O artigo discute o papel dos museus na cidade contemporânea através de uma abordagem cartográfica e produções audiovisuais realizadas por alunos sobre três museus em Pelotas, RS. A pesquisa investigou como os museus acolhem a memória da cidade e se relacionam com os visitantes. Por meio de oficinas e sete vídeos produzidos, descobriu-se que os museus podem criar territórios na cidade e gerar relações de hospitalidade, abrigando um pouco da memória
O documento descreve uma experiência com alunos de história em museus de Ribeirão Preto, São Paulo. Os alunos desenvolveram projetos pedagógicos aplicados durante estágios nos museus para aproximar as instituições da comunidade. Os museus vêm se modernizando para atrair mais visitantes com atividades educativas e interativas.
O documento discute a origem e evolução dos museus. Começou como templos dedicados às Musas na Grécia antiga e passou a se referir a coleções de objetos de valor histórico e artístico durante o Renascimento. O primeiro museu moderno foi o Museu do Louvre em Paris em 1793. Museus têm um caráter educacional por servirem como espaços de pesquisa e ensino desde o início.
Este documento discute as práticas de restituição na etnografia com imagens. Ele descreve como as imagens podem ser usadas para compartilhar pesquisas etnográficas de forma ética com as comunidades pesquisadas e com futuras gerações. Também relata experiências de dois núcleos de pesquisa em antropologia visual na UFRGS que usam exposições, publicações e eventos para divulgar trabalhos de estudantes e pesquisadores.
A Arquitetura dos Museus Conteporâneos como Agentes do Sistema de ArteDavid Cardoso
O documento discute a arquitetura dos museus contemporâneos e como eles atuam como agentes do sistema da arte. Aborda a transição da arquitetura de marco para vazio relacional e como os museus refletem a mudança da arte de objetos separados para arte de relações. Também compara o cubo branco de Louis Sullivan com o cubo decorado de Robert Venturi, e analisa os museus Guggenheim de Bilbao e MuBE em São Paulo.
Fichamento (4) memória e patrimônio texto pierre noraRita Gonçalves
O documento discute a diferença entre memória e história, e como a memória foi "tomada como história". A memória verdadeira e espontânea deu lugar a uma memória arquivística, materializada em registros, imagens e bancos de dados. Os "lugares de memória" como museus e arquivos passaram a substituir a memória coletiva. Eles podem ser materiais, simbólicos ou funcionais, e carregam significados que dependem de como a imaginação os investe.
Representações de infâncias nos palcos gaúchos ou Como são os personagens-cri...Taís Ferreira
Este documento apresenta um resumo de um artigo analítico sobre as representações de crianças em peças de teatro infantil gaúchas. A autora contextualiza teorias sobre a infância e analisa dois espetáculos teatrais infantis, focando nos personagens-criança e na concepção de público infantil idealizado.
Os lugares de memória: para além das políticas públicas de preservação do pat...Ivanilda Junqueira
O documento discute um projeto desenvolvido em 2006 na Escola Estadual Tubal Vilela da Silva em Uberlândia chamado "Os Lugares de Memória" que teve como objetivo compreender os significados dos remanescentes do passado e referências da memória da cidade. O projeto abordou o processo de tombamento de patrimônio histórico e cultura e investigou os significados desses lugares na imaginação de estudantes. O Centro de Documentação e Pesquisa em História da UFU apoiou o projeto de educação patrimonial
Moitará e oigalê o jogo das identidades populares brasileiras e a commedia ...Taís Ferreira
O documento discute como dois grupos teatrais brasileiros, Moitará e Oigalê, trabalham com identidades populares brasileiras em seus espetáculos. Os grupos usam elementos da commedia dell'arte e buscam democratizar o acesso ao teatro. Moitará usa máscaras e Oigalê se especializou em teatro de rua, ambos apropriando-se de estereótipos como o gaúcho e o índio para representar identidades populares.
O documento descreve uma experiência com alunos de história em museus de Ribeirão Preto, São Paulo. Os alunos desenvolveram projetos pedagógicos aplicados durante estágios nos museus para aproximar as instituições da comunidade. Os museus vêm se modernizando para atrair mais visitantes com atividades educativas e interativas.
O documento discute a origem e evolução dos museus. Começou como templos dedicados às Musas na Grécia antiga e passou a se referir a coleções de objetos de valor histórico e artístico durante o Renascimento. O primeiro museu moderno foi o Museu do Louvre em Paris em 1793. Museus têm um caráter educacional por servirem como espaços de pesquisa e ensino desde o início.
Este documento discute as práticas de restituição na etnografia com imagens. Ele descreve como as imagens podem ser usadas para compartilhar pesquisas etnográficas de forma ética com as comunidades pesquisadas e com futuras gerações. Também relata experiências de dois núcleos de pesquisa em antropologia visual na UFRGS que usam exposições, publicações e eventos para divulgar trabalhos de estudantes e pesquisadores.
A Arquitetura dos Museus Conteporâneos como Agentes do Sistema de ArteDavid Cardoso
O documento discute a arquitetura dos museus contemporâneos e como eles atuam como agentes do sistema da arte. Aborda a transição da arquitetura de marco para vazio relacional e como os museus refletem a mudança da arte de objetos separados para arte de relações. Também compara o cubo branco de Louis Sullivan com o cubo decorado de Robert Venturi, e analisa os museus Guggenheim de Bilbao e MuBE em São Paulo.
Fichamento (4) memória e patrimônio texto pierre noraRita Gonçalves
O documento discute a diferença entre memória e história, e como a memória foi "tomada como história". A memória verdadeira e espontânea deu lugar a uma memória arquivística, materializada em registros, imagens e bancos de dados. Os "lugares de memória" como museus e arquivos passaram a substituir a memória coletiva. Eles podem ser materiais, simbólicos ou funcionais, e carregam significados que dependem de como a imaginação os investe.
Representações de infâncias nos palcos gaúchos ou Como são os personagens-cri...Taís Ferreira
Este documento apresenta um resumo de um artigo analítico sobre as representações de crianças em peças de teatro infantil gaúchas. A autora contextualiza teorias sobre a infância e analisa dois espetáculos teatrais infantis, focando nos personagens-criança e na concepção de público infantil idealizado.
Os lugares de memória: para além das políticas públicas de preservação do pat...Ivanilda Junqueira
O documento discute um projeto desenvolvido em 2006 na Escola Estadual Tubal Vilela da Silva em Uberlândia chamado "Os Lugares de Memória" que teve como objetivo compreender os significados dos remanescentes do passado e referências da memória da cidade. O projeto abordou o processo de tombamento de patrimônio histórico e cultura e investigou os significados desses lugares na imaginação de estudantes. O Centro de Documentação e Pesquisa em História da UFU apoiou o projeto de educação patrimonial
Moitará e oigalê o jogo das identidades populares brasileiras e a commedia ...Taís Ferreira
O documento discute como dois grupos teatrais brasileiros, Moitará e Oigalê, trabalham com identidades populares brasileiras em seus espetáculos. Os grupos usam elementos da commedia dell'arte e buscam democratizar o acesso ao teatro. Moitará usa máscaras e Oigalê se especializou em teatro de rua, ambos apropriando-se de estereótipos como o gaúcho e o índio para representar identidades populares.
O documento discute a influência do discurso de William H. Flower em 1889 sobre os papéis dos museus de história natural no recém-inaugurado Museo de La Plata na Argentina. Analisa como os museus estabeleceram redes de comunicação no final do século XIX e integraram-se ao "movimento dos museus", expandindo a educação e a ciência.
Este documento discute a relação entre história e memória. Aborda como a memória influencia a formação profissional em ciências humanas, especialmente em história. Também analisa como a memória tem sido afetada pelas mudanças históricas nas últimas décadas e como é um campo importante para o debate historiográfico. Por fim, discute os desafios da memória no mundo atual em termos de ética e utopia.
Por uma (des)necessária pedagogia do espectador taís ferreiraTaís Ferreira
Este documento discute a necessidade de se desenvolver ações voltadas à formação do espectador nas escolas atuais. Argumenta-se que as crianças e jovens já são espectadores devido ao mundo contemporâneo de mídias, mas que isso não os torna sujeitos da experiência teatral. Questiona-se se é preciso ensinar a ser espectador ou se basta alfabetizar as linguagens cênicas.
Pierre Nora analisa a distinção entre memória e história. A memória é vivida e afetiva, enquanto a história é uma reconstrução intelectual e crítica do passado. Nora propõe o conceito de "lugares de memória" para se referir a traços do passado preservados em um momento em que a memória vivida está desaparecendo diante da aceleração da história. Esses lugares preservam marcas da identidade de grupos ameaçados pelo esquecimento.
Artigo para revista cadernos de história a reconstituição histórica dos movim...Otavio Luiz Machado
Este documento discute a importância dos arquivos estudantis para a história e como eles devem ser preservados. Em três frases:
1) Argumenta que os arquivos estudantis constituem um patrimônio cultural importante para compreender o movimento estudantil e não devem ficar sob controle de entidades privadas.
2) Aponta que as iniciativas de preservação destes arquivos merecem atenção para evitar instrumentalização política ou controle monopolista sobre a cultura.
3) Defende que as universidades devem gerir estes arquivos como
Seminario nao lugares o proximo e o distante_ lugar antropologico marc aug...João de Deus Dias Neto
Este documento resume um seminário sobre os conceitos de Marc Augé sobre não lugares e supermodernidade. Augé argumenta que a antropologia sempre foi sobre o aqui e o agora, e que os aspectos da vida social contemporânea como trabalho assalariado e mídia também merecem estudo antropológico. A aceleração da história e a superabundância de fatos e espaços na supermodernidade ameaçam suprimir o significado e levam a uma demanda positiva de sentido e individualização das referências.
As infâncias no teatro para crianças revista art& 01Taís Ferreira
Este documento apresenta uma análise das representações de crianças no teatro infantil contemporâneo. A autora discute como as peças representam as crianças nos textos dramáticos e encenações, e como isso reflete a visão de criança e público-alvo. Ela analisa dois espetáculos teatrais infantis produzidos em Porto Alegre para ilustrar como as crianças são retratadas e como os atores constroem esses personagens.
Pedro Pereira Leite tem um doutorado e pós-doutorado em museologia e foi professor em vários programas de mestrado e doutoramento nessa área. Ele também tem mestrados em história contemporânea e ciências da educação e foi diretor do Museu Mineiro do Louzal. Atualmente, está desenvolvendo um projeto de pós-doutorado sobre a inclusão de saberes das comunidades locais para o desenvolvimento territorial integrado.
Programas de espetáculo como gênero: relações com a produção teatral para cri...Taís Ferreira
Este documento discute as características da produção teatral infantil em Porto Alegre entre 1998-2003, analisando programas de espetáculos teatrais. A autora observa que esses programas vão além de simples informações, veiculando discursos sobre as peças e construindo os espectadores. Ela questiona para quem esses programas realmente se dirigem.
Fichamento (1) memória e patrimônio cultural einaudiRita Gonçalves
O documento discute os conceitos de memória, patrimônio cultural e preservação do passado. Aborda como a memória coletiva é transmitida através de objetos como documentos, monumentos, coleções e fósseis. Também destaca a importância da linguagem e da escrita para manter viva a memória das gerações passadas e a necessidade de preservar esses registros do passado para o futuro.
1) Apresenta marcos históricos da formação da disciplina Museologia no contexto internacional e nacional, incluindo a criação do ICOFOM e ICOM.
2) Discutem-se definições de objeto da Museologia por autores como Stránsky e Russio.
3) A Nova Museologia é apresentada como um movimento que enfatizou a apropriação do patrimônio cultural pela sociedade.
O documento discute a memória como um fenômeno social complexo. A memória é construída no presente e não pode ser totalmente "resgatada", já que é mutável e depende do contexto. Embora o passado influencie a memória, esta é influenciada principalmente pelas demandas do presente. Há diferentes tipos de memória como a individual, coletiva e nacional.
Este documento discute a museologia social e inovação social. Apresenta a museologia como um espaço de encontro entre indivíduos e comunidades para explorar o patrimônio cultural e construir novas narrativas de forma participativa. Também discute como a museologia pode ser um laboratório social para promover o empreendedorismo e a inovação a partir de cinco domínios: pensamento sistêmico, paradigma mental, objetivos comuns, aprendizagem em grupo e domínio pessoal.
O documento discute a evolução da antropologia visual desde seu surgimento no século XIX até os dias atuais, quando os povos indígenas passaram a usar seus próprios recursos visuais para apresentar seus pontos de vista e afirmar suas identidades culturais.
Este documento discute a importância dos museus para a educação e o desenvolvimento das crianças. Ele explica o que é um museu, sua origem e funções, e argumenta que os museus podem proporcionar experiências educativas, lúdicas e criativas para as crianças, além de ajudá-las a desenvolver a cidadania e compreender diferentes culturas. Também fornece exemplos de museus em São Paulo e dicas de como os pais podem usar esses espaços com seus filhos.
Este documento discute os desafios do ensino de história em museus em um contexto onde a memória é predominante. Analisa materiais pedagógicos produzidos por museus como forma de entender concepções de história, memória e aprendizagem. Argumenta que esses materiais fornecem insights sobre projetos de história nacional e devem ser preservados para compreender a educação em museus no Brasil.
Este documento apresenta três artigos sobre serviços educativos em instituições culturais em Portugal. O primeiro descreve os desafios enfrentados pelos serviços educativos e sua relação com os públicos. O segundo fornece uma visão geral dos serviços educativos nos museus portugueses. O terceiro se concentra na elaboração de planos de ação educativa para as instituições.
Este documento discute a criatividade em museus. Aborda conceitos como imaginação, narrativas, experiências sensoriais e como estas influenciam a criatividade. Finalmente, desafia os leitores a criar uma atividade exploratória para a Casa das Histórias | Paula Rego que promova aprendizagens multidisciplinares.
Este documento descreve o projeto "Imaginários Urbanos" desenvolvido desde 2000 pelo Núcleo Imagem em Movimento da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. O projeto tem como objetivo discutir questões contemporâneas a partir da pesquisa sobre a cidade, mídia e identidades de Curitiba. Ao longo dos anos, vários subprojetos abordaram temas como o tempo, a imagem em movimento, a noção de espaço urbano e o imaginário compartilhado sobre a cidade.
O documento discute a influência do discurso de William H. Flower em 1889 sobre os papéis dos museus de história natural no recém-inaugurado Museo de La Plata na Argentina. Analisa como os museus estabeleceram redes de comunicação no final do século XIX e integraram-se ao "movimento dos museus", expandindo a educação e a ciência.
Este documento discute a relação entre história e memória. Aborda como a memória influencia a formação profissional em ciências humanas, especialmente em história. Também analisa como a memória tem sido afetada pelas mudanças históricas nas últimas décadas e como é um campo importante para o debate historiográfico. Por fim, discute os desafios da memória no mundo atual em termos de ética e utopia.
Por uma (des)necessária pedagogia do espectador taís ferreiraTaís Ferreira
Este documento discute a necessidade de se desenvolver ações voltadas à formação do espectador nas escolas atuais. Argumenta-se que as crianças e jovens já são espectadores devido ao mundo contemporâneo de mídias, mas que isso não os torna sujeitos da experiência teatral. Questiona-se se é preciso ensinar a ser espectador ou se basta alfabetizar as linguagens cênicas.
Pierre Nora analisa a distinção entre memória e história. A memória é vivida e afetiva, enquanto a história é uma reconstrução intelectual e crítica do passado. Nora propõe o conceito de "lugares de memória" para se referir a traços do passado preservados em um momento em que a memória vivida está desaparecendo diante da aceleração da história. Esses lugares preservam marcas da identidade de grupos ameaçados pelo esquecimento.
Artigo para revista cadernos de história a reconstituição histórica dos movim...Otavio Luiz Machado
Este documento discute a importância dos arquivos estudantis para a história e como eles devem ser preservados. Em três frases:
1) Argumenta que os arquivos estudantis constituem um patrimônio cultural importante para compreender o movimento estudantil e não devem ficar sob controle de entidades privadas.
2) Aponta que as iniciativas de preservação destes arquivos merecem atenção para evitar instrumentalização política ou controle monopolista sobre a cultura.
3) Defende que as universidades devem gerir estes arquivos como
Seminario nao lugares o proximo e o distante_ lugar antropologico marc aug...João de Deus Dias Neto
Este documento resume um seminário sobre os conceitos de Marc Augé sobre não lugares e supermodernidade. Augé argumenta que a antropologia sempre foi sobre o aqui e o agora, e que os aspectos da vida social contemporânea como trabalho assalariado e mídia também merecem estudo antropológico. A aceleração da história e a superabundância de fatos e espaços na supermodernidade ameaçam suprimir o significado e levam a uma demanda positiva de sentido e individualização das referências.
As infâncias no teatro para crianças revista art& 01Taís Ferreira
Este documento apresenta uma análise das representações de crianças no teatro infantil contemporâneo. A autora discute como as peças representam as crianças nos textos dramáticos e encenações, e como isso reflete a visão de criança e público-alvo. Ela analisa dois espetáculos teatrais infantis produzidos em Porto Alegre para ilustrar como as crianças são retratadas e como os atores constroem esses personagens.
Pedro Pereira Leite tem um doutorado e pós-doutorado em museologia e foi professor em vários programas de mestrado e doutoramento nessa área. Ele também tem mestrados em história contemporânea e ciências da educação e foi diretor do Museu Mineiro do Louzal. Atualmente, está desenvolvendo um projeto de pós-doutorado sobre a inclusão de saberes das comunidades locais para o desenvolvimento territorial integrado.
Programas de espetáculo como gênero: relações com a produção teatral para cri...Taís Ferreira
Este documento discute as características da produção teatral infantil em Porto Alegre entre 1998-2003, analisando programas de espetáculos teatrais. A autora observa que esses programas vão além de simples informações, veiculando discursos sobre as peças e construindo os espectadores. Ela questiona para quem esses programas realmente se dirigem.
Fichamento (1) memória e patrimônio cultural einaudiRita Gonçalves
O documento discute os conceitos de memória, patrimônio cultural e preservação do passado. Aborda como a memória coletiva é transmitida através de objetos como documentos, monumentos, coleções e fósseis. Também destaca a importância da linguagem e da escrita para manter viva a memória das gerações passadas e a necessidade de preservar esses registros do passado para o futuro.
1) Apresenta marcos históricos da formação da disciplina Museologia no contexto internacional e nacional, incluindo a criação do ICOFOM e ICOM.
2) Discutem-se definições de objeto da Museologia por autores como Stránsky e Russio.
3) A Nova Museologia é apresentada como um movimento que enfatizou a apropriação do patrimônio cultural pela sociedade.
O documento discute a memória como um fenômeno social complexo. A memória é construída no presente e não pode ser totalmente "resgatada", já que é mutável e depende do contexto. Embora o passado influencie a memória, esta é influenciada principalmente pelas demandas do presente. Há diferentes tipos de memória como a individual, coletiva e nacional.
Este documento discute a museologia social e inovação social. Apresenta a museologia como um espaço de encontro entre indivíduos e comunidades para explorar o patrimônio cultural e construir novas narrativas de forma participativa. Também discute como a museologia pode ser um laboratório social para promover o empreendedorismo e a inovação a partir de cinco domínios: pensamento sistêmico, paradigma mental, objetivos comuns, aprendizagem em grupo e domínio pessoal.
O documento discute a evolução da antropologia visual desde seu surgimento no século XIX até os dias atuais, quando os povos indígenas passaram a usar seus próprios recursos visuais para apresentar seus pontos de vista e afirmar suas identidades culturais.
Este documento discute a importância dos museus para a educação e o desenvolvimento das crianças. Ele explica o que é um museu, sua origem e funções, e argumenta que os museus podem proporcionar experiências educativas, lúdicas e criativas para as crianças, além de ajudá-las a desenvolver a cidadania e compreender diferentes culturas. Também fornece exemplos de museus em São Paulo e dicas de como os pais podem usar esses espaços com seus filhos.
Este documento discute os desafios do ensino de história em museus em um contexto onde a memória é predominante. Analisa materiais pedagógicos produzidos por museus como forma de entender concepções de história, memória e aprendizagem. Argumenta que esses materiais fornecem insights sobre projetos de história nacional e devem ser preservados para compreender a educação em museus no Brasil.
Este documento apresenta três artigos sobre serviços educativos em instituições culturais em Portugal. O primeiro descreve os desafios enfrentados pelos serviços educativos e sua relação com os públicos. O segundo fornece uma visão geral dos serviços educativos nos museus portugueses. O terceiro se concentra na elaboração de planos de ação educativa para as instituições.
Este documento discute a criatividade em museus. Aborda conceitos como imaginação, narrativas, experiências sensoriais e como estas influenciam a criatividade. Finalmente, desafia os leitores a criar uma atividade exploratória para a Casa das Histórias | Paula Rego que promova aprendizagens multidisciplinares.
Este documento descreve o projeto "Imaginários Urbanos" desenvolvido desde 2000 pelo Núcleo Imagem em Movimento da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. O projeto tem como objetivo discutir questões contemporâneas a partir da pesquisa sobre a cidade, mídia e identidades de Curitiba. Ao longo dos anos, vários subprojetos abordaram temas como o tempo, a imagem em movimento, a noção de espaço urbano e o imaginário compartilhado sobre a cidade.
Antropologia dos objetos : coleções, museus e patrimôniosKelly Freitas
Este artigo discute como a antropologia enxerga os objetos materiais como parte integrante dos sistemas classificatórios culturais que lhes dão significado e existência social. Ao invés de ver os objetos apenas como ferramentas práticas, a antropologia mostra como eles desempenham funções simbólicas e influenciam a subjetividade. O texto também reflete sobre como acompanhar o deslocamento dos objetos entre contextos sociais como coleções, museus e patrimônios culturais pode revelar dinâmic
1) O documento discute as relações entre antropologia, estudos culturais e educação no contexto das transformações da modernidade.
2) A antropologia clássica enfocou a alteridade e exterioridade de outros grupos, mas foi questionada por não captar o contexto político das diferenças.
3) Estudos culturais emergiram como nova perspectiva teórica questionando os limites do conhecimento produzido pela modernidade.
Espaços culturais – arte e educação na história de todos nós.Roseli Sousa
A compreensão de que a ação educativa em arte se insere nos espaços formais e não-formais em diferentes contextos e culturas nos leva a fazer a seguinte reflexão: De que espaços culturais se está falando? Que saberes artísticos e estéticos são apropriados e produzidos nesses espaços? Que caminhos metodológicos têm sido experimentados nas ações educativas nos diversos espaços culturais? Quem tem assumido a condução dessas ações? Não vamos nos depreender em maior parte às ações educativas desenvolvidas no âmbito da arte no ensino regular, porém é relevante dar conta que esta sempre foi uma bandeira de luta dos arte-educadores em todo o Brasil.
O documento discute a relação entre museus e comunidades. Apresenta a evolução histórica dessa relação, desde a década de 1950 quando os museus começaram a se preocupar com seu papel educativo e social. Também destaca a importância de definir quais segmentos da comunidade o museu irá atuar, e de trabalhar de forma respeitosa e colaborativa com esses grupos. Por fim, apresenta o projeto "Preservar a Escola Preservar a Vida" como exemplo de ação museal junto à comunidade.
O documento apresenta uma proposta de currículo para a disciplina de arte estruturado em torno de oito "territórios da arte" que mapeiam conceitos e conteúdos desde o 6o ano do ensino fundamental até a 3a série do ensino médio. Os territórios incluem linguagens artísticas, forma e conteúdo, materialidade, processo de criação, saberes estéticos e culturais, patrimônio cultural, mediação cultural e potencialidades para novas áreas de estudo.
1) O documento discute a organização disciplinar da museologia, analisando suas relações com as ciências humanas e o estudo da cultura material.
2) A museologia estuda o comportamento humano em relação ao patrimônio cultural e desenvolve processos para transformar patrimônio em herança e construir identidades.
3) A preservação é a função básica dos museus e está relacionada à sobrevivência dos grupos humanos, envolvendo a seleção, guarda e transmissão do patrimônio cultural.
Tradicoes traducoes na_cultura_popular para ssa 2Fabio Salvari
O documento discute a diversidade cultural em Pernambuco e as dificuldades em documentá-la. A autora coordenou um projeto de mapeamento da documentação sobre cultura imaterial no estado, que revelou poucos registros apesar da grande diversidade de manifestações. Isso levanta questões sobre as políticas públicas de preservação do patrimônio imaterial e sobre como registrar tradições dependentes da oralidade no contexto atual.
Este artigo discute como as teorias antropológicas enfatizam que os objetos materiais desempenham um papel fundamental na vida social e cultural, não apenas por suas funções práticas, mas principalmente por suas funções simbólicas. Os objetos existem dentro de sistemas classificatórios culturais que lhes dão significado e organizam as interações sociais. O autor argumenta que é importante acompanhar como os objetos se transformam ao se deslocarem entre diferentes contextos sociais, como coleções, museus e noções de patrimô
O papel educacional do museu de ciênciasBeto Souza
O documento discute o papel educacional dos museus de ciência ao longo da história, os desafios atuais e concepções sobre educação nesses espaços. Aborda a evolução dos museus de 1a para 3a geração com foco maior na interatividade e participação do público e concepções de autores sobre educação e divulgação científica.
O seminário discutirá os desafios da mediação cultural em sociedades complexas e heterogêneas, onde é urgente "traduzir" diferentes bases culturais, mas sem promover conciliações que encobram desigualdades. Serão abordados temas como públicos e contrapúblicos, projetos culturais e apropriações de saberes, além de perspectivas artístico-educacionais e políticas culturais, com participação de especialistas de diversas instituições entre 23 e 24 de novembro na Universidade de Brasília.
O documento propõe um projeto para promover a arte na escola através de atividades como pesquisa cultural, confecção de obras, montagem de exposições e apresentações teatrais. O objetivo é informar a comunidade sobre a importância da arte e compreender sua influência na cultura local. As atividades serão desenvolvidas de agosto a novembro e abordarão disciplinas como arte, história e português.
O Museu de Imagens do Inconsciente luta pela inclusão social de indivíduos diagnosticados como loucos, oferecendo um espaço para a expressão da loucura. O museu usa a arte e o patrimônio cultural para transformar paradigmas e desconstruir estigmas, promovendo a inclusão social. Com um acervo de mais de 352 mil obras produzidas por pacientes psiquiátricos, o museu estuda o imaginário humano e usa a arte para empoderar grupos marginalizados.
Pensar Portugal – A modernidade de um país antigoJoão Soares
Pensar Portugal – A Modernidade de um País Antigo é um livro de pequenos ensaios de ciências sociais e humanas, que apresentam e discutem assuntos e problemas relativos a Portugal. São ensaios que constituem estudos de caso, embora tenham a forma de crónicas. O ponto de vista não é propriamente filosófico, nem estético, nem político. É um exercício de compreensão do mundo contemporâneo, tendo as ciências sociais e humanas como enquadramento teórico. Estes ensaios filiam-se no reconhecimento de um pensamento da prática, e também no reconhecimento da importância do imaginário em toda a estruturação social. O livro está organizado em seis partes. Cada parte é iniciada por um capítulo teórico. A função destes capítulos é a de enquadrar, teórica e metodologicamente, os pequenos ensaios, colocadas no registo específico de cada uma das partes do livro.
O documento descreve o portal eletrônico "Confraria Mogyana" criado para promover a educação patrimonial e as políticas públicas culturais em Mogi das Cruzes, SP. O portal tem o objetivo de preservar a memória local e o patrimônio através do resgate e salvaguarda de informações para acesso da sociedade. A educação patrimonial é apontada como instrumento para compreensão sociocultural e histórica da população.
Jornada O Som Como Matéria Para Processos Coletivos: O Ato da EscutaDiogo de Moraes
Este documento descreve uma jornada sobre o ato da escuta que ocorrerá no Museu Lasar Segall em 24 de junho. A jornada reunirá pesquisadores e profissionais de áreas como psicanálise, educação, mediação cultural e artes para discutir formas de praticar a escuta de maneira complexa e consequente nos ambientes institucionais.
O documento apresenta uma proposta de currículo para a disciplina de arte nas séries finais do ensino fundamental e médio. O currículo estrutura-se em torno de oito "territórios da arte" que abordam conceitos e conteúdos relacionados a diferentes aspectos das linguagens artísticas. Cada território permite a investigação de determinados saberes estéticos e culturais de forma interconectada. O currículo tem como objetivo aproximar os alunos da arte como um saber por meio de experiências estéticas nos diferentes territóri
O documento apresenta uma proposta de currículo para a disciplina de arte nas séries finais do ensino fundamental e médio. O currículo estrutura-se em torno de oito "territórios da arte" que abordam conceitos e conteúdos relacionados a diferentes aspectos das linguagens artísticas. Cada território permite a investigação de determinados saberes estéticos e culturais de forma interconectada. O currículo tem como objetivo aproximar os alunos da arte como um saber por meio de experiências estéticas nos diferentes territóri
1. Este é um projeto realizado com alunos do 5o ano de uma escola municipal em Itapeva, SP, que visa estimular o interesse dos estudantes pela história do município através da apresentação de fatos históricos, eleição de imagens representativas e criação de uma pintura mural coletiva.
2. O projeto contextualiza a pintura mural como alternativa em arte-educação e apresenta brevemente a história de Itapeva e as imagens que serão representadas no mural.
3. O desenvolvimento do projeto na escola
Semelhante a 28199 texto do artigo-85152-1-18-20200927 (20)
Slides Lição 11, Central Gospel, Os Mortos Em CRISTO, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
Slideshare Lição 11, Central Gospel, Os Mortos Em Cristo, 1Tr24, Pr Henrique, EBD NA TV, Revista ano 11, nº 1, Revista Estudo Bíblico Jovens E Adultos, Central Gospel, 2º Trimestre de 2024, Professor, Tema, Os Grandes Temas Do Fim, Comentarista, Pr. Joá Caitano, estudantes, professores, Ervália, MG, Imperatriz, MA, Cajamar, SP, estudos bíblicos, gospel, DEUS, ESPÍRITO SANTO, JESUS CRISTO, Com. Extra Pr. Luiz Henrique, 99-99152-0454, Canal YouTube, Henriquelhas, @PrHenrique
O Que é Um Ménage à Trois?
A sociedade contemporânea está passando por grandes mudanças comportamentais no âmbito da sexualidade humana, tendo inversão de valores indescritíveis, que assusta as famílias tradicionais instituídas na Palavra de Deus.
1. 279
ISSN 2238-5436
ARTIGO
Poéticas Fílmicas dos Museus:
uma aproximação interativa com a cidade1
Museum Film Poetry:
an interactive approach to the city
Talita CorrêaVieira2
Eduardo Rocha3
Lorena Maia Resende4
DOI 10.26512/museologia.v9i17. 28199
Introdução
Os museus guardam uma memória coletiva5
, memória de um grupo de
pessoas,familiar,religioso,étnico,social,que surge da interação social,da relação
entre as pessoas, entre as culturas. Essa memória faz parte do imaginário, de
um conjunto de símbolos, signos, objetos, linguagens, mitos, pertencentes a um
1 Este artigo toma por base a dissertação defendida de mestrado deTalita CorreaVieira, no Programa de
Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), sob orientação
de Eduardo Rocha.
2 Museóloga pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), mestre em Arquitetura e Urbanismo pela
Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
3 Arquiteto e Urbanista pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel), mestre em Educação pela Uni-
versidade Federal de Pelotas (UFPel) e doutor em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (PROPAR/UFRGS).
4 Arquiteta e Urbanista pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), mestranda em Arquitetura e Urba-
nismo pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
5 Segundo Pierre Nora (1978), a memória coletiva seria a memória, ou o conjunto delas, mais ou menos
consciente de uma experiência,algo vivido ou mistificado em uma comunidade,que remeta a algo passado,
um sentimento do passado.
Resumo
O artigo problematiza o papel do museu na
cidade da contemporaneidade.Ainda não está
claro como os museus acolhem os objetos
significativos de uma cidade cada vez mais
heterogênea. O estudo de inspiração carto-
gráfica investiga pistas de como o lugar do
museu se relaciona com seu território e com
os visitantes. O estudo de caso contou com
três museus da cidade de Pelotas/RS, e, atra-
vés de exposições e ações educativas junto às
escolas, descobre-se que os museus podem
criar territórios existenciais na cidade, geran-
do relações de hospitalidade e hospedando
um pouco da memória dos lugares.
Palavras-chave
Museus da UFPel. Produções participativas
audiovisuais.Território;. Hospitalidade. Urba-
nismo contemporâneo.
Abstract
The article problematizes the role of the mu-
seum in the city of contemporaneity. It is not
yet clear how museums welcome the signifi-
cant objects of an increasingly heterogeneous
city. The cartography-inspired study investi-
gates clues to how the place of the museum
relates to its territory and to visitors.The case
study included three museums in the city of
Pelotas / RS, and through exhibitions and edu-
cational activities with schools, it is discovered
that museums can create existential territo-
ries in the city, generating hospitality relations
and hosting a little memory two places.
Keywords
UFPel museums.Audiovisual productions;.Ter-
ritory. Hospitality. Contemporary urbanism
2. 280
Poéticas Fílmicas dos Museus: uma aproximação interativa com a cidade
MUSEOLOGIA&INTERDISCIPLINARIDADEVol.9,nº18,Ago./Dez.de2020
grupo, a uma cidade, a um território6
. Os objetos que compõe um museu são
escolhidos e selecionados através da relevância deles em um determinado gru-
po.Bem como,pela produção de sentido que tal acervo faz em um determinado
grupo de pessoas. Grande parte da literatura que aborda o museu e sua impor-
tância social destacam essas questões. No entanto, outras inquietações surgem:
Como os museus acolhem e selecionam os objetos que reflitam a memória
coletiva de determina cidade? A comunidade participa desse processo?
O acúmulo desenfreado de objetos pode não sensibilizar os que con-
vivem cotidianamente com os museus na contemporaneidade. Com efeito, o
museu pode construir um diálogo aberto com seus entes mais próximos, com
os grupos aos quais se identificam com o acervo a ser exposto. Um diálogo que
proponha a participação dos habitantes da cidade em alguns dos planejamentos
de museus envolvendo escolas, universidades, moradores próximos, além de
seus funcionários e visitantes.
Mas, será que esta comunicação existe? Será que as pessoas que vivem
próximas aos museus, ou que frequentam eventualmente suas atividades real-
mente atuam ativamente para a construção das narrativas, das exposições, das
decisões, planejamento e funcionamento dos museus? Afinal, os objetos que ali
se encontram fazem parte do imaginário de determinado grupo social, de uma
cidade, ou será que os museus continuam semiabertos dentro de seus terrenos
e não se comunicam com seus potentes revitalizadores?
Associada às dúvidas que temos acerca dos museus, identificamos na ci-
dade da contemporaneidade algumas características que mereceram apreciação.
Entre elas expomos o seu ritmo frenético e agitado no hodierno.O seu cotidia-
no pautado pela pressa dos transeuntes, a aceleração caótica na construção de
prédios, as residências cada vez mais compactas, as vias de acesso da cidade que
na grande maioria privilegia veículos automotores.
Era da expansão tecnológica,vivemos conectados em redes digitais,rom-
pemos a relação tempo e espaço.Hoje,podemos estar em múltiplos espaços si-
multaneamente, a partir de aparelhos e tecnologias que cabem nas mãos. Já não
precisamos ir à França para visitar o Museu do Louvre. Munidos de aparelhos
celulares e computadores, acessando a internet, temos acesso as mais diversas
experiências sem precisar nem mesmo sair de casa.
Quem sabe, por esses motivos, o nosso olhar para a cidade não seja tão
atento, pois, além de passarmos de forma rápida por suas vias, calçadas, pelas
praças da cidade, não precisamos sair de casa para consumirmos, seja comida
ou mesmo cultura.Assim, dedicamos pouco tempo para pensar a cidade, para
observarmos os seus espaços públicos. De certa forma a função do museu
tenta acompanhar essas modificações temporais passando de um simples lugar
de “depósito” para um ambiente educacional, de aprendizado e divulgação de
uma história, cultura. Um convite para a pausa, reflexão, um espaço público que
merece entrar no roteiro da vida da cidade.
A cidade de Pelotas, localizada no extremo-sul do Rio Grande do Sul,
a 250 quilômetros da capital Porto Alegre e 135 quilômetros da fronteira com
o Uruguai, com uma população aproximada de 343.651 habitantes, modifica-se,
6 Conceito que na Geografia trata das relações entre espaço e poder. Para Foucault (2007), o conceito
de território é mais uma noção jurídico-política do que uma determinada posição geográfica, ligado mais
às relações de poder que se estabelecem em determinados espaços. Para Deleuze (2012), mais do que
uma determinada posição geográfica, o território é existencial. Ele é mais da ordem das relações que es-
tabelecemos com os espaços do que da posição de proximidade entre eles, em um determinado espaço
geográfico.
3. 281
Talita CorreaVieira
Eduardo Rocha
Lorena Maia Resende
ISSN 2238-5436
expande-se, agita-se e multiplica-se. Cidade universitária, de uma desigualdade
explícita, da crise nacional, da falta de emprego, Pelotas abriga um trânsito des-
compassado. No centro da cidade existem poucas ciclovias, e as calçadas, cada
vez mais apertadas sentem o caminhar de pedestres agitados, confusos. Pelotas,
reconhecida como centro universitário no Estado é apreciada pela diversifica-
ção e valorização cultural, além do grande apreço pelo patrimônio histórico.
Sendo assim, este artigo problematiza, a partir de processos participa-
tivos e colaborativos em experiência com produções audiovisuais, o papel do
museu na cidade da contemporaneidade.Através do método da cartografia em
uma experimentação fílmica, os alunos da graduação do curso de Arquitetura
e Urbanismo, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo/UFPel propuseram re-
pensar o museu e a cidade. Foram produzidas sete peças audiovisuais a partir
de oficinas que discutiam a cidade e as suas representações fílmicas com ênfase
no tema museus.
O recurso audiovisual teve a intenção de observar as impressões dos
alunos a respeito do museu e da cidade.Com base na prática surgiu a necessida-
de de fazer estudos sobre os conceitos: território e hospitalidade, com origem
em filósofos da diferença.
Cartografia Museológica: metodologia
Para compreender as problematizações acerca do museu e da cidade na
contemporaneidade recorreu-se a cartografia, metodologia de cunho qualitati-
vo que revela pistas e reflexões.A cartografia é uma expressão empregada pela
Geografia e pode ser entendida como uma técnica de elaboração de mapas ou
cartas geográficas partindo dos movimentos de transformação de uma paisa-
gem.O termo é utilizado por Gilles Deleuze e Felix Guattari (1995) para narrar
e expor mapas sociais, políticos e existenciais.
Assim, a cartografia é um traçado que se faz junto aos movimentos de
transformação das paisagens.Diferindo-se do mapa convencional,que represen-
ta um todo estático quando acompanha processos, que acontecem em virtude
da construção e da desconstrução de certa realidade,criadas a partir de modos
de viver e de se relacionar com o mundo.
A pesquisa se apropria de alguns conceitos das Filosofias da Diferença.
Michel Foucault, Gilles Deleuze, Felix Guattari, Jacques Derrida, são os filósofos
de maior expressão desta prática filosófica. Esses pensadores desenvolveram
uma perspectiva filosófica que se preocupa com aquilo que nos difere enquanto
indivíduos. Analisando aquilo que vaza aos padrões pré-estabelecidos, interes-
sando-se pela pluralidade,diversidade e singularidade,ao invés de uma forma de
pensar universal e totalitária. Sendo a diferença aquilo que nos arranca de nós
mesmos e nos faz devir outro, que produz novas combinações de forças.
Segundo Eduardo Rocha (2008) uma forma de ler e compreender o
espaço urbano se dá pela cartografia urbana, pensar a cidade, o território, de
maneira a interpretar e representar as trocas e os acontecimentos realizados
na cidade contemporânea. Como uma espécie de microanálise do ambiente
urbano em conjunto às problemáticas atuais.
Desta forma,não importa que linguagem seja um filme,uma música,uma
poesia,uma obra de arte,“tudo o que der língua para os movimentos do desejo,
tudo o que servir para cunhar matéria de expressão e criar sentido, para ele
é bem-vindo” (ROLNIK, 1989, p. 66), desde que dali emerjam seus operadores
conceituais, seus personagens, seus devires.
4. 282
Poéticas Fílmicas dos Museus: uma aproximação interativa com a cidade
MUSEOLOGIA&INTERDISCIPLINARIDADEVol.9,nº18,Ago./Dez.de2020
Foram utilizados como dispositivos7
a produção de audiovisuais sobre
os museus em relação à cidade, produzidos por alunos de Arquitetura e Urba-
nismo8
, a pesquisa investigou características e posicionamentos políticos dos
museus e das cidades na contemporaneidade e encontrou pistas e estratégias
para que os museus dialoguem com as cidades e proporcionem atividades que
afectam a vida das pessoas, produzindo novos processos de subjetivação.
Ao todo foram realizadas sete peças videográficas.A primeira coletiva,
produzida por alunos e professores intitulada “Um dia nos museus” (https://
vimeo.com/283181385); em seguida foram divididos três grupos de alunos que
elaboraram vídeos sobre cada um dos museus, intitulados “Caminhos”, sobre o
Museu Carlos Ritter (https://vimeo.com/283181748),“Em breve”, sobre o Mu-
seu do Doce (https://vimeo.com/283182516) e “Amor e arte”, sobre o Museu
Malg (https://vimeo.com/283186991). Por fim, mais três vídeos longos (média
de 10 minutos) intitulados “Caminhos” sobre o Museu Carlos Ritter (https://
vimeo.com/283188564); “Paralelos” sobre o Museu do Doce (https://vimeo.
com/283204820) e “Amor e arte, o filme” sobre o Museu Malg (https://vimeo.
com/283205202).
As novidades encontradas nos vídeos produzidos pelos alunos depen-
deram muito mais de uma estética do que de uma tecnologia. O pensamento
e o cuidado com a montagem de ideias e de imagens presentes nos trabalhos,
conferem uma invenção criativa. Podemos perceber a imagem-cristal de Deleu-
ze, atuante nas montagens.
Os museus da UFPel
7 Foucault (2005), fala de dispositivos disciplinares, de poder, de saber, de sexualidade, carcerário, subjeti-
vidade, de verdade, etc. O dispositivo tem uma função estratégica, ele responde a uma urgência e cumpre
sua função ao qual fora planejado, estabelecendo conexões entre elementos heterogêneos: discursos,
instituições, leis, arquiteturas, dito e não dito. O discurso de um museu, por exemplo, onde um elemento
pode justificar ou ocultar uma prática,ou funcionar como uma interpretação desta prática,oferecendo um
novo campo de racionalidade
8 Alunos da disciplina Cidade e Comunicação Audiovisual, ministrada pelo Prof. Dr. Eduardo Rocha, no
primeiro semestre de 2014, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPel.A disciplina teve como
objetivo criar peças fílmicas que versem sobre a cidade na contemporaneidade.
FIGURA 1 – Localização dos Museus na cidade de Pelotas.
Fonte: Googlemaps, edição dos autores, 2015.
5. 283
Talita CorreaVieira
Eduardo Rocha
Lorena Maia Resende
ISSN 2238-5436
Foram escolhidos para o estudo três museus da cidade Pelotas: o Mu-
seu do Doce, o Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter e o Museu de Arte
Leopoldo Gotuzzo. Estes museus estão vinculados a Universidade Federal de
Pelotas, todos se localizam no centro da cidade, em locais com bastante fluxo
de automóveis e pessoas (Figura 1). Em virtude da proximidade entre eles é
possível a construção de um caminho ou de múltiplos caminhos que atravessem
o espaço urbano, podendo criar um território para análise desta cidade, uma
cartografia museal.
Museu Carlos Ritter
O Museu Carlos Ritter, retratado na Figura 3 e 6, foi aberto ao público
em 1970. O acervo composto pelas coleções particulares de Carlos Ritter, na-
turalista que viveu no período de 1851 a 1926, vindo de São Leopoldo, filho de
imigrantes alemães, trouxe desenvolvimento para a cidade de Pelotas. Fundou
em 1970 a Cervejaria Ritter & Irmãos, considerada na época uma das maiores
cervejarias do Brasil.
O acervo do museu possui coleções de espécies de aves, mamíferos,
répteis e insetos: Coleção Entomológica; Mosaicos Entomológicos, formados
por centenas de insetos que compõem o desenho de fachadas de prédios histó-
ricos de Pelotas e de brasões; Coleção Ictiológica; Coleção Herpetológica; Co-
leção Ornitológica;Coleção Mastozoológica;Coleção Paleontológica e Coleção
Osteológica.
Localizado à rua Barão de Santa Tecla, número 576, o museu possui nas
proximidades estabelecimentos comerciais, consultórios médicos, escritórios e
moradia. No centro da cidade fica próximo à Praça Piratinino de Almeida, onde
se encontra a Caixa d’água de ferro, construída em 1875, localizada em frente
a Santa Casa de Misericórdia. Em frente a mesma praça ficam os corredores de
ônibus.
Um fato curioso da rua do museu são os diferentes usos noturnos e
diurnos. Durante o dia a rua é movimentada pelos mercados, lojas, serviços em
geral e o próprio museu, enquanto à noite, garotas (os) de programa, travestis,
movimentam as calçadas.
Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (MALG)
O artista Leopoldo Gotuzzo nasceu em Pelotas e dedicou sua vida à
pintura, simpatizante do estilo pós-expressionismo, sua arte mostra o conhe-
cimento técnico orientado pela simplicidade. Em 1955, Gotuzzo resolveu doar
uma coleção de quadros para a Escola de Belas Artes a fim de viabilizar um fu-
turo Museu dasArtes Gotuzzo. Em 1983,em virtude da morte do pintor,houve
um grande aporte de obras doadas, tendo sido finalmente fundado o museu em
1986.
A missão do Museu está associada à conservação e divulgação da pro-
dução do pintor pelotense Leopoldo Gotuzzo e à produção e comunicação
de conhecimento em artes visuais. O museu possui exposição de longa dura-
ção, com objetos e obras do patrono do museu e também recebe exposições
temporárias de artistas, peças e obras que pertencem às coleções do museu e
exposições com outras instituições.
Localizado no centro da cidade, na Rua General Osório, esquina com
a rua General Neto, número 725. Muitos usuários da cidade passam por este
6. 284
Poéticas Fílmicas dos Museus: uma aproximação interativa com a cidade
MUSEOLOGIA&INTERDISCIPLINARIDADEVol.9,nº18,Ago./Dez.de2020
museu todos os dias e são poucos os que adentram.
No entorno do museu,além de estabelecimentos comerciais como lojas
de roupas, brinquedos, tecidos, ferramentas, óticas, farmácias, é um lugar que
abriga vários hotéis. Ali perto, nas quadras intermediárias, diversos pontos de
ônibus onde milhares de pessoas embarcam e desembarcam.
Museu do Doce
Construído em 1878 pelo conselheiro Francisco Antunes Maciel, o Ca-
sarão 8 foi tombado em nível federal pelo Instituto do Patrimônio Histórico
Artístico Nacional (Iphan) em 1977. A obra é atribuída ao arquiteto italiano
José Isella, autor também da capela da Santa Casa de Pelotas. Portador de ricos
elementos arquitetônicos na fachada com ornatos em estuque, balaústres e es-
tátuas em faiança, retratado na Figura 4.
O prédio faz parte do Patrimônio Histórico formando um conjunto
arquitetônico em estilo Neoclássico, juntamente com o Casarão 2 e 6.A UFPel
adquiriu o imóvel em 2006, e em 2009 deu início ao restauro emergencial do
Casarão com o intuito de conter o processo de degradação que a obra sofria
em função da ação do tempo, da falta de manutenção e de cuidados adequados.
Em 2010 o projeto teve a aprovação do projeto de restauro definitivo pelo
Iphan.
Com isso, toda a estrutura do prédio foi recuperada, mantendo todas as
características originais e adequando as instalações ao novo uso.Foi reinaugura-
do em 2012, e a partir de então, passou a abrigar o Museu do Doce.
O Museu do Doce foi um pedido da comunidade doceira, através da
Associação dos Amigos do Museu do Doce, após o tombamento do Casarão 8.
Com a compra do prédio a UFPel também abraçou a iniciativa e passou a or-
ganizar o museu de forma interdisciplinar, reunindo vários cursos que poderão
colaborar com a criação do Museu.
O prédio possui espaços para exposições de curta e longa duração,
auditório, salas para estudo e laboratório de documentação. O Casarão recebe
um grande fluxo de visitantes desde a sua abertura, chegando a abrigar mais de
três mil pessoas como nas duas edições do Dia do Patrimônio.A própria res-
tauração do Casarão gera curiosidade nas pessoas e muitos visitam apenas para
conhecê-lo.
O museu localiza-se na Praça Coronel Pedro Osório,número 8.No cen-
tro histórico da cidade a vizinhança é composta por moradias, estabelecimen-
tos comerciais e empresariais, prédios da administração pública, bancos, outros
prédios públicos como o prédio da Prefeitura, a Biblioteca Pública Pelotense,
o Teatro Sete de Abril, o Mercado Central, o Banco de Comércio, o Lyceu Rio
Grandense, o Grande Hotel e a Praça Coronel Pedro Osório. Ainda pode-se
encontrar nas imediações hotéis, pensionatos e o Teatro Guarany. O museu
está próximo também ao calçadão da rua Quinze de Novembro,onde podemos
encontrar restaurantes e confeitarias que vendem os tradicionais doces pelo-
tenses e o tradicional Café Aquarius.
Videografando oTerritório
Caminhando pela cidade: um dia nos museus da UFPel
7. 285
Talita CorreaVieira
Eduardo Rocha
Lorena Maia Resende
ISSN 2238-5436
O grupo de estudantes produziu peças fílmicas versando a temática
“Museu e Cidade”. O primeiro audiovisual foi produzido no primeiro encontro
do grupo. Uma time-lapse do caminho percorrido da universidade até o centro
da cidade, onde se localizam os museus (Figura 2). Passamos pelos três museus,
criamos um primeiro percurso, percebemos cenas da cidade, o trânsito dos
automóveis e o fluxo das pessoas, a maioria delas bem apressadas, num movi-
mento quase automático.
Chegamos a fazer uma breve visita ao primeiro visitado, o Museu do
Doce. Os outros dois museus passamos por eles, mas por conta do tempo que
dispúnhamos naquele primeiro passeio não entramos. A partir desta primeira
caminhada os alunos, agrupados em equipes menores de três alunos cada, ela-
boraram mais três audiovisuais,de aproximadamente 1 minuto de duração cada.
Cada grupo apresenta as suas impressões em relação a este primeiro contato
FIGURA 2 – Fotograma do vídeo “Um Dia nos Museus” produzidos pelos autores.
Fonte: dos autores, 2014.
8. 286
Poéticas Fílmicas dos Museus: uma aproximação interativa com a cidade
MUSEOLOGIA&INTERDISCIPLINARIDADEVol.9,nº18,Ago./Dez.de2020
com os museus e a cidade.
Vídeos conceito
O grupo de alunos que escolheu o Museu Carlos Ritter, elaborou um
possível caminho da Praça até o Museu, em um dia de pouco movimento no
centro da cidade (Figura 3).Sendo,possivelmente,um fim-de-semana ou feriado,
a montagem mostrou o esvaziamento deste espaço da cidade nos dias em que
o comércio não funciona. Mercados e lojas fechados, poucas pessoas pelas ruas,
poucos automóveis. Bem diferente da primeira caminhada em que o centro
estava movimentado, o vídeo nos mostra um território deserto.Até que no fim
do caminho se chega ao Museu, também fechado nesse dia.
A partir deste vídeo podemos identificar as cenas ligadas ao mau pla-
nejamento das cidades que ao segregar determinadas áreas como centros co-
merciais, loteamentos residenciais, acabam por manter determinados espaços
extremamente lotados em determinados momentos do dia, enquanto noutros
momentos se encontram esvaziados de sentido, vazios e por vezes, inseguros.
Nem mesmo o museu, que poderia mudar todo o esvaziamento, encontra-se
aberto.
O segundo grupo optou pelo Museu do Doce, observaram o trânsito e
as atividades que acontecem no entorno do museu.O audiovisual que reproduz
os movimentos da cidade de forma invertida e repetidas cenas do cotidiano da
cidade (Figura 4). Sentado no banco da praça em frente ao museu, o espectador
pode observar pessoas que caminhavam ali, o trânsito no entorno da praça,
um gari que limpa a praça em frente ao museu, uma mulher que passeia com o
cachorro, todos retrocedem seus movimentos.
O audiovisual nos coloca em meio à vida no entorno do museu, mos-
trando que o museu não está à parte do resto da cidade, ou da praça, mas que
ele faz parte da cidade, da vida na cidade. O efeito do vídeo nos faz ter a sen-
sação de um lugar que nos faz retroceder no tempo, um passado presente nos
FIGURA 3 – Fotograma do vídeo de 1 minuto “Caminhos”, Museu Carlos Ritter.
Fonte: dos autores, 2016.
9. 287
Talita CorreaVieira
Eduardo Rocha
Lorena Maia Resende
ISSN 2238-5436
objetos e discursos que ele produz.
O terceiro grupo que trabalhou com o Museu do MALG fotografou di-
versos colegas e professores, colocou-os em molduras simulando obras de arte
e montaram como uma exposição virtual dessas obras no audiovisual (Figura 5).
A trilha sonora,uma música clássica,conduz a movimentação das obras que tro-
cam de lugar, surgem novas obras, com outras montagens, tornado a exposição
mais interativa.
A partir do vídeo podemos pensar na questão da interatividade para os
museus, o quanto este pode tornar-se mais interessante a partir de dispositivos
capazes de comunicar, expor, divertir os visitantes. Como vivemos cercados
pelas tecnologias o museu também não foge delas, muitos utilizam-se destes
recursos para produzir sentido na contemporaneidade.Além do vídeo demons-
trar como os museus podem ser uma ferramenta inclusiva, um modo de se
conhecer, reconhecer, fazer parte.
A questão comum aos vídeos foi o distanciamento que os alunos esti-
veram dos museus, nenhum dos audiovisuais entrou no museu, ficaram atentos
aos aspectos exteriores. Dessa forma, após esta primeira experiência surgiu
a necessidade de outro experimento através do mesmo recurso, com tempo
maior e com uma abordagem sobre o espaço físico e o sentido do museu.Então,
solicitou-se aos mesmos grupos a produção de um segundo audiovisual.Agora,
a montagem deveria ser mais longa, com narrativas mais extensas.
Olhando Cristais
A primeira montagem, mais curta, não exigia tanto cuidado para obter
a atenção do espectador. Já nesta nova montagem de aproximadamente dez
minutos, os alunos precisariam desdobrar seu olhar, perceber algo para além de
uma primeira impressão. Seria necessário sentir o movimento, sentir o impulso
criador atuando livremente para apreender o olhar do interlocutor.
Para Deleuze (1985), o conceito de montagem de imagens e do cinema
FIGURA 4 – Fotograma do vídeo de 1 minuto “Em Breve”, Museu do Doce.
Fonte: dos autores, 2016.
10. 288
Poéticas Fílmicas dos Museus: uma aproximação interativa com a cidade
MUSEOLOGIA&INTERDISCIPLINARIDADEVol.9,nº18,Ago./Dez.de2020
FIGURA 5 – Fotograma do vídeo de 1 minuto “Amor e Arte”, Museu Leopoldo Gotuzzo
Fonte: dos autores, 2016.
é construído a partir da imagem-tempo e da imagem-movimento. No cinema,
hoje, é preciso muita sensibilidade e um olhar estético do que de grandes tec-
nologias. O que transforma as imagens em territórios sem fronteiras, inesgotá-
veis, são formas de pensamento, de articulações entre tempos, espaços, lugares,
processos, movimentos.
Assim,os vídeos deveriam trazer algo de novo,mudanças,aproximações.
Os alunos deveriam mergulhar um pouco mais na temática proposta, juntar
ideias, montar roteiros, desenhar, repensar, propor, conceituar, analisar. Montar
um segundo audiovisual pensando o museu e a cidade na contemporaneidade,
os museus da Universidade e a cidade de Pelotas.
O primeiro grupo, do Museu Carlos Ritter, criou o audiovisual “Cami-
nhos” (Figura 6). Esse manteve a ideia dos diversos caminhos possíveis para se
chegar ao museu. Desta vez, o caminhante faz diversos percursos, caminha por
calçadas, atravessa ruas, faz curvas, voltas, até que chega ao museu. Desta vez o
museu está aberto. O caminhante visita-o, percorre todo o espaço, aproxima-se
das vitrines e,por fim,sai pela porta e vira-se de frente para o prédio do museu.
Esse vídeo fez pensar a respeito do conceito de território,entendendo
que este conceito não se refere somente a uma posição geográfica determinada,
mas, para além, ele está diretamente relacionado às relações de poder que se
manifestam em uma determinada região. Os museus são mecanismos de poder,
eles têm o poder de produzir discursos, sacralizar objetos, criar verdades e
identidades, é inevitável.
Neste caso, podemos pensar que o território de um museu não estaria
somente no terreno onde se encontra o prédio que o abriga, mas também no
seu entorno, nas ruas que o contornam, nos caminhos que se é possível fazer
para chegar até o museu. Um território pode surgir a partir das possibilidades
de apropriação, comunicação, da relação entre a instituição museu e a cidade
onde ele se encontra.
Outra questão que se pode destacar no vídeo é a importância do cami-
nhar para o urbanismo contemporâneo. Ressalva para as derivas, ao caminhar
11. 289
Talita CorreaVieira
Eduardo Rocha
Lorena Maia Resende
ISSN 2238-5436
sem rumo. Observar, sentir, se perder, conhecer lugares diferentes. O caminhar
como resistência.
O segundo grupo que trabalhou com o Museu do Doce criou uma fic-
ção chamada:“Paralelos” (Figura 7). Usaram o museu como cenário. Inventaram
alguns personagens como uma bailarina, uma senhora vestida com roupas de
época, uma prisioneira. Os personagens dançam e perambulam pelo museu,
habitam os espaços vazios.Analisando o audiovisual percebe-se inúmeros per-
sonagens que o museu pode originar, a partir de histórias que revela, através de
seus objetos e práticas pode criar realidades, inventar novas formas de viver e
de se relacionar com as pessoas e os ambientes.
Além disso, podemos pensar nos diversos usos que tem e tiveram os
prédios de museus. Como é de fato comum nas cidades, os museus ocupam
prédios históricos que antes de se tornarem arquiteturas de museus podem ter
sido a moradia de alguém ou ter abrigado prisioneiros, ou, no caso do Brasil,
escravos.
Esse vídeo faz pensar ainda, a respeito dos usos e funções dos museus
de hoje.Além de ser espaços de preservação, aprendizagem, contemplação, eles
podem ser espaços ativos para seus visitantes. Um espaço para dançar ou tocar
instrumentos, lugar do encontro e de novas experimentações.
FIGURA 6 – Fotograma do vídeo de 10 minutos “Caminhos”, Museu Carlos Ritter.
Fonte: dos autores, 2016.
12. 290
Poéticas Fílmicas dos Museus: uma aproximação interativa com a cidade
MUSEOLOGIA&INTERDISCIPLINARIDADEVol.9,nº18,Ago./Dez.de2020
FIGURA 7 – Fotograma do vídeo de 10 minutos “Paralelos”, Museu do Doce
Fonte: dos autores, 2016.
O terceiro e último grupo, que observou o MALG, produziu o vídeo
“Amor eArte,o filme” (Figura 8),em que mostra a cidade e seu turbilhão.O au-
diovisual começa mostrando cenas da cidade, especificamente a rua do museu,
com seu fluxo quase ininterrupto de automóveis e pedestres. Utilizam uma tri-
lha sonora bem agitada para mostrar essas cenas, até entrar no museu quando
a música se torna calma. Eles percorrem o museu e observam as obras de arte
que ali se encontram, a música relaxante acompanha o visitante até a saída.
FIGURA 8 – Fotograma do vídeo de 10 minutos “Amor e arte, o Filme”, Museu Leopoldo Gotuzzo.
Fonte: dos autores, 2016.
13. 291
Talita CorreaVieira
Eduardo Rocha
Lorena Maia Resende
ISSN 2238-5436
Esse vídeo transmite uma das possíveis intenções do museu na contem-
poraneidade.Um lugar de agradável visitação que pode produzir sentido na vida
daqueles que adentram seu espaço em meio ao turbilhão. O museu pode ser o
local do acolhimento, o hospedeiro da cultura, o hospedeiro das diferenças,
dos discursos,das histórias de múltiplos heterogêneos desconhecidos.O museu
pode ser também um espaço da lentidão, onde esquecemos o ritmo frenético
do tempo contemporâneo e podemos descansar o pensamento.
De uma maneira geral nos audiovisuais longos é possível perceber a
agitação da vida na contemporaneidade e a aproximação dos alunos dentro dos
museus.Alguns alunos mais tímidos são meros visitantes, outros mais ousados
querem fazer parte daquele lugar e se apropriam. No entanto, todos expressam
diferenças entre estar dentro e fora do museu, antes e depois de entrar em um
outro território, o ato de atravessar. O museu se apresenta como um portal
do descolamento, mesmo dentro da cidade oferece a possibilidade de expe-
rimentar o novo, inusitado, de elevar o pensamento para outra esfera e fazer
refletir, se (re)conhecer. O museu como o cristal de inúmeras faces.
Considerações Finais: seguindo pistas
A análise dos vídeos em uma escrita cartográfica lançou pistas sobre a
conexão dos museus na contemporaneidade.A primeira pista se aproxima dos
conceitos de território e hospitalidade correlacionados a arquitetura mu-
seal e da cidade.A arquitetura desses museus e a morfologia da cidade poten-
cializam ora formas de acolhimento ora de repulsa e abrem frestas para novos
territórios.
A hospitalidade não se limita na hospedagem, ela trata também do aco-
lhimento, da relação estabelecida entre quem hospeda e quem é hospedado.
Jaques Derrida (2003) dedicou-se ao tema da hospitalidade dando destaque a
importância do outro no processo de significação da existência.Hospitalidade é
alteridade primeira, está diretamente ligada ao território.
O museu como o lugar da hospitalidade que cuida a memória de um
grupo, que vive e constrói um território de uma cidade. Mas, que também é o
lugar do exótico, da estranheza, o lugar do outro.A arquitetura do museu lida
com o dualismo contemporâneo de hospedar e hostilizar ao mesmo tempo. O
ato de selecionar obras gera o acolhimento de algumas e a exclusão de outras,
assim como a arquitetura do museu abre as portas para o público, mas tem o
controle de vigilância – a hostipitalidade tão cara para Derrida.
Acredita-se que as intervenções urbanas e artes públicas são boas es-
tratégias para fazer com que, aquele transeunte da cidade, possa parar em meio
a sua rotina e surpreender-se com a comunicação estabelecida através destes
dispositivos.Dessa forma,o visitante pode sentir-se convidado a visitar o museu,
pois esta comunicação visual externa ao espaço tradicional do museu pode ge-
rar curiosidade no espectador.Por serem obras por vezes efêmeras,elas podem
circular por diferentes regiões da cidade, ou modificarem seu conteúdo, alcan-
çando assim outros potenciais visitantes.
A segunda pista relaciona o museu ao conceito de imagem-cristal,
construção filosófica de Deleuze. Em que o autor demonstra as várias faces do
tempo, de um tempo não-cronológico que está em constante transformação,
um tempo que passa o presente e conserva o passado instantaneamente. Com
auxílio de Bergson diferencia a história em uma linha contínua que se passa ao
longo de um acontecimento,enquanto a memória é uma linha vertical que se faz
14. 292
Poéticas Fílmicas dos Museus: uma aproximação interativa com a cidade
MUSEOLOGIA&INTERDISCIPLINARIDADEVol.9,nº18,Ago./Dez.de2020
dentro e fixa ao acontecimento, modificando-o.
A partir da imagem cristal de Deleuze podemos encontrar uma pista
para vermos a cidade e o museu atravessados. Para pensarmos como agen-
ciarmos as memórias atuantes da cidade e os discursos e práticas dos museus.
O museu, operando com a imagem cristal em seus discursos, misturando e
fazendo passar passado e presente,dialogando com a contemporaneidade ainda
sem esquecer suas origens. Recriando histórias, rememorando fatos, democra-
tizando as memórias. O museu como o lugar de todas as vozes, dentro de uma
variação infinita.
Referências
FOUCAULT,Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão.Petrópolis:Vozes,2005.
FOUCAULT, Michel. Soberania e disciplina. Curso do Collège de France, 14 de
janeiro de 1976. In.: FOUCAULT. Michel. Microfísica do poder. Organização e tra-
dução: Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2007.
DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Felix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia, vo-
lume 1. Coleção Trans.Tradução Ana Lúcia de Oliveira,Aurélio Guerra Neto e
Célia Pinto Costa. São Paulo: Editora 34, 1995.
DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Felix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia, vo-
lume 4. Coleção Trans.Tradução Suely Rolnik. São Paulo: Editora 34, 2012.
DERRIDA, Jacques e DUFOURMANTELLE, Anne. Da Hospitalidade. São Paulo:
Escuta, 2003.
NORA, Pierre.A memória coletiva. In: LE GOFF, Jacques. A nova história Pierre
Nora, «Mémoire collective». In: Jacques Le Goff curatore. La nouvelle histoire.
Paris: Retz, 1978.
ROCHA, Eduardo. Cartografias Urbanas. In: Revista Projectare. n. 2. p.162- 172.
Pelotas: UFPel, 2008.
ROLNIK, Suely. Cartografia Sentimental: transformações contemporâneas do de-
sejo. São Paulo: Estação Liberdade, 1989.