2. 1 – Medidas de Controle Baseadas na Evasão
Essas medidas visam a prevenção da doença
pela fuga do hospedeiro em relação ao patógeno
ou em relação ás condições ambientais mais
favoráveis ao seu desenvolvimento.
Na ausência de variedade resistentes, a evasão é
a primeira opção de controle de doenças de
plantas, seja em grandes ou pequenas áreas.
Principais medidas: escolha da área geográfica,
escolha do local do plantio e modificação de
práticas culturais, etc
3. 1 – Medidas de Controle Baseadas na Evasão
Essas medidas levam em consideração a
ausência ou presença do patógeno, a quantidade
relativa de inóculo e as condições ambientais.
Assim, as medidas descritas afetam os
parâmetros epidemiológicos:
X = X0 .ert
X = quantidade de doença
X0 = inóculo inicial;
r = taxa de infecção;
t = tempo de exposição da planta ao patógeno
4. 1 – Medidas de Controle Baseadas na Evasão
Exemplos:
Mamão: mosaico – plantio no Pará (fugindo de SP,
RJ e ES). Já foi plantado também na Bahia, mas o
vírus já chegou nessa região;
Seringueira = fuga do fungo Microcyclus ulei
Frutíferas = Nordeste do país: videira, manga,
melão – clima não favorece os patógenos
Feijão da seca = fuga do mosaico – atenção para
evitar feijão após soja (favorece desenvolvimento
da Benisia tabaci) – critério para financiamento!!
5. 1 – Medidas de Controle Baseadas na Evasão
Exemplos:
Tomateiro: Não se recomenda plantio nos meses
de outubro a fevereiro na região de Campinas –
vírus do vira-cabeça;
Tomateiro = plantio em épocas de frio, baixadas,
com possibilidade de ocorrência de alta UR =
Requeima
Gomose dos citrus = evitar solos pesados, usar
mudas com enxertia alta;
Tristeza dos citrus = porta-enxerto
6. 2 – Medidas de Controle Baseadas na Exclusão
A prevenção da entrada de um patógeno e seu
estabelecimento em uma área isenta é feita por
meio de quarentena, definida por meio de
legislação específica.
A legislação prevê a proibição, fiscalização e
interceptação do trânsito de plantas ou produtos
vegetais.
É um método cada dia mais difícil de se empregar,
devido ás facilidade de movimento/transporte de
cargas, pessoas, etc.
7. 2 – Medidas de Controle Baseadas na Exclusão
Código Civil: “Ninguém se escusa de cumprir a lei
alegando seu desconhecimento”
Código Penal: “Difundir doença ou praga que
possa causar danos a floresta, plantação ou
animais de utilidade doméstica”.
Pena de reclusão - 2-5 anos
8. 2 – Medidas de Controle Baseadas na Exclusão
No passado se proibiu a importação de plantas
das famílias das Rubiáceas (café) e Rutáceas
(citrus) como método para se evitar a entrada da
ferrugem e do cancro citrus – não surtiram efeitos
Café: Colletotrichum coffeanum que causa a CBD
(coffe berry disease) – ainda mais temível que a
ferrugem e que provoca queda de 80% dos frutos.
9. 2 – Medidas de Controle Baseadas na Exclusão
Fusarium oxysporum f. sp. cubense – raça 4 (Mal
do Panamá – bananeira)
Erwinia amylovora – detectada no hemisfério
Norte, a mais prejudicial das doenças da macieira
até então relatada.
Grande quantidade de hospedeiros: Prunus domestica, Pyrus
communis, Malus domestica, Pyracantha coccinea, Rubus sp., Malus sp., Prunus salicina,
Rubus fruticosus, Pyracantha sp., Cydonia oblonga, Prunus armeniaca, Prunus cerasifera,
Fragaria sp., Crataegus sp., Pyrus sp., Eriobotrya japonica, Malus floribunda, Mespilus
germanica, Pyrus pyrifolia, Mespilus sp., Cotoneaster salicifolius, Crataegus monogyna,
Sorbus aria, Cotoneaster sp., Cotoneaster bullatus, Amelanchier alnifolia, Amelanchier
canadensis, Amelanchier sp., Aronia melanocarpa, Chaenomeles sp., Cotoneaster dammeri,
Cotoneaster horizontalis, Cotoneaster lacteus, Cotoneaster lucidus, Cotoneaster microphyllus,
Cotoneaster moupinensis, Cotoneaster watereri, Crataegus laevigata, Eriobotrya sp., Photinia
davidiana, Pyracantha crenatoserrata, Pyrus amygdaliformis, Pyrus communis var. pyraster,
Pyrus ussuriensis, Rosa canina, Rosa rugosa, Sorbus sp., Spiraea prunifolia.
10. 2 – Medidas de Controle Baseadas na Exclusão
Por que tanto receio de fitopatógenos exóticos?
Não se tem como avaliar sua adaptação
biológica/ecológica diante de tantos novos
possíveis hospedeiros – consequências
desastrosas como ocorreu com a requeima da
batata, míldio da videira, o cancro cítrico no Brasil
e USA, etc
11. 2 – Medidas de Controle Baseadas na Exclusão
A exclusão pode ser aplicada também em âmbito
mais restrito.
Cancro cítrico: propriedade rural é interditada
Sorose, xilose e exocorte = doenças que foram
praticamente extintas depois de implantado o
programa de produção de mudas através de
plantas matrizes sadias da Secretaria de
Agricultura de São Paulo.
Nível federal = diversas barreiras alfandegárias
interestaduais.
Principal programa: batata-sementes
12. 2 – Medidas de Controle Baseadas na Exclusão
Medidas locais de exclusão: são aquelas
adotadas pelo próprio agricultor ao utilizar
sementes certificadas, mudas sadias,
desinfetando as ferramentas, estacas, mourões,
implementos, etc.
Algumas dificuldades: não exige legislação que
proíba troca de materiais entre produtores:
antracnose do feijoeiro, diversos nematóides,
doenças bacterianas das solanáceas...
13. 2 – Medidas de Controle Baseadas na Exclusão
A eficiência das medidas de exclusão está
relacionada com a capacidade de disseminação
do patógeno e com a distância do inóculo até a
área geográfica que se quer livre da doença.
Cancro cítrico: constatado no BR em 1957 e até
hoje é de ocorrência restrita – tipo de patógeno
Ferrugem do cafeeiro: constatado em 1970 na
Bahia e disseminado por todo o país.
Curiosidade: embora a ferrugem tivesse sido
relatada internacionalmente antes do cancro, está
chegou primeiro ao país!!!
14. 2 – Medidas de Controle Baseadas na Exclusão
Em nível epidemiológico as medida de exclusão
refletem-se sobre o parâmetro x0 – redução do
inóculo inicial do patógeno;
As medias de exclusão podem ter caráter
absoluto ou relativo. Relativo em termos de
política governamental (federação/estados) e
absoluto para o agricultor.
15. 3 – Medidas de Controle Baseadas na Erradicação
A erradicação consiste na completa eliminação de
um patógeno de uma região.
Tecnicamente só é possível quando o patógeno
tem restrito espectro de hospedeiros e baixa
capacidade de disseminação;
Economicamente é viável quando a área afetada é
tida como insignificante;
Percebe-se, portanto, que medidas de erradicação
são um complemento do método de exclusão.
Erradica-se o patógeno de uma região para se
evitar sua disseminação para outra.
16. 3 – Medidas de Controle Baseadas na Erradicação
Cancro cítrico: a intervenção da propriedade deve
ser rápida e eficaz. Se houver morosidade, apesar
da baixa capacidade de disseminação do
patógeno, pode tornar inócuas as medidas de
fiscalização de trânsito.
Note que a Erradicação atua em sentido relativo
em termos de política governamental e absoluta
no âmbito do produtor rural.
Programas Conjuntos de Uso de Agrotóxicos =
importante para doenças com alta taxa de
disseminação!!
17. 3 – Medidas de Controle Baseadas na Erradicação
Medidas de Erradicação:
Restrito: eliminação de plantas ou partes doentes,
eliminação de hospedeiros selvagens, eliminação
de restos culturais, rouging de plantas doentes,
desinfestação química e física do solo, tratamen-
to de sementes, rotação de culturas, etc.
O alcance dessas medidas normalmente é muito
limitado porque dificilmente eliminam
completamente o patógeno.
Funcionam na medida que reduzem a quantidade
de inóculo (x0) e quando são acompanhadas de
outras medidas que a complementam.
18. 3 – Medidas de Controle Baseadas na Erradicação
Portanto, as medidas de erradicação somente
atrasam o desenvolvimento de epidemias e
apresentam efeitos mais pronunciados em
patógenos com baixa taxa de disseminação.
Normalmente, doenças fúngicas e a grande
maioria das viroses apresentam alta taxa de
disseminação.
Na prática, funcionam bem para bacterioses e
nematóides.
19. 4 – Medidas de Controle Baseadas na Regulação
Medidas de controle baseadas nesse princípio
permitem a atuação do Homem no controle de
doenças pela alteração dos fatores ambientais
envolvidos.
Aqui consideram-se 2 tipos de doenças:
a) Abióticas: ocasionadas por fatores
ambientais;
b) Ocasionadas por patógenos que interagem
com fatores do ambiente.
20. 4 – Medidas de Controle Baseadas na Regulação
As doenças abióticas são mais fáceis de ser
controladas do que as bióticas/infecciosas.
Ex: coração morto em crucíferas (brócolis, couve-
flor, repolho, etc) pela deficiência de B em solos
com pH alto.
Coração morto em solanáceas (tomate, pimentão,
berinjela, jiló, etc): deficiência de Ca+2.
As necroses provocadas pelas deficiência desses
minerais favorece a penetração de fungos
oportunistas que provocam sérios danos às
plantas e aos demais frutos, ainda que não
estejam com sintomas da doença.
21. 4 – Medidas de Controle Baseadas na Regulação
A eficácia das medidas de regulação no controle
de doenças infecciosas depende do grau de
influência de um determinado fator ambiente no
desencadeamento do processo epidemiológico e
no grau de controle desse fator.
Por exemplo, não se pode pensar em alterar a
temperatura e umidade em uma área significativa
da lavoura, mesmo que essas condições desem-
penham fator preponderante no desenvolvimento
de uma doença.
22. 4 – Medidas de Controle Baseadas na Regulação
Por outro lado, como no caso de sementes, o
armazenamento em condições controladas
(desumidificação) já é viável e bastante utilizada.
Outro exemplo é a frigorificação de frutos e
verduras é outra práticas empregada com
sucesso em vários setores da cadeia de hortifruti.
Doenças muito dependentes da umidade do solo,
como dumping off, podem ser diminuídas pela
redução da água de irrigação.
Já a podridão cinzenta do feijoeiro pode ser
altamente favorecida se a umidade do solo for
elevada por um período de 5-7 dias.
23. 4 – Medidas de Controle Baseadas na Regulação
Murcha de Fusarium: favorecida pela
deficiência de Cálcio, excesso de P e N-
amoniacal;
Sarna da batatinha (Streptomyces scabies):
favorecida por pH elevado;
Hérnia das crucíferas (Plasmodiophora
brassicae): favorecida por pH baixo;
Podridão mole do tomateiro (Erwinia
carotovora sp. carotovora): excesso de N e
falta de Ca+2
24. 5 – Medidas de Controle Baseadas na Proteção
A proteção é a prevenção do contato direto do
patógeno com o hospedeiro.
Normalmente é conseguida com o empregado de
fungicidas/bactericidas (visando diretamente os
patógenos) ou inseticidas (visando os vetores).
É o método que possui o maior arsenal
tecnológico a seu favor.
Em muitas culturas é uma medida indispensável
para garantir a produção, apesar de apresentar
baixa eficácia, além de ser um importante
componente do custo de produção.
25. 5 – Medidas de Controle Baseadas na Proteção
A eficiência da proteção depende das caracterís-
ticas do produto e das estratégias de aplicação.
Ideal é o produto apresentar elevada toxidez
apenas ao patógeno, certa estabilidade química e
física, sem oferecer grandes riscos ao à planta e a
outros seres vivos, com possibilidade de
provocar desequilíbrio ecológico.
O efeito epidemiológico envolvido é o na redução
da taxa de desenvolvimento do patógeno (r).
26. 6 – Medidas de Controle Baseadas na Imunização
É a resistência oferecida ao patógeno pela planta
hospedeira, quando vencidas as barreiras prote-
toras de controle previamente empregadas.
As plantas podem oferecer resistência aos
patógenos antes da penetração (aderência), na
penetração, nas fazes subsequentes da doença,
na extensão dos tecidos afetados e na produção
do inóculo.
Mesmo quando a resistência natural é baixa pode
ocorrer de os danos na cultura serem pouco
expressivos – condições ambientais, caracterís-
ticas da cultura, etc
27. 6 – Medidas de Controle Baseadas na Imunização
Imunização Genética: resultado de variedades
imunes, resistentes ou tolerantes. Esse método é
o ideal, pois não onera diretamente o custo de
produção e pode até dispensar outras medidas de
controle. Porém, muitas vezes implica em
redução na produtividade ou características
comerciais do produto.
A Imunização também pode ser:
a) Imunização química: fungicida sistêmico
b) Imunização biológica: pré-imunização de limão
galego com estirpes fracas do vírus das
tristeza do citrus.
28. 6 – Medidas de Controle Baseadas na Imunização
O efeito epidemiológico das medidas de
imunização é sobre a redução do inóculo inicial
(x0) e da taxa de desenvolvimento do doença (r).
Obs: Se houver resistência vertical ou fungicida
altamente específico – efeito é somente sobre x0;
No caso de variedade tolerantes, dependendo da
pressão do patógeno, o efeito pode ser sobre os 2
fatores ou sobre nenhum!!!
29. 7 – Medidas de Controle Baseadas na Terapia
Uma vez a planta já doente a última estratégia que
se pode empregar é a terapia ou cura, isto é, a
recuperação da sua saúde mediante a eliminação
do patógeno infectante, propiciando condições
favoráveis para a reação do hospedeiro.
Ainda é de aplicação muito restrita na
fitopatologia, por suas limitações técnicas-econô-
micas. Aqui ainda vale a máxima “Melhor prevenir
do que remediar”.
Ex: Uso de fungicidas, tratamento térmico de
toletes de cana-de-açúcar, eliminação de ramos
afetados (rubelose dos citros); etc
30. Controle e/ou Manejo Integrado de Doenças
A integração dos métodos de controle é premissa
básica dos princípio de Whetzel. Esses princípios
pressupõem interromper ou desacelerar o ciclo
das relações patógeno-hospedeiro, interferindo
no triângulo das doenças.
Logo, o pensamento de se trabalhar de forma
integrada o controle de doenças vem desde os
primórdios da Fitopatologia.
31. Controle e/ou Manejo Integrado de Doenças
“Fungicidas, melhoramento de variedades resis-
tentes e controle do ambiente não devem ser
vistos como métodos de controle divergentes e
excludentes” (Vanderplank, 1968).
O termo controle ou manejo integrado de doenças
em nada lembra a filosofia daquele empregada em
Entomologia.
32. Controle e/ou Manejo Integrado de Doenças
Todavia, temos que tomar cuidado com os termos
para não sugerir ao agricultor a sensação de que
tanto manejo como controle podem significar
falhas no sistema de controle da doença, quando
esta volta ao nível de dano.
Vale ressaltar ainda que a palavra controle nos
remete a uma ação mais direcionada ao patógeno,
enquanto manejo tem carater mais amplo,
envolvendo também a planta (cultura) e o
ambiente.