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II Congresso Internacional de Bioanálises
         V Congresso Sul-Brasileiro de Biomedicina
              IX Semana Gaúcha de Biomedicina


  Interpretação de Exames em
         Medicina Legal
              Dr. Sami A R J El Jundi, MD, MSc
          Especialista em Clínica Médica - Especialista em Toxicologia Forense
           Master of Science em Medicina Forense pela Universitat de Valencia
Prof. de Medicina Forense do Curso de Especialização em Toxicologia Forense da Feevale


                    samieljundi@terra.com.br
• Edmund Locard nasceu na França em 1877 e
  trabalhou como assistente de Alexandre
  Lacassagne, na época Professor de Medicina
  Forense em Lyons.
• Formulou o Princípio da Transferência de
  Locard, que aplicou efetivamente no caso de
  Emile Gourbin em 1912.
• Aplicou seu próprio sistema de poroscopia à
  recente disciplina da datiloscopia.
• Nos sete volumes do clássico Traité de
  criminalistique afirmou que “escrever a história
  da identificação é escrever a história da
  criminologia".
• Locard se manteve ativo em suas pesquisas
  até falecer em 1966.
•   Arthur Conan Doyle nasceu em 22/05/1859, em
    Edinburgh, Scotland. De 1876 a 1881 estudou
    medicina na University of Edinburgh. Em 1890
    estudou oftalmologia em Viena e voltou a Londres
    em 1891. Escreveu em sua autobiografia que
    nenhum paciente cruzou sua porta.
•   Conan Doyle era um ativista pela justiça e,
    pessoalmente, investigou 2 casos encerrados,
    que levaram à soltura de dois presos.
•   O 1º caso, em 1906, envolvia um advogado meio-
    inglês, meio-indiano, George Edalji, condenado por
    enviar cartas ameaçadoras e mutilar animais,
    mesmo as mutilações tendo continuado após sua
    prisão. Graças a isso foi criada a corte de apelações
    em 1907.
•   O 2º caso, de Oscar Slater, um judeu-alemão e
    operador de casas de jogos acusado de espancar
    uma mulher de 82 anos em Glasgow em 1908.
    Doyle ficou curioso com as inconsistências da
    acusação e teve a impressão que haviam “armado”
    para Slater.
•   Joseph Bell, (02/12/1837-04/10/1911) era
    um professor escocês da escola de
    medicina da University of Edinburgh no
    século XIX.
•   Em suas aulas, enfatizava a importância da
    observação minuciosa para fazer o
    diagnóstico. Para ilustrar isso, costumava
    escolher um estranho e, pela observação,
    deduzir sua ocupação e atividades
    recentes.
•   Essas habilidades fizeram com que fosse
    considerado um pioneiro nas ciências
    forenses e na patologia forense em
    particular, em uma época na qual a ciência
    não era ainda usada nas investigações
    criminais.
•   Foi a inspiração para a o personagem
    Sherlock Holmes.
•   Arthur Conan Doyle conheceu Bell em
    1877, e foi seu assistente na enfermaria
    Real de Edinburgh.
• Sherlock Holmes veio a público pela
  primeira vez em histórias publicadas na
  Strand Magazine em 1891.
• Essas histórias retratam Sherlock Holmes
  trabalhando como detetive particular entre
  1881-1904, enquanto residia no nro. 221b
  da Baker Street com seu colega Doutor
  Watson.
• De acordo com as histórias, Sherlock
  Holmes nasceu em 06/01/1854.Suas
  características enigmáticas incluíam seu
  perfil de falcão, os olhos penetrantes, a
  capa e o chapéu de caça, além da lente de
  aumento o tronaram um dos personagens
  mais bem conhecidos de todos os tempos.
• Holmes tinha um raciocínio e capacidade
  de observação espetaculares. Apreciava
  ópera e música clássica.
Medicina Legal

“O conjunto de conhecimentos médicos
       necessários à resolução dos
    problemas propostos pelo direito,
    tanto para a aplicação prática das
           leis, quanto para seu
      aperfeiçoamento e evolução”
                               Calabuig, G.
Prova Pericial
  “A demonstração da verdade de uma
 afirmação, da existência de uma coisa ou
         da realidade de um fato”
                                 Gomez de Liaño, 1979.


“É a relação concreta entre a verdade e o
    espírito humano nas suas especiais
      determinações de credibilidade,
          probabilidade e certeza”
                    Nicola Framarino Dei Malatesta, 2004
• "O dever de um perito é dizer a verdade; no
  entanto, para isso é necessário: primeiro saber
  encontrá-la e, depois querer dizê-la. O primeiro é
  um problema científico, o segundo é um problema
  moral." Nerio Rojas
• “O laudo pericial, muitas vezes, é o prefácio de
  uma sentença.” Hélio Gomes
• “A soberania do juiz é, na maioria dos casos, mais
  teórica que real...” Ambroise Paré
• “... os juízes decidem de acordo com o que são
  informados...” Ambroise Paré
• Judicial
  Extrajudicial
• Criminal
  Cível
  Trabalhista
  Previdenciária
• Crimes contra a vida
  Crimes contra o patrimônio
  Crimes de trânsito
  Crimes contra o meio-
  ambiente
  Crimes contra a saúde
Fundamentos da prova pericial
1. Coleta, identificação e armazenamento
2. Cadeia de custódia em todas as etapas
3. Controle de qualidade da análise
4. Interpretação adequada (vestígios =>
   evidências => provas)
5. Contra-prova (refutação)
   MOTIVO – OPORTUNIDADE - MEIOS
Abortamento
Talidomida




Talidomida no Brasil: vigilância com responsabilidade compartilhada?
         Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 15(1):99-112, jan-mar, 1999
Embriaguez
•   TÍTULO III
    DA IMPUTABILIDADE PENAL
•   Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº
    7.209, de 11.7.1984)
•   Embriaguez
•   II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de
    efeitos análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
•   § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa,
    proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da
    omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
    determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei
    nº 7.209, de 11.7.1984)
•   § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por
    embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao
    tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter
    ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
    entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Embriaguez
•   Não acidental: voluntariosa ou culposa
     – Não isenta de pena
     – Actio libera in causa ad libertatem relata
•   Acidental: caso fortuito ou força maior
     –   Inimputável se completa
     –   Estabelecer nexo causal
     –   Redução de pena se parcial
     –   Inusitadas, raríssimas
•   Preordenada
     – Actio libera in causa ad libertatem relata
     – Punição com agravamento da pena
•   Habitual e patológica
     – Doença mental
     – Inimputável ou semi-imputável
Estudos Clássicos (EUA)
   • Grand Rapids, Michigan (200.000h)
     (Borkenstein et al., 1964)
          – 6.000 motoristas acidentados
          – 7.600 motoristas controle
   • Resultados
          – Probabilidade de causar acidentes cresce exponencialmente
            com a CAS
          – CAS 0,10 g/dL: > 600%
          – CAS 0,15 g/dL: > 2.500%
          – CAS < 0,04 g/dL em motoristas entre 16 e 17a de idade: > 500%
          – Sem diferenças entre CAS=0 e CAS<0,04 g/dL*

Hurst, P.M., Harte, D. and Frith, W.J. (1994). "The Grand Rapids Dip revisited." Accident Analysis and Prevention, 26, 647-654.
• Widmark, 1981 (Suécia)
  CAS versus Testes Comportamentais
     – CAS 0,15 g/dL = 50% +
     – CAS 0,26 g/dL = 100% +
• Perper et al., 1986 (EUA)
     – CAS ≥ 0,20 g/dL = 76% +
     – CAS ≥ 0,30 g/dL = 26% (parcial -)
Moskowitz, H. Alcohol Effects and Driver Impairment. In: Garriott, J.C. Medical-Legal Aspects of Alcohol, 4th Ed. Lawyers & Judges, USA, 2003.
• Urso, 1981 (EUA)
     – Sóbrios: CAS média 0,272 g/dL
     – Caso de “sobriedade”: CAS 0,54 g/dL
• Borkenstein et al., 1963 (EUA)
     – Probabilidade de detecção de embriaguez por um
       policial: <1%
• Wells et al., 1997 (EUA)
     –     CAS 0,05-0,079 g/dL: 87% liberados
     –     CAS 0,08-0,99 g/dL: 62% liberados
     –     CAS 0,10-0,119 g/dL: 64% liberados
     –     CAS > 0,12 g/dL: 62% liberados
Moskowitz, H. Alcohol Effects and Driver Impairment. In: Garriott, J.C. Medical-Legal Aspects of Alcohol, 4th Ed. Lawyers & Judges, USA, 2003.
Efeitos Farmacológicos
•    Alcoolemia vs. embriaguez clínica (em % da
    população):
     –   CAS 0,1 g/dL: 10%;
     –   CAS 0,12 g/dL: 20%;
     –   CAS 0,15 g/dL: 50%;
     –   CAS 0,175 g/dL: 75%;
     –   CAS 0,2 g/dL: 100%;
     –   CAS 0,4 g/L: coma em 100%;
     –   CAS > 0,5 g/dL, justifica-se o diagnóstico de morte por
         embriaguez aguda.
    Cañadas, EV. Estudio toxicológico y medico-legal del alcohol etílico. In: Cañadas, EV (Ed.). Gisbert Calabuig:
    Medicina legal y toxicología. 6ª Ed., Masson, Barcelona, 2004.
Doenças Sexualmente Transmissíveis

 População com DST
Percebem os sintomas
Procuram atendimento
   Tratamento correto
  Correto diagnóstico
 Tratamento completo

                Cura
Complicações do abuso sexual
•   Clamídia (4% a 17%)
•   Gonorréia (6% a 12%)
•   HIV (0,1% a 0,2% vaginal; 1% a 2% pênis-ânus)
•   Sífilis (0,5% a 3%)
•   Hepatites (B, C)
•   Vaginose bacteriana (Gardenerella)
•   Tricomoníase
•   HPV
•   Herpes genital
•   Gestacão (1%)
•   Follow-up <30%
HPV
• DST “epidêmica”: 50% das mulheres;
• Formas diferentes:
    –   alto risco neo colo (16,18,31,33,35,39,45,51,52,56,58)
    –   baixo risco (6,11,42,43,44)
    –   verrugas cutâneas ou genitais
    –   evidência coloposcópica
• Contágio por múltiplas vias:
    –   perinatal
    –   auto-inoculação
    –   hetero-inoculação
    –   fômites
• DNA detectado em 16% de 31 meninas vítimas de abuso
Stevens-Simon, C; Nelligan, D; Breese, P; Jenny, C; Douglas Jr, JM The prevalence of
Genital Human Papillomavirus Infections in Abused and Nonabused Preadolescent Girls.
Pediatrics 106(4): 645-649, Oct/2000.
•       Ramos da Toxicologia:
    1.    Testagem forense de drogas.
    2.    Toxicologia postmortem;
    3.    Toxicologia de performance
          humana / antidoping;


•       Tipos de casos:
    –     Suspeita de morte por
          intoxicação;
    –     Mortes violentas e sua relação
          com o uso de drogas ou álcool.
Ação tóxica
• Sobre sistemas enzimáticos
  – Inibição irreversível (OP);
  – Inibição reversível (carbamatos);
  – Indução.
• Sobre as células
  – Sobre a membrana (digital, DDT);
  – Ação intracelular (arsênico, fluoroacetato);
  – Sobre as organelas celulares
     • Mitocôndrias (barbitúricos, dinitrofenol);
     • Sistema microssomal (formaldeído, paraoxon, fenol);
     • Núcleo - DNA (radicais tiol).
Formas de intoxicação
• Intoxicação aguda
  – Exposições de curta duração, com absorção rápida
    do tóxico. Obedece a uma única dose ou doses
    múltiplas, mas em um período breve, que pode ser
    fixado arbitrariamente em 24h.
• Intoxicação sub-aguda
  – Não se refere à gravidade do quadro, mas ao
    momento do surgimento dos sintomas em relação
    com absorção do agente. Costuma ser causada por
    exposições freqüentes e repetidas em um período de
    vários dias ou semanas, antes do surgimento dos
    sintomas.
Formas de intoxicação
• Intoxicação crônica
  – Aquele que ocorre pela exposição repetida ao
    tóxico durante muito tempo. O mecanismo
    pode ocorrer por:
     • Acúmulo do tóxico no organismo (eliminação <
       absorção) – p.ex. saturnismo crônico;
     • Efeitos aditivos com ou sem acumulação. É o
       mecanismo de ação da maioria das substâncias
       cancerígenas.
Intoxicação crônica
• Processos agudos dentro da intoxicação
  crônica. Ocorre com substâncias
  biologicamente inativas acumuladas em
  tecidos inertes (chumbo nos ossos, DDT
  no tecido adiposo);
• Quadros crônicos por dose tóxica única.
  Fenômeno imprevisível, ocorre com TOCP
  (neurite), azobenzenos (necrose hepática
  quase 1 mês depois).
Toxicidade
• Querosene
  – DL50 VO em ratos: 30-40ml
  – DL50 Inalado em ratos: gotas

  DL50 (via oral)                140
  ---------------------------- = -------
  DL50 (via traqueal)              1
Tipos de intoxicação
• Execução
  – Cicuta
  – CNH
  – Pentotal EV
• Criminosa
  – Sem propriedades organolépticas (sabor, odor);
  – Fácil aquisição, sem despertar suspeitas;
  – Eficácia a doses baixas;
  – Quadros agudos ou subagudos fáceis de confundir
    com doenças;
  – Solúvel e de fácil aplicação.
Tipos de intoxicação
• Criminosa
  –   eróticos;
  –   abortivos;
  –   imobilização da vítima ou de doentes;
  –   espionagem;
  –   “lavagem cerebral”;
  –   guerra química;
  –   repressão de greves e motins;
  –   doping;
  –   rituais fanáticos;
  –   etc.
Tipos de intoxicação
• Voluntárias
   – Autolesão;
   – Drogadição;
   – Terapêutica.
• Acidentais
   –   Alimentares;
   –   Picadas de animais;
   –   Absorção acidental (CO, produtos de limpeza);
   –   Medicamentosas
        •   Automedicação;
        •   Erros de doses e esquema posológico;
        •   Confusão de produtos;
        •   Acesso de crianças
        •   Iatrogênicos
Estabilidade das amostras
– Muitas drogas não são quimicamente estáveis e
  podem estar sujeitas à degradação química, física ou
  microbiana.
– Degradação química pode resultar na perda da
  droga pura pela decomposição à outro composto
  (como cocaína para o metabólito benzoilecgonina)
– Decomposição física pode resultar em:
   • mudanças na forma cristalina de um fármaco
   • agregação de partículas sólidas em uma suspensão
   • perda de compostos voláteis para a atmosfera e para o
     frasco (álcool etílico)
– Contaminação microbiana pode ocorrer em
  qualquer amostra contendo água.
Estabilidade e artefatos
• THC
  – Carbóxi-THC se perde na urina a temperatura ambiente por
    vários dias ou congelada por longos períodos;
• Morfina
  – 6-AM se desacetila a M em temperatura ambiente;
  – 6-AM perde <2% em 12m se congelada, até 3m não se
    espera perda;
  – Desconjugação de metabólitos no fígado = > concentração
    de M em amostras de fígado;
  – Morfina instável se conservada a 4oC ou + por vários dias.
• Heroína
  – > concentração de M no fígado coletado 8-9h postmortem e
    armazenado 10d em temperatura ambiente (conversão de
    glucoronídeos / desconjugação?)
  – E. coli é fonte de B-glucoronidases.
Estabilidade e artefatos
• Benzodiazepínicos
  – Nitrobenzodiazepinas (nitrazepam, flunitrazepam,
    clonazepam): perdem seus metabólitos 7-amino
    ► analisar prontamente;
  – Mudanças são minimizadas em outras BZD se
    conservadas a -20oC.
• Cocaína e BZE são instáveis
  – podem sofrer hidrólise espontânea;
  – em urina até <37% em 12m a -20oC;
  – estável até 6m.
Estabilidade e artefatos
• Clorpromazina
  – instável em amostras armazenadas por longos
    períodos.
• Tioridazina
  – instável em amostras armazenadas por longos
    períodos.
• Dotiepina
  – degrada por ação bacteriana.
• Metaqualona
  – Recuperados 72% depois de 26m;
Estabilidade e artefatos
• Paraquat
  – 42% recuperados em estômago no 7o dia;
  – 11% recuperados em ceco no 7o dia;
  – no fígado, a concentração sobe no 3o dia
    (redistribuição / desconjugação?) e cai depois;
• Paratión / Malatión
  – variação menor que do Paraquat.
• Organoclorados
  – muito estáveis, recuperáveis > 72% em material
    putrefato.
Redistribuição
• Podem ocorrer mudanças de até 10x em
  sangue cardíaco ante e postmortem;
• Mais afetados: digoxina, propoxifeno,
  ATCs, metadona, fluoxetina, anfetaminas /
  metanfetaminas;
• Sangue femural também distribui, mas
  menos;
• Não ocorre somente em sangue: o lobo
  hepático Esq pode ter concentrações >
  que o Dir.
Redistribuição
• Importante em:
   – sustâncias com alta lipossolubilidade e com alta
     concentração em tecidos em relação a sangue;
   – drogas básicas com grande VD, que demonstram maior
     faixa de razão C/P (p.ex. doxepina: 1-20) e maior razão C/P;
   – Considerar exceções:
      • Imipramina tem C/P < 2 (droga básica, com alto VD);
      • Propranolol e triazolam tem C/P > 2 (drogas ácidas, com baixo
        VD).
• Relação C/P está influenciada por:
   – Tipo de droga, VD, concentração, aderência a proteínas, pK,
     intervalo postmortem.
Toxicologia Postmortem




          ?
Matrizes
1. Sangue: 2 amostras (central e periférica) para
   drogas e álcool, até 5 para CO;
2. HV: estável e resistente à contaminação,
   putrefação e ação do calor e do fogo;
3. Urina: altas concentrações de muitas drogas, por
   longos períodos. Boa para screening;
4. Bile: concentra drogas como narcóticos e
   benzodiazepínicos. Substitui a urina SN;
5. Fígado: sítio metabólico principal. ATCs são
   seqüestrados no fígado;
Matrizes
6. Pulmão: interessante em substâncias voláteis;
7. Baço: alta concentração de hemácias, bom para
    CO;
8. Conteúdo gástrico: overdose por via oral, venenos,
    nitratos;
9. Cabelos, pêlos, unhas: bom indicador de exposição
    prévia, concentra metais, arsênico, grupos
    sulfidrila;
10. Músculos, gordura, ossos, medula óssea, liquido
    pleural ou ascítico, liquido cefaloraquídeano, etc.
Análise diferencial
• Bile / sangue
   –   tóxico / insignificante para paracetamol;
   –   Rel de 3-6 para coca, BZE, EME, CE;
   –   Rel de 1 para anfetamina;
   –   Rel de 2000 para desmetilclobazan.
• HV / sangue
   – importante para distinguir formação postmortem de álcool.
     Inútil para estimar álcool em sangue.
• Fígado / sangue
   – cuidado com álcool postmortem.
• Álcool postmortem
   – cerca de 12% de todos os casos;
   – 20% dos descompostos;
   – sugere-se limite superior de alcoolemia em cerca de 0,15%.
Interpretação dos dados
• Aspectos pré-                • Considerar:
  analíticos:
  – Pedido;
                                 – Uso prévio: agudo /
  – Seleção de amostras;           crônico : tolerância /
  – Coleta (sítios, técnica,       nível tóxico;
    material);                   – Medicação utilizada
  – Armazenagem;                   em emergência
  – Transporte;
                                   médica;
  – Registro;
  – Preparação e testagem        – Associações entre
    (prazos, técnicas de           drogas e drogas /
    extração e análise;            álcool.
  – Cadeia de custódia;
  – Contra-prova.
Interpretação dos dados
  A análise de drogas de
   espécimes postmortem
 depende de processos que
 ocorrem durante autólise e
  putrefação. A degradação
      ou concentração
  postmortem de drogas e
venenos pode ocorrer como
   resultado de processos
metabólicos, decomposição
química ou ação bacteriana.
Álcool
• EUA em 2000 (NHTSA):
  – 38% de acidentes de tráfego fatais;
  – 7% de todos os acidentes de tráfego.
• Tipos de álcool:
  – Etanol ou álcool etílico – acetaldeído – acetato
  – Metanol – formaldeído – ác formico – acidose
    metabólica
  – Isopropanol – acetona – depressão marcada do
    SNC
  – Etilenoglicol – ác dicarboxílico – ác oxalico – oxal
    Ca
Álcool
• Absorção
  – pele, inalação, EV, oral (100% absorção);
  – aumenta com % de álcool (máx 30%);
• Distribuição
  – intestino – sistema porta – fígado – coração
    direito – pulmões – coração esquerdo – cérebro e
    demais órgãos.
• Eliminação
  – Baixa conc: cinética de primeira ordem
    (percentual)
  – Alta conc: cinética de ordem zero (quantidade)
Álcool
• Fases de              • Razão de concentração
  absorção /              Matriz / Sangue para
                          álcool
  distribuição
                          –   Saliva    1,1
                          –   HV        1,2
  – absortiva:            –   Bile      1,0
    arterial > venoso     –   LCR       1,1
  – completa:             –   Fígado    0,6
    arterial = venoso     –   Rim       0,7
  – pós absortiva:        –   Cérebro   0,8
    arterial < venoso     –   Urina     1,3
“as with any poisoning, the chemical form of the
arsenic compound, the age and physical condition of
   the individual exposed, and the dose are critical
                       issues” Science et vie, Ed. 1026
Ensaios Clínicos Randomizados
                (ECR)
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Interpretação de exames em medicina legal

  • 1. II Congresso Internacional de Bioanálises V Congresso Sul-Brasileiro de Biomedicina IX Semana Gaúcha de Biomedicina Interpretação de Exames em Medicina Legal Dr. Sami A R J El Jundi, MD, MSc Especialista em Clínica Médica - Especialista em Toxicologia Forense Master of Science em Medicina Forense pela Universitat de Valencia Prof. de Medicina Forense do Curso de Especialização em Toxicologia Forense da Feevale samieljundi@terra.com.br
  • 2.
  • 3.
  • 4. • Edmund Locard nasceu na França em 1877 e trabalhou como assistente de Alexandre Lacassagne, na época Professor de Medicina Forense em Lyons. • Formulou o Princípio da Transferência de Locard, que aplicou efetivamente no caso de Emile Gourbin em 1912. • Aplicou seu próprio sistema de poroscopia à recente disciplina da datiloscopia. • Nos sete volumes do clássico Traité de criminalistique afirmou que “escrever a história da identificação é escrever a história da criminologia". • Locard se manteve ativo em suas pesquisas até falecer em 1966.
  • 5. Arthur Conan Doyle nasceu em 22/05/1859, em Edinburgh, Scotland. De 1876 a 1881 estudou medicina na University of Edinburgh. Em 1890 estudou oftalmologia em Viena e voltou a Londres em 1891. Escreveu em sua autobiografia que nenhum paciente cruzou sua porta. • Conan Doyle era um ativista pela justiça e, pessoalmente, investigou 2 casos encerrados, que levaram à soltura de dois presos. • O 1º caso, em 1906, envolvia um advogado meio- inglês, meio-indiano, George Edalji, condenado por enviar cartas ameaçadoras e mutilar animais, mesmo as mutilações tendo continuado após sua prisão. Graças a isso foi criada a corte de apelações em 1907. • O 2º caso, de Oscar Slater, um judeu-alemão e operador de casas de jogos acusado de espancar uma mulher de 82 anos em Glasgow em 1908. Doyle ficou curioso com as inconsistências da acusação e teve a impressão que haviam “armado” para Slater.
  • 6. Joseph Bell, (02/12/1837-04/10/1911) era um professor escocês da escola de medicina da University of Edinburgh no século XIX. • Em suas aulas, enfatizava a importância da observação minuciosa para fazer o diagnóstico. Para ilustrar isso, costumava escolher um estranho e, pela observação, deduzir sua ocupação e atividades recentes. • Essas habilidades fizeram com que fosse considerado um pioneiro nas ciências forenses e na patologia forense em particular, em uma época na qual a ciência não era ainda usada nas investigações criminais. • Foi a inspiração para a o personagem Sherlock Holmes. • Arthur Conan Doyle conheceu Bell em 1877, e foi seu assistente na enfermaria Real de Edinburgh.
  • 7. • Sherlock Holmes veio a público pela primeira vez em histórias publicadas na Strand Magazine em 1891. • Essas histórias retratam Sherlock Holmes trabalhando como detetive particular entre 1881-1904, enquanto residia no nro. 221b da Baker Street com seu colega Doutor Watson. • De acordo com as histórias, Sherlock Holmes nasceu em 06/01/1854.Suas características enigmáticas incluíam seu perfil de falcão, os olhos penetrantes, a capa e o chapéu de caça, além da lente de aumento o tronaram um dos personagens mais bem conhecidos de todos os tempos. • Holmes tinha um raciocínio e capacidade de observação espetaculares. Apreciava ópera e música clássica.
  • 8.
  • 9. Medicina Legal “O conjunto de conhecimentos médicos necessários à resolução dos problemas propostos pelo direito, tanto para a aplicação prática das leis, quanto para seu aperfeiçoamento e evolução” Calabuig, G.
  • 10. Prova Pericial “A demonstração da verdade de uma afirmação, da existência de uma coisa ou da realidade de um fato” Gomez de Liaño, 1979. “É a relação concreta entre a verdade e o espírito humano nas suas especiais determinações de credibilidade, probabilidade e certeza” Nicola Framarino Dei Malatesta, 2004
  • 11. • "O dever de um perito é dizer a verdade; no entanto, para isso é necessário: primeiro saber encontrá-la e, depois querer dizê-la. O primeiro é um problema científico, o segundo é um problema moral." Nerio Rojas • “O laudo pericial, muitas vezes, é o prefácio de uma sentença.” Hélio Gomes • “A soberania do juiz é, na maioria dos casos, mais teórica que real...” Ambroise Paré • “... os juízes decidem de acordo com o que são informados...” Ambroise Paré
  • 12. • Judicial Extrajudicial • Criminal Cível Trabalhista Previdenciária • Crimes contra a vida Crimes contra o patrimônio Crimes de trânsito Crimes contra o meio- ambiente Crimes contra a saúde
  • 13.
  • 14. Fundamentos da prova pericial 1. Coleta, identificação e armazenamento 2. Cadeia de custódia em todas as etapas 3. Controle de qualidade da análise 4. Interpretação adequada (vestígios => evidências => provas) 5. Contra-prova (refutação) MOTIVO – OPORTUNIDADE - MEIOS
  • 15.
  • 16.
  • 18. Talidomida Talidomida no Brasil: vigilância com responsabilidade compartilhada? Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 15(1):99-112, jan-mar, 1999
  • 19.
  • 20.
  • 21. Embriaguez • TÍTULO III DA IMPUTABILIDADE PENAL • Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) • Embriaguez • II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) • § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) • § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
  • 22. Embriaguez • Não acidental: voluntariosa ou culposa – Não isenta de pena – Actio libera in causa ad libertatem relata • Acidental: caso fortuito ou força maior – Inimputável se completa – Estabelecer nexo causal – Redução de pena se parcial – Inusitadas, raríssimas • Preordenada – Actio libera in causa ad libertatem relata – Punição com agravamento da pena • Habitual e patológica – Doença mental – Inimputável ou semi-imputável
  • 23.
  • 24. Estudos Clássicos (EUA) • Grand Rapids, Michigan (200.000h) (Borkenstein et al., 1964) – 6.000 motoristas acidentados – 7.600 motoristas controle • Resultados – Probabilidade de causar acidentes cresce exponencialmente com a CAS – CAS 0,10 g/dL: > 600% – CAS 0,15 g/dL: > 2.500% – CAS < 0,04 g/dL em motoristas entre 16 e 17a de idade: > 500% – Sem diferenças entre CAS=0 e CAS<0,04 g/dL* Hurst, P.M., Harte, D. and Frith, W.J. (1994). "The Grand Rapids Dip revisited." Accident Analysis and Prevention, 26, 647-654.
  • 25.
  • 26. • Widmark, 1981 (Suécia) CAS versus Testes Comportamentais – CAS 0,15 g/dL = 50% + – CAS 0,26 g/dL = 100% + • Perper et al., 1986 (EUA) – CAS ≥ 0,20 g/dL = 76% + – CAS ≥ 0,30 g/dL = 26% (parcial -) Moskowitz, H. Alcohol Effects and Driver Impairment. In: Garriott, J.C. Medical-Legal Aspects of Alcohol, 4th Ed. Lawyers & Judges, USA, 2003.
  • 27. • Urso, 1981 (EUA) – Sóbrios: CAS média 0,272 g/dL – Caso de “sobriedade”: CAS 0,54 g/dL • Borkenstein et al., 1963 (EUA) – Probabilidade de detecção de embriaguez por um policial: <1% • Wells et al., 1997 (EUA) – CAS 0,05-0,079 g/dL: 87% liberados – CAS 0,08-0,99 g/dL: 62% liberados – CAS 0,10-0,119 g/dL: 64% liberados – CAS > 0,12 g/dL: 62% liberados Moskowitz, H. Alcohol Effects and Driver Impairment. In: Garriott, J.C. Medical-Legal Aspects of Alcohol, 4th Ed. Lawyers & Judges, USA, 2003.
  • 28. Efeitos Farmacológicos • Alcoolemia vs. embriaguez clínica (em % da população): – CAS 0,1 g/dL: 10%; – CAS 0,12 g/dL: 20%; – CAS 0,15 g/dL: 50%; – CAS 0,175 g/dL: 75%; – CAS 0,2 g/dL: 100%; – CAS 0,4 g/L: coma em 100%; – CAS > 0,5 g/dL, justifica-se o diagnóstico de morte por embriaguez aguda. Cañadas, EV. Estudio toxicológico y medico-legal del alcohol etílico. In: Cañadas, EV (Ed.). Gisbert Calabuig: Medicina legal y toxicología. 6ª Ed., Masson, Barcelona, 2004.
  • 29.
  • 30. Doenças Sexualmente Transmissíveis População com DST Percebem os sintomas Procuram atendimento Tratamento correto Correto diagnóstico Tratamento completo Cura
  • 31. Complicações do abuso sexual • Clamídia (4% a 17%) • Gonorréia (6% a 12%) • HIV (0,1% a 0,2% vaginal; 1% a 2% pênis-ânus) • Sífilis (0,5% a 3%) • Hepatites (B, C) • Vaginose bacteriana (Gardenerella) • Tricomoníase • HPV • Herpes genital • Gestacão (1%) • Follow-up <30%
  • 32.
  • 33. HPV • DST “epidêmica”: 50% das mulheres; • Formas diferentes: – alto risco neo colo (16,18,31,33,35,39,45,51,52,56,58) – baixo risco (6,11,42,43,44) – verrugas cutâneas ou genitais – evidência coloposcópica • Contágio por múltiplas vias: – perinatal – auto-inoculação – hetero-inoculação – fômites • DNA detectado em 16% de 31 meninas vítimas de abuso Stevens-Simon, C; Nelligan, D; Breese, P; Jenny, C; Douglas Jr, JM The prevalence of Genital Human Papillomavirus Infections in Abused and Nonabused Preadolescent Girls. Pediatrics 106(4): 645-649, Oct/2000.
  • 34.
  • 35. Ramos da Toxicologia: 1. Testagem forense de drogas. 2. Toxicologia postmortem; 3. Toxicologia de performance humana / antidoping; • Tipos de casos: – Suspeita de morte por intoxicação; – Mortes violentas e sua relação com o uso de drogas ou álcool.
  • 36. Ação tóxica • Sobre sistemas enzimáticos – Inibição irreversível (OP); – Inibição reversível (carbamatos); – Indução. • Sobre as células – Sobre a membrana (digital, DDT); – Ação intracelular (arsênico, fluoroacetato); – Sobre as organelas celulares • Mitocôndrias (barbitúricos, dinitrofenol); • Sistema microssomal (formaldeído, paraoxon, fenol); • Núcleo - DNA (radicais tiol).
  • 37.
  • 38. Formas de intoxicação • Intoxicação aguda – Exposições de curta duração, com absorção rápida do tóxico. Obedece a uma única dose ou doses múltiplas, mas em um período breve, que pode ser fixado arbitrariamente em 24h. • Intoxicação sub-aguda – Não se refere à gravidade do quadro, mas ao momento do surgimento dos sintomas em relação com absorção do agente. Costuma ser causada por exposições freqüentes e repetidas em um período de vários dias ou semanas, antes do surgimento dos sintomas.
  • 39. Formas de intoxicação • Intoxicação crônica – Aquele que ocorre pela exposição repetida ao tóxico durante muito tempo. O mecanismo pode ocorrer por: • Acúmulo do tóxico no organismo (eliminação < absorção) – p.ex. saturnismo crônico; • Efeitos aditivos com ou sem acumulação. É o mecanismo de ação da maioria das substâncias cancerígenas.
  • 40. Intoxicação crônica • Processos agudos dentro da intoxicação crônica. Ocorre com substâncias biologicamente inativas acumuladas em tecidos inertes (chumbo nos ossos, DDT no tecido adiposo); • Quadros crônicos por dose tóxica única. Fenômeno imprevisível, ocorre com TOCP (neurite), azobenzenos (necrose hepática quase 1 mês depois).
  • 41.
  • 42. Toxicidade • Querosene – DL50 VO em ratos: 30-40ml – DL50 Inalado em ratos: gotas DL50 (via oral) 140 ---------------------------- = ------- DL50 (via traqueal) 1
  • 43.
  • 44.
  • 45. Tipos de intoxicação • Execução – Cicuta – CNH – Pentotal EV • Criminosa – Sem propriedades organolépticas (sabor, odor); – Fácil aquisição, sem despertar suspeitas; – Eficácia a doses baixas; – Quadros agudos ou subagudos fáceis de confundir com doenças; – Solúvel e de fácil aplicação.
  • 46. Tipos de intoxicação • Criminosa – eróticos; – abortivos; – imobilização da vítima ou de doentes; – espionagem; – “lavagem cerebral”; – guerra química; – repressão de greves e motins; – doping; – rituais fanáticos; – etc.
  • 47. Tipos de intoxicação • Voluntárias – Autolesão; – Drogadição; – Terapêutica. • Acidentais – Alimentares; – Picadas de animais; – Absorção acidental (CO, produtos de limpeza); – Medicamentosas • Automedicação; • Erros de doses e esquema posológico; • Confusão de produtos; • Acesso de crianças • Iatrogênicos
  • 48.
  • 49. Estabilidade das amostras – Muitas drogas não são quimicamente estáveis e podem estar sujeitas à degradação química, física ou microbiana. – Degradação química pode resultar na perda da droga pura pela decomposição à outro composto (como cocaína para o metabólito benzoilecgonina) – Decomposição física pode resultar em: • mudanças na forma cristalina de um fármaco • agregação de partículas sólidas em uma suspensão • perda de compostos voláteis para a atmosfera e para o frasco (álcool etílico) – Contaminação microbiana pode ocorrer em qualquer amostra contendo água.
  • 50. Estabilidade e artefatos • THC – Carbóxi-THC se perde na urina a temperatura ambiente por vários dias ou congelada por longos períodos; • Morfina – 6-AM se desacetila a M em temperatura ambiente; – 6-AM perde <2% em 12m se congelada, até 3m não se espera perda; – Desconjugação de metabólitos no fígado = > concentração de M em amostras de fígado; – Morfina instável se conservada a 4oC ou + por vários dias. • Heroína – > concentração de M no fígado coletado 8-9h postmortem e armazenado 10d em temperatura ambiente (conversão de glucoronídeos / desconjugação?) – E. coli é fonte de B-glucoronidases.
  • 51. Estabilidade e artefatos • Benzodiazepínicos – Nitrobenzodiazepinas (nitrazepam, flunitrazepam, clonazepam): perdem seus metabólitos 7-amino ► analisar prontamente; – Mudanças são minimizadas em outras BZD se conservadas a -20oC. • Cocaína e BZE são instáveis – podem sofrer hidrólise espontânea; – em urina até <37% em 12m a -20oC; – estável até 6m.
  • 52. Estabilidade e artefatos • Clorpromazina – instável em amostras armazenadas por longos períodos. • Tioridazina – instável em amostras armazenadas por longos períodos. • Dotiepina – degrada por ação bacteriana. • Metaqualona – Recuperados 72% depois de 26m;
  • 53. Estabilidade e artefatos • Paraquat – 42% recuperados em estômago no 7o dia; – 11% recuperados em ceco no 7o dia; – no fígado, a concentração sobe no 3o dia (redistribuição / desconjugação?) e cai depois; • Paratión / Malatión – variação menor que do Paraquat. • Organoclorados – muito estáveis, recuperáveis > 72% em material putrefato.
  • 54.
  • 55. Redistribuição • Podem ocorrer mudanças de até 10x em sangue cardíaco ante e postmortem; • Mais afetados: digoxina, propoxifeno, ATCs, metadona, fluoxetina, anfetaminas / metanfetaminas; • Sangue femural também distribui, mas menos; • Não ocorre somente em sangue: o lobo hepático Esq pode ter concentrações > que o Dir.
  • 56. Redistribuição • Importante em: – sustâncias com alta lipossolubilidade e com alta concentração em tecidos em relação a sangue; – drogas básicas com grande VD, que demonstram maior faixa de razão C/P (p.ex. doxepina: 1-20) e maior razão C/P; – Considerar exceções: • Imipramina tem C/P < 2 (droga básica, com alto VD); • Propranolol e triazolam tem C/P > 2 (drogas ácidas, com baixo VD). • Relação C/P está influenciada por: – Tipo de droga, VD, concentração, aderência a proteínas, pK, intervalo postmortem.
  • 58. Matrizes 1. Sangue: 2 amostras (central e periférica) para drogas e álcool, até 5 para CO; 2. HV: estável e resistente à contaminação, putrefação e ação do calor e do fogo; 3. Urina: altas concentrações de muitas drogas, por longos períodos. Boa para screening; 4. Bile: concentra drogas como narcóticos e benzodiazepínicos. Substitui a urina SN; 5. Fígado: sítio metabólico principal. ATCs são seqüestrados no fígado;
  • 59. Matrizes 6. Pulmão: interessante em substâncias voláteis; 7. Baço: alta concentração de hemácias, bom para CO; 8. Conteúdo gástrico: overdose por via oral, venenos, nitratos; 9. Cabelos, pêlos, unhas: bom indicador de exposição prévia, concentra metais, arsênico, grupos sulfidrila; 10. Músculos, gordura, ossos, medula óssea, liquido pleural ou ascítico, liquido cefaloraquídeano, etc.
  • 60. Análise diferencial • Bile / sangue – tóxico / insignificante para paracetamol; – Rel de 3-6 para coca, BZE, EME, CE; – Rel de 1 para anfetamina; – Rel de 2000 para desmetilclobazan. • HV / sangue – importante para distinguir formação postmortem de álcool. Inútil para estimar álcool em sangue. • Fígado / sangue – cuidado com álcool postmortem. • Álcool postmortem – cerca de 12% de todos os casos; – 20% dos descompostos; – sugere-se limite superior de alcoolemia em cerca de 0,15%.
  • 61. Interpretação dos dados • Aspectos pré- • Considerar: analíticos: – Pedido; – Uso prévio: agudo / – Seleção de amostras; crônico : tolerância / – Coleta (sítios, técnica, nível tóxico; material); – Medicação utilizada – Armazenagem; em emergência – Transporte; médica; – Registro; – Preparação e testagem – Associações entre (prazos, técnicas de drogas e drogas / extração e análise; álcool. – Cadeia de custódia; – Contra-prova.
  • 62. Interpretação dos dados A análise de drogas de espécimes postmortem depende de processos que ocorrem durante autólise e putrefação. A degradação ou concentração postmortem de drogas e venenos pode ocorrer como resultado de processos metabólicos, decomposição química ou ação bacteriana.
  • 63. Álcool • EUA em 2000 (NHTSA): – 38% de acidentes de tráfego fatais; – 7% de todos os acidentes de tráfego. • Tipos de álcool: – Etanol ou álcool etílico – acetaldeído – acetato – Metanol – formaldeído – ác formico – acidose metabólica – Isopropanol – acetona – depressão marcada do SNC – Etilenoglicol – ác dicarboxílico – ác oxalico – oxal Ca
  • 64. Álcool • Absorção – pele, inalação, EV, oral (100% absorção); – aumenta com % de álcool (máx 30%); • Distribuição – intestino – sistema porta – fígado – coração direito – pulmões – coração esquerdo – cérebro e demais órgãos. • Eliminação – Baixa conc: cinética de primeira ordem (percentual) – Alta conc: cinética de ordem zero (quantidade)
  • 65. Álcool • Fases de • Razão de concentração absorção / Matriz / Sangue para álcool distribuição – Saliva 1,1 – HV 1,2 – absortiva: – Bile 1,0 arterial > venoso – LCR 1,1 – completa: – Fígado 0,6 arterial = venoso – Rim 0,7 – pós absortiva: – Cérebro 0,8 arterial < venoso – Urina 1,3
  • 66. “as with any poisoning, the chemical form of the arsenic compound, the age and physical condition of the individual exposed, and the dose are critical issues” Science et vie, Ed. 1026
  • 67. Ensaios Clínicos Randomizados (ECR) Estudos de Coorte Estudos de Casos e Controles Estudos Transversais Estudos Ecológicos Estudos Experimentais não controlados Estudos de Incidência Estudos de Prevalência Estudos de Casos / Série de Casos