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Análise do poema “Horizonte”, de Fernando Pessoa
O poema “Horizonte” encontra-se na segunda parte de Mensagem: o “Mar
Português”, onde Pessoa fala da História dos Descobrimentos.
O título do poema “Horizonte” evoca um espaço longínquo que se procura alcançar,
funcionando, assim, como uma espécie de metáfora da procura, como um apelo da
distância, do “longe”, à eterna procura dos mundos por descobrir e simboliza a verdade
do conhecimento.
No primeiro verso da primeira estrofe Fernando Pessoa através da apóstrofe, invoca
o “mar anterior a nós”, ou seja, o mar das trevas (mar da idade média), o mar ainda não
descoberto mostrando-nos a grande admiração que este tem pelo mesmo e, o pronome
pessoal “nós” refere-se ao povo português que tinha “medos” mas que mesmo assim
conseguiu descobrir “coral, praias e arvoredos”.
Encontramos nos restantes versos da primeira estrofe uma oposição que refere este
tal “mar anterior”, o mar anterior aos descobrimentos, através de substantivos como
“medos”, “noite e a cerração”, “tormentas” e “mistério” que remetem para a face oculta
da realidade; e que, através de palavras como “coral praias e arvoredos”,
“desvendadas”, “Abria” e “Splendia”, que contêm a ideia de descoberta, refere o mar
posterior aos Descobrimentos.
Ainda na primeira estrofe do poema há a referência ao “sul siderio” que é o sul
celeste, o sul onde se situavam as serras mais baixas, o sul que “esplendia” sobre as
“naus da iniciação”, sobre as naus portuguesas que, impulsionadas pelos ventos do
sonho, da esperança e da vontade, abriram novos caminhos e deram início a um novo
tempo descobrindo a maior parte das terras desconhecidas. Esta referência à navegação
no hemisfério sul na 1ª estrofe é caracterizada por um estado de euforia.
Em suma, a mensagem que esta estrofe nos pretende passar é que o “mar anterior”
que os portugueses temiam por ser desconhecido, foi desvendado, tiraram-lhe a “noite”
e revelou-se então o seu mistério. Abriu-se esse conhecimento quando as naus dos
iniciados viajaram para Sul.
A segunda estrofe do poema é sobretudo descritiva, sendo que, esta descrição é feita
através da sucessiva aproximação do longe para o mais perto: “A linha severa
longínqua/Quando a nau se aproxima” e “o Longe nada tinha/Mais perto abre-se a
terra”. Nesta estrofe o abstracto torna-se concreto.
A “linha severana longínqua costa” representa as tais terras desconhecidas, mas que
“quando a nau se aproxima ergue-se a encosta em árvores” conseguiram ser alcançadas
pelos portugueses, esta encosta são, então, todos os lugares onde os portugueses
marcaram a sua presença.
Por fim, na última estrofe, Fernando Pessoa aproveita o balanço do raciocínio
anterior e chega à conclusão que podia equiparar o sonho a ver essas “formas invisíveis
da distância imprecisa”, ver para além do que o que os nossos olhos alcançam e “buscar
na linha fria do horizonte a árvore, a praia... os beijos merecidos da Verdade”. O sonho
é o mito que é o tudo desde que determinadas forças se desocultem, desde que se defina
uma “abstracta linha” (v.12) que, neste caso, representa o mar português como o “mito é
nada que é tudo” do poema “Ulisses” que pertence à primeira parte de Mensagem. O
uso do verbo ser no presente do indicativo confere aos versos intemporalidade.
Nos versos 16 e 17 há uma passagem do abstracto ao concreto reforçado pela
acumulação de nomes concretos como “árvore”, “praia”, “flor”, “ave” e fonte que
servem para alcançar um estádio de natureza suprema.
O poema acaba com o verso “Os beijos merecidos da Verdade” que nos mostra que
os portugueses são dignos de receber a verdade do conhecimento oculto, o tal horizonte.
Este poema mostra-nos Fernando Pessoa como um nacionalista místico mas, por
outro lado pessimista, apesar de, neste poema apenas nos deparamos com as lágrimas e
sofrimento de Portugal através de raras expressões como “noite e cerração”,
“tormentas”, “distância imprecisa” e “linha fria do horizonte”.
In http://resumoseoutros.blogspot.pt/2009/03/horizonte.html (consultadoa 28 de maio de 2013)
Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
'Splendia sobre as naus da iniciação.
Linha severa da longínqua costa -
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar,há aves,flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp´rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte -
Os beijos merecidos da Verdade.
Fernando Pessoa

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  • 1. Análise do poema “Horizonte”, de Fernando Pessoa O poema “Horizonte” encontra-se na segunda parte de Mensagem: o “Mar Português”, onde Pessoa fala da História dos Descobrimentos. O título do poema “Horizonte” evoca um espaço longínquo que se procura alcançar, funcionando, assim, como uma espécie de metáfora da procura, como um apelo da distância, do “longe”, à eterna procura dos mundos por descobrir e simboliza a verdade do conhecimento. No primeiro verso da primeira estrofe Fernando Pessoa através da apóstrofe, invoca o “mar anterior a nós”, ou seja, o mar das trevas (mar da idade média), o mar ainda não descoberto mostrando-nos a grande admiração que este tem pelo mesmo e, o pronome pessoal “nós” refere-se ao povo português que tinha “medos” mas que mesmo assim conseguiu descobrir “coral, praias e arvoredos”. Encontramos nos restantes versos da primeira estrofe uma oposição que refere este tal “mar anterior”, o mar anterior aos descobrimentos, através de substantivos como “medos”, “noite e a cerração”, “tormentas” e “mistério” que remetem para a face oculta da realidade; e que, através de palavras como “coral praias e arvoredos”, “desvendadas”, “Abria” e “Splendia”, que contêm a ideia de descoberta, refere o mar posterior aos Descobrimentos. Ainda na primeira estrofe do poema há a referência ao “sul siderio” que é o sul celeste, o sul onde se situavam as serras mais baixas, o sul que “esplendia” sobre as “naus da iniciação”, sobre as naus portuguesas que, impulsionadas pelos ventos do sonho, da esperança e da vontade, abriram novos caminhos e deram início a um novo tempo descobrindo a maior parte das terras desconhecidas. Esta referência à navegação no hemisfério sul na 1ª estrofe é caracterizada por um estado de euforia. Em suma, a mensagem que esta estrofe nos pretende passar é que o “mar anterior” que os portugueses temiam por ser desconhecido, foi desvendado, tiraram-lhe a “noite” e revelou-se então o seu mistério. Abriu-se esse conhecimento quando as naus dos iniciados viajaram para Sul. A segunda estrofe do poema é sobretudo descritiva, sendo que, esta descrição é feita através da sucessiva aproximação do longe para o mais perto: “A linha severa
  • 2. longínqua/Quando a nau se aproxima” e “o Longe nada tinha/Mais perto abre-se a terra”. Nesta estrofe o abstracto torna-se concreto. A “linha severana longínqua costa” representa as tais terras desconhecidas, mas que “quando a nau se aproxima ergue-se a encosta em árvores” conseguiram ser alcançadas pelos portugueses, esta encosta são, então, todos os lugares onde os portugueses marcaram a sua presença. Por fim, na última estrofe, Fernando Pessoa aproveita o balanço do raciocínio anterior e chega à conclusão que podia equiparar o sonho a ver essas “formas invisíveis da distância imprecisa”, ver para além do que o que os nossos olhos alcançam e “buscar na linha fria do horizonte a árvore, a praia... os beijos merecidos da Verdade”. O sonho é o mito que é o tudo desde que determinadas forças se desocultem, desde que se defina uma “abstracta linha” (v.12) que, neste caso, representa o mar português como o “mito é nada que é tudo” do poema “Ulisses” que pertence à primeira parte de Mensagem. O uso do verbo ser no presente do indicativo confere aos versos intemporalidade. Nos versos 16 e 17 há uma passagem do abstracto ao concreto reforçado pela acumulação de nomes concretos como “árvore”, “praia”, “flor”, “ave” e fonte que servem para alcançar um estádio de natureza suprema. O poema acaba com o verso “Os beijos merecidos da Verdade” que nos mostra que os portugueses são dignos de receber a verdade do conhecimento oculto, o tal horizonte. Este poema mostra-nos Fernando Pessoa como um nacionalista místico mas, por outro lado pessimista, apesar de, neste poema apenas nos deparamos com as lágrimas e sofrimento de Portugal através de raras expressões como “noite e cerração”, “tormentas”, “distância imprecisa” e “linha fria do horizonte”. In http://resumoseoutros.blogspot.pt/2009/03/horizonte.html (consultadoa 28 de maio de 2013)
  • 3. Ó mar anterior a nós, teus medos Tinham coral e praias e arvoredos. Desvendadas a noite e a cerração, As tormentas passadas e o mistério, Abria em flor o Longe, e o Sul sidério 'Splendia sobre as naus da iniciação. Linha severa da longínqua costa - Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta Em árvores onde o Longe nada tinha; Mais perto, abre-se a terra em sons e cores: E, no desembarcar,há aves,flores, Onde era só, de longe a abstracta linha. O sonho é ver as formas invisíveis Da distância imprecisa, e, com sensíveis Movimentos da esp´rança e da vontade, Buscar na linha fria do horizonte A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte - Os beijos merecidos da Verdade. Fernando Pessoa