O documento discute como a amamentação promove o desenvolvimento adequado da dentição e fala da criança, ao contrário do uso de mamadeiras e bicos. A lei 222/2002 exige que fabricantes de mamadeiras informem sobre os riscos de seu uso prolongado, como prejudicar a amamentação, dentição e fala. A sucção no peito estimula o maxilar a se posicionar corretamente e desenvolve a musculatura labial, ao contrário da mamadeira que não exige esforço.
A relação entre a amamentação, a dentição e a fala1
1. A RELAÇÃO ENTRE A AMAMENTAÇÃO, A DENTIÇÃO E A FALA
UM ALERTA PARA O USO DE BICOS E MAMADEIRAS
O governo Federal aprovou a lei 222, de agosto de 2002, cuja portaria entrou em vigor por
volta do mês de maio deste ano, esclarecendo que todos os fabricantes de mamadeiras, bicos
e chupetas devem constar frases de advertência na embalagem dos seus produtos, como esta:
"a criança que mama no peito não necessita de mamadeira, bico ou chupeta" e também que
"o uso da mamadeira, bico ou chupeta prejudica a amamentação, e seu uso prolongado
prejudica a dentição e a fala da criança". Isto é uma vitória para os profissionais da saúde de
modo geral e dos mais envolvidos com crianças, pois o uso da mamadeira prejudica de forma
grave a amamentação, a dentição, a respiração, a fala, e na seqüência - a mastigação e o
desenvolvimento facial da criança. Quando o bebê nasce, seu maxilar inferior se apresenta
mais para trás em relação ao maxilar superior. O equilíbrio do posicionamento das arcadas e
da língua dependerá da sucção do bebê ao peito. Assim, a sucção tem um papel importante
no desenvolvimento ósseo-muscular, o que resulta num equilíbrio do posicionamento das
arcadas e da língua. No ato da amamentação, o bebê abocanha toda a aréola, comprimindo o
peito com a língua no palato, e extraindo, assim, o leite materno. A sucção estimula a
movimentação da mandíbula (maxilar inferior) para frente, a língua faz um movimento
antero-posterior e ocorre uma contração dos lábios. Isso resulta num esforço muito grande
chegando o bebê até a transpirar. Com o uso da mamadeira, isso não ocorre. O bico da
mamadeira é longo, a criança não consegue aderir os lábios ao redor dele; o orifício é grande,
bem maior do que os orifícios do peito materno, não exigindo esforço no ato da sucção.
Quando é fornecido leite artificial, podem acontecer alterações nas funções de sucção,
deglutição, mastigação e respiração, até alterações na produção da fala (a criança fala com a
língua projetada entre os dentes, apresenta distorção dos sons da fala, entre outros
distúrbios). O que queremos deixar claro é que, a criança amamentada ao peito desenvolve a
musculatura dos lábios de uma forma melhor, mais adequada, do que a criança que recebe o
alimento pela mamadeira. Desta forma, a respiração nasal também é estimulada, pois com a
musculatura dos lábios mais firme, eles ficarão sempre fechados durante o período de
repouso do bebê. Outra estimulação importante que ocorre através da amamentação, é a
estimulação sensorial auditiva de ambos os lados dos ouvidos, alternadamente. Além de todas
estas vantagens, o aleitamento materno estreita os laços afetivos entre mãe e bebê, pois ele
fica muito mais tempo com a mãe num contato bastante íntimo, o que, sem dúvida alguma,
favorece e muito, o seu desenvolvimento emocional. Neste sentido, pedimos aos pais que
estejam atentos ao uso de bicos e mamadeiras, que apesar de ser um hábito que se adquire
tão cedo, pode comprometer todo um desenvolvimento saudável da criança, pelo resto da
vida e a responsabilidade será de vocês!
As autoras deste artigo são membros do PROAMA – Projeto Amamentar da Unesp de Rio Claro.
Contatos pelo e-mail: educibrc@rc.Unesp.br
Heloísa Bray – Fonoaudióloga
Liege Maria Biscegli Ferreira – Ortodontista
Maira Costa Vieira Zucchi – Fonoaudióloga
Silvia Marina Anaruma – Coordenadora do Proama e colaboradora neste artigo
2003