1. O lugar esquecido da comunicação nos estudos
de Gestão do Conhecimento nas organizações
{ Rosângela Florczak de Oliveira
ESPM-Sul e Rede Marista
2. Itinerário de pesquisa
Comunicação nas organizações Comunicação na
educacionais dimensão da
aprendizagem
Aproximações com o processo
Pesquisa realizada na etapa do de construção do conhecimento
Mestrado aponta para as e, no ambiente das organizações
múltiplas dimensões da em geral, o que vem sendo
comunicação nestas chamado, especialmente nas
organizações Ciências Administrativas, de
Gestão do Conhecimento
4. CONHECIMENTO [no ambiente organizacional] “[...] é uma
mistura fluida de:
experiência condensada,
valores,
informação contextual e
insight experimentado,
a qual proporciona uma estrutura para avaliação e incorporação
de novas experiências e informações. [...]”
(Davenport e Prusak 1999).
5. Estamos nos referindo ao
“conhecimento que promove a articulação
entre o ser humano e o seu ambiente, entre ele e seus
semelhantes e consigo próprio.
O conhecimento que promove a autonomia, conecta
este ser humano com o seu meio cultural no que diz respeito a
crenças, valores, sentimentos, atitudes, etc.
E na medida que o indivíduo é autônomo, a partir desta sua
estrutura de conhecimentos, ele é capaz de captar e apreender
outras circunstâncias de conhecimentos assemelhados [...]”
(TAVARES, 2003,2004, p. 55).
6. A centralidade do sujeito na tentativa de fazer a gestão
do conhecimento nas organizações.
1. O conhecimento está no sujeito e, ao contrário da
força física – elemento fundamental da produção e
da economia na Era Industrial – não pode ser
quantificado e objetivado de forma simples. E
desencadeiam-se as dúvidas: é possível, então,
falarmos em gestão do conhecimento?
2. A interação, as trocas simbólicas, as relações, a
conversação e, portanto, as trocas
comunicacionais entre os sujeitos são, por
excelência, o espaço no qual o conhecimento
circula na organização.
7. É a partir do sujeito e de suas interações
no espaço das organizações que o
conhecimento é produzido, retido e
compartilhado.
Sujeito
Sujeito Sujeito Sujeito Sujeito
Sujeito
Conhecimento Conhecimento Conhecimento
8. Nonaka (2006) defende que é preciso:
superar a visão da organização como
máquina de processamento da
informação, que considera relevante
apenas os dados duros, ou seja,
quantificáveis ou ainda, as informações
objetivas.
Para o autor, é preciso:
aproveitar insights, intuições,
experiências, vivências, palpites tácitos
e, muitas vezes, subjetivos das pessoas
que fazem a organização.
9. A partir das inferências teóricas concluímos, portanto, que
o estudo das trocas comunicacionais é fundamentais para
compreender como é possível (ou não) fazer a gestão do
conhecimento nas organizações.
A pergunta é: a comunicação está sendo contemplada
{ nos estudos das diversas áreas que se ocupam do
tema?
10. Como a
comunicação é
abordada?
Conceitos que
Qual o lugar que a prevalecem?
comunicação Gestão do
ocupa na pesquisa conhecimento – cresce
da Gestão do
conhecimento? a produção de pesquisa
sobre o tema
(especialmente desde o
ano 2000)
11. Procedimento de pesquisa
― Levantamento de artigos da Base SciELO – Novembro de 2011.
― Pesquisa utilizando as palavras-chave: Comunicação Gestão do
Conhecimento.
― Período pesquisado: 2000 a 2011.
― Foram indexados na busca realizada:
― 108 artigos. Destes, 27 foram imediatamente descartados por
estarem absolutamente fora do foco da pesquisa e 81 foram
analisados.
12.
13. O lugar da comunicação
Comunicação e Gestão do Conhecimento
2 8
17
Título
Resumo
Texto
sem menção
54
14. Para além dos números
― Nos 54 artigos que citaram o termo no texto, prevalecem
as citações breves nas quais a comunicação é
rapidamente assumida como um dos processos
importantes para que a gestão do conhecimento possa
acontecer nas organizações, mas raramente
aprofundada.
― Em 26 artigos, encontramos esta realidade. As citações
a seguir ilustram a abordagem superficial da
comunicação e dos processos comunicacionais nos
artigos.
15. “A estrutura em rede melhora o processo de aprendizagem pelo fato de
aproximar indivíduos que, embora atuem distantes um dos outros, são
conectados por estruturas que intensificam a comunicação e a troca de
conhecimento.”
“Armazenagem do conhecimento da empresa: refere-se ao modo como o conhecimento
é armazenado na organização. O conhecimento pode ser encontrado nos bancos de
dados e manuais, e também nas pessoas (personalização), destacando aspectos como
criatividade, inovação, comunicação, etc.”.
“Para atingir esses objetivos os gerentes optaram por dispositivos de formação,
comunicação e práticas participativas que tratam de disseminar valores destinados a
obter a adesão dos trabalhadores numa base pessoal”.
16. Para além dos números
― Outra abordagem encontrada em um grande conjunto de
artigos mostra a comunicação como recurso tecnológico,
principalmente no escopo das Tecnologias de
Informação e da Comunicação (TICs). Junto desta, há
também a que prevalece em um conjunto de artigos e
que destaca a importância dos canais de comunicação.
17. “Seguindo o mesmo raciocínio, a Internet foi inovadora porque transformou
computadores pessoais em dispositivos de comunicação em vez de
calculadoras isoladas, transformando radicalmente os usos possíveis desse
equipamento”.
“O surgimento das tecnologias da informação e da comunicação”.
“A implantação de um chat para comunicação”.
"Tecnologias da Informação e Comunicação Por fim, ao se ponderar sobre a atuação
interdisciplinar dos engenheiros e gestores do conhecimento, o modelo proposto se torna
um importante meio de comunicação entre tais atores, quando do desenvolvimento de
Agentes da Engenharia do Conhecimento, tecnologicamente mais aderentes aos
Instrumentos da Gestão do conhecimento."
“Para atingir esses objetivos os gerentes optaram por dispositivos de Formação,
comunicação e práticas participativas que tratam de disseminar valores destinados a obter
a adesão dos trabalhadores numa base pessoa”.
18. Para além dos números
― Um pequeno número de apenas nove artigos, dos 81
analisados e dos 54 com citação da comunicação em seus
textos, apresentam uma visão um pouco mais
aprofundadas da comunicação e, abrem possibilidades de
dialogar com uma perspectiva relacional e
humanizadora da comunicação. Algumas citações a
seguir exemplificam essa nova abordagem possível.
19. “[...] as pessoas compartilham se souberem que o seu conhecimento será realmente
útil, e se estabelecerem uma relação de confiança com seus gerentes e colegas. O
comprometimento da organização e o ambiente de comunicação são fundamentais
para que o compartilhamento aconteça”.
“[...] A empresa não incentiva a comunicação interna, o que causa o distanciamento entre
os colaboradores e erros nos processos que dependem de mais de uma pessoal. Os
colaboradores recebem as informações desencontradas e fora do tempo adequado gerando
com isso as conversas paralelas chamadas de “rádio corredor”.
“Quando há o compartilhamento do conhecimento [...] tácito, há necessariamente a
utilização da comunicação informal. Por esta razão, talvez, é atribuído à comunicação [...]
informal grande importância na produção do conhecimento [...]”.
20. O estudo dos artigos encontrados na Base SciELO permitem um breve retrato da
pesquisa sobre Gestão do Conhecimento no Brasil, além de complementos de algumas
publicações portuguesas e da América Latina ali indexadas. O que fica evidente:
1. O crescimento da pesquisa pelo tema de 2007 a 2011 (70% dos artigos
encontrados).
2. Não foi encontrado um só artigo que trate exclusivamente da Comunicação na
Gestão do Conhecimento - Processos e sistemas comunicacionais são incluídos
como um dos aspectos, um dos fatores, mas nunca com foco exclusivo.
3. Ausência da área de conhecimento Ciências da Comunicação e das subáreas,
em especial da Comunicação Organizacional como espaço para pesquisar o
tema da Gestão do Conhecimento.
4. Em contrapartida, quem está concentrando a maior parte dos estudos de GC
são as Ciências da Informação. Uma inferência possível é encontrar aí a causa
para a visão de comunicação como transmissão de informação, praticamente
hegemônica nos artigos publicados no período analisado.
21. Considerações finais
1. O sujeito é o detentor do conhecimento, mesmo daquele que produz e
retém acerca dos processos organizacionais e de produção nos quais está
envolvido.
2. A organização percebe hoje como fator de sobrevivência e
competitividade, a importância deste conhecimento e quer retê-lo e
compartilhá-lo. Para que seja possível falar e fazer a tão buscada gestão
do conhecimento é imprescindível estudar e propor processos que
admitam e incluam o protagonismo da comunicação e, em especial, da
comunicação organizacional.
3. É a partir dos saberes da comunicação e da contribuição desta área que
será possível avançar para a compreensão das relações entre sujeitos na
organização, das trocas e interações e da construção de sentido para os
novos conhecimentos gerados e compartilhados.
22. Considerações finais
3. Portanto, ao vislumbrar a produção teórica até então publicada,
é possível perceber um amplo espaço a ser explorado pela
dimensão comunicacional da gestão do conhecimento.
4. O foco nos sujeitos, nos espaços e nos tempos de interação
como partilha de significados poderá fundamentar uma nova
compreensão teórica a partir da comunicação complexa, que
proporcione a mediação das trocas entre os sujeitos de uma
organização com fins de fazer avançar a prática da gestão do
conhecimento.