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ANÁLISE DOS CONTROLES INTERNOS DE ESTOQUE DE PRODUTOS
PRONTOS: ESTUDO DE CASO EM UMA DISTRIBUIDORA DE AÇO DA CIDADE
DE CACHOEIRINHA – RS
ANALYSIS OF INTERNAL CONTROLS OF FINISEHD STOCK: A CASE STUDY ON A
STEEL WAREHOUSE IN THE CITY OF CACHOEIRINHA – RS
FILIPE MARTINS DA SILVA
Mestrando em Controladoria e Contabilidade do PPGA da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS). E-mail: filipemdasilva@gmail.com
VANESSA CHAVES CARDOSO
Graduada em Ciências Contábeis, Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha (CESUCA).
E-mail: nessa.alfaparf@gmail.com
Endereço: Rua Mariz e Barros, 279. Bairro São Caetano. Alvorada (RS). CEP: 94.820-410
Recebido em: 12/10/2016 Revisado por pares em: 01/12/2016 Aceito em: 20/12/2016
RESUMO
A contabilidade possui como uma das suas principais funções, fornecer informações
fidedignas e confiáveis para as tomadas de decisões empresariais. Para isso, utiliza-se de
instrumentos como os controles internos, dentre eles o controle de estoques. Neste contexto, o
presente estudo teve como objetivo geral analisar os controles internos de produtos prontos de
uma distribuidora de aços no município de Cachoeirinha – RS, utilizando-se de uma pesquisa,
descritiva; com abordagem qualitativa; com aplicação de um estudo de caso; e com a coleta
de dados ocorrida através de observação, entrevistas semiestruturadas e análise de
documentos. Dentre os mecanismos de controle de estoque utilizados pela empresa em
estudo, identificaram-se a utilização de um software de gerenciamento e contagem física
semestral dos produtos prontos. Os problemas observados no controle de estoque relacionam-
se a erros de armazenagem, falhas de comunicação, deficiências nos procedimentos de
definição do estoque de segurança, problemas de transferências entre filiais, falta de
conscientização e baixa acuracidade de estoque. Diante disso, as proposições de melhorias ao
controle de estoque da empresa buscam auxiliar para que haja maior conhecimento,
conscientização e redirecionamento estratégico na gestão de estoques da empresa, agindo em
pontos específicos: adoção da Curva ABC no controle de estoques; determinação adequada do
estoque de segurança; inventários rotativos; uso de indicadores no controle de estoques; e
treinamentos. O estudo revela que o controle de estoque possui uma importância relevante nas
empresas, pois havendo um controle eficiente, refletirá o estoque físico e contábil de maneira
fidedigna.
Palavras-chave: Contabilidade. Controles internos. Controle de estoques.
ABSTRACT
One of the main functions of Accountancy is to provide accurate and reliable information for
decision making. For this reason, tools such as internal controls, including inventory control
have been used. In this context, this study aims to analyze the internal controls of finished
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products of steel distributor in the city of Cachoeirinha - RS, a descriptive study according to
its main aim. Additionally, a qualitative approach based on a case study. Data collection
occurred through observation, semi-structured interviews and document analysis. Among the
inventory control mechanisms used by the company under study, a management software was
also identified that has been used to semi-annual physical count of finished products. The
problems observed in the inventory control are related to storage errors, miscommunication,
inconsistencies in safety stock setting procedures, problems of transfers between branches,
lack of awareness and low accuracy of stock. Therefore, proposals for improvements are
hereby suggested to improve inventory control to assist for greater knowledge, awareness and
strategic redirection in the company's inventory management, acting on specific points:
adoption of ABC curve in inventory control; proper determination of the safety stock; rotating
inventories; use of indicators in inventory control; and training. The study shows that the
inventory control has great importance in business. If there is an effective stock control,
physical and accounting inventory will reflect more reliability.
Key-words: Accounting. Internal controls. Inventory control.
1 INTRODUÇÃO
O mundo dos negócios está constante mudança e as empresas fazem parte desta
conjuntura. Diante do aumento da competitividade, um dos pontos que tem contribuído
expressivamente para as decisões empresariais é a necessidade e agilidade das informações,
sendo que, neste cenário, os controles internos possuem um importante papel, resguardando
os ativos de possíveis erros e fraudes.
Neste contexto, os controles internos aplicados tem grande importância nas
organizações, visto que é a função administrativa que tem por objetivo medir e corrigir o
desempenho, assegurando a realização das metas e objetivos da organização.
(CHIAVENATO, 2014). Quanto à necessidade da utilização do controle interno, o mesmo
mostra-se relevante, pois é um processo integrado e operado pela empresa, com a intenção de
fornecer segurança tanto às atividades administrativas quanto às operacionais, diminuindo as
possibilidades de desvios de ativos e descumprimento de normas internas (LINS, 2014).
O controle de estoque é área que requer grande atenção dos controles internos são os
estoques, pois é um elemento gerencial essencial na administração (CORRÊA; GIANESI;
CAON, 2013) e são bens que estão relacionados com os objetivos e as atividades da empresa
(ALMEIDA, 2012), e desta forma, influenciam no resultado da empresa.
É habitual encontrar indústrias que enfrentam dificuldades em relação ao controle de
estoques, principalmente em relação às quantidades físicas que divergem das apresentadas
pelo sistema de controle adotado. Essas divergências causam desencontros de informações
para os gestores e para a contabilidade, com repercussão inclusive na área comercial.
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Em função desde cenário identificou-se necessidade em aprofundar o estudo sobre os
controles internos de estoques nas empresas, pois conforme Nascimento e Reginato (2010), a
falta ou ineficiência dos controles internos podem levar os gestores a tomarem decisões
inadequadas ou gerarem prejuízo para organização.
Desta forma, foi definido como problema do estudo: quais os controles internos de
estoque de produtos prontos são necessários para reduzir divergências em uma empresa
distribuidora de aços?
O objetivo geral do estudo consiste em analisar os controles internos de estoques de
produtos prontos de uma distribuidora de aços localizada do município de Cachoeirinha - RS.
Já os objetivos específicos são: (a) apresentar o funcionamento atual do processo de estoques
da empresa; (b) identificar os controles internos de estoques (entradas e saídas) de produtos
prontos utilizados pela empresa; e, (c) propor possíveis ações para melhorar o controle de
estoques de produtos prontos da organização.
A aplicação dos controles internos na área de estoques é importante, pois, segundo
Lunkes (2010), sua adoção é fundamental para garantir que as atividades da organização se
realizem de forma desejada pelos gestores e contribuir para a manutenção e melhoria da
posição competitiva e a consecução das estratégias, planos, programas e operações da
organização, pois com a sua falta, irá prejudicar sua eficiência e o seu patrimônio.
O estudo está divido em cinco seções, sendo a primeira seção a introdução,
apresentando a contextualização do tema, o problema e os objetivos da pesquisa. A segunda
seção traz o referencial teórico, abordando conceituações sobre controles internos e controle
de estoques. Já a terceira seção detalha os procedimentos metodológicos. Na quarta seção,
realiza-se a apresentação e análise dos resultados. Na quinta seção são apresentadas as
considerações finais da pesquisa realizada.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção serão apresentados as funções do controle de estoque, planejamento e
formas de controle de estoques, controle interno e os princípios de controles internos.
2.1 FUNÇÕES DO CONTROLE DE ESTOQUES
Conforme Moreira (2006, p. 463), o estoque pode ser entendido como toda e
qualquer quantidade de bens físicos que são conservados "de forma improdutiva", por certo
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período de tempo. Já Martins et al. (2006) complementam que os estoques podem ser
compostos por produtos prontos, prontos para vender, ou por matéria-prima e componentes,
que serão utilizados no processo produtivo. Também há os estoques em processo, que estão
sendo trabalhados no processo de produção. Inclusive, Corrêa, Gianese e Caon (2009) veem o
estoque em processo como materiais semiacabado, conforme demonstrado na Figura 1.
Figura 1 – Gestão de estoque e o fluxo de material
Fonte: Ching (2001, p.33)
Conforme demonstrado na Figura 1, a gestão de estoques associa o ambiente externo à
empresa (como os fornecedores), com todos os processos internos organizacionais (compras,
processamento e montagem) e, novamente, após a distribuição dos produtos finais, ao
ambiente externo (que são os clientes), auxiliando na geração de caixa ao negócio.
Neste sentido, Ching (2001) comenta que a administração de estoques, também
chamado de gestão de estoque, está interligada a diversas funções ou atividades: de compras,
de acompanhamento, gestão e armazenagem, planejamento e controle da produção e gestão da
distribuição físicas dos materiais.
Além disso, Martins et al. (2006) afirmam que gestão de estoque diz respeito a
diversas ações que permitem ao gestor verificar se os estoques estão sendo utilizados
adequadamente, se estão bem localizados em relação às áreas que deles precisam, bem
manuseados e bem controlados. Estes autores complementam que, para verificar se os
estoques atendem os requisitos destacados, é possível utilizar alguns indicadores como:
produtividade na análise e controle dos estoques, sendo que o mais usado é a verificação de
diferenças entre o inventário físico e contábil, acuracidade de estoques, nível ser serviços
(atendimentos), giro de estoques e coberturas dos mesmos.
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No entanto, Beckedorff e Garcia (2007) alertam que a gestão de estoques deve ser
analisada sob a visão estratégica da empresa, e não somente pela compreensão de enfoque
operacional. Como a gestão de materiais envolve todas as atividades relacionadas ao longo do
sistema de valores, é necessária que a administração de estoques seja parte integrante de
tomadas de decisões estratégicas da empresa. Como ressaltam Corrêa, Gianesi e Caon (2009,
p.29), a gestão do estoque “trata-se de um elemento gerencial essencial na administração de
hoje e do futuro”. As empresas devem entender que gerir estoque consiste em analisar sua
realidade empresarial no mercado, organizar seus estoques estrategicamente, de maneira que
não sobre materiais desnecessariamente, mas que não falte quando preciso. Essa seria a
essência da gestão de estoques.
Percebe-se, pelos apontamentos dos autores Martins et al. (2006) e Beckedoftt e
Garcia (2007), que a gestão de estoques tem uma função primordial para o sucesso do negócio
da empresa. Precisa ser compreendida não mais como um aspecto operacional, mas como um
princípio estratégico da organização. Por outro lado, a gestão de estoques enfrenta o desafio
de não deixar faltar material, quando necessário, mas, também, não onerar os custos da
empresa por manter estoques desnecessários.
2.1.1 Planejamento e Formas de Controle de Estoques
No entendimento de Pozo (2009, p.38), o controle de estoque, propriamente dito,
consiste nos procedimentos de controle usados para registrar, fiscalizar e gerir entradas e
saídas de mercadorias da organização. Nas palavras do autor: "o termo controle de estoques é
uma função da necessidade de estipular os diversos níveis de materiais e produtos que a
organização deve manter, dentro de parâmetros econômicos”.
Ching (2001) e Corrêa, Gianesi e Caon (2009) salientam que o controle de estoque
pode ser feito através da interligação entre os métodos de planejamento e monitoramento de
níveis de estoque, dentre eles: Curva ABC; sistema de reposição periódica; revisões contínuas
ou ponto de reposição; método dos máximos e mínimos; JIT (just-in-time); estoque de
segurança; acompanhamento da acuracidade; inventário geral, dinâmico, rotativo ou por
amostras; e verificação da movimentação interna.
Para Corrêa, Gianesi e Caon (2009), a Curva ABC consiste em classificar os itens de
estoque em três grupos, com base em seu valor total anual de uso. Os estoques da curva ABC
se dividem em três grupos. Produtos A são constituídos de poucos itens (de 10 a 20% dos
itens) e exige maior investimento, precisa de maior atenção. Representam, em média, de 60 a
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80% do investimento em estoque. Os produtos B são compostos por um número médio de
itens (20 a 30% do geral), exigem também investimentos elevados, porém menores que os
produtos A, e necessitam de conferências frequentes. Representam em torno de 20 a 30% do
investimento total. E os produtos C constituem-se por um grande número de itens e de
pequenos investimentos. Exige controle mais simples e representam, em média, 5 a 10% dos
investimentos em estoque, englobando de 50 a 70% do total de itens.
Martins et al. (2006) complementam que já no sistema de reposição periódica, depois
de transcorrer um determinado tempo, um novo pedido de compra para o item deve ser
emitido. Para determinar o dia exato da emissão do pedido de compra, precisa-se verificar a
quantidade ainda disponível em estoque e comprar o que falta para atingir o estoque máximo,
que também deve ser determinado antecipadamente, através do seguinte cálculo: Quantidade
a ser pedida = estoque máximo – estoque atual.
As revisões contínuas ou ponto de reposição consistem em encomendar, ou
providenciar o ressuprimento de um determinado item, quando o mesmo atinge o nível
estipulado como ponto de reposição. Chopra (2003) destaca que para uma política de revisão
contínua, utilizam-se sistemas tecnológicos que monitoram o estoque. Martins et al. (2006)
explicam que o sistema de revisões contínuas consiste em disparar um pedido de compra
quando o estoque do item chegar à quantidade determinada previamente.
Accioly, Ayres e Sucupira (2008) esclarecem que o método dos máximos e mínimos
é bastante usado em itens de demanda muito irregular, principalmente quando essa demanda
ocorre em pequenas quantidades. A principal característica do método dos máximos e
mínimos, é que o ponto de reposição é uma quantia arbitrária fixada como estoque mínimo, e
precisa ser calculada levando em conta que esse estoque mínimo seja suficiente para atender
às demandas até o material comprado vir do fornecedor. O momento exato de realizar a
reposição do item é quando o estoque atual, acrescido das ordens já colocadas com o
fornecedor, é inferior ao do estoque mínimo.
Martins et al. (2006) entendem que o sistema JIT (just-in-time) é um método de
produção com objetivo disponibilizar os materiais que a manufatura precisa, somente quando
for restritamente necessário para que o custo de estoque seja menor. O kanban, que faz
movimentar o Just in time, é fundamentado na qualidade e flexibilidade das etapas de
aquisição, podendo disparar tanto as operações de produção, quanto um processo de compra
de matéria-prima.
Outra forma de auxiliar no processo de planejamento e monitoramento de estoque é
determinar o estoque de segurança, que para Chopra (2003) consiste em que o estoque de
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segurança é mantido com o objetivo de atender a uma demanda que ultrapassa a quantidade
prevista para certo período. Devido a diversos fatores que podem influenciar na inexatidão da
demanda, o estoque de segurança faz-se essencial para suprir as diferenças entre o consumo
previsto e o realizado. Porém para Figueiredo, Fleury e Wanke (2006, p.363), é preciso cuidar
para não subdimensionar ou superestimar o estoque de segurança.
Um dos aspectos relevantes para um controle efetivo de estoque é a medição da
acuracidade de estoque. Para Accioly, Ayres e Sucupira (2008), acuracidade do estoque é
sinônimo de confiabilidade e qualidade da informação. Ou seja, a acuracidade pode ser
medida pela contagem física em confronto com a quantidade registrada no sistema. Qual o
percentual de itens corretos (físico e sistema) dos itens conferidos fisicamente no estoque.
Para o monitoramento do estoque é indicado realizar inventário geral, dinâmico,
rotativo ou por amostras. Conforme Accioly, Ayres e Sucupira (2008), o inventário geral
ocorre quando todos os itens do estoque da empresa são contados, especialmente, no
fechamento contábil do exercício anual. O inventário dinâmico é a contagem de um item
sempre que ele é movimentado. Já o inventário rotativo consiste em contagem física contínua
de grupo de itens em estoque, por meio de um planejamento mensal, semanal ou diária. Por
fim, o inventário por amostra é empregado em procedimentos de auditoria, no qual se contam
apenas alguns itens que represente uma boa amostra do universo de itens da empresa.
Além disso, é importante analisar a movimentação interna de itens ou grupo de itens.
Para Martins et al. (2006) avaliar se a documentação de saída (baixa) de material está
correspondendo ao o que realmente está saindo fisicamente do estoque. É relevante ainda
verificar se as entradas pelas notas fiscais estão de acordo com o material que foi recebido na
prática, além de averigua se as ordens de compra e ordens de produção/fabricação realmente
estão lançadas corretamente, pelo comparativo entre estoque físico e o registrado no sistema.
Através de conferências amostrais, podem-se identificar as principais causas das diferenças
entre o estoque físico e do sistema.
2.2 CONTROLES INTERNOS
Entende-se por controles internos todos os instrumentos da organização destinados à
vigilância, fiscalização e verificação administrativa, desde que permita prever, observar,
gerenciar ou governar os acontecimentos que influencie o patrimônio da empresa (SANTOS,
2007).
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Os controles internos é um mecanismo que as empresas utilizam para assegurar seus
ativos, dando apoio aos que utilizam, e como conservação da integridade da empresa, não
apenas aos aspectos diretos relacionadas com funções de contabilidade e finanças, mas a todas
as áreas de uma organização, além de ser utilizado para proteger os ativos, produzir dados
contábeis confiáveis e ajudar a administração na condução ordenada dos negócios da empresa
(ALMEIDA, 2012).
Conforme Antony e Govindarajan (2001), através do controle organizacional
delimitam-se as dimensões dos controles e procedimentos internos, pois é ele quem adéqua
melhores condições de segurança aos registros, de forma íntegra é assegurada. A dimensão
dos controles é o modo formal, que padroniza a parte administrativa, e controla as transações
ocorridas que envolvem tanto o uso como o manuseio de seus ativos.
Para Crepaldi (2002) os controles internos possuem expressiva importância em uma
empresa, pois, na aplicação dos procedimentos nas empresas, podem ocorrer falhas ou
distorções, erros de juízo, descuidos e diversos outros fatores humanos, que Roehl-Anderson
e Bragg (1996, p.104) complementam que "[...] controles internos são como um grande
número de normas e procedimentos que podem ser estabelecidos para alcançar os objetivos
concretos de uma organização”.
Almeida (1996) e Crepaldi (2002) concordam que os controles internos consistem em
um conjunto de operações que monitoram os procedimentos e mecanismos que certificam a
operação realizada de forma individual. Ainda, o monitoramento, que é o processo de
supervisionar, tem como finalidade identificar possíveis erros e falhas no processo ou a sua
inexistência, buscando proporcionar maior controle nas operações e registros, contábeis ou
não, da empresa como um todo.
2.2.1 PRINCÍPIOS DE CONTROLES INTERNOS
Os princípios de controle, segundo Nascimento et al. (2009), são as regras básicas dos
sistemas de controles internos, criadas e delineadas conforme o ramo a ser aplicada e segundo
seu ciclo operacional. A Figura 2 demonstra os aspectos que influenciam na gestão e no
sistema de controle.
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Figura 2 - Aspectos de influenciam na gestão
Ambiente de controle
Crenças
MODELO DE GESTÃO
Valores
Organização
formal
Atitude e
Compromisso da
administração
Métodos
Atitudes e Compromisso
dos funcionários
Avaliação e
Gerenciamento dos
Riscos
Sistemas de
controles
Internos
Fonte: Nascimento et al. (2009, p.107)
Pela Figura 2, o modelo de gestão é influenciado pelas crenças e valores da
organização e em função desse contexto e dos objetivos da empresa, desenvolve-se um
sistema (s) de controle interno (s), dentro do ambiente de controle. Conforme Nascimento et
al. (2009), os sistemas de controles internos interligam-se a cinco pontos fundamentais:
métodos de trabalho; atitudes e compromissos das pessoas; gerenciamento de riscos;
comprometimento da alta administração e organização formal.
Para Sá (1993), os sistemas de controles mudam de acordo com a empresa e devem
possuir os seguintes princípios: (a) um plano na empresa e distribuir responsabilidades; (b)
regime de autorização e de registros que assegurem um controle contábil sobre os
investimentos, financiamentos e sistemas de resultados da empresa (custos, receitas,
objetivos, metas, orçamentos, etc.); c) zelo aos seres humanos quanto ao desempenho das
funções a eles atribuídas; e d) pessoal qualificado e que realmente saiba trabalhar com
responsabilidade. Conforme Nascimento et al. (2009), um ponto fundamental dos sistemas de
controles internos é o controle de estoques.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Nesta seção expõe-se a classificação de pesquisa e formas de coleta e análise de dados.
Com base em Gil (2009), o presente estudo classifica-se como uma pesquisa descritiva,
quanto aos seus objetivos; pesquisa qualitativa, quanto a sua abordagem; e elaborada por meio
de uma pesquisa de campo, quanto ao seu procedimento.
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RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487
A presente pesquisa é qualitativa, pois se baseia sobre uma realidade subjetiva da
empresa, onde os dados são analisados através da interpretação e experiências dos
profissionais que atuam no controle de estoque da empresa estudada. Neste sentido, Stake
(2011, p.41) comenta que "não existe uma única forma de pensamento qualitativo, mas uma
enorme coleção de formas: ele é interpretativo, baseado em experiências, situacional e
humanístico". Gil (2009) acrescenta que a pesquisa qualitativa considera que existe uma
relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito. Essa relação seria um vínculo indissociável
entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito, que não pode ser traduzido em números,
sendo que a interpretação dos dados não requer uso de métodos e técnicas estatísticas, nas
pesquisas qualitativas.
O estudo também é classificado como descritivo, pois busca esclarecer determinadas
características e análise do comportamento de determinadas população. (RAUPP; BEUREN,
2013). A pesquisa descritiva preocupa-se em registar, observar, analisar e classificar os fatos
observados, sem a interferência do pesquisador (ANDRADE, 2002). Gil (2009) afirma que
estas pesquisas têm como objetivo principal descrever característica de uma determinada
população, estabelecendo de relação entre variáveis, e que possui como característica técnicas
padronizadas de coletas de dados.
Do mesmo modo, ainda é classificado como estudo de caso, uma vez que a aplicação
da pesquisa foi realizada em uma empresa: uma distribuidora de aços localizada na cidade de
Cachoeirinha - RS. Segundo Yin (2005), os estudos de casos representam a estratégia
preferida quando se colocam questões do tipo “como” e “por que”, quando o pesquisador tem
pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos
inseridos em algum contexto da vida real. Gil (2009) explica que o estudo de caso tem como
propósito descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação e
formular hipóteses ou desenvolver teorias, entre outros.
A unidade de análise é uma distribuidora de aços situada na cidade de Cachoeirinha -
RS. A empresa possui cinco filiais distribuídas nas cidades de São Paulo, Santa Catarina e
Paraná. Atualmente, a empresa possui 370 funcionários e sua matriz localiza-se na cidade de
Cachoeirinha - RS. É justamente na matriz que se encontra a parte administrativa da
organização, realizando o controle dos estoques de produtos prontos entre todas as filiais.
A confiabilidade de um estudo de caso é garantida pela utilização de várias fontes de
evidências de coleta de dados, pois eleva o grau de significância dos achados. Esse processo é
denominado triangulação (MARTINS; THEÓPHILO, 2009). A triangulação utilizada na
SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 13
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coleta de dados do estudo foi através de observação, entrevistas semiestruturadas e análise de
documentos.
A observação é uma técnica de coleta de dados na qual o pesquisador utiliza os
sentidos para extrair determinados elementos da realidade observada (COLAUTO; BEUREN,
2013), além de ser possível explorar os fatos e fenômenos estudados (LAKATOS;
MARCONI, 2010). Nas entrevistas semiestruturadas (apresentadas no Quadro 1), não existe
rigidez de roteiro, pois, conforme Silva e Menezes (2005, p. 33), é possível explorar mais
amplamente algumas questões. Inicialmente, foram utilizadas questões ligadas ao processo de
controle de estoques de produtos prontos da empresa e, quando necessário, foram
acrescentadas novas perguntas para complementar as respostas. O roteiro da entrevista está
apresentado no Quadro 1.
Quadro 1 – Roteiro da entrevista
1) Explique quais são e no que consistem os controles de estoques de produtos prontos utilizados pela empresa.
2) Há algum tipo de controle sobre a acuracidade do estoque de produtos prontos (comparativo entre estoque
contábil & estoque físico).
3) Descreva os problemas que você tem observado no controle de estoques dos produtos prontos da empresa.
4) Na sua concepção, o que poderia ser feito para melhorar o controle de estoque de produtos prontos da
empresa?
5) Você gostaria de fazer mais algum comentário sobre o controle de estoque de produtos prontos da empresa?
Se sim, descreva-o.
Fonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2015)
Consta no Quadro 1 o roteiro de entrevista semiestruturada, pois para Flick (2004, p.
89), "está associado com a expectativa de que é mais provável que os sujeitos entrevistados
expressem os seus pontos de vista numa situação de entrevista desenhada de forma
relativamente aberta, do que numa entrevista estandardizada ou num questionário".
Os funcionários que foram observados e responderam a entrevista foram: o
responsável pelo controle de estoque, uma auxiliar do controle de estoque e um auxiliar do
faturamento da empresa.
Também por ter sido realizada uma análise documental, que consiste em utilizar de
documentos para trazer conhecimento de background ao campo de interesse, e por se tratar de
material pré-existente, é denominado de documentação indireta. A documentação indireta
pode ser coletada através de fontes primárias (MARCONI; LAKATOS, 2010), que consistem
em documentos que contém informações que não receberam tratamento analítico.
(COLAUTO; BEUREN, 2010) e que foram preparados por pessoas que estavam presentes por
ocasião da sua ocorrência (GODOY, 1995). A análise de documentos foi feita em documentos
SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 14
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como requisição de compra, ordem compra, notas fiscais e lista de conferências de estoque,
todos relacionados ao controle e movimentação de estoques.
A análise dos dados ocorreu através de análise interpretativa, que segundo Severino
(2002), tem como objetivo buscar o significado do texto em relação à área de conhecimento.
Severino (2002, p. 57) ainda complementa que a análise interpretativa possui, essencialmente,
quatro focos: (a) identificar os pressuposto, explícitos ou implícitos, que o autor utiliza para
fundamentar sua argumentação; (b) estabelecer relações entre o conteúdo do texto e os temas
discutidos na disciplina ou no curso; (c) fazer a crítica do texto; (d) fazer um “esforço de
reflexão no sentido de amadurecimento pessoal a respeito do tema ou mensagem do texto”.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Esta etapa expõe a apresentação e análise dos resultados. Primeiramente, apresenta-
se o funcionamento do processo de estoques da empresa e, a seguir, os controles de estoque
da empresa e problemas relacionados e, por fim, sugestões de melhorias ao controle de
estoque da organização.
4.1 FUNCIONAMENTO DO PROCESSO DE ESTOQUES DA EMPRESA
Para apresentar as rotinas do funcionamento do processo de estoques da empresa, foi
utilizado como técnica de coleta de dados a observação, onde, após observar a rotina do setor
de gerenciamento de estoques, foi possível ilustrar o através da Figura 3.
Figura 3 – Rotinas do funcionamento do processo de estoque da empresa
Fonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2015)
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Como demonstra a Figura 3, na "Rotina de Compras", o funcionário responsável pela
análise de suprimentos identifica a necessidade de aquisição de compra de material. Logo
após, este profissional realiza cotações de preços e condições de entrega e de pagamento com,
no mínimo, dois fornecedores. Na tomada de decisão entre os orçamentos, gera-se o Pedido
com o fornecedor e a Ordem de Compra (OC).
A Ordem de Compra é lançada no sistema da empresa e encaminha-se, via e-mail,
uma cópia desta OC para o fornecedor, oficializando o pedido. Por fim, o fornecedor realizar
a confirmação do pedido conforme os itens descritos na Ordem de Compra. O envio do
material pelo fornecedor é monitorado pelo responsável pelo suprimento da empresa, de
acordo com as datas pré-estabelecidas na OC. Já na "Rotina de Recebimento", quando chega
o transporte com materiais do fornecedor, o responsável pelo setor de recebimento da empresa
é o responsável pela liberação ou não da entrada do veículo com a carga. Esse processo ocorre
via telefone entre responsável pelo recebimento e portaria. A seguir, o responsável pelo
recebimento verifica se existe ou não uma Ordem de Compra no sistema para o material da
carga. Quando há Ordem de Compra no sistema, o setor de recebimento recebe o material e
dá seguimento nas etapas posteriores.
Porém, quando não houver Ordem de Compra lançada no sistema, o recebimento
contata o setor de compras, que decide se é para receber ou não a mercadoria. Na falta de
Ordem de Compra e da autorização do setor de compras, dispensa-se o veículo com a carga
do fornecedor. No entanto, uma vez autorizado, recebe-se o material normalmente e realiza-se
a formalização entre empresa e fornecedor. Na sequência, após descarregar o material, o
veículo de carga é dispensado e envia-se a(s) Nota Fiscal(is) para o setor devido realizar o
lançamento dos itens no sistema, e, posteriormente, o material é armazenado em locais pré-
determinados.
Na "Rotina de Vendas", após realizar o pedido de vendas, e havendo liberação
comercial e financeira, o pedido é enviado para a produção realizar as operações necessárias.
Depois dessa etapa, a produção envia o material pronto para o setor de expedição. Assim,
após realizar-se o faturamento do material, a expedição providencia o carregamento dos
produtos, sendo que o veículo passa ainda pela balança para verificação entre o peso total da
carga (material) e do próprio veículo. O material é baixado do sistema com a Nota Fiscal do
faturamento.
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4.2 CONTROLES DE ESTOQUE DA EMPRESA E PROBLEMAS RELACIONADOS
Com base na análise dos documentos e nas entrevistas realizadas junto aos
profissionais da empresa, os controles de estoques de produtos prontos da empresa (Questão
1) consistem nos aspectos descritos a seguir.
A empresa possui um software de gerenciamento de estoque no qual são registradas
todas as entradas e saídas do estoque. Para auxiliar na efetividade do controle do estoque
(tanto no físico quanto no contábil), a empresa realiza um inventário físico parcial dos
produtos prontos semestralmente, realizando os ajustes necessários no sistema para corrigir as
possíveis divergências entre o físico e o contábil. Também é feito o inventário geral no final
de cada ano. A empresa ainda trabalha com estoques de segurança nos produtos prontos,
realizando contagens avulsas de apenas alguns destes produtos, desde que ocorra a compra de
um produto com um valor financeiro mais expressivo.
Martins et al. (2006) comentam que cada empresa possui suas particularidades e que
cada um precisa verificar quais as formas de controle de estoques mais apropriados para o
negócio. No entanto, em grande parte das empresas é possível aplicar o estoque mínimo,
estoque de segurança, estoque máximo, contagem cíclicas ou inventário rotativos por
determinados grupos de estoque, entre outros. Mas cada organização precisa ajustar os
controles de estoques às suas necessidades.
Buscou-se ainda verificar se havia algum tipo de controle de acuracidade de estoque
de produtos prontos na empresa (Questão 3). Neste sentido, a acuracidade de estoque, na
visão de Sucupira e Pedreira (2008, p.2) “é um indicador da qualidade e confiabilidade da
informação existente nos sistemas de controle, contábeis ou não, em relação à existência física
dos itens controlados”. Segundo Rodrigo, Guimarães e Severo (2013, p.2), "a falta de acurácia
dos estoques se não identificada e tratada influencia no nível do serviço prestado e aumenta os
custos das operações logísticas".
Como não se identificou controle algum ligado à acuracidade de estoque na empresa
em estudo, realizou-se a contagem física de cinco produtos prontos aleatórios de maior
rotatividade da empresa e estes foram comparados com o estoque contábil. O Gráfico1
demonstra o comparativo entre o estoque contábil e físico dos produtos prontos averiguados,
utilizando-se da conferência aleatória de cinco produtos.
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Gráfico 1 – Comparativo entre estoque contábil e físico da contagem.
Fonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2015)
Como demonstra o Gráfico 1, dos cinco produtos analisados, os produtos Bobina FF
0,45x1000 e o produto Bobina FF 0,75x1702 apresentaram diferenças entre o estoque que
estava na produção (físico) em relação ao registrado no sistema da empresa. A partir disso,
realizou-se uma análise do histórico de cada item, confrontando-se os dados com profissionais
envolvidos no controle de estoque, visando buscar a causa da distorção entre estoque físico &
contábil. No primeiro item (Bobina FF - 0,45 x 1000), havia uma bobina a menos na fábrica.
Neste caso, o sistema apontou a existência de nove bobinas (85.450kg), mas, no local de
armazenagem, encontraram-se somente oito bobinas (75.956kg). Essa diferença representa
exatamente uma bobina de 9.494kg. A referida bobina estava na fábrica, porém, armazenada
em local incorreto (junto ao estoque de outro cliente).
Outra diferença entre estoque físico e contábil foi no quarto item (Bobina FF 0,75 x
1702). Havia maior quantidade no estoque físico (33.200kg) do que no sistema (24.900kg).
Ao cruzar os dados do histórico do item com informações obtidas com os profissionais da
empresa, chegou-se à conclusão de que houve um erro na digitação da Nota Fiscal de entrada
do produto. Em vez de lançar quatro bobinas, foi lançado somente três, ocasionando diferença
entre estoque físico e contábil.
Segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2009), para verificar a acuracidade pode-se utilizar
a seguinte fórmula: Acuracidade: quantidade de informações corretas / quantidade de
informações verificadas. O resultado deste cálculo x 100. Desse modo, dos cinco itens
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analisados na empresa, três deles estavam corretos. Então: 3 / 5 = 0,6 x 100 = 60%. Ou seja, a
acuracidade de estoque na conferência aleatória realizada na empresa foi de 60%.
Além disso, procurou-se identificar os problemas no controle de estoque de produtos
prontos com base nas observações dos três funcionários abordados (Questão 1). O primeiro
problema apontado diz respeito a (a) erros de transferências de produtos entre as filiais.
Quando realiza-se o cancelamento de um Nota Fiscal de transferência de uma filial para outra,
é necessário também devolver o estoque para a filial de origem. No entanto, houve o
cancelamento da NF, mas a referida devolução não foi realizada. E ao efetuarem corretamente
a transferência, ficou em duplicidade a entrada no estoque em Cachoeirinha. Esse erro foi
percebido dois meses depois com a contagem física.
Outro problema relaciona-se a (b) erro na armazenagem, ou seja, perceberam-se
casos em que o material de um cliente estava misturado com o do outro cliente (terceirizado).
Havia estoque no sistema, mas não se encontrava no estoque físico, porque estava mal
armazenado. Houve questões nas quais até o cliente acabou recebendo informações incorretas
sobre seu estoque na empresa. O terceiro problema registrado foi (c) distorções no estoque de
segurança dos produtos prontos, onde segundo relato dos funcionários, na determinação dos
estoques de segurança não levaram-se em conta as informações dos clientes. Na empresa,
considera-se somente o histórico do produto para determinar o estoque de segurança, mas é
necessário também levar em conta a previsão de demanda pelo cliente. E isso não tem
ocorrido na fixação dos estoques de segurança dos produtos prontos da empresa.
O próximo problema que tem causado discussões no controle de estoques de produtos
prontos da empresa foram (d) falhas na comunicação entre as áreas envolvidas com o estoque.
Ao realizar um lançamento de NF de remessa é necessário informar o código de item (criado
pela empresa), mas este deve referir-se à entrada de material de terceiro. O setor de
Programação e Controle de Produção (PCP) informa esse código para ser registrado na NF de
remessa. Porém, algumas vezes o tal código informado está incorreto, não sendo para
terceiros. Assim, contabiliza-se erroneamente o produto. A NF de remessa não tem custo para
a empresa, mas se o código estiver errado, além do erro do estoque no sistema, há outros
custos para a empresa. O mesmo tem ocorrido quando não há a informação sobre a contagem
em estoque de terceiros na NF de remessa.
Por fim, o último problema identificado foi a (e) falta de maior conscientização das
pessoas que trabalham com o estoque de produtos prontos da organização. Falta aos
funcionários que atuam no controle de estoques conhecerem como funciona todo o sistema de
controle de estoques e saber que quando tiver algum descuido irá afetar o controle de toda a
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empresa. Porém, nem sempre as pessoas que trabalham direta ou indiretamente com o
controle de estoque, compreendem os possíveis transtornos que podem ocorrer quando algum
deles deixa de realizar corretamente sua etapa do processo. Geralmente, há maior
preocupação com as partes isoladas, sem um foco no todo. Cada um cuida da sua etapa e,
muitas vezes, não entende perfeitamente que um descuido no setor vai refletir em outros
setores.
Conforme Rodrigues, Guimarães e Severo (2013), indiferentes do tipo de problema
existente nos controles de estoque, os mesmos tendem a baixar sensivelmente a credibilidade
tanto da área responsável quanto da empresa perante o cliente.
Para sanar dificuldades enfrentadas nos controles de estoque, Pozo (2009) salienta que
é necessário que a organização, primeiro, identifique quais os principais problemas nos
controles de estoque e suas causas. Depois disso, precisam-se tomar ações corretivas e
preventivas, para que os mesmos problemas não voltem a acontecer. Não há mágica neste
processo, pois devem-se criar controles mais efetivos, treinar as pessoas e cobrar os resultados
esperados. No decorrer desse processo, é essencial trabalhar na conscientização do quadro de
pessoal quanto à importância do estoque para a empresa.
Buscou-se ainda verificar sugestões para melhorar o processo de controle de estoque
de produtos prontos da empresa (Questão 4) junto aos entrevistados. Dentre elas,
recomendaram-se os seguintes aspectos:
a) Mais atenção e cuidado quando colocar o código do produto;
b) Treinamento para o pessoal envolvido com o estoque, assim como supervisores e
líderes, mostrando a importância e no que afeta quando se comete algum erro no estoque;
c) Elaborar algum tipo de controle para evitar o erro, proporcionando um ambiente
onde os envolvidos precisam desenvolver a atividade corretamente;
d) Fazer contagens com periodicidades mais curtas dos produtos, algo como separar
por algum tipo de grupo e fazer contagem com data marcadas;
e) Identificar a causa do erro: onde ocorreu, quem foi, por que aconteceu o erro e não
com o objetivo de buscar culpados mas de prevenir futuras ocorrências;
f) Fazer controles mais rígidos para produtos de maiores valores;
g) Rever se os estoques de segurança ainda atendem o que precisa; e
h) Mais atenção e cuidado com as informações colocadas nas notas fiscais de terceiros
(contagem correta do item; código correto do item; e classificando como material de
terceiros).
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Neste cenário, interessante mencionar alguns comentários dos entrevistados sobre o
controle de estoque na empresa (Questão 5). "Estamos sempre cheio de boas intenções, mas
acabamos dando prioridade para arrumar o material e satisfazer o cliente, sem cuidar direito
do controle de estoques. Eu sou a favor de arrumar algumas formas mais rígidas de controle"
(Responsável pelo controle de estoques). Já outro entrevistado que atua como auxiliar de
faturamento (Lançamento de nota fiscal) salientou que "como a gente não tem algum
acompanhamento mais direto não se sabe se os problemas que ocorrem são graves ou não".
Ele acredita que seria necessário montar indicadores para as pessoas saber dos problemas que
mais ocorrem nos estoques e atacar as causas. Por fim, o entrevistado que atua como auxiliar
de controle de estoques comentou que é preciso ver se os controles usados atualmente
realmente atendem a realidade da empresa: "a empresa cresceu muito nos últimos anos, mas
os controles parecem que não mudaram muito. Daí, as pessoas acabam não dando a devida
importância para os controles do estoque".
4.3 SUGESTÕES DE MELHORIAS AO CONTROLE DE ESTOQUE DA EMPRESA
Levando em conta os principais problemas relacionados ao controle de estoques na
empresa em estudo e os mecanismos de controle de estoques apontados pela literatura,
recomendam-se algumas ações para melhorar a confiabilidade do controle de estoques na
organização.
A primeira recomendação é a empresa (a) adotar a classificação do seu estoque pela
Curva ABC para, depois, realizar ajustes nos controles utilizados. Com a Curva ABC, a
empresa pode monitorar de forma mais intensa os produtos que representam valores
financeiros mais expressivos. Como explicam Corrêa, Gianesi e Caon (2009),na Curva ABC,
os produtos da classe A representam, em média, de 10 a 20% da quantidade de produtos do
estoque da empresa. No entanto, a classe A diz respeito a 60 a 80% do investimento em
estoque (valor financeiro). Em função disso, é preciso maior atenção com a classe A. Já os
itens da classe C representam de 20 a 30% do estoque físico e também em termos de valores
financeiros. Também precisam de cuidados especiais. Por fim, os itens da classe C
representam de 50 a 70% do total dos produtos em estoque, mas condizem entre 5 e 10% em
valores financeiros em estoque. Neste caso, não há a necessidade de altos controles para este
grupo C.
Após a classificação da Curva ABC do estoque, sugere-se, primeiramente, (b)
determinar adequadamente os estoques de segurança. Contudo, faz-se necessário o
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envolvimento entre o setor de controle de estoque, o setor de vendas e o setor de compras.
Juntamente com o consumo médio do produto é preciso que o setor de compras verifique se
os prazos de entrega dos fornecedores ainda continuam os mesmos, pois já há estoques de
segurança pré-estabelecidos na empresa, com base no consumo médio. Além disso, o setor de
vendas deve verificar com os clientes dos produtos prontos, quais as previsões de demanda
para o próximo período (seis meses ou um ano). Com estas informações em mãos, pode-se
alimentar o sistema da empresa para que este gere os estoques de segurança dos itens.
Também é necessário ficar atendo às possíveis oscilações na demanda dos clientes e nos
prazos de entrega dos fornecedores.
Interessante relembrar que o estoque de segurança tem como objetivo atender a uma
demanda que ultrapassa a quantidade prevista para certo período. (CHOPRA, 2003).
Figueiredo, Fleury e Wanke (2006) comentam que é preciso cuidar para não subdimensionar
ou superestimar o estoque de segurança. É justamente em função disso que, na empresa, é
necessário reunir dados e informações da previsão de vendas, prazos médios de entrega dos
fornecedores e análise do consumo médio do item, para gerar um estoque de segurança que
não onere o estoque, seja pela falta ou pelo excesso.
A próxima sugestão consiste em (c) realizar inventários rotativos do estoque de
produtos prontos. No entanto, os produtos prontos pertencentes à classe A (da curva ABC)
devem ser inventariados semanalmente e quaisquer diferenças, entre estoque físico e contábil,
devem receber um tratamento especial para que não ocorra o mesmo erro, realizando-se
planos de ações corretivas e preventivas. Os produtos da classe B podem ser contados de 20
em 20 dias, verificando-se as causas e a solução dos problemas. Já os produtos da classe C
podem ser inventariados de 90 em 90 dias. O inventário rotativo, segundo Accioly, Ayres e
Sucupira (2008), consiste em contagem física contínua de grupo de itens em estoque, por
meio de um planejamento mensal, semanal ou diária.
Juntamente com os inventários rotativos dos produtos prontos, recomenda-se (d) o
desenvolvimento e utilização de indicadores relacionados ao controle de estoques. Dentre
esses indicadores, podem-se realizar medições da acuracidade dos estoques com base nas
classes A, B e C; quantidade de problemas identificados em cada classe (A, B e C); a
frequência das causas dos problemas ocorridos; principais origens dos problemas; as soluções
corretivas e preventivas mais usadas para a solução dos problemas; comparativo entre o
crescimento ou queda dos problemas no controle dos estoques classificados pela Curva ABC.
Neste sentido, Martins et al. (2006) apontam que utilizar indicadores de desempenhos do
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controle de estoque pode auxiliar expressivamente para resolver a causa-raiz dos problemas
para, depois, pensar-se em desenvolver melhorias e/ou otimização do estoque.
A gestão de estoque, atualmente, tem recebido uma atenção redobrada pelas
empresas. Isso porque, de acordo com Beckedorff e Garcia (2007), a gestão de estoques deve
ser analisada sob a visão estratégica da empresa, e não somente pela compreensão de enfoque
operacional. A administração de estoques precisa ser parte integrante de tomadas de decisões
estratégicas da empresa. Diante disso e frente aos problemas nos controles de estoques
identificados na empresa, recomenda-se (e) a realização de treinamentos específicos
mostrando a importância dos controles de estoques na organização como um todo. Nestes
treinamentos, muitos problemas ligados à falta de atenção e/ou conscientização dos
profissionais envolvidos no controle de estoques (erro de armazenagem; falha na digitação e
nas transferências entre filiais; problemas de comunicação, etc.) podem ser resolvidos. É
essencial a participação efetiva de algum representante no nível estratégico da organização
nos treinamentos, para direcionar foco do controle de estoque a um âmbito estratégico da
organização.
Como ressaltam Corrêa, Gianesi e Caon (2009, p.29), as empresas precisam
compreender que gerir estoque consiste em analisar sua realidade empresarial no mercado,
organizar seus estoques estrategicamente, de maneira que não sobre materiais
desnecessariamente, mas que não falte quando preciso. Essa seria a essência da gestão de
estoques.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo teve como objetivo geral analisar os controles internos de estoques de
produtos prontos de uma distribuidora de aços localizada do município de Cachoeirinha – RS,
e como objetivos específicos (a) apresentar o funcionamento atual do processo de estoques da
empresa; (b) identificar quais os controles internos utilizados pela empresa e problemas
relacionados; e (c) propor possíveis ações para melhorar o controle de estoques de produtos
prontos da organização.
Quanto ao primeiro objetivo específico, foi possível identificar o funcionamento
atual do processo de estoques da empresa, que colaborou para atender ao segundo objetivo
específico, que dentre os mecanismos de controle de estoques utilizados pela empresa
destacaram-se: o software de gerenciamento de estoque, para lançamento das entradas e
saídas do estoque; a contagem dos produtos prontos a cada seis meses e a realização dos
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ajustes necessários no sistema; o inventário geral no final de cada ano; as contagens avulsas
de produtos prontos, quando houver compra de um valor financeiro mais expressivo; e os
estoques de segurança nos produtos prontos com base no consumo médio.
Já os problemas enfrentados no controle de estoques da empresa foram: (a) erros de
transferências de produtos entre as filiais; (b) erro na armazenagem; (c) distorções no estoque
de segurança dos produtos prontos; (d) falhas na comunicação entre as áreas envolvidas com
o estoque; e (e) falta de maior conscientização das pessoas que trabalham com o estoque de
produtos prontos da organização. Além disso, numa contagem aleatória de cinco produtos
prontos da empresa, o nível de acuracidade foi 60% (erro de digitação e local incorreto na
armazenagem).
Em relação ao terceiro objetivo específico, diante dos problemas identificados no
controle de estoques da empresa, as recomendações buscaram auxiliar para que haja maior
conhecimento, conscientização e redirecionamento estratégico na gestão de estoques da
empresa. Isso foi feito sugerindo a empresa adotar a classificação do seu estoque pela Curva
ABC; determinar adequadamente os estoques de segurança, levando em conta a demanda dos
clientes, consumo médio e prazo de entrega dos fornecedores; a realização de inventários
rotativos diferenciados pela Curva ABC; desenvolvimento e utilização de indicadores
relacionados ao controle de estoques (acuracidade; frequência de problemas; correção e
prevenção); e pela realização de treinamentos que realmente demonstrem a importância dos
controles de estoques na organização como um todo, tratando-o como um ponto estratégico da
empresa.
Em relação ao terceiro objetivo, após a análise do funcionamento do estoque da
empresa, seus controles de estoques e os problemas neste cenário, as recomendações de
melhorias sugeridas podem não resolver todos os problemas ligados ao controle de estoques,
mas, acredita-se que eles podem evidenciar os problemas mais graves, servindo como ponto
de partida para aprofundar outras questões para otimizar o controle da organização como um
todo.
Durante a realização da pesquisa, notou-se que pode haver outros problemas
relacionados aos controles de estoque da organização. Ou seja, percebeu-se durante as
entrevistas que nem sempre as pessoas forneciam totalmente as informações por receio de
alguma represália posteriormente. Neste sentido, Martins et al. (2006) explicam que para
sanar dificuldades é necessário focar no erro e não na pessoa que o cometeu.
O controle de estoque possui significativa importância no cenário empresarial, sendo
necessário trabalhar para que o estoque esteja sempre disponível, mas na quantidade ideal e
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no momento apropriado para atender a demanda da empresa. Controles de estoques eficientes
tendem a espelhar os resultados do estoque físico e contábil fidedignamente, o que revela a
importância dos controles internos no ambiente empresarial.
Para a realização de outros estudos posteriores acerca do tema estudado, recomenda-
se mensurar o impacto nas informações contábeis e fiscais decorrentes das divergências do
controle de estoque apontadas no estudo.
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<http://www.cezarsucupira.com.br/Invetariarios%20fisicos.htm>. Acesso em: 15 mai. 2015.
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  • 1. RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 ANÁLISE DOS CONTROLES INTERNOS DE ESTOQUE DE PRODUTOS PRONTOS: ESTUDO DE CASO EM UMA DISTRIBUIDORA DE AÇO DA CIDADE DE CACHOEIRINHA – RS ANALYSIS OF INTERNAL CONTROLS OF FINISEHD STOCK: A CASE STUDY ON A STEEL WAREHOUSE IN THE CITY OF CACHOEIRINHA – RS FILIPE MARTINS DA SILVA Mestrando em Controladoria e Contabilidade do PPGA da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail: filipemdasilva@gmail.com VANESSA CHAVES CARDOSO Graduada em Ciências Contábeis, Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha (CESUCA). E-mail: nessa.alfaparf@gmail.com Endereço: Rua Mariz e Barros, 279. Bairro São Caetano. Alvorada (RS). CEP: 94.820-410 Recebido em: 12/10/2016 Revisado por pares em: 01/12/2016 Aceito em: 20/12/2016 RESUMO A contabilidade possui como uma das suas principais funções, fornecer informações fidedignas e confiáveis para as tomadas de decisões empresariais. Para isso, utiliza-se de instrumentos como os controles internos, dentre eles o controle de estoques. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo geral analisar os controles internos de produtos prontos de uma distribuidora de aços no município de Cachoeirinha – RS, utilizando-se de uma pesquisa, descritiva; com abordagem qualitativa; com aplicação de um estudo de caso; e com a coleta de dados ocorrida através de observação, entrevistas semiestruturadas e análise de documentos. Dentre os mecanismos de controle de estoque utilizados pela empresa em estudo, identificaram-se a utilização de um software de gerenciamento e contagem física semestral dos produtos prontos. Os problemas observados no controle de estoque relacionam- se a erros de armazenagem, falhas de comunicação, deficiências nos procedimentos de definição do estoque de segurança, problemas de transferências entre filiais, falta de conscientização e baixa acuracidade de estoque. Diante disso, as proposições de melhorias ao controle de estoque da empresa buscam auxiliar para que haja maior conhecimento, conscientização e redirecionamento estratégico na gestão de estoques da empresa, agindo em pontos específicos: adoção da Curva ABC no controle de estoques; determinação adequada do estoque de segurança; inventários rotativos; uso de indicadores no controle de estoques; e treinamentos. O estudo revela que o controle de estoque possui uma importância relevante nas empresas, pois havendo um controle eficiente, refletirá o estoque físico e contábil de maneira fidedigna. Palavras-chave: Contabilidade. Controles internos. Controle de estoques. ABSTRACT One of the main functions of Accountancy is to provide accurate and reliable information for decision making. For this reason, tools such as internal controls, including inventory control have been used. In this context, this study aims to analyze the internal controls of finished
  • 2. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 4 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 products of steel distributor in the city of Cachoeirinha - RS, a descriptive study according to its main aim. Additionally, a qualitative approach based on a case study. Data collection occurred through observation, semi-structured interviews and document analysis. Among the inventory control mechanisms used by the company under study, a management software was also identified that has been used to semi-annual physical count of finished products. The problems observed in the inventory control are related to storage errors, miscommunication, inconsistencies in safety stock setting procedures, problems of transfers between branches, lack of awareness and low accuracy of stock. Therefore, proposals for improvements are hereby suggested to improve inventory control to assist for greater knowledge, awareness and strategic redirection in the company's inventory management, acting on specific points: adoption of ABC curve in inventory control; proper determination of the safety stock; rotating inventories; use of indicators in inventory control; and training. The study shows that the inventory control has great importance in business. If there is an effective stock control, physical and accounting inventory will reflect more reliability. Key-words: Accounting. Internal controls. Inventory control. 1 INTRODUÇÃO O mundo dos negócios está constante mudança e as empresas fazem parte desta conjuntura. Diante do aumento da competitividade, um dos pontos que tem contribuído expressivamente para as decisões empresariais é a necessidade e agilidade das informações, sendo que, neste cenário, os controles internos possuem um importante papel, resguardando os ativos de possíveis erros e fraudes. Neste contexto, os controles internos aplicados tem grande importância nas organizações, visto que é a função administrativa que tem por objetivo medir e corrigir o desempenho, assegurando a realização das metas e objetivos da organização. (CHIAVENATO, 2014). Quanto à necessidade da utilização do controle interno, o mesmo mostra-se relevante, pois é um processo integrado e operado pela empresa, com a intenção de fornecer segurança tanto às atividades administrativas quanto às operacionais, diminuindo as possibilidades de desvios de ativos e descumprimento de normas internas (LINS, 2014). O controle de estoque é área que requer grande atenção dos controles internos são os estoques, pois é um elemento gerencial essencial na administração (CORRÊA; GIANESI; CAON, 2013) e são bens que estão relacionados com os objetivos e as atividades da empresa (ALMEIDA, 2012), e desta forma, influenciam no resultado da empresa. É habitual encontrar indústrias que enfrentam dificuldades em relação ao controle de estoques, principalmente em relação às quantidades físicas que divergem das apresentadas pelo sistema de controle adotado. Essas divergências causam desencontros de informações para os gestores e para a contabilidade, com repercussão inclusive na área comercial.
  • 3. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 5 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 Em função desde cenário identificou-se necessidade em aprofundar o estudo sobre os controles internos de estoques nas empresas, pois conforme Nascimento e Reginato (2010), a falta ou ineficiência dos controles internos podem levar os gestores a tomarem decisões inadequadas ou gerarem prejuízo para organização. Desta forma, foi definido como problema do estudo: quais os controles internos de estoque de produtos prontos são necessários para reduzir divergências em uma empresa distribuidora de aços? O objetivo geral do estudo consiste em analisar os controles internos de estoques de produtos prontos de uma distribuidora de aços localizada do município de Cachoeirinha - RS. Já os objetivos específicos são: (a) apresentar o funcionamento atual do processo de estoques da empresa; (b) identificar os controles internos de estoques (entradas e saídas) de produtos prontos utilizados pela empresa; e, (c) propor possíveis ações para melhorar o controle de estoques de produtos prontos da organização. A aplicação dos controles internos na área de estoques é importante, pois, segundo Lunkes (2010), sua adoção é fundamental para garantir que as atividades da organização se realizem de forma desejada pelos gestores e contribuir para a manutenção e melhoria da posição competitiva e a consecução das estratégias, planos, programas e operações da organização, pois com a sua falta, irá prejudicar sua eficiência e o seu patrimônio. O estudo está divido em cinco seções, sendo a primeira seção a introdução, apresentando a contextualização do tema, o problema e os objetivos da pesquisa. A segunda seção traz o referencial teórico, abordando conceituações sobre controles internos e controle de estoques. Já a terceira seção detalha os procedimentos metodológicos. Na quarta seção, realiza-se a apresentação e análise dos resultados. Na quinta seção são apresentadas as considerações finais da pesquisa realizada. 2 REFERENCIAL TEÓRICO Nesta seção serão apresentados as funções do controle de estoque, planejamento e formas de controle de estoques, controle interno e os princípios de controles internos. 2.1 FUNÇÕES DO CONTROLE DE ESTOQUES Conforme Moreira (2006, p. 463), o estoque pode ser entendido como toda e qualquer quantidade de bens físicos que são conservados "de forma improdutiva", por certo
  • 4. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 6 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 período de tempo. Já Martins et al. (2006) complementam que os estoques podem ser compostos por produtos prontos, prontos para vender, ou por matéria-prima e componentes, que serão utilizados no processo produtivo. Também há os estoques em processo, que estão sendo trabalhados no processo de produção. Inclusive, Corrêa, Gianese e Caon (2009) veem o estoque em processo como materiais semiacabado, conforme demonstrado na Figura 1. Figura 1 – Gestão de estoque e o fluxo de material Fonte: Ching (2001, p.33) Conforme demonstrado na Figura 1, a gestão de estoques associa o ambiente externo à empresa (como os fornecedores), com todos os processos internos organizacionais (compras, processamento e montagem) e, novamente, após a distribuição dos produtos finais, ao ambiente externo (que são os clientes), auxiliando na geração de caixa ao negócio. Neste sentido, Ching (2001) comenta que a administração de estoques, também chamado de gestão de estoque, está interligada a diversas funções ou atividades: de compras, de acompanhamento, gestão e armazenagem, planejamento e controle da produção e gestão da distribuição físicas dos materiais. Além disso, Martins et al. (2006) afirmam que gestão de estoque diz respeito a diversas ações que permitem ao gestor verificar se os estoques estão sendo utilizados adequadamente, se estão bem localizados em relação às áreas que deles precisam, bem manuseados e bem controlados. Estes autores complementam que, para verificar se os estoques atendem os requisitos destacados, é possível utilizar alguns indicadores como: produtividade na análise e controle dos estoques, sendo que o mais usado é a verificação de diferenças entre o inventário físico e contábil, acuracidade de estoques, nível ser serviços (atendimentos), giro de estoques e coberturas dos mesmos.
  • 5. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 7 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 No entanto, Beckedorff e Garcia (2007) alertam que a gestão de estoques deve ser analisada sob a visão estratégica da empresa, e não somente pela compreensão de enfoque operacional. Como a gestão de materiais envolve todas as atividades relacionadas ao longo do sistema de valores, é necessária que a administração de estoques seja parte integrante de tomadas de decisões estratégicas da empresa. Como ressaltam Corrêa, Gianesi e Caon (2009, p.29), a gestão do estoque “trata-se de um elemento gerencial essencial na administração de hoje e do futuro”. As empresas devem entender que gerir estoque consiste em analisar sua realidade empresarial no mercado, organizar seus estoques estrategicamente, de maneira que não sobre materiais desnecessariamente, mas que não falte quando preciso. Essa seria a essência da gestão de estoques. Percebe-se, pelos apontamentos dos autores Martins et al. (2006) e Beckedoftt e Garcia (2007), que a gestão de estoques tem uma função primordial para o sucesso do negócio da empresa. Precisa ser compreendida não mais como um aspecto operacional, mas como um princípio estratégico da organização. Por outro lado, a gestão de estoques enfrenta o desafio de não deixar faltar material, quando necessário, mas, também, não onerar os custos da empresa por manter estoques desnecessários. 2.1.1 Planejamento e Formas de Controle de Estoques No entendimento de Pozo (2009, p.38), o controle de estoque, propriamente dito, consiste nos procedimentos de controle usados para registrar, fiscalizar e gerir entradas e saídas de mercadorias da organização. Nas palavras do autor: "o termo controle de estoques é uma função da necessidade de estipular os diversos níveis de materiais e produtos que a organização deve manter, dentro de parâmetros econômicos”. Ching (2001) e Corrêa, Gianesi e Caon (2009) salientam que o controle de estoque pode ser feito através da interligação entre os métodos de planejamento e monitoramento de níveis de estoque, dentre eles: Curva ABC; sistema de reposição periódica; revisões contínuas ou ponto de reposição; método dos máximos e mínimos; JIT (just-in-time); estoque de segurança; acompanhamento da acuracidade; inventário geral, dinâmico, rotativo ou por amostras; e verificação da movimentação interna. Para Corrêa, Gianesi e Caon (2009), a Curva ABC consiste em classificar os itens de estoque em três grupos, com base em seu valor total anual de uso. Os estoques da curva ABC se dividem em três grupos. Produtos A são constituídos de poucos itens (de 10 a 20% dos itens) e exige maior investimento, precisa de maior atenção. Representam, em média, de 60 a
  • 6. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 8 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 80% do investimento em estoque. Os produtos B são compostos por um número médio de itens (20 a 30% do geral), exigem também investimentos elevados, porém menores que os produtos A, e necessitam de conferências frequentes. Representam em torno de 20 a 30% do investimento total. E os produtos C constituem-se por um grande número de itens e de pequenos investimentos. Exige controle mais simples e representam, em média, 5 a 10% dos investimentos em estoque, englobando de 50 a 70% do total de itens. Martins et al. (2006) complementam que já no sistema de reposição periódica, depois de transcorrer um determinado tempo, um novo pedido de compra para o item deve ser emitido. Para determinar o dia exato da emissão do pedido de compra, precisa-se verificar a quantidade ainda disponível em estoque e comprar o que falta para atingir o estoque máximo, que também deve ser determinado antecipadamente, através do seguinte cálculo: Quantidade a ser pedida = estoque máximo – estoque atual. As revisões contínuas ou ponto de reposição consistem em encomendar, ou providenciar o ressuprimento de um determinado item, quando o mesmo atinge o nível estipulado como ponto de reposição. Chopra (2003) destaca que para uma política de revisão contínua, utilizam-se sistemas tecnológicos que monitoram o estoque. Martins et al. (2006) explicam que o sistema de revisões contínuas consiste em disparar um pedido de compra quando o estoque do item chegar à quantidade determinada previamente. Accioly, Ayres e Sucupira (2008) esclarecem que o método dos máximos e mínimos é bastante usado em itens de demanda muito irregular, principalmente quando essa demanda ocorre em pequenas quantidades. A principal característica do método dos máximos e mínimos, é que o ponto de reposição é uma quantia arbitrária fixada como estoque mínimo, e precisa ser calculada levando em conta que esse estoque mínimo seja suficiente para atender às demandas até o material comprado vir do fornecedor. O momento exato de realizar a reposição do item é quando o estoque atual, acrescido das ordens já colocadas com o fornecedor, é inferior ao do estoque mínimo. Martins et al. (2006) entendem que o sistema JIT (just-in-time) é um método de produção com objetivo disponibilizar os materiais que a manufatura precisa, somente quando for restritamente necessário para que o custo de estoque seja menor. O kanban, que faz movimentar o Just in time, é fundamentado na qualidade e flexibilidade das etapas de aquisição, podendo disparar tanto as operações de produção, quanto um processo de compra de matéria-prima. Outra forma de auxiliar no processo de planejamento e monitoramento de estoque é determinar o estoque de segurança, que para Chopra (2003) consiste em que o estoque de
  • 7. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 9 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 segurança é mantido com o objetivo de atender a uma demanda que ultrapassa a quantidade prevista para certo período. Devido a diversos fatores que podem influenciar na inexatidão da demanda, o estoque de segurança faz-se essencial para suprir as diferenças entre o consumo previsto e o realizado. Porém para Figueiredo, Fleury e Wanke (2006, p.363), é preciso cuidar para não subdimensionar ou superestimar o estoque de segurança. Um dos aspectos relevantes para um controle efetivo de estoque é a medição da acuracidade de estoque. Para Accioly, Ayres e Sucupira (2008), acuracidade do estoque é sinônimo de confiabilidade e qualidade da informação. Ou seja, a acuracidade pode ser medida pela contagem física em confronto com a quantidade registrada no sistema. Qual o percentual de itens corretos (físico e sistema) dos itens conferidos fisicamente no estoque. Para o monitoramento do estoque é indicado realizar inventário geral, dinâmico, rotativo ou por amostras. Conforme Accioly, Ayres e Sucupira (2008), o inventário geral ocorre quando todos os itens do estoque da empresa são contados, especialmente, no fechamento contábil do exercício anual. O inventário dinâmico é a contagem de um item sempre que ele é movimentado. Já o inventário rotativo consiste em contagem física contínua de grupo de itens em estoque, por meio de um planejamento mensal, semanal ou diária. Por fim, o inventário por amostra é empregado em procedimentos de auditoria, no qual se contam apenas alguns itens que represente uma boa amostra do universo de itens da empresa. Além disso, é importante analisar a movimentação interna de itens ou grupo de itens. Para Martins et al. (2006) avaliar se a documentação de saída (baixa) de material está correspondendo ao o que realmente está saindo fisicamente do estoque. É relevante ainda verificar se as entradas pelas notas fiscais estão de acordo com o material que foi recebido na prática, além de averigua se as ordens de compra e ordens de produção/fabricação realmente estão lançadas corretamente, pelo comparativo entre estoque físico e o registrado no sistema. Através de conferências amostrais, podem-se identificar as principais causas das diferenças entre o estoque físico e do sistema. 2.2 CONTROLES INTERNOS Entende-se por controles internos todos os instrumentos da organização destinados à vigilância, fiscalização e verificação administrativa, desde que permita prever, observar, gerenciar ou governar os acontecimentos que influencie o patrimônio da empresa (SANTOS, 2007).
  • 8. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 10 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 Os controles internos é um mecanismo que as empresas utilizam para assegurar seus ativos, dando apoio aos que utilizam, e como conservação da integridade da empresa, não apenas aos aspectos diretos relacionadas com funções de contabilidade e finanças, mas a todas as áreas de uma organização, além de ser utilizado para proteger os ativos, produzir dados contábeis confiáveis e ajudar a administração na condução ordenada dos negócios da empresa (ALMEIDA, 2012). Conforme Antony e Govindarajan (2001), através do controle organizacional delimitam-se as dimensões dos controles e procedimentos internos, pois é ele quem adéqua melhores condições de segurança aos registros, de forma íntegra é assegurada. A dimensão dos controles é o modo formal, que padroniza a parte administrativa, e controla as transações ocorridas que envolvem tanto o uso como o manuseio de seus ativos. Para Crepaldi (2002) os controles internos possuem expressiva importância em uma empresa, pois, na aplicação dos procedimentos nas empresas, podem ocorrer falhas ou distorções, erros de juízo, descuidos e diversos outros fatores humanos, que Roehl-Anderson e Bragg (1996, p.104) complementam que "[...] controles internos são como um grande número de normas e procedimentos que podem ser estabelecidos para alcançar os objetivos concretos de uma organização”. Almeida (1996) e Crepaldi (2002) concordam que os controles internos consistem em um conjunto de operações que monitoram os procedimentos e mecanismos que certificam a operação realizada de forma individual. Ainda, o monitoramento, que é o processo de supervisionar, tem como finalidade identificar possíveis erros e falhas no processo ou a sua inexistência, buscando proporcionar maior controle nas operações e registros, contábeis ou não, da empresa como um todo. 2.2.1 PRINCÍPIOS DE CONTROLES INTERNOS Os princípios de controle, segundo Nascimento et al. (2009), são as regras básicas dos sistemas de controles internos, criadas e delineadas conforme o ramo a ser aplicada e segundo seu ciclo operacional. A Figura 2 demonstra os aspectos que influenciam na gestão e no sistema de controle.
  • 9. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 11 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 Figura 2 - Aspectos de influenciam na gestão Ambiente de controle Crenças MODELO DE GESTÃO Valores Organização formal Atitude e Compromisso da administração Métodos Atitudes e Compromisso dos funcionários Avaliação e Gerenciamento dos Riscos Sistemas de controles Internos Fonte: Nascimento et al. (2009, p.107) Pela Figura 2, o modelo de gestão é influenciado pelas crenças e valores da organização e em função desse contexto e dos objetivos da empresa, desenvolve-se um sistema (s) de controle interno (s), dentro do ambiente de controle. Conforme Nascimento et al. (2009), os sistemas de controles internos interligam-se a cinco pontos fundamentais: métodos de trabalho; atitudes e compromissos das pessoas; gerenciamento de riscos; comprometimento da alta administração e organização formal. Para Sá (1993), os sistemas de controles mudam de acordo com a empresa e devem possuir os seguintes princípios: (a) um plano na empresa e distribuir responsabilidades; (b) regime de autorização e de registros que assegurem um controle contábil sobre os investimentos, financiamentos e sistemas de resultados da empresa (custos, receitas, objetivos, metas, orçamentos, etc.); c) zelo aos seres humanos quanto ao desempenho das funções a eles atribuídas; e d) pessoal qualificado e que realmente saiba trabalhar com responsabilidade. Conforme Nascimento et al. (2009), um ponto fundamental dos sistemas de controles internos é o controle de estoques. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Nesta seção expõe-se a classificação de pesquisa e formas de coleta e análise de dados. Com base em Gil (2009), o presente estudo classifica-se como uma pesquisa descritiva, quanto aos seus objetivos; pesquisa qualitativa, quanto a sua abordagem; e elaborada por meio de uma pesquisa de campo, quanto ao seu procedimento.
  • 10. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 12 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 A presente pesquisa é qualitativa, pois se baseia sobre uma realidade subjetiva da empresa, onde os dados são analisados através da interpretação e experiências dos profissionais que atuam no controle de estoque da empresa estudada. Neste sentido, Stake (2011, p.41) comenta que "não existe uma única forma de pensamento qualitativo, mas uma enorme coleção de formas: ele é interpretativo, baseado em experiências, situacional e humanístico". Gil (2009) acrescenta que a pesquisa qualitativa considera que existe uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito. Essa relação seria um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito, que não pode ser traduzido em números, sendo que a interpretação dos dados não requer uso de métodos e técnicas estatísticas, nas pesquisas qualitativas. O estudo também é classificado como descritivo, pois busca esclarecer determinadas características e análise do comportamento de determinadas população. (RAUPP; BEUREN, 2013). A pesquisa descritiva preocupa-se em registar, observar, analisar e classificar os fatos observados, sem a interferência do pesquisador (ANDRADE, 2002). Gil (2009) afirma que estas pesquisas têm como objetivo principal descrever característica de uma determinada população, estabelecendo de relação entre variáveis, e que possui como característica técnicas padronizadas de coletas de dados. Do mesmo modo, ainda é classificado como estudo de caso, uma vez que a aplicação da pesquisa foi realizada em uma empresa: uma distribuidora de aços localizada na cidade de Cachoeirinha - RS. Segundo Yin (2005), os estudos de casos representam a estratégia preferida quando se colocam questões do tipo “como” e “por que”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real. Gil (2009) explica que o estudo de caso tem como propósito descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação e formular hipóteses ou desenvolver teorias, entre outros. A unidade de análise é uma distribuidora de aços situada na cidade de Cachoeirinha - RS. A empresa possui cinco filiais distribuídas nas cidades de São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Atualmente, a empresa possui 370 funcionários e sua matriz localiza-se na cidade de Cachoeirinha - RS. É justamente na matriz que se encontra a parte administrativa da organização, realizando o controle dos estoques de produtos prontos entre todas as filiais. A confiabilidade de um estudo de caso é garantida pela utilização de várias fontes de evidências de coleta de dados, pois eleva o grau de significância dos achados. Esse processo é denominado triangulação (MARTINS; THEÓPHILO, 2009). A triangulação utilizada na
  • 11. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 13 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 coleta de dados do estudo foi através de observação, entrevistas semiestruturadas e análise de documentos. A observação é uma técnica de coleta de dados na qual o pesquisador utiliza os sentidos para extrair determinados elementos da realidade observada (COLAUTO; BEUREN, 2013), além de ser possível explorar os fatos e fenômenos estudados (LAKATOS; MARCONI, 2010). Nas entrevistas semiestruturadas (apresentadas no Quadro 1), não existe rigidez de roteiro, pois, conforme Silva e Menezes (2005, p. 33), é possível explorar mais amplamente algumas questões. Inicialmente, foram utilizadas questões ligadas ao processo de controle de estoques de produtos prontos da empresa e, quando necessário, foram acrescentadas novas perguntas para complementar as respostas. O roteiro da entrevista está apresentado no Quadro 1. Quadro 1 – Roteiro da entrevista 1) Explique quais são e no que consistem os controles de estoques de produtos prontos utilizados pela empresa. 2) Há algum tipo de controle sobre a acuracidade do estoque de produtos prontos (comparativo entre estoque contábil & estoque físico). 3) Descreva os problemas que você tem observado no controle de estoques dos produtos prontos da empresa. 4) Na sua concepção, o que poderia ser feito para melhorar o controle de estoque de produtos prontos da empresa? 5) Você gostaria de fazer mais algum comentário sobre o controle de estoque de produtos prontos da empresa? Se sim, descreva-o. Fonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2015) Consta no Quadro 1 o roteiro de entrevista semiestruturada, pois para Flick (2004, p. 89), "está associado com a expectativa de que é mais provável que os sujeitos entrevistados expressem os seus pontos de vista numa situação de entrevista desenhada de forma relativamente aberta, do que numa entrevista estandardizada ou num questionário". Os funcionários que foram observados e responderam a entrevista foram: o responsável pelo controle de estoque, uma auxiliar do controle de estoque e um auxiliar do faturamento da empresa. Também por ter sido realizada uma análise documental, que consiste em utilizar de documentos para trazer conhecimento de background ao campo de interesse, e por se tratar de material pré-existente, é denominado de documentação indireta. A documentação indireta pode ser coletada através de fontes primárias (MARCONI; LAKATOS, 2010), que consistem em documentos que contém informações que não receberam tratamento analítico. (COLAUTO; BEUREN, 2010) e que foram preparados por pessoas que estavam presentes por ocasião da sua ocorrência (GODOY, 1995). A análise de documentos foi feita em documentos
  • 12. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 14 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 como requisição de compra, ordem compra, notas fiscais e lista de conferências de estoque, todos relacionados ao controle e movimentação de estoques. A análise dos dados ocorreu através de análise interpretativa, que segundo Severino (2002), tem como objetivo buscar o significado do texto em relação à área de conhecimento. Severino (2002, p. 57) ainda complementa que a análise interpretativa possui, essencialmente, quatro focos: (a) identificar os pressuposto, explícitos ou implícitos, que o autor utiliza para fundamentar sua argumentação; (b) estabelecer relações entre o conteúdo do texto e os temas discutidos na disciplina ou no curso; (c) fazer a crítica do texto; (d) fazer um “esforço de reflexão no sentido de amadurecimento pessoal a respeito do tema ou mensagem do texto”. 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Esta etapa expõe a apresentação e análise dos resultados. Primeiramente, apresenta- se o funcionamento do processo de estoques da empresa e, a seguir, os controles de estoque da empresa e problemas relacionados e, por fim, sugestões de melhorias ao controle de estoque da organização. 4.1 FUNCIONAMENTO DO PROCESSO DE ESTOQUES DA EMPRESA Para apresentar as rotinas do funcionamento do processo de estoques da empresa, foi utilizado como técnica de coleta de dados a observação, onde, após observar a rotina do setor de gerenciamento de estoques, foi possível ilustrar o através da Figura 3. Figura 3 – Rotinas do funcionamento do processo de estoque da empresa Fonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2015)
  • 13. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 15 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 Como demonstra a Figura 3, na "Rotina de Compras", o funcionário responsável pela análise de suprimentos identifica a necessidade de aquisição de compra de material. Logo após, este profissional realiza cotações de preços e condições de entrega e de pagamento com, no mínimo, dois fornecedores. Na tomada de decisão entre os orçamentos, gera-se o Pedido com o fornecedor e a Ordem de Compra (OC). A Ordem de Compra é lançada no sistema da empresa e encaminha-se, via e-mail, uma cópia desta OC para o fornecedor, oficializando o pedido. Por fim, o fornecedor realizar a confirmação do pedido conforme os itens descritos na Ordem de Compra. O envio do material pelo fornecedor é monitorado pelo responsável pelo suprimento da empresa, de acordo com as datas pré-estabelecidas na OC. Já na "Rotina de Recebimento", quando chega o transporte com materiais do fornecedor, o responsável pelo setor de recebimento da empresa é o responsável pela liberação ou não da entrada do veículo com a carga. Esse processo ocorre via telefone entre responsável pelo recebimento e portaria. A seguir, o responsável pelo recebimento verifica se existe ou não uma Ordem de Compra no sistema para o material da carga. Quando há Ordem de Compra no sistema, o setor de recebimento recebe o material e dá seguimento nas etapas posteriores. Porém, quando não houver Ordem de Compra lançada no sistema, o recebimento contata o setor de compras, que decide se é para receber ou não a mercadoria. Na falta de Ordem de Compra e da autorização do setor de compras, dispensa-se o veículo com a carga do fornecedor. No entanto, uma vez autorizado, recebe-se o material normalmente e realiza-se a formalização entre empresa e fornecedor. Na sequência, após descarregar o material, o veículo de carga é dispensado e envia-se a(s) Nota Fiscal(is) para o setor devido realizar o lançamento dos itens no sistema, e, posteriormente, o material é armazenado em locais pré- determinados. Na "Rotina de Vendas", após realizar o pedido de vendas, e havendo liberação comercial e financeira, o pedido é enviado para a produção realizar as operações necessárias. Depois dessa etapa, a produção envia o material pronto para o setor de expedição. Assim, após realizar-se o faturamento do material, a expedição providencia o carregamento dos produtos, sendo que o veículo passa ainda pela balança para verificação entre o peso total da carga (material) e do próprio veículo. O material é baixado do sistema com a Nota Fiscal do faturamento.
  • 14. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 16 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 4.2 CONTROLES DE ESTOQUE DA EMPRESA E PROBLEMAS RELACIONADOS Com base na análise dos documentos e nas entrevistas realizadas junto aos profissionais da empresa, os controles de estoques de produtos prontos da empresa (Questão 1) consistem nos aspectos descritos a seguir. A empresa possui um software de gerenciamento de estoque no qual são registradas todas as entradas e saídas do estoque. Para auxiliar na efetividade do controle do estoque (tanto no físico quanto no contábil), a empresa realiza um inventário físico parcial dos produtos prontos semestralmente, realizando os ajustes necessários no sistema para corrigir as possíveis divergências entre o físico e o contábil. Também é feito o inventário geral no final de cada ano. A empresa ainda trabalha com estoques de segurança nos produtos prontos, realizando contagens avulsas de apenas alguns destes produtos, desde que ocorra a compra de um produto com um valor financeiro mais expressivo. Martins et al. (2006) comentam que cada empresa possui suas particularidades e que cada um precisa verificar quais as formas de controle de estoques mais apropriados para o negócio. No entanto, em grande parte das empresas é possível aplicar o estoque mínimo, estoque de segurança, estoque máximo, contagem cíclicas ou inventário rotativos por determinados grupos de estoque, entre outros. Mas cada organização precisa ajustar os controles de estoques às suas necessidades. Buscou-se ainda verificar se havia algum tipo de controle de acuracidade de estoque de produtos prontos na empresa (Questão 3). Neste sentido, a acuracidade de estoque, na visão de Sucupira e Pedreira (2008, p.2) “é um indicador da qualidade e confiabilidade da informação existente nos sistemas de controle, contábeis ou não, em relação à existência física dos itens controlados”. Segundo Rodrigo, Guimarães e Severo (2013, p.2), "a falta de acurácia dos estoques se não identificada e tratada influencia no nível do serviço prestado e aumenta os custos das operações logísticas". Como não se identificou controle algum ligado à acuracidade de estoque na empresa em estudo, realizou-se a contagem física de cinco produtos prontos aleatórios de maior rotatividade da empresa e estes foram comparados com o estoque contábil. O Gráfico1 demonstra o comparativo entre o estoque contábil e físico dos produtos prontos averiguados, utilizando-se da conferência aleatória de cinco produtos.
  • 15. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 17 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 Gráfico 1 – Comparativo entre estoque contábil e físico da contagem. Fonte: Autores a partir de dados da pesquisa (2015) Como demonstra o Gráfico 1, dos cinco produtos analisados, os produtos Bobina FF 0,45x1000 e o produto Bobina FF 0,75x1702 apresentaram diferenças entre o estoque que estava na produção (físico) em relação ao registrado no sistema da empresa. A partir disso, realizou-se uma análise do histórico de cada item, confrontando-se os dados com profissionais envolvidos no controle de estoque, visando buscar a causa da distorção entre estoque físico & contábil. No primeiro item (Bobina FF - 0,45 x 1000), havia uma bobina a menos na fábrica. Neste caso, o sistema apontou a existência de nove bobinas (85.450kg), mas, no local de armazenagem, encontraram-se somente oito bobinas (75.956kg). Essa diferença representa exatamente uma bobina de 9.494kg. A referida bobina estava na fábrica, porém, armazenada em local incorreto (junto ao estoque de outro cliente). Outra diferença entre estoque físico e contábil foi no quarto item (Bobina FF 0,75 x 1702). Havia maior quantidade no estoque físico (33.200kg) do que no sistema (24.900kg). Ao cruzar os dados do histórico do item com informações obtidas com os profissionais da empresa, chegou-se à conclusão de que houve um erro na digitação da Nota Fiscal de entrada do produto. Em vez de lançar quatro bobinas, foi lançado somente três, ocasionando diferença entre estoque físico e contábil. Segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2009), para verificar a acuracidade pode-se utilizar a seguinte fórmula: Acuracidade: quantidade de informações corretas / quantidade de informações verificadas. O resultado deste cálculo x 100. Desse modo, dos cinco itens
  • 16. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 18 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 analisados na empresa, três deles estavam corretos. Então: 3 / 5 = 0,6 x 100 = 60%. Ou seja, a acuracidade de estoque na conferência aleatória realizada na empresa foi de 60%. Além disso, procurou-se identificar os problemas no controle de estoque de produtos prontos com base nas observações dos três funcionários abordados (Questão 1). O primeiro problema apontado diz respeito a (a) erros de transferências de produtos entre as filiais. Quando realiza-se o cancelamento de um Nota Fiscal de transferência de uma filial para outra, é necessário também devolver o estoque para a filial de origem. No entanto, houve o cancelamento da NF, mas a referida devolução não foi realizada. E ao efetuarem corretamente a transferência, ficou em duplicidade a entrada no estoque em Cachoeirinha. Esse erro foi percebido dois meses depois com a contagem física. Outro problema relaciona-se a (b) erro na armazenagem, ou seja, perceberam-se casos em que o material de um cliente estava misturado com o do outro cliente (terceirizado). Havia estoque no sistema, mas não se encontrava no estoque físico, porque estava mal armazenado. Houve questões nas quais até o cliente acabou recebendo informações incorretas sobre seu estoque na empresa. O terceiro problema registrado foi (c) distorções no estoque de segurança dos produtos prontos, onde segundo relato dos funcionários, na determinação dos estoques de segurança não levaram-se em conta as informações dos clientes. Na empresa, considera-se somente o histórico do produto para determinar o estoque de segurança, mas é necessário também levar em conta a previsão de demanda pelo cliente. E isso não tem ocorrido na fixação dos estoques de segurança dos produtos prontos da empresa. O próximo problema que tem causado discussões no controle de estoques de produtos prontos da empresa foram (d) falhas na comunicação entre as áreas envolvidas com o estoque. Ao realizar um lançamento de NF de remessa é necessário informar o código de item (criado pela empresa), mas este deve referir-se à entrada de material de terceiro. O setor de Programação e Controle de Produção (PCP) informa esse código para ser registrado na NF de remessa. Porém, algumas vezes o tal código informado está incorreto, não sendo para terceiros. Assim, contabiliza-se erroneamente o produto. A NF de remessa não tem custo para a empresa, mas se o código estiver errado, além do erro do estoque no sistema, há outros custos para a empresa. O mesmo tem ocorrido quando não há a informação sobre a contagem em estoque de terceiros na NF de remessa. Por fim, o último problema identificado foi a (e) falta de maior conscientização das pessoas que trabalham com o estoque de produtos prontos da organização. Falta aos funcionários que atuam no controle de estoques conhecerem como funciona todo o sistema de controle de estoques e saber que quando tiver algum descuido irá afetar o controle de toda a
  • 17. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 19 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 empresa. Porém, nem sempre as pessoas que trabalham direta ou indiretamente com o controle de estoque, compreendem os possíveis transtornos que podem ocorrer quando algum deles deixa de realizar corretamente sua etapa do processo. Geralmente, há maior preocupação com as partes isoladas, sem um foco no todo. Cada um cuida da sua etapa e, muitas vezes, não entende perfeitamente que um descuido no setor vai refletir em outros setores. Conforme Rodrigues, Guimarães e Severo (2013), indiferentes do tipo de problema existente nos controles de estoque, os mesmos tendem a baixar sensivelmente a credibilidade tanto da área responsável quanto da empresa perante o cliente. Para sanar dificuldades enfrentadas nos controles de estoque, Pozo (2009) salienta que é necessário que a organização, primeiro, identifique quais os principais problemas nos controles de estoque e suas causas. Depois disso, precisam-se tomar ações corretivas e preventivas, para que os mesmos problemas não voltem a acontecer. Não há mágica neste processo, pois devem-se criar controles mais efetivos, treinar as pessoas e cobrar os resultados esperados. No decorrer desse processo, é essencial trabalhar na conscientização do quadro de pessoal quanto à importância do estoque para a empresa. Buscou-se ainda verificar sugestões para melhorar o processo de controle de estoque de produtos prontos da empresa (Questão 4) junto aos entrevistados. Dentre elas, recomendaram-se os seguintes aspectos: a) Mais atenção e cuidado quando colocar o código do produto; b) Treinamento para o pessoal envolvido com o estoque, assim como supervisores e líderes, mostrando a importância e no que afeta quando se comete algum erro no estoque; c) Elaborar algum tipo de controle para evitar o erro, proporcionando um ambiente onde os envolvidos precisam desenvolver a atividade corretamente; d) Fazer contagens com periodicidades mais curtas dos produtos, algo como separar por algum tipo de grupo e fazer contagem com data marcadas; e) Identificar a causa do erro: onde ocorreu, quem foi, por que aconteceu o erro e não com o objetivo de buscar culpados mas de prevenir futuras ocorrências; f) Fazer controles mais rígidos para produtos de maiores valores; g) Rever se os estoques de segurança ainda atendem o que precisa; e h) Mais atenção e cuidado com as informações colocadas nas notas fiscais de terceiros (contagem correta do item; código correto do item; e classificando como material de terceiros).
  • 18. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 20 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 Neste cenário, interessante mencionar alguns comentários dos entrevistados sobre o controle de estoque na empresa (Questão 5). "Estamos sempre cheio de boas intenções, mas acabamos dando prioridade para arrumar o material e satisfazer o cliente, sem cuidar direito do controle de estoques. Eu sou a favor de arrumar algumas formas mais rígidas de controle" (Responsável pelo controle de estoques). Já outro entrevistado que atua como auxiliar de faturamento (Lançamento de nota fiscal) salientou que "como a gente não tem algum acompanhamento mais direto não se sabe se os problemas que ocorrem são graves ou não". Ele acredita que seria necessário montar indicadores para as pessoas saber dos problemas que mais ocorrem nos estoques e atacar as causas. Por fim, o entrevistado que atua como auxiliar de controle de estoques comentou que é preciso ver se os controles usados atualmente realmente atendem a realidade da empresa: "a empresa cresceu muito nos últimos anos, mas os controles parecem que não mudaram muito. Daí, as pessoas acabam não dando a devida importância para os controles do estoque". 4.3 SUGESTÕES DE MELHORIAS AO CONTROLE DE ESTOQUE DA EMPRESA Levando em conta os principais problemas relacionados ao controle de estoques na empresa em estudo e os mecanismos de controle de estoques apontados pela literatura, recomendam-se algumas ações para melhorar a confiabilidade do controle de estoques na organização. A primeira recomendação é a empresa (a) adotar a classificação do seu estoque pela Curva ABC para, depois, realizar ajustes nos controles utilizados. Com a Curva ABC, a empresa pode monitorar de forma mais intensa os produtos que representam valores financeiros mais expressivos. Como explicam Corrêa, Gianesi e Caon (2009),na Curva ABC, os produtos da classe A representam, em média, de 10 a 20% da quantidade de produtos do estoque da empresa. No entanto, a classe A diz respeito a 60 a 80% do investimento em estoque (valor financeiro). Em função disso, é preciso maior atenção com a classe A. Já os itens da classe C representam de 20 a 30% do estoque físico e também em termos de valores financeiros. Também precisam de cuidados especiais. Por fim, os itens da classe C representam de 50 a 70% do total dos produtos em estoque, mas condizem entre 5 e 10% em valores financeiros em estoque. Neste caso, não há a necessidade de altos controles para este grupo C. Após a classificação da Curva ABC do estoque, sugere-se, primeiramente, (b) determinar adequadamente os estoques de segurança. Contudo, faz-se necessário o
  • 19. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 21 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 envolvimento entre o setor de controle de estoque, o setor de vendas e o setor de compras. Juntamente com o consumo médio do produto é preciso que o setor de compras verifique se os prazos de entrega dos fornecedores ainda continuam os mesmos, pois já há estoques de segurança pré-estabelecidos na empresa, com base no consumo médio. Além disso, o setor de vendas deve verificar com os clientes dos produtos prontos, quais as previsões de demanda para o próximo período (seis meses ou um ano). Com estas informações em mãos, pode-se alimentar o sistema da empresa para que este gere os estoques de segurança dos itens. Também é necessário ficar atendo às possíveis oscilações na demanda dos clientes e nos prazos de entrega dos fornecedores. Interessante relembrar que o estoque de segurança tem como objetivo atender a uma demanda que ultrapassa a quantidade prevista para certo período. (CHOPRA, 2003). Figueiredo, Fleury e Wanke (2006) comentam que é preciso cuidar para não subdimensionar ou superestimar o estoque de segurança. É justamente em função disso que, na empresa, é necessário reunir dados e informações da previsão de vendas, prazos médios de entrega dos fornecedores e análise do consumo médio do item, para gerar um estoque de segurança que não onere o estoque, seja pela falta ou pelo excesso. A próxima sugestão consiste em (c) realizar inventários rotativos do estoque de produtos prontos. No entanto, os produtos prontos pertencentes à classe A (da curva ABC) devem ser inventariados semanalmente e quaisquer diferenças, entre estoque físico e contábil, devem receber um tratamento especial para que não ocorra o mesmo erro, realizando-se planos de ações corretivas e preventivas. Os produtos da classe B podem ser contados de 20 em 20 dias, verificando-se as causas e a solução dos problemas. Já os produtos da classe C podem ser inventariados de 90 em 90 dias. O inventário rotativo, segundo Accioly, Ayres e Sucupira (2008), consiste em contagem física contínua de grupo de itens em estoque, por meio de um planejamento mensal, semanal ou diária. Juntamente com os inventários rotativos dos produtos prontos, recomenda-se (d) o desenvolvimento e utilização de indicadores relacionados ao controle de estoques. Dentre esses indicadores, podem-se realizar medições da acuracidade dos estoques com base nas classes A, B e C; quantidade de problemas identificados em cada classe (A, B e C); a frequência das causas dos problemas ocorridos; principais origens dos problemas; as soluções corretivas e preventivas mais usadas para a solução dos problemas; comparativo entre o crescimento ou queda dos problemas no controle dos estoques classificados pela Curva ABC. Neste sentido, Martins et al. (2006) apontam que utilizar indicadores de desempenhos do
  • 20. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 22 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 controle de estoque pode auxiliar expressivamente para resolver a causa-raiz dos problemas para, depois, pensar-se em desenvolver melhorias e/ou otimização do estoque. A gestão de estoque, atualmente, tem recebido uma atenção redobrada pelas empresas. Isso porque, de acordo com Beckedorff e Garcia (2007), a gestão de estoques deve ser analisada sob a visão estratégica da empresa, e não somente pela compreensão de enfoque operacional. A administração de estoques precisa ser parte integrante de tomadas de decisões estratégicas da empresa. Diante disso e frente aos problemas nos controles de estoques identificados na empresa, recomenda-se (e) a realização de treinamentos específicos mostrando a importância dos controles de estoques na organização como um todo. Nestes treinamentos, muitos problemas ligados à falta de atenção e/ou conscientização dos profissionais envolvidos no controle de estoques (erro de armazenagem; falha na digitação e nas transferências entre filiais; problemas de comunicação, etc.) podem ser resolvidos. É essencial a participação efetiva de algum representante no nível estratégico da organização nos treinamentos, para direcionar foco do controle de estoque a um âmbito estratégico da organização. Como ressaltam Corrêa, Gianesi e Caon (2009, p.29), as empresas precisam compreender que gerir estoque consiste em analisar sua realidade empresarial no mercado, organizar seus estoques estrategicamente, de maneira que não sobre materiais desnecessariamente, mas que não falte quando preciso. Essa seria a essência da gestão de estoques. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo teve como objetivo geral analisar os controles internos de estoques de produtos prontos de uma distribuidora de aços localizada do município de Cachoeirinha – RS, e como objetivos específicos (a) apresentar o funcionamento atual do processo de estoques da empresa; (b) identificar quais os controles internos utilizados pela empresa e problemas relacionados; e (c) propor possíveis ações para melhorar o controle de estoques de produtos prontos da organização. Quanto ao primeiro objetivo específico, foi possível identificar o funcionamento atual do processo de estoques da empresa, que colaborou para atender ao segundo objetivo específico, que dentre os mecanismos de controle de estoques utilizados pela empresa destacaram-se: o software de gerenciamento de estoque, para lançamento das entradas e saídas do estoque; a contagem dos produtos prontos a cada seis meses e a realização dos
  • 21. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 23 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 ajustes necessários no sistema; o inventário geral no final de cada ano; as contagens avulsas de produtos prontos, quando houver compra de um valor financeiro mais expressivo; e os estoques de segurança nos produtos prontos com base no consumo médio. Já os problemas enfrentados no controle de estoques da empresa foram: (a) erros de transferências de produtos entre as filiais; (b) erro na armazenagem; (c) distorções no estoque de segurança dos produtos prontos; (d) falhas na comunicação entre as áreas envolvidas com o estoque; e (e) falta de maior conscientização das pessoas que trabalham com o estoque de produtos prontos da organização. Além disso, numa contagem aleatória de cinco produtos prontos da empresa, o nível de acuracidade foi 60% (erro de digitação e local incorreto na armazenagem). Em relação ao terceiro objetivo específico, diante dos problemas identificados no controle de estoques da empresa, as recomendações buscaram auxiliar para que haja maior conhecimento, conscientização e redirecionamento estratégico na gestão de estoques da empresa. Isso foi feito sugerindo a empresa adotar a classificação do seu estoque pela Curva ABC; determinar adequadamente os estoques de segurança, levando em conta a demanda dos clientes, consumo médio e prazo de entrega dos fornecedores; a realização de inventários rotativos diferenciados pela Curva ABC; desenvolvimento e utilização de indicadores relacionados ao controle de estoques (acuracidade; frequência de problemas; correção e prevenção); e pela realização de treinamentos que realmente demonstrem a importância dos controles de estoques na organização como um todo, tratando-o como um ponto estratégico da empresa. Em relação ao terceiro objetivo, após a análise do funcionamento do estoque da empresa, seus controles de estoques e os problemas neste cenário, as recomendações de melhorias sugeridas podem não resolver todos os problemas ligados ao controle de estoques, mas, acredita-se que eles podem evidenciar os problemas mais graves, servindo como ponto de partida para aprofundar outras questões para otimizar o controle da organização como um todo. Durante a realização da pesquisa, notou-se que pode haver outros problemas relacionados aos controles de estoque da organização. Ou seja, percebeu-se durante as entrevistas que nem sempre as pessoas forneciam totalmente as informações por receio de alguma represália posteriormente. Neste sentido, Martins et al. (2006) explicam que para sanar dificuldades é necessário focar no erro e não na pessoa que o cometeu. O controle de estoque possui significativa importância no cenário empresarial, sendo necessário trabalhar para que o estoque esteja sempre disponível, mas na quantidade ideal e
  • 22. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 24 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 no momento apropriado para atender a demanda da empresa. Controles de estoques eficientes tendem a espelhar os resultados do estoque físico e contábil fidedignamente, o que revela a importância dos controles internos no ambiente empresarial. Para a realização de outros estudos posteriores acerca do tema estudado, recomenda- se mensurar o impacto nas informações contábeis e fiscais decorrentes das divergências do controle de estoque apontadas no estudo. REFERÊNCIAS ACCIOLY, Felipe; AYRES, Antônio de Pádua Salmeron; SUCUPIRA, Cezar. Gestão de estoques. Rio de Janeiro: FGV, 2008. ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: um curso moderno e completo. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. ANDRADE, Maria Margarida de. Como preparar trabalhos para cursos de pós- graduação: noções práticas. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002. ANTONY, Robert N.; GOVINDARAJAN, Vijay. Sistemas de controle gerencial. São Paulo: Atlas, 2001. BECKEDORFF, Irzo Antônio; GARCIA, Eduardo. Logística. Indaial: Asselvi, 2007. CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos: os novos horizontes em administração. 3. ed. Barueri, SP: Manole, 2014. CHING, Hong Yuh. Gestão de estoques na cadeia de logística integrada. Supplychain. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. CHOPRA, Sunil. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. Trad. Cláudia Freire. São Paulo: Prentice Hall, 2003. COLAUTO, Romualdo Douglas; BEUREN, Ilse Maria. Coleta, Análise e Interpretação dos Dados. In: BEUREN, Ilse Maria (Org.). Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 117-144. CORRÊA, Henrique Luiz; GIANESI, Irinei Gustavo Nogueira; CAON, Mauro. Planejamento, programação e controle da produção: MRP II/ERP: conceitos, uso e implantação: base para SAP, Oracle Applications e outros softwares integrados de gestão. 5. ed. 3. reimp. São Paulo: Atlas, 2009. CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria Contábil. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2002. FIGUEIREDO, Kleber Fossati; FLEURY, Paulo Fernando; WANKE, Peter. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento do fluxo de produtos e dos recursos. São Paulo: Atlas, 2006. FLICK, Uwe. Uma introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman, 2004. ECHEVERRIA, Ivan. Contabilidade geral e custos. Cuiabá: KCM, 2011. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
  • 23. SILVA, F. M. da; CARDOSO, V. C. Análise dos controles internos de estoque de produtos prontos... 25 RAC - Revista de Administração e Contabilidade. Ano 15, n. 30, p. 03-25, jul./dez. 2016. ISSN 2525-5487 GODOY, Arlida Schmidt. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de Administração de Empresas, v. 35, n. 2, p. 57-63, 1995. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rae/v35n2/a08v35n2.pdf>. Acesso em: 07 jul. 2015. LINS, Luiz dos Santos. Auditoria: uma abordagem prática com ênfase na auditoria externa: atualizada e revisada: contém exercícios. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. LUNKES, Rogério João. Controle de gestão: estratégico, tático, operacional, interno e de risco. São Paulo: Atlas, 2010. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARTINS, Gilberto de Andrade; THEOPHILO, Carlos Renato. Metodologia da investigação para ciências sociais aplicadas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MARTINS, Petrônio Garcia; ALT, Paulo Renato Campos. Administração de materiais e recursos patrimoniais. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. MOREIRA, Daniel Augusto, Administração da produção e operações. 1. ed. São Paulo: Thomson Learning, 2006. NASCIMENTO, Auster Moreira et al. Sistemas de Controles Internos. In: NASCIMENTO, Auster Moreira; REGINATO, Luciane (Org.). Controladoria: um enfoque na eficácia organizacional. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. p. 102-127. NASCIMENTO, Auster Moreira; REGINATO, Luciane. Controladoria: Instrumento de Apoio ao Processo Decisório. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2010. POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2009. RAUPP, Fabiano Maury; BEUREN, Ilse Maria. Metodologia da Pesquisa Aplicável às Ciências Sociais. In: BEUREN, Ilse Maria (Org.). Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: Teoria e Prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 76-97. RODRIGUES, Rosiele de Freitas; GUIMARÃES, Julio Cesar Ferro de; SEVERO, Eliana Andréa. Acuracidade de Estoque. In: Simpósio Científico de Graduação e Pós-Graduação, 3., 2013, Bento Gonçalves. Anais... Bento Gonçalves, 2013. Disponível em:<http://ojs.ftsg.edu.br/index.php/simposio/article/view/112>. Acesso em: 15 mai. 2015. SÁ, Antônio Lopes de. Curso de auditoria. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1993. SANTOS, Nilson Sales dos. Auditoria e controle. Rio de Janeiro: UCB/CEP, 2007. SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2002. SILVA, Edna Lúcia da; MENEZES, Estera Muszkat. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 4. ed. Florianópolis: UFSC/PPGEP/LED, 2005. STAKE, Robert E. Pesquisa qualitativa: estudando como as coisas funcionam. Porto Alegre: Penso, 2011. SUCUPIRA, Cezar; PEDREIRA, Cristina. Inventários físicos: a importância da acuracidade dos estoques. 2008. Disponível em: <http://www.cezarsucupira.com.br/Invetariarios%20fisicos.htm>. Acesso em: 15 mai. 2015. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.