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A trampa que iludiu os maiores gˆenios e pensadores
da humanidade
Gentil, o iconoclasta
Professor do Departamento de Matem´atica da UFRR
(gentil.iconoclasta@gmail.com ◮ https://goo.gl/DVWQxz)
24 de agosto de 2019
Tudo o que apreendemos, seja perceptiva ou conceitualmente,
´e desprovido de natureza inerente pr´opria, ou identidade, independen-
temente dos meios pelos quais seja conhecido. Objetos percebidos, ou
entidades observ´aveis, existem em rela¸c˜ao `as faculdades sensoriais ou
sistemas de medi¸c˜ao pelos quais s˜ao detectados − n˜ao de modo inde-
pendente no mundo objetivo. (Alan B. Wallace/Dimens˜oes escondidas)
Resumo
Veja bem, n˜ao estamos falando do comum dos mortais, tamb´em
n˜ao estamos falando de gˆenios e pensadores quaisquer, estamos nos re-
ferindo aos maiores gˆenios e pensadores que a humanidade j´a produziu.
Em resumo, o erro (cegueira) de todos eles foi n˜ao terem entendido a
cita¸c˜ao na ep´ıgrafe deste artigo. O pr´oprio Einstein n˜ao compreendeu,
como atesta um di´alogo seu com o poeta indiano Rabindranath Tagore.
1 Introdu¸c˜ao
Tudo isso, que `a primeira vista parece excesso de
irraz˜ao, na verdade ´e o efeito da finura e da extens˜ao
do esp´ırito humano e o m´etodo para encontrar ver-
dades at´e ent˜ao desconhecidas. (Voltaire)
Se h´a algo que o homem deve aprender de uma vez por todas ´e que para
a Natureza n˜ao existe l´ogica n˜ao existe ´etica, n˜ao existe certo n˜ao existe er-
rado, n˜ao existe direita n˜ao existe esquerda, n˜ao existe mal n˜ao existe bem,
n˜ao existe pobre n˜ao existe rico, n˜ao existe santo n˜ao existe pecador . . .
Enfim, a Natureza n˜ao consulta o homem para saber a sua opini˜ao!
O conte´udo do presente artigo ´e o que podemos denominar de uma obra
de engenharia teol´ogica.
1
2 Os truques na Natureza s˜ao abundantes
Apenas para situar o leitor, a seguir ilustramos alguns truques utilizados
pela Natureza:
A prop´osito, nota-se que o embuste (truque, trampa)
encontra-se disseminado por toda a Natureza n˜ao apenas entre
os animais (incluindo o homem) como at´e mesmo no reino ve-
getal. Existe uma planta carn´ıvora que simula o odor de carne
putrefata para atrair moscas a uma armadilha. A Natureza
n˜ao obedece `a l´ogica ou ´etica humanas.
Afirmamos que a trampa que iludiu os maiores gˆenios e pensadores da
humanidade se esconde atr´as de um destes truques. O truque ´e t˜ao enge-
nhoso e sofisticado − mega, giga, tera sofisticado − que n˜ao teria mesmo
como os pobres gˆenios perceberem a trampa. Ademais, em toda a hist´oria
da humanidade o n´umero de homens que perceberam o engodo conta-se “nos
dedos de uma s´o m˜ao!” . . . Pasm´em!
Vamos apresentar-lhes apenas dois destes homens que se deram conta
da trampa, ou melhor, trˆes deles − n˜ao podemos apresentar muitos, como
dissemos o n´umero destes homens conta-se “nos dedos de uma s´o m˜ao”.
Ap´os o que revelaremos o truque, a trampa, a prestidigita¸c˜ao que iludiu
quase toda a humanidade durante todos estes s´eculos e milˆenios!
2
1◦ ) Buda
Quando Buda atingiu, algu´em lhe perguntou: “O que vocˆe atingiu?”
Ele riu e disse: “N˜ao atingi nada, pois o que atingi sempre esteve comigo.
Pelo contr´ario, perdi muitas coisas; perdi meu ego, meus pensamentos, mi-
nha mente. . . Perdi tudo o que costumava senti que possu´ıa; perdi meu corpo,
pois costumava achar que era o corpo. Perdi tudo isso e agora existo como
puro nada. Mas essa ´e a minha aquisi¸c˜ao.” (Buda/Osho)
2◦ ) Sri Nisargadatta Maharaj
Esse mundo de vocˆes, que tanto precisa ser cuidado, vive e se move
na mente. Mergulhem nela, l´a, e apenas l´a, vocˆes encontrar˜ao respos-
tas. De onde mais vocˆes imaginam que o mundo venha? Fora de sua
consciˆencia, algo existe? (Sri Nisargadatta Maharaj/“Eu Sou Aquilo”)
3◦ ) Papaji
Papaji
Perguntaram a Papaji:
P: Quem ´e Deus?.
R: Quando vocˆe projeta um mundo de sonhos
para si mesmo e vive nele, vocˆe tamb´em pro-
jeta um Deus que olhe por ele. Quando vocˆe
para sua proje¸c˜ao, ambos o mundo e Deus desaparecem.
2.1 O truque − engodo, trampa, prestidigita¸c˜ao!
O truque de que temos falado ´e este: a ilus˜ao do ego, da identidade.
De modo mais enf´atico e objetivo: A ilus˜ao de que n´os existimos! Aqui
est´a a ilus˜ao − trampa, engodo − frente `a qual quase toda a humanidade
sucumbiu! Ora, reconhecemos que ´e necess´ario alguns esclarecimentos para
que esse truque possa de fato ser reconhecido como uma ilus˜ao. Primeira-
mente observe o que Buda afirmou:
Perdi tudo isso e agora existo como puro nada. Mas essa ´e a mi-
nha aquisi¸c˜ao.
Quando Buda afirma: perdi meu ego, meus pensamentos, minha mente. . . Perdi
tudo o que costumava senti que possu´ıa; perdi meu corpo, pois costumava
achar que era o corpo.
´e porque ele se deu conta do truque, da trampa.
3
Quando Maharaj afirma: Esse mundo de vocˆes, que tanto precisa ser
cuidado, vive e se move na mente.
´e porque ele se deu conta do truque, da trampa.
Quando Papaji afirma:
Quando vocˆe projeta um mundo de sonhos para si mesmo e vive nele,
vocˆe tamb´em projeta um Deus que olhe por ele. Quando vocˆe para sua
proje¸c˜ao, ambos o mundo e Deus desaparecem.
´e porque ele se deu conta do truque, da trampa.
Mas como grandes m´ısticos via de regra n˜ao s˜ao levados a s´erio por ar-
rogantes cientistas − eles pr´oprios v´ıtimas do engodo − vamos apelar para
a pr´oria ciˆencia:
1◦ ) Na edi¸c˜ao da Revista Veja de 4 de julho de 2012, o cientista Francis
Crick − o mesmo que descobriu a forma de h´elice dupla da m´olecula da
vida, o DNA − proferiu:
Vocˆe, suas alegrias e tristezas, suas mem´orias e ambi¸c˜oes, sua
no¸c˜ao de identidade e seu livre-arb´ıtrio nada mais s˜ao do que a intera¸c˜ao
de um vasto conjunto de c´elulas nervosas . . . (Francis Crick)
Ou seja, n´os somos produtos de interconex˜oes cerebrais, aqui est´a o tru-
que! Mais uma confirma¸c˜ao:
Tal como todas as c´elulas do corpo se inter-relacionam para pro-
duzir um organismo funcional, tamb´em as redes neurais se associam para
produzir aquela entidade que pensamos ser nossa personalidade. Todas
as emo¸c˜oes, lembran¸cas, conceitos e atitudes est˜ao neurologicamente co-
dificados e interconectados, resultando no que se chama ego, filho do
homem, eu inferior, o humano, a personalidade
(Do livro Quem somo n´os? − A descoberta das infinitas possibilidades
de alterar a realidade di´aria)
Nossa “existˆencia” ´e apenas virtual e n˜ao real. Oportunamente veremos
as dr´asticas consequˆencias disto, isto ´e, de se tomar o virtual pelo real! As
consequˆencias s˜ao deveras dram´aticas, tanto a n´ıvel pessoal quanto coletivo.
Por ora ´e suficiente dizer que n˜ao se dar conta de uma ilus˜ao, ou tomar
o falso por verdadeiro (real), pode conduzir a desvios e patologias de toda
ordem, ´e o que se ver no mundo, a n´ıvel coletivo e individual, reiteramos.
Nota: Quando afirmamos que o n´umero de homens que se deram conta
de que a identidade ´e um truque conta-se “nos dedos de uma s´o mao!” −
citamos trˆes m´ısticos como exemplo − estamos nos referindo aos que de fato
experienciaram isto, e n˜ao aos que sabem apenas de teoria, de ouvir falar.
4
3 Qual a nossa verdadeira essˆencia?
A resposta ainda encontra-se na revela¸c˜ao do Buda, veja:
Quando Buda atingiu, algu´em lhe perguntou: “O que vocˆe atingiu?”
Ele riu e disse: “N˜ao atingi nada, pois o que atingi sempre esteve comigo.
Pelo contr´ario, perdi muitas coisas; perdi meu ego, meus pensamentos, mi-
nha mente. . . Perdi tudo o que costumava senti que possu´ıa; perdi meu corpo,
pois costumava achar que era o corpo. Perdi tudo isso e agora existo como
puro nada. Mas essa ´e a minha aquisi¸c˜ao.” (Buda/Osho)
O “Puro Nada” − que podemos tamb´em denominar de Consciˆencia Pura
− ´e a essˆencia do ser humano. Fa¸camos um desenho para nos fazer melhor
entender e, ademais, revelar de uma outra perspectiva onde encontra-se o
truque. Normalmente o ser humano se identifica com o corpo e a mente, a
mente ´e produto de muitos fatores, em poucas palavras ´e uma constru¸c˜ao
social. Vejamos uma analogia: quando chegamos ao mundo podemos nos
ver como uma tela em branco, assim:
Tela em branco
− Um p´assaro nascido em
uma gaiola n~ao tem a
consci^encia de que est´a
preso.
5
A tela em branco na qual o seu desenho (identidade) ser´a pintado ´e
o que denominaremos de Consci^encia Pura, ´e o que vocˆe ´e em essˆencia;
a Consciˆencia Pura n˜ao ´e mat´eria nem energia. Ao nascer embora n˜ao
tenhamos uma identidade formada, no entanto, somos conscientes, temos
uma Consciˆencia. Pois bem, o seu retrato (identidade, ego) ser´a pintado
por v´arios “artistas”, dentre eles, seus pais, colegas de escola, religi˜oes,
internet, televis˜ao, etc. Em nossa analogia do Prisma tudo se passa assim:
Luz Branca
Consci^encia Pura (Nada)
Voc^e (sua ess^encia) ´e isto!
Esta ´e uma das maiores descobertas do Oriente:
de que o nada n˜ao ´e vazio; ao contr´ario, ´e simplesmente
o oposto de esvaziamento. ´E plenitude, ´e transbordamento.
(Osho/Morte a Maior das Ilus~oes/p.87)
Prisma (CD)
− Mente
− Ego: esse desenho ´e
um arquivo armazenado no
c´erebro, n˜ao ´e sua essˆencia!
− Constru¸c~ao social
´E precisamente nesse desenho onde
reside o truque, a ilus˜ao do ego, ou iden-
tidade. Ora, ao acreditar que esse desenho
tem existencia real (que “n´os realmente exis-
timos”) todos os assim denominados gˆenios
e pensadores ca´ıram v´ıtimas desta cilada,
deste truque da Natureza. Na se¸c˜ao 5 veremos algumas importantes con-
sequˆencias da revela¸c˜ao da trampa, s˜ao estas consequˆencias que realmente
nos interessa enfatizar.
Na analogia a seguir a Consciˆencia Pura ´e a luz branca que incide no
prisma (mente), as cores na sa´ıda do prisma s˜ao os pensamentos produzidos
pela mente. Vejamos como Buda conseguiu perceber a trampa engendrada
pela Natureza.
Consciˆencia
Mente
pensamentos
Buda deleta
a mente.
→ →
Um segundo prisma colocado ap´os o
primeiro consegue somar todas as cores ob-
tendo a luz branca de volta. Segundo o cien-
tista Francis Crick sua identidade encontra-
se na mente, ´e resultado de interconex˜oes ce-
rebrais. A identidade manifesta-se atrav´es
dos pensamentos. Na medita¸c˜ao profunda
Buda consegue eliminar os pensamentos e
volta ao estado de Consciˆencia Pura, onde n˜ao h´a identidade ou ego. Pode-
mos dizer que o ego (identidade) tem uma existˆencia apenas virtual e n˜ao
real, caso contr´ario ele n˜ao poderia desaparecer atrav´es da medita¸c˜ao.
6
4 Acordando do sonho
Buda significa iluminado em sˆanscrito, mas no presente contexto vamos
considerar Buda significando “O Desperto”, aquele que acordou do sonho.
Os demais, isto ´e, aqueles que ainda acreditam na ilus˜ao de uma identidade,
na ilus˜ao de que realmente existem ainda n˜ao despertaram do sonho, con-
tinuam dormindo. A prop´osito, lembrei-me de mais uma analogia. Quando
vocˆe est´a sonhando seu c´erebro cria um universo, vocˆe at´e “existe” dentro
do universo criado no sonho. Perguntamos se vocˆe − dentro do sonho − ´e
real. Quando vocˆe acorda percebe que aquele universo no qual vocˆe existia
era um sonho engendrado pela mente. Ora, mas ´e precisamente isto que
acontece com este universo no qual nos encontramos “acordados”, tamb´em
´e uma cria¸c˜ao da mente − A bem da verdade ´e uma cria¸c˜ao da Consciˆencia
Pura atrav´es da mente. Veja novamente:
Esse mundo de vocˆes, que tanto precisa ser cuidado, vive e se move na
mente. Mergulhem nela, l´a, e apenas l´a, vocˆes encontrar˜ao respostas. De
onde mais vocˆes imaginam que o mundo venha? Fora de sua consciˆencia,
algo existe? (Sri Nisargadatta Maharaj/“Eu Sou Aquilo”)
Os que ainda n˜ao se deram conta disto ´e porque ainda encontram-se
dormindo, sonhando − ´e “s´o” isto!
5 Consequˆencias da revela¸c˜ao da trampa
Pois bem, o que nos interessa aqui ´e colocar em destaque algumas das
consequˆencias da revela¸c˜ao do truque; ou ainda, algumas consequˆencias da
trampa.
Eu n˜ao diria que as consequˆencias da
revela¸c˜ao do truque sejam t˜ao devastadoras
quanto a explos˜ao de uma bomba atˆomica, n˜ao,
n˜ao ´e . . .´e muito pior! Uma bomba tem efeito
local, esta revela¸c˜ao poder´a ter efeito global,
isto ´e, em toda a superf´ıcie da Terra. Mas as-
sim como a explos˜ao de uma bomba n˜ao poder´a ser ouvida e vista por um
cego surdo tampouco as consequˆencias desta revela¸c˜ao.
5.1 A primeira pedra a tombar: Deus
Estaremos derrubando a primeira pedra da
s´erie de domin´os, as demais cair˜ao como con-
sequˆencia.
7
A primeira pedra que derrubaremos como consequˆencia de que o ego ´e
um truque ´e a de que Deus existe! Deus ´e uma cria¸c˜ao deste mesmo ego,
tentando se eternizar! Tudo resume-se em poucas palavras:
Papaji
Perguntaram a Papaji:
P: Quem ´e Deus?.
R: Quando vocˆe projeta um mundo de sonhos
para si mesmo e vive nele, vocˆe tamb´em pro-
jeta um Deus que olhe por ele. Quando vocˆe
para sua proje¸c˜ao, ambos o mundo e Deus desaparecem.
De uma outra perspectiva:
Mergulhe mais profundamente na sua consciˆencia e, quanto mais
fundo vocˆe for, mais seu eu come¸ca a se dissolver. Talvez seja por isso
que nenhuma religi˜ao exceto o Zen tentou a medita¸c˜ao − porque a
medita¸c˜ao vai destruir Deus, vai destruir o ego, vai destruir o
eu. Vai deix´a-lo no nada absoluto. ´E apenas a mente que faz vocˆe
ter medo do nada. (Osho/Zen, p. 133)
E os Deuses das religi˜oes como ficam? Respondemos: Os Deuses de
todas as religi˜oes foram mentiras engendradas pelos homens! por
egos humanos, ´e simples assim!
A prop´osito escrevi o artigo “DEUS PODE MENTIR ?” onde fiz uma
acarea¸c˜ao entre dois deuses de duas religi˜oes atuais e provei que um dos
dois ´e mentiroso. Mas, ´e claro que Deus n˜ao mente, quem mente s˜ao os
seus “representantes”, os homens que engendraram estes mesmos Deuses −
todos! n˜ao admitimos exce¸c˜oes. A prop´osito, vocˆe j´a se perguntou por que o
budismo e o jainismo s˜ao duas religi˜oes sem Deus? A resposta ´e simples: Por
que Buda e Mahavira n˜ao foram mentirosos, ´e s´o isto! Buda ao despertar,
ao acordar do sono no qual quase toda humanidade ainda encontra-se, se
deu conta de que Deus ´e uma cria¸c˜ao do ego, ele mesmo (ego) uma ilus˜ao.
Para vocˆe que ainda teima em permanecer ingˆenuo e acredita que a
maldade dos homens n˜ao chegaria a tanto, repito especialmente para vocˆe:
8
Colocamos em destaque
Tamboril ´e o nome popular dos peixes
lophiiformes. Eles s˜ao bastante conheci-
dos pela sua aparˆencia amedrontadora, mas
tamb´em contam com um ´otimo trunfo
para enganar suas presas.
O tamboril possui uma esp´ecie de isca sobre sua cabe¸ca [. . . ]
Pois bem, vamos raciocinar juntos, eu e vocˆe que teima em permane-
cer simpl´orio − isto ´e, em acreditar nos Deuses engendrados pelas religi˜oes
−: se a Natureza dotou o tamboril de uma s´erie de artif´ıcios, inclusive uma
falsa isca, para fisgar outros peixes desprevenidos, qual a dificuldade que
esta mesma Natureza teria em dotar “tubar˜oes” de varios artif´ıcios para
fisgar presas tolas como vocˆe? Veja do que estamos falando:
• Tubar~oes dotados de uma isca falsa:
“A B´ıblia Sagrada”
• Tubar~ao dotado de uma isca falsa:
“O BHAGAVAD-GITA”
Algumas pessoas s˜ao como mariposas. Querem se atirar ao fogo e
morrer. Preferem ser ludibriadas e enganadas pelos charlat˜aes do que
usar a inteligˆencia que Deus lhes deu. Nenhuma palavra de advertˆencia
´e capaz de dissuadi-las. Espera-se das pessoas que buscam a verdade es-
piritual um comportamento diferente, ou seja, que usem a raz˜ao e sejam
capazes de realizar bons julgamentos. (Swami Bhaskarananda)
Adendo: Consideramos “uma da maiores descobertas do Oriente” (p. 6)
at´e mais extraordin´aria que a pr´opria Teoria da Relatividade de Einstein.
Com a diferen¸ca que a Teoria de Einstein ´e mais f´acil de entender, passa
pelo intelecto; ao contr´ario, a descoberta do Oriente agride a mente. ´E que
o Nada (Vazio) ´e um Oceano de Potencialidades, de onde tudo deriva.
9
6 Satan´as criou Deus
Existe dentro do homem, em
virtude de sua constitui¸c˜ao,
um ego, um eu inferior − um
Satan´as, bem como um anjo.
(Bahaullah)
[. . .] Por mais intricado
e dif´ıcil que isso pare¸ca, a tarefa
ainda maior, a de converter for¸ca
satˆanica em poder celestial, cabe a
N´os, e fomos habilitados a desem-
penh´a-la. (Bahaullah)
Estamos de acordo com a afirma¸c˜ao do profeta Bahaullah de que dentro
do homem existe um Satan´as, bem como um anjo. Apenas que interpreta-
mos da seguinte forma:
Luz Branca
− Consci^encia Pura
−→
Voc^e (sua ess^encia) ´e isto!
Anjo
− Mente
− Ego: Satan´as
Todo Deus ´e uma cria¸c˜ao
do Ego, Satan´as.
O Ego (Satan´as) est´a na mente, ou manifesta-se pela mente. Pois bem, a
teologia crist˜a afirma que Deus criou Satan´as, desta afirma¸c˜ao discordamos
e afirmamos o contr´ario: Satan´as criou Deus! N˜ao faz o menor sentido, ´e
extremamente il´ogico − pelo ao menos para quem raciocina − que Deus
tenha criado Satan´as, agora que Satan´as tenha criado Deus, como uma
de suas ast´ucias, faz todo sentido! E n˜ao apenas isto, desta perspectiva
tudo come¸ca a fazer sentido, a explicar-se, a se encaixar. Com efeito, os
mul¸cumanos matam em nome de Deus, a Igreja Cat´olica matou milhares de
seres humanos − Cruzadas, Santa Inquisi¸c˜ao, fogueiras, etc. − em nome
de Deus; uma das pricipais caracter´ısticas das religi˜oes ´e separar as pessoas,
causar divis˜oes em nome de Deus. N˜ao ´e dif´ıcil aceitar a tese de que Satan´as
´e que criou Deus. Pelo ao menos at´e hoje Satan´as anda vencendo neste
Planeta e Deus continua se escondendo, sem dar as caras!
Nota: Dissemos anteriormente que a teologia crist˜a afirma que Deus criou
Satan´as; se uma ovelha ingˆenua perguntar a um padre ou pastor se isto ´e
verdade ele usar´a de sofismas e negar´a, dir´a algo como “Deus criou L´ucifer,
um anjo muito belo e inteligente, no entanto dotou-lhe de livre arb´ıtrio . . . ”,
e baboseiras do gˆenero para ludibriar as tolas ovelhas. A quest˜ao se resolve
de modo bem simples: Se Deus ´e onipotente e onisciente ent˜ao ele sabia no
que o anjo L´ucifer iria se tornar, logo, de fato ele criou Satan´as.
10
7 O Postulado ´Aureo
Vimos at´e aqui que uma fra¸c˜ao significativa dos nossos argumentos
fundamenta-se no que os Mestres Buda, Maharaj e Papaji afirmaram, em
particular na seguinte afirma¸c˜ao do Buda:
− O estado do Buda
Quando Buda atingiu, algu´em lhe perguntou: “O que vocˆe atingiu?”
Ele riu e disse: “N˜ao atingi nada, pois o que atingi sempre esteve comigo.
Pelo contr´ario, perdi muitas coisas; perdi meu ego, meus pensamentos, mi-
nha mente. . . Perdi tudo o que costumava senti que possu´ıa; perdi meu corpo,
pois costumava achar que era o corpo. Perdi tudo isso e agora existo como
puro nada. Mas essa ´e a minha aquisi¸c˜ao.” (Buda/Osho)
Esta afirma¸c˜ao poderia n˜ao ser entendida ou aceita por algu´em, reco-
nhecemos essa possibilidade. Minha ades˜ao ao que essses Mestres afirmam
se d´a antes de tudo pelo lado experimental, digo, atrav´es da pr´atica da me-
dita¸c˜ao profunda j´a experienciei “O estado do Buda” in´umeras vezes, essa
´e precisamente a raz˜ao pela qual n˜ao duvido do que Buda afirma acima.
Pois bem, mas esta ´e a minha experiˆencia e a do Buda, ningu´em ´e obrigado
a aceit´a-la, ou aderir ao que os outros dois Mestres citados afirmam. Ora,
ent˜ao como poderemos conduzir a quest˜ao?
Existe ainda uma outra alternativa, ´e o que podemos denominar de
uma abordagem abstrata, esta n˜ao depende de “f´e”, apenas de racioc´ınio,
flexibilidade e “boa vontade”, uma alternativa que poderia ser aceita por
qualquer pessoa inteligente − e livre, isso ´e importante! −. E no que con-
siste essa via abstrata? Aqui entra o que denominamos de “O Postulado
´Aureo”, cujo enunciado ´e como a seguir:
Tudo o que apreendemos, seja perceptiva ou conceitualmente, ´e despro-
vido de natureza inerente pr´opria, ou identidade, independentemente dos
meios pelos quais seja conhecido. Objetos percebidos, ou entidades ob-
serv´aveis, existem em rela¸c˜ao `as faculdades sensoriais ou sistemas de medi¸c˜ao
pelos quais s˜ao detectados − n˜ao de modo independente no mundo objetivo.
Este postulado n˜ao ´e meu, eu o encontrei no livro Dimens˜oes escondidas
do autor Alan B. Wallace. Minha ades˜ao a este postulado se deve `as minhas
experiˆencias em medita¸c˜ao profunda, relatadas − a quem interessar possa
− no artigo Ayahuasca, Budismo e Medita¸c~ao.
Vamos abrir um parˆenteses para uma outra cita¸c˜ao do livro de Wal-
lace que, de certa forma, podemos ver como uma primeira decorrˆencia do
Postulado ´Aureo, qual seja: A estrutura cognitiva de referˆencia.
11
7.1 A estrutura cognitiva de referˆencia
Todos os fenˆomenos [tanto percept´ıveis quanto conceituais]
podem ser postulados como existentes apenas em rela¸c˜ao a uma
estrutura cognitiva de referˆencia. (Dimens˜oes escondidas, p. 97 )
Para fixar as ideias podemos entender
como um exemplo de uma “estrutura
cognitiva de referˆencia” a mente hu-
mana. Doravante abreviaremos estrutura
cognitiva de referˆencia por ECR. Pode-
mos dizer que uma ECR ´e uma estrutura
que processa informa¸c˜oes. Num sentido
figurado, uma ECR ´e um referencial − ´e similar ao referencial da teoria da
relatividade de Einstein.
Apenas para exemplificar de forma concreta como funciona a estru-
tura cognitiva de referˆencia consideremos a seguinte “experiˆencia de pen-
samento”. Na ilustra¸c˜ao a seguir
PernilongoPernilongo
(Gedankenexperiment)
(Caixa)
12
Einstein e um pequeno robˆo (com uma lupa/zoom) observam “um mesmo
pernilongo” que se encontra dentro de uma caixa de vidro. Perguntamos:
quando os dois n˜ao est˜ao mais olhando para dentro da caixa, qual o perni-
longo que l´a permanece? Aquele que Einstein vˆe ou aquele que o robˆo vˆe?
Ou ainda: qual o pernilongo verdadeiro?
“Em sua forma forte, essa interpreta¸c˜ao assevera que a consciˆencia ´e
o estado b´asico fundamental, mais prim´ario que a mat´eria ou energia. Essa
posi¸c˜ao concede um papel especial `a observa¸c˜ao, quando a transforma no
agente ativo que provoca o colapso das possibilidades quˆanticas em realida-
des.” (Dean Radin/Mentes Interligadas, p. 221)
Pois bem, aplicando o Postulado ´Aureo ao que nos interessa podemos
afirmar que tanto o ego (identidade) quanto Deus s˜ao desprovidos de na-
tureza inerente pr´opria, ou ainda, existem em rela¸c˜ao `as faculdades
sensoriais ou sistemas de medi¸c˜ao pelos quais s˜ao detectados −
n˜ao de modo independente no mundo objetivo.
Deus n˜ao pode ser concebido fora de uma estrutura cognitiva de re-
ferˆencia; ou ainda: Deus s´o existe em rela¸c˜ao a uma ECR. Uma analogia:
assim como o pernilongo que comparece na figura da p´agina 12 ´e uma cons-
tru¸c˜ao da mente de Einstein, de igual modo todo Deus ´e uma constru¸c˜ao da
respectiva ECR. Substitua o pernilongo por Deus, Einstein por um Hindu e
o robˆo por um crist˜ao, veja:
PernilongoPernilongo
(Gedankenexperiment)
(Caixa)
D
eus
´E a mente de Einstein que cria o pernilongo que ele vˆe, ´e a mente do
hindu que cria o Deus que ele vˆe; ´e a “mente” do robˆo que cria o pernilongo
que ele vˆe, ´e a mente do crist˜ao que cria o Deus que ele vˆe, ´e simples assim.
Todas, reitero, s˜ao apenas e t˜ao somente formas de percep¸c˜ao! − sem
nenhuma rela¸c˜ao com a “realidade” de Deus.
13
7.2 Provas de que esse Deus ´e uma mentira
Se nos ‘demonstrassem’ esse Deus dos crist˜aos, ainda acreditar´ıamos
menos nele. (Nietzsche)
Um problema que desafia a todos os pusilˆanimes doutores te´ologos crist˜aos
h´a mais de 2000 anos foi colocado pelo c´elebre fil´osofo Epicuro:
Paradoxo de Epicuro
(341 a.C. - 270 a.C./Gr´ecia)
Ou Deus quer suprimir o mal e n˜ao pode;
ou Deus pode suprimir o mal e n˜ao quer.
No primeiro caso Deus ´e impotente;
no segundo caso Deus n˜ao ´e amor.
Perguntamos: Por que ap´os mais de 2000 anos ningu´em resolveu o Pa-
radoxo de Epicuro? Respondemos: Porque esse Deus crist˜ao − como os de
todas as religi˜oes − ´e simplesmente uma mentira! ´E esta a resposta.
A prop´osito, veja o livro: “Doze provas da inexistˆencia de Deus ” de
S´ebastien Faure. Escolha a prova de sua preferˆencia!
Sugerimos que
o s´ımbolo do
peixe crist~ao
seja o tamboril. A resposta `a
pergunta acima ´e: Trouxas!
14
7.3 A segunda pedra a tombar: Literaturas sobre esse Deus
O Absoluto n˜ao tem cor, nem plano, nem
nome, nem forma. Todos os nomes e formas
surgem na Terra e toda a imagina¸c˜ao e todos
os escritos se devem `a consciˆencia em forma
humana. O mundo est´a cheio de livros com os conceitos de seus
autores. (Sri Nisargadatta Maharaj/nada ´e tudo)
A segunda pedra a cair como consequˆencia de que o ego ´e um truque ´e
a de que tudo o que foi escrito sobre este Deus fict´ıcio tamb´em ´e fict´ıcio!
No meu livro O Deus Qu^antico escrevi um cap´ıtulo intitulado “Porque
as religi˜oes tˆem o incr´ıvel poder de cegar at´e mesmo os gˆenios” no qual
argumento na defesa da tese de que trˆes gˆenios foram idiotizados pela fic¸c˜ao
que ´e o Deus crist˜ao. Os gˆenios foram: Leibniz, Pascal e Santo Agostinho.
Aqui vamos tratar sucintamente de dois eminentes pensadores:
Em minha juventude − hoje conto com 59 anos − lia bastante Pietro
Ubaldi e Huberto Rohden. Se na minha juventude eu concordava com quase
tudo o que eles escreveram, hoje, discordo de quase tudo. Vou apenas exem-
plificar ligeiramente.
15
No livro Deus E Universo Pietro Ubaldi escreve:
Para quem tem olhos para enxergar, o plano de Deus ´e evidente. ´E
vontade Sua que no ano dois mil deva surgir uma nova civiliza¸c˜ao do
esp´ırito, em que o Seu Evangelho seja vivido seriamente, a fim de que
Cristo n˜ao se tenha sacrificado em v˜ao. E esta hora chegou, j´a anun-
ciada h´a vinte anos pelo que foi mencionada e por outras mensagens j´a
publicadas.
Mais `a frente escreve:
Assim, no terceiro milˆenio, o mundo se unificar´a em um s´o rebanho
sob um s´o pastor: Cristo. [. . . ]
Mas toda a Obra n˜ao passa de um an´uncio e de uma prepara¸c˜ao,
porque na alvorada do terceiro milˆenio Cristo romper´a a pedra do sepul-
cro e ressurgir´a triunfante. E a humanidade ressurgir´a com Ele.
Estas profecias do professor Ubaldi dificilmente se cumprir˜ao; com todo
respeito ao velho mestre, as considero meros devaneios. N˜ao pretendo aqui
me estender em argumentos, apenas assinalar que trata-se disto:
Papaji
Perguntaram a Papaji:
P: Quem ´e Deus?.
R: Quando vocˆe projeta um mundo de sonhos
para si mesmo e vive nele, vocˆe tamb´em pro-
jeta um Deus que olhe por ele. Quando vocˆe
para sua proje¸c˜ao, ambos o mundo e Deus desaparecem.
´E o velho mestre Ubaldi “projetando um mundo de sonhos para si
mesmo”, apenas isto! Ubaldi escreveu uma s´erie de vinte e quatro livros,
“projetando um Deus que olhe por seu mundo”.
Particularmente levo muito a s´erio a observa¸c˜ao do Maharaj:
O Absoluto n˜ao tem cor, nem plano, nem nome, nem forma.
Todos os nomes e formas surgem na Terra e toda a imagina¸c˜ao e
todos os escritos se devem `a consciˆencia em forma humana. O
mundo est´a cheio de livros com os conceitos de seus autores.
Isto resume e diz tudo!
Por oportuno, o professor Ubaldi considerava seus livros frutos de ins-
pira¸c˜ao, medi´unicos. Apenas pontuando para efeitos de reflex˜ao, j´a escrevi
cerca de 15 livros, 5 deles versando sobre o tema da espiritualidade; ade-
mais, escrevi mais de duas dezenas de artigos − como, por exemplo, esse
que o leitor tem em m˜aos −, tamb´em me considero inspirado; a fonte de
Ubaldi o inspira num sentido, a minha me inspira em sentido contr´ario − e
at´e demolindo o que a fonte de Ubaldi construiu, e agora?
16
Por seu turno, no livro Deus Huberto Rohden escreve (a respeito do seu
Deus):
Como poderia acontecer algo que tu n˜ao previsses e quisesses?
Nesse caso fa¸co coro com o eminente l´ogico e matem´atico Bertrand Russel:
O mundo, segundo nos dizem, foi criado por um Deus n˜ao s´o bom,
como onipotente. Antes de ele haver criado o mundo, previu toda dor e toda
mis´eria que o mesmo iria conter. ´E ele, pois, respons´avel por tudo isso. ´E
in´util argumentar-se que o sofrimento, no mundo, ´e devido ao pecado.
Em primeiro lugar, isso n˜ao ´e verdade: n˜ao ´e o pecado que faz com que
os rios transbordem ou que os vulc˜oes entrem em erup¸c˜ao. Mas, mesmo que
fosse verdade, isso n˜ao faria diferen¸ca. Se eu fosse gerar uma crian¸ca sa-
bendo que essa crian¸ca iria ser um homicida man´ıaco, eu seria respons´avel
pelos seus crimes. Se Deus sabia de antem˜ao os pecados de que cada homem
seria culpado, Ele foi claramente respons´avel por todas as conseq¨uˆencias de
tais pecados, ao resolver criar o homem. (B. R./Porque N˜ao Sou Crist˜ao)
Ainda o velho mestre Rohden referindo-se a seu Deus:
Certo ´e que n˜ao podes querer o mal absoluto − que nem existe −;
podes, todavia, querer o mal relativo, que ´e fator integrante do teu plano
eterno e obediente executor da tua vontade, como o pr´oprio bem.
Observe leitor, o quanto um Deus fict´ıcio pode idiotizar at´e mesmo um
homem da estatura de um Huberto Rohden! Leia novamente e atentamente
o que ele escreveu acima. Observe o que Rohden chama de “mal relativo”
e que ´e da vontade de Deus (algumas imagens da guerra na S´ıria):
Algumas imagens dos campos de concentra¸c˜ao nazistas:
17
Tudo isto − e muito mais! − faz parte dos planos do Deus crist˜ao
. . . Pasm´em! N˜ao foi sem raz˜ao que o gˆenio de Nietzsche atinou:
Se nos ‘demonstrassem’ esse Deus dos crist˜aos, ainda acredi-
tar´ıamos menos nele. (Nietzsche)
Como esses te´ologos poderiam resolver o Paradoxo de Epicuro? Im-
poss´ıvel! (p. 14)
A mim, me parece muito mais “racional” − por ser condizente com a
realidade − “O Deus de Maharaj” veja:
O Absoluto n˜ao tem cor, nem plano, nem nome, nem forma. To-
dos os nomes e formas surgem na Terra e toda a imagina¸c˜ao e todos os
escritos se devem `a consciˆencia em forma humana. O mundo est´a cheio
de livros com os conceitos de seus autores.
´E precisamente esse “Deus” que possui minha ades˜ao irrestrita! − por
ser condizente com a realidade que meus olhos enxergam, reitero.
De passagem observem que o Paradoxo de Epicuro (p. 14) se resolve
facilmente dentro da nossa nova perspectiva; melhor dizendo, aqui o Para-
doxo de Epicuro nem ao menos se coloca, n˜ao faz sentido.
Ademais, ´e por isso que S´ebastien Faure, n˜ao satisfeito com uma ´unica
prova, elaborou logo “Doze provas da inexistˆencia de Deus” , com um Deus
destes ´e f´acil, ´e covardia.
´E por isto que um pensamento que n˜ao canso de repetir ´e este de Osho:
Se vocˆe tem alguma ideologia para se definir,
vocˆe n˜ao ´e livre. Liberdade significa nenhuma
defini¸c˜ao.
Conclus˜ao: por acreditarem na realidade do ego esposaram a ideolo-
gia crist˜a (ver Maharaj, p. 20), com pesar concluimos que os velhos mestres
Ubaldi e Rohden n˜ao eram livres . . . e d´a nisto!
Por oportuno, um outro precioso pensamento que certamente Ubaldi e
Rohden infelizmente olvidaram ´e o seguinte:
Convic¸c˜oes s˜ao pris˜oes, um esp´ırito
que queira realizar belas obras, que tamb´em
queira os meios necess´arios, tem de ser
c´etico. Estar livre de toda forma de cren¸ca
pertence `a for¸ca, ao poder de ver sem alge-
mas. (Nietzsche)
18
7.4 A terceira pedra a tombar: A pr´opria morte
N˜ao h´a somente uma forte conex˜ao entre
a medita¸c˜ao e a morte, mas elas s˜ao quase a
mesma coisa − simplesmente duas maneiras
de olhar para a mesma experiˆencia. A morte
separa-o do seu corpo, da sua mente, de tudo aquilo que n˜ao ´e vocˆe. [. . . ]
A medita¸c˜ao tamb´em separa do seu ser e realidade tudo que n˜ao ´e vocˆe.
(Osho/Morte a Maior das Ilus˜oes)
O ego primeiro criou a morte
depoiscriou
Deus para o livrar da morte.
Como j´a pontuamos, na Natureza n˜ao
existe “´etica” e nem ela segue a l´ogica humana.
O ego humano, ou seja, aquilo que nos d´a a
ilus˜ao da separa¸c˜ao ´e um truque, ou se prefe-
rirmos, uma trampa da Natureza. Defendemos
a tese de que uma outra trampa da Natureza que tem confundido os maiores
gˆenios e pensadores da humanidade ´e precisamente a morte!
(Patr´ıcia, Larissa, Gentil)
No ano de 2014 publiquei o li-
vro “O Deus Quˆantico” fruto das mi-
nhas medita¸c˜oes auxiliadas pelo ente´ogeno
ayahuasca∗ − (por oportuno, a motiva¸c˜ao
e inspira¸c˜ao para a escrita do presente artigo
me veio a partir de uma destas medita¸c˜oes,
ocorrida em um s´ıtio no dia 18/08/2019
(imagem ao lado)) −, em uma destas me-
dita¸c˜oes me veio a inspira¸c˜ao para escrever o ´ultimo cap´ıtulo do livro por
t´ıtulo “VIDA AP´OS A MORTE”, do qual destaquei a p´agina a seguir
Adquiri em 26/09/2018 1a
Edi¸c˜ao − 2017
Anos depois encontrei dois outros livros, um do Osho “Morte a Maior
das Ilus˜oes” e o outro do Maharaj “O N´ectar da Imortalidade” ambos
confirmando em essˆencia o que eu j´a havia escrito no meu livro.
∗
A quem interessar possa escrevi o artigo por t´ıtulo Ayahuasca, Budismo e Medita¸c~ao.
Observo que mesmo estando no estado do Buda (descrito na p´agina 11) ainda assim
converso normalmente com as pessoas `a minha volta.
19
8 Conclus˜ao
Ver Postulado ´Aureo, p. 11
Pietro Ubaldi era crist˜ao, Huberto Rohden era
crist˜ao; os gˆenios Pascal, Leibniz e Isaac Newton
eram crist˜aos, e quantos outros o leitor possa enu-
merar. Isto ´e prova suficiente de que eles foram
ludibriados pela trampa de que o ego existe.
Ora, o ego existindo ele ´e c´elere em criar um Deus para se eternizar,
foram o que fizeram Ubaldi e Rohden, e demais pensadores e gˆenios.
Para que n˜ao paire nenhuma d´uvida sobre o que estamos afirmando:
grandes pensadores e gˆenios da humanidade ca´ıram na trampa de que eles
existem! ´E isto! Porque s´o quem tem esta ilus˜ao, ou ainda, s´o quem nunca
transcendeu a mente − o ego − ´e que tem a necessidade de um salvador. O
que acontece? Quando vocˆe transcende a mente (onde reside o truque) veja:
Luz Branca
Consci^encia Pura (Nada)
Voc^e (sua ess^encia) ´e isto!
Esta ´e uma das maiores descobertas do Oriente:
de que o nada n˜ao ´e vazio; ao contr´ario, ´e simplesmente
o oposto de esvaziamento. ´E plenitude, ´e transbordamento.
(Osho/Morte a Maior das Ilus~oes/p.87)
Prisma (CD)
− Mente
− Ego: esse desenho ´e
um arquivo armazenado no
c´erebro, n˜ao ´e sua essˆencia!
− Constru¸c~ao social
Quando voc^e sai daqui pra c´a
vocˆe perde sua identidade, o ego desaparece − prova de que sua existˆencia
era virtual, falsa −, ora n˜ao possuindo um ego (fundindo-se `a Consciˆencia
Pura) n˜ao existe necessidade de um Deus e muito menos de um salvador!
Pela simples raz˜ao de que n˜ao existe ningu´em para necessitar de um Deus ou
salvador. E a Consciˆencia Pura seria o quˆe? N˜ao ´e mat´eria e nem energia, ´e
um estado de Vazio, de Nada. Esse ´e o estado que Maharaj chama de “Al´em
da Liberdade”. J´a experimentei in´umeras vezes o que Maharaj descreve a
seguir, e isto s´o ´e poss´ıvel pelo sacrif´ıcio do ego ilus´orio!
Enquanto vocˆe estiver medindo tudo em
rela¸c˜ao a seu corpo-alimento, vai existir seu re-
lacionamento com o mundo externo, bem como
a necessidade de executar rituais ou alcan¸car
alguma coisa. Depois que isso se vai, vocˆe n˜ao
consegue mais dizer que ´e hindu, crist˜a ou budista. Essas s˜ao as tradi¸c˜oes
impostas `a mente-corpo. Mas como vocˆe j´a n˜ao ´e mais a mente-corpo, elas
n˜ao s˜ao mais v´alidas. (Maharaj/ AL´EM DA LIBERDADE, p. 117)
20

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A ilusão da identidade que enganou os maiores gênios

  • 1. A trampa que iludiu os maiores gˆenios e pensadores da humanidade Gentil, o iconoclasta Professor do Departamento de Matem´atica da UFRR (gentil.iconoclasta@gmail.com ◮ https://goo.gl/DVWQxz) 24 de agosto de 2019 Tudo o que apreendemos, seja perceptiva ou conceitualmente, ´e desprovido de natureza inerente pr´opria, ou identidade, independen- temente dos meios pelos quais seja conhecido. Objetos percebidos, ou entidades observ´aveis, existem em rela¸c˜ao `as faculdades sensoriais ou sistemas de medi¸c˜ao pelos quais s˜ao detectados − n˜ao de modo inde- pendente no mundo objetivo. (Alan B. Wallace/Dimens˜oes escondidas) Resumo Veja bem, n˜ao estamos falando do comum dos mortais, tamb´em n˜ao estamos falando de gˆenios e pensadores quaisquer, estamos nos re- ferindo aos maiores gˆenios e pensadores que a humanidade j´a produziu. Em resumo, o erro (cegueira) de todos eles foi n˜ao terem entendido a cita¸c˜ao na ep´ıgrafe deste artigo. O pr´oprio Einstein n˜ao compreendeu, como atesta um di´alogo seu com o poeta indiano Rabindranath Tagore. 1 Introdu¸c˜ao Tudo isso, que `a primeira vista parece excesso de irraz˜ao, na verdade ´e o efeito da finura e da extens˜ao do esp´ırito humano e o m´etodo para encontrar ver- dades at´e ent˜ao desconhecidas. (Voltaire) Se h´a algo que o homem deve aprender de uma vez por todas ´e que para a Natureza n˜ao existe l´ogica n˜ao existe ´etica, n˜ao existe certo n˜ao existe er- rado, n˜ao existe direita n˜ao existe esquerda, n˜ao existe mal n˜ao existe bem, n˜ao existe pobre n˜ao existe rico, n˜ao existe santo n˜ao existe pecador . . . Enfim, a Natureza n˜ao consulta o homem para saber a sua opini˜ao! O conte´udo do presente artigo ´e o que podemos denominar de uma obra de engenharia teol´ogica. 1
  • 2. 2 Os truques na Natureza s˜ao abundantes Apenas para situar o leitor, a seguir ilustramos alguns truques utilizados pela Natureza: A prop´osito, nota-se que o embuste (truque, trampa) encontra-se disseminado por toda a Natureza n˜ao apenas entre os animais (incluindo o homem) como at´e mesmo no reino ve- getal. Existe uma planta carn´ıvora que simula o odor de carne putrefata para atrair moscas a uma armadilha. A Natureza n˜ao obedece `a l´ogica ou ´etica humanas. Afirmamos que a trampa que iludiu os maiores gˆenios e pensadores da humanidade se esconde atr´as de um destes truques. O truque ´e t˜ao enge- nhoso e sofisticado − mega, giga, tera sofisticado − que n˜ao teria mesmo como os pobres gˆenios perceberem a trampa. Ademais, em toda a hist´oria da humanidade o n´umero de homens que perceberam o engodo conta-se “nos dedos de uma s´o m˜ao!” . . . Pasm´em! Vamos apresentar-lhes apenas dois destes homens que se deram conta da trampa, ou melhor, trˆes deles − n˜ao podemos apresentar muitos, como dissemos o n´umero destes homens conta-se “nos dedos de uma s´o m˜ao”. Ap´os o que revelaremos o truque, a trampa, a prestidigita¸c˜ao que iludiu quase toda a humanidade durante todos estes s´eculos e milˆenios! 2
  • 3. 1◦ ) Buda Quando Buda atingiu, algu´em lhe perguntou: “O que vocˆe atingiu?” Ele riu e disse: “N˜ao atingi nada, pois o que atingi sempre esteve comigo. Pelo contr´ario, perdi muitas coisas; perdi meu ego, meus pensamentos, mi- nha mente. . . Perdi tudo o que costumava senti que possu´ıa; perdi meu corpo, pois costumava achar que era o corpo. Perdi tudo isso e agora existo como puro nada. Mas essa ´e a minha aquisi¸c˜ao.” (Buda/Osho) 2◦ ) Sri Nisargadatta Maharaj Esse mundo de vocˆes, que tanto precisa ser cuidado, vive e se move na mente. Mergulhem nela, l´a, e apenas l´a, vocˆes encontrar˜ao respos- tas. De onde mais vocˆes imaginam que o mundo venha? Fora de sua consciˆencia, algo existe? (Sri Nisargadatta Maharaj/“Eu Sou Aquilo”) 3◦ ) Papaji Papaji Perguntaram a Papaji: P: Quem ´e Deus?. R: Quando vocˆe projeta um mundo de sonhos para si mesmo e vive nele, vocˆe tamb´em pro- jeta um Deus que olhe por ele. Quando vocˆe para sua proje¸c˜ao, ambos o mundo e Deus desaparecem. 2.1 O truque − engodo, trampa, prestidigita¸c˜ao! O truque de que temos falado ´e este: a ilus˜ao do ego, da identidade. De modo mais enf´atico e objetivo: A ilus˜ao de que n´os existimos! Aqui est´a a ilus˜ao − trampa, engodo − frente `a qual quase toda a humanidade sucumbiu! Ora, reconhecemos que ´e necess´ario alguns esclarecimentos para que esse truque possa de fato ser reconhecido como uma ilus˜ao. Primeira- mente observe o que Buda afirmou: Perdi tudo isso e agora existo como puro nada. Mas essa ´e a mi- nha aquisi¸c˜ao. Quando Buda afirma: perdi meu ego, meus pensamentos, minha mente. . . Perdi tudo o que costumava senti que possu´ıa; perdi meu corpo, pois costumava achar que era o corpo. ´e porque ele se deu conta do truque, da trampa. 3
  • 4. Quando Maharaj afirma: Esse mundo de vocˆes, que tanto precisa ser cuidado, vive e se move na mente. ´e porque ele se deu conta do truque, da trampa. Quando Papaji afirma: Quando vocˆe projeta um mundo de sonhos para si mesmo e vive nele, vocˆe tamb´em projeta um Deus que olhe por ele. Quando vocˆe para sua proje¸c˜ao, ambos o mundo e Deus desaparecem. ´e porque ele se deu conta do truque, da trampa. Mas como grandes m´ısticos via de regra n˜ao s˜ao levados a s´erio por ar- rogantes cientistas − eles pr´oprios v´ıtimas do engodo − vamos apelar para a pr´oria ciˆencia: 1◦ ) Na edi¸c˜ao da Revista Veja de 4 de julho de 2012, o cientista Francis Crick − o mesmo que descobriu a forma de h´elice dupla da m´olecula da vida, o DNA − proferiu: Vocˆe, suas alegrias e tristezas, suas mem´orias e ambi¸c˜oes, sua no¸c˜ao de identidade e seu livre-arb´ıtrio nada mais s˜ao do que a intera¸c˜ao de um vasto conjunto de c´elulas nervosas . . . (Francis Crick) Ou seja, n´os somos produtos de interconex˜oes cerebrais, aqui est´a o tru- que! Mais uma confirma¸c˜ao: Tal como todas as c´elulas do corpo se inter-relacionam para pro- duzir um organismo funcional, tamb´em as redes neurais se associam para produzir aquela entidade que pensamos ser nossa personalidade. Todas as emo¸c˜oes, lembran¸cas, conceitos e atitudes est˜ao neurologicamente co- dificados e interconectados, resultando no que se chama ego, filho do homem, eu inferior, o humano, a personalidade (Do livro Quem somo n´os? − A descoberta das infinitas possibilidades de alterar a realidade di´aria) Nossa “existˆencia” ´e apenas virtual e n˜ao real. Oportunamente veremos as dr´asticas consequˆencias disto, isto ´e, de se tomar o virtual pelo real! As consequˆencias s˜ao deveras dram´aticas, tanto a n´ıvel pessoal quanto coletivo. Por ora ´e suficiente dizer que n˜ao se dar conta de uma ilus˜ao, ou tomar o falso por verdadeiro (real), pode conduzir a desvios e patologias de toda ordem, ´e o que se ver no mundo, a n´ıvel coletivo e individual, reiteramos. Nota: Quando afirmamos que o n´umero de homens que se deram conta de que a identidade ´e um truque conta-se “nos dedos de uma s´o mao!” − citamos trˆes m´ısticos como exemplo − estamos nos referindo aos que de fato experienciaram isto, e n˜ao aos que sabem apenas de teoria, de ouvir falar. 4
  • 5. 3 Qual a nossa verdadeira essˆencia? A resposta ainda encontra-se na revela¸c˜ao do Buda, veja: Quando Buda atingiu, algu´em lhe perguntou: “O que vocˆe atingiu?” Ele riu e disse: “N˜ao atingi nada, pois o que atingi sempre esteve comigo. Pelo contr´ario, perdi muitas coisas; perdi meu ego, meus pensamentos, mi- nha mente. . . Perdi tudo o que costumava senti que possu´ıa; perdi meu corpo, pois costumava achar que era o corpo. Perdi tudo isso e agora existo como puro nada. Mas essa ´e a minha aquisi¸c˜ao.” (Buda/Osho) O “Puro Nada” − que podemos tamb´em denominar de Consciˆencia Pura − ´e a essˆencia do ser humano. Fa¸camos um desenho para nos fazer melhor entender e, ademais, revelar de uma outra perspectiva onde encontra-se o truque. Normalmente o ser humano se identifica com o corpo e a mente, a mente ´e produto de muitos fatores, em poucas palavras ´e uma constru¸c˜ao social. Vejamos uma analogia: quando chegamos ao mundo podemos nos ver como uma tela em branco, assim: Tela em branco − Um p´assaro nascido em uma gaiola n~ao tem a consci^encia de que est´a preso. 5
  • 6. A tela em branco na qual o seu desenho (identidade) ser´a pintado ´e o que denominaremos de Consci^encia Pura, ´e o que vocˆe ´e em essˆencia; a Consciˆencia Pura n˜ao ´e mat´eria nem energia. Ao nascer embora n˜ao tenhamos uma identidade formada, no entanto, somos conscientes, temos uma Consciˆencia. Pois bem, o seu retrato (identidade, ego) ser´a pintado por v´arios “artistas”, dentre eles, seus pais, colegas de escola, religi˜oes, internet, televis˜ao, etc. Em nossa analogia do Prisma tudo se passa assim: Luz Branca Consci^encia Pura (Nada) Voc^e (sua ess^encia) ´e isto! Esta ´e uma das maiores descobertas do Oriente: de que o nada n˜ao ´e vazio; ao contr´ario, ´e simplesmente o oposto de esvaziamento. ´E plenitude, ´e transbordamento. (Osho/Morte a Maior das Ilus~oes/p.87) Prisma (CD) − Mente − Ego: esse desenho ´e um arquivo armazenado no c´erebro, n˜ao ´e sua essˆencia! − Constru¸c~ao social ´E precisamente nesse desenho onde reside o truque, a ilus˜ao do ego, ou iden- tidade. Ora, ao acreditar que esse desenho tem existencia real (que “n´os realmente exis- timos”) todos os assim denominados gˆenios e pensadores ca´ıram v´ıtimas desta cilada, deste truque da Natureza. Na se¸c˜ao 5 veremos algumas importantes con- sequˆencias da revela¸c˜ao da trampa, s˜ao estas consequˆencias que realmente nos interessa enfatizar. Na analogia a seguir a Consciˆencia Pura ´e a luz branca que incide no prisma (mente), as cores na sa´ıda do prisma s˜ao os pensamentos produzidos pela mente. Vejamos como Buda conseguiu perceber a trampa engendrada pela Natureza. Consciˆencia Mente pensamentos Buda deleta a mente. → → Um segundo prisma colocado ap´os o primeiro consegue somar todas as cores ob- tendo a luz branca de volta. Segundo o cien- tista Francis Crick sua identidade encontra- se na mente, ´e resultado de interconex˜oes ce- rebrais. A identidade manifesta-se atrav´es dos pensamentos. Na medita¸c˜ao profunda Buda consegue eliminar os pensamentos e volta ao estado de Consciˆencia Pura, onde n˜ao h´a identidade ou ego. Pode- mos dizer que o ego (identidade) tem uma existˆencia apenas virtual e n˜ao real, caso contr´ario ele n˜ao poderia desaparecer atrav´es da medita¸c˜ao. 6
  • 7. 4 Acordando do sonho Buda significa iluminado em sˆanscrito, mas no presente contexto vamos considerar Buda significando “O Desperto”, aquele que acordou do sonho. Os demais, isto ´e, aqueles que ainda acreditam na ilus˜ao de uma identidade, na ilus˜ao de que realmente existem ainda n˜ao despertaram do sonho, con- tinuam dormindo. A prop´osito, lembrei-me de mais uma analogia. Quando vocˆe est´a sonhando seu c´erebro cria um universo, vocˆe at´e “existe” dentro do universo criado no sonho. Perguntamos se vocˆe − dentro do sonho − ´e real. Quando vocˆe acorda percebe que aquele universo no qual vocˆe existia era um sonho engendrado pela mente. Ora, mas ´e precisamente isto que acontece com este universo no qual nos encontramos “acordados”, tamb´em ´e uma cria¸c˜ao da mente − A bem da verdade ´e uma cria¸c˜ao da Consciˆencia Pura atrav´es da mente. Veja novamente: Esse mundo de vocˆes, que tanto precisa ser cuidado, vive e se move na mente. Mergulhem nela, l´a, e apenas l´a, vocˆes encontrar˜ao respostas. De onde mais vocˆes imaginam que o mundo venha? Fora de sua consciˆencia, algo existe? (Sri Nisargadatta Maharaj/“Eu Sou Aquilo”) Os que ainda n˜ao se deram conta disto ´e porque ainda encontram-se dormindo, sonhando − ´e “s´o” isto! 5 Consequˆencias da revela¸c˜ao da trampa Pois bem, o que nos interessa aqui ´e colocar em destaque algumas das consequˆencias da revela¸c˜ao do truque; ou ainda, algumas consequˆencias da trampa. Eu n˜ao diria que as consequˆencias da revela¸c˜ao do truque sejam t˜ao devastadoras quanto a explos˜ao de uma bomba atˆomica, n˜ao, n˜ao ´e . . .´e muito pior! Uma bomba tem efeito local, esta revela¸c˜ao poder´a ter efeito global, isto ´e, em toda a superf´ıcie da Terra. Mas as- sim como a explos˜ao de uma bomba n˜ao poder´a ser ouvida e vista por um cego surdo tampouco as consequˆencias desta revela¸c˜ao. 5.1 A primeira pedra a tombar: Deus Estaremos derrubando a primeira pedra da s´erie de domin´os, as demais cair˜ao como con- sequˆencia. 7
  • 8. A primeira pedra que derrubaremos como consequˆencia de que o ego ´e um truque ´e a de que Deus existe! Deus ´e uma cria¸c˜ao deste mesmo ego, tentando se eternizar! Tudo resume-se em poucas palavras: Papaji Perguntaram a Papaji: P: Quem ´e Deus?. R: Quando vocˆe projeta um mundo de sonhos para si mesmo e vive nele, vocˆe tamb´em pro- jeta um Deus que olhe por ele. Quando vocˆe para sua proje¸c˜ao, ambos o mundo e Deus desaparecem. De uma outra perspectiva: Mergulhe mais profundamente na sua consciˆencia e, quanto mais fundo vocˆe for, mais seu eu come¸ca a se dissolver. Talvez seja por isso que nenhuma religi˜ao exceto o Zen tentou a medita¸c˜ao − porque a medita¸c˜ao vai destruir Deus, vai destruir o ego, vai destruir o eu. Vai deix´a-lo no nada absoluto. ´E apenas a mente que faz vocˆe ter medo do nada. (Osho/Zen, p. 133) E os Deuses das religi˜oes como ficam? Respondemos: Os Deuses de todas as religi˜oes foram mentiras engendradas pelos homens! por egos humanos, ´e simples assim! A prop´osito escrevi o artigo “DEUS PODE MENTIR ?” onde fiz uma acarea¸c˜ao entre dois deuses de duas religi˜oes atuais e provei que um dos dois ´e mentiroso. Mas, ´e claro que Deus n˜ao mente, quem mente s˜ao os seus “representantes”, os homens que engendraram estes mesmos Deuses − todos! n˜ao admitimos exce¸c˜oes. A prop´osito, vocˆe j´a se perguntou por que o budismo e o jainismo s˜ao duas religi˜oes sem Deus? A resposta ´e simples: Por que Buda e Mahavira n˜ao foram mentirosos, ´e s´o isto! Buda ao despertar, ao acordar do sono no qual quase toda humanidade ainda encontra-se, se deu conta de que Deus ´e uma cria¸c˜ao do ego, ele mesmo (ego) uma ilus˜ao. Para vocˆe que ainda teima em permanecer ingˆenuo e acredita que a maldade dos homens n˜ao chegaria a tanto, repito especialmente para vocˆe: 8
  • 9. Colocamos em destaque Tamboril ´e o nome popular dos peixes lophiiformes. Eles s˜ao bastante conheci- dos pela sua aparˆencia amedrontadora, mas tamb´em contam com um ´otimo trunfo para enganar suas presas. O tamboril possui uma esp´ecie de isca sobre sua cabe¸ca [. . . ] Pois bem, vamos raciocinar juntos, eu e vocˆe que teima em permane- cer simpl´orio − isto ´e, em acreditar nos Deuses engendrados pelas religi˜oes −: se a Natureza dotou o tamboril de uma s´erie de artif´ıcios, inclusive uma falsa isca, para fisgar outros peixes desprevenidos, qual a dificuldade que esta mesma Natureza teria em dotar “tubar˜oes” de varios artif´ıcios para fisgar presas tolas como vocˆe? Veja do que estamos falando: • Tubar~oes dotados de uma isca falsa: “A B´ıblia Sagrada” • Tubar~ao dotado de uma isca falsa: “O BHAGAVAD-GITA” Algumas pessoas s˜ao como mariposas. Querem se atirar ao fogo e morrer. Preferem ser ludibriadas e enganadas pelos charlat˜aes do que usar a inteligˆencia que Deus lhes deu. Nenhuma palavra de advertˆencia ´e capaz de dissuadi-las. Espera-se das pessoas que buscam a verdade es- piritual um comportamento diferente, ou seja, que usem a raz˜ao e sejam capazes de realizar bons julgamentos. (Swami Bhaskarananda) Adendo: Consideramos “uma da maiores descobertas do Oriente” (p. 6) at´e mais extraordin´aria que a pr´opria Teoria da Relatividade de Einstein. Com a diferen¸ca que a Teoria de Einstein ´e mais f´acil de entender, passa pelo intelecto; ao contr´ario, a descoberta do Oriente agride a mente. ´E que o Nada (Vazio) ´e um Oceano de Potencialidades, de onde tudo deriva. 9
  • 10. 6 Satan´as criou Deus Existe dentro do homem, em virtude de sua constitui¸c˜ao, um ego, um eu inferior − um Satan´as, bem como um anjo. (Bahaullah) [. . .] Por mais intricado e dif´ıcil que isso pare¸ca, a tarefa ainda maior, a de converter for¸ca satˆanica em poder celestial, cabe a N´os, e fomos habilitados a desem- penh´a-la. (Bahaullah) Estamos de acordo com a afirma¸c˜ao do profeta Bahaullah de que dentro do homem existe um Satan´as, bem como um anjo. Apenas que interpreta- mos da seguinte forma: Luz Branca − Consci^encia Pura −→ Voc^e (sua ess^encia) ´e isto! Anjo − Mente − Ego: Satan´as Todo Deus ´e uma cria¸c˜ao do Ego, Satan´as. O Ego (Satan´as) est´a na mente, ou manifesta-se pela mente. Pois bem, a teologia crist˜a afirma que Deus criou Satan´as, desta afirma¸c˜ao discordamos e afirmamos o contr´ario: Satan´as criou Deus! N˜ao faz o menor sentido, ´e extremamente il´ogico − pelo ao menos para quem raciocina − que Deus tenha criado Satan´as, agora que Satan´as tenha criado Deus, como uma de suas ast´ucias, faz todo sentido! E n˜ao apenas isto, desta perspectiva tudo come¸ca a fazer sentido, a explicar-se, a se encaixar. Com efeito, os mul¸cumanos matam em nome de Deus, a Igreja Cat´olica matou milhares de seres humanos − Cruzadas, Santa Inquisi¸c˜ao, fogueiras, etc. − em nome de Deus; uma das pricipais caracter´ısticas das religi˜oes ´e separar as pessoas, causar divis˜oes em nome de Deus. N˜ao ´e dif´ıcil aceitar a tese de que Satan´as ´e que criou Deus. Pelo ao menos at´e hoje Satan´as anda vencendo neste Planeta e Deus continua se escondendo, sem dar as caras! Nota: Dissemos anteriormente que a teologia crist˜a afirma que Deus criou Satan´as; se uma ovelha ingˆenua perguntar a um padre ou pastor se isto ´e verdade ele usar´a de sofismas e negar´a, dir´a algo como “Deus criou L´ucifer, um anjo muito belo e inteligente, no entanto dotou-lhe de livre arb´ıtrio . . . ”, e baboseiras do gˆenero para ludibriar as tolas ovelhas. A quest˜ao se resolve de modo bem simples: Se Deus ´e onipotente e onisciente ent˜ao ele sabia no que o anjo L´ucifer iria se tornar, logo, de fato ele criou Satan´as. 10
  • 11. 7 O Postulado ´Aureo Vimos at´e aqui que uma fra¸c˜ao significativa dos nossos argumentos fundamenta-se no que os Mestres Buda, Maharaj e Papaji afirmaram, em particular na seguinte afirma¸c˜ao do Buda: − O estado do Buda Quando Buda atingiu, algu´em lhe perguntou: “O que vocˆe atingiu?” Ele riu e disse: “N˜ao atingi nada, pois o que atingi sempre esteve comigo. Pelo contr´ario, perdi muitas coisas; perdi meu ego, meus pensamentos, mi- nha mente. . . Perdi tudo o que costumava senti que possu´ıa; perdi meu corpo, pois costumava achar que era o corpo. Perdi tudo isso e agora existo como puro nada. Mas essa ´e a minha aquisi¸c˜ao.” (Buda/Osho) Esta afirma¸c˜ao poderia n˜ao ser entendida ou aceita por algu´em, reco- nhecemos essa possibilidade. Minha ades˜ao ao que essses Mestres afirmam se d´a antes de tudo pelo lado experimental, digo, atrav´es da pr´atica da me- dita¸c˜ao profunda j´a experienciei “O estado do Buda” in´umeras vezes, essa ´e precisamente a raz˜ao pela qual n˜ao duvido do que Buda afirma acima. Pois bem, mas esta ´e a minha experiˆencia e a do Buda, ningu´em ´e obrigado a aceit´a-la, ou aderir ao que os outros dois Mestres citados afirmam. Ora, ent˜ao como poderemos conduzir a quest˜ao? Existe ainda uma outra alternativa, ´e o que podemos denominar de uma abordagem abstrata, esta n˜ao depende de “f´e”, apenas de racioc´ınio, flexibilidade e “boa vontade”, uma alternativa que poderia ser aceita por qualquer pessoa inteligente − e livre, isso ´e importante! −. E no que con- siste essa via abstrata? Aqui entra o que denominamos de “O Postulado ´Aureo”, cujo enunciado ´e como a seguir: Tudo o que apreendemos, seja perceptiva ou conceitualmente, ´e despro- vido de natureza inerente pr´opria, ou identidade, independentemente dos meios pelos quais seja conhecido. Objetos percebidos, ou entidades ob- serv´aveis, existem em rela¸c˜ao `as faculdades sensoriais ou sistemas de medi¸c˜ao pelos quais s˜ao detectados − n˜ao de modo independente no mundo objetivo. Este postulado n˜ao ´e meu, eu o encontrei no livro Dimens˜oes escondidas do autor Alan B. Wallace. Minha ades˜ao a este postulado se deve `as minhas experiˆencias em medita¸c˜ao profunda, relatadas − a quem interessar possa − no artigo Ayahuasca, Budismo e Medita¸c~ao. Vamos abrir um parˆenteses para uma outra cita¸c˜ao do livro de Wal- lace que, de certa forma, podemos ver como uma primeira decorrˆencia do Postulado ´Aureo, qual seja: A estrutura cognitiva de referˆencia. 11
  • 12. 7.1 A estrutura cognitiva de referˆencia Todos os fenˆomenos [tanto percept´ıveis quanto conceituais] podem ser postulados como existentes apenas em rela¸c˜ao a uma estrutura cognitiva de referˆencia. (Dimens˜oes escondidas, p. 97 ) Para fixar as ideias podemos entender como um exemplo de uma “estrutura cognitiva de referˆencia” a mente hu- mana. Doravante abreviaremos estrutura cognitiva de referˆencia por ECR. Pode- mos dizer que uma ECR ´e uma estrutura que processa informa¸c˜oes. Num sentido figurado, uma ECR ´e um referencial − ´e similar ao referencial da teoria da relatividade de Einstein. Apenas para exemplificar de forma concreta como funciona a estru- tura cognitiva de referˆencia consideremos a seguinte “experiˆencia de pen- samento”. Na ilustra¸c˜ao a seguir PernilongoPernilongo (Gedankenexperiment) (Caixa) 12
  • 13. Einstein e um pequeno robˆo (com uma lupa/zoom) observam “um mesmo pernilongo” que se encontra dentro de uma caixa de vidro. Perguntamos: quando os dois n˜ao est˜ao mais olhando para dentro da caixa, qual o perni- longo que l´a permanece? Aquele que Einstein vˆe ou aquele que o robˆo vˆe? Ou ainda: qual o pernilongo verdadeiro? “Em sua forma forte, essa interpreta¸c˜ao assevera que a consciˆencia ´e o estado b´asico fundamental, mais prim´ario que a mat´eria ou energia. Essa posi¸c˜ao concede um papel especial `a observa¸c˜ao, quando a transforma no agente ativo que provoca o colapso das possibilidades quˆanticas em realida- des.” (Dean Radin/Mentes Interligadas, p. 221) Pois bem, aplicando o Postulado ´Aureo ao que nos interessa podemos afirmar que tanto o ego (identidade) quanto Deus s˜ao desprovidos de na- tureza inerente pr´opria, ou ainda, existem em rela¸c˜ao `as faculdades sensoriais ou sistemas de medi¸c˜ao pelos quais s˜ao detectados − n˜ao de modo independente no mundo objetivo. Deus n˜ao pode ser concebido fora de uma estrutura cognitiva de re- ferˆencia; ou ainda: Deus s´o existe em rela¸c˜ao a uma ECR. Uma analogia: assim como o pernilongo que comparece na figura da p´agina 12 ´e uma cons- tru¸c˜ao da mente de Einstein, de igual modo todo Deus ´e uma constru¸c˜ao da respectiva ECR. Substitua o pernilongo por Deus, Einstein por um Hindu e o robˆo por um crist˜ao, veja: PernilongoPernilongo (Gedankenexperiment) (Caixa) D eus ´E a mente de Einstein que cria o pernilongo que ele vˆe, ´e a mente do hindu que cria o Deus que ele vˆe; ´e a “mente” do robˆo que cria o pernilongo que ele vˆe, ´e a mente do crist˜ao que cria o Deus que ele vˆe, ´e simples assim. Todas, reitero, s˜ao apenas e t˜ao somente formas de percep¸c˜ao! − sem nenhuma rela¸c˜ao com a “realidade” de Deus. 13
  • 14. 7.2 Provas de que esse Deus ´e uma mentira Se nos ‘demonstrassem’ esse Deus dos crist˜aos, ainda acreditar´ıamos menos nele. (Nietzsche) Um problema que desafia a todos os pusilˆanimes doutores te´ologos crist˜aos h´a mais de 2000 anos foi colocado pelo c´elebre fil´osofo Epicuro: Paradoxo de Epicuro (341 a.C. - 270 a.C./Gr´ecia) Ou Deus quer suprimir o mal e n˜ao pode; ou Deus pode suprimir o mal e n˜ao quer. No primeiro caso Deus ´e impotente; no segundo caso Deus n˜ao ´e amor. Perguntamos: Por que ap´os mais de 2000 anos ningu´em resolveu o Pa- radoxo de Epicuro? Respondemos: Porque esse Deus crist˜ao − como os de todas as religi˜oes − ´e simplesmente uma mentira! ´E esta a resposta. A prop´osito, veja o livro: “Doze provas da inexistˆencia de Deus ” de S´ebastien Faure. Escolha a prova de sua preferˆencia! Sugerimos que o s´ımbolo do peixe crist~ao seja o tamboril. A resposta `a pergunta acima ´e: Trouxas! 14
  • 15. 7.3 A segunda pedra a tombar: Literaturas sobre esse Deus O Absoluto n˜ao tem cor, nem plano, nem nome, nem forma. Todos os nomes e formas surgem na Terra e toda a imagina¸c˜ao e todos os escritos se devem `a consciˆencia em forma humana. O mundo est´a cheio de livros com os conceitos de seus autores. (Sri Nisargadatta Maharaj/nada ´e tudo) A segunda pedra a cair como consequˆencia de que o ego ´e um truque ´e a de que tudo o que foi escrito sobre este Deus fict´ıcio tamb´em ´e fict´ıcio! No meu livro O Deus Qu^antico escrevi um cap´ıtulo intitulado “Porque as religi˜oes tˆem o incr´ıvel poder de cegar at´e mesmo os gˆenios” no qual argumento na defesa da tese de que trˆes gˆenios foram idiotizados pela fic¸c˜ao que ´e o Deus crist˜ao. Os gˆenios foram: Leibniz, Pascal e Santo Agostinho. Aqui vamos tratar sucintamente de dois eminentes pensadores: Em minha juventude − hoje conto com 59 anos − lia bastante Pietro Ubaldi e Huberto Rohden. Se na minha juventude eu concordava com quase tudo o que eles escreveram, hoje, discordo de quase tudo. Vou apenas exem- plificar ligeiramente. 15
  • 16. No livro Deus E Universo Pietro Ubaldi escreve: Para quem tem olhos para enxergar, o plano de Deus ´e evidente. ´E vontade Sua que no ano dois mil deva surgir uma nova civiliza¸c˜ao do esp´ırito, em que o Seu Evangelho seja vivido seriamente, a fim de que Cristo n˜ao se tenha sacrificado em v˜ao. E esta hora chegou, j´a anun- ciada h´a vinte anos pelo que foi mencionada e por outras mensagens j´a publicadas. Mais `a frente escreve: Assim, no terceiro milˆenio, o mundo se unificar´a em um s´o rebanho sob um s´o pastor: Cristo. [. . . ] Mas toda a Obra n˜ao passa de um an´uncio e de uma prepara¸c˜ao, porque na alvorada do terceiro milˆenio Cristo romper´a a pedra do sepul- cro e ressurgir´a triunfante. E a humanidade ressurgir´a com Ele. Estas profecias do professor Ubaldi dificilmente se cumprir˜ao; com todo respeito ao velho mestre, as considero meros devaneios. N˜ao pretendo aqui me estender em argumentos, apenas assinalar que trata-se disto: Papaji Perguntaram a Papaji: P: Quem ´e Deus?. R: Quando vocˆe projeta um mundo de sonhos para si mesmo e vive nele, vocˆe tamb´em pro- jeta um Deus que olhe por ele. Quando vocˆe para sua proje¸c˜ao, ambos o mundo e Deus desaparecem. ´E o velho mestre Ubaldi “projetando um mundo de sonhos para si mesmo”, apenas isto! Ubaldi escreveu uma s´erie de vinte e quatro livros, “projetando um Deus que olhe por seu mundo”. Particularmente levo muito a s´erio a observa¸c˜ao do Maharaj: O Absoluto n˜ao tem cor, nem plano, nem nome, nem forma. Todos os nomes e formas surgem na Terra e toda a imagina¸c˜ao e todos os escritos se devem `a consciˆencia em forma humana. O mundo est´a cheio de livros com os conceitos de seus autores. Isto resume e diz tudo! Por oportuno, o professor Ubaldi considerava seus livros frutos de ins- pira¸c˜ao, medi´unicos. Apenas pontuando para efeitos de reflex˜ao, j´a escrevi cerca de 15 livros, 5 deles versando sobre o tema da espiritualidade; ade- mais, escrevi mais de duas dezenas de artigos − como, por exemplo, esse que o leitor tem em m˜aos −, tamb´em me considero inspirado; a fonte de Ubaldi o inspira num sentido, a minha me inspira em sentido contr´ario − e at´e demolindo o que a fonte de Ubaldi construiu, e agora? 16
  • 17. Por seu turno, no livro Deus Huberto Rohden escreve (a respeito do seu Deus): Como poderia acontecer algo que tu n˜ao previsses e quisesses? Nesse caso fa¸co coro com o eminente l´ogico e matem´atico Bertrand Russel: O mundo, segundo nos dizem, foi criado por um Deus n˜ao s´o bom, como onipotente. Antes de ele haver criado o mundo, previu toda dor e toda mis´eria que o mesmo iria conter. ´E ele, pois, respons´avel por tudo isso. ´E in´util argumentar-se que o sofrimento, no mundo, ´e devido ao pecado. Em primeiro lugar, isso n˜ao ´e verdade: n˜ao ´e o pecado que faz com que os rios transbordem ou que os vulc˜oes entrem em erup¸c˜ao. Mas, mesmo que fosse verdade, isso n˜ao faria diferen¸ca. Se eu fosse gerar uma crian¸ca sa- bendo que essa crian¸ca iria ser um homicida man´ıaco, eu seria respons´avel pelos seus crimes. Se Deus sabia de antem˜ao os pecados de que cada homem seria culpado, Ele foi claramente respons´avel por todas as conseq¨uˆencias de tais pecados, ao resolver criar o homem. (B. R./Porque N˜ao Sou Crist˜ao) Ainda o velho mestre Rohden referindo-se a seu Deus: Certo ´e que n˜ao podes querer o mal absoluto − que nem existe −; podes, todavia, querer o mal relativo, que ´e fator integrante do teu plano eterno e obediente executor da tua vontade, como o pr´oprio bem. Observe leitor, o quanto um Deus fict´ıcio pode idiotizar at´e mesmo um homem da estatura de um Huberto Rohden! Leia novamente e atentamente o que ele escreveu acima. Observe o que Rohden chama de “mal relativo” e que ´e da vontade de Deus (algumas imagens da guerra na S´ıria): Algumas imagens dos campos de concentra¸c˜ao nazistas: 17
  • 18. Tudo isto − e muito mais! − faz parte dos planos do Deus crist˜ao . . . Pasm´em! N˜ao foi sem raz˜ao que o gˆenio de Nietzsche atinou: Se nos ‘demonstrassem’ esse Deus dos crist˜aos, ainda acredi- tar´ıamos menos nele. (Nietzsche) Como esses te´ologos poderiam resolver o Paradoxo de Epicuro? Im- poss´ıvel! (p. 14) A mim, me parece muito mais “racional” − por ser condizente com a realidade − “O Deus de Maharaj” veja: O Absoluto n˜ao tem cor, nem plano, nem nome, nem forma. To- dos os nomes e formas surgem na Terra e toda a imagina¸c˜ao e todos os escritos se devem `a consciˆencia em forma humana. O mundo est´a cheio de livros com os conceitos de seus autores. ´E precisamente esse “Deus” que possui minha ades˜ao irrestrita! − por ser condizente com a realidade que meus olhos enxergam, reitero. De passagem observem que o Paradoxo de Epicuro (p. 14) se resolve facilmente dentro da nossa nova perspectiva; melhor dizendo, aqui o Para- doxo de Epicuro nem ao menos se coloca, n˜ao faz sentido. Ademais, ´e por isso que S´ebastien Faure, n˜ao satisfeito com uma ´unica prova, elaborou logo “Doze provas da inexistˆencia de Deus” , com um Deus destes ´e f´acil, ´e covardia. ´E por isto que um pensamento que n˜ao canso de repetir ´e este de Osho: Se vocˆe tem alguma ideologia para se definir, vocˆe n˜ao ´e livre. Liberdade significa nenhuma defini¸c˜ao. Conclus˜ao: por acreditarem na realidade do ego esposaram a ideolo- gia crist˜a (ver Maharaj, p. 20), com pesar concluimos que os velhos mestres Ubaldi e Rohden n˜ao eram livres . . . e d´a nisto! Por oportuno, um outro precioso pensamento que certamente Ubaldi e Rohden infelizmente olvidaram ´e o seguinte: Convic¸c˜oes s˜ao pris˜oes, um esp´ırito que queira realizar belas obras, que tamb´em queira os meios necess´arios, tem de ser c´etico. Estar livre de toda forma de cren¸ca pertence `a for¸ca, ao poder de ver sem alge- mas. (Nietzsche) 18
  • 19. 7.4 A terceira pedra a tombar: A pr´opria morte N˜ao h´a somente uma forte conex˜ao entre a medita¸c˜ao e a morte, mas elas s˜ao quase a mesma coisa − simplesmente duas maneiras de olhar para a mesma experiˆencia. A morte separa-o do seu corpo, da sua mente, de tudo aquilo que n˜ao ´e vocˆe. [. . . ] A medita¸c˜ao tamb´em separa do seu ser e realidade tudo que n˜ao ´e vocˆe. (Osho/Morte a Maior das Ilus˜oes) O ego primeiro criou a morte depoiscriou Deus para o livrar da morte. Como j´a pontuamos, na Natureza n˜ao existe “´etica” e nem ela segue a l´ogica humana. O ego humano, ou seja, aquilo que nos d´a a ilus˜ao da separa¸c˜ao ´e um truque, ou se prefe- rirmos, uma trampa da Natureza. Defendemos a tese de que uma outra trampa da Natureza que tem confundido os maiores gˆenios e pensadores da humanidade ´e precisamente a morte! (Patr´ıcia, Larissa, Gentil) No ano de 2014 publiquei o li- vro “O Deus Quˆantico” fruto das mi- nhas medita¸c˜oes auxiliadas pelo ente´ogeno ayahuasca∗ − (por oportuno, a motiva¸c˜ao e inspira¸c˜ao para a escrita do presente artigo me veio a partir de uma destas medita¸c˜oes, ocorrida em um s´ıtio no dia 18/08/2019 (imagem ao lado)) −, em uma destas me- dita¸c˜oes me veio a inspira¸c˜ao para escrever o ´ultimo cap´ıtulo do livro por t´ıtulo “VIDA AP´OS A MORTE”, do qual destaquei a p´agina a seguir Adquiri em 26/09/2018 1a Edi¸c˜ao − 2017 Anos depois encontrei dois outros livros, um do Osho “Morte a Maior das Ilus˜oes” e o outro do Maharaj “O N´ectar da Imortalidade” ambos confirmando em essˆencia o que eu j´a havia escrito no meu livro. ∗ A quem interessar possa escrevi o artigo por t´ıtulo Ayahuasca, Budismo e Medita¸c~ao. Observo que mesmo estando no estado do Buda (descrito na p´agina 11) ainda assim converso normalmente com as pessoas `a minha volta. 19
  • 20. 8 Conclus˜ao Ver Postulado ´Aureo, p. 11 Pietro Ubaldi era crist˜ao, Huberto Rohden era crist˜ao; os gˆenios Pascal, Leibniz e Isaac Newton eram crist˜aos, e quantos outros o leitor possa enu- merar. Isto ´e prova suficiente de que eles foram ludibriados pela trampa de que o ego existe. Ora, o ego existindo ele ´e c´elere em criar um Deus para se eternizar, foram o que fizeram Ubaldi e Rohden, e demais pensadores e gˆenios. Para que n˜ao paire nenhuma d´uvida sobre o que estamos afirmando: grandes pensadores e gˆenios da humanidade ca´ıram na trampa de que eles existem! ´E isto! Porque s´o quem tem esta ilus˜ao, ou ainda, s´o quem nunca transcendeu a mente − o ego − ´e que tem a necessidade de um salvador. O que acontece? Quando vocˆe transcende a mente (onde reside o truque) veja: Luz Branca Consci^encia Pura (Nada) Voc^e (sua ess^encia) ´e isto! Esta ´e uma das maiores descobertas do Oriente: de que o nada n˜ao ´e vazio; ao contr´ario, ´e simplesmente o oposto de esvaziamento. ´E plenitude, ´e transbordamento. (Osho/Morte a Maior das Ilus~oes/p.87) Prisma (CD) − Mente − Ego: esse desenho ´e um arquivo armazenado no c´erebro, n˜ao ´e sua essˆencia! − Constru¸c~ao social Quando voc^e sai daqui pra c´a vocˆe perde sua identidade, o ego desaparece − prova de que sua existˆencia era virtual, falsa −, ora n˜ao possuindo um ego (fundindo-se `a Consciˆencia Pura) n˜ao existe necessidade de um Deus e muito menos de um salvador! Pela simples raz˜ao de que n˜ao existe ningu´em para necessitar de um Deus ou salvador. E a Consciˆencia Pura seria o quˆe? N˜ao ´e mat´eria e nem energia, ´e um estado de Vazio, de Nada. Esse ´e o estado que Maharaj chama de “Al´em da Liberdade”. J´a experimentei in´umeras vezes o que Maharaj descreve a seguir, e isto s´o ´e poss´ıvel pelo sacrif´ıcio do ego ilus´orio! Enquanto vocˆe estiver medindo tudo em rela¸c˜ao a seu corpo-alimento, vai existir seu re- lacionamento com o mundo externo, bem como a necessidade de executar rituais ou alcan¸car alguma coisa. Depois que isso se vai, vocˆe n˜ao consegue mais dizer que ´e hindu, crist˜a ou budista. Essas s˜ao as tradi¸c˜oes impostas `a mente-corpo. Mas como vocˆe j´a n˜ao ´e mais a mente-corpo, elas n˜ao s˜ao mais v´alidas. (Maharaj/ AL´EM DA LIBERDADE, p. 117) 20