Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Conceitos-chave da Terapia Ocupacional
1. OT2 – Conceitos Relacionados com a
Introdução à Terapia Ocupacional
Saúde: um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente
a ausência de doença ou enfermidade (Callahan, 1973).
Bem-Estar: perceção e responsabilidade por sentir-se bem fisicamente e
psicologicamente, visto que estes aspetos contribuem para a satisfação geral
com a própria situação de vida. Engloba o universo total de domínios da vida
humana, incluindo aspetos físicos, mentais e sociais (AOTA, 2014) .
Tarefa: conjunto de ações que as pessoas fazem ou fizeram. As Tarefas
envolvem participação ativa do cliente e, por vezes, incluem envolvimento no uso
de diversos materiais para simular atividades ou componentes de ocupações.
(American Occupational Therapy Association, 2014)
Atividade: ações que ajudam no desenvolvimento de competências e no
desempenho do paciente com a finalidade de aumentar o seu envolvimento
ocupacional. (AOTA, 2014)
Atividade Significativa: corresponde a uma motivação do agente e cujo
componente básico é a ação que transforma essa motivação em realidade.
(Kielhofner, G. (2008)).
Ocupação: A ocupação é composta por tarefas e atividades diárias
propositadas, na qual as pessoas se envolvem e que possuem um significado
ou valor pessoal e subjetivo. Estas ações são organizadas pela formação
cultural, os interesses e aspetos da vida que são significativas para cada
indivíduo. As ocupações são simbolicamente concebidas numa cultura e são
interpretadas a partir do contexto e da história de vida das pessoas. Algumas
das características essenciais da ocupação é que esta é auto iniciada,
intencional e possui um propósito. É experiencial e reconhecida socialmente. É
essencial para a qualidade de vida e possui capacidade de influenciar a saúde e
o bem-estar (Costa, Augusto, & Corrêa, 2017).
Áreas da Ocupação:
● Atividades da Vida Diária Instrumentais (AVDIs) - atividades de apoio
à vida diária dentro de casa e na comunidade, que muitas vezes
necessitam de interações mais complexas que as utilizadas nas AVD.
Como exemplo temos: cuidar dos outros, cuidar de animais, cuidar de
crianças, gestão da comunicação, conduzir e mobilidade na comunidade,
gestão financeira, gestão e manutenção da saúde, gestão e manutenção
da casa, limpeza e preparação de refeições, atividades e expressão
religiosa e espiritual, segurança e emergência e fazer compras.
2. ● Descanso e Sono - Atividades relacionadas à obtenção de descanso e
sono reparadores para apoiar a saúde e o envolvimento ativo noutras
ocupações.
● Educação - atividades necessárias para a aprendizagem e participação
no ambiente educacional.
● Trabalho - “trabalho ou esforço; de fazer, construir, fabricar, dar forma,
moldar ou modelar objetos; para organizar, planear ou avaliar serviços e
processos de vida ou de governo; ocupações comprometidas que são
executadas com ou sem recompensa financeira.
● Brincar - qualquer atividade espontânea e organizada que ofereça
satisfação, entretenimento, diversão e alegria”.
● Lazer - atividade não obrigatória que é intrinsecamente motivada e
realizada durante o tempo livre, ou seja, o tempo não comprometido com
ocupações obrigatórias, tais como trabalho, autocuidado ou sono.
● Participação Social - a inter-relação de ocupações para apoiar o
envolvimento desejado em atividades comunitárias e familiares, bem
como aquelas que envolvem pares e amigos”; envolvimento num
subconjunto de atividades que envolvem situações sociais com os outros
e de suporte social interdependente. A participação social pode ocorrer
pessoalmente ou por meio de tecnologias remotas, tais como
telefonemas, interação com o computador e videoconferência.
(AOTA, 2014)
Atividades da Vida Diária (AVD): são as tarefas de desempenho ocupacional
que o indivíduo realiza diariamente. Não se resume somente aos autocuidados
de se vestir, alimentar, arranjar, tomar banho, e pentear, mas engloba também
as habilidades de usar o telefone, escrever, manipular livros, etc além da
capacidade de se virar na cama, sentar, mover e transferir de um lugar para
outro. Como exemplos, temos:
● Tomar banho ou duche;
● Higiene íntima e usar a sanita;
● Higiene pessoal;
● Vestir;
● Deglutir/comer;
● Alimentar;
● Mobilidade funcional;
● Cuidado com equipamentos pessoais;
● Atividade sexual.
(American Occupational Therapy Association, 2014)
3. Competência Ocupacional: Competência Ocupacional está relacionada com
colocar a identidade ocupacional em ação de forma contínua, incluindo assim, o
sentido de concretizar expectativas, a manutenção de rotinas e ainda, manter e
atuar de acordo com os seus valores. Dividem-se em competências de
desempenho, como competências motoras, competências de processo
(cognitivas) e competências de interação social, que são demonstradas pelo
cliente (Amini, Otr, & Presidente, 2015).
Identidade Ocupacional: a identidade ocupacional reflete as experiências de
vida acumuladas, que são organizadas numa compreensão de quem temos sido
e um sentimento de desejo e orientação para o nosso futuro definição como uma
referência para ações futuras (Kielhofner, G. (2008)).
A identidade ocupacional inclui:
● O sentido de capacidade e eficácia no fazer;
● O que as pessoas consideram interessante e satisfatório fazer;
● Os papéis interiorizados;
● Os hábitos;
● A perceção do seu ambiente, o que ele suporta e espera.
Autonomia: capacidade de se governar a si próprio, sendo considerado como
autónomo o individuo capaz de determinar as próprias normas de conduta, sem
imposições (Burnagui, Rosa, & Nascimento, 2016). Este conceito estabelece um
contraste com a independência, pois podemos ser independentes e não ser
autónomos e vice-versa.
Independência: Independência é quando uma pessoa consegue desempenhar
as suas tarefas/atividades
independentemente da quantidade ou tipo de assistência que seja necessária
(ambientes adaptados, uso de dispositivos ou estratégias alternativas ou
supervisão por parte de outra pessoa) (AOTA, 2014).
Desempenho: desempenho das ocupações como resultado da escolha,
motivação e sentido dentro de um contexto de apoio e ambiente. É resultado da
transação dinâmica entre a pessoa, o contexto e a atividade. Pode dividir-se em
padrões de desempenho:
● Rotinas: são sequências estabelecidas de ocupações ou atividades que
fornecem uma estrutura para a vida diária. Rotinas também podem
promover ou prejudicar a saúde.
● Hábitos: referem-se a comportamentos específicos, automáticos; eles
podem ser úteis, dominantes ou empobrecidos.
● Rituais: ações simbólicas com significado espiritual, cultural ou social
para a pessoa. Estes rituais tem uma componente afetiva forte e
contribuem para os valores e crenças da pessoa.
4. ● Papeis: são conjuntos de comportamentos esperados pela sociedade e
moldados pela cultura e contexto. Eles podem ser ainda mais
conceituados e definidos por um cliente (pessoa, grupo ou população).
Os papéis podem fornecer orientações em ocupações ou podem ser
usados para identificar as atividades relacionadas com certas ocupações
com as quais o cliente se envolve. (AOTA, 2014)
Motivação: Forças extrínsecas e intrínsecas que levam as pessoas a
desempenhar as suas atividades e
que podem ser resultado de crenças, objetivos de vida, religiões, entre
outros…(American Occupational Therapy Association, 2014)
Volição: Segundo o modelo da ocupação humana, a volição é um processo
cognitivo sendo definido como um padrão de pensamentos e sentimentos acerca
do próprio e do seu mundo que sobressai de uma necessidade fundamental para
agir e que ocorre à medida que se antecipa, escolhe, experimenta e interpreta o
que faz.
A volição inclui a causalidade pessoal (o sentido de eficácia e competência), os
valores (o que consideramos importante e significativo) e os interesses (o que
nos dá prazer e satisfação) (Kielhofner, G. (2008)).
Habituação: refere-se à capacidade de assumir comportamentos consistentes
relacionados com hábitos e papéis, de acordo com uma rotina e com o ambiente
em questão (Kielhofner, G. (2008)).
Capacidade de Desempenho: é relativa à “competência de fazer”, envolvendo
componentes físicos, mentais e a subjetividade do sujeito (Kielhofner, G. (2008)).
Equilíbrio Ocupacional: Equilíbrio ocupacional é o envolvimento em diferentes
ocupações, de modo a satisfazer as necessidades do paciente, indo ao encontro
daquilo que o mesmo considera ser mais significativo na sua vida. Equilíbrio
entre as diferentes ocupações tais como lazer, sono e atividades da vida diária
(Finlay L, 2004). A perceção de equilíbrio é individual e é influenciado pela
cultura, valores e o ambiente envolvente. O equilíbrio ocupacional, passa por
equilibrar as diversas ocupações de modo a manter um dia a dia e um estilo de
vida saudáveis (Martins & Gontijo, 2011). Passa pela gestão de tempo que
cada individuo deveria ter em relação às suas ocupações diárias, como as
atividades da vida diária, atividades instrumentais da vida diária, lazer, brincar,
descanso e sono, trabalho, educação e participação social. (Gómez Lillo, 2006).
Justiça Ocupacional: a justiça ocupacional reconhece que todos os indivíduos
de uma dada sociedade têm direitos igualitários independentemente do seu
género, idade, condição de saúde, condição socioeconómica e classe social
para realizar todas as ocupações, como atividades da vida diária, atividades
instrumentais, trabalho, educação, descanso e sono, lazer, brincar e participação
social, sendo abrangidas oportunidades para a participação social e
disponibilidade de vários recursos que levam a cabo a participação total por parte
do individuo nas suas ocupações. Aspetos éticos, morais e cívicos dos diferentes
contextos e ambientes, podem afetar o sucesso da intervenção da terapia
5. ocupacional e o resultado deste processo (Nilsson & Townsend, 2010.
AOTA, 2014).
Adaptação Ocupacional: conjugar desejos com necessidades pessoais e com
expectativas do ambiente, através da ocupação. É a consequência da história
de participação nas ocupações da vida. É refletida no como contamos e
acionamos as nossas narrativas ocupacionais. Conjunto complexo de processos
de mudança que se sucedem, sobrepõem e interligam numa tarefa continua. O
processo de adaptação ocupacional implica, necessariamente, o equilíbrio
ocupacional. (Kielhofner, G. (2008)).
Privação Ocupacional: caracteriza-se pelas circunstâncias externas, através
das quais a pessoa não pode adquirir, usar ou desfrutar de algo. Ou seja, quando
a pessoa experimenta um estado de privação ocupacional, esta vê-se
impossibilitada de realizar as atividades que quer e considera importantes,
durante um extenso período de tempo, devido a fatores externos. A pessoa vê
total ou parcialmente negada a sua possibilidade de escolha ocupacional, o que
poderá trazer consequências negativas ao nível do desempenho e do bem-estar
geral. Esta falta de oportunidades para um envolvimento ocupacional normal
pode ter efeitos nefastos, variando desde a apatia à depressão. No entanto, a
forma como cada pessoa lida com este tipo de limitações vai depender da sua
identidade ocupacional, ou seja, dos valores, interesses, causalidade pessoal,
papéis, hábitos e capacidade de desempenho de cada indivíduo. (Kielhofner, G.
(2008)).
Crenças: Crenças são conteúdos cognitivos tidos como verdadeiros (AOTA,
2014).
Espiritualidade: O aspeto da humanidade que se refere à forma como os
indivíduos procuram e expressam significado e propósito e a maneira como eles
experimentam a sua conexão com o momento, consigo mesmo, com os outros,
com a natureza, com o que é significativo ou sagrado (Puchalski et al., 2009, p.
887; see Table 2,EPTO).
Contextos e Ambientes: O envolvimento e a participação na ocupação ocorrem
dentro de um ambiente social e físico inseridos num determinado contexto.
O ambiente físico refere-se ao que é natural (por exemplo, o local geográfico) e
o construído (por exemplo, edifícios) ao redor dos quais as ocupações da vida
diária ocorrem.
Os ambientes físicos podem representar barreiras ou apoiar a participação nas
ocupações significativas.
O ambiente social consiste na presença de relacionamentos com, e as
expetativas das pessoas, grupos e populações com as quais o cliente tem
contacto (por exemplo, a disponibilidade e as expetativas de pessoas
importantes).
6. O termo contexto refere-se aos elementos que tanto constituem quanto rodeiam
um cliente e que muitas vezes são menos tangíveis do que os ambientes físicos
e sociais, mas ainda assim exercem uma forte influência sobre o desempenho.
Contexto cultural: inclui costumes, crenças, padrões de atividade, padrões de
comportamento e expetativas aceites pela sociedade da qual um cliente é
membro. Influencia a identidade ocupacional do cliente e as escolhas de
atividades.
Contexto pessoal: refere-se a características demográficas, tais como idade,
gênero, status socioeconômico e nível educacional, que não fazem parte de
uma condição de saúde.
Contexto temporal: inclui fase de vida, a hora do dia ou do ano, a duração ou o
ritmo da atividade e história.
Contexto virtual: refere-se às interações que ocorrem em situações simuladas,
em tempo real, ou quase real em que há ausência de contacto físico. O contexto
virtual é cada vez mais importante, pois o cliente pode necessitar de
smartphones, computadores ou tablets para realizarem as suas rotinas e
ocupações.
Alguns contextos são externos ao cliente (por exemplo, o virtual), alguns são
internos (por exemplo, o pessoal) e alguns apresentam tanto características
externas como crenças e valores internos (por exemplo, o cultural) (American
Occupational Therapy Association & AOTA, 2014).
Alienação Ocupacional: experiências prolongadas de isolamento, perda de
identidade e qualidade de vida, resultantes da dificuldade na participação social
em ocupações significativas.
(As pessoas com incapacidades são mais vulneráveis a situações de injustiça
ocupacional como a privação ocupacional, a alienação ocupacional e a
marginalização ocupacional, em variadas áreas de ocupação humana como a
produtividade, sendo uma importante área de intervenção para os terapeutas
ocupacionais) (Daoudi, 2000)
Marginalização Ocupacional: ambientes sociais que excluem pessoas com
incapacidades, restringindo o seu acesso físico ou oportunidades sociais, como
acontece quando são excluídas de oportunidades de emprego, podendo
assimilar a ideia de que a sua empregabilidade é impossível (Daoudi, 2000)
7. Referências:
American Occupational Therapy Association, & AOTA. (2014). Occupational
Therapy Practice Framework: Domain and Process (3rd Edition). American
Journal of Occupational Therapy, 68(Supplement_1), S1–S48.
https://doi.org/10.5014/ajot.2014.682006.
Burnagui, J. G., Rosa, M. P. da, & Nascimento, G. C. C. (2016). Autonomia e
independência: percepção de adolescentes com deficiência visual e de seus
cuidadores. Revista de Terapia Ocupacional Da Universidade de São Paulo,
27(1), 21–28. Retrieved from
http://www.revistas.usp.br/rto/article/view/104407/114556
Callahan, D. (1973). The WHO Definition of “Health.” The Hastings Center
Studies, 1(3), 77. https://doi.org/10.2307/3527467
Costa, E. F., Augusto, V., & Corrêa, C. (2017). Ciência ocupacional e terapia
ocupacional: algumas reflexões*, 1(5), 650–663.
Kielhofner, G. (2008). Model of Human Occupation: Theory and Application (4th
ed.). Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins.
Finlay L. The Practice of Psychosocial Occupational Therapy. 3 ed. United
Kingdom: Nelson Thornes Ltd; 2004
Daoudi, M. (2000). [ No Title ]. Journal of Visual Languages & Computing, 11(3),
287–301.