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Comunicação e incomunicação nas organizações
    educacionais: riscos e possibilidades

              ROSÂNGELA FLORCZAK
         MESTRE EM COMUNICAÇÃO PELA PUCRS
    COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO DA REDE MARISTA
Inquietação

 A complexidade crescente dos sujeitos e das relações que se
  estabelecem no ambiente das organizações, são marcas da
  contemporaneidade.

 Concebida e configurada na modernidade, baseada no modelo
  burocrático que se estabelece a partir do poder da autoridade e sobre
  a rigorosa divisão de tarefas e funções, a organização escolar
  encontra dificuldade de reinventar-se no cenário contemporâneo.

 A organização educacional, confrontada com o seu modelo fundante,
  vive diante de um novo risco: o da incomunicação (WOLTON,
  2006 e 2010).
Buscas do artigo

 Estudo exploratório de abrangência teórica buscando
 revisar conceitos e abordagens de autores que nos
 auxiliem a:
    compreender os riscos e as possibilidades que convivem, de
     forma antagônica ou complementar, nos espaços e entre os
     sujeitos que interagem nas organizações educacionais.

               • Escolas de educação básica, instituições de ensino superior ou em partes
                 integrantes de sistemas de ensino.
Impasse revelado na interlocução com autores - educação


 Apesar da reflexão instalada e do desconforto evidente há
   dificuldade expressiva na transformação.

 A exigência do diálogo entre iguais assusta e confunde a escola,
   diante de interlocutores que se apropriaram da palavra,
   apropriação essa que é irreversível.

                                     “A imensa máquina da educação é rígida, inflexível,
                                      fechada e burocratizada. Muitos professores estão
  “[...] enfrentam uma realidade           instalados em seus hábitos e autonomias
educativa imersa em perplexidades,   disciplinares. Estes, como dizia Curien, são como os
   incertezas, pressões sociais e       lobos que urinam para marcar seu território e
  econômicas, relativismo moral,     mordem os que nele penetram. Há uma resistência
 dissoluções de crenças e utopias”    obtusa, inclusive entre os espíritos refinados. Para
      (LIBÂNEO, 2005, p.20).           eles, o desafio é invisível” (MORIN, 2003, p.99).
Impasse revelado na interlocução com autores - educação


 Mesmo diante das exigências do novo cenário, poucas mudanças são
   constatadas no universo educacional, especialmente, no espaço
   formal de escolas de educação básica e instituições de ensino
   superior. .
                                            Campos (2004) sustenta que, nas últimas
 Para Portuois e Desmett (1997), a         décadas, a educação e os sistemas educativos
 escola continua a ser um lugar de           encontram-se às voltas com o desafio de
  racionalização instrumental, um                buscar soluções para adequar um
espaço em que o sujeito dificilmente           conhecimento compartimentado em
        encontra seu lugar.                  disciplinas à multidimensionalidade dos
                                              problemas de um mundo globalizado.

               A interlocução e o diálogo assumem grande relevância na
                gestão educacional, pois a participação é uma exigência
                  vinculada à interação entre as dimensões política e
                 pedagógica na condução dos destinos e das ações das
                       organizações educacionais (LÜCK, 2006).
Impasse revelado na interlocução com autor - comunicação

 O conflito é inevitável. Enquanto abriga o dilema da urgência da
   mudança e da dificuldade de realizar os movimentos necessários, a
   organização educacional enfrenta as exigências de uma sociedade
   que não mais aceita estruturas excessivamente hierarquizadas e
   autoritárias na qual é coibida / ignorada a expressão e a necessidade
   de interlocução.

 A sociedade aberta bate, diariamente, à porta das organizações
   educacionais.
                                        A vitória da comunicação é acompanhada por
                                         uma mudança em seu estatuto. É menos um
                                          processo, com início e um fim, do que uma
   “A apropriação da palavra que se          questão de mediação, um espaço de
  produziu há mais de meio século, é    coabitação, um dispositivo que visa amortecer
irreversível” (WOLTON, 2006, p. 101).   o encontro de várias lógicas que coexistem na
                                          sociedade aberta (WOLTON, 2006, p.32).
Interlocução com autores – educação e comunicação


 Para que a comunicação aconteça, embora se saiba que no horizonte
   das relações organizacionais, é permanente a presença do risco da
   incomunicação, parte-se da questão central que é o outro. O
   outro que aqui assume o lugar de interlocutor




                                        “Ontem, a comunicação era hierárquica,
  “[...] a história da escola revela
                                       quase sempre limitada à transmissão, sem
uma tensão estrutural permanente
                                         possibilidade de discussão de parte do
  entre a vontade de controle
                                       receptor/ator. Hoje, quase todo mundo
 racionalizador das práticas de
                                        está em pé de igualdade, negocia e
 ensino e o caráter relativamente
                                         responde. [...] O reconhecimento do
     incerto e imprevisível dos
                                        estatuto do receptor perturba tudo, pois
    acontecimentos educativos”
                                            legitima a questão da alteridade”
   (HUTMACHER, 1992, p.61).
                                                 (WOLTON, 2010, p. 59)
Interlocução com autores – educação e comunicação


 Diversos autores, ao longo do artigo ajudam a compreender a
  importância da abertura e do diálogo, portanto da
  comunicação, na dimensão relacional em uma organização
  educacional. Dois, porém se destacam e se aproximam no
  diálogo proposto:

     Pelas Ciências da Educação, com ênfase no estudo da Gestão
      Educacional, Lück (2006), quando coloca a participação, a
      interlocução, como pressupostos do comprometimento e do
      envolvimento de professores, funcionários, gestores, alunos, pais,
      comunidades na busca de promover experiências educacionais
      significativas em termos de aprendizagem.

      Já pelas Ciências da Comunicação, Wolton (2006, 2010) quando
      apresenta um novo modelo de comunicação baseado na negociação para
      convivência das diferenças.
Possibilidades

 A   comunicação conquistará um novo lugar no contexto
  organizacional se for compreendida, também, pela possibilidade
  relacional.

 Em relação dialógica com a gestão educacional, poderá contribuir
  na produção de sentido dos novos elementos que se incorporam ao
  universo educacional, no estabelecimento e na manutenção:

     do diálogo imprescindível entre os interlocutores internos (pedagógico,
      administrativo),
     assim como nas negociações com os interlocutores finais (estudantes, familiares
      e comunidade / sociedade), buscando o compartilhamento de conhecimento e de
      vivências que poderão produzir o saber específico para cada organização
      educacional (quadro 1) e promover a coabitação das diferenças de
      interesses.
Inferências


 O modelo que ainda permeia o universo simbólico dos sujeitos das
  organizações educacionais torna raras as ocasiões em que há igualdade e
  reciprocidade entre os interlocutores na comunicação de escolas,
  universidades e sistemas de ensino.

 A organização educacional, ainda no lugar da autoridade, transmite
  informações aos [...] estudantes, familiares e comunidade, o professor,
  também assumindo a condição de autoridade, transmite mensagens aos
  estudantes, e assim sucessivamente. Dessa forma, a convivência
  negociada ou coabitação entre diferentes interesses é
  comprometida.

 a transmissão de mensagens, de informações a partir de um lugar de
  autoridade direcionadas a públicos de interesses hegemônicos não
  representa o comunicar de uma organização educacional. Transcender e
  incluir novas dimensões possíveis no processo de convivência /
  coabitação assume o caráter de condição imprescindível para evitar que
  a incomunicação prevaleça.
Desafio

 É fundamental, contudo, que a comunicação transcenda o
  modelo instrumental, de transmissão. Supere, porém,
  incoporando-o, ou seja, assuma seu caráter multidimensional.

 Para que isso aconteça, é preciso admitir que no espaço relacional o
  lugar da comunicação é transversal, ou seja, perpassa, impregna e
  se deixa impregnar pela contextualização dos conceitos observando
  os diferentes e múltiplos vieses na apreensão da complexidade dos
  fenômenos e dos objetos observados (MARTINAZZO, 2004).
Urgência


 E a necessidade de avanços é urgente para minimizar os riscos da
  incomunicação entre os sujeitos da organização educacional.

 O outro, que no processo comunicacional assume o papel de
  interlocutor, e nas organizações educacionais é
     o aluno que interage com o professor,
     o professor que interage com o gestor (coordenador pedagógico, diretor, entre outros),
     o professor que interage com a família do aluno ou, ainda,
     a liderança comunitária que interage com o gestor da escola


 Além de mediar a convivência, a comunicação relacional apresenta
  um ganho recursivo que permite a participação ampliada de
  professores, estudantes, gestores, famílias e comunidade,
  participação essa que se impõe diante das dimensões múltiplas dos
  desafios.
Interlocutores com espaço de fala

 Fica então, mais claro, que para bem gerenciar a incomunicação
  presente, é preciso incluir a dimensão relacional nos sistemas de
  comunicação das organizações educacionais, compreendendo que é
  necessário ter como pressuposto a sociedade aberta, na qual a troca
  de mensagens se dá entre interlocutores com o mesmo direito à
  palavra.

 O lugar de autoridade da escola, da universidade, do sistema de
  ensino deve ser (re) legitimado sobre pressupostos do tempo vivido:
  o respeito às identidades e a organização da convivência entre as
  diferenças
                     [...] a realidade é dinâmica e que os desafios e dificuldades
                        experimentados no processo educacional são globais e
                     abrangentes, demandando ação compreensiva, perspicaz e
                   criativa pelo empenho de pessoas organizadas em torno de um
                                   projeto comum (LÜCK, 206, p. 25).
Obrigado!

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Comunicação e incomunicação em organizações educacionais

  • 1. Comunicação e incomunicação nas organizações educacionais: riscos e possibilidades ROSÂNGELA FLORCZAK MESTRE EM COMUNICAÇÃO PELA PUCRS COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO DA REDE MARISTA
  • 2. Inquietação  A complexidade crescente dos sujeitos e das relações que se estabelecem no ambiente das organizações, são marcas da contemporaneidade.  Concebida e configurada na modernidade, baseada no modelo burocrático que se estabelece a partir do poder da autoridade e sobre a rigorosa divisão de tarefas e funções, a organização escolar encontra dificuldade de reinventar-se no cenário contemporâneo.  A organização educacional, confrontada com o seu modelo fundante, vive diante de um novo risco: o da incomunicação (WOLTON, 2006 e 2010).
  • 3. Buscas do artigo  Estudo exploratório de abrangência teórica buscando revisar conceitos e abordagens de autores que nos auxiliem a:  compreender os riscos e as possibilidades que convivem, de forma antagônica ou complementar, nos espaços e entre os sujeitos que interagem nas organizações educacionais. • Escolas de educação básica, instituições de ensino superior ou em partes integrantes de sistemas de ensino.
  • 4. Impasse revelado na interlocução com autores - educação  Apesar da reflexão instalada e do desconforto evidente há dificuldade expressiva na transformação.  A exigência do diálogo entre iguais assusta e confunde a escola, diante de interlocutores que se apropriaram da palavra, apropriação essa que é irreversível. “A imensa máquina da educação é rígida, inflexível, fechada e burocratizada. Muitos professores estão “[...] enfrentam uma realidade instalados em seus hábitos e autonomias educativa imersa em perplexidades, disciplinares. Estes, como dizia Curien, são como os incertezas, pressões sociais e lobos que urinam para marcar seu território e econômicas, relativismo moral, mordem os que nele penetram. Há uma resistência dissoluções de crenças e utopias” obtusa, inclusive entre os espíritos refinados. Para (LIBÂNEO, 2005, p.20). eles, o desafio é invisível” (MORIN, 2003, p.99).
  • 5. Impasse revelado na interlocução com autores - educação  Mesmo diante das exigências do novo cenário, poucas mudanças são constatadas no universo educacional, especialmente, no espaço formal de escolas de educação básica e instituições de ensino superior. . Campos (2004) sustenta que, nas últimas Para Portuois e Desmett (1997), a décadas, a educação e os sistemas educativos escola continua a ser um lugar de encontram-se às voltas com o desafio de racionalização instrumental, um buscar soluções para adequar um espaço em que o sujeito dificilmente conhecimento compartimentado em encontra seu lugar. disciplinas à multidimensionalidade dos problemas de um mundo globalizado. A interlocução e o diálogo assumem grande relevância na gestão educacional, pois a participação é uma exigência vinculada à interação entre as dimensões política e pedagógica na condução dos destinos e das ações das organizações educacionais (LÜCK, 2006).
  • 6. Impasse revelado na interlocução com autor - comunicação  O conflito é inevitável. Enquanto abriga o dilema da urgência da mudança e da dificuldade de realizar os movimentos necessários, a organização educacional enfrenta as exigências de uma sociedade que não mais aceita estruturas excessivamente hierarquizadas e autoritárias na qual é coibida / ignorada a expressão e a necessidade de interlocução.  A sociedade aberta bate, diariamente, à porta das organizações educacionais. A vitória da comunicação é acompanhada por uma mudança em seu estatuto. É menos um processo, com início e um fim, do que uma “A apropriação da palavra que se questão de mediação, um espaço de produziu há mais de meio século, é coabitação, um dispositivo que visa amortecer irreversível” (WOLTON, 2006, p. 101). o encontro de várias lógicas que coexistem na sociedade aberta (WOLTON, 2006, p.32).
  • 7. Interlocução com autores – educação e comunicação  Para que a comunicação aconteça, embora se saiba que no horizonte das relações organizacionais, é permanente a presença do risco da incomunicação, parte-se da questão central que é o outro. O outro que aqui assume o lugar de interlocutor “Ontem, a comunicação era hierárquica, “[...] a história da escola revela quase sempre limitada à transmissão, sem uma tensão estrutural permanente possibilidade de discussão de parte do entre a vontade de controle receptor/ator. Hoje, quase todo mundo racionalizador das práticas de está em pé de igualdade, negocia e ensino e o caráter relativamente responde. [...] O reconhecimento do incerto e imprevisível dos estatuto do receptor perturba tudo, pois acontecimentos educativos” legitima a questão da alteridade” (HUTMACHER, 1992, p.61). (WOLTON, 2010, p. 59)
  • 8. Interlocução com autores – educação e comunicação  Diversos autores, ao longo do artigo ajudam a compreender a importância da abertura e do diálogo, portanto da comunicação, na dimensão relacional em uma organização educacional. Dois, porém se destacam e se aproximam no diálogo proposto:  Pelas Ciências da Educação, com ênfase no estudo da Gestão Educacional, Lück (2006), quando coloca a participação, a interlocução, como pressupostos do comprometimento e do envolvimento de professores, funcionários, gestores, alunos, pais, comunidades na busca de promover experiências educacionais significativas em termos de aprendizagem.  Já pelas Ciências da Comunicação, Wolton (2006, 2010) quando apresenta um novo modelo de comunicação baseado na negociação para convivência das diferenças.
  • 9. Possibilidades  A comunicação conquistará um novo lugar no contexto organizacional se for compreendida, também, pela possibilidade relacional.  Em relação dialógica com a gestão educacional, poderá contribuir na produção de sentido dos novos elementos que se incorporam ao universo educacional, no estabelecimento e na manutenção:  do diálogo imprescindível entre os interlocutores internos (pedagógico, administrativo),  assim como nas negociações com os interlocutores finais (estudantes, familiares e comunidade / sociedade), buscando o compartilhamento de conhecimento e de vivências que poderão produzir o saber específico para cada organização educacional (quadro 1) e promover a coabitação das diferenças de interesses.
  • 10. Inferências  O modelo que ainda permeia o universo simbólico dos sujeitos das organizações educacionais torna raras as ocasiões em que há igualdade e reciprocidade entre os interlocutores na comunicação de escolas, universidades e sistemas de ensino.  A organização educacional, ainda no lugar da autoridade, transmite informações aos [...] estudantes, familiares e comunidade, o professor, também assumindo a condição de autoridade, transmite mensagens aos estudantes, e assim sucessivamente. Dessa forma, a convivência negociada ou coabitação entre diferentes interesses é comprometida.  a transmissão de mensagens, de informações a partir de um lugar de autoridade direcionadas a públicos de interesses hegemônicos não representa o comunicar de uma organização educacional. Transcender e incluir novas dimensões possíveis no processo de convivência / coabitação assume o caráter de condição imprescindível para evitar que a incomunicação prevaleça.
  • 11. Desafio  É fundamental, contudo, que a comunicação transcenda o modelo instrumental, de transmissão. Supere, porém, incoporando-o, ou seja, assuma seu caráter multidimensional.  Para que isso aconteça, é preciso admitir que no espaço relacional o lugar da comunicação é transversal, ou seja, perpassa, impregna e se deixa impregnar pela contextualização dos conceitos observando os diferentes e múltiplos vieses na apreensão da complexidade dos fenômenos e dos objetos observados (MARTINAZZO, 2004).
  • 12. Urgência  E a necessidade de avanços é urgente para minimizar os riscos da incomunicação entre os sujeitos da organização educacional.  O outro, que no processo comunicacional assume o papel de interlocutor, e nas organizações educacionais é  o aluno que interage com o professor,  o professor que interage com o gestor (coordenador pedagógico, diretor, entre outros),  o professor que interage com a família do aluno ou, ainda,  a liderança comunitária que interage com o gestor da escola  Além de mediar a convivência, a comunicação relacional apresenta um ganho recursivo que permite a participação ampliada de professores, estudantes, gestores, famílias e comunidade, participação essa que se impõe diante das dimensões múltiplas dos desafios.
  • 13. Interlocutores com espaço de fala  Fica então, mais claro, que para bem gerenciar a incomunicação presente, é preciso incluir a dimensão relacional nos sistemas de comunicação das organizações educacionais, compreendendo que é necessário ter como pressuposto a sociedade aberta, na qual a troca de mensagens se dá entre interlocutores com o mesmo direito à palavra.  O lugar de autoridade da escola, da universidade, do sistema de ensino deve ser (re) legitimado sobre pressupostos do tempo vivido: o respeito às identidades e a organização da convivência entre as diferenças [...] a realidade é dinâmica e que os desafios e dificuldades experimentados no processo educacional são globais e abrangentes, demandando ação compreensiva, perspicaz e criativa pelo empenho de pessoas organizadas em torno de um projeto comum (LÜCK, 206, p. 25).