Material utilizado por Eduardo Lucas Andrade na apresentação do tema: "O sonhar acordado e o Desejo na civilização, proferido no seminário "A psicanálise, a clínica e as faces do Desejo", na Unipac-Bom Despacho no dia 13 de Abril de 2013.
O Desejo na civilização: sonhar acordado e o mal-estar contemporâneo
1. O SONHAR ACORDADO E O DESEJO NA CIVILIZAÇÃO
Eduardo Lucas Andrade é escritor, palestrante e aluno de psicologia na
Faculdade Presidente Antônio Carlos; e de psicanálise no Estúdio Ato de
Psicanálise (Bom Despacho). E-mail: dudupinta13@hotmail.com
2. APOIOS:
FAMILIARES E AMIGOS
COORDENAÇÃO DO CURSO DE
PSICOLOGIA UNIPAC: ELIANE PIMENTA
3. Projeto de psicanálise
A psicanálise surgiu de estudos metapsicológicos,
isto é de estudos clínicos, sobre bases científicas e
filosóficas. Porém, antes de sua instauração no
saber universal, Freud perpassou estudos
designados por pré psicanalíticos que nortearam
sua a posteriori tragetória. De Charcot na França
com a hipnose da Salpêtrière, à Breuer com a
‘limpeza de chaminé’ e ‘Talking Cure’, à psicanálise
de Freud. A psicanálise não parou por aí, pulsa até
hoje. Com Freud ela foi construida, por isto temos a
obra freudiana, obra remete-nos a pensarmos em
construção.
Vimos o nascer de um projeto; e hoje, temos algum
projeto de vida?
4. O Sonho e a psicanálise
Em 1899 Freud terminava seu artigo
inaugural da psicanálise. Nascia após
um difícil parto ‘A psicanálise’, que
sobre a sua primeva palavra teste ‘O
inconsciente’, originou ‘A interpretação
dos sonhos’, publicada em 1900, para
simbolizar o início de uma nova era. É lá
também que jaz registrado o Desejo,
além dos processos oníricos e
interpretação, arte psicanalítca.
5. O SONHAR ACORDADO
Nesta cultura do imediatismo, para onde está indo o
Sonhar?
Sonhos nascem do Desejo e Desejar demanda
tempo, o tempo do inconsciente atemporal.
Sabe-se através de Freud que o sonho é a
realização alucinada de um Desejo, nesta lógica o
sonhar acordado seria as fantasias do neurótico
para o agora, e ou a ilusão referente a seu futuro. A
esperança do encontro com o Desejo, digamos
assim.
6. Ainda sonhando acordado ...
Dizer de ‘sonhar acordado’, pode nos remeter a
pensarmos nos psicóticos, que atuando sobre os
processos psíquicos do inconsciente, atua, como no
sonho, dramatizando-se.
Pergunto-lhes: Será que sonhar acordado é ser louco?
Ou apenas estranho; no sentido freudiano do termo?
O sonho oriundo do Desejo é íntimo do sujeito, sua
posição no mundo também, logo, deve-se interpretar o
sonhar acordado, que dita além da pulsão de vida (Eros)
o pulsar do Desejo e o comprometimento do sujeito
consigo mesmo. O sonho permanece sendo a estrada
real para o inconsciente.
7. O estranho na cultura
O estranho é íntimo daquilo que é humano,
é tão íntimo que nos foi afastado da
consciência rumo à nossa verdade, tornou-
se então desconhecido, ainda que familiar.
O estranho é diferente, e o diferente
permite ser olhado. O alvo dos olhares é
destaque e destacar é separar. Sonhar
acordado é afastar-se, é ir ao encontro
consigo mesmo, como forma narcísica de
se posicionar e tentar pulsar a vida sobre
exigências do Desejo.
8. Sonhos e patologias
contemporâneas
Por patológico entende-se aquilo que traz prejuízos
ao sujeito em sua estratégia de vida.
Na atual civilização predominam patologias de
pouca simbolização, tais como, diversificação
depressiva, manisfestações corpóreas da
psicosomática, tóxicos, dentre outras.
Ausência de representantes e tênue contato com o
Desejo, além do excluso discurso, caracterizam
nossa contemporânea civilização.
Saídas para os materiais psíquicos: Palavras, corpo
e atos.
9. O DESEJO NA CIVILIZAÇÃO
“ ‘Gradiva’ de Jensen ”
texto de Freud datado
em 1906, smile da
represão e metáfora do
Desejo.
10. O Desejo
Lembro-nos de “‘Gradiva’ de Jensen” texto de Freud
datado em 1906. Gradiva ‘é a jovem que avança’, ou
então ‘aquele que brilha ao avançar’. Gradiva, foi
encontrada soterrada em Pompéia, mesmo assim,
adormecida, permaneceu avançando com sua
maneira sublime de caminhar, assim é nosso
Desejo, mesmo soterrado nas profundezas do
inconsciente nos faz seguir, buscar e até mesmo
estarmos aqui. De maneira breve seguirei os passos
de Freud e citarei Hamlet de Willian Shakespeare,
que além de seguir seus próprios fantasmas nos
deixa a dica “Presta ouvidos a muitos, tua voz a
poucos. Acolhe a opinião de todos mais você
decide.” (Hamlet, Cena III) Estar aqui era mesmo o
seu Desejo?
11. O civilizar-se
O Desejo promove o encontro, devido a encontros
provocados que geraram desencontros. O encontro
de Desejos provocam desencontros.
O Desejo morador fiel do inconsciente e do princípio
de prazer, encontra barreiras que o reprime,
circunscrevendo-o como estrutural no sujeito e
como bussúla da vida.
O princípio de realidade traz consigo ancoragens
civilizatórias que cobram um preço para o Desejar.
12. Um mundo além do princípio de
constância
Entende-se o aparelho psíquico pelos seus
princípios e nunca pelo seu fim. O princípio
ordenante é o de prazer que sustenta-se
sobre o princípio de constância, enveredando
ao princípio de realidade. Buscamos expelir o
desprazer e acessar ao prazer, gastando o
menor Quantum de energia possível. Eis, o
moderno mundo de encontros que traz o real
ao espaço que era da representação, das
ideias e da narrativa, espaço sustentado hoje
pelo jogo de imagens, corpo, e ilusões
envolventes. A prequiça move o mundo e
promove a mesmice de ser, e o projeto?
13. A compulsão à repetição e a
mesmice de ser
A compulsão à repetição é a plataforma do
princípio de prazer que caracteriza a atual
civilização. Na clínica esta compulsão é
apoiada pelo Desejo e no social por uma
pulsão de morte, Tânatos. Eis, a função do
discurso. Tendemos a repetir, mas nunca o
mesmo e sim redemoinhos sobre o Desejo,
que na falta da busca pelo Desejo, faz com
que inventamos o novo, e quando este novo
irá tornar-se velho, nasce um novo ‘novo’.
S.O.S. Psicanálise; Recordar, repetir e
elaborar faz-se necessário em um pulsar
terminável e interminável.
14. O mal estar na civilização
O mal estar na civilização é o ponto de angústia dos
relacionamentos humanos.
‘O mal estar da civilização’, menção ao texto freudiano de
1930, continua atual. Seguimos com nossas medidas
paliativas, construções auxiliares para nossas buscas
angustiantes, sentimentos oceânicos e com a tentativa de
ordem que é de outra ordem.
Busca da felicidade propaga arranjos psíquico de prazer
e de sofrimento. O corpo, o mundo externo e as relações
com outras pessoas são fontes do nascente sofrimento.
Destes três só não conseguimos fugir de nós mesmo. Eis
aí a psicanálise como saída para o sujeito e como a ética
para nosso tempo.
15. O Desejo na civilização
DESEJO – PREÇO PELO DESEJO
ÉTICA SUSTENTADA NO DESEJO –
ÉTICA PARA NOSSO TEMPO
DESEJO COMO O NADA E O OUTRO
DESEJO + CIVILIZAÇÃO=
PSICANÁLISE
16. “Torna-se um louco ; alguém que, a maioria das
vezes, não encontra ninguém para ajudá-lo a
tornar real o seu delírio.” Sigmund Freud, 1930
OBRIGADO !!!