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REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228
Volume 22 - Número 2 - 2º Semestre 2022
AVALIAÇÃO PARASITOLÓGICA EM ALFACES COLETADOS EM
ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS E FEIRAS LIVRES EM ARACAJU/SE
André Andrade Vieira Santos1
; Ítalo Fernando Lisboa de Melo2
; Flávio Henrique Ferreira Barbosa3
; Luciene Barbosa4
RESUMO
É inegável que no atual contexto em que vivemos hortaliças e diversos gêneros agrícolas
consumidos in natura se fazem presentes no cardápio das pessoas, de maneira geral. Porém o que
muitas delas não sabem é que esses gêneros alimentícios carregam consigo riscos reais e
preocupantes de contaminação por endoparasitas intestinais. Dessa forma, o presente trabalho tem
como objetivo verificar a presença de parasitos em alfaces coletados em estabelecimentos
comerciais e feiras livres em Aracaju/ SE. Nesse contexto, foram coletadas amostras em feiras
livres e em supermercados, num total de 20 amostras, as quais foram devidamente analisadas no
laboratório de Entomologia e Parasitologia Tropical, da Universidade Federal de Sergipe. As
hortaliças foram analisadas seguindo o método de Hoffman, Pons e Janer (HPJ), seguindo algumas
alterações, e pôde-se constatar um panorama preocupante em relação à qualidade desses alimentos,
que são vendidos abertamente no município em questão, evidenciando a necessidade de levar tais
informações à população e aos órgãos competentes.
Palavras-chave: Parasitos, Alface, Contaminação.
PARASITOLOGICAL EVALUATION IN LETTUCE COLLECTED IN COMMERCIAL
ESTABLISHMENTS AND FREE FAIRS IN ARACAJU/SE
ABSTRACT
It is undeniable that in the current context in which we live, vegetables and various agricultural
products consumed in natura are present in people's menus, in general. However, what many of
them do not know is that these foodstuffs carry with them real and worrying risks of contamination
by intestinal endoparasites. Thus, the present work aims to verify the presence of parasites in
lettuces collected in commercial establishments and free fairs in Aracaju/SE. In this context,
samples were collected at street markets and supermarkets, in a total of 20 samples, which were
duly analyzed in the laboratory of Entomology and Tropical Parasitology, at the Federal University
of Sergipe. The vegetables were analyzed following the method of Hoffman, Pons and Janer (HPJ),
following some changes, and it was possible to verify a worrying panorama in relation to the quality
of these foods, which are openly sold in the municipality in question, evidencing the need to take
such information to the population and the competent bodies.
Keywords: Parasites, Lettuce, Contamination.
104
INTRODUÇÃO
Hortaliças, como a alface, estão atualmente
entre os gêneros agrícolas mais consumidos
pelos brasileiros, em decorrência de sua
importância para a nutrição das pessoas e de
seus benefícios para o bem-estar. Elas são um
componente importante da dieta de muitas
pessoas devido aos seus benefícios e à sua
versatilidade na culinária. Sua versatilidade se
deve também ao fato de que podem ser
consumidas de diversas formas, como em
lanches, saladas, ou como acompanhamentos de
diversos pratos, também sendo encontradas em
grandes variedades, cada uma com texturas e
sabores singulares (YANG, 2021). Alfaces são
uma boa fonte de fibras, de vitaminas e de
minerais, além de que possuem um valor
calórico muito baixo, o que as põe na mira de
pessoas que visam controlar a própria dieta a
fim de perder peso.
Tais hortaliças também contém propriedades
anti-inflamatórias e antioxidantes, que ajudam
na proteção contra doenças crônicas como
diabetes, problemas cardíacos e câncer (KIM,
2016). Além disso, são fontes de compostos
ativos como polifenóis, carotenóides, e sua
clorofila possui efeitos positivos para a saúde
(SHI, 2022).
A alface ((Lactuca sativa) é uma hortaliça
amplamente consumida in natura, bastante
difundida pelo Brasil, planta a qual possui um
ciclo de plantio curto, o que viabiliza seu cultivo
por agricultores domésticos, os quais as
fornecem para vários centros urbanos, formando
o que se chamam de “cinturões verdes” (HENZ,
2009). Ela possui alta variabilidade genética no
Brasil, e recebe a designação de “cultivar”, que
são variações genéticas da Lactuca sativa, que
possuem características mais benéficas para os
produtores. Tais cultivares podem ser
classificadas em 5 tipos morfológicos
principais, que são: repolhuda lisa, repolhuda
crespa ou americana, solta lisa, solta crespa e
tipo romana (COSTA, 2005).
Atualmente existem 4 sistemas de produção de
alface, no Brasil, sendo eles o cultivo
convencional, o sistema orgânico em campo
aberto, o cultivo protegido no sistema
hidropônico e no solo (FILGUEIRA, 2005). Seu
cultivo é também feito em casas-de-vegetação
de plástico ou telados, de acordo com as
condições climáticas do local onde são
cultivadas. Os sistemas mais comuns de
hidroponia usam canos de PVC, com pequenos
furos em calhas ou telhas grandes, que são
usadas para distribuir macro e micronutrientes
para a plantação, visando seu desenvolvimento
efetivo, sem que ocorra grande perda dos
nutrientes minerais presentes no solo em
questão (ABREU, 2016).
Hortaliças são comumente consumidas cruas em
residências domésticas e em estabelecimentos
comerciais, o problema reside justamente no
manejo das mesmas, que ocasionalmente não
são bem tratadas, principalmente quando o
assunto é alface, que constitui uma parcela
significativa no cardápio do brasileiro. Essa
planta em específico pode vir a ser um problema
de saúde pública quando as medidas de higiene
adequadas não são tomadas, e quando elas não
são tratadas devidamente, carregando em si
parasitos, que impactam negativamente na
sociedade (PEDROSO, 2020).
Nesse contexto, existe atualmente uma dinâmica
social que favorece tal tipo de contaminação,
uma vez que a vida urbana é hoje muito mais
imediatista do que no passado. Desse modo, as
pessoas criaram um hábito cada vez mais
frequente de consumir alimentos fora de casa, o
que muitas vezes favorece o processo de
infecção, uma vez que não se sabe como se dá o
modo de preparo deles, ainda mais quando se
fala em “fast food”, cuja proposta é justamente
tornar o processo de preparo o mais rápido
possível. Isso culmina em profissionais que
muitas vezes não tomam os devidos cuidados no
manuseio da comida, levando-a à contaminação
(SOUZA, 2006). Ademais, hoje o Brasil ainda
enfrenta um sério problema quando se fala em
parasitoses, tendo principalmente a população
de menor acesso à informação como parcela
mais afetada pelas mesmas (SOUZA, 2016).
Não há necessariamente um critério social nem
uma faixa etária específica para a contaminação
por parasitos, todas as pessoas estão sujeitas a
esses (SILVA, 2019), porém elas são mais
características de países subdesenvolvidos em
decorrência de uma série de fatores. Dentro
deles está o mau planejamento urbano, uma vez
que no Brasil ainda há cidades que contam com
esgotos a céu aberto, o que contribui para uma
contaminação direta de pessoas que
rotineiramente convivem em ambientes
poluídos, onde diversas parasitoses se
estabelecem (VISSER, 2011).
Além disso, há a questão do manejo inadequado
de resíduos e do saneamento, relativos ao meio
ambiente. Uma vez que não se estabelece uma
rede eficiente de descarte, ou de tratamento de
dejetos orgânicos, eles são despejados em áreas
não apropriadas (DUARTE, 2008), como
acontece na própria Aracaju, o que culmina na
contaminação da água e do solo por helmintos,
protozoários e diversos outros microrganismos
(VASCONCELOS, 2016).
Tendo em vista tal cenário, observa-se que a
contaminação por parasitoses pode se dar
através de forma cutânea, como é o caso da
esquistossomose (Schistosoma mansoni), ou
pela ingestão de ovos, de cistos ou de oocistos
dos parasitos, a exemplo da lombriga (Ascaris
lumbricoides). Assim, tanto o contato direto
com a água e com o solo contaminados se fazem
como meios de acesso dos parasitos ao corpo de
seus hospedeiros (MARIE, 2021). Nisso tem-se
a necessidade de realizar um manejo adequado
dos resíduos orgânicos, da água e do solo, a fim
de evitar esse panorama.
Dessa forma, o diagnóstico dessas doenças
causadas por endoparasitas intestinais pode se
dar por meio do sangue, das fezes ou do tecido
coletado da pessoa infectada, e constitui uma
ferramenta importante para o combate desse
panorama, no qual tem-se uma grande
abrangência dessas enfermidades. Existem
diversas técnicas que podem ser utilizadas para
chegar no diagnóstico, dentre elas estão o
método de sedimentação espontânea, o método
de flutuação e a centrifugação simples, que são
meios comumente usados por profissionais da
área para identificar incidências de parasitas do
intestino (CÂMARA, 2015).
Sabe-se atualmente que as infecções provindas
de parasitos intestinais abrangem amplo
território nacional, da mesma forma que vastos
são os estudos os quais apontam suas
incidências. MEDEIROS et al., 2019,
compararam o grau de contaminação de
amostras de alface em diferentes épocas
sazonais, no município de Belém, Pará,
chegando à constatação de que tais níveis são
bastante similares no decorrer do ano, chegando
ao seu ápice nas estações chuvosas, que
aumentam o grau de propagação de parasitos
como A. lumbricoides e Enterobius
vermiculares.
Em São Cristóvão, Sergipe, BASTOS et al.,
2018, avaliaram a contaminação parasitária em
alfaces coletadas de restaurantes no bairro Rosa
Elze, totalizando 40 amostras, das quais 87,5%
delas apresentaram algum tipo de agente
parasitários como A. lumbricoides, Trichuris
trichiura, Giardia lamblia, Entamoeba coli, E.
nana, Iodameba bustschlii, Paramecium e
larvas de nematoides. Em Aracaju, Sergipe,
LIMA et al., 2018, fizeram a coleta de
exemplares de alfaces provindos de feiras livres,
supermercados, mercearias e mercados para
avaliar a procedência das mesmas, e o resultado
foi que 9,78% estavam contaminadas por larvas
de ancilostomídeos, 18,49% por fragmentos de
insetos e outros invertebrados, sendo os do
supermercado aqueles que tiveram o maior
índice de contaminação.
Em Cuiabá, no Mato Grosso, ALVES et al.,
2013, realizaram análises para verificar a
procedência de estruturas parasitárias presentes
em alfaces de redes de supermercado, e
encontraram 66,7% de suas 45 amostras
contaminadas por parasitos, as quais continham
ovos de Ascaris sp., de Enterobius vermicularis,
larvas de Ancilostomídeos, larvas de
Strongyloides sp. e larvas de outros nematóides
não identificados. Encontraram também
protozoários como trofozoítos de Balantidium
sp., cistos de Entamoeba sp., cistos de E. nana,
cistos de Giardia sp. e oocisto de Isospora spp.
Hortas comunitárias também são alvos de
agentes parasitários, MESQUITA et al., 2015,
encontraram nelas evidências de contaminação
por parasitos, chegando a constatar parasitos em
66,5% das amostras analisadas (21/32), sendo
64,7% (11/17) e 66,5% para os supermercados e
hortas comunitárias respectivamente. Os
protozoários comensais encontrados foram E.
nana, E. coli, I. butschlii e os patogênicos, E.
histolytica/díspar, Giardia sp. e Eimeria sp.
Dentre os helmintos, Ascaris sp., Ancylostoma
sp. e Strongyloides sp.
BRAUER et al., 2016, realizaram levantamentos
em dez estabelecimentos comerciais no
município de São Mateus, no Espírito Santo,
para verificar o grau de contaminação de
exemplares de alface nos mesmos. Utilizando a
lavagem e o método da sedimentação
espontânea encontraram 86,85% das amostras
contaminadas por agentes parasitários, sendo o
Ascaris sp., o Balantidium coli e o Ancylostoma
sp os mais encontrados.
GONÇALVES et al., 2014, analisaram amostras
de agrião, alface-crespa, e rúcula em feiras
livres no distrito federal. Para tal, utilizaram o
método da sedimentação espontânea a fim de
quantificar estruturas parasitárias, sendo
detectados, Entamoeba coli, Strongyloides sp.,
Ascaris sp., Enterobius vermicularis e
Ancylostomidae.
No Rio de Janeiro, PACÍFICO et al., 2013,
conduziram análises em alfaces de feiras livres,
sendo no total 100 amostras, metade delas
proveniente do sistema convencional de plantio,
e a outra metade, do sistema hidropônico. Os
resultados revelaram que 12% das hortaliças
estavam contaminadas com cistos de amebas,
oocistos de protozoários e ovos de helmintos da
superfamília Ancylostomatoidea, enquanto 85%
das amostras estavam contaminadas por
organismos de vida livre.
Nessa conjectura, tem-se como foco no dado
trabalho a análise laboratorial parasitológica de
amostras de alface (Lactuca sativa) coletadas no
município de Aracaju, Sergipe, e analisadas no
laboratório de Entomologia e Parasitologia
Tropical, da Universidade Federal de Sergipe,
com a finalidade de verificar a presença de
parasitos nas mesmas.
OBJETIVOS
Objetivo geral
. Verificar a presença de parasitos em alfaces
coletados em estabelecimentos comerciais e em
feiras livres em Aracaju/SE.
Objetivos específicos
. Comparar os parasitos encontrados nas alfaces
de feira livre, e de supermercados.
. Verificar a eficácia da água sanitária na
sanitização das alfaces coletadas.
METODOLOGIA
Coleta e análise das amostras
As amostras foram coletadas semanalmente, de
agosto a outubro de 2022, em feiras livres e em
estabelecimentos diversos, como padarias, redes
de supermercados e encaminhadas para o
laboratório de Parasitologia da Universidade
Federal de Sergipe (UFS). A unidade amostral
utilizada foi de 100g, o que equivale a
aproximadamente a 10 folhas de cada alface
selecionada (Figura 1). Tais amostras foram
lavadas em cubas de plástico, utilizando um
volume de 350ml de água destilada por amostra,
nos quais os 100g de alface foram devidamente
lavados, utilizando luvas de látex para tal. Após
a lavagem, as alfaces foram descartadas e o
líquido resultante do procedimento (Figura 2),
submetido à técnica de sedimentação
espontânea de Hoffman, adaptada às alfaces.
Essa técnica consiste em utilizar cálices cônicos
(Figura 3) juntamente com uma gaze dobrada 4
vezes (Figura 4), para filtrar o líquido
proveniente da lavagem, a fim de eliminar
partículas grandes e de selecionar o material de
interesse para a pesquisa. Dentre as amostras
coletadas, 2 delas foram lavadas
antecipadamente em água sanitária, sendo que
uma delas foi lavada com sabão e depois
colocada de molho na água sanitária e a outra,
lavada apenas em água sanitária. Após 15
minutos, ambas foram lavadas em água
corrente.
Figura 1- Folhas de alface sendo preparadas para a
lavagem
Figura 2 – Líquido resultante da lavagem
Figura 3 – Cálices cônicos utilizados para sedimentação
Figura 4 – Líquido pós lavagem sendo filtrado na gaze
Após a filtragem nos cálices, foi necessário
aguardar um período de 24 horas para que
ocorresse a sedimentação das partículas sólidas
(Figura 5), que se depositaram no fundo deles.
Após esse período, o líquido sobrenadante foi
descartado, virando o cálice para eliminá-lo, até
sobrar uma quantidade variável de 20ml a 30ml,
que foram transferidos para tubos de ensaio de
15ml, os quais foram centrifugados a 2.600 rpm
durante um minuto (Figura 6).
Figura 5 – Amostras após a decantação
Figura 6 – Amostras sendo dispostas na centrífuga
Após a centrifugação, os resíduos sólidos das
amostras se concentraram no fundo dos tubos, e
o líquido sobrenadante foi descartado. Com o
auxílio de uma pipeta, para cada grupo de
amostras, o conteúdo dos tubos foi
homogeneizado, juntando os resíduos em um
único tubo. Após esse processo, foram
montadas as lâminas para análise, utilizando
uma gota do material e uma gota do corante
lugol, que foram examinadas ao microscópio,
utilizando as objetivas de aumento de 10x e de
40x (ROCHA et al., 2008), a fim de procurar
ovos, cistos e larvas de agentes parasitológicos.
Esse procedimento foi realizado em duplicata.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram analisadas 20 amostras diferentes de
alface (Lactuca sativa), sendo 8 de feiras livres
e 12 de supermercados, sendo 4 hidropônicas e
2 foram colocadas na água sanitária, as alfaces
eram de folhas lisas e de folhas crespas. Das 6
alfaces do supermercado, todas estavam
parasitadas (Tabela 1). Nas alfaces
hidropônicas, 100% apresentaram algum
parasito, como mostrado na Tabela 2.
Das amostras de supermercados, 2 espécimes
estavam infestados de insetos não identificados
(Figura 7), e continham muita terra, o que
denuncia um grave descaso em relação ao seu
armazenamento ou ao seu cultivo. Tais
características não foram encontradas nas
alfaces hidropônicas, nem em nenhuma amostra
lavada em água sanitária. Nas amostras de feiras
livres (tabela 3), 100% delas estavam
parasitadas.
Nas amostras lavadas em água sanitária (2
amostras), a que foi lavada antes com sabão,
não apresentou parasitos e a outra apresentou,
como mostrado na Tabela 4.
Figura 7 – Amostra infestada de insetos
Nas amostras provenientes de supermercados
(Tabela 1), Paramecium foi o mais encontrado
(100% das amostras), seguidos por E. nana
(83,3 %), E.coli e larvas de nematóides ( 50%
das amostras) e Balantidium coli (33,3%).
Nas alfaces hidropônicas (Tabela 2) o
Paramecium segue sendo o mais encontrado
(100% das amostras), seguido por larvas de
nematóides (50%), G. lamblia, I. babutschlii,
ciliados diversos e E. coli (25% das amostras).
Nas amostras das feiras livres (Tabela 3), os
parasitos mais encontrados foram a E. coli e
larvas de nematóides (62,5% das amostras),
seguidos por E. nana (50% das amostras),
Paramecium (37,5% das amostras), I. butschlii
(25% das amostras), S. stercoralis, ciliados
diversos, G. lamblia e B. coli (12,5% das
amostras).
Naquelas lavadas em água sanitária (Tabela 4),
os parasitos mais encontrados foram E. coli,
Paramecium e larvas de nematóides (50% das
amostras).
Com base nas tabelas, é notável a alta
incidência de E. coli, este parasito foi
encontrado em 62,5% das amostras de feiras
livres, em 50% das amostras de supermercado, e
na lavada com água sanitária e em 25% nas
hidropônicas. Em hortas comunitárias no
município de Teresina, Piauí, MESQUITA et al
(2015) encontraram valores similares para esse
parasito, chegando à marca de 66,7% das
amostras (120 amostras coletadas) infectadas
por E. coli, o que revela um panorama similar
entre as duas regiões analisadas.
E. coli não é considerado um protozoário
patogênico, assim como I. butschlii e E. nana,
presentes nas amostras em menores
quantidades, mas esse resultado indica que
houve contato das alfaces com fezes humanas
ou com água contendo os cistos desse parasito
(ESTEVES & FIGUERÔA, 2009). E. coli um
protozoário tipicamente encontrado parasitando
o intestino de animais de sangue quente,
podendo ser amplamente encontrado em suas
fezes (NASCIMENTO et al., 2010.). Isso indica
que metade das amostras tiveram algum tipo de
contato com fezes de animais, seja durante seu
processo de cultivo, ou durante seu
armazenamento, o que configura uma questão
séria de saúde pública.
E. nana apareceu em proporções altas tanto em
feiras livres (50% das amostras) quanto em
supermercados (83,3% das amostras), porém
esse parasito não foi encontrado nas alfaces do
sistema hidropônico nem nas alfaces lavadas em
água sanitária. Tal achado mostra uma
discrepância em relação a outros trabalhos,
como o de ALVES et al (2013), que coletaram
45 amostras de alface em supermercados de
Cuiabá, Mato Grosso, encontrando apenas
2,22% das amostras infectadas por esse parasito.
I. butschlii apareceu em 25% das amostras de
feiras livres e em 25% das amostras
hidropônicas. Em Curitiba, Paraná,
MONTANHER et al (2007) coletaram 50
amostras de alfaces de restaurantes self-service,
dentre as quais 4% delas estavam contaminadas
por esse parasito, um percentual ainda menor do
que foi encontrado no presente estudo.
O Paramecium (Figura 8) é outro parasito que
foi encontrado em abundância nas amostras,
aparecendo em 37,5% das amostras de feira
livre, em 100% das amostras de supermercado,
em 100% das hidropônicas, e em 50% das
lavadas em água sanitária. Esse resultado mostra
uma realidade diferente da que BASTOS et al
(2018) encontraram no município vizinho a
Aracaju, São Cristóvão, uma vez que de 40
amostras analisadas por eles apenas 17,5%
estavam contaminadas por esse parasito. Esse é
um protozoário flagelado amplamente
encontrado na água fornecida pelo sistema de
abastecimento doméstico, apesar de não ser
nocivo à saúde humana, sua presença nas
amostras serve como bioindicador de
contaminação por outros parasitas (PAIVA et
al., 2016).
Figura 8 –Paramecium (aumento 40X)
Larvas de nematóides (Figura 9) estavam
presentes em feiras livres (62,5% das amostras),
em supermercados (50% das amostras), e até
mesmo nas alfaces do sistema hidropônico
(50% das amostras) e nas lavadas em água
sanitária (50% das amostras), sendo que muitas
dessas amostras continham múltiplas larvas, o
que revela um alto grau de contaminação. Esses
valores foram bem similares aos encontrados
por GONÇALVES et al (2013), que também
encontraram uma quantidade muito alta de
larvas de nematóides em suas amostras
provenientes de restaurantes self- service no
município de Porto Alegre, Rio Grande do Sul,
21/45 (46,67%) delas continham esses parasitos.
No município de Parnaíba, Piauí, MELO et al
(2011) coletaram 22 amostras de alface de
bancas de horticultores e de hortas comunitárias,
encontrando 40,9% das amostras contaminadas
por larvas do nematóide e Strongyloides spp., o
que corrobora para um panorama similar.
Figura 9 – Larva de nematóide (aumento 40X)
Alguns parasitos foram encontrados
esporadicamente, não aparecendo com tanta
frequência, como é o caso da G. lamblia, um
parasito que causa sintomas bem genéricos,
como dores abdominais e diarreia, sendo
transmitido também através de fezes
contaminadas (PINHEIRO, 2022). Este um
parasito patogênico cuja presença indica falta de
cuidado com a água utilizada, o qual foi
encontrado em 12,5% das amostras de feiras
livres, e em 25% das alfaces hidropônicas.
Resultado similar foi constatado por
PERDONCINI et al (2016), que coletaram 33
amostras de alfaces comercializadas nos
municípios de Chapecó e Xanxerê, Santa
Catarina, das quais 18,18% possuíam cistos
desse protozoário.
Dentre aqueles que tiveram baixa ocorrência
também há alguns achados de ciliados diversos,
os quais não puderam ser classificados, sendo
achados em apenas 12,5% das amostras de feira
livre e 25% das amostras hidropônicas.
O Balantidium coli (Figura 10) foi outro
parasito encontrado muito pouco, apenas em
12,5% das amostras de feira livre e 33,3% das
amostras de supermercados. O que mostra outra
disparidade em relação à literatura levantada, na
qual BRAUER et al., em 2016, encontraram
dentre 38 amostras coletadas de
estabelecimentos comerciais, no município de
São Mateus, Espírito Santo, uma prevalência de
63,1% desse parasito. Sua presença é um
indicativo de que as alfaces servidas in natura
representam um grave perigo à saúde das
pessoas (LUCAS et al., 2022), visto que pode
causar balantidíase, sendo responsável por
quadros de diarreia e de desinteria (SCHUSTER
et al., 2008).
Figura 10 – Balantidium coli (aumento 40X)
Já o S. stercoralis estava presente apenas em
12,5% das amostras de feira livre, e não
apareceu nos demais estabelecimentos. Porém,
esse resultado foi diferente para GONÇALVES
et al (2014), que dentre 30 amostras coletadas
em feiras livres no Distrito Federal, encontraram
esse parasita em 50% delas. Foi possível
identificar esse parasito devido a presença do
primórdio genital. Sua presença revela um
panorama preocupante em relação à
possibilidade de contágio (MACHADO et al.,
2020).
Foi possível observar que dentre todas as
amostras analisadas, aquelas que tiveram maior
grau de contaminação por parasitos, foram as
coletadas em feiras livres, as quais apresentaram
uma maior diversidade de agentes parasitários.
Esse fato muito provavelmente se deve às
condições nas quais as alfaces são expostas nas
bancas, expostas ao toque de mãos
contaminadas tanto de feirantes quanto de
clientes, à poeira que circula no ambiente, e à
água de má qualidade, com a qual elas são
irrigadas.
Houve muitos parasitos em alfaces provenientes
do sistema hidropônico, nas quais foram
encontradas desde protozoários como E. nana e
E. coli, até larvas de vermes nessas amostras
(Figura 11). O sistema hidropônico é
caracterizado pela ausência de contato da alface
com o solo, então uma das conclusões lógicas a
que se chega é que o problema está na água
utilizada para regar as hortaliças, uma vez que
se notou uma similaridade muito grande dos
parasitos encontrados tanto nas alfaces
hidropônicas, quanto nas de cultivo tradicional.
Esperava-se não haver achados parasitológicos
nessas amostras, porém não foi o que aconteceu,
uma vez que a incidência de parasitos provindos
de alfaces hidropônicas foi alta. Outra hipótese
a ser levantada é que a fonte de contaminação
pode estar ligada às condições de depósito das
alfaces, uma vez que os estabelecimentos onde
elas foram coletadas não dispunham das
melhores condições higiênicas possíveis, sendo
a seção referente às alfaces sendo caracterizada
pelo mau odor proveniente de hortaliças
estragadas e pela falta de organização.
Figura 11 - Larva encontrada na alface hidropônica
(aumento 10X)
Nas 2 amostras que foram colocadas de molho
na água sanitária, uma apresentou larvas de
nematóides (Figura 12) e protozoários, como o
Paramecium (Figura 13). A única diferença que
ocorreu entre elas, foi que a que não apresentou
parasitos foi lavada com sabão, enxaguada em
água corrente e colocada de molho na água
sanitária e em seguida enxaguada novamente
com água da torneira. Percebemos aqui que o
processo de higienização das alfaces, antes de
colocar na água sanitária é de fundamental
importância e a maioria das pessoas não fazem,
jogam diretamente na água sanitária. Não foi
possível determinar se esses parasitos estavam
vivos ou mortos.
Figura 12 – Larva de nematóide encontrado na alface
lavada em água sanitária (aumento 10X)
Figura 13 – Paramecium encontrado na alface lavada
em água sanitária (aumento 40X)
A ausência de ovos de helmintos relatada neste
trabalho, pode ser explicada pelo tratamento em
massa das crianças em idade escolar (WHO,
2006; Brasil, 2017). Fato interessante ocorreu
após o tratamento em massa, houve um aumento
dos protozoários intestinais (MACCHIONI et
al.; 2015; OLIVEIRA et AL.; 2020), o que é
mostrado nesse trabalho onde houve
predominância de protozoários.
O saneamento básico no Brasil ainda é
ineficiente, segundo o trabalho MEDEIROS &
FERREIRA (2020) que avaliou o fornecimento
de água e esgoto em diversas cidades brasileiras
e observou que apenas 20% destas cidades
apresentaram serviços classificados como
eficientes. Isso justifica a presença de parasitos
nas alfaces utilizadas nesse trabalho.
CONCLUSÃO
De maneira geral, a partir do que foi mostrado, é
possível concluir que consumir alimentos crus,
sem o devido cozimento, principalmente alface,
é um risco que não vale a pena correr, mesmo
havendo os devidos cuidados, uma vez que
parasitos foram encontrados em uma amostra
lavada em água sanitária. O dinamismo do
cotidiano muitas vezes obriga as pessoas a
adotarem estilos de alimentação que burlam
medidas higiênicas, e resultam em infecções
oriundas de parasitos. Tais parasitoses até hoje
apresentam um quadro preocupante de saúde
pública no Brasil, país cujo povo tem
pouquíssima informação e engajamento acerca
das mesmas, o que corrobora para a
problemática. Dessa forma, o presente estudo
encerra-se na expectativa de que as pessoas se
atentem ao consumo da alface (Lactuca sativa)
e possam viver mais conscientes dos riscos
trazidos por ela, quando processos relacionados
à sanitização e lavagem do vegetal são
negligenciados.
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health and impacts of preharvest and
postharvest practices.COMPREHENSIVE
REVIEWS IN FOOD SCIENCE AND FOOD
SAFETY, 2021.
______________________________________
1- Discente do Curso de Ciências Biológicas
da Universidade Federal de Sergipe – UFS.
2- Graduado em Ciências Biológicas
Licenciatura, Especialista em Educação
Ambiental com Ênfase em Espaços
Educadores Sustentáveis e Mestre em
Biologia Parasitária pela Universidade
Federal de Sergipe.
3- Doutor em Microbiologia pela UFMG.
Professor de Microbiologia e Imunologia da
UFS.
4- Doutora em Parasitologia pela UFMG.
Professora de Parasitologia da UFS.
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  • 1. REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 Volume 22 - Número 2 - 2º Semestre 2022 AVALIAÇÃO PARASITOLÓGICA EM ALFACES COLETADOS EM ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS E FEIRAS LIVRES EM ARACAJU/SE André Andrade Vieira Santos1 ; Ítalo Fernando Lisboa de Melo2 ; Flávio Henrique Ferreira Barbosa3 ; Luciene Barbosa4 RESUMO É inegável que no atual contexto em que vivemos hortaliças e diversos gêneros agrícolas consumidos in natura se fazem presentes no cardápio das pessoas, de maneira geral. Porém o que muitas delas não sabem é que esses gêneros alimentícios carregam consigo riscos reais e preocupantes de contaminação por endoparasitas intestinais. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo verificar a presença de parasitos em alfaces coletados em estabelecimentos comerciais e feiras livres em Aracaju/ SE. Nesse contexto, foram coletadas amostras em feiras livres e em supermercados, num total de 20 amostras, as quais foram devidamente analisadas no laboratório de Entomologia e Parasitologia Tropical, da Universidade Federal de Sergipe. As hortaliças foram analisadas seguindo o método de Hoffman, Pons e Janer (HPJ), seguindo algumas alterações, e pôde-se constatar um panorama preocupante em relação à qualidade desses alimentos, que são vendidos abertamente no município em questão, evidenciando a necessidade de levar tais informações à população e aos órgãos competentes. Palavras-chave: Parasitos, Alface, Contaminação. PARASITOLOGICAL EVALUATION IN LETTUCE COLLECTED IN COMMERCIAL ESTABLISHMENTS AND FREE FAIRS IN ARACAJU/SE ABSTRACT It is undeniable that in the current context in which we live, vegetables and various agricultural products consumed in natura are present in people's menus, in general. However, what many of them do not know is that these foodstuffs carry with them real and worrying risks of contamination by intestinal endoparasites. Thus, the present work aims to verify the presence of parasites in lettuces collected in commercial establishments and free fairs in Aracaju/SE. In this context, samples were collected at street markets and supermarkets, in a total of 20 samples, which were duly analyzed in the laboratory of Entomology and Tropical Parasitology, at the Federal University of Sergipe. The vegetables were analyzed following the method of Hoffman, Pons and Janer (HPJ), following some changes, and it was possible to verify a worrying panorama in relation to the quality of these foods, which are openly sold in the municipality in question, evidencing the need to take such information to the population and the competent bodies. Keywords: Parasites, Lettuce, Contamination. 104
  • 2. INTRODUÇÃO Hortaliças, como a alface, estão atualmente entre os gêneros agrícolas mais consumidos pelos brasileiros, em decorrência de sua importância para a nutrição das pessoas e de seus benefícios para o bem-estar. Elas são um componente importante da dieta de muitas pessoas devido aos seus benefícios e à sua versatilidade na culinária. Sua versatilidade se deve também ao fato de que podem ser consumidas de diversas formas, como em lanches, saladas, ou como acompanhamentos de diversos pratos, também sendo encontradas em grandes variedades, cada uma com texturas e sabores singulares (YANG, 2021). Alfaces são uma boa fonte de fibras, de vitaminas e de minerais, além de que possuem um valor calórico muito baixo, o que as põe na mira de pessoas que visam controlar a própria dieta a fim de perder peso. Tais hortaliças também contém propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, que ajudam na proteção contra doenças crônicas como diabetes, problemas cardíacos e câncer (KIM, 2016). Além disso, são fontes de compostos ativos como polifenóis, carotenóides, e sua clorofila possui efeitos positivos para a saúde (SHI, 2022). A alface ((Lactuca sativa) é uma hortaliça amplamente consumida in natura, bastante difundida pelo Brasil, planta a qual possui um ciclo de plantio curto, o que viabiliza seu cultivo por agricultores domésticos, os quais as fornecem para vários centros urbanos, formando o que se chamam de “cinturões verdes” (HENZ, 2009). Ela possui alta variabilidade genética no Brasil, e recebe a designação de “cultivar”, que são variações genéticas da Lactuca sativa, que possuem características mais benéficas para os produtores. Tais cultivares podem ser classificadas em 5 tipos morfológicos principais, que são: repolhuda lisa, repolhuda crespa ou americana, solta lisa, solta crespa e tipo romana (COSTA, 2005). Atualmente existem 4 sistemas de produção de alface, no Brasil, sendo eles o cultivo convencional, o sistema orgânico em campo aberto, o cultivo protegido no sistema hidropônico e no solo (FILGUEIRA, 2005). Seu cultivo é também feito em casas-de-vegetação de plástico ou telados, de acordo com as condições climáticas do local onde são cultivadas. Os sistemas mais comuns de hidroponia usam canos de PVC, com pequenos furos em calhas ou telhas grandes, que são usadas para distribuir macro e micronutrientes para a plantação, visando seu desenvolvimento efetivo, sem que ocorra grande perda dos nutrientes minerais presentes no solo em questão (ABREU, 2016). Hortaliças são comumente consumidas cruas em residências domésticas e em estabelecimentos comerciais, o problema reside justamente no manejo das mesmas, que ocasionalmente não são bem tratadas, principalmente quando o assunto é alface, que constitui uma parcela significativa no cardápio do brasileiro. Essa planta em específico pode vir a ser um problema de saúde pública quando as medidas de higiene adequadas não são tomadas, e quando elas não são tratadas devidamente, carregando em si parasitos, que impactam negativamente na sociedade (PEDROSO, 2020). Nesse contexto, existe atualmente uma dinâmica social que favorece tal tipo de contaminação, uma vez que a vida urbana é hoje muito mais imediatista do que no passado. Desse modo, as pessoas criaram um hábito cada vez mais frequente de consumir alimentos fora de casa, o que muitas vezes favorece o processo de infecção, uma vez que não se sabe como se dá o modo de preparo deles, ainda mais quando se fala em “fast food”, cuja proposta é justamente tornar o processo de preparo o mais rápido possível. Isso culmina em profissionais que muitas vezes não tomam os devidos cuidados no manuseio da comida, levando-a à contaminação (SOUZA, 2006). Ademais, hoje o Brasil ainda enfrenta um sério problema quando se fala em parasitoses, tendo principalmente a população de menor acesso à informação como parcela mais afetada pelas mesmas (SOUZA, 2016). Não há necessariamente um critério social nem uma faixa etária específica para a contaminação por parasitos, todas as pessoas estão sujeitas a esses (SILVA, 2019), porém elas são mais características de países subdesenvolvidos em decorrência de uma série de fatores. Dentro deles está o mau planejamento urbano, uma vez que no Brasil ainda há cidades que contam com esgotos a céu aberto, o que contribui para uma
  • 3. contaminação direta de pessoas que rotineiramente convivem em ambientes poluídos, onde diversas parasitoses se estabelecem (VISSER, 2011). Além disso, há a questão do manejo inadequado de resíduos e do saneamento, relativos ao meio ambiente. Uma vez que não se estabelece uma rede eficiente de descarte, ou de tratamento de dejetos orgânicos, eles são despejados em áreas não apropriadas (DUARTE, 2008), como acontece na própria Aracaju, o que culmina na contaminação da água e do solo por helmintos, protozoários e diversos outros microrganismos (VASCONCELOS, 2016). Tendo em vista tal cenário, observa-se que a contaminação por parasitoses pode se dar através de forma cutânea, como é o caso da esquistossomose (Schistosoma mansoni), ou pela ingestão de ovos, de cistos ou de oocistos dos parasitos, a exemplo da lombriga (Ascaris lumbricoides). Assim, tanto o contato direto com a água e com o solo contaminados se fazem como meios de acesso dos parasitos ao corpo de seus hospedeiros (MARIE, 2021). Nisso tem-se a necessidade de realizar um manejo adequado dos resíduos orgânicos, da água e do solo, a fim de evitar esse panorama. Dessa forma, o diagnóstico dessas doenças causadas por endoparasitas intestinais pode se dar por meio do sangue, das fezes ou do tecido coletado da pessoa infectada, e constitui uma ferramenta importante para o combate desse panorama, no qual tem-se uma grande abrangência dessas enfermidades. Existem diversas técnicas que podem ser utilizadas para chegar no diagnóstico, dentre elas estão o método de sedimentação espontânea, o método de flutuação e a centrifugação simples, que são meios comumente usados por profissionais da área para identificar incidências de parasitas do intestino (CÂMARA, 2015). Sabe-se atualmente que as infecções provindas de parasitos intestinais abrangem amplo território nacional, da mesma forma que vastos são os estudos os quais apontam suas incidências. MEDEIROS et al., 2019, compararam o grau de contaminação de amostras de alface em diferentes épocas sazonais, no município de Belém, Pará, chegando à constatação de que tais níveis são bastante similares no decorrer do ano, chegando ao seu ápice nas estações chuvosas, que aumentam o grau de propagação de parasitos como A. lumbricoides e Enterobius vermiculares. Em São Cristóvão, Sergipe, BASTOS et al., 2018, avaliaram a contaminação parasitária em alfaces coletadas de restaurantes no bairro Rosa Elze, totalizando 40 amostras, das quais 87,5% delas apresentaram algum tipo de agente parasitários como A. lumbricoides, Trichuris trichiura, Giardia lamblia, Entamoeba coli, E. nana, Iodameba bustschlii, Paramecium e larvas de nematoides. Em Aracaju, Sergipe, LIMA et al., 2018, fizeram a coleta de exemplares de alfaces provindos de feiras livres, supermercados, mercearias e mercados para avaliar a procedência das mesmas, e o resultado foi que 9,78% estavam contaminadas por larvas de ancilostomídeos, 18,49% por fragmentos de insetos e outros invertebrados, sendo os do supermercado aqueles que tiveram o maior índice de contaminação. Em Cuiabá, no Mato Grosso, ALVES et al., 2013, realizaram análises para verificar a procedência de estruturas parasitárias presentes em alfaces de redes de supermercado, e encontraram 66,7% de suas 45 amostras contaminadas por parasitos, as quais continham ovos de Ascaris sp., de Enterobius vermicularis, larvas de Ancilostomídeos, larvas de Strongyloides sp. e larvas de outros nematóides não identificados. Encontraram também protozoários como trofozoítos de Balantidium sp., cistos de Entamoeba sp., cistos de E. nana, cistos de Giardia sp. e oocisto de Isospora spp. Hortas comunitárias também são alvos de agentes parasitários, MESQUITA et al., 2015, encontraram nelas evidências de contaminação por parasitos, chegando a constatar parasitos em 66,5% das amostras analisadas (21/32), sendo 64,7% (11/17) e 66,5% para os supermercados e hortas comunitárias respectivamente. Os protozoários comensais encontrados foram E. nana, E. coli, I. butschlii e os patogênicos, E. histolytica/díspar, Giardia sp. e Eimeria sp. Dentre os helmintos, Ascaris sp., Ancylostoma sp. e Strongyloides sp. BRAUER et al., 2016, realizaram levantamentos em dez estabelecimentos comerciais no
  • 4. município de São Mateus, no Espírito Santo, para verificar o grau de contaminação de exemplares de alface nos mesmos. Utilizando a lavagem e o método da sedimentação espontânea encontraram 86,85% das amostras contaminadas por agentes parasitários, sendo o Ascaris sp., o Balantidium coli e o Ancylostoma sp os mais encontrados. GONÇALVES et al., 2014, analisaram amostras de agrião, alface-crespa, e rúcula em feiras livres no distrito federal. Para tal, utilizaram o método da sedimentação espontânea a fim de quantificar estruturas parasitárias, sendo detectados, Entamoeba coli, Strongyloides sp., Ascaris sp., Enterobius vermicularis e Ancylostomidae. No Rio de Janeiro, PACÍFICO et al., 2013, conduziram análises em alfaces de feiras livres, sendo no total 100 amostras, metade delas proveniente do sistema convencional de plantio, e a outra metade, do sistema hidropônico. Os resultados revelaram que 12% das hortaliças estavam contaminadas com cistos de amebas, oocistos de protozoários e ovos de helmintos da superfamília Ancylostomatoidea, enquanto 85% das amostras estavam contaminadas por organismos de vida livre. Nessa conjectura, tem-se como foco no dado trabalho a análise laboratorial parasitológica de amostras de alface (Lactuca sativa) coletadas no município de Aracaju, Sergipe, e analisadas no laboratório de Entomologia e Parasitologia Tropical, da Universidade Federal de Sergipe, com a finalidade de verificar a presença de parasitos nas mesmas. OBJETIVOS Objetivo geral . Verificar a presença de parasitos em alfaces coletados em estabelecimentos comerciais e em feiras livres em Aracaju/SE. Objetivos específicos . Comparar os parasitos encontrados nas alfaces de feira livre, e de supermercados. . Verificar a eficácia da água sanitária na sanitização das alfaces coletadas. METODOLOGIA Coleta e análise das amostras As amostras foram coletadas semanalmente, de agosto a outubro de 2022, em feiras livres e em estabelecimentos diversos, como padarias, redes de supermercados e encaminhadas para o laboratório de Parasitologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS). A unidade amostral utilizada foi de 100g, o que equivale a aproximadamente a 10 folhas de cada alface selecionada (Figura 1). Tais amostras foram lavadas em cubas de plástico, utilizando um volume de 350ml de água destilada por amostra, nos quais os 100g de alface foram devidamente lavados, utilizando luvas de látex para tal. Após a lavagem, as alfaces foram descartadas e o líquido resultante do procedimento (Figura 2), submetido à técnica de sedimentação espontânea de Hoffman, adaptada às alfaces. Essa técnica consiste em utilizar cálices cônicos (Figura 3) juntamente com uma gaze dobrada 4 vezes (Figura 4), para filtrar o líquido proveniente da lavagem, a fim de eliminar partículas grandes e de selecionar o material de interesse para a pesquisa. Dentre as amostras coletadas, 2 delas foram lavadas antecipadamente em água sanitária, sendo que uma delas foi lavada com sabão e depois colocada de molho na água sanitária e a outra, lavada apenas em água sanitária. Após 15 minutos, ambas foram lavadas em água corrente. Figura 1- Folhas de alface sendo preparadas para a lavagem
  • 5. Figura 2 – Líquido resultante da lavagem Figura 3 – Cálices cônicos utilizados para sedimentação Figura 4 – Líquido pós lavagem sendo filtrado na gaze Após a filtragem nos cálices, foi necessário aguardar um período de 24 horas para que ocorresse a sedimentação das partículas sólidas (Figura 5), que se depositaram no fundo deles. Após esse período, o líquido sobrenadante foi descartado, virando o cálice para eliminá-lo, até sobrar uma quantidade variável de 20ml a 30ml, que foram transferidos para tubos de ensaio de 15ml, os quais foram centrifugados a 2.600 rpm durante um minuto (Figura 6). Figura 5 – Amostras após a decantação Figura 6 – Amostras sendo dispostas na centrífuga Após a centrifugação, os resíduos sólidos das amostras se concentraram no fundo dos tubos, e o líquido sobrenadante foi descartado. Com o auxílio de uma pipeta, para cada grupo de amostras, o conteúdo dos tubos foi homogeneizado, juntando os resíduos em um único tubo. Após esse processo, foram montadas as lâminas para análise, utilizando uma gota do material e uma gota do corante lugol, que foram examinadas ao microscópio, utilizando as objetivas de aumento de 10x e de
  • 6. 40x (ROCHA et al., 2008), a fim de procurar ovos, cistos e larvas de agentes parasitológicos. Esse procedimento foi realizado em duplicata. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram analisadas 20 amostras diferentes de alface (Lactuca sativa), sendo 8 de feiras livres e 12 de supermercados, sendo 4 hidropônicas e 2 foram colocadas na água sanitária, as alfaces eram de folhas lisas e de folhas crespas. Das 6 alfaces do supermercado, todas estavam parasitadas (Tabela 1). Nas alfaces hidropônicas, 100% apresentaram algum parasito, como mostrado na Tabela 2. Das amostras de supermercados, 2 espécimes estavam infestados de insetos não identificados (Figura 7), e continham muita terra, o que denuncia um grave descaso em relação ao seu armazenamento ou ao seu cultivo. Tais características não foram encontradas nas alfaces hidropônicas, nem em nenhuma amostra lavada em água sanitária. Nas amostras de feiras livres (tabela 3), 100% delas estavam parasitadas. Nas amostras lavadas em água sanitária (2 amostras), a que foi lavada antes com sabão, não apresentou parasitos e a outra apresentou, como mostrado na Tabela 4. Figura 7 – Amostra infestada de insetos
  • 7.
  • 8. Nas amostras provenientes de supermercados (Tabela 1), Paramecium foi o mais encontrado (100% das amostras), seguidos por E. nana (83,3 %), E.coli e larvas de nematóides ( 50% das amostras) e Balantidium coli (33,3%). Nas alfaces hidropônicas (Tabela 2) o Paramecium segue sendo o mais encontrado (100% das amostras), seguido por larvas de nematóides (50%), G. lamblia, I. babutschlii, ciliados diversos e E. coli (25% das amostras). Nas amostras das feiras livres (Tabela 3), os parasitos mais encontrados foram a E. coli e larvas de nematóides (62,5% das amostras), seguidos por E. nana (50% das amostras), Paramecium (37,5% das amostras), I. butschlii (25% das amostras), S. stercoralis, ciliados diversos, G. lamblia e B. coli (12,5% das amostras). Naquelas lavadas em água sanitária (Tabela 4), os parasitos mais encontrados foram E. coli, Paramecium e larvas de nematóides (50% das amostras). Com base nas tabelas, é notável a alta incidência de E. coli, este parasito foi encontrado em 62,5% das amostras de feiras livres, em 50% das amostras de supermercado, e na lavada com água sanitária e em 25% nas hidropônicas. Em hortas comunitárias no município de Teresina, Piauí, MESQUITA et al (2015) encontraram valores similares para esse parasito, chegando à marca de 66,7% das amostras (120 amostras coletadas) infectadas por E. coli, o que revela um panorama similar entre as duas regiões analisadas. E. coli não é considerado um protozoário patogênico, assim como I. butschlii e E. nana, presentes nas amostras em menores quantidades, mas esse resultado indica que houve contato das alfaces com fezes humanas ou com água contendo os cistos desse parasito (ESTEVES & FIGUERÔA, 2009). E. coli um protozoário tipicamente encontrado parasitando o intestino de animais de sangue quente, podendo ser amplamente encontrado em suas fezes (NASCIMENTO et al., 2010.). Isso indica que metade das amostras tiveram algum tipo de contato com fezes de animais, seja durante seu processo de cultivo, ou durante seu armazenamento, o que configura uma questão séria de saúde pública. E. nana apareceu em proporções altas tanto em feiras livres (50% das amostras) quanto em supermercados (83,3% das amostras), porém esse parasito não foi encontrado nas alfaces do sistema hidropônico nem nas alfaces lavadas em água sanitária. Tal achado mostra uma discrepância em relação a outros trabalhos, como o de ALVES et al (2013), que coletaram 45 amostras de alface em supermercados de Cuiabá, Mato Grosso, encontrando apenas 2,22% das amostras infectadas por esse parasito. I. butschlii apareceu em 25% das amostras de feiras livres e em 25% das amostras hidropônicas. Em Curitiba, Paraná, MONTANHER et al (2007) coletaram 50 amostras de alfaces de restaurantes self-service, dentre as quais 4% delas estavam contaminadas por esse parasito, um percentual ainda menor do que foi encontrado no presente estudo. O Paramecium (Figura 8) é outro parasito que foi encontrado em abundância nas amostras, aparecendo em 37,5% das amostras de feira livre, em 100% das amostras de supermercado, em 100% das hidropônicas, e em 50% das lavadas em água sanitária. Esse resultado mostra uma realidade diferente da que BASTOS et al (2018) encontraram no município vizinho a Aracaju, São Cristóvão, uma vez que de 40 amostras analisadas por eles apenas 17,5% estavam contaminadas por esse parasito. Esse é um protozoário flagelado amplamente encontrado na água fornecida pelo sistema de abastecimento doméstico, apesar de não ser nocivo à saúde humana, sua presença nas amostras serve como bioindicador de contaminação por outros parasitas (PAIVA et al., 2016). Figura 8 –Paramecium (aumento 40X)
  • 9. Larvas de nematóides (Figura 9) estavam presentes em feiras livres (62,5% das amostras), em supermercados (50% das amostras), e até mesmo nas alfaces do sistema hidropônico (50% das amostras) e nas lavadas em água sanitária (50% das amostras), sendo que muitas dessas amostras continham múltiplas larvas, o que revela um alto grau de contaminação. Esses valores foram bem similares aos encontrados por GONÇALVES et al (2013), que também encontraram uma quantidade muito alta de larvas de nematóides em suas amostras provenientes de restaurantes self- service no município de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 21/45 (46,67%) delas continham esses parasitos. No município de Parnaíba, Piauí, MELO et al (2011) coletaram 22 amostras de alface de bancas de horticultores e de hortas comunitárias, encontrando 40,9% das amostras contaminadas por larvas do nematóide e Strongyloides spp., o que corrobora para um panorama similar. Figura 9 – Larva de nematóide (aumento 40X) Alguns parasitos foram encontrados esporadicamente, não aparecendo com tanta frequência, como é o caso da G. lamblia, um parasito que causa sintomas bem genéricos, como dores abdominais e diarreia, sendo transmitido também através de fezes contaminadas (PINHEIRO, 2022). Este um parasito patogênico cuja presença indica falta de cuidado com a água utilizada, o qual foi encontrado em 12,5% das amostras de feiras livres, e em 25% das alfaces hidropônicas. Resultado similar foi constatado por PERDONCINI et al (2016), que coletaram 33 amostras de alfaces comercializadas nos municípios de Chapecó e Xanxerê, Santa Catarina, das quais 18,18% possuíam cistos desse protozoário. Dentre aqueles que tiveram baixa ocorrência também há alguns achados de ciliados diversos, os quais não puderam ser classificados, sendo achados em apenas 12,5% das amostras de feira livre e 25% das amostras hidropônicas. O Balantidium coli (Figura 10) foi outro parasito encontrado muito pouco, apenas em 12,5% das amostras de feira livre e 33,3% das amostras de supermercados. O que mostra outra disparidade em relação à literatura levantada, na qual BRAUER et al., em 2016, encontraram dentre 38 amostras coletadas de estabelecimentos comerciais, no município de São Mateus, Espírito Santo, uma prevalência de 63,1% desse parasito. Sua presença é um indicativo de que as alfaces servidas in natura representam um grave perigo à saúde das pessoas (LUCAS et al., 2022), visto que pode causar balantidíase, sendo responsável por quadros de diarreia e de desinteria (SCHUSTER et al., 2008). Figura 10 – Balantidium coli (aumento 40X) Já o S. stercoralis estava presente apenas em 12,5% das amostras de feira livre, e não apareceu nos demais estabelecimentos. Porém, esse resultado foi diferente para GONÇALVES et al (2014), que dentre 30 amostras coletadas em feiras livres no Distrito Federal, encontraram esse parasita em 50% delas. Foi possível identificar esse parasito devido a presença do primórdio genital. Sua presença revela um panorama preocupante em relação à possibilidade de contágio (MACHADO et al., 2020).
  • 10. Foi possível observar que dentre todas as amostras analisadas, aquelas que tiveram maior grau de contaminação por parasitos, foram as coletadas em feiras livres, as quais apresentaram uma maior diversidade de agentes parasitários. Esse fato muito provavelmente se deve às condições nas quais as alfaces são expostas nas bancas, expostas ao toque de mãos contaminadas tanto de feirantes quanto de clientes, à poeira que circula no ambiente, e à água de má qualidade, com a qual elas são irrigadas. Houve muitos parasitos em alfaces provenientes do sistema hidropônico, nas quais foram encontradas desde protozoários como E. nana e E. coli, até larvas de vermes nessas amostras (Figura 11). O sistema hidropônico é caracterizado pela ausência de contato da alface com o solo, então uma das conclusões lógicas a que se chega é que o problema está na água utilizada para regar as hortaliças, uma vez que se notou uma similaridade muito grande dos parasitos encontrados tanto nas alfaces hidropônicas, quanto nas de cultivo tradicional. Esperava-se não haver achados parasitológicos nessas amostras, porém não foi o que aconteceu, uma vez que a incidência de parasitos provindos de alfaces hidropônicas foi alta. Outra hipótese a ser levantada é que a fonte de contaminação pode estar ligada às condições de depósito das alfaces, uma vez que os estabelecimentos onde elas foram coletadas não dispunham das melhores condições higiênicas possíveis, sendo a seção referente às alfaces sendo caracterizada pelo mau odor proveniente de hortaliças estragadas e pela falta de organização. Figura 11 - Larva encontrada na alface hidropônica (aumento 10X) Nas 2 amostras que foram colocadas de molho na água sanitária, uma apresentou larvas de nematóides (Figura 12) e protozoários, como o Paramecium (Figura 13). A única diferença que ocorreu entre elas, foi que a que não apresentou parasitos foi lavada com sabão, enxaguada em água corrente e colocada de molho na água sanitária e em seguida enxaguada novamente com água da torneira. Percebemos aqui que o processo de higienização das alfaces, antes de colocar na água sanitária é de fundamental importância e a maioria das pessoas não fazem, jogam diretamente na água sanitária. Não foi possível determinar se esses parasitos estavam vivos ou mortos. Figura 12 – Larva de nematóide encontrado na alface lavada em água sanitária (aumento 10X) Figura 13 – Paramecium encontrado na alface lavada em água sanitária (aumento 40X) A ausência de ovos de helmintos relatada neste trabalho, pode ser explicada pelo tratamento em massa das crianças em idade escolar (WHO, 2006; Brasil, 2017). Fato interessante ocorreu após o tratamento em massa, houve um aumento dos protozoários intestinais (MACCHIONI et
  • 11. al.; 2015; OLIVEIRA et AL.; 2020), o que é mostrado nesse trabalho onde houve predominância de protozoários. O saneamento básico no Brasil ainda é ineficiente, segundo o trabalho MEDEIROS & FERREIRA (2020) que avaliou o fornecimento de água e esgoto em diversas cidades brasileiras e observou que apenas 20% destas cidades apresentaram serviços classificados como eficientes. Isso justifica a presença de parasitos nas alfaces utilizadas nesse trabalho. CONCLUSÃO De maneira geral, a partir do que foi mostrado, é possível concluir que consumir alimentos crus, sem o devido cozimento, principalmente alface, é um risco que não vale a pena correr, mesmo havendo os devidos cuidados, uma vez que parasitos foram encontrados em uma amostra lavada em água sanitária. O dinamismo do cotidiano muitas vezes obriga as pessoas a adotarem estilos de alimentação que burlam medidas higiênicas, e resultam em infecções oriundas de parasitos. Tais parasitoses até hoje apresentam um quadro preocupante de saúde pública no Brasil, país cujo povo tem pouquíssima informação e engajamento acerca das mesmas, o que corrobora para a problemática. Dessa forma, o presente estudo encerra-se na expectativa de que as pessoas se atentem ao consumo da alface (Lactuca sativa) e possam viver mais conscientes dos riscos trazidos por ela, quando processos relacionados à sanitização e lavagem do vegetal são negligenciados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, J. et al. MONTAGEM DE SISTEMA HIDROPÔNICO. v. 6 n. 1 (2012): 6ª Jornada Acadêmica - Sustentabilidade e Ética: Oportunidade e Desafios na Formação Profissional, 2016. ALVES, A. et al. Parasitos em alface-crespa (Lactuca sativa L. ) de plantio convencional, comercializada em supermercados de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil / Parasites in conventionally planted curly lettuce (Lactuca sativa L. ) sold in supermarkets in Cuiabá, Mato Grosso, Brazil. 2013. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/li l-696201. Acessado em: 25/11/22; BASTOS, G. et al. AVALIAÇÃO PARASITOLÓGICA DAS ALFACES (lactuca sativa) DISPONÍVEIS PARA CONSUMO EM RESTAURANTES DO BAIRRO ROZA ELZE, SÃO CRISTÓVÃO, SE, 2018. Brasil. Informe Técnico Operacional: “V Campanha Nacional de Hanseníase, Verminoses, Tracoma e Esquistossomose”. Brasília: Ministério da Saúde; 2017. BRAUER, A. et al. Distribuição de enteroparasitos em verduras do comércio alimentício do município de São Mateus, Espírito Santo, Brasil. 2016. Disponível em: http://naturezaonline.com.br/natureza/conteudo/ pdf/NOL20151101.pdf . Acessado em: 25/11/22; CÂMARA, B. Principais metodologias utilizadas no exame parasitológico de fezes.2015. Disponível em: https://www.biomedicinapadrao.com.br/2015/02 /principais-metodologias-utilizadas-no.html . Acessado em: 02/01/23; DE CARVALHO SOUZA MACHADO, T. et al. PARASITOLOGICAL EVALUATION OF LETTUCE SERVED IN SCHOOL MEALS AT A FEDERAL STATE SCHOOL IN RIO DE JANEIRO, BRAZIL, 2020. DUARTE, E. et al. Análise da contaminação parasitária em compostos orgânicos produzidos com biossólidos de esgoto doméstico e resíduos agropecuários, 2008. ESTEVES, F. A. M.; FIGUERÔA, E. O. Detecção de entero parasitas em hortaliças comercializadas em feiras Livres do município de Caruaru, PE. Revista Baiana de Saúde Pública, v. 33, n. 2, pp. 184-193, 2009. GONÇALVES, R. G. et al. OCORRÊNCIA DE PARASITOS INTESTINAIS EM HORTALIÇAS COMERCIALIZADAS EM FEIRAS NO DISTRITO FEDERAL, BRASIL. 2014. Disponível em:
  • 12. https://revistas.ufg.br/iptsp/article/view/32216. Acessado em: 25/11/22; GONÇALVES, R. et al. Frequência de parasitos em alfaces (lactuca sativa) consumidas em restaurantes self-service de porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil / Frequency of parasites on lettuce (lactuca sativa) consumed in self- service restaurants of Port Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil, 2013. HENZ, G. et al. Tipos de alface cultivados no Brasil, 2009. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstrea m/doc/783588/1/cot75.pdf . Acessado em: 21/03/23 KIM, M. et al. NutritionalValue, bioactivecompoundsandhealthbenefitsoflettuce (Lactuca sativa L.). Journalof Food CompositionandAnalysis Volume 49, June 2016, Pages 19-34. LIMA, D. dos S. et al. DETERMINAÇÃO DE ESTRUTURAS PARASITÁRIAS EM ALFACES (Lactuca sativa L.) COMERCIALIZADAS EM ARACAJU, SERGIPE. Interfaces Científicas - Saúde e Ambiente, [S. l.], v. 7, n. 1, p. 87–94, 2018. DOI: 10.17564/2316-3798.2018v7n1p87-94. Disponível em: https://periodicos.set.edu.br/saude/article/view/6 008. Acesso em: 30 mar. 2023. LUCAS, J. et al. The PresenceofPotentiallyPathogenicProtozoa in Lettuce (Lactuca sativa) Sold in Markets in the Central Peruvian Andes, 2022. MACCHIONI, F. et al. Dramatic decrease in prevalence of soil-transmitted helminths and new insights into intestinal protozoa in children living in the Chaco region, Bolivia. Am J Trop Med Hyg. 2015;92(4):794-6. MARIE, C. et al. Considerações gerais sobre infecções parasitárias, 2021. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt- br/casa/infecções/infecções-parasitárias- considerações-gerais/considerações-gerais- sobre-infecções-parasitárias. Acessado em: 06/04/2021. MEDEIROS, F. et al. Segurança dos alimentos: influência sazonal na contaminação parasitária em alface (Lactuca sativa L.) comercializada em feiras livres de Belém, Pará. 2019. Disponível em :https://www.scielo.br/j/bjft/a/Fk3SJDpPRsWN WpmvTV4vBLp/?lang=pt&format=html . Acessado em: 25/11/22; MEDEIROS R., FERREIRA, T.. The impact of inefficient and inadequate sanitation diseases on the average cost of hospital admissions in brazilian municipalities. Estudo & Debate. 2020; 27(2):88-107. MELO, A. et al. Contaminação parasitária de alfaces e sua relação com enteroparasitoses em manipuladores de alimentos. Revista Trópica – Ciências Agrárias e Biológicas V. 5, N. 3, p. 47, 2011. MESQUITA, D. et al. OCORRÊNCIA DE PARASITOS EM ALFACE-CRESPA (Lactuca sativa L.) EM HORTAS COMUNITÁRIAS DE TERESINA, PIAUÍ, BRASIL. 2015. Disponível em :https://revistas.ufg.br/iptsp/article/view/34802. Acessado em: 25/11/22; MONTANHER, C. et al. AVALIAÇÃO PARASITOLÓGICA EM ALFACES (Lactuca sativa) COMERCIALIZADAS EM RESTAURANTES SELF-SERVICE POR QUILO, DA CIDADE DE CURITIBA, PARANÁ, BRASIL, 2007. NASCIMENTO C, et al. Entamoeba coli no homem e nos animais domésticos, 2010. Disponível em: https://repositorio.ipv.pt/handle/10400.19/1462. Acessado em: 07/11/22; NEVES, D. P. Parasitologia Humana. Editora ATHENEU RIO, p. 7-8, 11° edição, 2006; NEVES, D. P.; MELO, A. L.; LENARDI, P. M.; VITOR, A. W. Parasitologia humana. Editora ATHENEU, p. 7-9, 13° edição, 2016; PACIFICO, B. B. et al. 2013. Contaminação parasitária em alfaces crespas (Lactuca sativa var. crispa), de cultivos tradicionais e hidropônicos, comercializadas em feiras livres do Rio de Janeiro (RJ). Disponível em:
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