Este documento resume a trajetória acadêmica e profissional de Fabíola Paes de Almeida Tarapanoff. Ela realizou um doutorado em Comunicação na Universidade Metodista de São Paulo com foco nas representações do jornalista no cinema e como essas representações são apropriadas por futuros jornalistas. Seu trabalho analisou 50 filmes que retratam jornalistas e três obras especificamente usando a estrutura da jornada do herói.
A classe operaria vai para o inferno - Apresentacao_ENPOS_2023.pptx
Representações do jornalista no cinema
1. Fabíola Paes de Almeida Tarapanoff
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação
Doutorado - Área de Concentração: Processos Comunicacionais
Linha de Pesquisa:Comunicação Midiática nas Interações Sociais
Orientador: Prof. Dr. Laan Mendes de Barros
2. Visiting Graduate Researcher (VGR) na UCLA Spanish and
Portuguese
University of California, Los Angeles (UCLA)
Superv: Prof. PhD. Randal Johnson
Período: setembro a dezembro de 2013
Professor - Comunicação
(Cursos: Jornalismo, Relações Públicas e Rádio e TV)
FIAM-FAAM Centro Universitário (Faculdades Integradas Alcântara
Machado e Faculdade de Artes Alcântara Machado - desde 2011)
Doutorado em Comunicação
Área de Comunicação: Processos Comunicacionais
Linha de Pesquisa: Comunicação Midiática nas Interações Sociais
Universidade Metodista de São Paulo (UMESP)
Início: 2011 - Previsão de término: 2014
3. Título: Jornalistas no cinema: representações e apropriações
No contexto da comunicação midiática e suas mediações socioculturais, a tese traz
como proposta central uma análise das representações do jornalista no cinema e das
apropriações dessas narrativas por aqueles que desejam seguir a profissão no futuro.
O corpus da pesquisa é constituído por 50 filmes que apresentam jornalistas, sendo que
três foram analisados em profundidade, por apresentarem temas recorrentes e criarem
traços de mitologia sobre a profissão: A montanha dos sete abutres, Todos os homens do
presidente e Intrigas de Estado.
Os parâmetros metodológicos incluem: o levantamento bibliográfico, a análise em
profundidade, a exibição de obras, o debate e a aplicação de questionários.
A fundamentação teórica inclui autores como: Brian McNair, Roland Barthes, Cornelius
Castoriadis, Raymond Williams e Jesús Martín-Barbero.
Como objetivos específicos, busca-se: 1) realizar um panorama dos Journalism movies e
sua evolução, determinando tipos e temas recorrentes; 2) identificar a criação de
possíveis mitologias sobre o Jornalismo por meio do cinema; 3) identificar as sintonias e
as dissonâncias na forma como as imagens são apropriadas por estudantes de
Jornalismo, contribuindo na criação de um imaginário próprio sobre a profissão.
Palavras-chave: 1. Jornalismo. 2. Cinema. 3. Representações midiáticas. 4.
Apropriações culturais. 5.Teorias da recepção.
4. Pesquisa sobre as representações e apropriações do jornalista no cinema.
Duas grandes questões:
Quais as diferenças nas representações do jornalismo no cinema ao longo das
décadas?
Quais as sintonias e divergências em relação a essas representações e as
apropriações de produções cinematográficas pelos futuros jornalistas?
Problema: situar frente a frente a produção e a recepção cinematográfica
que traz como tema o jornalismo.
Identificar como o jornalista é retratado e quais imagens são recorrentes.
Hipótese: muitas obras cinematográficas trazem estereótipos do profissional
de imprensa, não retratando como é a profissão no cotidiano.
Muitas vezes o jornalista é mostrado como uma pessoa que convive com os
bastidores do poder e participa de festas, vivendo em um ambiente de
glamour, o que não condiz com a realidade.
No dia a dia, o profissional de imprensa precisa enfrentar o desafio de
produzir cada vez mais, devido à presença da internet, tendo à sua disposição
menos recursos econômicos e materiais.
5. Questões culturais: Raymond Williams, Terry
Eagleton e Douglas Kellner.
Apropriações culturais: Jesús Martín-Barbero,
Laan Mendes de Barros, Paul Ricouer e
Guillermo Orozco.
Mediações e midiatizações: José Luiz Braga
Representações: Carl Gustav Jung, Gilbert
Durand, Cornelius Castoriadis e Magali do
Nascimento Cunha.
A questão do mito: Roland Barthes, Umberto
Eco, Joseph Campbell, Christopher Vogler,
Monica Martinez e Edvaldo Pereira Lima.
Cinema e Journalism movies: Brian McNair, Edgar
Morin, Joe Saltzman, Christa Berger, Ismail
Xavier, Randal Johnson, Silvia Kratzer e Stella
Senra.
6. 1) Levantamento bibliográfico, com pesquisa documental de obras
cinematográficas e de livros e sites sobre o tema.
2) Panorama de 50 Journalism movies, com destaque para produções realizadas
a partir da década de 1930 nos Estados Unidos, divididas de acordo com
tipos e temas recorrentes.
3) Análise em profundidade - Estrutura da Jornada do herói de Christopher
Vogler e mitodológica de Ana Maria Portanova Barros, por meio da
mitocrítica e mitanálise.
As obras analisadas são:
A montanha dos sete abutres (EUA, 1951 – Direção: Billy Wilder),
Todos os homens do presidente (EUA, 1976 - Direção: Alan Pakula)
Intrigas de Estado (EUA/ING, 2009) - Direção: Kevin Macdonald.
4) Exibição de filmes para três turmas de alunos do segundo semestre de
Jornalismo – FIAM-FAAM Centro Universitário, discussão com debatedor
neutro e aplicação de questionários.
7. PARTE I – REPRESENTAÇÕES
CAPÍTULO I - Mitos contemporâneos -
Referenciais teóricos
CAPÍTULO II - Clássicos do gênero – Capítulo
panorâmico
CAPÍTULO III - Filmes em foco - Análise da
estrutura da Jornada do Herói e
mitodológica de filmes considerados
representativos
PARTE II – APROPRIAÇÕES
CAPÍTULO IV - A questão das apropriações
CONCLUSÕES – Representações e
apropriações
BIBLIOGRAFIA
ANEXOS
O jornalista no cinema brasileiro
8. Representações presentes do jornalista no cinema, quando apropriadas
pelos receptores: geram um imaginário próprio sobre a profissão, de como
será sua carreira no futuro/Ajudam na criação de estereótipos e imagens
sobre a carreira.
Problematizações:
O lugar da cultura na sociedade – Raymond Williams: Cultura
Cultura midiatizada – Douglas Kellner
Mediações e midiatizações - Jesús-Martín Barbero:Dos meios à mediação
Laan Mendes de Barros
Imaginário: um conceito - Cornelius Castoriadis, Gilbert Durand e
Magali do Nascimento Cunha
Imaginário e cinema - Edgar Morin – O cinema ou o homem imaginário
O lugar do mito no cinema - Roland Barthes – Mitologias
Cinema: veículo das representações que a sociedade faz de si mesma,
criando mitologias contemporâneas.
Edvaldo Pereira Lima: Cinema de Hollywood que foi utilizada a “Jornada
do Herói”, como maneira de estruturar as narrativas, conferindo um status de
arte que ultrapassassa o rótulo de entretenimento.
9. Representações do jornalista no cinema
Journalists in film: heroes and villains - Brian
McNair:
Journalism movies: variados tipos de filme sobre
jornalismo, que inclui uma enorme gama de
categorias.
Representações primárias sobre jornalistas e
jornalismo: obras que podem ser classificadas
como dramas, comédias românticas, biografias,
thrillers em que jornalismo e jornalistas são o
assunto principal.
Exemplo: Cidadão Kane.
Representações secundárias, em que os
jornalistas podem até ocupar papéis centrais na
trama, mas o jornalismo não é o assunto
principal da obra.
Exemplo: Tropa de Elite 2: o inimigo agora é outro.
10. Joe Saltzman - Projeto The Image of Journalist in Popular Culture
(IJPC) (2003) - Norman Lear Center, na Annenberg School for
Communication (USC): 8.500 itens, como DVDS, áudios e
livros sobre o assunto.
A imagem popular do jornalista: flutua entre o real e o
ficcional sem discriminação.
Clark Kent, Lois Lane, Carl Bernstein, Hunter S. Thompson,
Veronica Guerin são todos conhecidos pelo grande público,
mas alguns se esquecem que os dois primeiros só existem na
ficção.
A palavra jornalista surgiu em 1693: “alguém que ganha a vida
editando ou escrevendo para um jornal público ou jornais.”
Jornalista: não é só alguém envolvido na produção e impressão
de jornais. Tornou-se sinônimo de alguém que escreve
reportagens para qualquer tipo de mídia.
Ao longo dos séculos, o jornalista foi visto basicamente como
herói ou como vilão.
11. “O herói reflete os maiores desejos e sonhos da sociedade, enquanto o vilão
reflete os medos e pesadelos. O jornalista como herói e como vilão não é
exceção. Jornalistas heróis são pessoas com sua própria personalidade,
espíritos independentes, pessoas que ficam bravas diante da injustiça. (...)
O herói jornalista está convencido que no final, o triunfo do certo sobre o
errado justifica qualquer meio, não importa o custo moral ou ético que possa
ter. Eles acreditam nisso e abraçam o interesse público. Jornalistas sem honra
ou vilões são arrogantes e não possuem escrúpulos. (...) Eles não dão
importância para o interesse público, exceto para usá-lo para o seu próprio fim
egoísta” (SALTZMAN, 2002, p. 4 e 5).”
“Porque as imagens do jornalista que você vê em filmes e na televisão
influenciam a opinião do público sobre os meios de comunicação. Essas
imagens do jornalista, completas e com todos os clichês do mundo do jornal,
pode ser encontrado em centenas de romances e filmes mudos, nos primeiros
anos do século XX: o animado, o jornalista oportunista que faria tudo por uma
boa notícia, a mulher sarcástica tentando desesperadamente superar sua
competição masculina ou o editor cínico de um jornal da cidade grande,
empenhado em conseguir a história primeiro.”
Entrevista realizada em 26 de novembro de 2013.
12. Stella Senra - O último jornalista: o cinema tem proposto ao longo
de sua história um grande número de imagens referentes a
diferentes atividades profissionais, cada uma com sua prática
específica.
Christa Berger - Jornalismo no cinema
Identificou 785 filmes sobre o assunto.
Dessas obras, 536 foram produzidas nos Estados Unidos.
Berço do jornalismo, país criou o primeiro curso de jornalismo -
Universidade de Columbia.
1909: The power of press - primeiro Journalism movie, ainda mudo.
“Com sua vocação à heroicização dos personagens, o jornalista
encontra terreno fértil para se desenvolver como uma variável dos
dois heróis clássicos do cinema americano em que estas
características desabrocharam – o cowboy e o policial (que se
prolonga ou desdobra no detetive). Nos três, a marca é a atuação
individual, entendida como aço de sujeitos em que as qualidades
pessoais são ressaltadas” (Berger, 2002, p.17).
13. Silvia Kratzer:
Entrevista realizada em 20 de novembro de 2013 na
University of California, Los Angeles (UCLA)
“Porque existe uma ideia romântica. No Jornalismo você
tem de ser muito justo, saber se todos os fatos estão
corretos, mas na ficção você tem mais liberdade.
No Jornalismo tem a sua limitação e os filmes pode ir
além. É ficção, mas ainda mostra uma verdade que as
pessoas acreditam.
Todo mundo já viu filmes de Oliver Stone, como JFK,
Nixon e as pessoas às vezes acreditam mais nos filmes do
que no jornalismo.
Por outro lado eu acho que às vezes para mudar a verdade
você tem de se aproximar dela e filmes têm essa liberdade e
no Jornalismo não há essa possibilidade.”
14. Para Douglas Kellner, professor na University of California,
Los Angeles (UCLA).
Entrevista realizada em 4 de janeiro de 2014 no Los Angeles
County Museum (LACMA).
Hollywood é atraída por histórias de jornalistas porque:
“Jornalistas têm acesso a tudo: a assassinatos, escândalos
sexuais, casos de corrupção de empresários ou políticos, a tragédia
humana [...] Você tem todo o tipo de tema e de situação humana.”
Relação com o cinema noir:
“Há obras do gênero noir que podem ser consideradas jornalísticas,
cobrindo sobre crime e corrupção. No silêncio de uma cidade tem o
jornalista atuando como detetive. [...] E há o estereótipo do
jornalista como um boêmio e há a literatura pulp fiction.
Essa é outra razão porque Hollywood faz várias obras do gênero
noir e sobre detetives e jornalistas, porque há uma grande
quantidade de literatura pulp fiction que as pessoas costumavam ler.
15. Foram identificadas 50 obras do gênero newspaper
movies.
Representações recorrentes:
1) O ambicioso – Cidadão Kane
2) Boêmio/fracassado – A montanha dos sete abutres
3) Correspondente de guerra – Repórteres de guerra
4) Herói/Idealista – Todos os homens do presidente
5) Heroína – O preço da coragem.
Temas comuns:
1) O furo jornalístico – Scoop: o grande furo
2) Crítica à mídia/Questões ética – O quarto poder
3) Objetividade e interferência nos fatos – Blow-up,
depois daquele beijo
4) Oposição: jornalista novato x jornalista veterano
– Intrigas de Estado
5) Questão de gênero – Jejum de amor
16. Roland Barthes em Mitologias:
Mito é uma fala determinada pela história, uma
mensagem que pode ser oral, formada por escritas ou
por representações, como o cinema.
Joseph Campbell – O poder do mito: expressar aquilo
que não é facilmente reconhecível ou compreendido
por nós.
Arquétipo - Arché: primitivo
Typon: tipo
Carl Gustav Jung: Teoria dos Arquétipos – elementos
estruturais e formadores do inconsciente, dão origem
não só às fantasias do indivíduo, mas a mitos de um
povo.
Walter Lippmann – Opinião pública:
Estereótipos: pré-julgamentos, imagens congeladas
sobre grupo social, categoria profissional ou cultura.
17. Análise da Jornada do Herói e metodológica das obras:
A montanha dos sete abutres (The big carnival ou Ace in the hole, EUA, 1951 -
Direção: Billy Wilder)
Todos os homens do presidente (All the president’s men, EUA, 1976 - Direção: Alan
Pakula)
Intrigas de Estado (State of a play, EUA/ING, 2009) - Direção: Kevin
Macdonald.
Critérios: imagens representativas do profissional de imprensa, como a do
boêmio (A montanha dos sete abutres) e a do herói (Todos os homens do presidente).
Temas de análise sobre o fazer jornalístico e conflitos de interesse, além das
diferenças na forma de atuação entre o jornalista veterano, acostumado com
a mídia impressa e o novo repórter, especializado nas novas mídias digitais:
Intrigas de Estado.
Jornada do Herói - A jornada do escritor, de Christopher Vogler:
Primeiro ato: Mundo comum/Chamado à Aventura/Recusa do
chamado/Encontro com o mentor/Travessia do primeiro limiar;
Segundo ato: Testes, aliados e inimigos/Aproximação da caverna
oculta/Provação suprema e Recompensa;
Terceiro Ato: Caminho de volta/Ressurreição e Retorno com o elixir.
18. Gilbert Durand
Mitocrítica
Trata-se do recenseamento das imagens
simbólicas apresentadas em determinado
material cultural, tanto escrito quanto oral.
Análise dos mitemas: identificar metáforas
recorrentes, repetições metonímicas do mito,
que é objeto da narração geral que se estuda,
com o intuito de identificar como cada pequeno
fragmento reflete o todo (como na holografia).
Mitanálise
Passar dos textos aos contextos, ou seja, ver as
ressonâncias da sociedade e de um determinado
período histórico em uma determinada obra
artística, no caso, cinematográfica.
19. Dirigido por Billy Wilder, mostra a história do repórter Chuck
Tatum (Kirk Douglas), que após ser despedido, consegue
emprego em um pequeno jornal, o The Albuquerque Sun.
Ele se depara com uma história que pode mudar sua vida.
Joe Minosa vai até a conhecida “Montanha dos Sete
Abutres”, escavar em busca de artefatos indígenas.
Mas o desmoronamento deixa-o preso. Tatum se dispõe a
coordenar a operação de resgate de Minosa e procura fazer com
que a notícia renda ao máximo.
Mitocrítica:
Mitemas – jornalista boêmio e cínico, que se entrega aos vícios.
Femme fatale – Lorraine Minosa (Jan Sterling)
Mitanálise: um dos primeiros filmes que critica o papel da
mídia, que utiliza o sensacionalismo (criação de circo midiático).
20. Clássico do gênero Journalism movies, traz a reconstituição de uma das maiores
investigações jornalísticas de todos os tempos: o caso “Watergate” e
mostra como os repórteres do The Washington Post conseguem
desvendar os segredos no governo do presidente norte-americano
Richard Nixon. Mostra o trabalho de Carl Bernstein (Dustin Hoffman)
e Bob Woodward (Robert Redford) e como convenceram fontes a
fornecer informações para o caso. Realista, foi rodada na própria
redação do jornal The Washington Post, ideia de Redford.
Baseado no livro escrito pelos repórteres, recebeu 4 Oscars: Melhor Ator
Coadjuvante Melhor Direção de Arte, Melhor Som e Melhor Roteiro Adaptado.
Mitanálise: Mitemas sobre o jornalista – herói comprometido com o interesse
público e a verdade da notícia;
Oposição jornalista veterano e novato;
Mitificação da redação;
Cacoetes da profissão.
Mitocrítica: Eugënio Bucci – Todos os homens do presidente: redefiniu o lugar da
persona no pós-guerra – ganhadora do Pulitzer/Parâmetros para o jornalismo
investigativo, aumentou as matrículas nos EUA de estudantes em cursos de
Jornalismo.
21. O filme mostra o assassinato da assistente do congressista norte-
americano Stephen Collins (Ben Affleck) cotado pelo partido a disputar
a presidência do país. Abalado com a morte de Sonia Baker,
Stephen chora em um discurso público, levantando suspeitas de
que teria um relacionamento amoroso com ela.
O repórter veterano Cal McAffrey (Russel Crowe), do jornal
The Washington Globe, é designado por sua editora Cameron
Lynne (Helen Mirren) para investigar a história. Ele contará com
a ajuda da novata Della Frye (Rachel McAdams), responsável
pelo blog do jornal e por escrever notícias sobre celebridades.
Durante a investigação, descobrirão que o crime envolve outros
aspectos, como a conspiração de uma grande empresa que deseja
privatizar a segurança dos EUA.
Mitocrítica: Oposição entre jornalista veterano e jovem/Elogio ao
jornalista obstinado/Vida pessoal x profissional – Conflito de interesse.
Mitanálise: Homenagem a Todos os homens do presidente e ao jornalismo
investigativo.
Importância do jornalismo impresso em um mundo em que a internet
se faz cada vez mais presente.
22. Sintonias:
Determinação típica do bom repórter
em encontrar uma boa história;
Isso leva ao stress, conduzindo a vícios
como bebida (A montanha dos sete
abutres) e vida pessoal em segundo
plano (Todos os homens do presidente e
Intrigas de Estado).
Questão do fazer jornalístico e
valorização do jornalismo investigativo
– jornalista como detetive – filme noir;
Espaço físico: redação/cidade (urbano)
Jornalismo como Quarto
Poder/Mostram o lado sombrio da
política.
Dissonâncias:
Postura dos jornalistas:
A montanha dos sete abutres:
Charles Tatum (Kirk Douglas):
ambicioso, só pensa na própria carreira,
sendo responsável pela morte de Leo
Minosa.
Anti-herói com vícios: bebida e se
envolve com a mulher do homem preso
na mina.
Crítica ao jornalismo sensacionalista.
Todos os homens do presidente/Intrigas de
Estado: Jornalista como herói;
Oposição entre jornalista novato e
veterano.
Intrigas de Estado - Questão das novas
tecnologias.
23. As representações do jornalista no cinema, quando apropriadas
pelos receptores irão gerar seu imaginário sobre a profissão,
criando estereótipos e imagens sobre sua carreira.
Processo comunicativo e interativo - José Luiz Braga em
A sociedade enfrenta sua mídia:
“Desde as primeiras interações mediadas, a sociedade age e
produz não só com a mídia, mas devolve a ela resultados e
processos sobre seus produtos, redirecionando eles e
conferindo um sentido social” (Braga, 2006, p.22).
Randal Johnson - The field of cultural production (“O campo da
produção cultural”), de Pierre Bourdieu:
“The habitus is the result of a long process of inculcation,
beginning in early childhood. According to Bourdieu’s
definition, the dispositions represented by the habitus […] last
throughout an agent’s lifetime. […] They are ‘structured
structures’ in that they inevitably incorporate the objective
social conditions of their inculcation” (Johnson, 1993, p.5).
24. Exibição dos filmes a três turmas do segundo semestre de Jornalismo do FIAM-
FAAM Centro Universitário – campi Liberdade, Brigadeiro e Morumbi (manhã e
noite): A montanha dos sete abutres, Todos os homens do presidente e Intrigas de Estado.
Discussão conduzida por debatedor neutro;
Oportunidade de expor suas percepções sobre os filmes exibidos.
Preenchimento de questionário com questões abertas e fechadas, sobre alguns
tópicos, como:
Em sua opinião, com base na obra apresentada, como é a profissão de jornalista?
Qual a imagem do profissional presente na obra?
Em sua opinião, o filme é realista e busca apresentar de maneira real o dia a dia de
um profissional de imprensa? Ou acredita que a obra apresenta muitas
discrepâncias em relação à realidade? Quais?
Os debates foram realizados nos dias 26, 29 e 30 de abril de 2013 após a exibição
dos filmes mencionados para as turmas do segundo semestre de Jornalismo.
Somando as três turmas, foram respondidos 37 questionários.
25. Debates:
A montanha dos sete abutres:
Debatedor: Perguntas: “Até onde você está disposto a ir por uma boa história?”, “Notícia
boa é notícia ruim?”/Temas: circo midiático/papel do jornalista
Comentários:
Infelizmente as pessoas querem ver catástrofe. O jornalista é induzido a abordar a notícia de outra forma,
principalmente nesse meio. Notícia é notícia ruim. A gente tem de concordar que infelizmente é verdade.
Eu acho que o jornalista forma opinião, tanto para o bem quanto para mal. E ele não só persuade, conduz
a história.
Intrigas de Estado:
Debatedor: Temas - sensacionalismo, conflito de interesses, critérios de noticiabilidade,
questões de gênero e obras exibidas em sala de aula.
Ele manteve a ética jornalística na apuração, mas em relação ao amigo ele foi parcial.
Não existe a possibilidade de deixar aquilo passar, se não começa a esfriar. Tudo é publicado conforme
critérios de noticiabilidade, tanto no impresso como no online.
No jornalismo investigativo demoram meses para chegar a um resultado. E esse tipo de reportagem pode não
ser divulgado, se apresentar algum conflito e interferir em questões econômicas.
Quando uma notícia envolve o nome de uma empresa, mesmo se o repórter conseguir descobrir fatos
importantes, não pode divulgar pela questão do patrocínio.
26. Todos os homens do presidente:
Debatedor: Temas - atuação do repórter na área de jornalismo investigativo, fazer
jornalístico, oposição entre repórter veterano e novato e atualidades.
Comentários dos alunos:
Jornalismo investigativo é teoria, montar um cenário e ir atrás da informação, juntando as peças. São
pessoas se arriscam. É interessante para ver como é o trabalho de um jornalista porque é baseado em
fatos reais.
Parece que o mais experiente nunca tinha feito nada grandioso e impactante.
Já o mais novo procura seu auxílio, pois vê que sozinho não ia conseguir nada
É preciso ver até onde vão seus princípios. O jornalista deve ficar o mais distante possível de qualquer
preconceito. O jornalista tem um cargo de interesse público e deve ser ético.
O filme só tem duas horas, mas na realidade eles demoraram meses para analisar e escrever suas
reportagens.
Análise dos debates: Mediações situacionais – Guillermo Orozco – interferência do
ambiente de sala de aula, presença da professora e dos colegas.
Percepção do contexto histórico e cultural de cada obra – comparação com a
realidade brasileira (temas atuais);
Percepção do que é ficção e realidade.
27. Questionários:
A maioria considerou os filmes “Muito bons”. Entre as justificativas por considerar o
filme “Excelente” os alunos citaram que é interessante por mostrar como investigar
um caso:
Retrata o dia a dia de um jornalista, mostrando assim interesses públicos e corrupção, mencionados
em grande parte do filme.
Quanto à maneira como o jornalista é apresentado:
O filme mostra o jornalista como um profissional ativo e que corre atrás do que quer e com uma
função pública importantíssima.
Acredito que a vertente investigativa tenha sido mostrada veementemente em sua rotina. No entanto,
há outras vertentes jornalísticas que não exigem uma averiguação tão plena de provas – o que não
quer dizer que não haja mesma dedicação.
A maior parte dos que responderam os questionários considera o dia a dia do
jornalista igual ao mostrado no filme:
Acredito que seja bem parecido, mas principalmente no processo onde é encontrado um fato, é
apurado, é transformado em história e maior dificuldade é respeitar os critérios de noticiabilidade e a
atenção de interesses para a publicação da reportagem.
28. Questionários:
Filmes sobre jornalismo mais citados: O diário de um jornalista bêbado e
O diabo veste Prada. Obras recentes e estrelas de Hollywood queridas
pelos jovens: Johny Depp e Anne Hathaway:
Como Paul Kemp, em O diário do jornalista bêbado, com sua ética.
Em O diabo veste Prada a jornalista principal começa sendo humilhada e
depois cresce na carreira e passa a ser admirada.
Imagem mais fiel à realidade: Intrigas de Estado e O informante:
O informante é mais parecido com os meios jornalísticos de hoje.
Quando perguntados se queriam ser como um jornalista de uma obra
cinematográfica: estilo próprio.
Escolha da profissão: O que me interessa são histórias reais, a
possibilidade de lutar pela verdade e ser fiel à população, que merece
saber.
Força da televisão no país: Jornalista mais citado, William Bonner: por sua
sólida carreira e credibilidade, além de Juca Kfouri, Sandra Annemberg, Jô
Soares e Marília Gabriela.
CQC - do gênero infotainment (jornalismo e entretenimento).
29. Cinema: termômetro das grandes mudanças da sociedade.
É visível como mudou a imagem dos jornalistas ao longo das décadas, de uma figura
mais romântica para mais pragmática, mas ainda comprometido com seus ideiais.
Contexto histórico e social: repórter como testemunha ocular da sociedade,
jornalismo como Quarto Poder crítica ao jornalismo sensacionalista e ao circo
midiático, inserção da mulher no mercado de trabalho e novas tecnologias.
Estudantes de jornalismo: Processos de apropriação são construídos a partir de mitos
e imaginários, mas segue a lógica da realidade/Influência do ambiente de sala de aula;
Perfil específico do estudante de Jornalismo dentro da Comunicação: bem-
informados, politizados e com muitas referências culturais.
Cinema não é responsável pela escolha da profissão: aptidão e função social da
profissão. Influência da TV é mais visível.
Boa percepção da realidade da profissão. Mas impressão de rápida ascensão na
carreira e conquista de cargos com destaque como apresentador de TV e colunista em
revista.
Citação de apresentadores de talk-shows e CQC: jornalismo é forma de alcançar a fama
e tornar-se uma celebridade.
Cinema atua como incentivador diante das dificuldades presentes na profissão.
30. Cínico, idealista, boêmio, pragmático.
O jornalista já foi retratado de todas essas
formas no cinema brasileiro.
Nelson Rodrigues: temas polêmicos e violência -
crítica à mídia - Beijo no asfalto (1980), de Bruno
Barreto.
“Cinema Novo”: Influência do Neorealismo italiano,
baixos custos e aborda sobre a
opressão dos pobres por políticos
poderosos/Realidade brasileira e cinema de
autor - O desafio (1965), de Paulo Cezar Saraceni.
Terra em Transe (1967)- Glauber Rocha: “Um filme
que não deixe sua criatividade estética desaparecer em
nome da política comercial e do imediatismo.”
Filmes recentes – Maior aproximação com a
realidade: Doces poderes (1997), de Lúcia Murat, Cidade
de Deus (2002), de Fernando Meirelles e Tropa de Elite
2: o inimigo agora é outro (2010), de José Padilha.
31. AUMONT, Jacques et al. A estética do filme. Campinas, SP: Papirus, 1995. 3ª edição.
BARROS, Laan Mendes de. Discursos midiáticos: representações e apropriações culturais. São Bernardo do Campo (SP): Editora da Universidade Metodista de São
Paulo (UMESP), 2011.
BERGER, Christa. Jornalismo no cinema. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2002.
BRAGA, José Luiz Braga. A sociedade enfrenta sua mídia: dispositivos sociais de crítica midiática. São Paulo: Paulus, 2006.
BERGER, Christa. Jornalismo no cinema. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2002.
CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. São Paulo: Palas Athenas, 2007.
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WILLIAMS, Raymond. Cultura. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1992.
Sites:
IMDB (imagens filmes/informações/vídeos)
Tempo Glauber - http://www.tempoglauber.com.br/Ingles/principalig/indexB.htm
SALTZMAN, Joe. “Analyzing the Images of the Journalists in Popular Culture: a Unique Method of Studying the Public’s Perception of Its Journalism and the News
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Disponível no endereço eletrônico: http://ijpc.org/uploads/files/AEJMC%20Paper%20San%20Antonio%20Saltzman%202005.pdf
Acesso em: 7.nov.2013.