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Imagens, Cinema e Poder:
A perspectiva do
horror cinematográfico pela lente da classe
trabalhadora (1968-2020)
Gilson Moura Henrique Junior
Doutorando em História PPGH-UFPEL
O Horror antes da Modernidade
 O medo antes das luzes
 A produção da imagem do medo
 O Horror que nasce com as novas cidades
 Bosch ( c. 1450 — 9 de Agosto de 1516)
 Goya (Fuendetodos, 30 de março de 1746 –
Bordeaux, 16 de abril de 1828)
 Doré(Estrasburgo, 6 de janeiro de 1832 —
O Horror antes da Modernidade
∞ Por que Horror e não Terror? Porque Terror é um conceito que elabora a perspectiva
da ação política e da violência para causar medo, e mesmo como conceito para
definir a ficcionalidade se fixa melhor como definidor da produção do medo a partir da
concretude, sem choque com o horizonte de expectativa do leitor/expectador.
∞ Conceito de Horror: O Horror para a investigação histórica é um elemento de
concentração das representações do medo na ficção, um apanhado de longa duração
a respeito das formas pelas quais a humanidade dava a seus temores faces
monstruosas e repulsivas.
∞ A formação do Horror como gênero se dá em movimento similar à formação da
Classe, no sentido em que estabelece uma linguagem e um conjunto de cânones,
manifestações artísticas e de estilos a partir de um conjunto de situações sistêmicas,
transformações culturais, linhas de compreensão do mundo e das noções relativas
aos processos de crença.
O Horror antes da Modernidade
∞ O Horror ergue-se sobre a perspectiva de uma provocação de experiências que
povoam o espectador e leitor de uma relação emocional de repugnância, impureza e
de temor, onde o personagem e o observador mantém um laço de repulsa ao objeto
causador do terror (CARROLL, 1999, p.76).
∞ O Horror “pretende inspirar um sentimento de medo e pavor misturado com repulsa”
(CARDIN,2017,p.26).
∞ O Horror só é possível por uma série de fatores que unem a consolidação do
conceito de Sabá e da feitiçaria (GINZBURG,2021) com o controle da imaginação
investigativa(BRAGA, 2020) e com a separação entre o natural e o sobrenatural no
horizonte de expectativa do leitor, produzindo o choque entre ambos o elemento
fundamental de sua forma definitiva de produção (ROAS,2014).
O Horror antes da Modernidade
∞ Bosch, Goya e Doré são produtores das representações do medo medievo, da
transição e do choque da Modernidade
∞ A imagem representativa do medo avança sobre a longa duração da produção
imagética que deságua no Horror.
∞ Os medos do mar, do outro, do mal, do próximo e do distante, habitavam e habitam o
cotidiano das comunidades, mas sua divisão entre o ficcional e o real não.
∞ A produção de representação visual do medo acompanha o processo de paulatina
revolução na forma como as sociedades passam a construir novas formas de pensar
sua realidade, e com ela seus temores.
Goya O sono da razão produz
monstros
∞ A visualidade do Horror, traduzida na longa duração por artistas como Goya, Bosch
e Doré, partem da representação da perspectiva do sobrenaturla como parte do
cotidiano, ou um absurdo que devora o dia a dia, para uma produção racional a
respeito do bem, do mal, do céu e do inferno.
∞ Bosch produz uma perspectiva representativa do medievo, com sua forma de
visualizar o juízo final, o inferno e o céu a partir de uma logica que define de forma
inovadora oque não se vê, mas se crê. A imaginação liberta um sentido de
perceber o que não é natural como uma subversão, porém uma subversão que
cabe onde o reino dos homens encontra sue limite,
∞ A crítica à razão, contida em Goya, se torna uma perspectiva racional e técnica da
produção da visualidade por Doré.
∞ Não é a toa que os três são até hoje referências visuais para filmes, quadrinhos e
outras representações visuais do Horror.
Do Castelo de Otranto ao Príincipe
dos Vampiros
 O Horror nasce
 Horror e choque de civilizações
O Horror nasce
∞ Por que o Horror nasce?
∞ A perspectiva do medo transforma-se no Horror quando o natural e o sobrenatural
passam a ocupar campos diferenciados de pensamento.
∞ O Horror nasce com o gênero literário e quando a perspectiva do controle da
imaginação investigativa organiza também o mundo de forma quse taxonômic,a criando
espaços definidos para cada elemento do real, diferenciando real de irreal, natural de
sobrenatural,etc.
∞ A trajetória da representação do medo é um caminho que permeou medos históricos
de revoluções, do mar, do outro e alimentaram crenças, mitos e ideologias. O diálogo
permanente com o medo é uma singularidade dos indivíduos e das próprias civilizações
(DELUMEAU,2009,p.12).
∞ O Horror, portanto, nasce quando o medo torna-se um processo que separa o medo
do natural do medo do sobrenatural
∞ Horror é quando o medo passa a habitar na ficção, com uma forma diferente do medo
do mundo real.
Horror e choque de civilizações
∞ O caminho produzido pela perseguição promovida pelo Estado e pela Igreja,
construíram a partir do trabalho homens cultos como os inquisidores e demonólogos, o
edifício de um “bizarro, porém coerente, sistema intelectual” a partir da “desorganizada
credulidade camponesa” (GINZBURG, 2012, p.12).
∞ A perspectiva demonológica sobre estes culto organizado teve mudanças na
perspectiva a respeito do Diabo, cujas interpretações a respeito de seus poderes mudou
de atrelar a ele grandes poderes, no século XIII, ou que limitavam o Diabo a agir apenas
dentro dos limites que lhe permitia a Natureza, ao longo do século XVII. A bruxaria
demoníaca fazia sentido em um mundo organizado em uma ideia de contrariedade, de
oposição e inversão, em que Deus e o Diabo eram opostos perfeitos e a bruxaria tinha
a aparência de uma religião própria, mas era uma religião pervertida (BRAGA,
2020,p.60).
Horror e choque de civilizações
∞ Esse sistema de conhecimento fez-se base de uma produção metodológica que se
não era reconhecida ou reconhecia a si mesma como ciência, não apenas reivindicava o
estatuto da racionalidade, mas agia para um desencantamento do mundo, a dissolução
dos mitos e a substituição da imaginação pelo saber, como podemos definir a prática
transformativa do Iluminismo (BRAGA, 2020, p.33).
∞ A produção do sistema de conhecimento que possibilitou o conhecimento de uma
miríade de fenômenos, mitos e crenças não cristãs, os portadores da herança dessa
sistematização que grassam pela produção dos limites do natural permitiram uma gama
de sensibilidades partilhadas, politicamente representativas das muitas diferentes formas
de ver o mundo. Este sensível partilhado é testemunha de “tempos e espaços, do visível
e do invisível, da palavra e do ruído que define ao mesmo tempo o lugar e o que está em
jogo na política como forma de experiência" (RANCIÉRE, 2020, p.16).
Horror e choque de civilizações
∞ Os estudos a respeito dos vampiros no século XVIII atenderam também ao desejo de
estabelecer uma definição conceitual e estabelecimento de diferenças entre o que era
natural, sobrenatural e o preternatural (BRAGA, 2020, p.54). Também podemos dizer que
neste período a produção de fora da Igreja acabou interferindo na busca desta de ser a
mediadora das relações entre as pessoas e o Sobrenatural (BRAGA, 2020, p.55).
∞ Este sistema de pensamento caminha lado a lado com o avanço do Capitalismo, e a
produção literária participa desa aventura e como se constrói uma perspectiva que dá ao
Capital o protagonismo da interferência em outras culturas que assombrará leitores na
longa noite da literatura de Horror (com uma diversidade de formas que chegará
transformada no século XXI).
∞ A civilização avança sobre as trevas com sua tocha, expondo horrores, sendo
questionada sobre como as novas formas de ver o mundo invadiam terrenos físicos ou
simbólicos e libertaram monstros gestados nos sonhos da razão, e durante a conquista
da Terra percebe que esta “na maioria das vezes significa tomá-la daqueles que têm
compleição diferente ou narizes mais achatados que o nosso” (CONRAD, 2021, p.30).
Horror e choque de civilizações
∞ A respeito dos canibais Tupinambá: “podemos muito bem chamá-los de bárbaros com
relação às regras da razão,mas não com relação a nós, que os ultrapassamos em toda
espécie de barbárie”. O horror está sempre à espreita. A civilização é apenas uma tocha
que ilumina por um segundo a ordem normal das trevas ( MONTAIGNE apud
RAVIERE,2021,p.21).
∞ A Idade Média foi símbolo do medo do declínio da sociedade industrial ou da nostalgia
de uma sociedade não contaminada, foi recorrente no século XX e retoma no início do
século XXI, em uma contrapartida à ideologia que tinha como “inevitável e benéfico o
progresso tecnológico”. Essa ideologia tinha no Frankenstein de Mary Shelley uma das
primeiras obras que lhe faziam oposição.
∞ Shelley reaparece como referência objetiva ou subjetiva das produções que inauguram
debates sobre a civilização, sues limites e as perspectivas apocalípticas.
∞ Também dialoga com autores como Setphen King ou antes Lovecraft e sua vincuação
entre horror cósmico e a ciência, seja em “Revival” de King ou ““Herbert West –
Reanimator” de Lovecraft,
Cartun de John Bull (Inglaterra) como
um polvo imperial com os braços (co
as mãos) em - ou pensando estar em
várias regiões(1888). Fonte:
Wikimedia.
John Bull é uma personificação
nacional do Reino da Grã-Bretanha
criada pelo Dr. John Arbuthnot em
1712 - Fonte: Wikipedia
The sleeping sickness
Ross, Gordon, 1873-1946,
Fonte: Wikimedia.
From the Cape to Cairo
Keppler, Udo J., 1872-1956,
Fonte: Wikimedia.
De Nosferatu ao Vampiro da Noite
O Médico, o Monstro, o Lobisomem e
assassino
O Vampiro e o outro: Drácula e o mais
cinematográfico vampiro,Nosferatu e o
Horror mudo,O Vampiro de Lugosi e a
marcante representação do Conde
O medico,o monstro,O Lobisomem
e o Assassino
∞ O lobo com animal satânico era parte do trabalho de demonologistas que desertaram
sobre a licantropia e permearam processos da inquisição com base na sustentação para
acusações de canibalismo que levaram à condenação de feiticeiros. Xingar alguém de
lobisomem era uma ofensa séria em Luxemburgo no final do século XVII (DELUMEAU,
2009, p.104).
∞ Apesar de relatos como o de Thiess, lobisomem confesso que viveu em Jürgensburg,
na Livônia em 1692, que pôs em xeque a perspectiva destes seres como inimigos ṕor
combaterem demônios e feiticeiras para proteger a colheita (GINZBURG, 2012,p. 164).
∞ O estereótipo do lobisomem como devorador de rebanhos e crianças foi
estabelecendo-se a partir das ações da mesa inquisição que no mesmo período
consegue cristalizar a imagem hostil da bruxa (GINZBURG, 2012,p. 166).
O medico,o monstro,O Lobisomem
e o Assassino
∞ Lobisomens passam e ser percebidos como arquétipos conhecidos do assassino e
da domínio do homem por sua face animal e brutal, represetada na literatura por Hyde, o
mosntro no qual se transfoorma o bom médico Jeckyl (KING, 2012, p.68).
∞ O médico e o monstro produzem uma representação visual que paulatinamente torna-
se novamente o licantropo clássico em produçẽos cmo “O Lobisomem” (1941), mas
também ocupam as telas e HQs como asassinos bem hmanos, embora por vezes
transformados em máquinas de matar como Michael Myers de “Halloween” (1978) ou
Jason da da franquia “Sexta-Feira 13”.
∞ Myers é desumanizado no roteiro original de Carpenter, seu sobrenome é oitido na
maior parte do filme e ele é descrito como “A Forma”, e um de seus principais
antagonistas, o Doutor Samuel Loomis, só se refere a ele como “isso” ou “ele”
(MCNEILL; MULLINS, 2021, p.18).
∞ Ao contrário da Forma, o lobisomem de Hitchcock engana o expectador, oculta-se o
lobisomem sob a forma de um homem normal, patético até,
∞ Normam Bates é Hitchcock trazendo “o mito do Lobisomem para dentro de casa. Não
se trata de um mal externo ou predestinação; a culpa não está nas estrelas, mas em nós
mesmos (KING,2012,p.75).
∞ O arquétipo do homem-lobo faz eco à constante transformação imagética da
percepção do homem e de sua natureza. Quando o homem-lobo nasce na tela, sua
transformação é uma maldição. Quando a crise da perspectiva da razão coo soberana
alcança a ficção, Hyde volta a ser a parte do homem normal que deixamos de laod e
preferimos não enxergar.
∞ O Norman bates de Anthony Perkins dialoga com Mr. Hyde de Spencer Tracy da
adpatação de “O Médico e o Monstro” de 1941. A diferença é que a poção de Bates é a
própria psiquê. A aparência de normalidade de Hyde, cuja crueldade não lhe deforma as
faces, se assemelha à forma como Bates oculta-se na mae como assassina, abraçando
a “normalidade” aparente.
O medico,o monstro,O Lobisomem
e o Assassino
O medico,o monstro,O Lobisomem
e o Assassino
Lobisomem, ilustração de
cerca de 1512. Autoria
descnhecida. Gotha, Museu
Ducal (Museu do Estado).
Fonte: Wikimedia.
Representação alemã de um lobisomem, 1722. Fonte: Wikimedia.
Gravura da Besta de
Gévaudan devorando
uma mulher. A
legenda original
afirma 'Uma
representação exata
da BESTA
SELVAGEM agora na
França, no ato de
devorar uma jovem
mulher (1765). Fonte:
Wikimedia.
Desenho de um
lobisomem na
floresta à noite.
Ilustração principal
da história "Os Uivos
do Lobisomem".
Ilustração interna da
revista pulp Weird
Tales (novembro de
1941, vol. 36, no. 2,
página 38).
Font: Wikimedia
Foto promocional de
Lon Channey Jr
caracterizado como
o lobisomem
ptrogagonista do
filme The Wolf-man,
da universl Pictures,
de 1941.
Font: Wikimedia
Um Lobisomem americano em Londres,
1981
Fonte: Adoro cinema, Ultraverso, Boca
do inferno, Feededigno.
John Barrymore como Doutor Jeckyl e Mr Hyde na produção “O
medico e o monstro” (1920), filme mudo de John S. Robertson
Fonte: Pipoca 3D
Fredric March como Doutor Jeckyl e Mr Hyde na produção que
lhe rendeu o Óscar “O medico e o monstro” (1932), filme de
Rouben Mamoulian
Fonte: Boca do Inferno
Spencer Tracy como Doutor Jeckyl e Mr Hyde
na produção “O medico e o monstro” (1941),
filme de Victor Flemming
Fonte: Magia do Real
Ralph Bates como Doutor Jeckyl e Martine Beswick como Sister Hyde na
produção “Doutor Jeckyl e sister Hyde” (1972), filme de Roy Ward Baker
Fonte: Britsh Horror Films
Norman Bates e sua mãe em “Psicose” (960) de Alfred
Hitchcock.
Fonte: Cineset
“A forma”, Michael Myers em “Hallowee” (1978) de John
Carpenter.
Fonte: The Shape of horror
O Vampiro e o outro
∞“O Vampiro” (1819), “Carmilla’ (1872), (1887), Drácula(1897) e a publicação “Varney, o
vampiro”(1845–1847) produzme uma compilação e sistematização de inúmeras criaturas
miticas dos povos germânicos e eslavos, como upyr, vampyr, vurdalaque, entre outros e
constroemum personagem único, o vampiro, com uma abordagem que invariavelmente
personifica o invasor, o exótico, o alienígena, que se insere nas casas e nas cidades
“civilizadas” e corrompem jovens, em especial mulheres, e fomentam o medo, sugando a
vitalidade, o sangue, e envenenando pela sedução, aqueles e aquelas que são o futuro.
∞O Vampiro era um personagem muito popular para o leitor do seculo XIX, espcialmente
no mercado inglês. Esta popularidade, vinha de um apelo que atraia leitores de classe
média e trabalhadora, e apresentavam nos romances e histórias de “vampiros
aristocráticos “corruptos” e podem ser vistos dramatizando lutas de classes do
século”(CORSTORPHINE; KREMMEL, 2018,p.173).
O Vampiro e o outro
∞A construção do Horror como gênero teve em “Drácula” de Bram Stoker, publicado em
1897, a contribuição a partir da reunião, organização e teorização do saber
vampirológico, criando um ente que unia as diversas formas de representação de
mortos-vivos sugadores de sangue em uma só espécie representada em um
personagem (LECOUTEUX, 2005).
∞Esse vampiro aristrocrático, presente desde a primeira obra de Polidori, muda muito
pouco na maior parte dos séculos XIX e XX, se modernizando a ponto de deixar as
montanhas da transilvânia e desfilar pelos subúrbios estadunidenses em “A hora do
espanto” (1986) ou em um western sobrenatural ultra violento como em “Vampiros”
(1998) de John Carpenter, invadindo nossa realidade, juntando o medo do sedutor que
nos viola com o dos monstros cotidianos que ameaçam nossas vidas pelas estradas.
∞No século XXI a imagem dos vampiros muda com os vampiros animalescos da HQ
depois adaptada para o cinema “30 dias de noite” e com os vampiros adolescentes e
especialmente mais românticos que horríveis da série de livros e filmes “Crepúsculo”.
Capas das publicações conhecidas como Penny Dreadful
The Vampire (1897) by
Philip Burne-Jones. Fonte
Wikimedia.
Gravura no frontispício do livro "Histoire des vampiros et
des spectres malfaisans: avec un exam du vampirisme"
Publicado por Masson, Paris 1820 por Collin de Plancy.
Fonte: Wikimedia.
Capa da primeira edição
francesa do romance Drácula, de
Bram Stoker. O Homem da Noite,
Paris, edição ilustrada francesa,
coleção literária de romances
estrangeiros.
Ilustração de Pierre Falké. Fonte:
Wikimedia.
Max Schreck em uma foto
promotiona para o filme
“Noesferatu: uma sinfonia de
Horror” (1922) de F. W.
Murnau.
Fonte: Wikipedia.
Bela Lugosi como Drácula, foto
produzida para a Universal para
o filme “Drácula” de 1931. Fonte:
Wikimedia.
Christopher Lee como Drácula, fotograma da produção “Drácula, o vampiro da
noite” (1958) de Terence fischer. Fonte: Wikimedia.
Chris Sarandon como Jerry Dandrige e Amanda Bearse como Amy, fotogramas
da produção “A hora do Espanto” (1985) de Tom Holland. Fonte: Boca do inferno.
Thomas Ian Griffith como Jan Valek, fotograma da produção “Vampiros de John
Carpenter” (1998) de John Carpenter. Fonte: Wikipedia.
Vampiro em 30 dias de noite (2007). Fonte: Cinepop
Frankenstein e o Prometeu Moderno : a
ciencia em xeque.
∞ O Horror de Mary Shelley (1797-1851) discutia os limites da racionalidade e da ciência
na substituição do divino. A Europa assistia um avanço do capitalismo a todo vapor,
movendo tradições, religiosidades e compreensões do tempo para o abrigo de uma
natureza ordenada segundo preceitos definidos pelo paradigma da ciência. Enquanto
isso, Shelley (1818) discutia a produção da ciência como um Prometeu Moderno,
acorrentado na montanha de sua própria inadequação diante do velho mundo que o
criou.
∞Este clássico do Horror apontava a intersecção entre a racionalidade e a loucura.
∞Ainda abordava a figura do duplo, do narcisismo sendo exposto por uma metade feia,
monstruosa, violenta.
∞O tropo narrativo de Frankenstein serve para que nasça “A Múmia” de Jane Webb
Loudon (1827), onde a eletricidade é usada para ressuscitar a múmia do faraó Quéops
(CORSTORPHINE; KREMMEL, 2018,p.173).
Frankenstein e o Prometeu Moderno : a
ciencia em xeque.
∞ Nas palavras de George Romero: “Sempre tenho a imagem de A Noiva de
Frankenstein: do monstro sentado com o homenzinho cego. Você tem que ser simpático
com as criaturas porque eles não estão fazendo nada. Eles são como tubarões: eles não
podem deixar de se comportar dessa maneira” (WILLIAMS,2015, p.108).
∞A construção de Frankestein antecipa e funda a representação da coisa inominável e
põe o primeiro grande eemento contemporâneo no Horror, nas palavras de Stephen
King: “Frankenstein é, na verdade, menos gótico e mais moderno do que Os mortos-
vivos) —, são todos livros nos quais, no fim das contas, o passado se torna mais
importante que o presente”. (KING,2012, p.227).
∞Frankenstein e um ser do tempo presente, que dialoga com questões que não existiam
antes, foge da magia do golem, constrói-se na eletricidade e do progresso.
Frankenstein e o Prometeu Moderno : a
ciencia em xeque.
∞ A construção de Frankenstein se repete com o smosntros que habitam o medo na Era
Atômica.
∞Aranhas gigantes, homens que derretem, infecções alienígenas, troca de corpos, o
duplo alienigena, todos são formentados e fundados no discurso organizaod a partir de
Frankenstein.
∞Reanimator, criação de Lovecraft ou o padre de “Revival” de Stephen King são amis do
que tributos, são atualizações a cada tempo da crítica de Shelley da energia elétrica e da
ciência trazer os mortos de volta.
∞Só depois de Frankenstein poderíamos ter os zumbis de Romero.
O monstro de Frankenstein na película “Frankenstein” (1910). Fonte: Wikipedia
“Frankenstein” (1931). Fonte: Boca do Inferno
Doutor Frankenstein e o monstro em “A Maldição de Frankenstein”
(1957). Fonte: Gods of the Hammer films
Doutor Frankenstein e o monstro em “Frankenstein, o Monstro das Trevas
“(1990) de Roger Corman. Fonte: A tela do aventurar
O monstro em “Frankenstein de Mary Shelley “(1994) de Kenneth Branagh.
Fonte: Darkblog
O monstro em “Frankenstein” (2015) Fonte: Darkblog
O monstro em “Penny Dreadful” (2014-2016) Fonte: Darkblog
Zumbis revolucionados
 O zumbi com a marca do racismo
 Mortos-vivos e passado que vem nos devorar
O zumbi com a marca do racismo
∞ Embora o conceito de filme de Horror só chegue a ser popularizado nos anos 1930, há
elementos de Horror em clássicos do cinema como “O nsscimento de uma nação”
(1915) de D.W. Griffith, cujo roteiro foi baseado em livros pró-supremacia branca
(COLEMAN, 2019. p.65).
∞No filme de Griffith os negros são os lobos e trazem tambem a marca do canibaçismo
(COLEMAN, 2019. p.67).
∞No filme há uma sequência infame onde o personagem Gus, um negro representado
por um ator branco usando black face, persegue uma menina branca com intenções
explícitas de abuso sexual. Gus aparece como um monstro que antecipa a filmagem de
Frankenstein. Embora a diferença entre a realização do filme de Griffith e “Frankenstein”
de 1931 seja de quinze anos, é evidente a similaridade entre os dois filmes na
sequência de gus e do Monstro seguindo a menina(COLEMAN, 2019. p.71).
∞A questão e que Gus não tem a representação humanizada pela lente d diretor em sua
sequência
O zumbi com a marca do racismo
∞ O Haiti aparece na cinematografia de Horror trazendo o mito do zumbi como parte que
aterroriza as plateias, quase que como uma referência tangencial ao horror que sua
independência causou nas metrópoles coloniais e no espírito estadunidense.
∞Depos da independência, franceses, haitianos e escravizados saíram da ilha e
passaram a residir em Nova Orleans, com eles levaram elementos para a produção de
mitos sobre o Caribe, que veio a ser visto como “um luar fatal e promiscuo” (COLEMAN,
2019. p.104).
∞Depois da ocupação americana do Haiti de (1915 - 1932), a saíde da marinha em 1932
coincidiu com o primeiro filme de Horror inspirado no Vodu: “Zumbi Branco” (1932).
∞Nesse filme a representação da religião afro-caribenha é repleta de exotismos como a
presença de cobras, trilha sonora arrepiante associada a negros, com tambores e
chamas, criando o estereótipo e clichê dos rituais malignos (COLEMAN, 2019. p.105).
∞A representação do zumbi como um monstro que foge da perspectiva de representação
racista só é alterada com “A noite dos mortos-vivos” (1968) de George Romero.
Mortos-vivos e passado que vem nos devorar
 A exploração pelo Horror das ansiedades culturais e as tensões sociais de cada
época, projeta alegoricamente os medos reais no espaço controlado do cinema,
fazem de monstros como os da Universal (Drácula, Frankenstein, Lobisomem),
ressonâncias dos medos existentes na Grande Depressão, assim como alienígenas
e criaturas do espaço ou aranhas gigantes ressoavam os medos do início da
Guerra Fria (PHILLIPS, 2012).
 A obra “Vampiros de almas” (1956) representou na cidade de Santa Mira, os
medos da América branca diante das ameaças que a guerra (atômica ou Fria), o
comunismo e a integração racial traziam nas páginas dos jornais (COLEMAN,
2019).
 Nos ciclos da Hammer e da Universal vimos uma perspectiva de horror que
entendia a realidade a partir das traduções de elite estadunidense e britânica,
mesmo as produções consumidas pela classe trabalhadora, e representavam
medos sociais a partir deste olhar, agindo como barômetros sociais pela
perspectiva da elite (CONRICH, 2010,p.3).
Mortos-vivos e passado que vem nos devorar
 As perspectivas hegemônicas das elites estadunidense e britânica e com ela vinha
uma perspectiva da classe trabalhadora como acessória e a própria curiosidade
sobre o espiritual e aterrorizante como algo relativo à “classe mais fraca’ ou
“weaker class”(PHILIPS, 2018,p.34).
 Os representantes da classe trabalhadora reforçam uma perspectiva pejorativa, de
vilões degenerados, como o caso dos assassinos Burke and Hare que inspiraram a
obra “O Ladrão de Cadáveres” de Robert Louis Stevenson, adaptada para o
cinema pela RKO nos Estados Unidos em 1945 e pela inglesa Tempean Films em
1960.
 A perspectiva da elite excluía a ideia da classe trabalhadora participante dos
filmes, e dos processos sociais, e isso também se refletia na perspectiva da
negritude.
Mortos-vivos e passado que vem nos devorar
∞A construção do Horror gótico no cinema continha, até a explosão de zumbis nas telas
dos cinemas em 1968, quando estreou “A Noite dos Mortos-vivos”, a dominação de uma
ideia de representação de classe, gênero e raça onde o humano o inumano incluíam até
aliados dos grandes heróis aristocrático na condição de coisa, ou de ferramentas, a
reificação de classe e do outro era o motor do Horror gótico.
∞Há um apocalipse zumbi e nós temos um pequeno grupo de pessoas que convergem
para uma cabana para sobreviver. Tem um protagonista negro que é Duane Jones [que
diz a um homem branco]: - Você pode ser o chefe lá. Eu sou o chefe aqui. Ele está no
comando.(HORROR... 2019, 13:44 min).
∞A obra de Romero foge da perspectiva das obras de Horror anteriores, organiza suas
referências não na literatura gótica, mas na junção de uma originalidade contida em seu
roteiro com a leitura de quadrinhos de Horror da E.C Comics, populares nos anos 1950,
e literatura popular, ou pulp, que tinham uma perspectiva que levavam ao cinema do
diretor um naturalismo que remetia a Zola (WILLIAMS, 2015).
Mortos-vivos e passado que vem nos devorar
 A ruptura neste processo de invisibilidade na representação da classe trabalhadora
no cinema, se dá a partir do lançamento da produção “A Noite dos Mortos Vivos”
(1968), de George Romero, inaugurando uma nova era no gênero, ao abordar o
racismo e a violência racial, tirando estes temas das entrelinhas dos enredos
(PHILLIPS. 2012).
 O Zumbi aqui passa a ser um representante não da metafísica afroo-americana ou
afro-caribenha, tampouco tem uma razão religiosa cristã ou científica para sua
eclosão.
 O zumbi de Romero é um evento que atrapalha a própria organização social e
estrutura mudanças na própria representação de sociedades pequenas, como a de
uma convivência forçada numa casa abandonada para evitar a morte.
 Em “A noite dos mortos-vivos” a perspectiva da convulsão social põe um negro na
liderança em 1968.
Mortos-vivos e passado que vem nos devorar
 Romero inova quando transpõe a ação nas telas do mundo de medos e
ansiedades dos dramas pessoais e maldições ancestrais sob uma perspectiva das
elites que habitavam mansões e castelos, para um universo de ruptura abrupta,
onde as ameaças habitam o cotidiano, os horrores eram concretos e os medos
agiam na violação dos corpos, na ruptura da segurança do lar, dos subúrbios, do
cotidiano do povo trabalhador que sequer tinha a paz da morte mantida.
 A existência dos mortos vivos subvertia a própria ideia de controle dos corpos,
rompia com a construção da disciplina dos corpos que mesmo em decomposição
mantinham o caminhar como ameaça.
 Os zumbis de romero seguiam as influências das penny dreadfuls, que a política
vitoriana tentava proibir porque ridicularizavam a autoridade com suas histórias de
salteadores que permitiam que a juventude sonhasse c com uma vida contrária à
regulamentação estrita da sala de aula do final da era vitoriana e de organizações
de jovens da igreja como as brigadas juvenis (SPRINGHALL. 1994,p.346).
Mortos-vivos e passado que vem nos devorar
 Os mortos-vivos eram como a realização do pânico social representado por uma
multidão ameaçadora que tomava as ruas, sitiando os vivos em casas apertadas e
shoppings. Romero teve a ideia do filme sob inspiração e “Eu sou a lenda” de
Richard Matheson (1954). No livro um só homem permanece humano em um
mundo tomado por vampiros, para Romero, essa obra é sobre como os anos 1960
não funcionaram e “sobre uma revolução que as pessoas não reconheceram e
responderam de forma inadequada” (WHITTINGTON, 2008).
 “A Noite dos mortos vivos” é o primeiro caso de protagonismo negro nas telas de
cinema onde não há o sentido de integração social, nem a proposta de redenção
que resolve conflitos magicamente ou que exclui o homem e a mulher negras das
opressões dentro inclusive de sua própria classe.
 A repercussão nas salas de cinema foi muito boa e aumentou exatamente pela
exibição em cinemas de bairros negros pelos Estados Unidos (COLEMAN,
2019,p.191).
Gus encontrou seu fim pelas mãos da KKK em “O nascimento de uma
nação” (1915). Fonte (COLEMAN, 2019, p.70)
Bela Lugosi e seu zumbi em “Zumbi branco” de 1932. Fonte: Boca do
inferno.
A Morta-viva, de 1943. Fonte: Boca do inferno.
Epidemia de zumbis, Hammer, de 1966. Fonte: Boca do inferno.
A noite dos mortos-vivos, 1968. Fonte: A noite dos mortos-vivos, de
George Romero.
A noite dos mortos-vivos, 1968. Fonte: A noite dos mortos-vivos, de
George Romero.
A noite dos mortos-vivos, 1968. Fonte: A noite dos mortos-vivos, de
George Romero.
A noite dos mortos-vivos, 1968. Fonte: A noite dos mortos-vivos, de
George Romero.
A noite dos mortos-vivos, 1968. Fonte: A noite dos mortos-vivos, de
George Romero.
A noite dos mortos-vivos, 1968. Fonte: A noite dos mortos-vivos, de
George Romero.
A noite dos mortos-vivos, 1968. Fonte: A noite dos mortos-vivos, de
George Romero.
O horror negro
 Os Perdedores ganham a tela: raça e classe no
cinema
 Corra, porque o racista vem aí
Os Perdedores ganham a tela: raça e classe
cinema
∞ O personagem Ben, de Duane Jones foi criado para “A Noite dos mortos-vivos” como
um personagem branco. Romero afirmou em uma entrevista para a Variery em 1972
sobre a escolha de um protagonista negro para “A Noite dos mortos-vivos” que: “Não
tínhamos noção preconcebida sobre o papel ser um papel negro: Duane [Jones] entrou,
ele parecia certo, ele lia bem, então o usamos.”(BLOCK, 1972,p.10).
∞Mesmo com a negação de Romero, o impacto da produção junto do público
reconheceu de imediato os componentes raciais contidos em toda a película
(COLEMAN, 2019,p.187).
∞As rupturas inauguradas por “A noite dos mortos-vivos”fazem de um homem negro
como diferente da classificação da negritude como a de um povo de amaldiçoados
herdeiros de Cam, base da hierarquia entre barbárie e civilização, “exposta a uma forja
histórica que construiu a diferença racial que dava a ela o caráter de subordinado
automático, portador de preguiça entre outras perspectivas pejorativas de sua
identidade” (HALL, 2016,p.173).
Os Perdedores ganham a tela: raça e classe
cinema
∞ A ruptura iniciada por Romero em 1968 foi fundamental para pavimentar um caminho
que se tornou possível pelo afrouxamento das regras e restrições de classificação etária
das produções cinematográficas (LAROCCA,2021,p.235).
∞Este afrouxamento permitiu que este espírito de subversão incluísse a classe
trabalhadora e os debates interseccionais sobre gênero e raça como personagens ativos
e protagonistas da cinematografia de horror.
∞Romero foi seguido por Tobe Hopper com “O massacre da Serra elétrica” (1974) e
John Carpenter em “Halloween” (1978), em que um assassino implacável perturba a paz
dos subúrbios de classe média estadunidense com uma faca e um macacão de operário.
∞Carpenter fez releituras das ficções científicas de horror dos anos 1950 (“O Enigma de
Outro Mundo”, 1982), influenciou diversos realizadores com sua abordagem
claustrofóbica e paranoica, onde os trabalhadores assumem o comando, tirando das
mãos dos cientistas a resistência ao desconhecido.
Os Perdedores ganham a tela: raça e classe
cinema
∞A representação das maldições de fantasmas que cobravam os erros dos
colonizadores (“A Bruma Assassina”, 1980) não permitia o esquecimento dos danos da
colonização ao final do filme.
∞A produção do Horror dos anos 1970 é fundamental para a compreensão do horror
contemporâneo, por abordar com complexidade a luta de classes usando os medos
sociais de uma sociedade em transformação. As novas formas de terror falam de
sexualidade, de raça, do Sonho Americano derrotado no Vietnam e do conservadorismo
crescente numa sociedade que descobriu tarde demais que o sonho havia acabado. O
aumento da violência nas telas remete a estas tensões. As obras da cinematografia de
horror dos anos 1970 traduzem medos coletivos com originalidade, criatividade e muito
sangue (CONRICH, 2010).
∞As transformações das representações da classe operária na cinematografia de Horror
documentadas pelos filmes escolhidos neste recorte produzem uma perspectiva da
integração de uma guinada classista na produção destas representações.
Os Perdedores ganham a tela: raça e classe
cinema
∞A escolha das questões, dos protagonistas, o tom duro e cínico, a ausência de
redenção e a introdução de uma visão naturalista ao cinema de fantasia de horror
produzem um efeito de realidade que leva o concreto ao fantástico. A concretude do
corpo como fator a ser disciplinado como se disciplina o tempo toma no Horror uma nova
faceta.
∞Se o corpo é no cinema de Horror o fator de exposição e de ameaça às estruturas da
sociedade, em Romero o horror nos filmes “emerge do corpo irrestrito – aquele corpo
que não está mais sujeito às normas ou leis que acreditamos constituir nossa realidade”
(PHILLIPS,2012,p.18).
∞A ruptura com a domesticação dos corpos na ficção é uma questão de classe, e de
raça.
Corra, porque o racista vem ai
∞ A trajetória do corpo tomando novamente o lugar que lhe apetece, faz com que as
discussões a respeito de raça e gênero ganhassem força até que a guinada classista
produziu uma perspectiva racial que fez em “Corra!” (2017), de Jordan Peele, a
transformação de um debate de ruptura em 1968 em uma representação tímida do que
fez Peele.
∞A perspectiva de classe toma corpo, um corpo negro, e inclui a raça no debate sobre
opressão e controle dos corpos. A construção hábil de um Horror onde o fantasma era o
racismo que o discurso branco sofisticado e bem educado fingia não existir fez de
“Corra!”(2017) um herdeiro direto de “A noite dos mortos-vivos” .
∞Ben abre as portas da sobrevivência de Chris Washington (personagem de Daniel
Kaluuya em “Corra!” de 2017), quando põe a luta de classes e seu recorte racial nos
cenários hobbesianos de filmes de Horror. A luta de classes que atropela quem prefere
ser lobo de homens vivos e mortos, pela liderança de um frentista negro, zumbi, rumo à
tomada da cidadela onde ricos se protegem do domínio da Terra pelos mortos-vivos em
“Terra dos mortos”(2005).
Bibliografia
BRAGA, Gabriel Elysio Maia. Vampiros na França Moderna: a polêmica sobre mortos-vivos(1659-1751). Curitiba: Appris, 2020. 213 p.
CARDIN, Matt (ed.). Horror literature through history: an encyclopedia of the stories that speak to our deepest fears. Santa Barbara,
California: Greenwood, 2017. 1 v.
CARROLL, Nöel. Filosofia do Horror ou paradoxos do coração. Campinas, Papirus,1999.
COLEMAN, Robin R. Means. Horror Noire: a representação negra no cinema de terror. Rio de Janeiro: Darkside Books, 2019.
CONRAD, Joseph. Coração das trevas. Rio de Janeiro: Darkside Books, 2021.
CORSTORPHINE, Kevin; KREMMEL, Laura R. (ed.). The Palgrave Handbook to Horror Literature. Cham, Suiça: Palgrave Macmillan,
2018.
DAVIS, Natalie Zeamon. Slaves on screen: film and historical vision. Toronto,On: Vintage Canada, 2000.
DAVISON, Carol Margaret. Anglo-Caribbean Gothic. In: ; PUNTER, David; SMITH, Andrew (org.). The Encyclopedia of the Gothic.
West Sussex, Uk: Wiley Blackwell, 2016
DELUMEAU, Jean. História do medo no ocidente (1300-1800): uma cidade sitiada. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
.
GINZBURG, Carlo. História noturna: Decifrando o Sabá. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2012.
GINZBURG, Carlo. Medo, reverência, terror: Quatro Ensaios de iconografia política.São Paulo, Companhia das Letras, 2014.

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  • 1. Imagens, Cinema e Poder: A perspectiva do horror cinematográfico pela lente da classe trabalhadora (1968-2020) Gilson Moura Henrique Junior Doutorando em História PPGH-UFPEL
  • 2. O Horror antes da Modernidade  O medo antes das luzes  A produção da imagem do medo  O Horror que nasce com as novas cidades  Bosch ( c. 1450 — 9 de Agosto de 1516)  Goya (Fuendetodos, 30 de março de 1746 – Bordeaux, 16 de abril de 1828)  Doré(Estrasburgo, 6 de janeiro de 1832 —
  • 3. O Horror antes da Modernidade ∞ Por que Horror e não Terror? Porque Terror é um conceito que elabora a perspectiva da ação política e da violência para causar medo, e mesmo como conceito para definir a ficcionalidade se fixa melhor como definidor da produção do medo a partir da concretude, sem choque com o horizonte de expectativa do leitor/expectador. ∞ Conceito de Horror: O Horror para a investigação histórica é um elemento de concentração das representações do medo na ficção, um apanhado de longa duração a respeito das formas pelas quais a humanidade dava a seus temores faces monstruosas e repulsivas. ∞ A formação do Horror como gênero se dá em movimento similar à formação da Classe, no sentido em que estabelece uma linguagem e um conjunto de cânones, manifestações artísticas e de estilos a partir de um conjunto de situações sistêmicas, transformações culturais, linhas de compreensão do mundo e das noções relativas aos processos de crença.
  • 4. O Horror antes da Modernidade ∞ O Horror ergue-se sobre a perspectiva de uma provocação de experiências que povoam o espectador e leitor de uma relação emocional de repugnância, impureza e de temor, onde o personagem e o observador mantém um laço de repulsa ao objeto causador do terror (CARROLL, 1999, p.76). ∞ O Horror “pretende inspirar um sentimento de medo e pavor misturado com repulsa” (CARDIN,2017,p.26). ∞ O Horror só é possível por uma série de fatores que unem a consolidação do conceito de Sabá e da feitiçaria (GINZBURG,2021) com o controle da imaginação investigativa(BRAGA, 2020) e com a separação entre o natural e o sobrenatural no horizonte de expectativa do leitor, produzindo o choque entre ambos o elemento fundamental de sua forma definitiva de produção (ROAS,2014).
  • 5. O Horror antes da Modernidade ∞ Bosch, Goya e Doré são produtores das representações do medo medievo, da transição e do choque da Modernidade ∞ A imagem representativa do medo avança sobre a longa duração da produção imagética que deságua no Horror. ∞ Os medos do mar, do outro, do mal, do próximo e do distante, habitavam e habitam o cotidiano das comunidades, mas sua divisão entre o ficcional e o real não. ∞ A produção de representação visual do medo acompanha o processo de paulatina revolução na forma como as sociedades passam a construir novas formas de pensar sua realidade, e com ela seus temores.
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  • 9. Goya O sono da razão produz monstros
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  • 14. ∞ A visualidade do Horror, traduzida na longa duração por artistas como Goya, Bosch e Doré, partem da representação da perspectiva do sobrenaturla como parte do cotidiano, ou um absurdo que devora o dia a dia, para uma produção racional a respeito do bem, do mal, do céu e do inferno. ∞ Bosch produz uma perspectiva representativa do medievo, com sua forma de visualizar o juízo final, o inferno e o céu a partir de uma logica que define de forma inovadora oque não se vê, mas se crê. A imaginação liberta um sentido de perceber o que não é natural como uma subversão, porém uma subversão que cabe onde o reino dos homens encontra sue limite, ∞ A crítica à razão, contida em Goya, se torna uma perspectiva racional e técnica da produção da visualidade por Doré. ∞ Não é a toa que os três são até hoje referências visuais para filmes, quadrinhos e outras representações visuais do Horror.
  • 15. Do Castelo de Otranto ao Príincipe dos Vampiros  O Horror nasce  Horror e choque de civilizações
  • 16. O Horror nasce ∞ Por que o Horror nasce? ∞ A perspectiva do medo transforma-se no Horror quando o natural e o sobrenatural passam a ocupar campos diferenciados de pensamento. ∞ O Horror nasce com o gênero literário e quando a perspectiva do controle da imaginação investigativa organiza também o mundo de forma quse taxonômic,a criando espaços definidos para cada elemento do real, diferenciando real de irreal, natural de sobrenatural,etc. ∞ A trajetória da representação do medo é um caminho que permeou medos históricos de revoluções, do mar, do outro e alimentaram crenças, mitos e ideologias. O diálogo permanente com o medo é uma singularidade dos indivíduos e das próprias civilizações (DELUMEAU,2009,p.12). ∞ O Horror, portanto, nasce quando o medo torna-se um processo que separa o medo do natural do medo do sobrenatural ∞ Horror é quando o medo passa a habitar na ficção, com uma forma diferente do medo do mundo real.
  • 17. Horror e choque de civilizações ∞ O caminho produzido pela perseguição promovida pelo Estado e pela Igreja, construíram a partir do trabalho homens cultos como os inquisidores e demonólogos, o edifício de um “bizarro, porém coerente, sistema intelectual” a partir da “desorganizada credulidade camponesa” (GINZBURG, 2012, p.12). ∞ A perspectiva demonológica sobre estes culto organizado teve mudanças na perspectiva a respeito do Diabo, cujas interpretações a respeito de seus poderes mudou de atrelar a ele grandes poderes, no século XIII, ou que limitavam o Diabo a agir apenas dentro dos limites que lhe permitia a Natureza, ao longo do século XVII. A bruxaria demoníaca fazia sentido em um mundo organizado em uma ideia de contrariedade, de oposição e inversão, em que Deus e o Diabo eram opostos perfeitos e a bruxaria tinha a aparência de uma religião própria, mas era uma religião pervertida (BRAGA, 2020,p.60).
  • 18. Horror e choque de civilizações ∞ Esse sistema de conhecimento fez-se base de uma produção metodológica que se não era reconhecida ou reconhecia a si mesma como ciência, não apenas reivindicava o estatuto da racionalidade, mas agia para um desencantamento do mundo, a dissolução dos mitos e a substituição da imaginação pelo saber, como podemos definir a prática transformativa do Iluminismo (BRAGA, 2020, p.33). ∞ A produção do sistema de conhecimento que possibilitou o conhecimento de uma miríade de fenômenos, mitos e crenças não cristãs, os portadores da herança dessa sistematização que grassam pela produção dos limites do natural permitiram uma gama de sensibilidades partilhadas, politicamente representativas das muitas diferentes formas de ver o mundo. Este sensível partilhado é testemunha de “tempos e espaços, do visível e do invisível, da palavra e do ruído que define ao mesmo tempo o lugar e o que está em jogo na política como forma de experiência" (RANCIÉRE, 2020, p.16).
  • 19. Horror e choque de civilizações ∞ Os estudos a respeito dos vampiros no século XVIII atenderam também ao desejo de estabelecer uma definição conceitual e estabelecimento de diferenças entre o que era natural, sobrenatural e o preternatural (BRAGA, 2020, p.54). Também podemos dizer que neste período a produção de fora da Igreja acabou interferindo na busca desta de ser a mediadora das relações entre as pessoas e o Sobrenatural (BRAGA, 2020, p.55). ∞ Este sistema de pensamento caminha lado a lado com o avanço do Capitalismo, e a produção literária participa desa aventura e como se constrói uma perspectiva que dá ao Capital o protagonismo da interferência em outras culturas que assombrará leitores na longa noite da literatura de Horror (com uma diversidade de formas que chegará transformada no século XXI). ∞ A civilização avança sobre as trevas com sua tocha, expondo horrores, sendo questionada sobre como as novas formas de ver o mundo invadiam terrenos físicos ou simbólicos e libertaram monstros gestados nos sonhos da razão, e durante a conquista da Terra percebe que esta “na maioria das vezes significa tomá-la daqueles que têm compleição diferente ou narizes mais achatados que o nosso” (CONRAD, 2021, p.30).
  • 20. Horror e choque de civilizações ∞ A respeito dos canibais Tupinambá: “podemos muito bem chamá-los de bárbaros com relação às regras da razão,mas não com relação a nós, que os ultrapassamos em toda espécie de barbárie”. O horror está sempre à espreita. A civilização é apenas uma tocha que ilumina por um segundo a ordem normal das trevas ( MONTAIGNE apud RAVIERE,2021,p.21). ∞ A Idade Média foi símbolo do medo do declínio da sociedade industrial ou da nostalgia de uma sociedade não contaminada, foi recorrente no século XX e retoma no início do século XXI, em uma contrapartida à ideologia que tinha como “inevitável e benéfico o progresso tecnológico”. Essa ideologia tinha no Frankenstein de Mary Shelley uma das primeiras obras que lhe faziam oposição. ∞ Shelley reaparece como referência objetiva ou subjetiva das produções que inauguram debates sobre a civilização, sues limites e as perspectivas apocalípticas. ∞ Também dialoga com autores como Setphen King ou antes Lovecraft e sua vincuação entre horror cósmico e a ciência, seja em “Revival” de King ou ““Herbert West – Reanimator” de Lovecraft,
  • 21. Cartun de John Bull (Inglaterra) como um polvo imperial com os braços (co as mãos) em - ou pensando estar em várias regiões(1888). Fonte: Wikimedia. John Bull é uma personificação nacional do Reino da Grã-Bretanha criada pelo Dr. John Arbuthnot em 1712 - Fonte: Wikipedia
  • 22. The sleeping sickness Ross, Gordon, 1873-1946, Fonte: Wikimedia. From the Cape to Cairo Keppler, Udo J., 1872-1956, Fonte: Wikimedia.
  • 23. De Nosferatu ao Vampiro da Noite O Médico, o Monstro, o Lobisomem e assassino O Vampiro e o outro: Drácula e o mais cinematográfico vampiro,Nosferatu e o Horror mudo,O Vampiro de Lugosi e a marcante representação do Conde
  • 24. O medico,o monstro,O Lobisomem e o Assassino ∞ O lobo com animal satânico era parte do trabalho de demonologistas que desertaram sobre a licantropia e permearam processos da inquisição com base na sustentação para acusações de canibalismo que levaram à condenação de feiticeiros. Xingar alguém de lobisomem era uma ofensa séria em Luxemburgo no final do século XVII (DELUMEAU, 2009, p.104). ∞ Apesar de relatos como o de Thiess, lobisomem confesso que viveu em Jürgensburg, na Livônia em 1692, que pôs em xeque a perspectiva destes seres como inimigos ṕor combaterem demônios e feiticeiras para proteger a colheita (GINZBURG, 2012,p. 164). ∞ O estereótipo do lobisomem como devorador de rebanhos e crianças foi estabelecendo-se a partir das ações da mesa inquisição que no mesmo período consegue cristalizar a imagem hostil da bruxa (GINZBURG, 2012,p. 166).
  • 25. O medico,o monstro,O Lobisomem e o Assassino ∞ Lobisomens passam e ser percebidos como arquétipos conhecidos do assassino e da domínio do homem por sua face animal e brutal, represetada na literatura por Hyde, o mosntro no qual se transfoorma o bom médico Jeckyl (KING, 2012, p.68). ∞ O médico e o monstro produzem uma representação visual que paulatinamente torna- se novamente o licantropo clássico em produçẽos cmo “O Lobisomem” (1941), mas também ocupam as telas e HQs como asassinos bem hmanos, embora por vezes transformados em máquinas de matar como Michael Myers de “Halloween” (1978) ou Jason da da franquia “Sexta-Feira 13”. ∞ Myers é desumanizado no roteiro original de Carpenter, seu sobrenome é oitido na maior parte do filme e ele é descrito como “A Forma”, e um de seus principais antagonistas, o Doutor Samuel Loomis, só se refere a ele como “isso” ou “ele” (MCNEILL; MULLINS, 2021, p.18).
  • 26. ∞ Ao contrário da Forma, o lobisomem de Hitchcock engana o expectador, oculta-se o lobisomem sob a forma de um homem normal, patético até, ∞ Normam Bates é Hitchcock trazendo “o mito do Lobisomem para dentro de casa. Não se trata de um mal externo ou predestinação; a culpa não está nas estrelas, mas em nós mesmos (KING,2012,p.75). ∞ O arquétipo do homem-lobo faz eco à constante transformação imagética da percepção do homem e de sua natureza. Quando o homem-lobo nasce na tela, sua transformação é uma maldição. Quando a crise da perspectiva da razão coo soberana alcança a ficção, Hyde volta a ser a parte do homem normal que deixamos de laod e preferimos não enxergar. ∞ O Norman bates de Anthony Perkins dialoga com Mr. Hyde de Spencer Tracy da adpatação de “O Médico e o Monstro” de 1941. A diferença é que a poção de Bates é a própria psiquê. A aparência de normalidade de Hyde, cuja crueldade não lhe deforma as faces, se assemelha à forma como Bates oculta-se na mae como assassina, abraçando a “normalidade” aparente. O medico,o monstro,O Lobisomem e o Assassino O medico,o monstro,O Lobisomem e o Assassino
  • 27. Lobisomem, ilustração de cerca de 1512. Autoria descnhecida. Gotha, Museu Ducal (Museu do Estado). Fonte: Wikimedia.
  • 28. Representação alemã de um lobisomem, 1722. Fonte: Wikimedia.
  • 29. Gravura da Besta de Gévaudan devorando uma mulher. A legenda original afirma 'Uma representação exata da BESTA SELVAGEM agora na França, no ato de devorar uma jovem mulher (1765). Fonte: Wikimedia.
  • 30. Desenho de um lobisomem na floresta à noite. Ilustração principal da história "Os Uivos do Lobisomem". Ilustração interna da revista pulp Weird Tales (novembro de 1941, vol. 36, no. 2, página 38). Font: Wikimedia
  • 31. Foto promocional de Lon Channey Jr caracterizado como o lobisomem ptrogagonista do filme The Wolf-man, da universl Pictures, de 1941. Font: Wikimedia
  • 32. Um Lobisomem americano em Londres, 1981 Fonte: Adoro cinema, Ultraverso, Boca do inferno, Feededigno.
  • 33. John Barrymore como Doutor Jeckyl e Mr Hyde na produção “O medico e o monstro” (1920), filme mudo de John S. Robertson Fonte: Pipoca 3D
  • 34. Fredric March como Doutor Jeckyl e Mr Hyde na produção que lhe rendeu o Óscar “O medico e o monstro” (1932), filme de Rouben Mamoulian Fonte: Boca do Inferno
  • 35. Spencer Tracy como Doutor Jeckyl e Mr Hyde na produção “O medico e o monstro” (1941), filme de Victor Flemming Fonte: Magia do Real
  • 36. Ralph Bates como Doutor Jeckyl e Martine Beswick como Sister Hyde na produção “Doutor Jeckyl e sister Hyde” (1972), filme de Roy Ward Baker Fonte: Britsh Horror Films
  • 37. Norman Bates e sua mãe em “Psicose” (960) de Alfred Hitchcock. Fonte: Cineset
  • 38. “A forma”, Michael Myers em “Hallowee” (1978) de John Carpenter. Fonte: The Shape of horror
  • 39. O Vampiro e o outro ∞“O Vampiro” (1819), “Carmilla’ (1872), (1887), Drácula(1897) e a publicação “Varney, o vampiro”(1845–1847) produzme uma compilação e sistematização de inúmeras criaturas miticas dos povos germânicos e eslavos, como upyr, vampyr, vurdalaque, entre outros e constroemum personagem único, o vampiro, com uma abordagem que invariavelmente personifica o invasor, o exótico, o alienígena, que se insere nas casas e nas cidades “civilizadas” e corrompem jovens, em especial mulheres, e fomentam o medo, sugando a vitalidade, o sangue, e envenenando pela sedução, aqueles e aquelas que são o futuro. ∞O Vampiro era um personagem muito popular para o leitor do seculo XIX, espcialmente no mercado inglês. Esta popularidade, vinha de um apelo que atraia leitores de classe média e trabalhadora, e apresentavam nos romances e histórias de “vampiros aristocráticos “corruptos” e podem ser vistos dramatizando lutas de classes do século”(CORSTORPHINE; KREMMEL, 2018,p.173).
  • 40. O Vampiro e o outro ∞A construção do Horror como gênero teve em “Drácula” de Bram Stoker, publicado em 1897, a contribuição a partir da reunião, organização e teorização do saber vampirológico, criando um ente que unia as diversas formas de representação de mortos-vivos sugadores de sangue em uma só espécie representada em um personagem (LECOUTEUX, 2005). ∞Esse vampiro aristrocrático, presente desde a primeira obra de Polidori, muda muito pouco na maior parte dos séculos XIX e XX, se modernizando a ponto de deixar as montanhas da transilvânia e desfilar pelos subúrbios estadunidenses em “A hora do espanto” (1986) ou em um western sobrenatural ultra violento como em “Vampiros” (1998) de John Carpenter, invadindo nossa realidade, juntando o medo do sedutor que nos viola com o dos monstros cotidianos que ameaçam nossas vidas pelas estradas. ∞No século XXI a imagem dos vampiros muda com os vampiros animalescos da HQ depois adaptada para o cinema “30 dias de noite” e com os vampiros adolescentes e especialmente mais românticos que horríveis da série de livros e filmes “Crepúsculo”.
  • 41. Capas das publicações conhecidas como Penny Dreadful
  • 42. The Vampire (1897) by Philip Burne-Jones. Fonte Wikimedia. Gravura no frontispício do livro "Histoire des vampiros et des spectres malfaisans: avec un exam du vampirisme" Publicado por Masson, Paris 1820 por Collin de Plancy. Fonte: Wikimedia.
  • 43. Capa da primeira edição francesa do romance Drácula, de Bram Stoker. O Homem da Noite, Paris, edição ilustrada francesa, coleção literária de romances estrangeiros. Ilustração de Pierre Falké. Fonte: Wikimedia.
  • 44. Max Schreck em uma foto promotiona para o filme “Noesferatu: uma sinfonia de Horror” (1922) de F. W. Murnau. Fonte: Wikipedia.
  • 45. Bela Lugosi como Drácula, foto produzida para a Universal para o filme “Drácula” de 1931. Fonte: Wikimedia.
  • 46. Christopher Lee como Drácula, fotograma da produção “Drácula, o vampiro da noite” (1958) de Terence fischer. Fonte: Wikimedia.
  • 47. Chris Sarandon como Jerry Dandrige e Amanda Bearse como Amy, fotogramas da produção “A hora do Espanto” (1985) de Tom Holland. Fonte: Boca do inferno.
  • 48. Thomas Ian Griffith como Jan Valek, fotograma da produção “Vampiros de John Carpenter” (1998) de John Carpenter. Fonte: Wikipedia.
  • 49. Vampiro em 30 dias de noite (2007). Fonte: Cinepop
  • 50. Frankenstein e o Prometeu Moderno : a ciencia em xeque. ∞ O Horror de Mary Shelley (1797-1851) discutia os limites da racionalidade e da ciência na substituição do divino. A Europa assistia um avanço do capitalismo a todo vapor, movendo tradições, religiosidades e compreensões do tempo para o abrigo de uma natureza ordenada segundo preceitos definidos pelo paradigma da ciência. Enquanto isso, Shelley (1818) discutia a produção da ciência como um Prometeu Moderno, acorrentado na montanha de sua própria inadequação diante do velho mundo que o criou. ∞Este clássico do Horror apontava a intersecção entre a racionalidade e a loucura. ∞Ainda abordava a figura do duplo, do narcisismo sendo exposto por uma metade feia, monstruosa, violenta. ∞O tropo narrativo de Frankenstein serve para que nasça “A Múmia” de Jane Webb Loudon (1827), onde a eletricidade é usada para ressuscitar a múmia do faraó Quéops (CORSTORPHINE; KREMMEL, 2018,p.173).
  • 51. Frankenstein e o Prometeu Moderno : a ciencia em xeque. ∞ Nas palavras de George Romero: “Sempre tenho a imagem de A Noiva de Frankenstein: do monstro sentado com o homenzinho cego. Você tem que ser simpático com as criaturas porque eles não estão fazendo nada. Eles são como tubarões: eles não podem deixar de se comportar dessa maneira” (WILLIAMS,2015, p.108). ∞A construção de Frankestein antecipa e funda a representação da coisa inominável e põe o primeiro grande eemento contemporâneo no Horror, nas palavras de Stephen King: “Frankenstein é, na verdade, menos gótico e mais moderno do que Os mortos- vivos) —, são todos livros nos quais, no fim das contas, o passado se torna mais importante que o presente”. (KING,2012, p.227). ∞Frankenstein e um ser do tempo presente, que dialoga com questões que não existiam antes, foge da magia do golem, constrói-se na eletricidade e do progresso.
  • 52. Frankenstein e o Prometeu Moderno : a ciencia em xeque. ∞ A construção de Frankenstein se repete com o smosntros que habitam o medo na Era Atômica. ∞Aranhas gigantes, homens que derretem, infecções alienígenas, troca de corpos, o duplo alienigena, todos são formentados e fundados no discurso organizaod a partir de Frankenstein. ∞Reanimator, criação de Lovecraft ou o padre de “Revival” de Stephen King são amis do que tributos, são atualizações a cada tempo da crítica de Shelley da energia elétrica e da ciência trazer os mortos de volta. ∞Só depois de Frankenstein poderíamos ter os zumbis de Romero.
  • 53. O monstro de Frankenstein na película “Frankenstein” (1910). Fonte: Wikipedia
  • 55. Doutor Frankenstein e o monstro em “A Maldição de Frankenstein” (1957). Fonte: Gods of the Hammer films
  • 56. Doutor Frankenstein e o monstro em “Frankenstein, o Monstro das Trevas “(1990) de Roger Corman. Fonte: A tela do aventurar
  • 57. O monstro em “Frankenstein de Mary Shelley “(1994) de Kenneth Branagh. Fonte: Darkblog
  • 58. O monstro em “Frankenstein” (2015) Fonte: Darkblog
  • 59. O monstro em “Penny Dreadful” (2014-2016) Fonte: Darkblog
  • 60. Zumbis revolucionados  O zumbi com a marca do racismo  Mortos-vivos e passado que vem nos devorar
  • 61. O zumbi com a marca do racismo ∞ Embora o conceito de filme de Horror só chegue a ser popularizado nos anos 1930, há elementos de Horror em clássicos do cinema como “O nsscimento de uma nação” (1915) de D.W. Griffith, cujo roteiro foi baseado em livros pró-supremacia branca (COLEMAN, 2019. p.65). ∞No filme de Griffith os negros são os lobos e trazem tambem a marca do canibaçismo (COLEMAN, 2019. p.67). ∞No filme há uma sequência infame onde o personagem Gus, um negro representado por um ator branco usando black face, persegue uma menina branca com intenções explícitas de abuso sexual. Gus aparece como um monstro que antecipa a filmagem de Frankenstein. Embora a diferença entre a realização do filme de Griffith e “Frankenstein” de 1931 seja de quinze anos, é evidente a similaridade entre os dois filmes na sequência de gus e do Monstro seguindo a menina(COLEMAN, 2019. p.71). ∞A questão e que Gus não tem a representação humanizada pela lente d diretor em sua sequência
  • 62. O zumbi com a marca do racismo ∞ O Haiti aparece na cinematografia de Horror trazendo o mito do zumbi como parte que aterroriza as plateias, quase que como uma referência tangencial ao horror que sua independência causou nas metrópoles coloniais e no espírito estadunidense. ∞Depos da independência, franceses, haitianos e escravizados saíram da ilha e passaram a residir em Nova Orleans, com eles levaram elementos para a produção de mitos sobre o Caribe, que veio a ser visto como “um luar fatal e promiscuo” (COLEMAN, 2019. p.104). ∞Depois da ocupação americana do Haiti de (1915 - 1932), a saíde da marinha em 1932 coincidiu com o primeiro filme de Horror inspirado no Vodu: “Zumbi Branco” (1932). ∞Nesse filme a representação da religião afro-caribenha é repleta de exotismos como a presença de cobras, trilha sonora arrepiante associada a negros, com tambores e chamas, criando o estereótipo e clichê dos rituais malignos (COLEMAN, 2019. p.105). ∞A representação do zumbi como um monstro que foge da perspectiva de representação racista só é alterada com “A noite dos mortos-vivos” (1968) de George Romero.
  • 63. Mortos-vivos e passado que vem nos devorar  A exploração pelo Horror das ansiedades culturais e as tensões sociais de cada época, projeta alegoricamente os medos reais no espaço controlado do cinema, fazem de monstros como os da Universal (Drácula, Frankenstein, Lobisomem), ressonâncias dos medos existentes na Grande Depressão, assim como alienígenas e criaturas do espaço ou aranhas gigantes ressoavam os medos do início da Guerra Fria (PHILLIPS, 2012).  A obra “Vampiros de almas” (1956) representou na cidade de Santa Mira, os medos da América branca diante das ameaças que a guerra (atômica ou Fria), o comunismo e a integração racial traziam nas páginas dos jornais (COLEMAN, 2019).  Nos ciclos da Hammer e da Universal vimos uma perspectiva de horror que entendia a realidade a partir das traduções de elite estadunidense e britânica, mesmo as produções consumidas pela classe trabalhadora, e representavam medos sociais a partir deste olhar, agindo como barômetros sociais pela perspectiva da elite (CONRICH, 2010,p.3).
  • 64. Mortos-vivos e passado que vem nos devorar  As perspectivas hegemônicas das elites estadunidense e britânica e com ela vinha uma perspectiva da classe trabalhadora como acessória e a própria curiosidade sobre o espiritual e aterrorizante como algo relativo à “classe mais fraca’ ou “weaker class”(PHILIPS, 2018,p.34).  Os representantes da classe trabalhadora reforçam uma perspectiva pejorativa, de vilões degenerados, como o caso dos assassinos Burke and Hare que inspiraram a obra “O Ladrão de Cadáveres” de Robert Louis Stevenson, adaptada para o cinema pela RKO nos Estados Unidos em 1945 e pela inglesa Tempean Films em 1960.  A perspectiva da elite excluía a ideia da classe trabalhadora participante dos filmes, e dos processos sociais, e isso também se refletia na perspectiva da negritude.
  • 65. Mortos-vivos e passado que vem nos devorar ∞A construção do Horror gótico no cinema continha, até a explosão de zumbis nas telas dos cinemas em 1968, quando estreou “A Noite dos Mortos-vivos”, a dominação de uma ideia de representação de classe, gênero e raça onde o humano o inumano incluíam até aliados dos grandes heróis aristocrático na condição de coisa, ou de ferramentas, a reificação de classe e do outro era o motor do Horror gótico. ∞Há um apocalipse zumbi e nós temos um pequeno grupo de pessoas que convergem para uma cabana para sobreviver. Tem um protagonista negro que é Duane Jones [que diz a um homem branco]: - Você pode ser o chefe lá. Eu sou o chefe aqui. Ele está no comando.(HORROR... 2019, 13:44 min). ∞A obra de Romero foge da perspectiva das obras de Horror anteriores, organiza suas referências não na literatura gótica, mas na junção de uma originalidade contida em seu roteiro com a leitura de quadrinhos de Horror da E.C Comics, populares nos anos 1950, e literatura popular, ou pulp, que tinham uma perspectiva que levavam ao cinema do diretor um naturalismo que remetia a Zola (WILLIAMS, 2015).
  • 66. Mortos-vivos e passado que vem nos devorar  A ruptura neste processo de invisibilidade na representação da classe trabalhadora no cinema, se dá a partir do lançamento da produção “A Noite dos Mortos Vivos” (1968), de George Romero, inaugurando uma nova era no gênero, ao abordar o racismo e a violência racial, tirando estes temas das entrelinhas dos enredos (PHILLIPS. 2012).  O Zumbi aqui passa a ser um representante não da metafísica afroo-americana ou afro-caribenha, tampouco tem uma razão religiosa cristã ou científica para sua eclosão.  O zumbi de Romero é um evento que atrapalha a própria organização social e estrutura mudanças na própria representação de sociedades pequenas, como a de uma convivência forçada numa casa abandonada para evitar a morte.  Em “A noite dos mortos-vivos” a perspectiva da convulsão social põe um negro na liderança em 1968.
  • 67. Mortos-vivos e passado que vem nos devorar  Romero inova quando transpõe a ação nas telas do mundo de medos e ansiedades dos dramas pessoais e maldições ancestrais sob uma perspectiva das elites que habitavam mansões e castelos, para um universo de ruptura abrupta, onde as ameaças habitam o cotidiano, os horrores eram concretos e os medos agiam na violação dos corpos, na ruptura da segurança do lar, dos subúrbios, do cotidiano do povo trabalhador que sequer tinha a paz da morte mantida.  A existência dos mortos vivos subvertia a própria ideia de controle dos corpos, rompia com a construção da disciplina dos corpos que mesmo em decomposição mantinham o caminhar como ameaça.  Os zumbis de romero seguiam as influências das penny dreadfuls, que a política vitoriana tentava proibir porque ridicularizavam a autoridade com suas histórias de salteadores que permitiam que a juventude sonhasse c com uma vida contrária à regulamentação estrita da sala de aula do final da era vitoriana e de organizações de jovens da igreja como as brigadas juvenis (SPRINGHALL. 1994,p.346).
  • 68. Mortos-vivos e passado que vem nos devorar  Os mortos-vivos eram como a realização do pânico social representado por uma multidão ameaçadora que tomava as ruas, sitiando os vivos em casas apertadas e shoppings. Romero teve a ideia do filme sob inspiração e “Eu sou a lenda” de Richard Matheson (1954). No livro um só homem permanece humano em um mundo tomado por vampiros, para Romero, essa obra é sobre como os anos 1960 não funcionaram e “sobre uma revolução que as pessoas não reconheceram e responderam de forma inadequada” (WHITTINGTON, 2008).  “A Noite dos mortos vivos” é o primeiro caso de protagonismo negro nas telas de cinema onde não há o sentido de integração social, nem a proposta de redenção que resolve conflitos magicamente ou que exclui o homem e a mulher negras das opressões dentro inclusive de sua própria classe.  A repercussão nas salas de cinema foi muito boa e aumentou exatamente pela exibição em cinemas de bairros negros pelos Estados Unidos (COLEMAN, 2019,p.191).
  • 69. Gus encontrou seu fim pelas mãos da KKK em “O nascimento de uma nação” (1915). Fonte (COLEMAN, 2019, p.70)
  • 70. Bela Lugosi e seu zumbi em “Zumbi branco” de 1932. Fonte: Boca do inferno.
  • 71. A Morta-viva, de 1943. Fonte: Boca do inferno.
  • 72. Epidemia de zumbis, Hammer, de 1966. Fonte: Boca do inferno.
  • 73. A noite dos mortos-vivos, 1968. Fonte: A noite dos mortos-vivos, de George Romero.
  • 74. A noite dos mortos-vivos, 1968. Fonte: A noite dos mortos-vivos, de George Romero.
  • 75. A noite dos mortos-vivos, 1968. Fonte: A noite dos mortos-vivos, de George Romero.
  • 76. A noite dos mortos-vivos, 1968. Fonte: A noite dos mortos-vivos, de George Romero.
  • 77. A noite dos mortos-vivos, 1968. Fonte: A noite dos mortos-vivos, de George Romero.
  • 78. A noite dos mortos-vivos, 1968. Fonte: A noite dos mortos-vivos, de George Romero.
  • 79. A noite dos mortos-vivos, 1968. Fonte: A noite dos mortos-vivos, de George Romero.
  • 80. O horror negro  Os Perdedores ganham a tela: raça e classe no cinema  Corra, porque o racista vem aí
  • 81. Os Perdedores ganham a tela: raça e classe cinema ∞ O personagem Ben, de Duane Jones foi criado para “A Noite dos mortos-vivos” como um personagem branco. Romero afirmou em uma entrevista para a Variery em 1972 sobre a escolha de um protagonista negro para “A Noite dos mortos-vivos” que: “Não tínhamos noção preconcebida sobre o papel ser um papel negro: Duane [Jones] entrou, ele parecia certo, ele lia bem, então o usamos.”(BLOCK, 1972,p.10). ∞Mesmo com a negação de Romero, o impacto da produção junto do público reconheceu de imediato os componentes raciais contidos em toda a película (COLEMAN, 2019,p.187). ∞As rupturas inauguradas por “A noite dos mortos-vivos”fazem de um homem negro como diferente da classificação da negritude como a de um povo de amaldiçoados herdeiros de Cam, base da hierarquia entre barbárie e civilização, “exposta a uma forja histórica que construiu a diferença racial que dava a ela o caráter de subordinado automático, portador de preguiça entre outras perspectivas pejorativas de sua identidade” (HALL, 2016,p.173).
  • 82. Os Perdedores ganham a tela: raça e classe cinema ∞ A ruptura iniciada por Romero em 1968 foi fundamental para pavimentar um caminho que se tornou possível pelo afrouxamento das regras e restrições de classificação etária das produções cinematográficas (LAROCCA,2021,p.235). ∞Este afrouxamento permitiu que este espírito de subversão incluísse a classe trabalhadora e os debates interseccionais sobre gênero e raça como personagens ativos e protagonistas da cinematografia de horror. ∞Romero foi seguido por Tobe Hopper com “O massacre da Serra elétrica” (1974) e John Carpenter em “Halloween” (1978), em que um assassino implacável perturba a paz dos subúrbios de classe média estadunidense com uma faca e um macacão de operário. ∞Carpenter fez releituras das ficções científicas de horror dos anos 1950 (“O Enigma de Outro Mundo”, 1982), influenciou diversos realizadores com sua abordagem claustrofóbica e paranoica, onde os trabalhadores assumem o comando, tirando das mãos dos cientistas a resistência ao desconhecido.
  • 83. Os Perdedores ganham a tela: raça e classe cinema ∞A representação das maldições de fantasmas que cobravam os erros dos colonizadores (“A Bruma Assassina”, 1980) não permitia o esquecimento dos danos da colonização ao final do filme. ∞A produção do Horror dos anos 1970 é fundamental para a compreensão do horror contemporâneo, por abordar com complexidade a luta de classes usando os medos sociais de uma sociedade em transformação. As novas formas de terror falam de sexualidade, de raça, do Sonho Americano derrotado no Vietnam e do conservadorismo crescente numa sociedade que descobriu tarde demais que o sonho havia acabado. O aumento da violência nas telas remete a estas tensões. As obras da cinematografia de horror dos anos 1970 traduzem medos coletivos com originalidade, criatividade e muito sangue (CONRICH, 2010). ∞As transformações das representações da classe operária na cinematografia de Horror documentadas pelos filmes escolhidos neste recorte produzem uma perspectiva da integração de uma guinada classista na produção destas representações.
  • 84. Os Perdedores ganham a tela: raça e classe cinema ∞A escolha das questões, dos protagonistas, o tom duro e cínico, a ausência de redenção e a introdução de uma visão naturalista ao cinema de fantasia de horror produzem um efeito de realidade que leva o concreto ao fantástico. A concretude do corpo como fator a ser disciplinado como se disciplina o tempo toma no Horror uma nova faceta. ∞Se o corpo é no cinema de Horror o fator de exposição e de ameaça às estruturas da sociedade, em Romero o horror nos filmes “emerge do corpo irrestrito – aquele corpo que não está mais sujeito às normas ou leis que acreditamos constituir nossa realidade” (PHILLIPS,2012,p.18). ∞A ruptura com a domesticação dos corpos na ficção é uma questão de classe, e de raça.
  • 85. Corra, porque o racista vem ai ∞ A trajetória do corpo tomando novamente o lugar que lhe apetece, faz com que as discussões a respeito de raça e gênero ganhassem força até que a guinada classista produziu uma perspectiva racial que fez em “Corra!” (2017), de Jordan Peele, a transformação de um debate de ruptura em 1968 em uma representação tímida do que fez Peele. ∞A perspectiva de classe toma corpo, um corpo negro, e inclui a raça no debate sobre opressão e controle dos corpos. A construção hábil de um Horror onde o fantasma era o racismo que o discurso branco sofisticado e bem educado fingia não existir fez de “Corra!”(2017) um herdeiro direto de “A noite dos mortos-vivos” . ∞Ben abre as portas da sobrevivência de Chris Washington (personagem de Daniel Kaluuya em “Corra!” de 2017), quando põe a luta de classes e seu recorte racial nos cenários hobbesianos de filmes de Horror. A luta de classes que atropela quem prefere ser lobo de homens vivos e mortos, pela liderança de um frentista negro, zumbi, rumo à tomada da cidadela onde ricos se protegem do domínio da Terra pelos mortos-vivos em “Terra dos mortos”(2005).
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  • 97. Bibliografia BRAGA, Gabriel Elysio Maia. Vampiros na França Moderna: a polêmica sobre mortos-vivos(1659-1751). Curitiba: Appris, 2020. 213 p. CARDIN, Matt (ed.). Horror literature through history: an encyclopedia of the stories that speak to our deepest fears. Santa Barbara, California: Greenwood, 2017. 1 v. CARROLL, Nöel. Filosofia do Horror ou paradoxos do coração. Campinas, Papirus,1999. COLEMAN, Robin R. Means. Horror Noire: a representação negra no cinema de terror. Rio de Janeiro: Darkside Books, 2019. CONRAD, Joseph. Coração das trevas. Rio de Janeiro: Darkside Books, 2021. CORSTORPHINE, Kevin; KREMMEL, Laura R. (ed.). The Palgrave Handbook to Horror Literature. Cham, Suiça: Palgrave Macmillan, 2018. DAVIS, Natalie Zeamon. Slaves on screen: film and historical vision. Toronto,On: Vintage Canada, 2000. DAVISON, Carol Margaret. Anglo-Caribbean Gothic. In: ; PUNTER, David; SMITH, Andrew (org.). The Encyclopedia of the Gothic. West Sussex, Uk: Wiley Blackwell, 2016 DELUMEAU, Jean. História do medo no ocidente (1300-1800): uma cidade sitiada. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. . GINZBURG, Carlo. História noturna: Decifrando o Sabá. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2012. GINZBURG, Carlo. Medo, reverência, terror: Quatro Ensaios de iconografia política.São Paulo, Companhia das Letras, 2014.