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MELHOR É IMPOSSÍVEL
AS GOOD AS IT GETS
Terapia Ocupacional
UC 1: Introdução á Terapia Ocupacional -
Ciências Socias Humana
Professor: João Paulo Pedrosa
Realizado por: Marta Larisch Ferreira
Número de aluno: 1018056
Ano Letivo: 2018/2019
ESCOLA
SUPERIOR
DE SAÚDE
POLITÉCNICO
DO PORTO
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Índice
Introdução………………………………………………………………………………….3
Análise Crítica……………………………………………………………………………..4
Conclusão………………………………………………………………………………...11
Bibliografia………………………………………………………………………………..12
3 | 12
Introdução
Neste trabalho vou falar sobre o filme “Melhor é Impossível” de James L. Brooks, de
1997, fazendo, uma análise sociológica de algumas personagens e relacionando-as
com alguns aspetos da terapia ocupacional. Vou focar-me na personagem principal
Melvin, um escritor interpretado por Jack Nicholson, que sofre de uma perturbação
mental, mas que ao longo do filme vão acontecendo alterações nos seus padrões de
desempenho que influenciam o seu comportamento social. Vou falar também da
interação social de Melvin com as outras personagens que vão aparecendo ao longo
do filme. O seu vizinho Simon, (Greg kinnear), um artista, e uma mulher Carol (Helen
Hunt) que serve às mesas no restaurante que o Melvin frequenta diariamente.
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Análise crítica
Num primeiro momento, vemos o Melvin a abrir a porta do elevador do seu prédio e
a tentar chamar o cão do seu vizinho que se encontra a urinar no chão dentro do
prédio e observo Melvin de luvas a tentar equilibrar-se para não pisar um certo tipo
azulejos e acaba por mandar o cão pela conduta do lixo do prédio com toda a
indiferença. Esta sequência de acontecimentos já sugere algo de estranho no seu
comportamento. Reparamos também que Melvin de seguida, assim como em outras
situações, tem um discurso racista, homofóbico, irónico e arrogante, com o seu
vizinho Simon, quando este lhe pergunta se viu o seu cão.
Melvin também tem um comportamento muito específico em relação aos seus
hábitos. Sempre que entra em casa e fecha a porta tem de a trancar várias vezes,
acender e apagar as luzes, executando vários movimentos repetidos sem qualquer
explicação racional, o que dá a entender um comportamento obsessivo compulsivo.
O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é caracterizado por pensamentos ou
imagens recorrentes e intrusivas (obsessões) e comportamentos repetitivos ou atos
mentais (compulsões). Normalmente essas obsessões são: ter medo de
contaminação, ter dúvidas persistentes, ter pensamentos violentos ou sexuais
intrusivos. A compulsão relacionada pode ser com a limpeza excessiva e a
verificação de comportamento e pensamentos opostos.1 No caso de Melvin ele tem
uma obsessão pelo medo da contaminação o que faz com que ele tenha a
1 www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0163725818300184
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compulsão de lavar as mãos com água a ferver e tenha dentro do seu armário da
casa de banho vários sabonetes organizados que são usados apenas uma vez.
Uma das atividades da vida diária de Melvin é almoçar. Ele almoça todos os dias no
mesmo restaurante, leva sempre os seus talheres de plástico descartáveis, é
atendido sempre pela mesma empregada (a Carol), senta-se sempre na mesma
mesa e tudo o que possa interferir com os seus hábitos e as suas rotinas deixam-no
extremamente perturbado. É possível observar que lhe faltam competências de
desempenho, como quando alguém se senta na sua mesa, nomeadamente a
competência de comunicação e interação necessárias para transmitir a sua intenção
e necessidade de se sentar naquela mesa em particular. Melvin tem óbvias
dificuldades na sua abordagem que normalmente não é apropriada com o seu
parceiro social. Não conclui muitas vezes o assunto discutido nem se despede.
Também tem dificuldades em posicionar-se a uma distância adequada das pessoas
como por exemplo quando anda pelas ruas e passa entre elas e evita o toque.
Reparo também que Melvin não faz perguntas que tenham como objetivo manter
uma interação social. Tem dificuldades até aqui de manter uma conversa
respondendo adequadamente a perguntas e comentários, não demonstra afetos e
emoções de uma forma socialmente apropriada tendo claros problemas em
demonstrar e expressar as suas emoções. Não usa palavras de agradecimento nem
elogios. Quando irritado eleva o seu tom de voz muitas vezes demonstrando
intolerância com o outro. Até este momento percebo as suas dificuldades em sentir
empatia não exprimindo atitudes de apoio com o seu parceiro social, nem
conseguindo evitar e antecipar problemas socialmente inadequados como se
perceberá mais tarde.
6 | 12
Entretanto o vizinho de Melvin, Simon, que é artista e costuma retratar pessoas em
sua casa, é vítima de uma emboscada pelo sujeito que está a pintar e pelos seus
amigos. O que era para ser um assalto acaba por se tornar num espancamento de
extrema violência quando este se dá de caras com os intrusos. Neste confronto é
possível perceber um discurso homofóbico, que pode indiciar um crime de ódio.
Simon sofre assim uma mudança catastrófica na sua vida e precisa de ficar
internado no hospital por tempo indefinido enquanto Frank, amigo e agente do
Simon, em desespero mostra de forma autoritária a Melvin que este não tem oura
opção se não a de ficar com o cão, Verdell. Neste momento é-lhe imposta uma
mudança no seu ambiente. Melvin que inicialmente detestava o cão começa a criar
laços com ele. Prova disso foi ter mudado de mesa no restaurante para estar mais
próximo do Verdell, com medo de que ele fosse roubado. Neste momento observo
uma mudança no seu padrão de comportamento através de um processo
progressivo onde começa a haver uma alteração nos seus valores. O cão começa a
ser importante e significativo na sua vida, algo que Melvin repara depois de lhe ser
retirado quando Simon regressa do hospital.
Carol tem uma família unida composta pela sua mãe e o seu filho, Spencer. Este
tem alguns problemas de saúde, o que a obriga a ir muitas vezes ao hospital,
acabando por não ter muito tempo para a sua vida social e que a leva mesmo a ter
que se demitir do seu trabalho como empregada de mesa para arranjar outro
emprego mais perto de sua casa. Confuso, Melvin sente-se desnorteado quando
chega ao restaurante de sempre e ao sentar-se na mesa habitual, a empregada que
o costuma servir não comparece. Melvin começa a ficar extremamente exaltado e o
dono do restaurante convida-o a sair. Este continua a elevar a voz mas ao ver a
7 | 12
polícia e com medo de uma sanção, acaba por sair, não sem antes arranjar maneira
de saber onde ela mora para a ir procurar.
Entretanto, Simon começa a perder o controle sobre a sua vida. O Verdell parece
quase já nem o reconhecer e parece preferir a companhia do Melvin, que outrora o
maltratava. Para além disso está a passar por uma crise financeira devido a
despesas do hospital e como consequência disso vai ter de vender a sua casa e o
atelier. Está completamente desmotivado e sem volição para voltar a pintar. Neste
momento Simon está perdido em relação ao papel social que desempenhava como
artista de sucesso e isso traz-lhe consequências para a sua identidade ocupacional -
“[…] perdi a vida que tinha”. Sem dinheiro e obrigado a despedir a sua empregada,
Simon fica sem ajuda para alguém passear o Verdell e a empregada vê-se obrigada
a pedir a Melvin se o podia passear.
Há um dia em que Melvin vai lá casa e como sempre consegue ser extremamente
desagradável com o Simon. Este, mais debilitado e sensível, tem uma atitude
agressiva e vai-se completamente abaixo à frente dele. Perante esta situação,
Melvin, revela surpreendentemente alguma empatia por Simon e tenta-o ajudar
apesar da tentativa falhada que seria a razão pelo qual o cão o preferira.
Um dia, Carol, é apanhada de surpresa quando tem a visita de um médico em sua
casa para tratar do Spencer. Entretanto o médico diz-lhe que foi enviado a pedido de
Melvin com o intuito de ajudar o filho a ficar bom para que Carol volte a trabalhar e,
consequentemente, a voltar a entrar na sua rotina. Carol sente que não pode
recusar pois ela pertence a uma classe social económica mais baixa e não tendo
meios financeiros para pagar as despesas do filho força-se a aceitar. Contudo,
Carol, desconfiada, vai até casa de Melvin para esclarecer a situação e dizer-lhe que
não vai dormir com ele em troca do que o Melvin fez pelo seu filho. Apesar da sua
8 | 12
intenção não ser a de dormir com a Carol aquela frase mexeu com ele e deixa-o a
pensar e a sentir querer ser desejado. Depois disto, Melvin sente a necessidade de
pela primeira vez procurar alguém para um pequeno desabafo e procura o Simon,
levando-lhe inclusivamente uma sopa. Assim revela alguma melhoria na sua
interação social com o seu vizinho, trabalhando agora uma abordagem de uma
maneira socialmente mais apropriada e conseguindo expressar os seus sentimentos
ao ponto de no fim da conversa haver pela primeira vez um elogio.
Frank e Melvin encontram-se os dois no restaurante onde Carol trabalha e onde
Melvin costuma comer. Frank explica que o Simon tem de ir até Baltimore pedir
dinheiro aos pais apesar de estes nem o terem visitado no hospital. Existe apenas
um se não: Frank não o pode levar e pede a Melvin para o acompanhar. Na tentativa
de o convencer, diz-lhe que empresta o seu carro descapotável. Este inicialmente
não reage bem e explica o seu problema a Carol que lhe diz que gostava que esses
fossem os seus problemas. Melvin muda assim a sua atitude e acaba por concordar
em levá-lo desde que a Carol também fosse com eles.
Inicia-se assim a viagem. Ao chegar ao hotel, depois de um telefonema com o seu
filho, Carol está feliz e quer ir jantar fora. O Simon não quer ir. Sobra o Melvin e vão
os dois. Ao entrar no restaurante, Melvin é obrigado a usar um terno e gravata, mas
como não ia preparado no restaurante dizem-lhe que têm um para lhe emprestar. O
terno que têm é usado e devido ao transtorno obsessivo compulsivo Melvin rejeita-se
a usá-lo, por isso vai comprar um para poder jantar com a Carol.
Durante o jantar e devido à dificuldade de interação social e de antecipar problemas
sociais inadequados, Melvin mete os pés pelas mãos. O que para ele foi um
comentário sem maldade, para Carol foi uma ofensa. Esta pede-lhe um elogio
rapidamente se não vai-se embora. Melvin começa o seu elogio por um tema que
9 | 12
para ele é tabu. Sobre a sua condição psiquiátrica e em como odeia tomar
comprimidos. Mesmo apesar do seu psiquiatra lhe ter dito que em cinquenta por
cento dos casos, depois de tomar os comprimidos, existem grandes melhorias,
Melvin ainda assim continuou a rejeitá-los. No entanto isso mudou no dia em que a
Carol lhe disse que nunca dormiria com ela na sua vida. A partir desse dia Melvin
quis ficar melhor. “[…] Fizeste-me querer ser um homem melhor.” Carol que no início
não percebeu o elogio, quando o compreendeu, ficou derretida. Vendo Melvin
vulnerável, algo muda na maneira como o vê. Carol beija-o. Logo de seguida Melvin
volta a não conseguir exprimir-se e volta a magoar os sentimentos de Carol. Esta
levanta-se e vai-se embora.
De regresso ao hotel, Carol muda-se para o quarto do Simon para não se cruzar
com o Melvin. Irritada, Carol vai tomar um banho de imersão para descomprimir. Há
falta de uma porta entre a casa de banho e o quarto, Simon consegue assim
observá-la de costas e de repente sente uma enorme vontade de a retratar. Pega
num lápis e caderno e começa a desenhá-la compulsivamente. Com gesso no braço
a impedir certos movimentos, Simon arranca-o e com este gesto parece que também
arranca a tristeza que o tem vindo a assombrar. Simon, está com uma nova atitude
perante a sua vida. Uma atitude mais positiva, uma consequência da sua adaptação
ocupacional. Antes de se irem embora de Baltimore, Simon, liga aos pais. Diz-lhes
que já não precisa do dinheiro, que não guarda qualquer tipo de rancor e que a partir
de agora o próximo passo na sua relação depende deles. Entretanto Melvin conta a
Simon que o seu apartamento foi alugado. O que antes seria uma notícia
arrasadora, neste momento não tem importância. Melvin, sem que o Simon saiba,
diz para porem as suas coisas num quarto que tem a mais na sua casa. Uma atitude
generosa que deixa Simon emocionado. Depois do mau ambiente que ficou entre
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12
Melvin e Carol, esta decide ligar-lhe, mas ficou tudo na mesma. O Melvin fica
exaltado e sem saber o que fazer acaba por seguir o conselho do seu amigo Simon.
Melvin vai até casa de Carol naquele exato momento apesar de ser madrugada. Ao
sair de casa repara que não trancou a porta como costuma fazer e fica admirado.
Talvez seja do comprimido ou talvez seja a sua nova vida, ou ambos. A verdade é
que na sua nova vida existem outras pessoas com quem se preocupa e que o fazem
esquecer do seu transtorno obsessivo compulsivo. Quando chega a casa de Carol,
Melvin convida-a ir comer pãezinhos quentes numa pastelaria ali perto. Enquanto
caminham até lá Melvin tem dificuldades a andar normalmente no passeio apesar da
sua espontaneidade até agora. Carol ao ver que Melvin não consegue andar ao seu
lado diz-lhe que esta relação não irá resultar. Melvin esforça-se e consegue pisar o
passeio que tanto evita. Este diz-lhe que lhe vai fazer um elogio. Melvin consegue
dizer tudo o que vê de especial na Carol. Melvin lembra-se ainda do pormenor de
como a Carol trata o filho, Spence. Carol percebe nesse momento que Melvin é uma
pessoa sensível e que aceita o seu papel de mãe. Algo que nunca aconteceu nas
suas relações anteriores. Melvin beija-a. Abraçados, Melvin e Carol vão a caminhar
normalmente até à pastelaria. Melvin segura a porta da pastelaria como um
verdadeiro cavalheiro para Carol passar, ignorando assim o seu transtorno. A última
imagem que vemos é a de um casal a pedir pãezinhos quentes.
11 |
12
Conclusão
Podemos concluir que Melvin é no fim uma pessoa mais saudável. A sua saúde a
nível físico, mental e social encontra-se em maior equilíbrio. Muitas das pessoas que
apresentam este tipo de doença mental (TOC) são vítimas de discriminação e
preconceito. - A pessoa afetada experimenta altos níveis de sofrimento, tem um
impacto substancial no funcionamento psicossocial e na maioria das vezes uma
diminuição da qualidade de vida.2
Melvin, teve a sorte de encontrar Carol que
desempenhou o papel de facilitadora e que ajudou muito Melvin a superar as suas
dificuldades. Este trabalhou a sua competência ocupacional e assume agora novos
papéis, como de amigo e namorado. Melvin teve assim uma adaptação ocupacional
criando uma nova identidade ocupacional como tão bem retrata este filme.
2 www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0163725818300184
12 |
12
Bibliografia
American Occupational Therapy Association, Occupational therapy practice
framework: Domain and process (3rd ed.), tradução, Universidade de São Paulo, 2014.
Brooks, James, Melhor É Impossível, 1997.
Keilhofner, Gary, Model Of Human Occupation, Theory And Application, tradução,
Ana Cristina Farinha, 2007.
Maia, Rui Leandro, Dicionário De Sociologia / [Ed. Lit.] Porto Editora, 2002.

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  • 1. 1 | 12 MELHOR É IMPOSSÍVEL AS GOOD AS IT GETS Terapia Ocupacional UC 1: Introdução á Terapia Ocupacional - Ciências Socias Humana Professor: João Paulo Pedrosa Realizado por: Marta Larisch Ferreira Número de aluno: 1018056 Ano Letivo: 2018/2019 ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE POLITÉCNICO DO PORTO
  • 2. 2 | 12 Índice Introdução………………………………………………………………………………….3 Análise Crítica……………………………………………………………………………..4 Conclusão………………………………………………………………………………...11 Bibliografia………………………………………………………………………………..12
  • 3. 3 | 12 Introdução Neste trabalho vou falar sobre o filme “Melhor é Impossível” de James L. Brooks, de 1997, fazendo, uma análise sociológica de algumas personagens e relacionando-as com alguns aspetos da terapia ocupacional. Vou focar-me na personagem principal Melvin, um escritor interpretado por Jack Nicholson, que sofre de uma perturbação mental, mas que ao longo do filme vão acontecendo alterações nos seus padrões de desempenho que influenciam o seu comportamento social. Vou falar também da interação social de Melvin com as outras personagens que vão aparecendo ao longo do filme. O seu vizinho Simon, (Greg kinnear), um artista, e uma mulher Carol (Helen Hunt) que serve às mesas no restaurante que o Melvin frequenta diariamente.
  • 4. 4 | 12 Análise crítica Num primeiro momento, vemos o Melvin a abrir a porta do elevador do seu prédio e a tentar chamar o cão do seu vizinho que se encontra a urinar no chão dentro do prédio e observo Melvin de luvas a tentar equilibrar-se para não pisar um certo tipo azulejos e acaba por mandar o cão pela conduta do lixo do prédio com toda a indiferença. Esta sequência de acontecimentos já sugere algo de estranho no seu comportamento. Reparamos também que Melvin de seguida, assim como em outras situações, tem um discurso racista, homofóbico, irónico e arrogante, com o seu vizinho Simon, quando este lhe pergunta se viu o seu cão. Melvin também tem um comportamento muito específico em relação aos seus hábitos. Sempre que entra em casa e fecha a porta tem de a trancar várias vezes, acender e apagar as luzes, executando vários movimentos repetidos sem qualquer explicação racional, o que dá a entender um comportamento obsessivo compulsivo. O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é caracterizado por pensamentos ou imagens recorrentes e intrusivas (obsessões) e comportamentos repetitivos ou atos mentais (compulsões). Normalmente essas obsessões são: ter medo de contaminação, ter dúvidas persistentes, ter pensamentos violentos ou sexuais intrusivos. A compulsão relacionada pode ser com a limpeza excessiva e a verificação de comportamento e pensamentos opostos.1 No caso de Melvin ele tem uma obsessão pelo medo da contaminação o que faz com que ele tenha a 1 www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0163725818300184
  • 5. 5 | 12 compulsão de lavar as mãos com água a ferver e tenha dentro do seu armário da casa de banho vários sabonetes organizados que são usados apenas uma vez. Uma das atividades da vida diária de Melvin é almoçar. Ele almoça todos os dias no mesmo restaurante, leva sempre os seus talheres de plástico descartáveis, é atendido sempre pela mesma empregada (a Carol), senta-se sempre na mesma mesa e tudo o que possa interferir com os seus hábitos e as suas rotinas deixam-no extremamente perturbado. É possível observar que lhe faltam competências de desempenho, como quando alguém se senta na sua mesa, nomeadamente a competência de comunicação e interação necessárias para transmitir a sua intenção e necessidade de se sentar naquela mesa em particular. Melvin tem óbvias dificuldades na sua abordagem que normalmente não é apropriada com o seu parceiro social. Não conclui muitas vezes o assunto discutido nem se despede. Também tem dificuldades em posicionar-se a uma distância adequada das pessoas como por exemplo quando anda pelas ruas e passa entre elas e evita o toque. Reparo também que Melvin não faz perguntas que tenham como objetivo manter uma interação social. Tem dificuldades até aqui de manter uma conversa respondendo adequadamente a perguntas e comentários, não demonstra afetos e emoções de uma forma socialmente apropriada tendo claros problemas em demonstrar e expressar as suas emoções. Não usa palavras de agradecimento nem elogios. Quando irritado eleva o seu tom de voz muitas vezes demonstrando intolerância com o outro. Até este momento percebo as suas dificuldades em sentir empatia não exprimindo atitudes de apoio com o seu parceiro social, nem conseguindo evitar e antecipar problemas socialmente inadequados como se perceberá mais tarde.
  • 6. 6 | 12 Entretanto o vizinho de Melvin, Simon, que é artista e costuma retratar pessoas em sua casa, é vítima de uma emboscada pelo sujeito que está a pintar e pelos seus amigos. O que era para ser um assalto acaba por se tornar num espancamento de extrema violência quando este se dá de caras com os intrusos. Neste confronto é possível perceber um discurso homofóbico, que pode indiciar um crime de ódio. Simon sofre assim uma mudança catastrófica na sua vida e precisa de ficar internado no hospital por tempo indefinido enquanto Frank, amigo e agente do Simon, em desespero mostra de forma autoritária a Melvin que este não tem oura opção se não a de ficar com o cão, Verdell. Neste momento é-lhe imposta uma mudança no seu ambiente. Melvin que inicialmente detestava o cão começa a criar laços com ele. Prova disso foi ter mudado de mesa no restaurante para estar mais próximo do Verdell, com medo de que ele fosse roubado. Neste momento observo uma mudança no seu padrão de comportamento através de um processo progressivo onde começa a haver uma alteração nos seus valores. O cão começa a ser importante e significativo na sua vida, algo que Melvin repara depois de lhe ser retirado quando Simon regressa do hospital. Carol tem uma família unida composta pela sua mãe e o seu filho, Spencer. Este tem alguns problemas de saúde, o que a obriga a ir muitas vezes ao hospital, acabando por não ter muito tempo para a sua vida social e que a leva mesmo a ter que se demitir do seu trabalho como empregada de mesa para arranjar outro emprego mais perto de sua casa. Confuso, Melvin sente-se desnorteado quando chega ao restaurante de sempre e ao sentar-se na mesa habitual, a empregada que o costuma servir não comparece. Melvin começa a ficar extremamente exaltado e o dono do restaurante convida-o a sair. Este continua a elevar a voz mas ao ver a
  • 7. 7 | 12 polícia e com medo de uma sanção, acaba por sair, não sem antes arranjar maneira de saber onde ela mora para a ir procurar. Entretanto, Simon começa a perder o controle sobre a sua vida. O Verdell parece quase já nem o reconhecer e parece preferir a companhia do Melvin, que outrora o maltratava. Para além disso está a passar por uma crise financeira devido a despesas do hospital e como consequência disso vai ter de vender a sua casa e o atelier. Está completamente desmotivado e sem volição para voltar a pintar. Neste momento Simon está perdido em relação ao papel social que desempenhava como artista de sucesso e isso traz-lhe consequências para a sua identidade ocupacional - “[…] perdi a vida que tinha”. Sem dinheiro e obrigado a despedir a sua empregada, Simon fica sem ajuda para alguém passear o Verdell e a empregada vê-se obrigada a pedir a Melvin se o podia passear. Há um dia em que Melvin vai lá casa e como sempre consegue ser extremamente desagradável com o Simon. Este, mais debilitado e sensível, tem uma atitude agressiva e vai-se completamente abaixo à frente dele. Perante esta situação, Melvin, revela surpreendentemente alguma empatia por Simon e tenta-o ajudar apesar da tentativa falhada que seria a razão pelo qual o cão o preferira. Um dia, Carol, é apanhada de surpresa quando tem a visita de um médico em sua casa para tratar do Spencer. Entretanto o médico diz-lhe que foi enviado a pedido de Melvin com o intuito de ajudar o filho a ficar bom para que Carol volte a trabalhar e, consequentemente, a voltar a entrar na sua rotina. Carol sente que não pode recusar pois ela pertence a uma classe social económica mais baixa e não tendo meios financeiros para pagar as despesas do filho força-se a aceitar. Contudo, Carol, desconfiada, vai até casa de Melvin para esclarecer a situação e dizer-lhe que não vai dormir com ele em troca do que o Melvin fez pelo seu filho. Apesar da sua
  • 8. 8 | 12 intenção não ser a de dormir com a Carol aquela frase mexeu com ele e deixa-o a pensar e a sentir querer ser desejado. Depois disto, Melvin sente a necessidade de pela primeira vez procurar alguém para um pequeno desabafo e procura o Simon, levando-lhe inclusivamente uma sopa. Assim revela alguma melhoria na sua interação social com o seu vizinho, trabalhando agora uma abordagem de uma maneira socialmente mais apropriada e conseguindo expressar os seus sentimentos ao ponto de no fim da conversa haver pela primeira vez um elogio. Frank e Melvin encontram-se os dois no restaurante onde Carol trabalha e onde Melvin costuma comer. Frank explica que o Simon tem de ir até Baltimore pedir dinheiro aos pais apesar de estes nem o terem visitado no hospital. Existe apenas um se não: Frank não o pode levar e pede a Melvin para o acompanhar. Na tentativa de o convencer, diz-lhe que empresta o seu carro descapotável. Este inicialmente não reage bem e explica o seu problema a Carol que lhe diz que gostava que esses fossem os seus problemas. Melvin muda assim a sua atitude e acaba por concordar em levá-lo desde que a Carol também fosse com eles. Inicia-se assim a viagem. Ao chegar ao hotel, depois de um telefonema com o seu filho, Carol está feliz e quer ir jantar fora. O Simon não quer ir. Sobra o Melvin e vão os dois. Ao entrar no restaurante, Melvin é obrigado a usar um terno e gravata, mas como não ia preparado no restaurante dizem-lhe que têm um para lhe emprestar. O terno que têm é usado e devido ao transtorno obsessivo compulsivo Melvin rejeita-se a usá-lo, por isso vai comprar um para poder jantar com a Carol. Durante o jantar e devido à dificuldade de interação social e de antecipar problemas sociais inadequados, Melvin mete os pés pelas mãos. O que para ele foi um comentário sem maldade, para Carol foi uma ofensa. Esta pede-lhe um elogio rapidamente se não vai-se embora. Melvin começa o seu elogio por um tema que
  • 9. 9 | 12 para ele é tabu. Sobre a sua condição psiquiátrica e em como odeia tomar comprimidos. Mesmo apesar do seu psiquiatra lhe ter dito que em cinquenta por cento dos casos, depois de tomar os comprimidos, existem grandes melhorias, Melvin ainda assim continuou a rejeitá-los. No entanto isso mudou no dia em que a Carol lhe disse que nunca dormiria com ela na sua vida. A partir desse dia Melvin quis ficar melhor. “[…] Fizeste-me querer ser um homem melhor.” Carol que no início não percebeu o elogio, quando o compreendeu, ficou derretida. Vendo Melvin vulnerável, algo muda na maneira como o vê. Carol beija-o. Logo de seguida Melvin volta a não conseguir exprimir-se e volta a magoar os sentimentos de Carol. Esta levanta-se e vai-se embora. De regresso ao hotel, Carol muda-se para o quarto do Simon para não se cruzar com o Melvin. Irritada, Carol vai tomar um banho de imersão para descomprimir. Há falta de uma porta entre a casa de banho e o quarto, Simon consegue assim observá-la de costas e de repente sente uma enorme vontade de a retratar. Pega num lápis e caderno e começa a desenhá-la compulsivamente. Com gesso no braço a impedir certos movimentos, Simon arranca-o e com este gesto parece que também arranca a tristeza que o tem vindo a assombrar. Simon, está com uma nova atitude perante a sua vida. Uma atitude mais positiva, uma consequência da sua adaptação ocupacional. Antes de se irem embora de Baltimore, Simon, liga aos pais. Diz-lhes que já não precisa do dinheiro, que não guarda qualquer tipo de rancor e que a partir de agora o próximo passo na sua relação depende deles. Entretanto Melvin conta a Simon que o seu apartamento foi alugado. O que antes seria uma notícia arrasadora, neste momento não tem importância. Melvin, sem que o Simon saiba, diz para porem as suas coisas num quarto que tem a mais na sua casa. Uma atitude generosa que deixa Simon emocionado. Depois do mau ambiente que ficou entre
  • 10. 10 | 12 Melvin e Carol, esta decide ligar-lhe, mas ficou tudo na mesma. O Melvin fica exaltado e sem saber o que fazer acaba por seguir o conselho do seu amigo Simon. Melvin vai até casa de Carol naquele exato momento apesar de ser madrugada. Ao sair de casa repara que não trancou a porta como costuma fazer e fica admirado. Talvez seja do comprimido ou talvez seja a sua nova vida, ou ambos. A verdade é que na sua nova vida existem outras pessoas com quem se preocupa e que o fazem esquecer do seu transtorno obsessivo compulsivo. Quando chega a casa de Carol, Melvin convida-a ir comer pãezinhos quentes numa pastelaria ali perto. Enquanto caminham até lá Melvin tem dificuldades a andar normalmente no passeio apesar da sua espontaneidade até agora. Carol ao ver que Melvin não consegue andar ao seu lado diz-lhe que esta relação não irá resultar. Melvin esforça-se e consegue pisar o passeio que tanto evita. Este diz-lhe que lhe vai fazer um elogio. Melvin consegue dizer tudo o que vê de especial na Carol. Melvin lembra-se ainda do pormenor de como a Carol trata o filho, Spence. Carol percebe nesse momento que Melvin é uma pessoa sensível e que aceita o seu papel de mãe. Algo que nunca aconteceu nas suas relações anteriores. Melvin beija-a. Abraçados, Melvin e Carol vão a caminhar normalmente até à pastelaria. Melvin segura a porta da pastelaria como um verdadeiro cavalheiro para Carol passar, ignorando assim o seu transtorno. A última imagem que vemos é a de um casal a pedir pãezinhos quentes.
  • 11. 11 | 12 Conclusão Podemos concluir que Melvin é no fim uma pessoa mais saudável. A sua saúde a nível físico, mental e social encontra-se em maior equilíbrio. Muitas das pessoas que apresentam este tipo de doença mental (TOC) são vítimas de discriminação e preconceito. - A pessoa afetada experimenta altos níveis de sofrimento, tem um impacto substancial no funcionamento psicossocial e na maioria das vezes uma diminuição da qualidade de vida.2 Melvin, teve a sorte de encontrar Carol que desempenhou o papel de facilitadora e que ajudou muito Melvin a superar as suas dificuldades. Este trabalhou a sua competência ocupacional e assume agora novos papéis, como de amigo e namorado. Melvin teve assim uma adaptação ocupacional criando uma nova identidade ocupacional como tão bem retrata este filme. 2 www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0163725818300184
  • 12. 12 | 12 Bibliografia American Occupational Therapy Association, Occupational therapy practice framework: Domain and process (3rd ed.), tradução, Universidade de São Paulo, 2014. Brooks, James, Melhor É Impossível, 1997. Keilhofner, Gary, Model Of Human Occupation, Theory And Application, tradução, Ana Cristina Farinha, 2007. Maia, Rui Leandro, Dicionário De Sociologia / [Ed. Lit.] Porto Editora, 2002.