O poema é sobre D. Sebastião, rei de Portugal, e sua "loucura" em buscar glória que acabou levando à sua morte na Batalha de Alcácer-Quibir. A loucura do homem o diferencia da besta, mas sem ela o homem não passaria de um "cadáver adiado". O poema faz parte da seção "As Quinas" do livro "Mensagem" e exalta o sacrifício heroico de D. Sebastião.

1. Mensagem “D. Sebastião,
Rei de Portugal”

2. D. Sebastião, rei de Portugal
A Louco, sim, louco, porque quis grandeza
B Qual a Sorte a não dá.
A Não coube em mim minha certeza;
B Por isso onde o areal está
B Ficou meu ser que houve, não o que há.
C Minha loucura, outros que me a tomem
D Com o que nela ia.
C Sem a loucura que é o homem
D Mais que a besta sadia,
D Cadáver adiado que procria?

3. Análise
 O poema faz parte da III.ª parte do “Brasão”, “As Quinas”, e assume uma dimensão
espiritual, pondo em relevo o sacrifício que imortaliza e glorifica o ser humano. É
constituído por duas estrofes, de cinco versos (quintilhas). Quanto à métrica, os
versos são irregulares, apresentando seis, oito ou dez sílabas métricas. A rima é
cruzada e emparelhada tal como se percebe pelo esquema rimático ababb / cdcdd.
 Este é um dos poemas em que mais se evidencia a matriz épica de “Mensagem” na
medida em que se nota a utilização de um tom de exaltação heroica e histórica
que se depreende da evocação do fim trágico do herói, D. Sebastião.