armas de fogo e votou no candidato de
12••• Ideologia do “cidadão de bem”
Samuel de Jesus
extrema-direita. O mesmo que reúne a misoginia, a homofobia, racismo,
preconceito de origem e difusão do ódio como um antídoto para a cura dos
males sociais?
Se a resposta for sim, teremos um novo tipo político, sobretudo ca-
paz de subverter a democracia, capaz de impor aos governos eleitos as suas
premissas autoritárias. O “cidadão de bem” seria a resultante de fatores que
impossibilitam a configuração plena da cidadania brasileira. Ou seja, a au-
sência de um sentido público, restos da escravidão, da indolência, do patri-
monialismo, estamento, compadrio, cordialidade, coronelismo, populismo,
ou seja, todos os elementos que impediram a emergência do povo como
agente político e permitiu o predomínio do poder privado, do individua-
lismo, do corporativismo que assegurou poderes ao estamento militar, a
oligarquia agrária e ciclos de tirania como o Estado Novo (1937-1945) e a
Ditadura Militar (1964-1985).
O “cidadão de bem” corresponderia a uma parcela da população que
possui uma cidadania relativa e que reivindica sua plenitude de forma con-
servadora e autoritária, por meio de um salvador da pátria como um Napo-
leão Bonaparte, um herói capaz de libertá-los dos grilhões. Esta personagem
promoveria uma incursão para restituir os seus valores morais fundamen-
tais e impô-los ao conjunto da sociedade, a restituir a “ordem” das coisas.
Quando faço uma busca no Google usando o termo “cidadão de bem”,
aparece um texto assinado por Cefas Carvalho, intitulado: Porte de arma para
o cidadão de bem, mas quem é o cidadão de bem? O autor Questiona quais os pa-
râmetros para uma pessoa receber esta denominação. Presume que este seja
o sujeito que paga seus impostos, trabalha sério e com responsabilidade.
Sua antítese são os indivíduos que moram nas regiões periféricas, possuem
pele escura, sofrem carências, são pobres economicamente, assim como os
jovens que dão um “rolezinho” nos shoppings.
Ideologia do “cidadão de bem” ••• 13
ECOS DO AUTORITARISMO
Segundo Foucault para compreender o sujeito “eu” é preciso enxer-
gar os tentáculos do poder, pois o sujeito é fruto de relações de poder e
não de imposição de poderes. Considerando que o sujeito, ou o seu lugar
é um espaço vazio que espera ser ocupado por alguém que possui algu-
mas condições e requisitos. Os sujeitos precisam de um discurso que os
legitime ao ocupar estes espaços. Os sujeitos são reconhecidos pela pro-
dução de seu discurso. O discurso é determinante em relação ao que o
sujeito deve pensar, falar, produzir. É o discurso que define o sujeito.
(CUNHA MOURA apud FOUCAULT, 1999, p. 33)
Foucault (1996, 39) chama de ritual os aspectos visíveis, presen-
tes nas práticas sociais e que define o lugar do sujeito. A partir do apara-
to discursivo os sujeitos começam a construir mitologias. O poder que
gravita no âmbito do discurso assume o caráter de imposição de regras
e condutas “ao outro”. O discurso obedece uma ordem, todos os atos são
controlados por arquétipos, modelagens. A sensação de liberdade ocor-
re pela sensação de inclusão e pertencimento a determinado espaço
como sujeito, ao final o sujeito é sujeitado, ele controla e, é controlado
(CUNHA MOURA apud DELEUZE, 1992, P. 221)
Para Foucault existem três sistemas de exclusão que atingem o discur-
so. A palavra proibida, a segregação da loucura e a vontade da verdade. Trata-se de
determinar as condições do funcionamento do discurso, impor aos indiví-
duos que os pronuncia um conjunto de regras e assim não permitir que todo
mundo tenha acesso a elas. Desta maneira, ninguém entrará na ordem do
discurso se não satisfazer certas exigências, ou se não for, de início qualifi-
O “cidadão de bem” na teoria
14••• Ideologia do “cidadão de bem”
Samuel de Jesus
cado para fazê-lo. Mais precisamente, nem todas as regiões do discurso são
altamente abertas (diferenciadas e diferenciantes).
Só aparece aos nossos olhos uma verdade que seria rique-
za, fecundidade, força doce (...) ignoramos, em contraparti-
da, a vontade de verdade, como prodigiosa maquinaria des-
tinada a excluir todos aqueles que, ponto a ponto, em nossa
história, procurará contornar essa vontade de verdade e colo-
ca-la em questão contra a verdade, lá justamente onde a verda-
de assume a tarefa de justificar a interdição e definir a loucura.
(FOUCALT, 2004, p. 21).
Segundo Durkheim um dos grandes desafios da ciência está
em superar as noções do fato, pois, muitas vezes, é confundido com
o real. Geralmente estas noções são colocadas como acontecimen-
tos inerentes ou que pertence à “natureza das coisas”, possui a ideia
de “naturalidade” do fato social, tal como uma “verdade inquestio-
nável” dos fatos. Em vez de buscar compreender os fatos adquiridos e realiza-
dos, ela empreende realizar novos, mas conforme aos fins perseguidos pelos homens.
(Durkheim, 2007, p. 18)
Sendo assim a ciência assume um aspecto prático de obtenção de resul-
tados, assim não querem explicações, mas remédios. São idola, fantasmas que nos
desfigura o verdadeiro aspecto das coisas, que, no entanto tomamos como as coisas mesmas.
(DURKHEIM, 2007, p. 18).
Há uma rejeição à busca da verdade. Os documentos não mais impor-
tam e são ignorados, assim como as estatísticas, as pesquisas e os boletins.
A verdade ganhou vários sentidos, os poderes: cada um com sua verdade,
cada um com sua democracia, cada um com a sua ética, cada um com suas
próprias convicções, assim os indivíduos se entrechocam, vence o mais for-
te. Vivemos um vácuo de legitimidade, muitas vezes o consenso é forçado e
os impasses permanecem como cadáveres insepultos da injustiça. A mídia é
a grande construtora de narrativas e embrenha-se na luta pela versão oficial,
há uma luta pela narrativa, uma batalha pelo discurso e no caso da mídia ela
acaba por subverter e se apropriar do discurso, assim criando demônios e
anjos alados, a santificando ou a amaldiçoando personas. Possui a capacida-
de de modelar a opinião pública.
Ideologia do “cidadão de bem” ••• 15
ECOS DO AUTORITARISMO
A greve dos caminhoneiros foi um acontecimento que nos permite
entender como de fato isto ocorre. Em maio de 2018 os caminhoneiros
paralisaram o sistema e ameaçaram colapsar o país, protestavam contra o
aumento do diesel que havia sido indexado ao dólar. No Governo Temer
ocorreram mais de duzentos aumentos sucessivos no preço dos combustí-
veis. Neste momento a imprensa destacava os prejuízos aos cidadãos, sobre-
tudo, gerados pela greve dos caminhoneiros. Os repórteres entrevistavam
as pessoas na fila de ônibus, esperando o transporte público que não vinha,
mostravam as imensas filas nos postos de combustíveis, as prateleiras dos
supermercados em desabastecimento. As pesquisas indicavam que, aproxi-
madamente, 80% dos brasileiros apoiavam a greve dos caminhoneiros. Este
fato gerou desconfianças nos movimentos de esquerda de que a paralisação,
apesar de justa, poderia representar uma nova guinada dos movimentos de
caráter similares à extrema-direita. Sobretudo, tinham desconfianças de que
o movimento foi patrocinado pelos empresários, o que caracterizaria um
lockout. Foi baseado nesta tese que o governo recorreu às forças armadas
para reprimir os caminhoneiros. Os quartéis estavam de prontidão, a Força
Nacional e o Exército agiram para liberar o tráfego.
No país ocorreram movimentos de apoio aos caminhoneiros, dos
grupos de esquerda e de direita. Em Coxim-MS, os patrões fecharam as lojas,
fábricas e foram com seus funcionários apoiar os caminhoneiros. Os tra-
balhadores vestiam o uniforme de suas empresas, assemelhavam-se às tor-
cidas organizadas. Alguns marchavam segurando uma grande faixa pre-
ta com a inscrição em branco: “QUEREMOS INTERVENÇÃO MILITAR”,
A greve dos caminhoneiros e a
luta pela narrativa
16••• Ideologia do “cidadão de bem”
Samuel de Jesus
percorreram as ruas da pequena cidade com mais de 30 mil habitantes e
ao final bloquearam a BR 163 na frente do 47° Batalhão de Infantaria do
Exército com suas faixas e cartazes. Para o grande conglomerado midiáti-
co estes não eram os “cidadãos de bem”, mas sim o indivíduo sem transporte
e abastecimento. Aquele que gostaria de comparecer ao trabalho e voltar
para casa de forma obediente. A imprensa foi surpreendida pelo aumento
de adesão ao movimento e encontrou dificuldades em fazer colar a sua
versão da notícia.
Este movimento autônomo foi formado por proprietários de cami-
nhões que corresponderam a 70% do movimento e profissionais represen-
tados pelas empresas de transporte e logística, aproximadamente 30% do
movimento. A grande diferença nestes dois tipos de caminhoneiros é que
os primeiros reivindicaram o fim da política de preços da Petrobrás que
indexava o preço dos combustíveis à flutuação do dólar no mercado inter-
nacional e o segundo reivindicou, somente, a redução dos impostos nos
preços dos combustíveis como COFINS e CIDE. Na luta pela narrativa,
a imprensa adotou o termo “lockout” para se referir ao movimento. Esta é
uma prática proibida por lei, pois seria uma prática ilegal de união de em-
presários e proprietários que obrigam os trabalhadores a pararem com o
objetivo de prejudicar a economia. A utilização do termo “lockout” permi-
tia neutralizar o discurso do movimento, desqualificá-lo e deslegitimá-lo
perante a opinião pública e também permitiria a repressão ao movimento,
como de fato ocorreu.
Para entendermos o papel político da imprensa ao construir a ver-
são dos fatos é preciso uma volta à teoria. Segundo Silvia T. Maurer Lane
(1985, p. 22, 23, 24) a identidade social e os seus papéis são mediados
ideologicamente, sobretudo ao ponto de conferir uma naturalidade, um
cunho de necessidade e liberdade artificiais. Desta forma, escamoteando
que os papéis sociais são determinados por fatores exteriores ao indiví-
duo, ou seja, são definidos pela produção da vida material, ou a divisão
social do trabalho. É isto, realmente que estabelece nossas preferências,
costumes e ideias.
Para a autora esta questão suscita o problema da consciência em si,
afinal de contas, um espirito questionador poderá nos fazer perceber
que os nossos papéis, identidade e lugar são resultados dessas relações
Ideologia do “cidadão de bem” ••• 17
ECOS DO AUTORITARISMO
de dominação. Contrapõem-se a esta tomada de consciência os grupos
que exercem esta dominação e assim atribuem papéis sociais através
de seus aparelhos ideológicos pra anular, abrandar, amenizar os possí-
veis questionamentos que possam colocar em xeque sua hegemonia.
(LANE, 1985, p. 24)
O jornal O GLOBO de 26.06.2018 publicou análise assinada por José
Ricardo Rocha Bandeira, especialista de Segurança Pública e presidente do
Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina, intitula-
da: A greve dos caminhoneiros e suas consequências para a segurança. O autor tentou
construir uma narrativa dos caos na segurança pública, supostamente oca-
sionada pela greve dos caminhoneiros. Afirmou:
Faz alguns dias que o Brasil foi surpreendido pela greve nacio-
nal dos caminhoneiros, que tem causado falta de abastecimento
de gêneros de primeira necessidade como alimentos, remédios
e combustíveis, levando a sociedade a um estado de quase ca-
lamidade. E no que diz respeito à segurança pública, a situa-
ção é ainda mais grave, pois devido à falta de combustível, as
viaturas policiais estarão, muito em breve, sem condições de
realizar o patrulhamento. Como consequência, teremos uma
diminuição na capacidade de repressão policial em todas as
grandes capitais do país, fazendo com que a mancha de crimi-
nalidade se expanda e aumente os índices de violência nas ruas.
(BANDEIRA, 2018).
Esta narrativa midiática lembra o controle pelo medo descrito na obra
de George Orwell, chamada: 1984, ou seja, uma imprensa que difunde o
medo e o caos para vender como solução a utilização do aparato repressivo
estatal e isto, na prática, cria um Estado Policial que utiliza a censura, o con-
trole social como meio para garantir uma falsa segurança a todos.
A revista ISTOÉ publicou artigo em 31.05.2018, assinado por André
Solitto, Cilene Pereira, Giorgia Cavicchioli e Luisa Purchio, com a seguinte
afirmação: VIROU BADERNA! Neste artigo afirmaram que o movimento
era oportunista e afundou o país no caos:
Defensores da volta do regime militar, sindicalistas opor-
tunistas e líderes trabalhistas que pedem a libertação do
18••• Ideologia do “cidadão de bem”
Samuel de Jesus
ex-presidente Lula se apropriaram da greve dos caminho-
neiros e afundaram o País no caos. Os prejuízos econômi-
cos ultrapassam os R$ 75 bilhões e atrasam o crescimento.
(SOLITTO, PEREIRA, CAVICCHIOLI & PURCHIO, 2018).
Neste momento, para a mídia, o cidadão de bem era aquele que gosta-
ria de ir para o trabalho e não conseguia, queria comprar no supermerca-
do, mas não tinham produtos na prateleira para serem vendidos, os que
precisavam de remédios, gasolina, aulas, segurança e não tinham devido
ao lockout, promovido pelos empresários que eram “inimigos” do país, pen-
savam somente em seu interesse corporativo e que deveriam ser punidos,
exemplarmente.
O jornal Folha de S. Paulo de 31.05.2018 reproduziu a fala do Minis-
tro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o título da matéria, assinada por
Angela Boldrini, é uma afirmação deste ministro: ‘Quem paga a conta sempre é
o cidadão’, diz Padilha. Segundo o ministro: “quem pagará pelos subsídios (aos cami-
nhoneiros) é a sociedade brasileira como um todo, já que o governo não fabrica dinheiro,
administra”.
Segundo a matéria da Folha de S. Paulo do dia 10.07.2018, assinado
por Anaís Fernandes, intitulado: “Famílias mais pobres sentem impacto maior de
paralisação dos caminhoneiros nos preços. Inflação para pessoas de renda muito baixa
mais que triplicou em junho, diz Ipea”.
Segundo a matéria:
A inflação entre as pessoas mais pobres representou
alta de 1,5 no mês, mais que o triplo observado em maio,
de 0,41, de acordo com o indicador do IPEA (Institu-
to de Pesquisas Econômica Aplicada) calculado com
base no SNIPC (Sistema Nacional de índice de Preços
ao Consumidor) do IBGE, divulgado no dia 10.07.2018.
(FERNANDES 2018)
Os setores jornalísticos não se mostraram favoráveis à paralisação
dos caminhoneiros como podemos ver neste pequeno apanhado de notícias
sobre o movimento. Todos eles divulgam aspectos negativos da paralisa-
ção, como o aumento do custo de vida, destaca a fala do ministro de que
o conjunto da população que iria pagar a conta. A narrativa deste modo é
Ideologia do “cidadão de bem” ••• 19
ECOS DO AUTORITARISMO
assumida a partir da versão da notícia. A mídia é a grande correia de transmissão
do discurso oficial, difusora das ideias baseadas no senso-comum, assim
como afirma o sociólogo Jessé Souza, a mídia imbeciliza a sociedade. Para o
professor Milton Santos trata-se da violência da informação praticada pelos
veículos da comunicação que, por exemplo, difundem as fábulas do neolibe-
ralismo, tais como a aldeia global, fábrica global. Instituição fundamental para
a projeção econômica de uma elite global que concentra o capital global-
mente, a partir da supressão dos nacionais-desenvolvimentismos, mas isto é
outro assunto que não aprofundaremos aqui.
O tamanho dos conglomerados de comunicação e sua concentração
em torno de pouquíssimas famílias poderão indicar que a luta pela narrativa
está perdida, no entanto, a internet, sobretudo as redes sociais tem imposto
grandes obstáculos aos meios televisivos e, em muitos casos, subvertido as
condições do funcionamento do discurso oficial, invertendo a “versão ofi-
cial” dos fatos, pois como afirma Foucault (1996), os poderosos determinam
as condições do funcionamento do discurso, assim impõem aos indivíduos,
que o pronuncia, um conjunto de barreiras e assim não permitem que todo
mundo tenha acesso a elas. Desta maneira, ninguém entrará na ordem do
discurso se não satisfizer certas exigências, ou se não for, de início qualifi-
cado para fazê-lo. Mais precisamente, nem todas as regiões do discurso são
altamente abertas.
Só aparece aos nossos olhos uma verdade que seria rique-
za, fecundidade, força doce (...) ignoramos, em contraparti-
da, a vontade de verdade, como prodigiosa maquinaria des-
tinada a excluir todos aqueles que, ponto a ponto, em nossa
história, procurara contornar essa vontade de verdade e colo-
ca-la em questão contra a verdade, lá justamente onde a verda-
de assume a tarefa de justificar a interdição e definir a loucura.
(FOUCAULT, 2004, p. 21).
20••• Ideologia do “cidadão de bem”
Samuel de Jesus
No livro A Família como Espelho, um estudo sobre a moral dos pobres (2005),
Cynthia Andersen Sarti, analisa a articulação de elementos morais e reli-
giosos aos econômicos ou a naturalização da pobreza. Estes aspectos são
revelados a partir de algumas afirmações, tais como: sempre vão existir rico
e pobre. Parte da ideia que o rico não sabe fazer os serviços que o pobre faz, o que
colocaria, em tese, os pobres em vantagem em relação aos ricos. Esta é uma
dádiva dada por Deus, assim aos ricos caberia a função de dar o trabalho e o
empregado é aquele que cuida do patrão, tal como uma família. Entre rico
e pobre existe uma igualdade que está em outro plano, no reino de Deus,
pois todos somos filhos de Deus, assim neste mundo cada um é designado
a cumprir um papel definido hierarquicamente. Dentro desta concepção as
injustiças sociais serão redimidas em outro mundo. Para evitar a miséria é
preciso a obediência, escreve Sarti:
Eles (os não-iguais que detém a riqueza, prestígio e/ou
poder) tem de dar aos pobres a oportunidade de traba-
lho, e os pobres tem de trabalhar, inserindo o trabalho
num universo de obrigações no qual o esforço legitima
a oportunidade de trabalhar que é conferida ao pobre.
(SARTI, 2005, p.108)
O esforço do trabalho confere um caráter, um valor moral, por exem-
plo, o trabalhador fez por merecer, sobretudo quando se recebe é necessário retri-
buir, através do seu trabalho, o pobre dá o que tem, assim o trabalho assume um
papel redentor, pois torna-se uma obrigação dentro de uma relação e a pros-
A moral dos pobres
Ideologia do “cidadão de bem” ••• 21
ECOS DO AUTORITARISMO
peridade é reservada aos que fizeram por merecer, assim o esforço reafir-
ma a honra de quem trabalha. De acordo com essas concepções a esmola
é um ato condenável, pois fere os valores inerentes ao trabalho. Os con-
siderados vagabundos, os mendigos representam uma antítese aos trabalhadores.
(SARTI, 2005, p.109)
O princípio de dar sem receber, no qual se funda o trabalho,
é negado pela esmola. Nesse prisma, pedir esmola humilha
porque quem o faz recebe sem dar, sem o esforço valorizado.
(SARTI, 2005, p.110)
Pensando assim, o desemprego representa uma humilhação, pois o
trabalhador é privado do ato de dar e receber. Os pobres acreditam que
a obrigação dos ricos é lhe dar o trabalho, seguindo uma cadeia de obri-
gações entre desiguais. Desta maneira o desemprego representa uma
ruptura desta relação entre estas classes. Se o trabalho é negado, en-
tão se recorre à caridade que é legitimada socialmente através do lema:
“Dando aos pobres, empresta-se a Deus”, pois afinal “pedir é melhor que roubar”
(SARTI, 2005, p.111).
Deste ponto de vista os benefícios sociais providos pelo Estado são
observados como um retrocesso social, pois, segundo esta ótica, o indiví-
duo terá sucesso se trabalhar duro e assim possuirá dinheiro para pagar por
todos estes serviços. A dimensão do Estado de bem-estar social ou acesso
aos benefícios do Estado de Direitos Sociais representam um obstáculo ao
merecimento, pois quem recebe benefícios sociais, segundo a moral do tra-
balho, não progredirá. Os benefícios não são entendidos como direitos do
cidadão. Esta visão é a base para o fim do Estado de Bem-Estar Social, para
privatização e o Estado-mínimo.
O princípio de honestidade faz parte da moral dos pobres igualmente.
O trabalhador mesmo diante da opressão do dia a dia, possui a sua moral
inabalável, sua honra. Os meios de comunicação, rotineiramente, divulgam
casos em que os pobres acharam uma fortuna e acabaram por devolver aos
seus donos. Matéria do Portal G1 informa que Catador de recicláveis encontra
R$ 50 mil e devolve ao dono no Paraná. Na cidade de Iporã-PR, o catador de re-
cicláveis, Sr. Antônio Garcia do Prado, encontrou R$ 50 mil no meio de um
caderno jogado na rua e foi até a rádio local divulgar o achado. A reporta-
22••• Ideologia do “cidadão de bem”
Samuel de Jesus
gem destaca que, apesar de receber, aproximadamente, R$ 20 reais por dia,
em nenhum momento pensou em ficar com o dinheiro. O dinheiro era do
empresário Amauri Rodrigues que afirmou ter esquecido o caderno com di-
nheiro na capota do carro, antes de sair com o veículo, esqueceu-se de pegar
e saiu com o carro, assim o caderno acabou caindo meio no percurso. Ale-
gou: cabeça cheia, descuido e disse que não deu falta do dinheiro, nem imaginava
que tinha perdido.	Existe uma ética neste exemplo: o Sr. Antônio achou o di-
nheiro, apesar de dizer o ditado: “achado não é roubado”, mas “Deus tudo vê” e
castiga. A honestidade do pobre é uma instituição, afinal sua recompensa
não está neste mundo. O dinheiro será sempre do rico, ao pobre restará o
suficiente para sobreviver, além disto; a virtude, a moral, a honestidade. Ao
pobre está reservado o trabalho de dia e de noite, o trabalho que dignifica.
O portal G1 (Jornal Nacional) de 24.02.2017 divulga que Jovem devolve
celular perdido e não aceita recompensa; pede emprego. As afirmações do jornalista
que escreve esta reportagem são ilustrativas em relação a “moral do pobre”,
afirma: “Agora uma pausa nesse noticiário de suspeitos, de delatados e investigados só
para lembrar a beleza de nosso povo, a beleza que o nosso país também tem”. O jovem
Pablo encontrou o celular e rejeitou uma recompensa de R$ 200.00, mesmo
precisando de dinheiro. Disse para o dono do celular que precisava de ajuda
para encontrar um emprego. “O fato de ele não se interessar pelo dinheiro e querer
ajuda para o emprego, para arrumar um emprego, para mim foi o que tocou”, disse Niko-
las Soares Valério, que é analista de redes. Nicolas postou a história na internet e
teve 14 mil curtidas. A Associação dos Magistrados de Goiás ofereceu uma
oportunidade a Pedro, trabalhar como auxiliar de almoxarifado, mas com
uma condição: retomar os estudos. Afirmou seu contratante, o Juiz Eduar-
do Perez; “Você só vem trabalhar conosco se você estudar porque só avança na vida, só
tem condição de avançar aquele que se dedica, aquele que estuda”.
Estes dois casos são ilustrativos sobre o papel exercido pela imprensa
na manutenção de uma ordem social hierarquizada, ou seja, duas pessoas
pobres, o primeiro catador e o segundo um jovem desempregado que ti-
nham necessidades materiais, mas foram honestos e devolveram o que não
lhes pertencia. A honestidade é um elemento muito importante na moral do po-
bre, pois sua recompensa como afirmamos, anteriormente, poderá não estar
neste mundo, mas no plano divino. O pobre não tem riqueza material, mas
possui honra, é uma pessoa em que devemos confiar, pois ele respeita o que
Ideologia do “cidadão de bem” ••• 23
ECOS DO AUTORITARISMO
é dos outros, ou dias melhores virão, Deus proverá, assim, ele reconhece o “lugar do
pobre” e o “lugar do rico”. Pedro não quer a recompensa, quer um trabalho,
quer ter dignidade, ou seja, não é vagabundo, é “cidadão de bem”. Ocupará um
lugar no sistema produtivo, terá dignidade, ainda que ocupando uma fun-
ção subalterna.
Através dos valores positivos do trabalho e da família,
criam, como fronteira do mundo dos pobres e traba-
lhadores, a adesão a um código de obrigações morais
que delimita seu grupo de referência, como a família.
(SARTI, 1995, 130)
A mídia é o grande instrumento de afirmação dos princípios conser-
vadores e faz isto cotidianamente, através de novelas, filmes e reportagens
como aquelas apresentadas anteriormente. A mídia é um aparelho ideológi-
co de Estado, sem dúvida.
Na obra Aparelhos Ideológicos do Estado, Louis Althusser menciona que
as técnicas aprendidas na escola se referem ao bom relacionamento, ao res-
peito à divisão técnica do trabalho e à submissão às normas da ordem vi-
gente ou submissão da classe operária à ideologia dominante, pois o “todo
social” possui níveis e instâncias pré-determinadas, tais como a infraestrutu-
ra (economia), superestrutura (Estado, Direito) e a ideologia (religião, mo-
ral) que ocupa o cume da pirâmide social. Desta maneira o Estado é visto
como uma instituição que reprime os trabalhadores, afinal é o Estado que
assegurará a reprodução das relações de produção. Deste modo, a narrativa
é assumida como parte da categoria ideológica, através dela se transmite o
discurso oficial e a mídia é a sua grande correia de transmissão.
24
No Brasil, hoje, é corrente a tese de que o cidadão deve andar armado
para se “proteger”. Esta ideia é fomentada pela chamada bancada da bala, depu-
tados que eram financiados pela indústria de armas leves do Brasil. O portal
de notícias on line O tempo, divulgou que em uma audiência pública sobre
mudanças no estatuto do desarmamento, realizada na Assembleia Legis-
lativa de Minas Gerais em 26.06.2015, o Deputado Federal Jair Bolsonaro,
afirmou, “O cidadão armado é a primeira linha de defesa de um país”
A reportagem conta com comentários que devem ser analisados, pois
embora represente a opinião de apenas algumas pessoas, de fato reflete o
pensamento de milhões de pessoas e, assim torna-se fonte para nossas aná-
lises. Aqui não mencionamos o nome dessas pessoas, apenas as iniciais de
seus primeiros nomes. Dentre várias mensagens escolhemos aquelas que
mencionam o termo “cidadão de bem” e em segundo, aquelas mensagens que
mencionam termos como “homens de bem” e outras derivações. Os comentá-
rios assinados por pseudônimo foram mantidos.
Mencionamos aqui a fala de D.
Até que enfim o tal de Jair Bolsonaro deu uma “dentro”. SE o ban-
dido anda armado, por que o cidadão de bem não pode ter uma
arma para se defender destes cânceres da sociedade ? O porte de
armas em casos especiais é justificável (inclusive eu já tive, mas
não tentei renovar) em alguns casos - não se pode generalizar, nis-
to eu concordo. A polícia NUNCA TEVE e nem NUNCA TERÁ
condições de fiscalizar TUDO e estar em TODOS os lugares ao
mesmo tempo - não há efetivo para isto, em NENHUM lugar do
“Cidadão de bem”
e armado.
Ideologia do “cidadão de bem” ••• 25
ECOS DO AUTORITARISMO
mundo. Quanto à redução da maioridade penal, sou favorável,
pois se pode votar com 16 anos, por que não pode responder pe-
los crimes? MAS, o pior e que existe no Brasil, é a IMPUNIDADE.
(D. In: PEIXOTO, 2015).
Segundo Epitáfio
Se bandido pode meter tiro na cara de cidadão de bem, por
que o cidadão de bem não pode ter uma arma registrada e
com porte? Seria até melhor a polícia saberia melhor onde
identificar um cidadão que cometeu um crime, pois essa ban-
didagem aí atira nos outros e desova a arma e ninguém pro-
va nada. Maioridade penal já, Bolsonaro tem razão e quem
discorda é por que é conivente com essa bandidagem aí!!!!
(Epitáfio In: PEIXOTO, 2015).
Segundo C. P.
Qualquer cidadão de bem deveria ter um porte de arma (caso
quisesse possui-lo),o grande problema nesse país é a impunidade,
e a insanidade dos líderes desse BRASIL, há alguns anos fize-
ram a campanha do desarmamento, como se isso fosse solução,
como se os bandidos fossem entregar as suas armas ! O que pre-
cisamos nesse país é a segurança que as leis serão iguais para to-
dos e que as mesmas sejam cumpridas, não podemos viver com
flanelinhas nos extorquindo com a conivência das autoridades,
com assassinos que matam e sequer são presos e tantos outros
disparates que todos já sabemos e cansamos de pedir solução!
(C. P. In: PEIXOTO, 2015)
Segundo P. B.
Temos de lembrar que nos EUA, desde o Velho Oeste, os homens
de bem de cada vila ou cidade é que ajudavam o Xerife a banir os
mal feitores. Países onde não há impunidade sempre souberam
usar a seu favor a força civil armada, para cumprimento do dever
e da Lei. Sabemos que qualquer pivete na rua hoje anda armado
e a polícia nada faz para defender a sociedade. As armas vão e
voltam para os marginais. Somente as pessoas de bem é que ficam
indefesas. Se votamos todos contra o desarmamento naquele ple-
26••• Ideologia do “cidadão de bem”
Samuel de Jesus
biscito ridículo, por que Lula teimou em desobedecer a vontade
das urnas e desarmar a sociedade mesmo assim? Pensemos......
(P. B. In: PEIXOTO, 2015)
Segundo H. M.
Este deputado é polêmico, mas na verdade é dos melho-
res que temos em Brasília, pena que são poucos, mas acho
muito boa a ideia do armamento das pessoas de bem.
(H. M. In: PEIXOTO, 2015).
A revista Carta Capital publicou em 12.02.2016 artigo assinado por
Robert Muggah e Daniel Cerqueira intitulado: Quatro mitos sobre o “cidadão de
bem armado”. Segundo os autores o Brasil é o país que possui maior número
de homicídios, ocasionados por armas de fogo, no mundo. Um levantamen-
to de dados, feitos em 2010, revelou que existem, em torno de 17,6 milhões
de armas leves em circulação no país, dessas 57% eram ilegais.
De fato, a proliferação das armas se deu ao mesmo tempo em
que se verificou um crescimento acelerado da taxa de homicí-
dio por arma de fogo. Enquanto em 1980 de cada 100 pessoas
assassinadas 44 eram vitimadas por armas de fogo, em 2003,
nas vésperas da sanção do Estatuto do Desarmamento (ED),
esse número já era de 77, diminuindo para 75 nos anos subse-
quentes. Em países como a Inglaterra e a Espanha tal pro-
porção gira na ordem de 7 e 14 vítimas, respectivamente.
(MUGGAH & CERQUEIRA, 2016)
De acordo com Robert Muggah e Daniel Cerqueira (2016), esta tese
de armar o cidadão já ocorre, desde os anos 80, e de lá para cá, isto gerou o
aumento do número de mortes e não fez a sociedade brasileira mais segura,
sobretudo chamam atenção para o movimento que pretende a revogação
do Estatuto do Desarmamento aprovado no Congresso Nacional. Aqueles
que pretendem revogar o Estatuto do desarmamento, na prática querem
permitir ao adulto, acima de 21 anos ter o direito de comprar até seis armas,
sobretudo permitir sua utilização nas ruas.
Na sequência assinalam quatro mitos sobre a utilização das armas
de fogo pelo cidadão brasileiro. Mito 1: O cidadão armado provê maior seguran-
ça à sua família. Na prática, ter armas em casa, significa aumento no risco
Ideologia do “cidadão de bem” ••• 27
ECOS DO AUTORITARISMO
de suicídio, acidente e homicídio entre familiares. Mito 2: A regulação mais
restritiva de acesso às armas de fogo não é importante, uma vez que as armas dos ban-
didos entram ilegalmente pelas fronteiras. De acordo com dados disponibiliza-
dos pelas polícias do RJ e SP, também ONGs como Instituto Sou da Paz,
aproximadamente, 75% das armas utilizadas em crimes foram produzidas
no Brasil e 38% das armas utilizadas em crimes fatais eram armas nacio-
nais, compradas por brasileiros e desviadas e entrando na ilegalidade. Mito
3: O cidadão de bem armado irá dissuadir o criminoso, fazendo com que o número de
crimes e de homicídios diminua. Na verdade, a flexibilização do porte de ar-
mas de fogo aumentam os números de roubos e invasões a residências.
Mito 4: O ED não evitou o crescimento da violência armada no Brasil. Segundo
estudos de pesquisadores do IESP/UERJ e do Ipea, o Estatuto do De-
sarmamento evitou, aproximadamente, 121 homicídios entre 2004 e 2014.
(MUGGAH & CERQUEIRA, 2016)
A tese do armamento da população extrapola os argumentos sobre a
necessidade de autoproteção pelo cidadão de bem e assume interesses corpo-
rativos, ou seja, os da indústria armamentista, tal como ocorre nos Estados
Unidos onde existe um lobby muito forte das empresas armamentistas sobre
os congressistas. Os deputados e senadores financiados por esta poderosa
indústria defendem os seus interesses, ou seja, visam alterar a legislação que
restringe a ampliação do mercado de armamentos, sobretudo de vendas
de armas leves que podem ser adquiridas por civis. Os dados demonstram
que a tese da proteção através do porte de armas é falsa e ao contrário, na
prática, amplia os riscos de morte por acidentes ou motivos passionais e
existem dúvidas sobre a eficácia de reação a um assalto, pois os cidadãos não
possuem treinamento e preparo suficientes.
28
Surge um novo tipo social, muito embora já esteja presente na raiz
histórica do Brasil. O cidadão de bem é o herdeiro da casa grande e seus capitães
do mato, a elite escravocrata e os comensais que se alimentavam de suas sobras
como parasitas. São aqueles que fizeram pelo trabalho dos outros, da mulher
e do homem D’África, do indígena. Os que compareciam às cerimonias do
beija-mão de Dom João VI, ato público onde o monarca se colocava em po-
sição de superioridade ante ao vassalo. Posteriormente aquele que mostrava
submissão poderia solicitar alguma benesse. O homem bom ou os homens bons.
Esta designação recebiam somente os proprietários, homens brancos que
não possuíam “impureza” racial, católicos e que tivessem acima de 25 anos.
Estas raízes históricas profundas fazem com que as árvores do pen-
samento racial brasileiro continuem resistentes contra qualquer vento de
mudança. A reafirmação da elite branca, um modo de ser, sentir e pensar
de uma expressiva parcela da população brasileira. O verniz da elite branca
com a qual pinta uma sociedade pluriétnica. Difunde seus signos racistas
através de livros infantis como os de Monteiro Lobato, por exemplo, Tia
Nastácia teve como castigo ser negra, mas um dia tornará à branquidão ou
o extenso estudo de Joel Zito de Araújo sobre o negro na telenovela brasilei-
ra, sempre ocupando o papel do empregado, chofer, jardineiro, cozinheiro,
aquele sabedor de seu lugar e que nunca estaria no primeiro plano, mas
depois de 60 anos de televisão no Brasil, Lázaro Ramos o protagonismo
novelesco, mas quantos outros mais ocuparão esta ribalta?
Estes arquétipos foram difundidos em massa pela televisão, muito
embora a Constituição Cidadã de 1988 tenha determinado que racismo como
Quem são eles?
Ideologia do “cidadão de bem” ••• 29
ECOS DO AUTORITARISMO
um crime inafiançável, mas, assim como afirmou Lilia Moritz Schwarcz, o
racismo não ocorre no aspecto formal, mas na intimidade em áreas não
atingidas pela formalidade, no secreto, na vaga resposta da entrevista de
empregos: “não obedece ao perfil da empresa”. O cidadão de bem é branco, he-
terossexual, de estrato alto ou mediano da sociedade, ocupa os melhores
lugares da cidade, com acesso a transportes, comércio e serviços, locais com
segurança pública e privada, próximos a hospitais, shoppings, restaurantes,
cinemas, teatros, entre muitos outros.
Na invisibilidade estão os “não cidadãos”. Estes ocupam os bairros
mais distantes, longe do acesso à saúde, compras e lazer, o transporte públi-
co é precário, não existe segurança, a violência graça. O músico Humberto
Gessinger fez a pergunta, em sua canção; Quem são eles? Em resposta: eles
são os donos dos bancos, a classe política, os militares, os juízes, os líderes
religiosos, os donos dos meios de comunicação, empresários da indústria e
do agronegócio, sobretudo agentes do mercado financeiro e de interesses
estrangeiros de corporações. Estes atores políticos fomentam este sistema
racial, econômico e socialmente excludente. Estes conferem apenas a alguns
a cidadania plena.
Podemos detectar outros diferentes tipos de “cidadãos de bem”. Diante
de uma revista policial qualquer pessoa afirma que é trabalhador. Muitos
policiais pedem a carteira de trabalho ou algo que o identifique como ocu-
pado. Os trabalhadores se contrapõem aos vagabundos. Este último não é
bem visto na sociedade e todos dizem para estes arrumarem um trabalho. O
trabalhador, embora ocupe um estrato social baixo, é considerado um “cida-
dão de bem”. Os jovens estudantes ou aprendizes profissionais contrapõem-se
aos que praticam pequenos delitos, são usuários de drogas ou envolvidos no
tráfico, mortos, em muitos casos, por esquadrões da morte, pois são con-
siderados degenerados, incorrigíveis e sendo assim recebem a pena capital.
Sua morte é considerada como um tipo de “limpeza”. O aumento de jovens,
principalmente da periferia, todos sabemos que sempre possui números ex-
pressivos e isto já vem de muitas décadas atrás.
Os jovens estudantes que “querem aula” contrapõem-se aos estudan-
tes que protestam. Estes últimos recebem spray de pimenta, bombas de
gás lacrimogêneo, balas de borracha, Jatos de água, prisões ilegais ou a
perseguição no espaço universitário, sobretudo do corpo administrativo.
30••• Ideologia do “cidadão de bem”
Samuel de Jesus
Em relação os que protestam há uma distinção. Aqueles que se concen-
tram na frente da FIESP, usam a camisa da seleção brasileira de futebol
empunhando um pato amarelo e pedindo intervenção militar contra-
põem-se aqueles de vermelho que empunham bandeiras de sindicatos,
movimentos e partidos de esquerda.
Para a mídia é o “pacato cidadão”, trabalhador que chega no horário, es-
tuda, alcança a prosperidade, o achador de uma maleta gorda com milhares
e que devolve sem pensar duas vezes, é o povo que somente sofre, lamenta
e retoma tudo no dia seguinte, pois sua indignação cabe em uma caixinha
ressonância, reproduzindo as verdades da televisão, torce pelo seu time,
sofre, chora, toma uma cervejinha no bar, desfila na escola de samba, vai ao
zoológico ou a praia com a família, financia um carro popular e, é vítima
de balas perdidas.
A definição sobre o “homem de bem” é heterogênea. Vários grupos rei-
vindicam para si este termo, desde o conservador com armas na mão, pas-
sando pelos militares, mídia, classe política e os grupos econômicos. Obser-
vamos aqui, pelo menos em parte, como isto ocorre no âmbito ideológico.
O Antipetismo
O cidadão de bem é, sobretudo, um antipetista. A ascensão do an-
tipetismo é uma verdade artificial construída pelos setores midiáticos sob
a tese de que o PT é o maior e talvez o único responsável pela corrup-
ção e pela crise econômica do Brasil na atualidade. Assemelha-se muito
ao que ocorreu aos Judeus no período anterior à Segunda Guerra Mun-
dial (1939-1945), ou seja, eles foram considerados responsáveis pela crise
alemã. Os paralelos possíveis: Hannah Arendt em “As Origens do Totalita-
rismo”, no capítulo 2: “Os Judeus, o Estado-Nação e o nascimento do Antissemitis-
Ideologia do “cidadão de bem” ••• 31
ECOS DO AUTORITARISMO
mo”. Pelo fato dos Judeus constituírem um Estado dentro do Estado-Nação
da Alemanha, ou sua não incorporação ao Estado Alemão, fez com que
fossem considerados párias da sociedade alemã, expatriados que forma-
vam uma unidade cultural, não reconhecedora do nacionalismo alemão.
(ARENDT, 1989, p. 31)
Buscando semelhanças históricas possíveis, quando a extrema-direi-
ta brasileira chama os petistas de comunistas, difundem a ideia de que o
PT é uma pária da “boa” sociedade brasileira, pois não amam o país, mas
suas ideologias que são estranhas ao nacionalismo brasileiro, são sangues-
sugas, elementos estranhos que destruíram o país. O nacionalismo brasi-
leiro opera sobre uma ordem social, ou seja, uma hierarquia que reserva
lugares distintos e fronteiras bem delimitadas entre os diversos grupos
sociais. A distinção entre pobres e ricos, estes últimos consideram que
possuem uma importância no sistema social brasileiro, ou seja, os ricos
dependem deles, pois fazem o que os ricos não sabem ou não se propõem
a fazer. Esta mentalidade indica uma codependencia intraclasses, a subalterni-
dade como algo naturalizado.
Ao promover, através de suas políticas, uma autonomização do indi-
víduo, o PT rompeu com esta hierarquia social que foi naturalizada por sé-
culos no Brasil. Por exemplo: o acesso à universidade, tanto pública, quanto
privada, espaço, até então, reservado às camadas dominantes da sociedade
brasileira. Este fato representou uma inversão da ordem, uma insubordi-
nação pelo fato de integrarem os pobres ao locus privilegiado da sociedade
brasileira. Isto é observado nas falas das camadas médias, tal como: “...ago-
ra, qualquer um pode entrar na universidade”, ou seja, espaços acadêmicos eram
espaços de privilegiados, neste sentido a democratização do acesso à uni-
versidade pública é observada de forma negativa. Outro espaço até então
demarcado e exclusivo das elites são os aeroportos brasileiros. As elites se
sentiram invadidas pelos membros da chamada nova classe C. Ou seja, pes-
soas que a partir do incremento e democratização do consumo gerada, por
exemplo, pela valorização do salário mínimo, andaram de avião pela pri-
meira vez. Antes, as camadas marginalizadas da sociedade estavam restritas
às rodoviárias, indo para destinos mais longínquos do país. Este assunto
requer uma pesquisa mais aprofundada, mas registramos aqui uma sugestão
de pesquisa que poderá ser alargada com estudos posteriores.
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A Ideologia do "Cidadão de Bem"

  • 1. A Ideologia do "Cidadão de Bem" Samuel de Jesus Ecos do Autoritarismo A Ditadura Revisitada
  • 2. Este texto é parte integrante do livro "Ecos do Autoritarismo A Ditadura Revistada" publicado pela Editora Oeste em 2019 ISBN:978-85-88523-14-8
  • 3. © 2019 - Samuel de Jesus TÍTULO ECOS DO AUTORITARISMO: A DITADURA REVISITADA (TEXTOS REUNIDOS) AUTOR Samuel de Jesus EDIÇÃO, PROJETO GRÁFICO Editora Oeste DIAGRAMAÇÃO Ricardo Barbosa Porto REVISÃO O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva do autor da obra. ILUSTRAÇÃO DA CAPA Samuel de Jesus PUBLICAÇÃO DA Editora Oeste www.editoraoeste.com.br editoraoeste@hotmail.com ISBN 978-85-45584-14-8 Depósito Legal na Biblioteca Nacional Impresso no Brasil Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Jesus, Samuel de. Ecos do autoritarismo : a ditadura revisitada (textos reunidos) / Samuel de Jesus. -- Campo Grande, MS : Ed. Oeste, 2019. 128 p. : il. ; 23 cm. Inclui bibliografías. ISBN 978-85-88523-14-8 (broch.) 1. Autoritarismo – Brasil. 2. Brasil – História – 1964-1985. 3. Brasil – Política e governo – Século XX. 4. Brasil – Política e governo – Século XXI. I. Título. CDD (23) 981.063 Bibliotecária responsável: Wanderlice da Silva Assis – CRB 1/1279
  • 4. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da editora, como pesquisa é permitido desde que citada a fonte. UMA PUBLICAÇÃO DA Editora Oeste www.editoraoeste.com.br • editoraoeste@hotmail.com Campo Grande • Mato Grosso do Sul ISBN 978-85-45584-14-8 Tiragem: 50 exemplares. 1ª Edição - Ano 2019 Obra aprovada pelo conselho editorial da Editora Oeste através da Resolução n. 114/2019. CONSELHO EDITORIAL Drª. Alda Maria do Nascimento Osório / UFMS Drª. Alexandra Ayach Anache / UFMS Dr. Amaury de Souza / UFMS Dr. Antônio Carlos do Nascimento Osório / UFMS Drª. Carla Dupont – Vercors, França Drª. Eurize Caldas Pessanha / UFMS Drª. Fabiany de Cássia Tasvares Silva / UFMS Dr. Flávio Aristone / UFMS Me. Horacio Porto Filho / UTCD-PY Dr. Leo Dayan – Univ. de Paris 1 – Sorbonne Dr. Luiz Otavio Saraiva Ferreira / UNICAMP Drª. Margarita Victoria Rodriguez / UFMS Drª. Maria Dilnéia Espindola Fernandes / UFMS Drª. Myrna Wolf B. dos Santos / UFMS Drª. Regina Tereza Cestari de Oliveira / UCDB Drª. Soraia Napoleão de Freitas / UFSM Drª. Silvia Helena Andrade de Brito / UFMS Drª.Tatiana Calheiros Lapas Leão / SED-MS
  • 6.
  • 7. 9 Cidadão, quem? Segundo José Murilo de Carvalho (1995) a construção da democra- cia brasileira colocou em voga a palavra cidadania. Na retórica política, esta palavra substituiu o termo povo. A afirmação: “a cidadania quer” indica que ela foi transformada em gente, ou seja, é como se a palavra cidadania tivesse ganhado relativa individualidade. Neste momento nutrimos a ilusão de que, apenas, bastava democratizar as instituições para alcançarmos a felicidade nacional, no entanto, problemas como a violência urbana, desemprego, as- sim como a falência da educação pública, serviços de saúde e saneamento, exclusão, a permanência dos contrastes sociais persistem e ameaçam com- prometer o tecido social. Ao contrário do que afirmou em 1995, hoje ocorre a descrença no sistema democrático e isto gerou o saudosismo dos tempos da Ditadura Militar (1964-1985). Segundo J. M. de Carvalho, o cidadão pleno seria o indivíduo que pos- sui o direito à vida, a liberdade, propriedade e igualdade. Os indivíduos que não possuem estes direitos seriam considerados não-cidadãos. Os cidadãos incompletos seriam os que possuíssem apenas alguns destes direitos. A partir dessa premissa podemos imaginar que o termo cidadania não é homogêneo e quando mencionamos esta palavra é preciso compreendermos que não estamos falando de todos os membros de uma cidade, mas de uma camada social específica. A natureza histórica da cidadania se desenvolveu como um fenômeno histórico, por exemplo, o termo cidadania surgiu de um sen- timento de pertencimento, uma identidade nacional que se deve a fatores como a língua, religião, sobretudo a coesão gerada pelas lutas e guerras contra inimigos comuns. (CARVALHO, 1995)
  • 8. 10••• Ideologia do “cidadão de bem” Samuel de Jesus No caso do Brasil, de 1500 a 1822, tínhamos (e temos) um territó- rio continental dotado de uma unidade territorial, cultural, linguística e religiosa, no entanto perdurou uma população analfabeta, uma sociedade escravocrata, uma economia monocultora, latifundiária, praticamente um Estado Absolutista e quando chegamos à independência, não existiam ci- dadãos e patriotas. Para J. M. de Carvalho o fator mais danoso ao nasci- mento da cidadania foi, sem dúvida, a escravidão. Na época da indepen- dência estima-se que o Brasil teria em torno de um milhão de pessoas feitas escravas. A escravidão e a grande propriedade foram os elementos impeditivos para a constituição da cidadania, para a formação de cidadãos. Os homens livres não poderiam ser considerados cidadãos, pois eram de- pendentes dos grandes proprietários, assim eram desprovidos dos direitos civis. Os grandes proprietários, ou os senhores, também não poderiam ser chamados de cidadãos, apesar de serem livres e gozarem de direitos políticos, faltavam-lhes o sentido da cidadania, ou seja, o sentido de igual- dade de todos perante à lei, pois exercia o poder privado em suas fazendas. (CARVALHO, 1995) Para Botelho e Schwarcz (2012, p. 12) cidadania é noção construída cole- tivamente e ganha sentido nas experiências tanto sociais quanto individuais, e por isso é uma identidade social. A cidadania assume um aspecto de identidade social construída socialmente. No caso do Brasil se refere aos aspectos relativos à inclusão ou exclusão social. Ser detentor legítimo de direitos e obrigações sugere, em pri- meiro lugar, que cidadania sempre envolve uma dinâmica de inclusão e exclusão, suas reivindicações são sempre reivindi- cações de inclusão no usufruto de direitos, e se criamos crité- rios para incluir alguém estamos, necessariamente, também excluindo outros. Isso é importante para que se perceba como o discurso que cria os atributos de um bom cidadão, do “cida- dão virtuoso”, ao mesmo tempo o distingue e cria, por con- traste, um “outro”, cujas práticas e valores podem ser estig- matizados e identificados como “maus” ou “não” cidadãos. Assim, por exemplo, se o “bom” cidadão paga impostos pontu- almente, já sabemos como identificar aqueles que não o fazem. (BOTELHO & SCHWARCZ, 2012, p. 11, 12)
  • 9. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 11 ECOS DO AUTORITARISMO Imagina-se que o cidadão é aquele recebedor dos benefícios do Estado. Desta forma a cidadania seria conferida por nascimento ou por consentimento, ou seja, é o único que recebe a proteção do Estado, no entanto existem diferentes tipos de cidadãos: o cidadão “oprimido”, “iso- lado” e “pluralista”, por exemplo, o cidadão oprimido seria o indivíduo que possui pouquíssima proteção do Estado e o isolado é aquele pro- tegido pelo Estado, mas decide não participar das decisões políticas. (BOTELHO & SCHWACZ, 2012). Se Gilberto Freyre e Casa Grande & Senzala fizerem algum sentido para o presente, perdura entre nós um abismo social que separa os bairros suntuosos e a periferia. Quando estamos falando em cidadão, falamos de um sujeito pertencente a uma elite que possui a cidadania, ou seja, tornou-se um privilégio e podemos identificar a impossibilidade de concebermos a cidadania como algo que é para todos/todas, pois alguns são mais cidadãos que outros. Colocada desta forma o termo cidadania assume uma forma ideológi- ca, afinal sua historicidade indica uma verticalidade social. A partir desta ti- pologia podemos considerar a existência do cidadão de bem. O Golpe de 2016 foi sustentado por este tipo social. O termo é tão excludente que, não por acaso nos referimos semanticamente ao homem: “O” cidadão de bem e não “A” cidadã de bem, torna-se um termo masculinizado, conservador, machista. No dia 03 de abril de 2018, um dia antes de o Supremo Tribunal Fede- ral tomar decisão sobre a concessão de habeas corpus ao ex-presidente Lula, o General Eduardo Villas Bôas escreveu em seu twitter: “Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à democracia, bem como se mantem atento às suas missões institucionais”. Seu gesto foi interpretado como um enqua- dramento do Supremo, ou uma pressão sobre a Corte para que ela negasse o pedido de Lula, como de fato foi negado. Afinal, o que queremos dizer quando invocamos o termo cidadão de bem? Seria o cidadão manso, obediente, pagador de seus impostos que vê as notícias do dia em um telejornal e sente-se indignado com a corrupção. Já foi às ruas pedir a intervenção militar para colocar ordem no caos? É aquele senhor ou senhora que vai a igreja aos domingos, é temente a Deus, mas defende a comercialização das armas de fogo e votou no candidato de
  • 10. 12••• Ideologia do “cidadão de bem” Samuel de Jesus extrema-direita. O mesmo que reúne a misoginia, a homofobia, racismo, preconceito de origem e difusão do ódio como um antídoto para a cura dos males sociais? Se a resposta for sim, teremos um novo tipo político, sobretudo ca- paz de subverter a democracia, capaz de impor aos governos eleitos as suas premissas autoritárias. O “cidadão de bem” seria a resultante de fatores que impossibilitam a configuração plena da cidadania brasileira. Ou seja, a au- sência de um sentido público, restos da escravidão, da indolência, do patri- monialismo, estamento, compadrio, cordialidade, coronelismo, populismo, ou seja, todos os elementos que impediram a emergência do povo como agente político e permitiu o predomínio do poder privado, do individua- lismo, do corporativismo que assegurou poderes ao estamento militar, a oligarquia agrária e ciclos de tirania como o Estado Novo (1937-1945) e a Ditadura Militar (1964-1985). O “cidadão de bem” corresponderia a uma parcela da população que possui uma cidadania relativa e que reivindica sua plenitude de forma con- servadora e autoritária, por meio de um salvador da pátria como um Napo- leão Bonaparte, um herói capaz de libertá-los dos grilhões. Esta personagem promoveria uma incursão para restituir os seus valores morais fundamen- tais e impô-los ao conjunto da sociedade, a restituir a “ordem” das coisas. Quando faço uma busca no Google usando o termo “cidadão de bem”, aparece um texto assinado por Cefas Carvalho, intitulado: Porte de arma para o cidadão de bem, mas quem é o cidadão de bem? O autor Questiona quais os pa- râmetros para uma pessoa receber esta denominação. Presume que este seja o sujeito que paga seus impostos, trabalha sério e com responsabilidade. Sua antítese são os indivíduos que moram nas regiões periféricas, possuem pele escura, sofrem carências, são pobres economicamente, assim como os jovens que dão um “rolezinho” nos shoppings.
  • 11. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 13 ECOS DO AUTORITARISMO Segundo Foucault para compreender o sujeito “eu” é preciso enxer- gar os tentáculos do poder, pois o sujeito é fruto de relações de poder e não de imposição de poderes. Considerando que o sujeito, ou o seu lugar é um espaço vazio que espera ser ocupado por alguém que possui algu- mas condições e requisitos. Os sujeitos precisam de um discurso que os legitime ao ocupar estes espaços. Os sujeitos são reconhecidos pela pro- dução de seu discurso. O discurso é determinante em relação ao que o sujeito deve pensar, falar, produzir. É o discurso que define o sujeito. (CUNHA MOURA apud FOUCAULT, 1999, p. 33) Foucault (1996, 39) chama de ritual os aspectos visíveis, presen- tes nas práticas sociais e que define o lugar do sujeito. A partir do apara- to discursivo os sujeitos começam a construir mitologias. O poder que gravita no âmbito do discurso assume o caráter de imposição de regras e condutas “ao outro”. O discurso obedece uma ordem, todos os atos são controlados por arquétipos, modelagens. A sensação de liberdade ocor- re pela sensação de inclusão e pertencimento a determinado espaço como sujeito, ao final o sujeito é sujeitado, ele controla e, é controlado (CUNHA MOURA apud DELEUZE, 1992, P. 221) Para Foucault existem três sistemas de exclusão que atingem o discur- so. A palavra proibida, a segregação da loucura e a vontade da verdade. Trata-se de determinar as condições do funcionamento do discurso, impor aos indiví- duos que os pronuncia um conjunto de regras e assim não permitir que todo mundo tenha acesso a elas. Desta maneira, ninguém entrará na ordem do discurso se não satisfazer certas exigências, ou se não for, de início qualifi- O “cidadão de bem” na teoria
  • 12. 14••• Ideologia do “cidadão de bem” Samuel de Jesus cado para fazê-lo. Mais precisamente, nem todas as regiões do discurso são altamente abertas (diferenciadas e diferenciantes). Só aparece aos nossos olhos uma verdade que seria rique- za, fecundidade, força doce (...) ignoramos, em contraparti- da, a vontade de verdade, como prodigiosa maquinaria des- tinada a excluir todos aqueles que, ponto a ponto, em nossa história, procurará contornar essa vontade de verdade e colo- ca-la em questão contra a verdade, lá justamente onde a verda- de assume a tarefa de justificar a interdição e definir a loucura. (FOUCALT, 2004, p. 21). Segundo Durkheim um dos grandes desafios da ciência está em superar as noções do fato, pois, muitas vezes, é confundido com o real. Geralmente estas noções são colocadas como acontecimen- tos inerentes ou que pertence à “natureza das coisas”, possui a ideia de “naturalidade” do fato social, tal como uma “verdade inquestio- nável” dos fatos. Em vez de buscar compreender os fatos adquiridos e realiza- dos, ela empreende realizar novos, mas conforme aos fins perseguidos pelos homens. (Durkheim, 2007, p. 18) Sendo assim a ciência assume um aspecto prático de obtenção de resul- tados, assim não querem explicações, mas remédios. São idola, fantasmas que nos desfigura o verdadeiro aspecto das coisas, que, no entanto tomamos como as coisas mesmas. (DURKHEIM, 2007, p. 18). Há uma rejeição à busca da verdade. Os documentos não mais impor- tam e são ignorados, assim como as estatísticas, as pesquisas e os boletins. A verdade ganhou vários sentidos, os poderes: cada um com sua verdade, cada um com sua democracia, cada um com a sua ética, cada um com suas próprias convicções, assim os indivíduos se entrechocam, vence o mais for- te. Vivemos um vácuo de legitimidade, muitas vezes o consenso é forçado e os impasses permanecem como cadáveres insepultos da injustiça. A mídia é a grande construtora de narrativas e embrenha-se na luta pela versão oficial, há uma luta pela narrativa, uma batalha pelo discurso e no caso da mídia ela acaba por subverter e se apropriar do discurso, assim criando demônios e anjos alados, a santificando ou a amaldiçoando personas. Possui a capacida- de de modelar a opinião pública.
  • 13. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 15 ECOS DO AUTORITARISMO A greve dos caminhoneiros foi um acontecimento que nos permite entender como de fato isto ocorre. Em maio de 2018 os caminhoneiros paralisaram o sistema e ameaçaram colapsar o país, protestavam contra o aumento do diesel que havia sido indexado ao dólar. No Governo Temer ocorreram mais de duzentos aumentos sucessivos no preço dos combustí- veis. Neste momento a imprensa destacava os prejuízos aos cidadãos, sobre- tudo, gerados pela greve dos caminhoneiros. Os repórteres entrevistavam as pessoas na fila de ônibus, esperando o transporte público que não vinha, mostravam as imensas filas nos postos de combustíveis, as prateleiras dos supermercados em desabastecimento. As pesquisas indicavam que, aproxi- madamente, 80% dos brasileiros apoiavam a greve dos caminhoneiros. Este fato gerou desconfianças nos movimentos de esquerda de que a paralisação, apesar de justa, poderia representar uma nova guinada dos movimentos de caráter similares à extrema-direita. Sobretudo, tinham desconfianças de que o movimento foi patrocinado pelos empresários, o que caracterizaria um lockout. Foi baseado nesta tese que o governo recorreu às forças armadas para reprimir os caminhoneiros. Os quartéis estavam de prontidão, a Força Nacional e o Exército agiram para liberar o tráfego. No país ocorreram movimentos de apoio aos caminhoneiros, dos grupos de esquerda e de direita. Em Coxim-MS, os patrões fecharam as lojas, fábricas e foram com seus funcionários apoiar os caminhoneiros. Os tra- balhadores vestiam o uniforme de suas empresas, assemelhavam-se às tor- cidas organizadas. Alguns marchavam segurando uma grande faixa pre- ta com a inscrição em branco: “QUEREMOS INTERVENÇÃO MILITAR”, A greve dos caminhoneiros e a luta pela narrativa
  • 14. 16••• Ideologia do “cidadão de bem” Samuel de Jesus percorreram as ruas da pequena cidade com mais de 30 mil habitantes e ao final bloquearam a BR 163 na frente do 47° Batalhão de Infantaria do Exército com suas faixas e cartazes. Para o grande conglomerado midiáti- co estes não eram os “cidadãos de bem”, mas sim o indivíduo sem transporte e abastecimento. Aquele que gostaria de comparecer ao trabalho e voltar para casa de forma obediente. A imprensa foi surpreendida pelo aumento de adesão ao movimento e encontrou dificuldades em fazer colar a sua versão da notícia. Este movimento autônomo foi formado por proprietários de cami- nhões que corresponderam a 70% do movimento e profissionais represen- tados pelas empresas de transporte e logística, aproximadamente 30% do movimento. A grande diferença nestes dois tipos de caminhoneiros é que os primeiros reivindicaram o fim da política de preços da Petrobrás que indexava o preço dos combustíveis à flutuação do dólar no mercado inter- nacional e o segundo reivindicou, somente, a redução dos impostos nos preços dos combustíveis como COFINS e CIDE. Na luta pela narrativa, a imprensa adotou o termo “lockout” para se referir ao movimento. Esta é uma prática proibida por lei, pois seria uma prática ilegal de união de em- presários e proprietários que obrigam os trabalhadores a pararem com o objetivo de prejudicar a economia. A utilização do termo “lockout” permi- tia neutralizar o discurso do movimento, desqualificá-lo e deslegitimá-lo perante a opinião pública e também permitiria a repressão ao movimento, como de fato ocorreu. Para entendermos o papel político da imprensa ao construir a ver- são dos fatos é preciso uma volta à teoria. Segundo Silvia T. Maurer Lane (1985, p. 22, 23, 24) a identidade social e os seus papéis são mediados ideologicamente, sobretudo ao ponto de conferir uma naturalidade, um cunho de necessidade e liberdade artificiais. Desta forma, escamoteando que os papéis sociais são determinados por fatores exteriores ao indiví- duo, ou seja, são definidos pela produção da vida material, ou a divisão social do trabalho. É isto, realmente que estabelece nossas preferências, costumes e ideias. Para a autora esta questão suscita o problema da consciência em si, afinal de contas, um espirito questionador poderá nos fazer perceber que os nossos papéis, identidade e lugar são resultados dessas relações
  • 15. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 17 ECOS DO AUTORITARISMO de dominação. Contrapõem-se a esta tomada de consciência os grupos que exercem esta dominação e assim atribuem papéis sociais através de seus aparelhos ideológicos pra anular, abrandar, amenizar os possí- veis questionamentos que possam colocar em xeque sua hegemonia. (LANE, 1985, p. 24) O jornal O GLOBO de 26.06.2018 publicou análise assinada por José Ricardo Rocha Bandeira, especialista de Segurança Pública e presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina, intitula- da: A greve dos caminhoneiros e suas consequências para a segurança. O autor tentou construir uma narrativa dos caos na segurança pública, supostamente oca- sionada pela greve dos caminhoneiros. Afirmou: Faz alguns dias que o Brasil foi surpreendido pela greve nacio- nal dos caminhoneiros, que tem causado falta de abastecimento de gêneros de primeira necessidade como alimentos, remédios e combustíveis, levando a sociedade a um estado de quase ca- lamidade. E no que diz respeito à segurança pública, a situa- ção é ainda mais grave, pois devido à falta de combustível, as viaturas policiais estarão, muito em breve, sem condições de realizar o patrulhamento. Como consequência, teremos uma diminuição na capacidade de repressão policial em todas as grandes capitais do país, fazendo com que a mancha de crimi- nalidade se expanda e aumente os índices de violência nas ruas. (BANDEIRA, 2018). Esta narrativa midiática lembra o controle pelo medo descrito na obra de George Orwell, chamada: 1984, ou seja, uma imprensa que difunde o medo e o caos para vender como solução a utilização do aparato repressivo estatal e isto, na prática, cria um Estado Policial que utiliza a censura, o con- trole social como meio para garantir uma falsa segurança a todos. A revista ISTOÉ publicou artigo em 31.05.2018, assinado por André Solitto, Cilene Pereira, Giorgia Cavicchioli e Luisa Purchio, com a seguinte afirmação: VIROU BADERNA! Neste artigo afirmaram que o movimento era oportunista e afundou o país no caos: Defensores da volta do regime militar, sindicalistas opor- tunistas e líderes trabalhistas que pedem a libertação do
  • 16. 18••• Ideologia do “cidadão de bem” Samuel de Jesus ex-presidente Lula se apropriaram da greve dos caminho- neiros e afundaram o País no caos. Os prejuízos econômi- cos ultrapassam os R$ 75 bilhões e atrasam o crescimento. (SOLITTO, PEREIRA, CAVICCHIOLI & PURCHIO, 2018). Neste momento, para a mídia, o cidadão de bem era aquele que gosta- ria de ir para o trabalho e não conseguia, queria comprar no supermerca- do, mas não tinham produtos na prateleira para serem vendidos, os que precisavam de remédios, gasolina, aulas, segurança e não tinham devido ao lockout, promovido pelos empresários que eram “inimigos” do país, pen- savam somente em seu interesse corporativo e que deveriam ser punidos, exemplarmente. O jornal Folha de S. Paulo de 31.05.2018 reproduziu a fala do Minis- tro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o título da matéria, assinada por Angela Boldrini, é uma afirmação deste ministro: ‘Quem paga a conta sempre é o cidadão’, diz Padilha. Segundo o ministro: “quem pagará pelos subsídios (aos cami- nhoneiros) é a sociedade brasileira como um todo, já que o governo não fabrica dinheiro, administra”. Segundo a matéria da Folha de S. Paulo do dia 10.07.2018, assinado por Anaís Fernandes, intitulado: “Famílias mais pobres sentem impacto maior de paralisação dos caminhoneiros nos preços. Inflação para pessoas de renda muito baixa mais que triplicou em junho, diz Ipea”. Segundo a matéria: A inflação entre as pessoas mais pobres representou alta de 1,5 no mês, mais que o triplo observado em maio, de 0,41, de acordo com o indicador do IPEA (Institu- to de Pesquisas Econômica Aplicada) calculado com base no SNIPC (Sistema Nacional de índice de Preços ao Consumidor) do IBGE, divulgado no dia 10.07.2018. (FERNANDES 2018) Os setores jornalísticos não se mostraram favoráveis à paralisação dos caminhoneiros como podemos ver neste pequeno apanhado de notícias sobre o movimento. Todos eles divulgam aspectos negativos da paralisa- ção, como o aumento do custo de vida, destaca a fala do ministro de que o conjunto da população que iria pagar a conta. A narrativa deste modo é
  • 17. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 19 ECOS DO AUTORITARISMO assumida a partir da versão da notícia. A mídia é a grande correia de transmissão do discurso oficial, difusora das ideias baseadas no senso-comum, assim como afirma o sociólogo Jessé Souza, a mídia imbeciliza a sociedade. Para o professor Milton Santos trata-se da violência da informação praticada pelos veículos da comunicação que, por exemplo, difundem as fábulas do neolibe- ralismo, tais como a aldeia global, fábrica global. Instituição fundamental para a projeção econômica de uma elite global que concentra o capital global- mente, a partir da supressão dos nacionais-desenvolvimentismos, mas isto é outro assunto que não aprofundaremos aqui. O tamanho dos conglomerados de comunicação e sua concentração em torno de pouquíssimas famílias poderão indicar que a luta pela narrativa está perdida, no entanto, a internet, sobretudo as redes sociais tem imposto grandes obstáculos aos meios televisivos e, em muitos casos, subvertido as condições do funcionamento do discurso oficial, invertendo a “versão ofi- cial” dos fatos, pois como afirma Foucault (1996), os poderosos determinam as condições do funcionamento do discurso, assim impõem aos indivíduos, que o pronuncia, um conjunto de barreiras e assim não permitem que todo mundo tenha acesso a elas. Desta maneira, ninguém entrará na ordem do discurso se não satisfizer certas exigências, ou se não for, de início qualifi- cado para fazê-lo. Mais precisamente, nem todas as regiões do discurso são altamente abertas. Só aparece aos nossos olhos uma verdade que seria rique- za, fecundidade, força doce (...) ignoramos, em contraparti- da, a vontade de verdade, como prodigiosa maquinaria des- tinada a excluir todos aqueles que, ponto a ponto, em nossa história, procurara contornar essa vontade de verdade e colo- ca-la em questão contra a verdade, lá justamente onde a verda- de assume a tarefa de justificar a interdição e definir a loucura. (FOUCAULT, 2004, p. 21).
  • 18. 20••• Ideologia do “cidadão de bem” Samuel de Jesus No livro A Família como Espelho, um estudo sobre a moral dos pobres (2005), Cynthia Andersen Sarti, analisa a articulação de elementos morais e reli- giosos aos econômicos ou a naturalização da pobreza. Estes aspectos são revelados a partir de algumas afirmações, tais como: sempre vão existir rico e pobre. Parte da ideia que o rico não sabe fazer os serviços que o pobre faz, o que colocaria, em tese, os pobres em vantagem em relação aos ricos. Esta é uma dádiva dada por Deus, assim aos ricos caberia a função de dar o trabalho e o empregado é aquele que cuida do patrão, tal como uma família. Entre rico e pobre existe uma igualdade que está em outro plano, no reino de Deus, pois todos somos filhos de Deus, assim neste mundo cada um é designado a cumprir um papel definido hierarquicamente. Dentro desta concepção as injustiças sociais serão redimidas em outro mundo. Para evitar a miséria é preciso a obediência, escreve Sarti: Eles (os não-iguais que detém a riqueza, prestígio e/ou poder) tem de dar aos pobres a oportunidade de traba- lho, e os pobres tem de trabalhar, inserindo o trabalho num universo de obrigações no qual o esforço legitima a oportunidade de trabalhar que é conferida ao pobre. (SARTI, 2005, p.108) O esforço do trabalho confere um caráter, um valor moral, por exem- plo, o trabalhador fez por merecer, sobretudo quando se recebe é necessário retri- buir, através do seu trabalho, o pobre dá o que tem, assim o trabalho assume um papel redentor, pois torna-se uma obrigação dentro de uma relação e a pros- A moral dos pobres
  • 19. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 21 ECOS DO AUTORITARISMO peridade é reservada aos que fizeram por merecer, assim o esforço reafir- ma a honra de quem trabalha. De acordo com essas concepções a esmola é um ato condenável, pois fere os valores inerentes ao trabalho. Os con- siderados vagabundos, os mendigos representam uma antítese aos trabalhadores. (SARTI, 2005, p.109) O princípio de dar sem receber, no qual se funda o trabalho, é negado pela esmola. Nesse prisma, pedir esmola humilha porque quem o faz recebe sem dar, sem o esforço valorizado. (SARTI, 2005, p.110) Pensando assim, o desemprego representa uma humilhação, pois o trabalhador é privado do ato de dar e receber. Os pobres acreditam que a obrigação dos ricos é lhe dar o trabalho, seguindo uma cadeia de obri- gações entre desiguais. Desta maneira o desemprego representa uma ruptura desta relação entre estas classes. Se o trabalho é negado, en- tão se recorre à caridade que é legitimada socialmente através do lema: “Dando aos pobres, empresta-se a Deus”, pois afinal “pedir é melhor que roubar” (SARTI, 2005, p.111). Deste ponto de vista os benefícios sociais providos pelo Estado são observados como um retrocesso social, pois, segundo esta ótica, o indiví- duo terá sucesso se trabalhar duro e assim possuirá dinheiro para pagar por todos estes serviços. A dimensão do Estado de bem-estar social ou acesso aos benefícios do Estado de Direitos Sociais representam um obstáculo ao merecimento, pois quem recebe benefícios sociais, segundo a moral do tra- balho, não progredirá. Os benefícios não são entendidos como direitos do cidadão. Esta visão é a base para o fim do Estado de Bem-Estar Social, para privatização e o Estado-mínimo. O princípio de honestidade faz parte da moral dos pobres igualmente. O trabalhador mesmo diante da opressão do dia a dia, possui a sua moral inabalável, sua honra. Os meios de comunicação, rotineiramente, divulgam casos em que os pobres acharam uma fortuna e acabaram por devolver aos seus donos. Matéria do Portal G1 informa que Catador de recicláveis encontra R$ 50 mil e devolve ao dono no Paraná. Na cidade de Iporã-PR, o catador de re- cicláveis, Sr. Antônio Garcia do Prado, encontrou R$ 50 mil no meio de um caderno jogado na rua e foi até a rádio local divulgar o achado. A reporta-
  • 20. 22••• Ideologia do “cidadão de bem” Samuel de Jesus gem destaca que, apesar de receber, aproximadamente, R$ 20 reais por dia, em nenhum momento pensou em ficar com o dinheiro. O dinheiro era do empresário Amauri Rodrigues que afirmou ter esquecido o caderno com di- nheiro na capota do carro, antes de sair com o veículo, esqueceu-se de pegar e saiu com o carro, assim o caderno acabou caindo meio no percurso. Ale- gou: cabeça cheia, descuido e disse que não deu falta do dinheiro, nem imaginava que tinha perdido. Existe uma ética neste exemplo: o Sr. Antônio achou o di- nheiro, apesar de dizer o ditado: “achado não é roubado”, mas “Deus tudo vê” e castiga. A honestidade do pobre é uma instituição, afinal sua recompensa não está neste mundo. O dinheiro será sempre do rico, ao pobre restará o suficiente para sobreviver, além disto; a virtude, a moral, a honestidade. Ao pobre está reservado o trabalho de dia e de noite, o trabalho que dignifica. O portal G1 (Jornal Nacional) de 24.02.2017 divulga que Jovem devolve celular perdido e não aceita recompensa; pede emprego. As afirmações do jornalista que escreve esta reportagem são ilustrativas em relação a “moral do pobre”, afirma: “Agora uma pausa nesse noticiário de suspeitos, de delatados e investigados só para lembrar a beleza de nosso povo, a beleza que o nosso país também tem”. O jovem Pablo encontrou o celular e rejeitou uma recompensa de R$ 200.00, mesmo precisando de dinheiro. Disse para o dono do celular que precisava de ajuda para encontrar um emprego. “O fato de ele não se interessar pelo dinheiro e querer ajuda para o emprego, para arrumar um emprego, para mim foi o que tocou”, disse Niko- las Soares Valério, que é analista de redes. Nicolas postou a história na internet e teve 14 mil curtidas. A Associação dos Magistrados de Goiás ofereceu uma oportunidade a Pedro, trabalhar como auxiliar de almoxarifado, mas com uma condição: retomar os estudos. Afirmou seu contratante, o Juiz Eduar- do Perez; “Você só vem trabalhar conosco se você estudar porque só avança na vida, só tem condição de avançar aquele que se dedica, aquele que estuda”. Estes dois casos são ilustrativos sobre o papel exercido pela imprensa na manutenção de uma ordem social hierarquizada, ou seja, duas pessoas pobres, o primeiro catador e o segundo um jovem desempregado que ti- nham necessidades materiais, mas foram honestos e devolveram o que não lhes pertencia. A honestidade é um elemento muito importante na moral do po- bre, pois sua recompensa como afirmamos, anteriormente, poderá não estar neste mundo, mas no plano divino. O pobre não tem riqueza material, mas possui honra, é uma pessoa em que devemos confiar, pois ele respeita o que
  • 21. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 23 ECOS DO AUTORITARISMO é dos outros, ou dias melhores virão, Deus proverá, assim, ele reconhece o “lugar do pobre” e o “lugar do rico”. Pedro não quer a recompensa, quer um trabalho, quer ter dignidade, ou seja, não é vagabundo, é “cidadão de bem”. Ocupará um lugar no sistema produtivo, terá dignidade, ainda que ocupando uma fun- ção subalterna. Através dos valores positivos do trabalho e da família, criam, como fronteira do mundo dos pobres e traba- lhadores, a adesão a um código de obrigações morais que delimita seu grupo de referência, como a família. (SARTI, 1995, 130) A mídia é o grande instrumento de afirmação dos princípios conser- vadores e faz isto cotidianamente, através de novelas, filmes e reportagens como aquelas apresentadas anteriormente. A mídia é um aparelho ideológi- co de Estado, sem dúvida. Na obra Aparelhos Ideológicos do Estado, Louis Althusser menciona que as técnicas aprendidas na escola se referem ao bom relacionamento, ao res- peito à divisão técnica do trabalho e à submissão às normas da ordem vi- gente ou submissão da classe operária à ideologia dominante, pois o “todo social” possui níveis e instâncias pré-determinadas, tais como a infraestrutu- ra (economia), superestrutura (Estado, Direito) e a ideologia (religião, mo- ral) que ocupa o cume da pirâmide social. Desta maneira o Estado é visto como uma instituição que reprime os trabalhadores, afinal é o Estado que assegurará a reprodução das relações de produção. Deste modo, a narrativa é assumida como parte da categoria ideológica, através dela se transmite o discurso oficial e a mídia é a sua grande correia de transmissão.
  • 22. 24 No Brasil, hoje, é corrente a tese de que o cidadão deve andar armado para se “proteger”. Esta ideia é fomentada pela chamada bancada da bala, depu- tados que eram financiados pela indústria de armas leves do Brasil. O portal de notícias on line O tempo, divulgou que em uma audiência pública sobre mudanças no estatuto do desarmamento, realizada na Assembleia Legis- lativa de Minas Gerais em 26.06.2015, o Deputado Federal Jair Bolsonaro, afirmou, “O cidadão armado é a primeira linha de defesa de um país” A reportagem conta com comentários que devem ser analisados, pois embora represente a opinião de apenas algumas pessoas, de fato reflete o pensamento de milhões de pessoas e, assim torna-se fonte para nossas aná- lises. Aqui não mencionamos o nome dessas pessoas, apenas as iniciais de seus primeiros nomes. Dentre várias mensagens escolhemos aquelas que mencionam o termo “cidadão de bem” e em segundo, aquelas mensagens que mencionam termos como “homens de bem” e outras derivações. Os comentá- rios assinados por pseudônimo foram mantidos. Mencionamos aqui a fala de D. Até que enfim o tal de Jair Bolsonaro deu uma “dentro”. SE o ban- dido anda armado, por que o cidadão de bem não pode ter uma arma para se defender destes cânceres da sociedade ? O porte de armas em casos especiais é justificável (inclusive eu já tive, mas não tentei renovar) em alguns casos - não se pode generalizar, nis- to eu concordo. A polícia NUNCA TEVE e nem NUNCA TERÁ condições de fiscalizar TUDO e estar em TODOS os lugares ao mesmo tempo - não há efetivo para isto, em NENHUM lugar do “Cidadão de bem” e armado.
  • 23. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 25 ECOS DO AUTORITARISMO mundo. Quanto à redução da maioridade penal, sou favorável, pois se pode votar com 16 anos, por que não pode responder pe- los crimes? MAS, o pior e que existe no Brasil, é a IMPUNIDADE. (D. In: PEIXOTO, 2015). Segundo Epitáfio Se bandido pode meter tiro na cara de cidadão de bem, por que o cidadão de bem não pode ter uma arma registrada e com porte? Seria até melhor a polícia saberia melhor onde identificar um cidadão que cometeu um crime, pois essa ban- didagem aí atira nos outros e desova a arma e ninguém pro- va nada. Maioridade penal já, Bolsonaro tem razão e quem discorda é por que é conivente com essa bandidagem aí!!!! (Epitáfio In: PEIXOTO, 2015). Segundo C. P. Qualquer cidadão de bem deveria ter um porte de arma (caso quisesse possui-lo),o grande problema nesse país é a impunidade, e a insanidade dos líderes desse BRASIL, há alguns anos fize- ram a campanha do desarmamento, como se isso fosse solução, como se os bandidos fossem entregar as suas armas ! O que pre- cisamos nesse país é a segurança que as leis serão iguais para to- dos e que as mesmas sejam cumpridas, não podemos viver com flanelinhas nos extorquindo com a conivência das autoridades, com assassinos que matam e sequer são presos e tantos outros disparates que todos já sabemos e cansamos de pedir solução! (C. P. In: PEIXOTO, 2015) Segundo P. B. Temos de lembrar que nos EUA, desde o Velho Oeste, os homens de bem de cada vila ou cidade é que ajudavam o Xerife a banir os mal feitores. Países onde não há impunidade sempre souberam usar a seu favor a força civil armada, para cumprimento do dever e da Lei. Sabemos que qualquer pivete na rua hoje anda armado e a polícia nada faz para defender a sociedade. As armas vão e voltam para os marginais. Somente as pessoas de bem é que ficam indefesas. Se votamos todos contra o desarmamento naquele ple-
  • 24. 26••• Ideologia do “cidadão de bem” Samuel de Jesus biscito ridículo, por que Lula teimou em desobedecer a vontade das urnas e desarmar a sociedade mesmo assim? Pensemos...... (P. B. In: PEIXOTO, 2015) Segundo H. M. Este deputado é polêmico, mas na verdade é dos melho- res que temos em Brasília, pena que são poucos, mas acho muito boa a ideia do armamento das pessoas de bem. (H. M. In: PEIXOTO, 2015). A revista Carta Capital publicou em 12.02.2016 artigo assinado por Robert Muggah e Daniel Cerqueira intitulado: Quatro mitos sobre o “cidadão de bem armado”. Segundo os autores o Brasil é o país que possui maior número de homicídios, ocasionados por armas de fogo, no mundo. Um levantamen- to de dados, feitos em 2010, revelou que existem, em torno de 17,6 milhões de armas leves em circulação no país, dessas 57% eram ilegais. De fato, a proliferação das armas se deu ao mesmo tempo em que se verificou um crescimento acelerado da taxa de homicí- dio por arma de fogo. Enquanto em 1980 de cada 100 pessoas assassinadas 44 eram vitimadas por armas de fogo, em 2003, nas vésperas da sanção do Estatuto do Desarmamento (ED), esse número já era de 77, diminuindo para 75 nos anos subse- quentes. Em países como a Inglaterra e a Espanha tal pro- porção gira na ordem de 7 e 14 vítimas, respectivamente. (MUGGAH & CERQUEIRA, 2016) De acordo com Robert Muggah e Daniel Cerqueira (2016), esta tese de armar o cidadão já ocorre, desde os anos 80, e de lá para cá, isto gerou o aumento do número de mortes e não fez a sociedade brasileira mais segura, sobretudo chamam atenção para o movimento que pretende a revogação do Estatuto do Desarmamento aprovado no Congresso Nacional. Aqueles que pretendem revogar o Estatuto do desarmamento, na prática querem permitir ao adulto, acima de 21 anos ter o direito de comprar até seis armas, sobretudo permitir sua utilização nas ruas. Na sequência assinalam quatro mitos sobre a utilização das armas de fogo pelo cidadão brasileiro. Mito 1: O cidadão armado provê maior seguran- ça à sua família. Na prática, ter armas em casa, significa aumento no risco
  • 25. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 27 ECOS DO AUTORITARISMO de suicídio, acidente e homicídio entre familiares. Mito 2: A regulação mais restritiva de acesso às armas de fogo não é importante, uma vez que as armas dos ban- didos entram ilegalmente pelas fronteiras. De acordo com dados disponibiliza- dos pelas polícias do RJ e SP, também ONGs como Instituto Sou da Paz, aproximadamente, 75% das armas utilizadas em crimes foram produzidas no Brasil e 38% das armas utilizadas em crimes fatais eram armas nacio- nais, compradas por brasileiros e desviadas e entrando na ilegalidade. Mito 3: O cidadão de bem armado irá dissuadir o criminoso, fazendo com que o número de crimes e de homicídios diminua. Na verdade, a flexibilização do porte de ar- mas de fogo aumentam os números de roubos e invasões a residências. Mito 4: O ED não evitou o crescimento da violência armada no Brasil. Segundo estudos de pesquisadores do IESP/UERJ e do Ipea, o Estatuto do De- sarmamento evitou, aproximadamente, 121 homicídios entre 2004 e 2014. (MUGGAH & CERQUEIRA, 2016) A tese do armamento da população extrapola os argumentos sobre a necessidade de autoproteção pelo cidadão de bem e assume interesses corpo- rativos, ou seja, os da indústria armamentista, tal como ocorre nos Estados Unidos onde existe um lobby muito forte das empresas armamentistas sobre os congressistas. Os deputados e senadores financiados por esta poderosa indústria defendem os seus interesses, ou seja, visam alterar a legislação que restringe a ampliação do mercado de armamentos, sobretudo de vendas de armas leves que podem ser adquiridas por civis. Os dados demonstram que a tese da proteção através do porte de armas é falsa e ao contrário, na prática, amplia os riscos de morte por acidentes ou motivos passionais e existem dúvidas sobre a eficácia de reação a um assalto, pois os cidadãos não possuem treinamento e preparo suficientes.
  • 26. 28 Surge um novo tipo social, muito embora já esteja presente na raiz histórica do Brasil. O cidadão de bem é o herdeiro da casa grande e seus capitães do mato, a elite escravocrata e os comensais que se alimentavam de suas sobras como parasitas. São aqueles que fizeram pelo trabalho dos outros, da mulher e do homem D’África, do indígena. Os que compareciam às cerimonias do beija-mão de Dom João VI, ato público onde o monarca se colocava em po- sição de superioridade ante ao vassalo. Posteriormente aquele que mostrava submissão poderia solicitar alguma benesse. O homem bom ou os homens bons. Esta designação recebiam somente os proprietários, homens brancos que não possuíam “impureza” racial, católicos e que tivessem acima de 25 anos. Estas raízes históricas profundas fazem com que as árvores do pen- samento racial brasileiro continuem resistentes contra qualquer vento de mudança. A reafirmação da elite branca, um modo de ser, sentir e pensar de uma expressiva parcela da população brasileira. O verniz da elite branca com a qual pinta uma sociedade pluriétnica. Difunde seus signos racistas através de livros infantis como os de Monteiro Lobato, por exemplo, Tia Nastácia teve como castigo ser negra, mas um dia tornará à branquidão ou o extenso estudo de Joel Zito de Araújo sobre o negro na telenovela brasilei- ra, sempre ocupando o papel do empregado, chofer, jardineiro, cozinheiro, aquele sabedor de seu lugar e que nunca estaria no primeiro plano, mas depois de 60 anos de televisão no Brasil, Lázaro Ramos o protagonismo novelesco, mas quantos outros mais ocuparão esta ribalta? Estes arquétipos foram difundidos em massa pela televisão, muito embora a Constituição Cidadã de 1988 tenha determinado que racismo como Quem são eles?
  • 27. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 29 ECOS DO AUTORITARISMO um crime inafiançável, mas, assim como afirmou Lilia Moritz Schwarcz, o racismo não ocorre no aspecto formal, mas na intimidade em áreas não atingidas pela formalidade, no secreto, na vaga resposta da entrevista de empregos: “não obedece ao perfil da empresa”. O cidadão de bem é branco, he- terossexual, de estrato alto ou mediano da sociedade, ocupa os melhores lugares da cidade, com acesso a transportes, comércio e serviços, locais com segurança pública e privada, próximos a hospitais, shoppings, restaurantes, cinemas, teatros, entre muitos outros. Na invisibilidade estão os “não cidadãos”. Estes ocupam os bairros mais distantes, longe do acesso à saúde, compras e lazer, o transporte públi- co é precário, não existe segurança, a violência graça. O músico Humberto Gessinger fez a pergunta, em sua canção; Quem são eles? Em resposta: eles são os donos dos bancos, a classe política, os militares, os juízes, os líderes religiosos, os donos dos meios de comunicação, empresários da indústria e do agronegócio, sobretudo agentes do mercado financeiro e de interesses estrangeiros de corporações. Estes atores políticos fomentam este sistema racial, econômico e socialmente excludente. Estes conferem apenas a alguns a cidadania plena. Podemos detectar outros diferentes tipos de “cidadãos de bem”. Diante de uma revista policial qualquer pessoa afirma que é trabalhador. Muitos policiais pedem a carteira de trabalho ou algo que o identifique como ocu- pado. Os trabalhadores se contrapõem aos vagabundos. Este último não é bem visto na sociedade e todos dizem para estes arrumarem um trabalho. O trabalhador, embora ocupe um estrato social baixo, é considerado um “cida- dão de bem”. Os jovens estudantes ou aprendizes profissionais contrapõem-se aos que praticam pequenos delitos, são usuários de drogas ou envolvidos no tráfico, mortos, em muitos casos, por esquadrões da morte, pois são con- siderados degenerados, incorrigíveis e sendo assim recebem a pena capital. Sua morte é considerada como um tipo de “limpeza”. O aumento de jovens, principalmente da periferia, todos sabemos que sempre possui números ex- pressivos e isto já vem de muitas décadas atrás. Os jovens estudantes que “querem aula” contrapõem-se aos estudan- tes que protestam. Estes últimos recebem spray de pimenta, bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha, Jatos de água, prisões ilegais ou a perseguição no espaço universitário, sobretudo do corpo administrativo.
  • 28. 30••• Ideologia do “cidadão de bem” Samuel de Jesus Em relação os que protestam há uma distinção. Aqueles que se concen- tram na frente da FIESP, usam a camisa da seleção brasileira de futebol empunhando um pato amarelo e pedindo intervenção militar contra- põem-se aqueles de vermelho que empunham bandeiras de sindicatos, movimentos e partidos de esquerda. Para a mídia é o “pacato cidadão”, trabalhador que chega no horário, es- tuda, alcança a prosperidade, o achador de uma maleta gorda com milhares e que devolve sem pensar duas vezes, é o povo que somente sofre, lamenta e retoma tudo no dia seguinte, pois sua indignação cabe em uma caixinha ressonância, reproduzindo as verdades da televisão, torce pelo seu time, sofre, chora, toma uma cervejinha no bar, desfila na escola de samba, vai ao zoológico ou a praia com a família, financia um carro popular e, é vítima de balas perdidas. A definição sobre o “homem de bem” é heterogênea. Vários grupos rei- vindicam para si este termo, desde o conservador com armas na mão, pas- sando pelos militares, mídia, classe política e os grupos econômicos. Obser- vamos aqui, pelo menos em parte, como isto ocorre no âmbito ideológico. O Antipetismo O cidadão de bem é, sobretudo, um antipetista. A ascensão do an- tipetismo é uma verdade artificial construída pelos setores midiáticos sob a tese de que o PT é o maior e talvez o único responsável pela corrup- ção e pela crise econômica do Brasil na atualidade. Assemelha-se muito ao que ocorreu aos Judeus no período anterior à Segunda Guerra Mun- dial (1939-1945), ou seja, eles foram considerados responsáveis pela crise alemã. Os paralelos possíveis: Hannah Arendt em “As Origens do Totalita- rismo”, no capítulo 2: “Os Judeus, o Estado-Nação e o nascimento do Antissemitis-
  • 29. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 31 ECOS DO AUTORITARISMO mo”. Pelo fato dos Judeus constituírem um Estado dentro do Estado-Nação da Alemanha, ou sua não incorporação ao Estado Alemão, fez com que fossem considerados párias da sociedade alemã, expatriados que forma- vam uma unidade cultural, não reconhecedora do nacionalismo alemão. (ARENDT, 1989, p. 31) Buscando semelhanças históricas possíveis, quando a extrema-direi- ta brasileira chama os petistas de comunistas, difundem a ideia de que o PT é uma pária da “boa” sociedade brasileira, pois não amam o país, mas suas ideologias que são estranhas ao nacionalismo brasileiro, são sangues- sugas, elementos estranhos que destruíram o país. O nacionalismo brasi- leiro opera sobre uma ordem social, ou seja, uma hierarquia que reserva lugares distintos e fronteiras bem delimitadas entre os diversos grupos sociais. A distinção entre pobres e ricos, estes últimos consideram que possuem uma importância no sistema social brasileiro, ou seja, os ricos dependem deles, pois fazem o que os ricos não sabem ou não se propõem a fazer. Esta mentalidade indica uma codependencia intraclasses, a subalterni- dade como algo naturalizado. Ao promover, através de suas políticas, uma autonomização do indi- víduo, o PT rompeu com esta hierarquia social que foi naturalizada por sé- culos no Brasil. Por exemplo: o acesso à universidade, tanto pública, quanto privada, espaço, até então, reservado às camadas dominantes da sociedade brasileira. Este fato representou uma inversão da ordem, uma insubordi- nação pelo fato de integrarem os pobres ao locus privilegiado da sociedade brasileira. Isto é observado nas falas das camadas médias, tal como: “...ago- ra, qualquer um pode entrar na universidade”, ou seja, espaços acadêmicos eram espaços de privilegiados, neste sentido a democratização do acesso à uni- versidade pública é observada de forma negativa. Outro espaço até então demarcado e exclusivo das elites são os aeroportos brasileiros. As elites se sentiram invadidas pelos membros da chamada nova classe C. Ou seja, pes- soas que a partir do incremento e democratização do consumo gerada, por exemplo, pela valorização do salário mínimo, andaram de avião pela pri- meira vez. Antes, as camadas marginalizadas da sociedade estavam restritas às rodoviárias, indo para destinos mais longínquos do país. Este assunto requer uma pesquisa mais aprofundada, mas registramos aqui uma sugestão de pesquisa que poderá ser alargada com estudos posteriores.
  • 30. 32 ALTHUSSER, L. P. Aparelhos Ideológicos de Estado. 7ª ed. Rio de Janeiro: Graal, 1998. AMARAL, M. Movimento Brasil Livre – MBL e junho de 2013. Uma franquia americana que depois do impeachment está presente no movimento Escola Sem Partido. Entrevista especial com Marina Amaral. In: Instituto Universitas Unisinos. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/558321-movimento-brasil- livre-mbl-e-junho-de-2013-uma-franquia-americana-que-depois-do- impeachment-esta-presente-no-movimento-escola-sem-partidoq-entrevista- especial-com-marina-amaral. Extraído em 15.03.2018 ARAÚJO, J. Z. A negação do Brasil. O negro na telenovela brasileira. São Paulo: SENAC, 2001. ARENDT, H. As Origens do Totalitarismo: antissemitismo, imperialismo, totalitarismo. Companhia das Letras, 1989. BOTELHO, A. SCHWARCZ, L. M. (org.). Cidadania, um projeto em construção : minorias, justiça e direitos /. — 1ª - ed. — São Paulo: Claro Enigma, 2012. BANDEIRA, J. R. R. Análise: A greve dos caminhoneiros e suas consequências para a segurança In: O GLOBO, 26.06.201. Disponível em: https://oglobo.globo.com/rio/analise-greve-dos-caminhoneiros- suas-consequencias-para-seguranca-22719052#ixzz5Mc4M4e98 Extraído em 29.07.2018. BOLDRINI, A. Quem paga a conta sempre é o cidadão, diz Padilha. In: Folha de S. Paulo, 31.05.2018. Disponível em: https://www1.folha.uol. com.br/mercado/2018/05/quem-paga-a-conta-sempre-e-o-cidadao-diz- padilha.shtml. Extraído em 29.07.2018 Bibliografia
  • 31. Ideologia do “cidadão de bem” ••• 33 ECOS DO AUTORITARISMO CARVALHO, J. M. de. 2005 (2001). Cidadania no Brasil – o longo caminho. 7ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. Catador de recicláveis encontra R$ 50 mil e devolve ao dono no Paraná. In: G1, Norte Noroeste RPC, 09.05.2015. Disponível em: http://g1.globo. com/pr/norte-noroeste/noticia/2015/05/catador-de-reciclaveis-encontra-r- 50-mil-e-devolve-ao-dono-no-parana.html. Extraído em: 29.07.2018 CARVALHO, C. Porte de arma para cidadão de bem- Mas quem é o “cidadão de bem”? In: Potiaguar Notícias, 05.12.2014, ano 12, número 558. Disponível em: https://issuu.com/potiguarnoticias/docs/558. Extraído 29.07.2018. BRASÍLIA, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p. BRASIL. Constituição(1988). Constituição da República Federativa do Brasil. FOUCAULT, M. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola. 2004. DELEUZE, G. Conversações, 1972-1990. São Paulo: 34, 1992. DURKHEIM, É. As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2007. FERNANDES, A. Famílias mais pobres sentem impacto maior de paralisação dos caminhoneiros nos preços. In: Folha de S. Paulo, 10.07.2018. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/mercado/ 2018/07/familias-mais-pobres-sentem-impacto-maior-de-paralisacao- dos-caminhoneirosnosprecos.shtml?utm_source=folha&utm_ medium=site&utm_campaign=topicos?cmpid=topicos. Extraído em 29.07.2018 FREYRE, G. Casa-Grande & Senzala, 50ª edição. Global Editora. 2005. GESSINGER, Humberto, 3ª do Plural, Intérprete – Engenheiros do Hawaii, Álbum – Surfando Karmas & DNA, 2002. LANE, S. T. M. O que é psicologia social. – São Paulo: Nova Cultural / Brasiliense, 1985. (Coleção Primeiros Passos, 61). MOURA, J. C. da C. O CIDADÃO DE BEM: O DISCURSO JURÍDICO E A CONSTRUÇÃO DAS SUBJETIVIDADES ATRAVÉS DA LEITURA MIDIÁTICA DOS BLOGS. REVISTA ELETRÔNICA DA FACULDADE DE DIREITO DE FRANCA. In: revista.direitofranca. br v. 7, n.1, jul/2013. Disponível em: http://www.revista.direitofranca.br/ index.php/refdf/article/view/147/159 Extraído em 28.07.2018 MUGGAH, R.; CERQUEIRA, D. Quatro mitos sobre o “cidadão bem armado”. In: #carta, 12.02.2016. Disponível em: https://www. cartacapital.com.br/sociedade/quatro-mitos-sobre-o-cidadao-de-bem- armado Extraído em 29.07.2018.
  • 32. 34••• Ideologia do “cidadão de bem” Samuel de Jesus OLIVEIRA, S. B. Greve dos caminhoneiros, disputas ideológicas e urbanização rodoviarista. In: Le Monde Diplomatique Brasil, 31.05.2018. https://diplomatique.org.br/greve-dos-caminhoneiros-disputas-ideologicas- e-urbanizacao-rodoviarista/. Extraído em 29.07.2018 ORWELL, G. 1984. São Paulo: Companhia das letras, 2009. PEIXOTO, A. Bolsonaro: “o cidadão armado é a primeira linha de defesa de um país”. In: O Tempo – política, 26.06.2015. Disponível: https://www.otempo.com.br/capa/política/bolsonaro-o-cidadão-armado-é- a-primeira-linha-de-defesa-de-um-país-1.1060490. Extraído em 2907.2018 Programa Escola Sem Partido. Disponível em: https://www. programaescolasempartido.org/. Extraído em 28.07.2018 SCHWARCZ, L. M. Nem preto, nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na intimidade. In: NOVAIS, F. A.; SCHWARCZ, L. M. História da vida privada. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. SKIDMORE, T. E. Brasil: de Getúlio a Castello (1930-64); tradução Berilo Vargas. — São Paulo: Companhia das Letras, 2010. SOLITTO, A.; et al. Virou baderna. In: ISTOÉ. 31/05/18. Disponível em: https://istoe.com.br/virou-baderna/. Extraído em 29.07.2018. VILLAS BOAS, E. In Twitter, 03.04.2018. Disponível em: https://twitter. com/Gen_VillasBoas/status/981315180226318336?tfw_site=UOL&ref_ src=twsrc%5Etfw&ref_url=https%3A%2F%2Fnoticias.uol.com.br%2Fpoli tica%2Feleicoes%2F2018%2Fnoticias%2F2018%2F04%2F04%2Fcelso-de- mello-responde-a-general-do-exercio.htm. Extraído em 17.05.2018.