1. Por que defendemos um
ensino sistemático da
escrita alfabética?
Artur Gomes de Morais
2. Desinvenção da alfabetização
• Processo vivenciado no Brasil nas últimas décadas, causado por uma má
apropriação da teoria da psicogênese da escrita ou “construtivismo” (SOARES,
2003) e dos estudos sobre letramento (MORAIS, 2006).
• Este processo, teria feito com que muitas redes de ensino e muitos professores
tivessem passado a descuidar das metodologias de alfabetização, esperando que a
criança, sem um ensino específico, avançasse em suas hipóteses de compreensão do
SEA, até alcançar (não se sabia, claramente, quando) uma hipótese alfabética de
escrita. Houve um descuido com o ensino das correspondências som-grafia.
3. Hegemonia do discurso do letramento
Nesta perspectiva, os textos precisam ser as unidades privilegiadas no ensino,
entretanto a mera vivência diária de situações de leitura e produção de textos,
“naturalmente”, não leva a criança a dominar o SEA. Morais e Albuquerque,
(2005) em suas pesquisas, contataram que os livros tinham um amplo
repertório textual e muitas práticas de leitura e produção de textos, mas poucas
atividades de ensino do SEA.
Felizmente, este foco maior no “letrar” do que no “alfabetizar” foi-se
reduzindo nos livros aprovados pelo PNLD, já na edição de 2007, como
atestou a pesquisa feita por Ferreira, Albuquerque e Tavares (2009).
4. O ensino sistemático da escrita alfabética
no dia a dia: o que é.
• É um trabalho realizado de segunda a sexta-feira, na escola, que ajudem a
criança a:
I) compreender o sistema alfabético;
II) se apropriar de suas convenções.
• Em oposição a um ensino de alfabetização “espontaneísta” ou “assistemático”.
• O MEC orienta atividades reflexivas sobre o sistema alfabético, práticas de
leitura e/ou de produção de textos.
5. Alfabetização e Letramento
“Alfabetização” apropriação do SEA, algo temporalmente limitado, que se
conclui logo no começo do Ensino Fundamental.
“Letramento” apropriação das competências envolvidas nas práticas de leitura
e produção de textos escritos, algo que começa na etapa pré-escolar e vai até o
fim da vida.
6. Perspectivas do Ensino Sistemático do SEA
1) ensino das relações som-grafia por repetição e memorização, como nos
métodos silábicos e fônicos, que priorizam uma visão empirista ou
associacionista de aprendizagem;
2) ensino que promove a compreensão das propriedades do sistema,
necessárias para que o aluno possa, de forma produtiva, memorizar e
automatizar as relações som-grafia, enfocadas, então, de modo exaustivo, o que
revela uma visão construtivista sobre ensinar e aprender. (Perspectiva do Pacto)
7. • O ensino sistemático da escrita alfabética defendida no PNAIC vê o domínio
das convenções letra-som como requisito para a boa compreensão de textos,
mas não confunde os dois tipos de competências. Além de não comportar a
criação de etapas, como “primeiro alfabetizar, para depois letrar”
8. REFERÊNCIAS
• ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia; MORAIS, Artur Gomes; FERREIRA, Andréa Tereza Brito. As
práticas cotidianas de alfabetização: o que fazem os professores? Revista Brasileira de Educação, v. 13, p.
252-278, 2008.
• Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na
Idade Certa. A oralidade, a leitura e a escrita no ciclo de alfabetização. Caderno 05 / Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. – Brasília: MEC, SEB, 2015.
• MORAIS, Artur Gomes de; ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia. Novos livros de alfabetização:
dificuldades em inovar o ensino do sistema de escrita alfabética. In: VAL, Maria da Graça Ferreira da Costa;
MARCUSCHI, Beth (Orgs.). Livros didáticos de língua.
• SOARES, Magda Becker. A reinvenção da alfabetização. Presença Pedagógica. v. 9, n.o 52, p. 1-21, jul-
ago/2003.ortuguesa: letramento, inclusão e cidadania. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.