Este documento discute as práticas de restituição na etnografia com imagens. Ele descreve como as imagens podem ser usadas para compartilhar pesquisas etnográficas de forma ética com as comunidades pesquisadas e com futuras gerações. Também relata experiências de dois núcleos de pesquisa em antropologia visual na UFRGS que usam exposições, publicações e eventos para divulgar trabalhos de estudantes e pesquisadores.
O documento discute a Antropologia visual como uma forma de expressão que visa enriquecer o discurso antropológico atrelado ao verbal escrito por meio de imagens. A Antropologia visual surgiu na segunda metade do século XIX com a invenção da fotografia e do cinema para auxiliar pesquisas de campo e documentar grupos étnicos. Atualmente, as imagens são usadas pelos próprios grupos estudados para apresentar seus pontos de vista e afirmar suas identidades culturais.
O documento apresenta uma tabela comparativa de diferentes abordagens epistemológicas, categorizando-as de acordo com sua relação sujeito-objeto, concepção de totalidade e parte, método, mediação, concepção de tempo e paradigma. Essas abordagens incluem o empirismo, fenomenologia, materialismo histórico, pós-modernismo e reações ao "giro linguístico".
O documento discute a função das imagens midiáticas e como os ambientes de imagem e a iconomania influenciam a produção e consumo de imagens. A dispersão visual busca capturar nossa atenção enquanto a produção de imagens se deslocou do âmbito artístico para o midiático.
28199 texto do artigo-85152-1-18-20200927Eduardo Rocha
O artigo discute o papel dos museus na cidade contemporânea através de uma abordagem cartográfica e produções audiovisuais realizadas por alunos sobre três museus em Pelotas, RS. A pesquisa investigou como os museus acolhem a memória da cidade e se relacionam com os visitantes. Por meio de oficinas e sete vídeos produzidos, descobriu-se que os museus podem criar territórios na cidade e gerar relações de hospitalidade, abrigando um pouco da memória
O documento discute a relação entre memória e história, examinando como essa relação é influenciada pelo tempo e espaço. A memória coletiva é uma forma de produção simbólica que constrói identidades e mantém grupos. Embora memória e história sejam distintas, elas também se interpenetram de maneiras complexas.
Este artigo discute estratégias teóricas e metodológicas para documentar e expressar dados etnográficos sobre emoções em manifestações políticas no Bangladesh. A autora observou que ativistas induziam emoções nos outros ao mesmo tempo em que sentiam emoções, e que emoções, corpo e mente devem ser vistos como complementares. Ela usou fotografia e redes sociais para documentar performances e se integrar ao grupo, e combinou imagens e texto em narrativas para transmitir as descobertas.
orientação e técnica para o uso da fotografia como instrumento de pesquisa em...Carlos Recuero
Este documento fornece uma introdução aos conceitos-chave da fotografia como instrumento de pesquisa em ciências sociais. Resume que a fotografia pode ser usada para registrar evidências visuais que fornecem novas perspectivas para entender fenômenos sociais, e que o método fotoetnográfico combina fotografias e texto para contar narrativas etnográficas de forma híbrida.
Bgg a natureza do espaço numa perspectiva comunicativa boletim goiano de geog...Almeida Meque
1) O documento discute a natureza do espaço a partir da Teoria da Ação Comunicativa de Habermas, propondo que o espaço tem uma natureza comunicativa ou pública resultante das interações humanas nele. 2) Analisa como a natureza do espaço é tanto instrumental-privada quanto comunicativa-pública, dependendo do uso da técnica, tempo, razão e emoção pelos atores espaciais. 3) Argumenta que um espaço comunicativo é fundamentado na razão comunicativa e ações orientadas ao entendimento mútuo, em contraste com a natureza
O documento discute a Antropologia visual como uma forma de expressão que visa enriquecer o discurso antropológico atrelado ao verbal escrito por meio de imagens. A Antropologia visual surgiu na segunda metade do século XIX com a invenção da fotografia e do cinema para auxiliar pesquisas de campo e documentar grupos étnicos. Atualmente, as imagens são usadas pelos próprios grupos estudados para apresentar seus pontos de vista e afirmar suas identidades culturais.
O documento apresenta uma tabela comparativa de diferentes abordagens epistemológicas, categorizando-as de acordo com sua relação sujeito-objeto, concepção de totalidade e parte, método, mediação, concepção de tempo e paradigma. Essas abordagens incluem o empirismo, fenomenologia, materialismo histórico, pós-modernismo e reações ao "giro linguístico".
O documento discute a função das imagens midiáticas e como os ambientes de imagem e a iconomania influenciam a produção e consumo de imagens. A dispersão visual busca capturar nossa atenção enquanto a produção de imagens se deslocou do âmbito artístico para o midiático.
28199 texto do artigo-85152-1-18-20200927Eduardo Rocha
O artigo discute o papel dos museus na cidade contemporânea através de uma abordagem cartográfica e produções audiovisuais realizadas por alunos sobre três museus em Pelotas, RS. A pesquisa investigou como os museus acolhem a memória da cidade e se relacionam com os visitantes. Por meio de oficinas e sete vídeos produzidos, descobriu-se que os museus podem criar territórios na cidade e gerar relações de hospitalidade, abrigando um pouco da memória
O documento discute a relação entre memória e história, examinando como essa relação é influenciada pelo tempo e espaço. A memória coletiva é uma forma de produção simbólica que constrói identidades e mantém grupos. Embora memória e história sejam distintas, elas também se interpenetram de maneiras complexas.
Este artigo discute estratégias teóricas e metodológicas para documentar e expressar dados etnográficos sobre emoções em manifestações políticas no Bangladesh. A autora observou que ativistas induziam emoções nos outros ao mesmo tempo em que sentiam emoções, e que emoções, corpo e mente devem ser vistos como complementares. Ela usou fotografia e redes sociais para documentar performances e se integrar ao grupo, e combinou imagens e texto em narrativas para transmitir as descobertas.
orientação e técnica para o uso da fotografia como instrumento de pesquisa em...Carlos Recuero
Este documento fornece uma introdução aos conceitos-chave da fotografia como instrumento de pesquisa em ciências sociais. Resume que a fotografia pode ser usada para registrar evidências visuais que fornecem novas perspectivas para entender fenômenos sociais, e que o método fotoetnográfico combina fotografias e texto para contar narrativas etnográficas de forma híbrida.
Bgg a natureza do espaço numa perspectiva comunicativa boletim goiano de geog...Almeida Meque
1) O documento discute a natureza do espaço a partir da Teoria da Ação Comunicativa de Habermas, propondo que o espaço tem uma natureza comunicativa ou pública resultante das interações humanas nele. 2) Analisa como a natureza do espaço é tanto instrumental-privada quanto comunicativa-pública, dependendo do uso da técnica, tempo, razão e emoção pelos atores espaciais. 3) Argumenta que um espaço comunicativo é fundamentado na razão comunicativa e ações orientadas ao entendimento mútuo, em contraste com a natureza
Este documento analisa como a fotografia pode ser usada como recurso narrativo em textos etnográficos. Inicialmente, discute como as fotografias eram usadas de forma ilustrativa em trabalhos etnográficos clássicos. Em seguida, explora as características das mensagens fotográficas e etnográficas, argumentando que a fotografia é melhor para expressar aspectos visíveis da cultura enquanto textos etnográficos focam mais em significados e representações. Por fim, analisa dois
O documento discute as novas abordagens da história, incluindo a história cultural, a influência da antropologia, a representação como categoria central e o imaginário. Também aborda a história local e cotidiana, a memória e a importância da história do presente.
O documento discute as relações entre história, literatura e espaços museológicos. Em três frases:
1) Aborda como a história pode ser vista como uma arte e ciência, sendo uma representação das representações do passado através de fontes e narrativas.
2) Explora como museus podem comunicar significados através de objetos e como diferentes observadores podem ter perspectivas distintas.
3) Propõe um desafio colaborativo para criar uma atividade no Museu Nacional de Arte Antiga que faça uma ab
O documento descreve os principais conceitos e métodos da etnografia como abordagem de pesquisa qualitativa em ciências sociais, incluindo: (1) a etnografia envolve a observação participante e descrição densa da cultura de um grupo; (2) as técnicas etnográficas como diários de campo, entrevistas e questionários são usadas para compreender as perspectivas dos atores sociais; (3) a etnografia busca revelar os significados das ações cotidianas dos membros do grupo dentro de seu contexto social maior.
1. O documento discute questões metodológicas e éticas no estudo etnográfico do Estado, especialmente no que diz respeito à identificação de informantes.
2. A autora analisa como as etnografias clássicas tratavam experiências individuais de forma anônima ou genérica, enquanto etnografias contemporâneas identificam informantes.
3. Quando o estudo é realizado na própria sociedade do pesquisador, há um consenso de anonimato dos informantes, mesmo em casos de experiências
Reengenharia da sensorialidade e da paisagem , em criações artísticas leci a...Leci Augusto
O documento discute como artistas podem reengenhar a paisagem e sensorialidade através de criações artísticas. Ele descreve como o ambiente natural sempre inspirou expressões artísticas e como obras de arte podem resignificar a paisagem e tornar visíveis processos sociais e simbólicos. Também discute como o corpo habita o espaço e como espaço e corpo se inter-relacionam na atribuição de significado.
Este documento discute a criatividade em museus. Aborda conceitos como imaginação, narrativas, experiências sensoriais e como estas influenciam a criatividade. Finalmente, desafia os leitores a criar uma atividade exploratória para a Casa das Histórias | Paula Rego que promova aprendizagens multidisciplinares.
Fichamento (1) memória e patrimônio cultural einaudiRita Gonçalves
O documento discute os conceitos de memória, patrimônio cultural e preservação do passado. Aborda como a memória coletiva é transmitida através de objetos como documentos, monumentos, coleções e fósseis. Também destaca a importância da linguagem e da escrita para manter viva a memória das gerações passadas e a necessidade de preservar esses registros do passado para o futuro.
Etnografia Na ComunicaçãO A Partir De BourdieuMarcelo Santos
1) Nas últimas décadas, as áreas de Antropologia e Comunicação vêm se aproximando através de métodos e objetos de estudo compartilhados, como a etnografia.
2) A incorporação da etnografia pelos estudos de comunicação permite uma análise mais elaborada da recepção, ligando as características socioculturais dos receptores ao contexto cultural mais amplo.
3) No entanto, há debates sobre a aplicação da etnografia nestes estudos, questionando-se seus pressupostos epistemoló
O documento discute a origem e evolução dos museus. Começou como templos dedicados às Musas na Grécia antiga e passou a se referir a coleções de objetos de valor histórico e artístico durante o Renascimento. O primeiro museu moderno foi o Museu do Louvre em Paris em 1793. Museus têm um caráter educacional por servirem como espaços de pesquisa e ensino desde o início.
1) O documento analisa o livro "Linguagens Líquidas na Era da Mobilidade" da autora Lúcia Santaella e como ele representa uma mudança em sua abordagem teórica ao colocar as linguagens em primeiro plano.
2) Santaella argumenta que as linguagens têm sido negligenciadas pelos teóricos do mundo contemporâneo e defende que os novos espaços virtuais estruturam nossas relações sociais hoje.
3) O livro escapa da linearidade por refletir as características fluidas e móveis do ciber
O documento discute o uso da fotografia como fonte de informação histórica, destacando:
1) A fotografia pode registrar fatos do passado de forma fidedigna.
2) A fotografia é considerada uma valiosa fonte de informação para identificar e comprovar acontecimentos históricos.
3) A fotografia analógica é vista como uma representação do real e uma importante fonte de informação.
O documento descreve o método do Projeto Poético em 4 etapas: 1) conceituação, 2) levantamento, 3) concepção e 4) justificativa. Ele também discute como objetos podem ser considerados meios de comunicação e define objetos estéticos versus objetos físicos, argumentando que objetos projetados poeticamente podem promover experiências estéticas e refiguração do receptor.
Estética do entretenimento: sobre a reprogramação sensorial na contemporaneidadeFrancine Tavares
A palestra discute como o entretenimento na contemporaneidade reprograma as sensorialidades humanas através do hiperestímulo midiático, analisando como o filme "O Congresso Futurista" ilustra essa capacidade de alterar como lidamos com experiências. A estética da existência na Antiguidade via a vida como obra de arte e a ética como reflexão sobre a liberdade, enquanto a modernidade trouxe o cinema como treinador sensorial para as metrópoles urbanas e hiperestimuladas.
O documento discute a importância de se fazer história sem documentos escritos, utilizando indícios e aspectos do cotidiano das pessoas. Também reflete sobre como a falta de documentos pode ser superada pela criatividade do historiador.
Artigo revista pedagogia em foco_solange_ribeiroSolange Ribeiro
O documento discute um estudo de caso sobre as representações da cultura e meio ambiente pantaneiro na obra "Caçadas de Pedrinho" de Monteiro Lobato, veiculadas por mídias educacionais em uma escola infantil. Os resultados mostraram que as representações na obra estão associadas à relação natureza-humano e produzem novas percepções sobre a cultura pantaneira e a relação entre homem e meio ambiente. A pesquisa analisou essas representações sob a perspectiva histórico-cultural e da teoria da representação social
PERCEPÇÃO DO URBANO A PARTIR DE IMAGENS GEOFOTOGRÁFICAS DO MUNICÍPIO DE GUARA...guest14728fc
Este documento analisa as transformações urbanas, sociais e culturais percebidas através de imagens antigas e atuais da cidade de Guarabira, Brasil. Utiliza a geofotografia para comparar imagens do passado com o presente e identificar mudanças na paisagem urbana, como demolição de prédios históricos, abandono de casarões, preservação de locais culturais e a perda total de outros. Conclui que a análise geofotográfica revela a memória cultural passada expressa nas ações
O documento discute a educação online à luz da teoria da complexidade de Edgar Morin. Apresenta os conceitos-chave da complexidade como circularidade, autoprodução e interação sujeito-objeto e discute como eles contribuem para projetos educacionais colaborativos online, tomando como exemplo o Projeto Contos.
O documento discute a visão de Clifford Geertz sobre cultura como um sistema simbólico. Geertz via cultura como um conjunto de significados históricos compartilhados que moldam a experiência humana e a compreensão do mundo. Ele argumenta que a arte é uma manifestação desse sistema cultural, expressando os significados de uma sociedade. A cultura fornece os padrões para os indivíduos se tornarem humanos e se diferenciarem.
The document summarizes the agenda and proceedings of a PSE apprenticeship meeting. It provides updates on recent graduates, new apprentices, revisions to apprenticeship standards, and the pathway to apprenticeship program. It also discusses record keeping requirements, making up missed hours, leaves of absence, and upcoming changes like a new online training system. The goal is to inform apprentices of program updates and requirements.
Mitrefinch Australia - Employee Time and Attendance Solutions
*boost productivity
*reduce absenteeism
*eliminate payroll errors
*employee time and attendance data management
Este documento analisa como a fotografia pode ser usada como recurso narrativo em textos etnográficos. Inicialmente, discute como as fotografias eram usadas de forma ilustrativa em trabalhos etnográficos clássicos. Em seguida, explora as características das mensagens fotográficas e etnográficas, argumentando que a fotografia é melhor para expressar aspectos visíveis da cultura enquanto textos etnográficos focam mais em significados e representações. Por fim, analisa dois
O documento discute as novas abordagens da história, incluindo a história cultural, a influência da antropologia, a representação como categoria central e o imaginário. Também aborda a história local e cotidiana, a memória e a importância da história do presente.
O documento discute as relações entre história, literatura e espaços museológicos. Em três frases:
1) Aborda como a história pode ser vista como uma arte e ciência, sendo uma representação das representações do passado através de fontes e narrativas.
2) Explora como museus podem comunicar significados através de objetos e como diferentes observadores podem ter perspectivas distintas.
3) Propõe um desafio colaborativo para criar uma atividade no Museu Nacional de Arte Antiga que faça uma ab
O documento descreve os principais conceitos e métodos da etnografia como abordagem de pesquisa qualitativa em ciências sociais, incluindo: (1) a etnografia envolve a observação participante e descrição densa da cultura de um grupo; (2) as técnicas etnográficas como diários de campo, entrevistas e questionários são usadas para compreender as perspectivas dos atores sociais; (3) a etnografia busca revelar os significados das ações cotidianas dos membros do grupo dentro de seu contexto social maior.
1. O documento discute questões metodológicas e éticas no estudo etnográfico do Estado, especialmente no que diz respeito à identificação de informantes.
2. A autora analisa como as etnografias clássicas tratavam experiências individuais de forma anônima ou genérica, enquanto etnografias contemporâneas identificam informantes.
3. Quando o estudo é realizado na própria sociedade do pesquisador, há um consenso de anonimato dos informantes, mesmo em casos de experiências
Reengenharia da sensorialidade e da paisagem , em criações artísticas leci a...Leci Augusto
O documento discute como artistas podem reengenhar a paisagem e sensorialidade através de criações artísticas. Ele descreve como o ambiente natural sempre inspirou expressões artísticas e como obras de arte podem resignificar a paisagem e tornar visíveis processos sociais e simbólicos. Também discute como o corpo habita o espaço e como espaço e corpo se inter-relacionam na atribuição de significado.
Este documento discute a criatividade em museus. Aborda conceitos como imaginação, narrativas, experiências sensoriais e como estas influenciam a criatividade. Finalmente, desafia os leitores a criar uma atividade exploratória para a Casa das Histórias | Paula Rego que promova aprendizagens multidisciplinares.
Fichamento (1) memória e patrimônio cultural einaudiRita Gonçalves
O documento discute os conceitos de memória, patrimônio cultural e preservação do passado. Aborda como a memória coletiva é transmitida através de objetos como documentos, monumentos, coleções e fósseis. Também destaca a importância da linguagem e da escrita para manter viva a memória das gerações passadas e a necessidade de preservar esses registros do passado para o futuro.
Etnografia Na ComunicaçãO A Partir De BourdieuMarcelo Santos
1) Nas últimas décadas, as áreas de Antropologia e Comunicação vêm se aproximando através de métodos e objetos de estudo compartilhados, como a etnografia.
2) A incorporação da etnografia pelos estudos de comunicação permite uma análise mais elaborada da recepção, ligando as características socioculturais dos receptores ao contexto cultural mais amplo.
3) No entanto, há debates sobre a aplicação da etnografia nestes estudos, questionando-se seus pressupostos epistemoló
O documento discute a origem e evolução dos museus. Começou como templos dedicados às Musas na Grécia antiga e passou a se referir a coleções de objetos de valor histórico e artístico durante o Renascimento. O primeiro museu moderno foi o Museu do Louvre em Paris em 1793. Museus têm um caráter educacional por servirem como espaços de pesquisa e ensino desde o início.
1) O documento analisa o livro "Linguagens Líquidas na Era da Mobilidade" da autora Lúcia Santaella e como ele representa uma mudança em sua abordagem teórica ao colocar as linguagens em primeiro plano.
2) Santaella argumenta que as linguagens têm sido negligenciadas pelos teóricos do mundo contemporâneo e defende que os novos espaços virtuais estruturam nossas relações sociais hoje.
3) O livro escapa da linearidade por refletir as características fluidas e móveis do ciber
O documento discute o uso da fotografia como fonte de informação histórica, destacando:
1) A fotografia pode registrar fatos do passado de forma fidedigna.
2) A fotografia é considerada uma valiosa fonte de informação para identificar e comprovar acontecimentos históricos.
3) A fotografia analógica é vista como uma representação do real e uma importante fonte de informação.
O documento descreve o método do Projeto Poético em 4 etapas: 1) conceituação, 2) levantamento, 3) concepção e 4) justificativa. Ele também discute como objetos podem ser considerados meios de comunicação e define objetos estéticos versus objetos físicos, argumentando que objetos projetados poeticamente podem promover experiências estéticas e refiguração do receptor.
Estética do entretenimento: sobre a reprogramação sensorial na contemporaneidadeFrancine Tavares
A palestra discute como o entretenimento na contemporaneidade reprograma as sensorialidades humanas através do hiperestímulo midiático, analisando como o filme "O Congresso Futurista" ilustra essa capacidade de alterar como lidamos com experiências. A estética da existência na Antiguidade via a vida como obra de arte e a ética como reflexão sobre a liberdade, enquanto a modernidade trouxe o cinema como treinador sensorial para as metrópoles urbanas e hiperestimuladas.
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Artigo revista pedagogia em foco_solange_ribeiroSolange Ribeiro
O documento discute um estudo de caso sobre as representações da cultura e meio ambiente pantaneiro na obra "Caçadas de Pedrinho" de Monteiro Lobato, veiculadas por mídias educacionais em uma escola infantil. Os resultados mostraram que as representações na obra estão associadas à relação natureza-humano e produzem novas percepções sobre a cultura pantaneira e a relação entre homem e meio ambiente. A pesquisa analisou essas representações sob a perspectiva histórico-cultural e da teoria da representação social
PERCEPÇÃO DO URBANO A PARTIR DE IMAGENS GEOFOTOGRÁFICAS DO MUNICÍPIO DE GUARA...guest14728fc
Este documento analisa as transformações urbanas, sociais e culturais percebidas através de imagens antigas e atuais da cidade de Guarabira, Brasil. Utiliza a geofotografia para comparar imagens do passado com o presente e identificar mudanças na paisagem urbana, como demolição de prédios históricos, abandono de casarões, preservação de locais culturais e a perda total de outros. Conclui que a análise geofotográfica revela a memória cultural passada expressa nas ações
O documento discute a educação online à luz da teoria da complexidade de Edgar Morin. Apresenta os conceitos-chave da complexidade como circularidade, autoprodução e interação sujeito-objeto e discute como eles contribuem para projetos educacionais colaborativos online, tomando como exemplo o Projeto Contos.
O documento discute a visão de Clifford Geertz sobre cultura como um sistema simbólico. Geertz via cultura como um conjunto de significados históricos compartilhados que moldam a experiência humana e a compreensão do mundo. Ele argumenta que a arte é uma manifestação desse sistema cultural, expressando os significados de uma sociedade. A cultura fornece os padrões para os indivíduos se tornarem humanos e se diferenciarem.
The document summarizes the agenda and proceedings of a PSE apprenticeship meeting. It provides updates on recent graduates, new apprentices, revisions to apprenticeship standards, and the pathway to apprenticeship program. It also discusses record keeping requirements, making up missed hours, leaves of absence, and upcoming changes like a new online training system. The goal is to inform apprentices of program updates and requirements.
Mitrefinch Australia - Employee Time and Attendance Solutions
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A descoberta das formas de vida social no meio urbano, como objeto de estudos, obrigou o antropólogo a voltar-se para sua própria sociedade na busca do entendimento de seus próprios sistemas de significações, através de uma preocupação singular com o conteúdo simbólico das cidades "enquanto representação do universo pelo homem e mediação na integração do homem nesse universo"
Neste percurso de conformação do campo conceitual da própria disciplina, é notório o quanto a Antropologia do mundo contemporâneo deve aos intelectuais da Escola de Chicago, os primeiros a interessar-se pelo problema da desorganização, desestruturação e anomia acarretadas pela concentração das massas nas megalópoles contemporâneas. A esta vertente de estudos e pesquisas sobre a cidade, responderam outros intelectuais formados nos quadros de uma sociologia européia e dedicados ao estudo do mundo urbano e dos problemas das relações capital/trabalho, lazer, individualismo, etc.
This document provides information for attendees of the Animate Miami convention. It welcomes attendees and emphasizes that the convention is put on for the community. It provides tips for getting the most out of the event, including downloading the convention app. It then lists all the exhibitors and special guests that will be in attendance. It provides some policies for the convention, including requiring badges and prohibiting harassment or real/fake fighting. Finally, it provides the weapons policy, allowing some costume props but prohibiting real or concealed weapons.
Vectoring basics & 1 element eric haut - pgnGreg Fellin
This document provides an overview of vectoring basics for electricity meters. It discusses the different meter forms, including forms 1 and 3 which have one element and conforming vectors, and forms 2 and 4 which have one element but non-conforming vectors where the B-phase current coil is reversed. The document outlines the steps for drawing meter vectors, including applying rules about forward torque and reversed current coils. It provides an example of drawing vectors for a form 2 meter with a hypothetical 3-wire load.
Chartered in 1965, the AIA-MBA Joint Committee consists of Architects, General Contractors, Legal Counsel and Owners, who collectively represent the best interests of the American Institute of Architects Pittsburgh Chapter, the Master Builders’ Association of Western PA and the region’s entire design and construction community. The AIA-MBA Joint Committee provides a unique forum that promotes the exchange of ideas between industry stakeholders. These activities have advanced the cooperative working relationship enjoyed by both associations and the commercial construction industry at large.
For more information on the AIA-MBA Joint Committee, please call 412-922-3912 or visit http://www.mbawpa.org/aia-mba.
Este documento describe la educación ambiental y una experiencia de educación ambiental de Parques Nacionales Naturales de Colombia. Define la educación ambiental como los procesos de educar al ser humano sobre el medio ambiente y el desarrollo sostenible. Describe las fortalezas de la experiencia de Parques Nacionales, como el diálogo con actores, la formación integral y la conciencia ambiental, e identifica aspectos a mejorar como el trabajo interinstitucional y la divulgación.
China ha experimentado un rápido crecimiento económico desde las reformas de 1978, convirtiéndose en la segunda economía mundial. Ha pasado de una economía planificada a una economía de mercado mixta bajo el liderazgo del Partido Comunista, con un fuerte sector estatal y un creciente sector privado. China también juega un papel cada vez más importante en el comercio y la inversión globales.
Etnografia da duração, estudos de memoria coletivaAna Rocha
Sob a ótica dos estudos de uma etnografia da duração, a vida urbana é descrita desde o poder de organização de uma totalidade a partir de um fragmento vivido, isto é, aquela de um tempo imaginado pelos sujeitos-personagens que narram a sua experiência de vida cotidiana nas cidades modernas. Os fragmentos das experiências existenciais na cidade, nos jogos da memória dos habitantes das grandes metrópoles, seguem um princípio de ordenação contrária a dissolução de suas relações com seus territórios de vida, jogando a favor da homogeneidade deste espaço.
Para nós, a vocação de identidade tão sistematicamente associada aos espaços concretos das cidades, no campo das políticas públicas para a área de patrimônio, sob a ótica dos jogos da memória de seus habitantes, tem sua origem no tempo, o único que, segundo Durand (1984a, p. 479) transforma o princípio de identidade em um “risco a correr”. Neste ponto, o espaço é “fator de participação e ambivalência” (idem), pois, por sua via, nos confrontamos com os desafios de ultrapassar a diferenciação de estados e deslocamentos que toda a identidade contempla, para reencontrá-la, novamente, no plano eufêmico, de um espaço fantástico e, por isto, transcendental. No espaço se pode observar o trajeto do imaginário sendo desenhado, agora como espaço fantástico: espaços de estabilidade do ser (Durand, 1984a, p.474). Por esta via retornamos as idéias bachelardianas do tempo “como uma série de rupturas” (Bachelard, 1988, p. 38) e onde o fluxo da consciência, não é o único alicerce da memória, ao contrário, “é apenas uma de suas direções, uma perspectiva possível que o espírito racionaliza” (Duvignaud, 2006, p. 14).
This document provides an overview of vectoring basics for electricity meters. It discusses the key principles of vectoring including starting with a zero reference voltage, the meanings of potential and current arrows, which current coils can be reversed, and that all meter elements have forward torque at unity power factor. It then covers the sequence for vectoring a meter, examples of vector diagrams for different meter types and wiring configurations (including 2 1/2 element meters), and provides an example problem of calculating load for a convenience store.
This document provides an overview of vectoring basics for electricity meters. It discusses the key concepts of potential, current, and torque in vector diagrams. It also outlines the steps for vectoring different meter types, including drawing system and meter vectors and applying rules around forward torque and reversed current coils. Specific examples are provided for forming vectors for three-element meters in wye and delta configurations.
1) O documento discute como as ciências humanas têm desconstruído a noção de tempo através de sua dimensão interpretativa, seja como espaço de construção narrativa ou como fenômeno que participa do imaginário.
2) Analisa como Walter Benjamin viu a memória como espaço de construção do conhecimento e como a perda da narrativa ameaça a transmissão de experiências do passado.
3) Discutem como a tradição romântica sustentou que a memória permite a reconstrução da identidade pessoal e social ao reintegrar
The document discusses vectoring basics for electrical meters. It covers the following key points:
- Vector diagrams are used to represent voltage, current, and power in electrical metering. Arrows denote polarity and direction of these quantities.
- Common meter forms include Form 12 (two elements) and Form 15 (four elements). Form 15 contains both Form 1 and Form 2 elements.
- Examples are provided of drawing vector diagrams for different meter forms connected to various 3-phase system configurations, like wye, delta, and 4-wire delta services.
- Hypothetical loads are used to calculate power measured by each element through vector addition and trigonometry.
This internship report summarizes the internship of three students at Heavy Mechanical Complex Pvt Ltd in Taxila, Pakistan. It provides an overview of the company, including its establishment, premises and assets, departments, products, quality certifications, achievements and collaborations. It then describes several of the company's production shops in brief, including the assembly shop, heat treatment shop, fabrication shop, production planning department, steel foundry, non-destructive testing, basic machine shop, technology department, material testing lab, and inspection processes. The report is intended to provide the interns with practical knowledge of various manufacturing technologies and processes.
Presentation held at Oil Museum in Stavanger in May 22, 2014 by Rovik Energy Partner. The presentation discusses strategy, business development and portfolio management within oil and gas
Makalah ini membahas peranan lembaga peradilan di Indonesia dan jenis-jenis lembaga peradilan yang ada seperti Mahkamah Agung, pengadilan umum, pengadilan agama, dan pengadilan militer."
1. El hipotiroidismo es una afección resultante de una disminución de la actividad biológica de las hormonas tiroideas a nivel tisular, ya sea por una producción deficiente o por una resistencia a su acción.
2. El hipotiroidismo congénito afecta de 2 a 3 casos por cada 10,000 recién nacidos y su principal causa es el retraso mental.
3. El diagnóstico se confirma con niveles elevados de TSH y bajos de T4 y T3 en el perfil tiro
Este documento presenta información sobre análisis de riesgo en sistemas productivos. Explica conceptos clave como riesgo, accidente, condiciones y actos subestándar, y clasifica diferentes tipos de emergencias químicas a nivel mundial. Además, describe factores a considerar en análisis de riesgo e incluye metodologías como árbol de fallas y AMEF.
No decorrer da luta você vai se descobrindo:
Experiências com o vídeo etnográfico na representação de processos sociais, por Ana Lúcia Marques Camargo Ferraz
Este documento apresenta um resumo sobre a história da antropologia, abordando suas principais perspectivas de análise ao longo do tempo, tais como a antropologia pré-histórica, linguística, psicológica e social e cultural. O texto define antropologia como o estudo do ser humano sob diferentes aspectos e perspectivas, tendo a arqueologia como forma de estudar sociedades passadas por meio de vestígios materiais. Por fim, discute como a antropologia linguística e psicológica também contribuíram para compre
O documento discute a evolução da antropologia visual desde seu surgimento no século XIX até os dias atuais, quando os povos indígenas passaram a usar seus próprios recursos visuais para apresentar seus pontos de vista e afirmar suas identidades culturais.
Fichamento a etnografia enquanto métodoMarcilea Melo
1. O documento discute a etnografia como método para entender as culturas locais, especialmente as culturas escolares.
2. A etnografia envolve a descrição de uma cultura a partir da perspectiva dos membros daquela cultura, utilizando técnicas como observação participante e entrevistas.
3. A pesquisa etnográfica é útil para compreender as práticas pedagógicas locais e promover a inovação pedagógica, rompendo com paradigmas tradicionais e desenvolvendo novas
1) Há diferentes perspectivas para se observar uma mesma paisagem dependendo do interesse e formação de quem observa;
2) Algumas visões enxergam a paisagem como natureza dominante, habitat humano, artefato criado pelo homem ou sistema complexo;
3) Outras visões analisam a paisagem como problema social, riqueza econômica, ideologia cultural ou registro histórico em evolução.
O documento discute as relações entre tempo e espaço na arte contemporânea, especialmente no contexto brasileiro. Aborda como noções de arcaico e fantasma desafiam noções lineares de tempo e espaço, apresentando múltiplos tempos e espaços simultâneos. Também analisa como produções artísticas brasileiras revelam um "lócus do interstício e de presentificação do arcaico", onde manifestações culturais outras são atualizadas.
1) O documento discute a antropologia urbana e seus objetivos de aprendizagem, que incluem problematizar a questão da antropologia urbana nos âmbitos individual e social com base no conceito de comportamentos desviantes e identificar as novas identidades religiosas e práticas ritualísticas no contexto urbano.
2) A antropologia urbana é apresentada como um subcampo da antropologia que se consolidou na década de 1960 para estudar fenômenos urbanos complexos nas grandes metrópoles.
3) Comportamentos des
Desenhando na Amazônia: Mediações educativo-culturais entre imagem e imagináriocmarinho1
Este documento discute como os desenhos de uma professora-artista da Amazônia Amapaense representam visualmente aspectos da cultura local e desafiam narrativas estereotipadas sobre a região. Os desenhos são analisados como mediações educacionais entre imagem, imaginário e contexto histórico-social amazônico.
Este documento resume a história da dança em Goiânia entre 1973 e 1988, destacando os principais grupos e estilos que se desenvolveram durante este período e suas contribuições para a cena da dança no Brasil. O texto explora como a dança foi usada como forma de expressão artística e criação durante este tempo em Goiânia.
Este documento fornece informações sobre o V Colóquio Nacional do NEER sobre representações culturais no espaço que será realizado na Universidade Federal de Mato Grosso entre 26 e 30 de novembro de 2013. O evento terá mesas redondas e grupos de trabalho discutindo temas contemporâneos em Geografia relacionados a representações culturais. O programa inclui atividades como exposição de painéis, lançamento de livros e trabalho de campo.
1) Apresenta marcos históricos da formação da disciplina Museologia no contexto internacional e nacional, incluindo a criação do ICOFOM e ICOM.
2) Discutem-se definições de objeto da Museologia por autores como Stránsky e Russio.
3) A Nova Museologia é apresentada como um movimento que enfatizou a apropriação do patrimônio cultural pela sociedade.
Encontros arte como arqueologia, arqueologia como arte (sara navarro, 2013)arqueomike
O documento discute o diálogo entre arte e arqueologia, propondo que a arte contemporânea pode oferecer novas perspectivas para a arqueologia. A autora sugere que sua própria prática artística, que se inspira em técnicas cerâmicas antigas, ilustra como a arte pode ser vista como arqueologia e vice-versa. Ela argumenta que os artistas podem contribuir para métodos arqueológicos menos positivistas e mais estéticos.
1) A etnografia é uma abordagem de pesquisa qualitativa que fornece contribuições importantes ao estudar desigualdades e exclusões sociais, analisando culturas de forma holística e incluindo os atores sociais.
2) A etnografia envolve longos períodos de observação para entender os significados das ações dos participantes.
3) A microanálise etnográfica estuda eventos ou partes de eventos de forma detalhada para revelar as relações sociais e significados nas interações.
Estudos Culturais, recepção e teatro: uma articulação possível? (2006)Taís Ferreira
Este artigo discute a possível articulação entre os Estudos Culturais de recepção e a recepção no campo teatral. A autora propõe desenvolver um estudo de recepção teatral inspirado nos Estudos Culturais de Comunicação, considerando o receptor como co-produtor ativo na construção de significados. Também contextualiza a evolução dos estudos de recepção, desde modelos que enxergavam o receptor como passivo até abordagens que o veem como agente ativo e polissêmico.
Este texto apresenta uma reflexão sobre currículo em arte propondo um ensino "em espiral" que valorize a experiência sensível e a perspectiva do aluno. A autora sugere que os professores se aproximem das culturas da infância e se tornem "performers", catalisadores de novas percepções por meio de atividades integradas entre teatro, música, corporalidade e espaço. O objetivo é contribuir para um debate mais aberto sobre currículo artístico.
O lugar da arte contemporânea e seu processo de patrimonialização. a historic...grupointerartes
O documento discute a arte contemporânea e seu processo de patrimonialização. Aponta que a arte atual exige maior participação do público e que as obras não são mais objetos passivos, mas experiências interativas. Também analisa como artistas desde os anos 1950 transformaram a relação entre obra e espectador, questionando a frontalidade exigida pela arte moderna.
O lugar da arte contemporânea e seu processo de patrimonialização. a historic...grupointerartes
O documento discute a arte contemporânea e seu processo de patrimonialização. Aponta que a arte atual exige maior participação do público e que as obras não são mais objetos passivos, mas experiências interativas. Também analisa como artistas desde os anos 1950 promoveram uma "dessacralização dos lugares convencionais da arte" e uma ênfase no corpo do espectador. Finalmente, argumenta que museus precisam repensar suas práticas diante das mudanças trazidas pela arte contemporânea.
Jornada O Som Como Matéria Para Processos Coletivos: O Ato da EscutaDiogo de Moraes
Este documento descreve uma jornada sobre o ato da escuta que ocorrerá no Museu Lasar Segall em 24 de junho. A jornada reunirá pesquisadores e profissionais de áreas como psicanálise, educação, mediação cultural e artes para discutir formas de praticar a escuta de maneira complexa e consequente nos ambientes institucionais.
RPC inovando com o uso de celulares em reportagens p. 57-62Michel Itakura
1. O documento apresenta resumos de trabalhos acadêmicos apresentados no Encontro Institucional de Iniciação Científica da UniFCV em 2019.
2. Um dos resumos é sobre uma análise simbólico-arquetípica da obra A Divina Comédia de Dante Alighieri utilizando a psicologia analítica de Carl Jung.
3. O resumo descreve os objetivos, metodologia e discussões preliminares do estudo, que ainda está em desenvolvimento.
RPC inovando com o uso de celulares em reportagens p. 57-62
Etografia com imagens
1. ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
ETNOGRAFIA COM IMAGENS: práticas de restituição
Ana Luiza Carvalho da Rocha1
Cornelia Eckert2
Resumo: A restituição é uma ação ética, prática da pesquisa etnográfica. A partir das
experiências de formação científica em dois núcleos de pesquisa em antropologia
visual na UFRGS, refletimos sobre as aprendizagens nos exercícios de etnografia com
imagens e descrevemos formas de socializar as pesquisas com imagens.
Palavras-chave: Etnografia; restituição; imagem; narrativas.
Abstract: Reporting is an ethical action, practice of the ethnographic research.
Through the experience of scientific training in two research centers in visual
anthropology at UFRGS, we reflect upon the learning process inherent to
ethnographical exercises with images and we describe forms of socializing researches
with images.
Keywords: Ethnography; reporting; image; interlocutors; narrative.
1 Professora da Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo, e antropóloga na UFRGS, Porto
Alegre, RS. Coordenadora do Banco de Imagens e Efeitos Visuais neste âmbito. E-mail:
analuiza2@feevale.br .
2 Professora do Departamento de Antropologia e PPGAS IFCH UFRGS, Porto Alegre, RS.
Coordenadora dos núcleos Antropologia Visual e Banco de Imagens e Efeitos Visuais neste
âmbito. E-mail: corneliaeckert@terra.com.br .
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Tessituras
ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
Imagens narradas, mediando restituições
A restituição da pesquisa antropológica é um compromisso ético da
prática da etnografia. Um ato não só de contra-dom que nos ensinou Marcel
Mauss ao fundar a antropologia simbólica a partir da teoria da reciprocidade
(MAUSS, 1922), mais do que isso, ação de interlocução na “trama simbólica
da cultura”. Esta tradição ética orienta a comunidade antropológica na
responsabilidade de construção de conhecimento crítico e reflexivo pela
partilha do patrimônio etnográfico, que é público, “porque a significação o é”
(GEERTZ, 1984, p. 17).
No campo da antropologia e imagem ou antropologia visual, as
práticas de descrição interpretantes dos processos de pesquisa etnográfica
contam com a obra da imagem como uma aliada para a prática da
reciprocidade e restituição. Seja por demanda do próprio grupo, seja pelo
consentimento individual solicitado para a pesquisa com suportes
audiovisuais, as imagens se situam como patrimônio etnográfico das
diversidades socioculturais.
No que é hoje postulado para o ofício da antropologia, a grafia da luz
das diversidades socioculturais superou os projetos reacionários de
perspectivas exotizantes da pesquisa etnocêntrica na construção de um
Outro antropologizado e chega à contemporaneidade com disposições
dialógicas consentidas de enfrentamento das determinações ideológicas e
coercitivas e alcança qualidades de convivência social e responsabilidade
política de complexidade planetária. Das imagens testemunhais de gênero
realista de Bronislaw Malinowski dos melanésios em Trobriand (1976
[1922]) são hoje inúmeros os estudos que refletem sobre o lugar da imagem
na restauração da inteligibilidade da ação do Outro, como sugere Marilyn
Strathern sobre os barock, para quem as imagens são autoconhecimento
refletido (2014, p. 223).
A partilha das imagens, da concepção à restituição, foi uma ação
criativa e revolucionária no âmbito da disciplina com a consolidação da
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Tessituras
ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
denominada antropologia compartilhada internacionalizada na obra de Jean
Rouch, o cineasta-antropólogo francês. Imbuído do talento fílmico operando
a câmera “subjetiva”, o pesquisador biografa a ação de atores sociais, amigos
nigerianos, na construção de suas “identidades narrativas” (RICOEUR,
1991). Um “acompanhamento fenomenológico” (PIAULT, 2009, p. 163) em
que Rouch, e seus amigos africanos participam do processo etnográfico
fílmico. De fato é o tema da alteridade que se coloca de outra forma, ora
distanciamento, ora familiarização, o que importa, evidenciando os esforços
de Jean Rouch junto às comunidades africanas, é o diálogo constante, a
conversação engajada, a continuidade das trocas nas múltiplas situações
interativas (PIAULT, p. 164-165) e, claro, importa reconhecer a conjuntura
mundial de um cinema politizado (cine-olho, cine-verdade, cine-novo, cine-
neorealista, cine-transcultural) no qual divulga sua obra.
Dialogar em torno das imagens a serem captadas, os pontos de
observação, os lugares de escuta, as disposições técnicas (luz,
enquadramento, plano de proximidade até um close) implicam em
concordâncias, em rejeições, em negociações, em consentimentos das pessoas
implicadas no drama da pesquisa até as frustrações em face do roteiro guia
imaginado e interrompido pelas recusas e os imponderáveis da pesquisa, ou
as expertises em face do improviso e da emoção.
O processo de restituição da etnografia com imagens se coloca para
nós com um compromisso com a memória intrageracional, de outro modo,
com um museu imaginário dinamizado pela extroversão de coleções de
imagens restituindo aos pesquisados no presente e às futuras gerações “um
quadro compósito das esperanças e temores da espécie humana, a fim de que
cada um nele se reconheça e se revigore” (DURAND, 1998, p. 106), projeto
que temos denominado de etnografia da duração (ECKERT e ROCHA,
2013c).
Como professoras e pesquisadoras de antropologia audiovisual, no
contexto acadêmico, compartilhamos da coordenadoria de dois núcleos de
formação para o qual temos nos inspirado com as instâncias da
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ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
aprendizagem propostas por Sara Pain (1988) ao entender que, para a
formação do discente, o mestre deve partir de um desafio múltiplo que
promove “situações de aprendizagem” em que o(a) aluno(a) deve “intervir
globalmente”, construindo o desafio do conhecimento como um “jogo
dramático do saber”. A pedagoga orienta a aplicação de uma série de
estruturas lógicas, na aventura do aprendizado pela atividade criativa. Já
escrevemos sobre os desafios de situações de ensino-aprendizagem nas
disciplinas de Antropologia Visual e da Imagem, que cultivamos no âmbito
da universidade (ECKERT e ROCHA, 2014). No ensino da antropologia
visual, a reflexão sobre o tema da restituição nos é cara e se investe como
ressonância da experiência viva da temporalidade observada, escutada,
filmada, fotografada, gravada, vivida junto as pessoas e grupos pesquisados
nas produções fotográficas, videográficas, sonoras e gráficas (escritas, blogs,
desenhos, pinturas, instalações, etc.). Uma experiência divulgada pela arte
do saber-fazer etnográfico que narra à imaginação produtora do
conhecimento partilhado sempre em fluxo.
Também refletimos alhures sobre a partilha da escrita etnográfica
como processo de restituição. Tendo por referência a obra de Jacques
Rancière e seu estudo sobre a estética e política, segundo o qual o ato da
escrita é ato de partilha do sensível (modos do fazer, modos do ser e do dizer)
pode-se recolocar alguns dos dilemas que vive a Antropologia em termos das
possibilidades da escrita etnográfica configurar-se como uma partilha do
sensível entre os próprios pesquisadores em antropologia. Neste ínterim ao
se colocar as diferenças da etnografia fora do trabalho de campo e no interior
da escrita interpretativa (o corpo da letra) propõe-se a escrita antropológica
como “coisa política” porque recoloca o diálogo entre civilizações nos termos
das relações entre, por um lado, um conjunto comum partilhado de saberes
e, por outro, a sua divisão em partes exclusivas (saberes tradicionais/saberes
científicos, o que pertence ao “nativo”/o que pertence ao etnógrafo) (ROCHA
et al., 2008, p. 1-2).
Considerando que é do campo da etnografia com imagens que práticas
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ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
de restituição se consolidaram como ação ética e política de ressonância do
conhecimento da imagem do Outro e de sí-mesmo na interação, relatamos
neste artigo práticas que desejamos se somarem aos múltiplos esforços de
circulação das interpretações antropológicas.
Sem cair na armadilha de que teremos o controle das formas de
acolhimento da pesquisa, almejando antes uma abertura para novas
experiências, relatamos empenhos acadêmicos de circulação dos fatos
etnográficos como processos de restituição, uma vez que “o que é comunicado
[...] é, para além do sentido de uma obra, o mundo que ela projeta e que
constitui seu horizonte” (RICOEUR, 1994, p. 119), mas cuidando para
respeitar os acertos de consentimentos informados e as fontes de referências
das obras citadas. Não há idealização para estas contrapartidas, ou modelos
de recepção. Talvez não nos furtemos da ambição de aspirar comover os
interlocutores pelo conhecimento afetivo, não só por promover
democraticamente o acesso as imagens de si, mas por visibilizar os desígnios
intencionais nas experiências de campo e de como os que “etnografam” são
afetados pela responsabilidade de mediar mundos conceituais. Desta feita
nos conformamos com o que propõe Paul Ricoeur em A metáfora viva ao
tratar das obras literárias, plagiando sua proposta adaptada para as
etnografias visuais: “as obras literárias trazem também à linguagem uma
experiência e assim vêm ao mundo como qualquer discurso” (RICOEUR,
1994, p. 120), mas por certo um discurso vivo e corrente que pressupõe uma
compreensão ativa (BAKHTIN, 1978, p. 89). Trata-se do dialético processo
de subjetivação/objetivação da experiência que nos ensina Georg Simmel
(1987) a que não escapamos na filiação institucional (universitária) em suas
funcionalidades, o que não invalida a almejada “fusão de horizontes” nas
dinâmicas de recepção da narrativa imagética pelo público que tem
assegurada sua liberdade de interpretar, de ficcionalizar pela ação humana
criativa e imaginativa de todos nós.
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ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
As imagens nos habitam
Se somos habitados por imagens, é pelas imagens que buscamos
restituir a experiência etnográfica. O postulado é de Gastón Bachelard
(1984) em quem nos inspiramos para ousar, no horizonte que nos é
proporcionado ao trabalho de antropologia visual, restituir narrativas com
imagens pelo qual a investigação etnográfica pode ser contada, recitada,
refazendo a trama das intersignificações do tempo vivido na interação da
pesquisa.
Em dois núcleos do nosso trabalho cotidiano acadêmico no Programa
de Pós-Graduação em Antropologia na Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, privilegiamos a formação em antropologia com imagens de alunos de
graduação e pós-graduação, no NAVISUAL e no BIEV. A circulação dos
trabalhos seguem os suportes que a mídia contemporânea proporciona. Em
especial destacamos o portal do projeto Banco de Imagens e Efeitos Visuais
www.biev.ufrgs.br e a publicação da revista científica e eletrônica
Iluminuras, acessível pelo portal http://seer.ufrgs.br/iluminuras/ .
A expografia como contexto de restituição: a experiência do
Navisual (UFRGS)
O núcleo de antropologia visual, apelidado de Navisual, se constituiu
como um projeto coletivo dos docentes do PPGAS. Esta filosofia de abertura
às diversas linhas de pesquisa que caracterizam o programa para a
formação, segue como meta do projeto. Com reuniões semanais,
pesquisadores são incentivados aos desafios da pesquisa antropológica com a
produção de imagens. Hoje já com 25 anos de atividade, podemos numerar
as tradicionais formas de divulgação das experiências de aprendizagens:
teses, dissertações, trabalhos de conclusão de curso, produção de vídeos,
produção de cds e dvds, apresentações orais e de pôsteres nos eventos
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ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
científicos, reuniões acadêmicas, oficinas, etnografias de rua, participação
em redes sociais virtuais, exposições de fotografias e exibição dos
documentários em congressos, em reuniões de Ongs, associações de bairros,
movimentos sociais, etc. Mas uma prática, que nos é cara, será tema da
nossa contribuição neste artigo: a expografia de narrativas fotográficas que
temos denominado de narrativas etnofotográficas.
O espaço institucional é da universidade, mais precisamente do
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Embora a prática de expografia
do Navisual não se restrinja a este contexto, este tem sido privilegiado para
a divulgação das pesquisas de discentes e docentes, não só da antropologia,
mas de áreas afins. São paredes de um corredor de salas funcionais que, no
final dos anos 90, a fotógrafa e então bolsista trabalho do IFCH Fernanda
Chemale idealizou como Galeria Olho Nu, como parte de um complexo que
seria denominado centro multimeios (uma sala com equipamentos
multimídia para aulas, palestras e defesas). Com a finalização da atuação da
bolsista, a Galeria ficou órfã e, estando a sede do Navisual no Laboratório de
Antropologia Social no mesmo corredor, lhe foi concedida a curadoria. Este
foi o inicio de um projeto de extroversão das pesquisas que já dura 21 anos.
Todas as exposições realizadas estão registradas e divulgadas no
portal oficial do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social no
http://www.ufrgs.br/ppgas/portal/index.php/pt/producao-cientifica/exposicoes .
Mais que isso, expor na Galeria é aberto a qualquer interessado(a) a partir
da proposta de uma exposição temporária a partir do que orienta o edital
publicizado neste mesmo portal. A estrutura é simplória, ocupa a parte
inicial do corredor D2 do IFCH e tem por disposição 12 quadros, 8 deles de
80x80cm (vertical) e 4 de 80x50cm no sentido horizontal.
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ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
Foto 1 - Reunião dos membros da equipe do Núcleo de Antropologia Visual. Oficina de fotografia ministrada por
Rumi Kubo e Fabricio Barreto de 22 e 29 abril e 13 e 20 de maio 2014. Porto Alegre. Fotografia de Cornelia Eckert.
Foto 2 - Idem. Fotografia de Ananda Andrade.
Foto 3 - Corredor do prédio D2. Galeria Olho Nu. Porto Alegre.
Foto 4 - Placa em homenagem a Inauguração da Galeria Olho Nu. Porto Alegre, março 1995. Fotografia de Liliane
Stanisçuaski Guterres.
Para relatar algumas experiências de expografia nos restringimos às
duas últimas exposições de pesquisadores do Navisual. Mas antes relatamos
como procedemos para a construção de um projeto expográfico coletivo, sem
grandes dilemas sobre a curadoria. Porém, falando em curadoria, importa a
homenagem a antropólogas visuais, que como pesquisadores do Navisual, se
dedicaram a coordenar (“curadorar”) mantendo viva a ação da transmissão
do saber. Por muitos anos a antropóloga Liliane Guterrez, aluna de
graduação, mestrado, doutorado, foi a tutora mór desta atividade, seguida
de Rumi Kubo, Fabiela Bigossi e Fabrício Silveira. Das duas derradeiras
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Tessituras
ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
atividades de expografia a serem relatadas participaram como
pesquisadores do Navisual Yuri Rapkiewicz, Aline Rochedo, Roberta Simon,
Gabriela Jacobsen, Débora Wobeto. Ainda em 2013 Ronaldo Correa,
professor da Universidade Federal do Paraná, durante seu estágio de pós-
doutorado, e em 2014 Camila Braz, José Abalos Junior, Ananda Andrade,
além de outros pesquisadores com participação esporádica.
Uma pesquisa etnofotográfica inicia em situações como, curso de
antropologia visual na graduação no curso de Ciências Sociais ou como
resultado de pesquisas de iniciação científica, trabalho de conclusão de
curso, mestrado, doutorado, etc. Relatamos duas experiências, dos alunos
Yuri Rapkiewicz e de Débora Wobeto, ambos do curso de Ciências Sociais na
UFRGS, graduação.
Entre trilhos e temporalidades
Yuri inicia como aluno de iniciação científica e finaliza com o trabalho
de conclusão de curso. Sua pesquisa se engaja no projeto então em
andamento por nós coordenado (BIEV/PNPD-CAPES) intitulado “Trabalho e
Cidade: Antropologia da memória do trabalho na cidade contemporânea”.
Estimulado por nós, adere ao tema da memória dos ferroviários
aposentados, muitos ainda residentes na antiga Vila dos Ferroviários no
bairro Humaitá em Porto Alegre. Passando pela orientação da pesquisa
etnográfica e coleções etnográficas, Yuri também estagia por um ano e meio
no Museu do Trem em São Leopoldo. Em todos estes processos, a
interlocução com os ferroviários aposentados se contextualiza na vila, no
sindicato, no museu, e, em especial, no Clube Ferrinho, onde conhece o
guardião da memória do Esporte Clube Ferrinho, o ferroviário Hélio Bueno
da Silveira, morador do quadro (vila) ferroviário. Esta orientação de
aproximar-se privilegiadamente de Sr. Hélio, dava continuidade a uma
relação de cunho etnográfico iniciada em 2001 por ocasião de outra pesquisa
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Tessituras
ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
por nós orientada do então aluno Lucio Lord. Na sede da agremiação, no
prédio da antiga Estação Diretor Augusto Pestana, onde encontramos um
imenso acervo do trabalho ferroviário, da luta sindical, da história do clube,
da vila dos ferroviários. Este foi o tema do trabalho de conclusão deste aluno
e as imagens fotografadas na ocasião compõem o acervo etnográfico do
Banco de Imagens e Efeitos Visuais.
Foto 1 - No Clube do Ferrinho, Sr. Helio Silveira apresenta documentação sobre os ferroviários para Lucio Lord.
Porto Alegre, 2001. Fotografia de Cornelia Eckert.
Foto 2 - Nos fundos do atual prédio do Clube, Lucio caminha pelos escombros de antigas instalações. Porto
Alegre, 2001. Fotografia de Cornelia Eckert.
Foto 1 - Seu Hélio Silveira mostra troféu de homenagem recebida. Porto Alegre, 2001. Fotografia de Cornelia
Eckert.
Foto 2 - Na Vila dos Ferroviarios, as casas geminadas a esquerda. A direita escombros do antigo prédio do sistema
ferroviário. Porto Alegre, 2001, Fotografia de Cornelia Eckert.
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Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
Yuri, ao inserir-se neste campo, encontra Sr. Hélio novamente como
interlocutor privilegiado que consente e o integra no universo de pesquisa no
contexto dos moradores da vila e do sindicato da categoria. Nesta
experiência, durante sua graduação (4 anos), realiza fotografias e pesquisa
imagens de acervo sobre o tema. Escreve seu trabalho de conclusão e artigos
sobre a pesquisa. O desafio então é de propor uma narrativa visual como
uma forma de dar um retorno aos pesquisados de um processo que se
finaliza. Como incentivado a todos os pesquisadores do núcleo, passamos a
refletir sobre uma expografia do trabalho etnográfico de Yuri no Navisual.
Como já de tradição, inicia-se o debate sobre a experiência da pesquisa, em
seu tema, em suas perspectivas metodológicas e convívio cotidiano embalado
por referências teórico-conceituais que o inspiram na produção etnográfica
escrita e imagética. A equipe, informada do desenrolar da pesquisa,
familiariza-se com as imagens para a elaboração de um roteiro
etnofotográfico.
Discute-se a sequência narrativa, os conceitos, as categorias e
palavras-chaves, a estética, o formato, os materiais, o estilo, mas sobretudo,
a história a ser contada com as imagens. Em cada etapa, importa refletir
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ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
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sobre o público, para quem queremos contar algo: as pessoas pesquisadas,
aos alunos interessados e anônimos, os passantes habitués do corredor
(visitantes diversos, funcionários da limpeza, professores, servidores, etc) de
forma que, sempre pensando nos interlocutores, estes se reconheçam ou que
ao menos, se motivem ao debate.
Opta-se por uma estrutura de banners. Algo excepcional na tradição
da galeria, mas a intensão era circular os mesmos no contexto da pesquisa,
no museu do Trem em São Leopoldo, em escolas, etc. Predomina na
expografia a pesquisa na forma de coleção etnográfica com as imagens do
aluno e da pesquisa de acervo dispostas em 12 pranchas temáticas seguindo
a metodologia de Gregory Bateson e Margareth Mead (1942). Seu Hélio e
outros ferroviários interlocutores, recebem destaque em suas biografias e
trajetórias de trabalho. Para a divulgação, é confeccionado um cartaz e um
folder distribuído e propagandeado. Combina-se a visita dos ferroviários
para o evento, também dos museólogos e de outros convidados. A abertura,
chamamos de visita comentada, e assim, Yuri e a equipe recebem os
convidados. O pesquisador apresenta seu trabalho, abrindo para debate e
comentários.
A exposição segue por mais dois meses, de forma que o tempo seja
suficiente para sua apreciação antes de circular em outros ambientes de
recepção. Uma visita em especial é documentada. Seu Hélio e sua esposa
visitam a galeria, e aproveitamos para homenagear o guardião da memória
do trabalho ferroviário no Rio Grade do Sul3.
3 A circulação da exposição é tema de uma resenha publicada na Revista Iluminuras, já
citada.
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Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
Foto 1 - Seu Hélio Silveira, ferroviário aposentado e sua esposa visitam a expografia de Yuri. Cornelia aproveita
acarinha-los. Porto Alegre, março 2014. Fotografia de Roberta Simon.
Foto 2 - Seu Hélio Silveira e sua esposa. Porto Alegre, março 2014. Fotografia de Roberta Simon.
Foto 1 - Idem ao quadro anterior.
Foto 2 - Idem ao quadro anterior.
Vila Dique: entre o transitório e o permanente
Débora Wobeto é pesquisadora de um projeto de extensão intitulado
Projeto Memórias da Vila Dique – parceria entre a faculdade de
Educação/UFRGS e o Grupo Hospital Conceição. Ao mesmo tempo, como
aluna da disciplina de antropologia visual em 2013, se propõe a narrar
fotograficamente o processo de sua pesquisa e inserção neste universo de
moradores, na Vila Dique em Porto Alegre.
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Foto 1 - Apresentação trabalhos finais dos alunos na disciplina de Antropologia Visual no curso de graduação
Ciências Sociais, IFCH, UFRGS. Apresentação do trabalho de Debora Wobeto. Porto Alegre, dezembro 2013.
Fotografia de Debora Wobeto.
Foto 2 - Idem.
A situação é conhecida dos portoalegrenses dada à proximidade
territorial com a área do aeroporto. Sua ampliação sempre foi tema de
projetos de transformação urbana, situação que se acirra em face da
realização da Copa do mundo de 2014 e da previsão de recepção de grande
número de aeronaves de grande porte. A remoção dos moradores, sempre
uma ameaça velada, torna-se realidade nesta conjuntura. Para alguns
moradores, é o fim da resistência em seus desejos de permanecer onde estão
suas raízes e motivações cotidianas; para outros, um projeto de “novas
casas” esperado. Mas tanto para um grupo quanto para outro, todos foram
pegos de surpresa na remoção às pressas e sem tempo de planejamento.
Pegam de surpresa, sobretudo, os moradores em suas lutas que não
conseguem mais confrontar as decisões municipais. As casas são demolidas,
resta a remoção para o conjunto habitacional Porto Novo, no bairro Rubem
Berta. Débora documenta todo o processo, não como uma testemunha ocular
e passageira, mas como pesquisadora com trabalho consentido, conhecida e
recebida pelos moradores, de modo que a mesma pode reconhecer as tramas
vividas por estes moradores. Segue com estupefação as formas de agir das
secretarias e empresas de remoção. Sem tempo para mudanças, a demolição
é realizada. Moradores encaixotam o que podem e as escolhas são dolorosas.
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Tessituras
ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
Para narrar esta dramática, Débora propõe uma mistura de expografia com
instalação. Discutimos o roteiro no núcleo. Rumi Kubo, antropóloga visual,
artista plástica, além de professora de economia rural (UFRGS), coordena a
equipe. A matéria da caixa, do “encaixotar a vida” como os moradores se
expressam para Débora, estetiza a crise vivida. A expografia ganha forma,
expressando a narração da pesquisadora. A equipe se envolve na montagem;
os cartazes e os flyers são distribuídos, e a visita comentada aguarda
moradores, pesquisadores do projeto de extensão e visitantes. A experiência
é filmada por Cornelia Eckert, e a pesquisadora Juliana Goulart transcreve
e escreve uma resenha publicada na Revista Iluminuras v. 15, n. 35 (2014).
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Tessituras
ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
Foto 1 - Expografia de Debora Woberto. Porto Alegre, 8 de maio 2014. Fotografia de Fabricio Barreto.
Foto 2 – Idem.
Foto 3 – Idem.
Foto 4 – Idem.
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ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
Foto 1 - Moradores da Vila Dique visitam a exposição ciceroneados por Debora Wobeto. Porto Alegre, 8
de maio 2014. Fotografia de Fabricio Barreto.
Foto 2 – Idem.
Foto 1 - Pesquisadora do projeto, aprecia a restituição. Idem. Porto Alegre, 8 de maio 2014. Fotografia de Fabricio
Barreto.
Foto 2 – Idem.
A singeleza do resultado como esforço de restituição motiva-nos a
recorrer à expografia como tema de aula de antropologia visual em
disciplinas de metodologia de nossa responsabilidade na graduação.
Cada aluno foi desafiado a comentar por escrito as aprendizagens em
método e em antropologia e imagem a partir da interpelação com a
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Tessituras
ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
narrativa visual. Também foi tema de workshop nas atividades de formação
no núcleo. Ao total, 25 alunos escreveram sobre suas aprendizagens e
apontaram questões como:
- Forma criativa de oportunizar a criação de imagens de si;
- Sensibilidade para contar a história de moradores da Vila Dique,
uma realidade que poucos conhecem;
- Aprendi a importância de narrar, de contar uma história através das
imagens;
- Conheci esta realidade que não conhecia. Esta mescla de imagens e
objetos dos sujeitos permite uma aproximação sensorial, uma
linguagem diferente da monográfica; sempre exclusiva.
- A autora diz que quer contar as histórias dos moradores de
companheirismo e de luta, sempre ocultadas por distorções e
preconceitos. A antropologia visual, trabalhando com a construção de
personagens, traz as singularidades que a pesquisa pode revelar.
- A pesquisa consegue trazer os interlocutores e fazer um retorno para
eles.
- A gente tem uma experiência com o campo da pesquisadora.
- Uma boa denuncia social pois consegue gerar muito mais impacto
com imagens do que com palavras.
- As imagens que nos mostram fenômenos, dramas, episódios, eventos,
rotinas, etc.
- Uma pesquisa visual que complementa bastante a teoria aprendida
em aula. Descreve o ambiente, o tema e objeto de pesquisa, da
dimensão.
- Revela o contraditório, desperta emoções, remete à história real e ao
imaginário. De outra forma, o contraditório não tem explicação.
- Intensifica os protagonismos dos interlocutores da pesquisa.
- O trabalho em antropologia visual busca, através de imagens e falas
dos envolvidos em eventos, como este da remoção de uma vila, a contar
o que não é facilmente captado. As memórias, a vontade de
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Tessituras
ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
permanecer, os sonhos, as dificuldades, a forma de uso de espaços que,
aos olhos de quem passa apressadamente, não imagina. Aquilo que é
priorizado e tido como melhor pelos que planejam a cidade – casas de
alvenaria e ruas asfaltadas – é justamente o que é questionado através
de falas dos moradores e imagens dos momentos da mudança, com
distribuição das casas.
- Apresenta as pistas de uma história. Em um amontado de materiais,
existe uma história. Vimos, mas não podemos contar, somente quem
teve uma vivência local pode contar esta história de vidas
despedaçadas. Mas posso montar uma história, mesmo que não seja a
deles, para que sempre seja remontada.
- O uso das imagens é um modo de apresentar as formas de
socialização, as estruturas de uma comunidade. Com a imagem, é
possível perceber como um espaço auto-organizado, mesmo aparecendo
caótico, tem um ordenamento compreensível para quem nele convive.
Mais, permite perceber que a mudança que segue uma lógica de
organização urbanística de uma comunidade, implica em mudanças
de relações sociais.
As experiências afetivas e dramáticas vividas pelos moradores da Vila
Dique são compartilhadas e mediadas por Débora, com a colaboração da
equipe do Navisual, para os(as) alunos(as) que reverberam em suas
interpretações as cognoscências operadas na partilha destas experiências
sensíveis. São igualmente engajados(as) neste círculo (hermenêutico) de
restituição. Não há exigência de reflexão erudita ou metafísica, também não
se trata de uma obra de arte com agências complexas. A contestação ao
poder estruturado do desenrolar da política urbana é representada com força
de metáfora. Sem negligenciar a importância da restituição do próprio livro
(monografia, dissertação, tese), de modo geral, restituído com
agradecimentos e homenagens, momento tão almejado pelos etnógrafos para
retornar aos interlocutores colaboradores, trata-se também da circulação do
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ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
conhecimento informado em um esforço de heteroglossia simetrizando os
mundos vividos dos atores plurais. Nos termos de Mikhail Bakhtin, o
pensador do ato de leitura e da crítica estética, esta expografia não estaria
submissa às disposições estéticas, mas antes, abrigada pelas disposições
ético-práticas. Para o pensador, rejeitar “a dissociação forma/função,
forma/conteúdo”, instiga o ponto de vista “daqueles que se orientam no
mundo social através de ‘categorias cognitivas éticas e práticas’ (as do bem,
do verdadeiro e das finalidades práticas)” e, que por isso, “vivem mais as
histórias (ouvidas, lidas ou produzidas) dos que iniciam uma relação
propriamente estética” (BAKHTIN, 1978 e BAKHTIN, 1984 apud LAHIRE,
2002, p. 91-92).
A cidade vivida como morada das imagens: a coleção de imagens
para reverberar a memória coletiva dos habitantes
O projeto das coleções etnográficas desenvolvido no âmbito do Banco
de Imagens e Efeitos Visuais, centro de pesquisa que coordenamos, tem em
sua premissa a restituição constante na circulação das imagens
pesquisadas. Esta meta pode ser dimensionada na proposta das
coordenadoras de promover uma etnografia da duração, inspiradas na teoria
dos instantes e na dialética da duração de Gaston Bachelard (1984). A
trajetória deste projeto, mesmo que recente, já percorreu quinze anos no
âmbito do Programa de Pós-graduação em Antropologia (UFRGS). Desde
então, a iniciativa da pesquisa em web coordenada por Ana Luiza. C. da
Rocha com exposição de coleções de documentos etnográficos em telas
encontra-se hospedada no portal www.biev.ufrgs.br .
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ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
A coleção resulta de complexo processo de formação de alunos e
alunas em diferentes níveis. De modo geral, o trabalho de iniciação
científica, de conclusão de curso, de mestrado ou doutorado aporta uma
coleção que é restaurada, não só aos interlocutores da pesquisa, mas aos
usuários das linguagens eletrônicas em que podem partilhar o que
denominamos de experiências temporais do viver no contexto urbano.
Podemos exemplificar com a última tese de doutorado defendida em
setembro 2014 no PPGAS, IFCH, UFRGS por Ana Paula Marcantes Soares,
intitulada “O território mito da orla. Antropologia de conflitos territoriais
urbanos e memórias ambientais em Porto Alegre, RS”. Ana Paula elabora
uma coleção etnográfica apresentada em CD e impressa em um Tomo II da
tese (SOARES, 2014, 62 p.). A coleção traz fotos suas, notícias de imprensa,
imagens de livros, fotos de pesquisa em acervo e fotografias cedidas pelos
interlocutores da pesquisa. Afinal, a cada entrevista com os trabalhadores
aposentados do antigo Estaleiro Só e antigos moradores da região Cristal em
Porto Alegre, desvendavam-se as experiências de trabalho e vida cotidiana
não somente na forma oral, mas na abertura de álbuns, caixas de fotos ou
livros institucionais publicados. A trajetória dos interlocutores vai sendo
tecida em meio a estas trocas, em que a memória do ofício é narrada,
reconfigurando as experiências no presente. Seu Fernando, de forma
especial, possuía um rico acervo que dispôs para a pesquisadora. “As
fotografias, como ele diz, eram da época do slide. Mas graças à sua interação
com o neto adolescente, Seu Fernando tinha providenciado a digitalização de
http://www.biev.ufrgs.br/grupos-de-trabalho/gt-video.php
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ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
parte do acervo de fotografias em slides da família e do estaleiro, as quais
foram registradas, em grande parte, no período final da sua trajetória de
trabalho na empresa. (SOARES, 2014, p. 138). Doar suas lembranças em
troca da escuta respeitosa e da interlocução ética implica, ao longo dos
quatro anos de convívio, em um engajamento dos entrevistados(as) e da
antropóloga, para um processo colaborativo que aprendemos desde Jean
Rouch, ou mais recentemente com David e Judith MacDougall4 ou ainda o
com o meritoso projeto Vídeo nas Aldeias (entre outros)5, motivação que
aproxima uma antropologia engajada da eficácia simbólica da restituição.
Foto 1 - Fotografias cedidas pelos interlocutores para a antropóloga Ana Paula. A fotografia foi feita no Estaleiro
Só em Porto Alegre. Citado na tese de SOARES, 2014.
Foto 2 - “Trabalho operário naval. O trabalho operário no Plano de Carreira do navio. Estaleiro Só em Porto Alegre.
Acervo Pessoal de Fernando Kuschner” (SOARES, 2014, tomo II, p. 42).
A exemplo da coleção de Ana Paula, as coleções produzidas a partir
dos trabalhos etnográficos de alunos e alunas por nós formados já compõem
uma experiência geracional. Grande número destes trabalhos estão
divulgados na Revista Iluminuras, publicação do BIEV. As imagens
produzidas e pesquisadas em diversos suportes técnicos (fotografia, vídeo,
som, texto) são restauradas de forma descontínua, a partir do método da
convergência, tendo na obra de Gilbert Durand (1998) a concepção original.
4 Sobre a obra dos MacDougalls, sugerimos as leituras de David MacDougall (1998a e
1998b) e Grimshaw (2003).
5 O projeto Vídeo nas Aldeias foi criado em 1986. Informações sobre o projeto podem ser
acessadas no http://www.videonasaldeias.org.br/2009/vna.php?p=1 ..
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ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
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As imagens pesquisadas e divulgadas são portadoras das motivações
simbólicas de um corpo coletivo e, segundo expressão durandiana,
degradam-se em formas (literárias, fotográficas, fílmicas, sonoras, gráficas,
etc.) cuja força de sentido traduzem para elas uma direção. Entretanto, as
imagens possuem, em seu nascedouro, um caráter dominante (imperialismo
das imagens), agindo como princípio de organização (estrutura): os gestos e
as pulsões e a matéria do ambiente técnico (cósmico e social) sobre a qual a
imaginação criadora humana se deposita. Ao explorar a ideia de fragmento,
buscam-se os traços de um tempo e de um espaço concreto de representação
da memória e do patrimônio locais para o usuário do site www.biev.ufrgs.br,
visando restaurar a ideia da cidade como uma obra moldada e configurada
pelo depósito de muitos gestos e intenções dos grupos humanos que nela
habitam. Há, portanto, no processo de destruição e de reconstrução da
cidade, uma singularidade específica.
A linguagem eletrônica acomoda as intenções de complexificar o
sentido de circulação das imagens como em um jogo entre universalidade e
particularidades. Deste processo resultam as imagens como num acordo
entre natureza e cultura para que um conteúdo cultural, configurado em
determinadas formas, possa ser transmitido e perpetuado no tempo e no
espaço como algo de ordem de uma determinada sociedade. As imagens
resultam de motivações simbólicas, frutos de acordos, e não como falta. As
classificações das imagens têm estreita relação com a história das
representações simbólicas de objetos, técnicas e materiais, mas não se
reduzem às motivações veiculadas por um ambiente técnico e material de
uma dada ordem social e cósmica; bem ao contrário, são estas imagens que o
consolidam como real. Portanto, para Gilbert Durand (1998), toda a imagem
é simbólica, e não semiológica, por integrar uma função fantástica.
Transladando para o que nos importa aqui como pesquisa com imagens, e
imagens inclusive de acervos os mais diversos, há uma anterioridade
cronológica e ontológica do simbolismo de uma imagem antes de toda e
qualquer factualidade da significação audiovisual, cuja característica central
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ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia com imagens: práticas de restituição. Tessituras,
Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
é a forma de exprimir ou enunciar o cogito sonhador daquele que a fabrica.
Para as investigações sobre memória coletiva e patrimônio etnológico
no interior do BIEV, sobre o tema das coleções etnográficas, formas de
sociabilidades e itinerários urbanos no mundo contemporâneo, ficam
evidenciadas novas motivações de seguir o estruturalismo figurativo
durandiano que dialoga com os estudos da forma e da imagem, seguindo a
inspiração bachelardiana no estudo da imaginação e do imaginário. A
comunidade interpretativa que evocamos para esta prática de montagem de
coleções etnográficas é bastante extensa, mas nos cabe mencionar as
principais, que são os estudos de Pierre Sansot sobre a poética da cidade, de
Michel Maffesoli, sobre o paradigma estético, de Georg Simmel, sobre a
sociologia das formas, além da sociologia figuracional de Norbert Elias e da
instigante teoria dos saberes e práticas cotidianas, de Michel de De Certeau.
O que reúne as obras destes autores aos temas de investigação do BIEV em
suas pesquisas antropológicas na cidade a partir da produção sonora, visual
e escrita de etnografias na cidade é que estamos operando com o estudo do
caráter figuracional das imagens e de seus simbolismos como procedimentos
de compreensão das formas expressivas que elas adotam para o viver a
cidade, da perspectiva de seus habitantes, tanto quanto da do antropólogo
(ECKERT e ROCHA, 2005).
Ao se trabalhar com coleções etnográficas de imagens presentes e
passadas, estamos operando no interior de uma convergência de imagens
(constelações) da qual a imaginação criadora do antropólogo participa
intensamente na forma como, por seu intermédio, narra a cidade, dando a
ela um continuum de consciência a si e a todos os outros nelas
representados. Portanto, torna-se importante pensar a pesquisa com
coleções etnográficas multimídias como integrando a investigação de uma
etnografia da duração no âmbito dos estudos das práticas culturais no
mundo contemporâneo e dos seus fluxos espaço-temporais. Em particular, a
hipertextualidade como procedimento de construção da representação
etnográfica da memória e do patrimônio etnológico nas e das modernas
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sociedades contemporâneas.
A adesão à hipermídia (adição dos registros etnográficos multimídia
ao hipertexto) na produção de etnografias da duração também nos permite
refletir sobre o tema da restituição a partir da multireferencialidade da
pesquisa etnográfica em diversos suportes sendo que, para o web-site, uma
narrativa da produção de pesquisa com base na convergência das imagens é
divulgada para que possa ser, não somente acessível como acervo de dados
de pesquisa, mas como patrimônio da memória coletiva pela partilha
reflexiva que essas tecnologias permitem.
Tais artefatos referem-se às exigências de se explicitar o ato
interpretativo que comporta todo o registro de dados etnográficos, bem como
as retóricas empregadas pelo(a) antropólogo(a) para reconfigurar o sentido
desse material no interior de uma narrativa etnográfica hipertextual, cujas
práticas enunciativas estão referidas, até certo ponto, a um outro espaço de
práticas sociais e a um outro campo epistemológico que não aqueles oriundos
da tecnologia da escrita impressa.
http://habitantesdoarroio.blogspot.com.br/ http://www.ufrgs.br/memoriaambientalpoa/
http://www.biev.ufrgs.br/grupos-de-trabalho/gt-video.php
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Dessa forma, o patrimônio etnográfico não está mais preso ao texto
impresso, nem à sua forma de argumentação submetida à sequência
espacial da paginação das folhas, seguindo-se uma ordem temporal
determinada, pela qual o autor da obra procura restaurar, para seu leitor, os
fatos e as situações por ele vividos em campo.
O acesso às imagens no suporte eletrônico permite usos, manuseios e
intervenções infinitamente mais livres e numerosas. Pode-se supor a
possibilidade de uma etnografia hipertextual, com base numa retórica mais
aberta, mais dinâmica, mais fluida de disponibilização dos dados
etnográficos em web-sites.
Importa, aqui, tratar da cultura da tela, conforme as palavras de Lev
Manovich (2014) e da civilização da imagem, nos termos de Gilbert Durand
(1998), como novas formas de reorganização dos saberes que os outros
suportes mais tradicionais disponibilizam, transfigurando seu sentido
original e atribuindo-lhes uma significação mais móvel, plural e instável
pelo caráter granular que atribui a todos eles.
Diante do ambiente hipertextual desterritorializado, as antigas
práticas de escrituras de que são portadores os(as) antropólogos(as) e os
microterritórios de suas obras etnográficas, que lhes atribuem o status de
autores, sofrem novos constrangimentos, agora nos termos que alguns
chegam a denominar de engenharia autoral, isso com base na geração e
http://www.biev.ufrgs.br/fotocronografias/
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Pelotas, v. 2, n. 2, p. 11-43, jul./dez. 2014.
manipulação de informações e dados digitais, segundo modelos de
configurações visuais (letras, palavras, textos) em arquivos registrados e
transportados conforme determinados procedimentos de montagem e de
associação de ideias e que conta com o leitor como co-autor.
Ainda que preexista uma engenharia do texto (ERTZCHEID, 2004),
em um hipertexto, o leitor desfruta de uma autoridade compartilhada com
aquele que o produziu, de acordo com sua competência em hierarquizar,
classificar e unificar uma gama infinita de informações e dados que cobrem
semelhante obra, incluindo-se, aí, o risco, inclusive, de destruí-la.
A construção de uma escrita etnográfica hipertextual (documentos
ligados entre si por uma rede informatizada de laços ativáveis) se processa,
assim, na mediação com outras formas de produções textuais que lhe
antecederam, ou que lhe são contemporâneas, e que tem como origem a
interação, localizável no tempo e no espaço, do etnógrafo com uma
determinada cultura e, como referência, o espaço livresco.
http://bievufrgs.blogspot.com.br/
http://www.ufrgs.br/memoriasdotrabalho/dvds/
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Ainda que a noção de intertextualidade elimine por si as ideias do
dentro e do fora de texto, é interessante se pensar ambas, principalmente,
agindo na tessitura do texto etnográfico, não como reprodução de um texto
passado ou de busca da verdade da escrita antropológica, mas como condição
da própria produtividade da narrativa etnográfica.
De um ponto de vista mais conceitual, o tema da intertextualidade e
da produção textual antropológica na era das textualidades eletrônicas
(hipertexto ou hipermídias) recoloca o campo dos saberes antropológicos na
crise da autoridade etnográfica e na polêmica da crítica às formas de
operações textuais da escrita etnográfica a partir de suas relações com a
autoridade dos pais fundadores dessa matriz disciplinar, segundo uma
reflexão sobre suas estruturas narrativas no interior de uma atitude poética
de representação do mundo, referidas que estão a um sistema de textos e,
não mais, apenas, à sua alusão à realidade do mundo - isso de tal forma que
se torna cada vez mais difícil separar a referência do mundo do texto
etnográfico da referência ao texto do mundo.
Com isso, quer-se afirmar que, na escritura etnográfica
hipermidiática ou hipertextual, a autoridade etnográfica não reside tanto na
competência do antropólogo em se tornar autor, mas na sua competência em
ser leitor e em criar leitores para suas obras segundo a tradição à qual ela
pertence, ou seja, em um diálogo diretamente com outros textos que não
apenas os de sua época, buscando desvendar o eco de suas palavras contido
na construção de sua própria produção textual. Em tais escrituras, a
http://caismaua-memorias.blogspot.com.br/
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intertextualidade aparece como fenômeno que permite pensar a obra
etnográfica conforme um deslocamento hermenêutico, isto é, como tributária
de um vasto sistema textual em que as etnografias se compreendem em
relação umas às outras, incluindo-se, aí, o estudo das formas
representacionais que invadem a veracidade etnográfica e as práticas
sociais.
Considerações finais
A restituição não é uma atitude unitária; ela ocorre através de várias
formas, ações, gestos, processos de partilha que podem ser significativos,
tanto para a comunidade dos pesquisadores, quanto para a comunidade de
comunicação envolvida, para que possam com estas narrativas, dramatizar
seus esforços de interpretação de processos e experiências vividas.
As experiências dos núcleos que impulsionamos como professoras e
pesquisadoras, promovem o conhecimento etnográfico e o acesso a este
patrimônio nas linguagens de que dispomos no âmbito da academia, por um
lado, pela prática da expografia por outro lado, com base num documento
hipermídia ou na forma de hipertexto. Práticas que pressupõem a ação da
comunidade de comunicação, o expectador visitante, o interlocutor
interessado na restituição, o leitor-navegador em sua ação interpretativa. A
proposta é que se sintam provocados na partilha do patrimônio que, para
nós, consiste na etnografia da duração. Cada interpretação, cada leitura,
cada navegação vai gerar mais informações, as quais vão modificar a sua
intenção interpretativa inicial, retroagindo com ela, e assim sucessivamente.
No caso da coleção de imagens, a inteligibilidade do relato etnográfico
é dependente da forma como o leitor-navegador opera, na tela do
computador, a leitura desse documento, com base na organização
hierarquizada do texto. Se, na leitura de documentos etnográficos na forma
clássica de objeto-livro, podem ser detectadas as condições de
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intertextualidade que o configuram, no caso da leitura de um documento
etnográfico hipermídia ou em hipertexto, esses explicitam abertamente sua
intertextualidade, pois essa é a condição de sua própria criação.
A restituição, por fim, nas propostas apresentadas, tem talvez por
mérito maior, criticar a lógica de produção linear do material etnográfico,
pautando exercícios não-lineares pela descontinuidade material e discursiva,
introduzindo a ruptura com a textualidade formal. Sem objetivar o controle
dos caminhos e percursos do patrimônio etnográfico, extroverte a produção
no movimento próprio da civilização das imagens, descolonizando a pesquisa
de ranços positivistas da formação científica, adotando o mundo sensível
(sons, vídeos, fotos e textos) como mediadora de múltiplas formas de ações
criativas. Desta provocação, a escrita etnográfica encontra-se aberta, assim,
cada vez mais, a múltiplas interpretações dos sistemas culturais.
Diante desses desafios de restauração da palavra do Outro, a
emergência da ressonância do patrimônio etnográfico na forma de
etnografias abertas, como a expografia no Navisual e a etnografia
hipertextual no âmbito do Banco de Imagens e Efeitos Visuais, tem
conduzido a refletir sobre os princípios ético-práticos que orientam o saber-
fazer antropológico, propondo desafios de romper um discurso hegemônico
sobre a Alteridade, distante ou próxima.
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