1. Situações que a rotina deve contemplar
ATIVIDADES PERMANENTES - Estas se repetem de forma sistemática e
previsível, semanal ou quinzenalmente, e oferecem a oportunidade de contato
intenso com um tipo de texto específico em cada ano da escolaridade, e são
particularmente apropriadas para se comunicar certos aspectos do
comportamento leitor.
# Leitura pelo professor/deleite – Diariamente e com diversidade de gêneros. Textos com
qualidade literária. Escolher histórias de boa qualidade: com uma trama instigante,
engraçada ou emocionante, linguagem que se diferencie da linguagem falada, personagens
bem construídos.
# Leitura pelo aluno – Deve também ter uma frequência grande – duas a três vezes por
semana -, envolver uma diversidade de propósitos e contemplar diferentes gêneros. Os
alunos recém-alfabéticos são leitores inexperientes e por isso ainda não tem muita
autonomia. Assim, precisam de atividades destinadas a contribuir para que adquiram
fluência na leitura, para tanto o professor deve organizar uma situação intermediária entre
ouvir a leitura e ler por si mesmo, como se fosse uma tutoria para a leitura.
# Atividades de análise e reflexão sobre o sistema – Diariamente – sendo: 3 vezes para
atividade de escrita e 2 vezes para atividade de leitura (ler sem saber ler – leitura por
ajuste, utilizando as estratégias de leitura e índices fornecidos pelos textos) – de forma
individual, coletiva ou em duplas (com critérios de agrupamentos produtivos: saberes dos
alunos, características pessoais e objetivo da atividade – se é de escrita ou de leitura).
# Atividades de comunicação oral- Situações que permitam emitir opiniões sobre
acontecimentos , curiosidades, etc.
- Roda da conversa – Diariamente. Realizada com tema pré-determinado, com foco no
desenvolvimento da produção oral das crianças, sendo que o assunto deve ser compartilhado
por todos.
Roda da biblioteca – Uma vez por semana. Com diversas finalidades: apreciar a
qualidade literária dos textos, conhecer diferentes suportes de textos.
roda de indicação literária – Uma vez na semana. Organizada de maneira que
algumas crianças possam fazer indicação de livros que leram durante a semana, trocando-os
entre si.
roda do reconto – Uma vez na semana. Um ou mais alunos (previamente combinado
com a professora) recontam a história lida (em casa), recuperando os fatos,
acontecimentos, expressões literárias, utilizando a linguagem que se escreve.
2. ATIVIDADES SEQUENCIADAS - Periodicidade de acordo com o que for
trabalhado. São situações didáticas articuladas que possuem uma sequência
de realização cujo principal critério são os níveis de dificuldades. No caso
da leitura, as sequências incluem situações de leitura cujo único propósito
explícito, compartilhado com os alunos, é ler. Contribuem, em compensação,
para cumprir vários objetivos didáticos: comunicar o prazer de ler
simplesmente para conhecer outros mundos possíveis, desenvolver as
possibilidades dos alunos apreciarem a qualidade literária (e detectar sua
ausência), formar critérios de seleção de material a ser lido, gerar
comportamentos leitores como o rastreamento de um determinado gênero,
tema ou autor.
# Produção textual – Pelo menos uma vez na semana. Planejar atividades que envolvam
situações reais de comunicação, e que a finalidade de cada texto seja respeitada em cada
proposta. Os alunos vão se apropriando da linguagem escrita ao realizar algumas atividades:
leituras , recontos, reescritas e produções de textos, considerando os diferentes gêneros.
É possível ensinar a linguagem que se escreve em situações em que a leitura e a escrita são
providas de sentido.
Reescrita – A reescrita é uma atividade de produção textual com apoio, é a escrita de
uma história cujo enredo é conhecido e cuja referência é um texto escrito. Quando
os alunos aprendem o enredo, junto vem também a forma, a linguagem que se usa para
escrever, diferente da que se usa para falar. Ao reescrever, as crianças recuperam
os acontecimentos das narrativas, utilizam a linguagem que se escreve, organizam
junto com os colegas o que querem escrever, controlam o que já foi escrito e o que
falta escrever.
Revisão – Revisar para aprender a escrever. A revisão de um texto vai muito além da
correção ortográfica. Ao revisar a produção escrita com os alunos, o professor deve
focar aspectos do texto que precisam ser melhorados, tendo em vista o discurso e a
intenção comunicativa. À medida que fazem coletivamente a revisão, a professora lê o
trecho revisado e o que resta revisar. Este resgate permanente da história
possibilita o confronto, reelaboração e ajustes de saberes. É uma forma de revisar o
texto com outro olhar. Um olhar que se soma e se articula ao olhar do outro, pois a
interação com o objeto de conhecimento e com os outros sujeitos desempenha um
papel fundamental. Revisar coletivamente um texto conhecido por todos possibilita a
intervenção de um no que foi produzido pelo outro, fazendo modificações, supressões,
substituições, acréscimos etc. O conhecimento de um ativa e reformula o
conhecimento do outro.
- Análise de texto bem escrito – Uma vez na semana. O professor pode escolher um
texto (de um bom autor) ou um fragmento dele, já lido para os alunos. Sem precisar
empreender uma exaustiva análise do texto, é importante o professor garantir o contato e a
frequência desse tipo de leitura nas aulas, convocando os alunos a observar quais
expressões acham bonitas, interessantes e os recursos que o autor usou para deixar o texto
3. mais polido e agradável de ler.
Ler sempre para os alunos, ou com eles, dirigindo sua atenção para os
recursos interessantes utilizados pelo autor, significa compreender que a língua escrita é
objeto de conhecimento a que todos, por direito, devem ter acesso.
Entre os muitos aspectos da abordagem de um texto, propõe-se observar a
composição textual, isto é, valorizar os modos de combinação da forma discursiva utilizada
pelo autor – isto requer que se olhe o texto como objeto estético. Olhar a forma como o
texto é tecido tem a ver com os elementos da textualidade: a coerência e a coesão. A
coerência está ligada ao conhecimento que o leitor tem acerca daquilo sobre o que lê. Nesse
caso, a situação comunicativa, a intencionalidade e as pistas que o autor vai deixando ao
longo do texto são elementos que ajudam a construir seu significado.
Sabemos que ler o texto dessa forma é um desafio para o professor; no
entanto, é possível construir essa competência. A literatura, a arte da palavra, nos oferece
muitas possibilidades. Ela provoca um diálogo com o autor, estimula a participação e trava
um jogo de sedução, envolvendo quem a produz e quem a recebe.
- As situações de reflexão sobre ortografia precisam ser frequentes para os alunos
que já escrevem alfabeticamente: no mínimo duas vezes por semana. Enquanto isso, os que
ainda não leem nem escrevem fazem atividades de análise e reflexão sobre o sistema.
PROJETOS DIDÁTICOS – Periodicidade de acordo com o que for trabalhado
– sugestão: trabalhar duas vezes na semana. Além de oferecer contextos nos
quais a leitura ganha sentido e aparece como uma atividade complexa, cujos
diversos aspectos se articulam ao se orientar para a conquista de um objetivo,
os projetos permitem uma organização muito flexível do tempo em função de
um objetivo que se queira alcançar: um projeto pode ocupar somente uns dias
ou se desenvolver ao longo de alguns meses. Os projetos de maior duração
oferecem a oportunidade de compartilhar com os alunos o planejamento das
tarefas e sua distribuição no tempo: uma vez fixada a data em que o produto
final deve estar pronto, é possível discutir um cronograma retroativo e definir
as etapas necessárias, as responsabilidades que cada grupo deve assumir e as
datas que terão de ser respeitadas para que o objetivo seja alcançado no
prazo previsto. Por outro lado, a sucessão de projetos diferentes – em cada
ano letivo e, em geral, ao longo da escolaridade – torna possível voltar a
trabalhar com a leitura sob diferentes pontos de vista, para cumprir
diferentes propostos e a partir de diferentes tipos de texto.