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HUMBERTO FABIO BOATTO1
          MARIA SAYONARA DE MORAES2
                                                                Correlação entre os resultados laboratoriais e os sinais
           ALEXANDRE PAULO MACHADO3                             e sintomas clínicos das pacientes com candidíase
MANOEL JOÃO BATISTA CASTELO GIRÃO4
                                OLGA FISCHMAN5                  vulvovaginal e relevância dos parceiros sexuais na
                                                                manutenção da infecção em São Paulo, Brasil
                                                                Relationship of laboratory results with clinical signs and symptoms
                                                                of patients with vulvovaginal candidiasis and the significance of the
                                                                sexual partners for the maintenance of the infection
                  Artigos originais
                                                                Resumo
                                      Palavras-chaves           OBJETIVO: relacionar as leveduras identificadas aos sinais e sintomas clínicos das pacientes com candidíase vulvovaginal
                    Candidíase vulvovaginal                     e investigar a importância dos parceiros sexuais na reincidência da infecção. MÉTODOS: foi desenvolvido estudo
                          Candida albicans                      prospectivo de julho de 2001 a julho de 2003 com uma amostra de mulheres residentes na Grande São Paulo. Foram
                   Técnicas e procedimentos                     avaliadas 179 pacientes com suspeita clínica de vaginite fúngica, com idade entre 18 e 65 anos. Os critérios para
                              de laboratório
                                                                exclusão foram: gravidez, comprometimento imunológico intrínseco e extrínseco, incluindo AIDS, diabetes, imunossupressão,
                           Parceiros sexuais
                                                                pacientes em terapia com corticosteróides, antibióticos ou hormônios, em pós-menopausa, em uso de dispositivo intra-
                           Sinais e sintomas
                                                                uterino e duchas vaginais ou espermicidas. Amostras de secreções vaginais ou da glande dos parceiros sexuais de
                                               Keywords         pacientes com vaginite de repetição foram coletadas para microscopia e cultura de fungos. Colônias fúngicas isoladas
                   Candidiasis, vulvovaginal                    em CHROMagar Candida foram identificadas por provas clássicas. O teste exato de Fisher foi usado para correlacionar
                         Candida albicans                       o quadro clínico com as leveduras isoladas das pacientes. RESULTADOS: os sinais e sintomas clínicos mais relevantes
                      Laboratory techniques                     na candidíase vulvovaginal foram prurido e corrimento, seguidos por eritema e edema, estatisticamente independente
                            and procedures
                                                                do agente etiológico. Leveduras foram diagnosticadas por microscopia direta em 77 pacientes com vulvovaginites,
                            Sexual partners
                       Signs and symptoms                       sendo obtidos 40 cultivos de Candida spp. Candida albicans (70%), C. glabrata (20%), C. tropicalis (7,5%) e C.
                                                                guilliermondii (2,5%) foram identificadas. As leveduras prevalentes nos parceiros foram C. albicans e C. glabrata. As
                                                                mesmas espécies foram detectadas nas companheiras e parceiros em 87% dos casos. CONCLUSÕES: as vulvovaginites
                                                                fúngicas foram mais freqüentes em mulheres entre 18 e 34 anos de idade. Não foi observada correlação entre as
                                                                espécies de leveduras detectadas e a sintomatologia clínica. Os parceiros sexuais podem ser importantes reservatórios
                                                                de Candida spp e estar relacionados à manutenção da candidíase vulvovaginal.

                                                                Abstract
                                                                PURPOSE: to relate yeasts identified by laboratory tests to clinical signs and symptoms in patients with vulvovaginal
                                                                candidiasis, and to investigate the importance of the sexual partners in the recurrence of the infection. METHODS: from
                                                                July 2001 to July 2003, a sample of 179 patients aged from 18 to 65 years old, with clinical suspicion of fungal vaginitis
                                                                were analyzed in a prospective study in Great São Paulo. Exclusion criteria included: pregnancy, impaired intrinsic or
                                                                extrinsic immune response (including Aids), diabetes or immunosuppression; patients undergoing corticosteroid, antibiotic
                                                                or hormone therapy, in post menopause, with intrauterine device (IUD) or making use of vaginal douches or spemicides.
                                                                Samples of vaginal and penis secretions from partners of patients with relapse of vaginitis episodes were collected for
                                                                microscopy and fungal culture. Fungal colonies isolated in CHROMagar Candida were identified by classical methods.
                                                                Fisher’s exact t-test was used to correlate the clinical picture with the yeasts isolated from patients. RESULTS: the most relevant
                                                                clinical signs and symptoms were pruritus and vaginal discharge followed by erythema and edema, statistically independent
                                                                from the etiological agent. Direct microscopy revealed yeasts in 77 patients with vulvovaginitis, and 40 Candida spp
                                                                cultures were obtained. Candida albicans (70%), C. glabrata (20%), C. tropicalis (7,5%) and C. guilliermondii (2,5%)
                                                                were identified. The yeasts prevalent in partners were C. albicans and C. glabrata. The same species were detected in


                                           Correspondência:     Trabalho realizado no Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia, Disciplina de Biologia Celular da Universidade
                                               Olga Fischman    Federal de São Paulo – UNIFESP.
                             Departamento de Microbiologia,     1
                                                                  Ginecologista da Unidade Básica de Saúde CS-II de Jardim Castelo de Ferraz de Vasconcelos – São Paulo (SP), Brasil.
                 Imunologia e Parasitologia da EPM/UNIFESP      2
                                                                  Dermatologista da Unidade Básica de Saúde CS-II de Jardim Castelo de Ferraz de Vasconcelos – São Paulo (SP), Brasil.
   Rua Botucatu, 862, 8º andar – Edifício Ciências Biomédicas   3
                                                                  Professor Assistente de Microbiologia da Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT – Mato Grosso (MT), Brasil.
                           CEP 04023-062 – São Paulo/SP         4
                                                                  Chefe do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP –
                          Fone: (11) 5576-4523, ramal 15          São Paulo (SP), Brasil.
                                   E-mail: olga@ecb.epm.br      5
                                                                  Professora Adjunta do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade
                                                                  Federal de São Paulo – UNIFESP – São Paulo (SP), Brasil.
                                                   Recebido
                                              28/12/2005

                                    Aceito com modificações
                                              21/12/2006
Correlação dos resultados laboratoriais com sinais e sintomas clínicos das pacientes com candidíase vulvovaginal e relevância dos parceiros sexuais na
                                                                                                                                                    manutenção da infecção em São Paulo, Brasil




 female and male sex partners in 87% of the cases. CONCLUSIONS: fungal vulvovaginitis was more frequent in women between 18 and 34 years old.
 No correlation was observed between the species of yeast detected and clinical symptomatology. Sexual partners are important Candida spp reservoirs
 and may be related to the maintenance of the vulvovaginal candidiasis.


                                                                                          a correlação com as espécies de leveduras isoladas e a
Introdução
                                                                                          condição dos parceiros sexuais como reservatórios de
     As vaginites infecciosas são causadas, principalmente,                               Candida spp nos casos de vaginites de repetição.
por bactérias, fungos leveduriformes e Trichomonas vagi-
nalis1. Leveduras podem colonizar as mucosas ou estar                                     Métodos
associadas a quadros de vulvovaginites, especialmente
Candida spp. Estes microrganismos são detectados em                                            Entre julho de 2001 e julho de 2003, foram atendidas
cerca de 10% das mulheres em pré-menopausa, 5 a 10%                                       1.825 pacientes em ambulatórios de Ginecologia de Postos
na menopausa e 30% das gestantes, sem necessariamen-                                      de Saúde nos municípios de Poá, Ferraz de Vasconcelos
te terem ligação com quadros de vaginites fúngicas2,3.                                    e Mogi das Cruzes (Grande São Paulo, Brasil). Das 423
Candidíase vulvovaginal é um processo infeccioso e/ou                                     pacientes com diagnóstico de vulvovaginites, 179 que
inflamatório do trato geniturinário inferior feminino                                      tinham suspeita clínica de vaginites fúngicas por apre-
relevante na medicina devido ao acentuado número de                                       sentarem uma ou mais manifestações como leucorréria,
atendimentos em consultórios de ginecologia3-5. Prurido,                                  prurido, disúria, edema, eritema, queimação/ardência e
leucorréia, placas esbranquiçadas, edema e eritema na                                     dor vulvar, foram examinadas em estudo prospectivo. Os
vulva e vagina têm sido as manifestações clínicas mais                                    sinais e sintomas foram anotados em ficha individual e
comuns nesse tipo de infecção2,3,5-8. A sintomatologia das                                receberam pontuações arbitradas conforme a seguinte
vulvovaginites fúngicas não é patognomônica e a suspeita                                  escala: 0=ausente, 1=leve, 2=moderado e 3=severo.
clínica pode ser confirmada por testes que evidenciam a                                    Foram consideradas pacientes com quadros clínicos leves
natureza do agente etiológico8. Por essa razão, os exames                                 as que obtiveram de 0 a 6 pontos; moderados, de 7 a 13;
laboratoriais devem ser realizados para o diagnóstico                                     e severos, mais de 13 pontos.
diferencial de outras vaginites infecciosas, resultando em                                     As pacientes foram informadas sobre o protocolo e,
benefícios aos pacientes pelos tratamentos específicos,                                    após a concordância voluntária sobre sua participação
que evitam o agravamento da infecção, procedimentos                                       no estudo, assinaram o termo de consentimento. O
médicos e custos desnecessários2,3,8. Um outro fator                                      projeto de pesquisa foi aprovado pelo comitê de Ética
relevante tem sido a detecção de resistência in vitro de                                  em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo
Candida spp aos antifúngicos comumente empregados                                         (UNIFESP) do Hospital São Paulo, sob nº. 1083/01.
na prática clínica e o aumento progressivo do isolamento                                       Foram excluídas da investigação pacientes com
de espécies não-albicans, como C. tropicalis, C. krusei, C.                               menos de 18 anos ou com idade superior a 65 anos, as
glabrata e C. guilliermondi9-12, ainda que C. albicans seja o                             grávidas, com comprometimento imunológico intrínseco
microrganismo diagnosticado em mais de 70% das ocor-                                      ou adquirido, incluindo HIV+, diabéticas, submetidas à
rências de candidíase vulvovaginal3-5,13,14. As leveduras,                                terapia de corticosteróides, antibióticos e/ou hormônios,
em geral, são caracterizadas por métodos clássicos, como                                  em uso de dispositivo intrauterino e duchas vaginais
análise da micromorfologia e do perfil bioquímico2,3.                                      espermicidas. A distribuição por idade foi a seguinte:
Atualmente, meios cromogênicos têm sido empregados                                        de 18 a 24 anos: 56, de 25 a 29: 50, de 30 a 34: 29,
na identificação presuntiva de algumas espécies, o que                                     de 35 a 39: 20, de 40 a 44: 13, de 45 a 49: 8, de 50 a
torna o diagnóstico mais rápido e possibilita a distinção                                 54: 2 e de 60 a 65: 1. Entre as pacientes estudas, sete
de mais de um agente em cultura15-17.                                                     com suspeita de candidíase vulvovaginal com idade
     Embora o consenso sobre candidíase vulvovaginal                                      superior a 44 anos estavam na menopausa.
recorrente não seja bem estabelecido, a condição de                                            As secreções vaginais da ectocérvix e do fórnice
recorrência é definida quando são diagnosticados pelo                                      vaginal, bem como secreções do prepúcio e da glande
menos quatro episódios durante um ano, enquanto que                                       de 58 parceiros sexuais, coletadas com swab umedecido
as vaginites de repetição ocorrem esporadicamente, com                                    em solução fisiológica esterilizada, foram submetidas
três ou menos episódios ao ano18,19. A transmissão sexual                                 à microscopia direta com KOH 10% e os esfregaços
tem sido citada como fator importante na reincidência                                     corados pelo método de Gram.
da doença5,18-20.                                                                              As amostras foram semeadas em meio de CHRO-
     Na presente pesquisa, procuramos estudar as manifes-                                 Magar Candida e repicadas, posteriormente, em ágar
tações clínicas das vulvovaginites fúngicas, investigando                                 Sabouraud dextrose. A identificação dos isolamentos foi


                                                                                                                                                       Rev Bras Ginecol Obstet. 2007; 29(2):80-4     81
Boatto HF, Moraes MS, Machado AP, Girão MJBC, Fischman O




     feita pelos métodos clássicos, compreendendo análise                                                                duas horas. O teste exato de Fisher foi usado para verificar
     da micromorfologia e perfil bioquímico e fisiológico.                                                                 a correlação dos quadros clínicos/intensidades, sinais e
     Testes de assimilação e fermentação de carboidratos                                                                 sintomas com as diferentes espécies de Candida isoladas.
     foram realizados para todos os isolados em duplicata.                                                               Pacientes com cultivo positivo foram acompanhadas
     A caracterização definitiva de C. albicans foi obtida pela                                                           por exame clínico e laboratorial, mensalmente, durante
     visualização microscópica de clamidoconídios, após                                                                  12 meses, a fim de verificar repetição ou recorrência,
     cultivo dos isolados em ágar fubá-Tween 80 à tempe-                                                                 sem terem sido consideradas como novos casos.
     ratura ambiente, durante 72 horas, e produção de tubo
     germinativo, em soro de coelho, mantido a 37ºC, durante                                                             Resultados
     Tabela 1 - Distribuição da idade das pacientes com suspeita de candidíase vulvovaginal
                                                                                                                              As manifestações de vulvovaginites foram mais
     pelos resultados dos exames laboratoriais.                                                                          prevalentes em mulheres de 18 a 34 anos. Em 102 (57%)
       Idade                       Exames (-)      Ex. dir. (+) Cultura (-)       Ex. dir. (+) Cultura (+)       Total   dos 179 casos com diagnóstico clínico de vulvovagi-
       18-24                          35                      15                               6                  56     nite fúngica não foi verificada a presença de leveduras
       25-29                          27                      12                             11                   50
       30-34                          16                       2                             11                   29
                                                                                                                         (Tabela 1). A suspeita clínica foi confirmada por exame
       35-39                          15                       2                               3                  20     microscópico em 77 pacientes (43%), sendo sete na
       40-44                            9                      ---                             4                  13     menopausa. O exame microscópico direto do material
       45-49                           ---                     5                               3                    8    corado pelo método de Gram e clarificado com KOH
       50-54                           ---                     1                               1                    2
       55-59                           ---                     ---                            ---                  ---   10% demonstrou a mesma proporção de positividade,
       60-65                           ---                     ---                             1                    1    embora as estruturas fúngicas fossem melhor visuali-
       Total                          102                     37                             40                  179     zadas quando coradas pelo método citado.
       Ex. Dir. : Exame micológico direto; (-)=negativo; (+)=positivo.
                                                                                                                              Foram identificados 40 isolamentos de Candida
                                                                                                                         spp. As espécies isoladas foram C. albicans (70%),
     Tabela 2 - Espécies de leveduras isoladas de acordo com a intensidade do quadro clínico.                            C. glabrata (20%), C. tropicalis (7,5%) e C. guilliermondii
       Espécies                                       Leve             Moderado*          Severo              Total      (2,5%). Todos os isolados de C. albicans e C. tropicalis
       Candida albicans                                 8                 20                ---                28
       Candida glabrata                                 2                  6                ---                 8
                                                                                                                         apresentaram coloração típica, verde e azul, respecti-
       Candida tropicalis                               ---                2                1                   3        vamente, em CHROMagar Candida. Três espécies,
       Candida guilliermondii                           ---                1                ---                 1        C albicans, C. tropicalis e C. glabrata, foram isoladas de
       Total                                           10                 29                1                  40        uma paciente em meio cromogênico.
       *Quadro clínico moderado foi observado entre a maior parte das pacientes                                               Os sinais e sintomas clínicos registrados e ma-
       (72,5%); o teste exato de Fisher (intensidade do quadro clínico versus espécies
       isoladas) não foi significante (p=0,726).                                                                          nifestados com maior ou menor intensidade foram
                                                                                                                         prurido, corrimento, disúria, eritema e ardência,
     Tabela 3 - Espécies de leveduras isoladas de casos de vaginites e de vaginites de repetição.                        com predominância de corrimento e prurido, quase
                                                     Vaginites           Vaginites de repetição              Total       sempre persistentes nos diversos episódios. De acor-
       Espécies                                      n      %               n             %            n          %
                                                                                                                         do com a escala aplicada, os sinais clínicos foram
       Candida albicans                             13      32,5           15            37,5         28         70
       Candida glabrata                                1      2,5           7            17,5          8         20
                                                                                                                         considerados moderados em 29 casos, leves em dez
       Candida tropicalis                              2      5             1             2,5          3          7,5    casos e severos em apenas uma ocorrência. Não houve
       Candida guilliermondii                         ---    ---            1             2,5          1          2,5    correlação estatística entre a intensidade dos sinais
       Total                                        16     40            24            60             40         100     e sintomas observados e as espécies de leveduras
                                                                                                                         identificadas (Tabela 2).
                                                                                                                              Vulvovaginites de repetição foram observadas em 24
                              16      15                                                                                 (60%) mulheres (Tabela 3), das quais 16 apresentaram
                              14                                                                                         dois episódios; seis, três episódios e duas, quatro episódios,
         Número de isolados




                              12                                                                                         com tempo médio de 92,7 dias entre os episódios. Dos 58
                                                                                                  Pacientes
                              10            9                                                                            companheiros sexuais examinados, 38 eram sintomáticos
                              8                                               7                   Parceiros              e 20 assintomáticos. Cultivos foram obtidos de cinco par-
                              6                                                    5                                     ceiros sintomáticos: C. albicans (n=3) e C. glabatra (n=2) e
                              4                                                                                          de dez assintomáticos: C. albicans (n=6), C. glabatra (n=3)
                              2                         1                                       1    1                   e C. guilliermondii (n=1). Desses 15 cultivos de Candida
                              0
                               Candida albicans   Candida tropicalis      Candida glabrata    Candida guilliermondii
                                                                                                                         spp obtidos a partir das secreções da glande e prepúcio,
                                                                                                                         13 (87%) apresentaram correspondência com espécies
     Figura 1 - Leveduras identificadas nas pacientes e em seus parceiros.                                                isoladas das respectivas companheiras (Figura 1).


82   Rev Bras Ginecol Obstet. 2007; 29(2):80-4
Correlação dos resultados laboratoriais com sinais e sintomas clínicos das pacientes com candidíase vulvovaginal e relevância dos parceiros sexuais na
                                                                                                                                              manutenção da infecção em São Paulo, Brasil




                                                                                    semelhantes. CHROMagar Candida é um meio de cultura
Discussão
                                                                                    cromogênico que permite a diferenciação presuntiva de
     As vulvovaginites são responsáveis por cerca de 20                             determinadas espécies de leveduras, particularmente
a 30% das doenças ginecológicas observadas em mu-                                   das mais prevalentes em vulvovaginites fúngicas, sendo
lheres de 20 a 30 anos de idade13, sendo a candidíase                               recomendável no diagnóstico de culturas mistas, o que
vulvovaginal a segunda causa dessa infecção14. Estima-se                            melhora a qualidade dos exames laboratoriais15-17. A uti-
que 75% das mulheres terão, ao menos, um episódio                                   lização desse meio permitiu o isolamento de três espécies
de vaginite fúngica durante sua vida reprodutiva, 40 a                              diferentes (C. albicans, C. tropicalis e C. glabrata) de uma
50% teriam uma segunda infecção e, aproximadamente,                                 mesma paciente, o que não é evento comum. C. albicans
5% delas desenvolverão um curso crônico2,5,19. Em nossa                             (70%) e C. glabrata (20%) foram os microrganismos mais
investigação, as vaginites foram motivo de consulta de                              isolados, mostrando boa correlação com os dados de outros
23% das pacientes atendidas. A maior parte das mulheres                             pesquisadores, que identificaram C. albicans em 70,1% e
com vaginites fúngicas tinha idade entre 18 e 34 anos                               C. glabrata em 18,9% dos casos12. Todavia, índices mais
e somente sete encontravam-se na menopausa, o que                                   elevados de C. albicans, de 80 a 90%, têm sido descri-
confirma a prevalência da candidíase na menacme8,14.                                 tos10,13,16,22. C. dubliniensis, levedura emergente, tem sido
     Prurido e corrimento têm sido as manifestações                                 isolada em percentual bastante reduzido (0,17%) entre
clínicas mais observadas nas vaginites fúngicas2,3,5,7,8,21.                        isolados vaginais de C. albicans23. Candida tropicalis (7,5%)
Corrimento branco ou branco-amarelado (100%) e                                      e C. guilliermondii (2,5%) foram também diagnosticadas,
prurido (97,5%) foram as queixas mais freqüentes,                                   não sendo encontradas C. parapsilosis e C. krusei, espécies
seguidas de eritema, edema, ardência e disúria, sendo                               isoladas em outros estudos7,12,16,21. Ausência de correlação
mais acentuados no período pré-menstrual e pós-relações                             entre sinais/sintomas e cultura positiva foi demonstrada
sexuais. Embora a percentagem de pacientes com os                                   em um estudo transversal8. Em concordância, em nossa
principais sinais e sintomas da candidíase vulvovaginal                             investigação não foi estabelecida relação entre sintoma-
seja elevada, o diagnóstico clínico é apenas sugestivo,                             tologia e espécies de leveduras isoladas.
devendo ser confirmado por provas laboratoriais, pois                                     Dos 40 casos de vaginite fúngica em que o agente
manifestações similares podem ser causadas por outros                               foi identificado, 24 tiveram vaginite de repetição. Le-
agentes infecciosos ou por condições ligadas ao hospe-                              veduras presentes no trato intestinal no períneo e no
deiro2,3,8. Na presente pesquisa, a suspeita clínica de                             parceiro sexual podem estar relacionadas às vaginites
candidíase vulvovaginal não foi comprovada por exames                               de repetição3,8,18,19. Verificamos que em 87% dos casos
laboratoriais em 102 casos (57%).                                                   a mesma espécie de levedura estava presente na mulher
     A quantidade de leveduras aumenta expressivamente                              e em seu companheiro. Entretanto, inúmeros fatores
no processo infeccioso, o que facilita a sua detecção3. O                           ainda desconhecidos, associados ao desenvolvimento da
exame microscópico das secreções vaginais coradas ao                                candidíase vulvovaginal e da sua recorrência, necessitam
Gram ou clarificadas com KOH mostrou resultados                                      ser esclarecidos. A comparação dos isolados do períneo
idênticos. Entretanto, a coloração dos esfregaços pelo                              feminino, dos parceiros sexuais e dos diferentes episódios
método de Gram é interessante para o diagnóstico de                                 das vaginites fúngicas por técnicas de filogenia molecular
vaginites fúngicas, pois demonstra melhor as estruturas                             permitirá, num futuro próximo, uma maior compreensão
invasivas das leveduras22. A obtenção de 40 cultivos (52%                           da epidemiologia da candidíase vulvovaginal.
das amostras positivas por microscopia) foi menos sensível                               Nesse estudo, concluiu-se que sinais e sintomas
que o exame direto. Esse fato pode ser atribuído à escassez                         clínicos, predominantemente moderados, como prurido,
ou inadequabilidade do material biológico colhido em                                corrimento e outros menos prevalentes, são presuntivos e
determinados sítios da vulva ou vagina, quantidade insufi-                           não se correlacionaram com as espécies isoladas. Assim,
ciente de leveduras no espécime clínico para o isolamento                           os testes laboratoriais são importantes para confirmação
ou baixa viabilidade dos microrganismos devido ao uso                               etiológica do agente, inclusive de infecções mistas.
prévio de automedicação sem comunicação ao clínico.                                 Em casos de reinfecção, os parceiros sexuais devem ser
Todavia, a combinação entre exame direto e cultura é                                avaliados devido à possibilidade de serem reservatórios
ideal para o diagnóstico das vaginites fúngicas22.                                  de Candida spp.
     O meio de cultura mais usado na rotina micológica
para cultivo dos fungos patogênicos é o ágar Sabouraud                              Agradecimentos
dextrose. Todavia, o isolamento de diferentes espécies de
Candida de um mesmo material clínico é difícil, uma vez                                Agradecimentos ao CNPq pelo apoio financeiro.
que as características morfológicas das colônias são muito                          A André Martins pela tipagem dos isolados.


                                                                                                                                                 Rev Bras Ginecol Obstet. 2007; 29(2):80-4     83
Boatto HF, Moraes MS, Machado AP, Girão MJBC, Fischman O




     Referências

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                                                                                      vulvovaginitis and epidemiology of recurrent cases. J Clin Microbiol.
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84   Rev Bras Ginecol Obstet. 2007; 29(2):80-4

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Correlação entre resultados laboratoriais, sinais clínicos e parceiros sexuais em candidíase vulvovaginal

  • 1. HUMBERTO FABIO BOATTO1 MARIA SAYONARA DE MORAES2 Correlação entre os resultados laboratoriais e os sinais ALEXANDRE PAULO MACHADO3 e sintomas clínicos das pacientes com candidíase MANOEL JOÃO BATISTA CASTELO GIRÃO4 OLGA FISCHMAN5 vulvovaginal e relevância dos parceiros sexuais na manutenção da infecção em São Paulo, Brasil Relationship of laboratory results with clinical signs and symptoms of patients with vulvovaginal candidiasis and the significance of the sexual partners for the maintenance of the infection Artigos originais Resumo Palavras-chaves OBJETIVO: relacionar as leveduras identificadas aos sinais e sintomas clínicos das pacientes com candidíase vulvovaginal Candidíase vulvovaginal e investigar a importância dos parceiros sexuais na reincidência da infecção. MÉTODOS: foi desenvolvido estudo Candida albicans prospectivo de julho de 2001 a julho de 2003 com uma amostra de mulheres residentes na Grande São Paulo. Foram Técnicas e procedimentos avaliadas 179 pacientes com suspeita clínica de vaginite fúngica, com idade entre 18 e 65 anos. Os critérios para de laboratório exclusão foram: gravidez, comprometimento imunológico intrínseco e extrínseco, incluindo AIDS, diabetes, imunossupressão, Parceiros sexuais pacientes em terapia com corticosteróides, antibióticos ou hormônios, em pós-menopausa, em uso de dispositivo intra- Sinais e sintomas uterino e duchas vaginais ou espermicidas. Amostras de secreções vaginais ou da glande dos parceiros sexuais de Keywords pacientes com vaginite de repetição foram coletadas para microscopia e cultura de fungos. Colônias fúngicas isoladas Candidiasis, vulvovaginal em CHROMagar Candida foram identificadas por provas clássicas. O teste exato de Fisher foi usado para correlacionar Candida albicans o quadro clínico com as leveduras isoladas das pacientes. RESULTADOS: os sinais e sintomas clínicos mais relevantes Laboratory techniques na candidíase vulvovaginal foram prurido e corrimento, seguidos por eritema e edema, estatisticamente independente and procedures do agente etiológico. Leveduras foram diagnosticadas por microscopia direta em 77 pacientes com vulvovaginites, Sexual partners Signs and symptoms sendo obtidos 40 cultivos de Candida spp. Candida albicans (70%), C. glabrata (20%), C. tropicalis (7,5%) e C. guilliermondii (2,5%) foram identificadas. As leveduras prevalentes nos parceiros foram C. albicans e C. glabrata. As mesmas espécies foram detectadas nas companheiras e parceiros em 87% dos casos. CONCLUSÕES: as vulvovaginites fúngicas foram mais freqüentes em mulheres entre 18 e 34 anos de idade. Não foi observada correlação entre as espécies de leveduras detectadas e a sintomatologia clínica. Os parceiros sexuais podem ser importantes reservatórios de Candida spp e estar relacionados à manutenção da candidíase vulvovaginal. Abstract PURPOSE: to relate yeasts identified by laboratory tests to clinical signs and symptoms in patients with vulvovaginal candidiasis, and to investigate the importance of the sexual partners in the recurrence of the infection. METHODS: from July 2001 to July 2003, a sample of 179 patients aged from 18 to 65 years old, with clinical suspicion of fungal vaginitis were analyzed in a prospective study in Great São Paulo. Exclusion criteria included: pregnancy, impaired intrinsic or extrinsic immune response (including Aids), diabetes or immunosuppression; patients undergoing corticosteroid, antibiotic or hormone therapy, in post menopause, with intrauterine device (IUD) or making use of vaginal douches or spemicides. Samples of vaginal and penis secretions from partners of patients with relapse of vaginitis episodes were collected for microscopy and fungal culture. Fungal colonies isolated in CHROMagar Candida were identified by classical methods. Fisher’s exact t-test was used to correlate the clinical picture with the yeasts isolated from patients. RESULTS: the most relevant clinical signs and symptoms were pruritus and vaginal discharge followed by erythema and edema, statistically independent from the etiological agent. Direct microscopy revealed yeasts in 77 patients with vulvovaginitis, and 40 Candida spp cultures were obtained. Candida albicans (70%), C. glabrata (20%), C. tropicalis (7,5%) and C. guilliermondii (2,5%) were identified. The yeasts prevalent in partners were C. albicans and C. glabrata. The same species were detected in Correspondência: Trabalho realizado no Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia, Disciplina de Biologia Celular da Universidade Olga Fischman Federal de São Paulo – UNIFESP. Departamento de Microbiologia, 1 Ginecologista da Unidade Básica de Saúde CS-II de Jardim Castelo de Ferraz de Vasconcelos – São Paulo (SP), Brasil. Imunologia e Parasitologia da EPM/UNIFESP 2 Dermatologista da Unidade Básica de Saúde CS-II de Jardim Castelo de Ferraz de Vasconcelos – São Paulo (SP), Brasil. Rua Botucatu, 862, 8º andar – Edifício Ciências Biomédicas 3 Professor Assistente de Microbiologia da Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT – Mato Grosso (MT), Brasil. CEP 04023-062 – São Paulo/SP 4 Chefe do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – Fone: (11) 5576-4523, ramal 15 São Paulo (SP), Brasil. E-mail: olga@ecb.epm.br 5 Professora Adjunta do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – São Paulo (SP), Brasil. Recebido 28/12/2005 Aceito com modificações 21/12/2006
  • 2. Correlação dos resultados laboratoriais com sinais e sintomas clínicos das pacientes com candidíase vulvovaginal e relevância dos parceiros sexuais na manutenção da infecção em São Paulo, Brasil female and male sex partners in 87% of the cases. CONCLUSIONS: fungal vulvovaginitis was more frequent in women between 18 and 34 years old. No correlation was observed between the species of yeast detected and clinical symptomatology. Sexual partners are important Candida spp reservoirs and may be related to the maintenance of the vulvovaginal candidiasis. a correlação com as espécies de leveduras isoladas e a Introdução condição dos parceiros sexuais como reservatórios de As vaginites infecciosas são causadas, principalmente, Candida spp nos casos de vaginites de repetição. por bactérias, fungos leveduriformes e Trichomonas vagi- nalis1. Leveduras podem colonizar as mucosas ou estar Métodos associadas a quadros de vulvovaginites, especialmente Candida spp. Estes microrganismos são detectados em Entre julho de 2001 e julho de 2003, foram atendidas cerca de 10% das mulheres em pré-menopausa, 5 a 10% 1.825 pacientes em ambulatórios de Ginecologia de Postos na menopausa e 30% das gestantes, sem necessariamen- de Saúde nos municípios de Poá, Ferraz de Vasconcelos te terem ligação com quadros de vaginites fúngicas2,3. e Mogi das Cruzes (Grande São Paulo, Brasil). Das 423 Candidíase vulvovaginal é um processo infeccioso e/ou pacientes com diagnóstico de vulvovaginites, 179 que inflamatório do trato geniturinário inferior feminino tinham suspeita clínica de vaginites fúngicas por apre- relevante na medicina devido ao acentuado número de sentarem uma ou mais manifestações como leucorréria, atendimentos em consultórios de ginecologia3-5. Prurido, prurido, disúria, edema, eritema, queimação/ardência e leucorréia, placas esbranquiçadas, edema e eritema na dor vulvar, foram examinadas em estudo prospectivo. Os vulva e vagina têm sido as manifestações clínicas mais sinais e sintomas foram anotados em ficha individual e comuns nesse tipo de infecção2,3,5-8. A sintomatologia das receberam pontuações arbitradas conforme a seguinte vulvovaginites fúngicas não é patognomônica e a suspeita escala: 0=ausente, 1=leve, 2=moderado e 3=severo. clínica pode ser confirmada por testes que evidenciam a Foram consideradas pacientes com quadros clínicos leves natureza do agente etiológico8. Por essa razão, os exames as que obtiveram de 0 a 6 pontos; moderados, de 7 a 13; laboratoriais devem ser realizados para o diagnóstico e severos, mais de 13 pontos. diferencial de outras vaginites infecciosas, resultando em As pacientes foram informadas sobre o protocolo e, benefícios aos pacientes pelos tratamentos específicos, após a concordância voluntária sobre sua participação que evitam o agravamento da infecção, procedimentos no estudo, assinaram o termo de consentimento. O médicos e custos desnecessários2,3,8. Um outro fator projeto de pesquisa foi aprovado pelo comitê de Ética relevante tem sido a detecção de resistência in vitro de em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo Candida spp aos antifúngicos comumente empregados (UNIFESP) do Hospital São Paulo, sob nº. 1083/01. na prática clínica e o aumento progressivo do isolamento Foram excluídas da investigação pacientes com de espécies não-albicans, como C. tropicalis, C. krusei, C. menos de 18 anos ou com idade superior a 65 anos, as glabrata e C. guilliermondi9-12, ainda que C. albicans seja o grávidas, com comprometimento imunológico intrínseco microrganismo diagnosticado em mais de 70% das ocor- ou adquirido, incluindo HIV+, diabéticas, submetidas à rências de candidíase vulvovaginal3-5,13,14. As leveduras, terapia de corticosteróides, antibióticos e/ou hormônios, em geral, são caracterizadas por métodos clássicos, como em uso de dispositivo intrauterino e duchas vaginais análise da micromorfologia e do perfil bioquímico2,3. espermicidas. A distribuição por idade foi a seguinte: Atualmente, meios cromogênicos têm sido empregados de 18 a 24 anos: 56, de 25 a 29: 50, de 30 a 34: 29, na identificação presuntiva de algumas espécies, o que de 35 a 39: 20, de 40 a 44: 13, de 45 a 49: 8, de 50 a torna o diagnóstico mais rápido e possibilita a distinção 54: 2 e de 60 a 65: 1. Entre as pacientes estudas, sete de mais de um agente em cultura15-17. com suspeita de candidíase vulvovaginal com idade Embora o consenso sobre candidíase vulvovaginal superior a 44 anos estavam na menopausa. recorrente não seja bem estabelecido, a condição de As secreções vaginais da ectocérvix e do fórnice recorrência é definida quando são diagnosticados pelo vaginal, bem como secreções do prepúcio e da glande menos quatro episódios durante um ano, enquanto que de 58 parceiros sexuais, coletadas com swab umedecido as vaginites de repetição ocorrem esporadicamente, com em solução fisiológica esterilizada, foram submetidas três ou menos episódios ao ano18,19. A transmissão sexual à microscopia direta com KOH 10% e os esfregaços tem sido citada como fator importante na reincidência corados pelo método de Gram. da doença5,18-20. As amostras foram semeadas em meio de CHRO- Na presente pesquisa, procuramos estudar as manifes- Magar Candida e repicadas, posteriormente, em ágar tações clínicas das vulvovaginites fúngicas, investigando Sabouraud dextrose. A identificação dos isolamentos foi Rev Bras Ginecol Obstet. 2007; 29(2):80-4 81
  • 3. Boatto HF, Moraes MS, Machado AP, Girão MJBC, Fischman O feita pelos métodos clássicos, compreendendo análise duas horas. O teste exato de Fisher foi usado para verificar da micromorfologia e perfil bioquímico e fisiológico. a correlação dos quadros clínicos/intensidades, sinais e Testes de assimilação e fermentação de carboidratos sintomas com as diferentes espécies de Candida isoladas. foram realizados para todos os isolados em duplicata. Pacientes com cultivo positivo foram acompanhadas A caracterização definitiva de C. albicans foi obtida pela por exame clínico e laboratorial, mensalmente, durante visualização microscópica de clamidoconídios, após 12 meses, a fim de verificar repetição ou recorrência, cultivo dos isolados em ágar fubá-Tween 80 à tempe- sem terem sido consideradas como novos casos. ratura ambiente, durante 72 horas, e produção de tubo germinativo, em soro de coelho, mantido a 37ºC, durante Resultados Tabela 1 - Distribuição da idade das pacientes com suspeita de candidíase vulvovaginal As manifestações de vulvovaginites foram mais pelos resultados dos exames laboratoriais. prevalentes em mulheres de 18 a 34 anos. Em 102 (57%) Idade Exames (-) Ex. dir. (+) Cultura (-) Ex. dir. (+) Cultura (+) Total dos 179 casos com diagnóstico clínico de vulvovagi- 18-24 35 15 6 56 nite fúngica não foi verificada a presença de leveduras 25-29 27 12 11 50 30-34 16 2 11 29 (Tabela 1). A suspeita clínica foi confirmada por exame 35-39 15 2 3 20 microscópico em 77 pacientes (43%), sendo sete na 40-44 9 --- 4 13 menopausa. O exame microscópico direto do material 45-49 --- 5 3 8 corado pelo método de Gram e clarificado com KOH 50-54 --- 1 1 2 55-59 --- --- --- --- 10% demonstrou a mesma proporção de positividade, 60-65 --- --- 1 1 embora as estruturas fúngicas fossem melhor visuali- Total 102 37 40 179 zadas quando coradas pelo método citado. Ex. Dir. : Exame micológico direto; (-)=negativo; (+)=positivo. Foram identificados 40 isolamentos de Candida spp. As espécies isoladas foram C. albicans (70%), Tabela 2 - Espécies de leveduras isoladas de acordo com a intensidade do quadro clínico. C. glabrata (20%), C. tropicalis (7,5%) e C. guilliermondii Espécies Leve Moderado* Severo Total (2,5%). Todos os isolados de C. albicans e C. tropicalis Candida albicans 8 20 --- 28 Candida glabrata 2 6 --- 8 apresentaram coloração típica, verde e azul, respecti- Candida tropicalis --- 2 1 3 vamente, em CHROMagar Candida. Três espécies, Candida guilliermondii --- 1 --- 1 C albicans, C. tropicalis e C. glabrata, foram isoladas de Total 10 29 1 40 uma paciente em meio cromogênico. *Quadro clínico moderado foi observado entre a maior parte das pacientes Os sinais e sintomas clínicos registrados e ma- (72,5%); o teste exato de Fisher (intensidade do quadro clínico versus espécies isoladas) não foi significante (p=0,726). nifestados com maior ou menor intensidade foram prurido, corrimento, disúria, eritema e ardência, Tabela 3 - Espécies de leveduras isoladas de casos de vaginites e de vaginites de repetição. com predominância de corrimento e prurido, quase Vaginites Vaginites de repetição Total sempre persistentes nos diversos episódios. De acor- Espécies n % n % n % do com a escala aplicada, os sinais clínicos foram Candida albicans 13 32,5 15 37,5 28 70 Candida glabrata 1 2,5 7 17,5 8 20 considerados moderados em 29 casos, leves em dez Candida tropicalis 2 5 1 2,5 3 7,5 casos e severos em apenas uma ocorrência. Não houve Candida guilliermondii --- --- 1 2,5 1 2,5 correlação estatística entre a intensidade dos sinais Total 16 40 24 60 40 100 e sintomas observados e as espécies de leveduras identificadas (Tabela 2). Vulvovaginites de repetição foram observadas em 24 16 15 (60%) mulheres (Tabela 3), das quais 16 apresentaram 14 dois episódios; seis, três episódios e duas, quatro episódios, Número de isolados 12 com tempo médio de 92,7 dias entre os episódios. Dos 58 Pacientes 10 9 companheiros sexuais examinados, 38 eram sintomáticos 8 7 Parceiros e 20 assintomáticos. Cultivos foram obtidos de cinco par- 6 5 ceiros sintomáticos: C. albicans (n=3) e C. glabatra (n=2) e 4 de dez assintomáticos: C. albicans (n=6), C. glabatra (n=3) 2 1 1 1 e C. guilliermondii (n=1). Desses 15 cultivos de Candida 0 Candida albicans Candida tropicalis Candida glabrata Candida guilliermondii spp obtidos a partir das secreções da glande e prepúcio, 13 (87%) apresentaram correspondência com espécies Figura 1 - Leveduras identificadas nas pacientes e em seus parceiros. isoladas das respectivas companheiras (Figura 1). 82 Rev Bras Ginecol Obstet. 2007; 29(2):80-4
  • 4. Correlação dos resultados laboratoriais com sinais e sintomas clínicos das pacientes com candidíase vulvovaginal e relevância dos parceiros sexuais na manutenção da infecção em São Paulo, Brasil semelhantes. CHROMagar Candida é um meio de cultura Discussão cromogênico que permite a diferenciação presuntiva de As vulvovaginites são responsáveis por cerca de 20 determinadas espécies de leveduras, particularmente a 30% das doenças ginecológicas observadas em mu- das mais prevalentes em vulvovaginites fúngicas, sendo lheres de 20 a 30 anos de idade13, sendo a candidíase recomendável no diagnóstico de culturas mistas, o que vulvovaginal a segunda causa dessa infecção14. Estima-se melhora a qualidade dos exames laboratoriais15-17. A uti- que 75% das mulheres terão, ao menos, um episódio lização desse meio permitiu o isolamento de três espécies de vaginite fúngica durante sua vida reprodutiva, 40 a diferentes (C. albicans, C. tropicalis e C. glabrata) de uma 50% teriam uma segunda infecção e, aproximadamente, mesma paciente, o que não é evento comum. C. albicans 5% delas desenvolverão um curso crônico2,5,19. Em nossa (70%) e C. glabrata (20%) foram os microrganismos mais investigação, as vaginites foram motivo de consulta de isolados, mostrando boa correlação com os dados de outros 23% das pacientes atendidas. A maior parte das mulheres pesquisadores, que identificaram C. albicans em 70,1% e com vaginites fúngicas tinha idade entre 18 e 34 anos C. glabrata em 18,9% dos casos12. Todavia, índices mais e somente sete encontravam-se na menopausa, o que elevados de C. albicans, de 80 a 90%, têm sido descri- confirma a prevalência da candidíase na menacme8,14. tos10,13,16,22. C. dubliniensis, levedura emergente, tem sido Prurido e corrimento têm sido as manifestações isolada em percentual bastante reduzido (0,17%) entre clínicas mais observadas nas vaginites fúngicas2,3,5,7,8,21. isolados vaginais de C. albicans23. Candida tropicalis (7,5%) Corrimento branco ou branco-amarelado (100%) e e C. guilliermondii (2,5%) foram também diagnosticadas, prurido (97,5%) foram as queixas mais freqüentes, não sendo encontradas C. parapsilosis e C. krusei, espécies seguidas de eritema, edema, ardência e disúria, sendo isoladas em outros estudos7,12,16,21. Ausência de correlação mais acentuados no período pré-menstrual e pós-relações entre sinais/sintomas e cultura positiva foi demonstrada sexuais. Embora a percentagem de pacientes com os em um estudo transversal8. Em concordância, em nossa principais sinais e sintomas da candidíase vulvovaginal investigação não foi estabelecida relação entre sintoma- seja elevada, o diagnóstico clínico é apenas sugestivo, tologia e espécies de leveduras isoladas. devendo ser confirmado por provas laboratoriais, pois Dos 40 casos de vaginite fúngica em que o agente manifestações similares podem ser causadas por outros foi identificado, 24 tiveram vaginite de repetição. Le- agentes infecciosos ou por condições ligadas ao hospe- veduras presentes no trato intestinal no períneo e no deiro2,3,8. Na presente pesquisa, a suspeita clínica de parceiro sexual podem estar relacionadas às vaginites candidíase vulvovaginal não foi comprovada por exames de repetição3,8,18,19. Verificamos que em 87% dos casos laboratoriais em 102 casos (57%). a mesma espécie de levedura estava presente na mulher A quantidade de leveduras aumenta expressivamente e em seu companheiro. Entretanto, inúmeros fatores no processo infeccioso, o que facilita a sua detecção3. O ainda desconhecidos, associados ao desenvolvimento da exame microscópico das secreções vaginais coradas ao candidíase vulvovaginal e da sua recorrência, necessitam Gram ou clarificadas com KOH mostrou resultados ser esclarecidos. A comparação dos isolados do períneo idênticos. Entretanto, a coloração dos esfregaços pelo feminino, dos parceiros sexuais e dos diferentes episódios método de Gram é interessante para o diagnóstico de das vaginites fúngicas por técnicas de filogenia molecular vaginites fúngicas, pois demonstra melhor as estruturas permitirá, num futuro próximo, uma maior compreensão invasivas das leveduras22. A obtenção de 40 cultivos (52% da epidemiologia da candidíase vulvovaginal. das amostras positivas por microscopia) foi menos sensível Nesse estudo, concluiu-se que sinais e sintomas que o exame direto. Esse fato pode ser atribuído à escassez clínicos, predominantemente moderados, como prurido, ou inadequabilidade do material biológico colhido em corrimento e outros menos prevalentes, são presuntivos e determinados sítios da vulva ou vagina, quantidade insufi- não se correlacionaram com as espécies isoladas. Assim, ciente de leveduras no espécime clínico para o isolamento os testes laboratoriais são importantes para confirmação ou baixa viabilidade dos microrganismos devido ao uso etiológica do agente, inclusive de infecções mistas. prévio de automedicação sem comunicação ao clínico. Em casos de reinfecção, os parceiros sexuais devem ser Todavia, a combinação entre exame direto e cultura é avaliados devido à possibilidade de serem reservatórios ideal para o diagnóstico das vaginites fúngicas22. de Candida spp. O meio de cultura mais usado na rotina micológica para cultivo dos fungos patogênicos é o ágar Sabouraud Agradecimentos dextrose. Todavia, o isolamento de diferentes espécies de Candida de um mesmo material clínico é difícil, uma vez Agradecimentos ao CNPq pelo apoio financeiro. que as características morfológicas das colônias são muito A André Martins pela tipagem dos isolados. Rev Bras Ginecol Obstet. 2007; 29(2):80-4 83
  • 5. Boatto HF, Moraes MS, Machado AP, Girão MJBC, Fischman O Referências 1. Geva A, Bornstein J, Dan M, Shoham HK, Sobel JD. The VI-SENSE- 11. Crocco EI, Mimica LMJ, Muramatu LH, Garcia C, Souza VM, Ruiz vaginal discharge self-test to facilitate management of vaginal LRB, et al. Identificação de espécies de Candida e susceptibilidade symptoms. Am J Obstet Gynecol. 2006; 195(5):1351-6. antifúngica in vitro: estudo de 100 pacientes com candidíases superficiais. An Bras Dermatol. 2004; 79(6):689-97. 2. Schaller M. [Candida albicans - interactions with the mucosa and the immune system]. J Dtsch Dermatol Ges. 2006; 4(4):328-36; 12. Richter SS, Galask RP, Messer SA, Hollis RJ, Diekema DJ, Pfaller quiz 337-8. German. MA. Antifungal susceptibilities of Candida species causing vulvovaginitis and epidemiology of recurrent cases. J Clin Microbiol. 3. Mendling W, Seebacher C, Working Group for Infections and 2005; 43(5):2155-62. Infectimmunology of the German Society for Gynecology and Obstetrics; German Speaking Mycological Society; German 13. Azzam-W M, Cermeno-Vivas JR, Orellan-Garcia Y, Penna SJ. Dermatological Society. Guideline vulvovaginal candidosis: guideline Vulvovaginitis caused by Candida spp. and Trichomonas vaginalis of the German Dermatological Society, the German Speaking in sexually active women. Invest Clin. 2002; 43(1):3-13. Mycological Society and the Working Group for Infections and 14. Galle LC, Gianinni MJSM. Prevalência e susceptibilidade de Infectimmunology of the German Society for Gynecology and leveduras vaginais. J Bras Patol Med Lab. 2004; 40(4):229-36. Obstetrics. Mycoses. 2003; 46(9-10):365-9. 15. Willinger B, Manafi M. Evaluation of CHROMagar Candida 4. Barrenetxea Ziarrusta G. Vulvovaginitis candidiásica. Rev Iberoam for rapid screening of clinical specimens for Candida species. Micol. 2002; 19(1):22-4. Mycoses. 1999; 42(1-2):61-5. 5. Ferrer J. Vaginal candidosis: epidemiological and etiological 16. Novikova N, Rodrigues A, Mardh PA. Can the diagnosis of factors. Int J Gynaecol Obstet. 2000; 71 Suppl 1:S21-7. recurrent vulvovaginal candidosis be improved by use of vaginal 6. Odds FC, Webster CE, Mayuranathan P, Simmons PD. Candida lavage samples and cultures on chromogenic agar? Infect Dis concentrations in the vagina and their association with signs Obstet Gynecol. 2002; 10(2):89-92. and symptoms of vaginal candidosis. J Med Vet Mycol. 1988; 17. Gultekin B, Yazici V, Aydin N. Distribution of Candida species 26(5):277-83. in vaginal specimens and evaluation of CHROMagar Candida 7. Lopes Consolaro ME, Aline Albertoni T, Shizue Yoshida C, medium. Mikrobiyol Bul. 2005; 39(3):319-24. Mazucheli J, Peralta RM, Estivalet Svidzinski TI. Correlation of 18. Ringdahl EN. Treatment of recurrent vulvovaginal candidiasis. Am Candida species and symptoms among patients with vulvovaginal Fam Physician. 2000; 61(11):3306-12, 3317. candidiasis in Maringa, Parana, Brazil. Rev Iberoam Micol. 2004; 21(4):202-5. 19. Fidel PL Jr, Sobel JD. Immunopathogenesis of recurrent vulvovaginal candidiasis. Clin Microbiol Rev. 1996; 9(3):335-48. 8. Rosa MI, Rumel D. Fatores associados à candidíase vulvovaginal: estudo exploratório. Rev Bras Ginecol Obstet. 2004; 26(1): 20. Sobel JD. Pathogenesis and treatment of recurrent vulvovaginal 65-70. candidiasis. Clin Infect Dis. 1992; 14 Suppl 1:S148-53. 9. Spinillo A, Capuzzo E, Gulminetti R, Marone P, Colonna L, Piazzi 21. Moreira D, Paula CR. Vulvovaginal candidiasis. Int J Gynaecol G. Prevalence of and risk factors for fungal vaginitis caused Obstet. 2006; 92(3):266-7. by non-albicans species. Am J Obstet Gynecol. 1997; 176(1 22. Omar AA. Gram stain versus culture in the diagnosis of vulvovaginal Pt 1):138-41. candidiasis. East Mediterr Health J. 2001; 7(6):925-34. 10. Ribeiro MA, Dietze R, Paula CR, Da Matta DA, Colombo 23. Acikgoz ZC, Sancak B, Gamberzade S, Misirlioglu M. Prevalence AL. Susceptibility profile of vaginal yeast isolates from Brazil. of Candida dubliniensis among the stored vaginal Candida isolates Mycopathologia. 2001; 151(1):5-10. in a Turkish hospital. Mycoses. 2004; 47(9-10):393-6. 84 Rev Bras Ginecol Obstet. 2007; 29(2):80-4