"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
A classe operaria vai para o inferno - Apresentacao_ENPOS_2023.pptx
1. A CLASSE OPERÁRIA VAI PARA O
INFERNO: A representação da luta
de classes no cinema de horror
norte americano (1968-2020).
Gilson Moura Henrique Junior
Orientadora: Profª Dra. Larissa
Patron Chaves
2. Introdução: A construção do Horror como gênero e a formação da classe
operária
Horror e sua construção como gênero nas telas do cinema norte americano desde a década
de 60 aos dias atuais.
Horror como gênero contemporâneo às transformações nos modos de vida e mundo do
trabalho (THOMPSON,2013).
Sistema de pesamento construído pela definição de feitiçaria como uma cosmogonia que
opunha cristianismo e o paganismo (GINZBURG,2012)
Controle da imaginação investigativa, definindo a natureza como objeto, o que fazia parte
dela e o que estava fora dela (BRAGA,2020).
Horror como síntese dos medos do ocidente na forma ficcional.
Gênero como moldura de estilo literario (VALIM,2012).
A consolidação do Horror como gênero: no século XIX na literatura e com o cinema no
século XX.
Cânones originados em Shelley, Stoker, Poe, Stevenson.
Penny dreadfuls: publicações baratas de crime e horror voltadas para o público londrino,
primeiras produções do gênero voltadas pro consumo popular.
Penny dreadfus como inspiradoras do mercado de literatura pulp americana, das revistas
com Weird Tales (que publicaramRrichard Chambers, H.P. Lovecraft, Robert E. Howard e
Robert Bloch) , das revistas em quadrinhos de horror e da literatura de Horror posteriores.
Cinema de horror contemporâneo tributário da literatura e quadrinização populares.
3. Metodologia
Classe: definição de Marx e E. P. Thompson de Classe como um fenômeno histórico.
Indivíduos que partem de suas experiências comuns, herdadas ou partilhadas, para
constituir uma identidade entre si a partir de interesses em comum, e normalmente em
contraponto a interesses de outros indivíduos, cujos movimentos e interesses normalmente
se opõem aos seus (THOMPSON,1987, v. 1, p.10).
A experiência do Horror: catarse advinda do medo, compartilhamento das “vicissitudes e
estranhezas da vida, do mundo, da consciência e de tudo” e expõe leitor e autor a uma
relação que se propõe a “confrontar, reconhecer, experimentar, nomear e conhecer o
horror”(CARDIN,2017,p.35).
Definição de Horror: concentração das representações do medo na ficção, um apanhado de
longa duração a respeito das formas pelas quais a humanidade dava a seus temores faces
monstruosas e repulsivas.
História do medo e base do Horror ficcional
História do Horror Literário
História do Horror cinematográfico
Diretores: Perfil, influências e estilo.
Guiada Classista: definição da guinada nas produções cinematográficas produzindo
representações a partir de uma perspectiva da classe trabalhadora.
4. METODOLOGIA: OBJETO
✔ Horror explora as ansiedades culturais e as tensões sociais de cada época (PHILLIPS,
2012).
✔ “A Noite dos Mortos Vivos” (1968), de George Romero, inaugura uma nova era no gênero,
abordando racismo, violência racial, tirando estes temas das entrelinhas dos enredos
(PHILLIPS. 2012).
✔ John Carpenter: criação do gênero slasher (“Halloween”, 1978), onde um assassino
implacável perturba a paz dos subúrbios de classe média estadunidense com uma faca e um
macacão de operário;
✔ “Corra!”(2017) de Jordan Peele: perspectiva de classe e raça no debate sobre opressão.
✔O Horror em que o fantasma é o racismo e a extratificação de classes, herdeiro direto de “A
noite dos mortos-vivos” e um eixo fundamental do processo de análise que aqui se busca
levar a cabo.
6. METODOLOGIA: Forma de análise
✔ A análise de conteúdo norteia nossa metodologia a partir de uma perspectiva micro histórica, no
sentido de pensar a forma de transformação do gênero e das representações a partir dele com
análise gerada com foco em uma ou duas obras dos três diretores.
✔Produção cinematográfica como um processo técnico de representação de contextos históricos
culturais que utilizam elementos pertencentes à longa duração da produção artística, cultural e
política (GINZBURG,2014).
✔Horror como processo imagético, textual e narrativo que mantém uma relação conflituosa com a
realidade empírica, mas não a substitui, agindo com a possibilidade de rompimento com esta
realidade,gerando por sua narração realista uma sensação de familiaridade que é afetada pelo
não natural (ROAS, 2014, p.54).
✔Partilha do sensível: sensível partilhado é testemunha de “tempos e espaços, do visível e do
invisível, da palavra e do ruído que define ao mesmo tempo o lugar e o que está em jogo na
política como forma de experiência" (RANCIÉRE, 2020, p.16). .
✔ Análise do filme como documento de um contexto (DAVIS,2000 e FERRO, 1992);
✔ Imagem como reprodução de uma perspectiva visual, formas de ver (MITCHELL,2022); das
representações como um sistema que reproduz conceitos, estereótipos e linguagens de fixação da
diferença, naturalização e racialização com intencionalidade política (HALL, 2016 e
HOOKS,2019);
✔Produções como mecanismos de reprodução de ações ou reações políticas, construídos com uso
de uma cultura da mídia em relação com o contexto a favor ou contra determinado viés
(KELLNER,2001).
7. Desenvolvimento, discussão e resultados
✔Definição de Classe com sua vinculação aos processos de formação do sistema de conhecimento e
de pensamento organizado em torno da definição de feitiçaria e do controle da imaginação criativa pelo
Iluminismo.
✔ Construção da historicidade do gênero do Horror e de sua vinculação com a História do medo no
ocidente e com a forma de pensar na Modernidade e na Contemporaneidade, agindo coo parte do
processo de disciplina do temo, do corpo e do trabalho.
✔Relação da filmografia inaugurada por George: Romero com quadrinhos de horror da E.C. Comics, da
literatura de Robert Bloch, Shirley Jackson, literatura pulp e com os filmes de cunho mais naturalista
em contraponto com a filmografia de horror anterior.
✔Ampliação da perspectiva teórica literária sobre o gênero na literatura,
✔ Consolidação da relação entre a literatura de Horror do XIX, livretos populares e penny deadfuls com
a cinematografia do gênero.
✔ De Poe a Shelley, de Shelley a Stephen King, a literatura estabeleceu cânones e iniciou as
transformações destes mesmos cânones que chegaram ao cinema com Romero e foram seguidas por
Carpenter e Peele,
✔Peele inaugura uma versão cinematográfica das subversões anti racistas produzidas na literatura de
Horror contemporânea, como a das produções de Victor Lavalle. Utilização subversivas de símbolos
racistas com inversão simbóolica.
✔ Horror contemporâneo como voz das tensões políticas interseccionais, protagonistas representando
oprimidos e sua resistência e ação.
8. REFERÊNCIAS
BRAGA, Gabriel Elysio Maia. Vampiros na França Moderna: a polêmica sobre mortos-vivos(1659-1751). Curitiba: Appris, 2020. 213
p.
CARDIN, Matt (ed.). Horror literature through history: an encyclopedia of the stories that speak to our deepest fears. Santa Barbara,
California: Greenwood, 2017. 1 v.
CONRICH, Ian. Horror Zone: the cultural experience of contemporary horror cinema. Londres: I.B.Tauris & Co Ltd London, 2010.
DAVIS, Natalie Zeamon. Slaves on screen: film and historical vision. Toronto,On: Vintage Canada, 2000.
FERRO, Marc. Cinema e História. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
GINZBURG, Carlo. História noturna: Decifrando o Sabá. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2012.
GINZBURG, Carlo. Medo, reverência, terror: Quatro Ensaios de iconografia política.São Paulo, Companhia das Letras, 2014.
HALL, Stuart. Cultura e Representação. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio, Apicuri, 2016.
HOOKS, Bell. Olhares negros, raça e representação. São Paulo: Elefante, 2019.
KELLNER, Douglas. A Cultura da mídia: estudos culturais, identidade e política entre o moderno e o pós-moderno. Bauru, SP:
Edusc, 2001.
MARX, Karl. O 18 brumário de Luís Bonaparte. Porto Alegre: L & PM, 2020.
MITCHELL, W.J.T.; MARCELINO, L. Showing seeing uma crítica da cultura visual. DAPesquisa, Florianópolis, v. 5, n. 7, p. 239-258,
2018. DOI: 10.5965/1808312905072010239. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/dapesquisa/article/view/14090.
Acesso em: 29 ago. 2022.
PHILLIPS., Kendall R.. Dark directions: Romero, Craven, Carpenter and the modern horror film. Carbondale, Illinois: Southern
Illinois University Press, 2012.
RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível: estética e política. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2009.
ROAS, David. A ameaça do fantástico: aproximações teóricas. São Paulo: Unesp, 2014.
THOMPSON. E. P. Costumes em Comum. São Paulo, SP: Companhia das Letras,2013.
VALIM, Alexandre Busko. História e cinema. In: CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (org.). Novos Domínios da História.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. p. 283-300.