O documento discute a literatura do século XIX no Brasil e na Europa, desde o Romantismo até o Simbolismo. Apresenta o contexto socioeconômico do Romantismo e sua temática, incluindo a idealização da natureza e da morte como forma de evasão. Também aborda o Realismo/Naturalismo e seu enfoque na realidade social da época.
22. A vinda da família real ao Brasil que é de fundamental importância para impor ao país um modelo cultural e social europeu.
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24. Se de um lado, ele acredita nos valores existenciais e espirituais, advindos da ideologia da Revolução francesa; de outro, ele está inserido numa sociedade de base materialista que crer e valoriza aspectos capitalistas como fundamentais para o desenvolvimento social.
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26. A arte romântica então é revolucionária, reformista, engajada, voltada para divulgar os valores humanos autênticos e universais, como liberdade, fraternidade e igualdade.
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28. O culto do herói é outro tema fundamental no Romantismo, em que se valorizam aspectos do homem medieval, na Europa, e homem natural, no Brasil.
29. “O bom selvagem” é o modelo cultuado pelo artista romântico que resgata, dessa maneira, o mesmo ideal do Arcadismo, na formulação pregada por Jean Jacques Rosseau.
30. Assim, o grande heroi da Literatura europeia será um personagem com características semelhantes ao Cavaleiro medieval, enquanto que na Literatura brasileira, o heroi será o Índio, em seu estado selvagem, por ser puro, ingênuo e nobre.
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32. A primeira consequência é o desejo de reformar a sociedade, surgindo então uma literatura revolucionária para refletir ideias que contrastem com a realidade concreta.
33. Mas os desejos do artista romântico e dos personagens surgem individualmente e por ser tão puros e perfeitos tornam-se irrealizáveis.
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35. O Sonho, a imaginação, a fantasia, o delírio, tornam-se assim o veículo através do qual o romântico veicula o desejo de uma vida e de uma sociedade melhor e diferente da realidade.
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37. Com a morte o romântico vai encontrar a paz, a harmonia e a felicidade tão procuradas na vida real que se revela opressora e castradora de seus anseios em busca da realização individual.
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39. O Romantismo encara a Natureza não só como espaço bucólico, harmônico, mas também como elemento que pode interagir espiritualmente como o homem e restituir a ele a paz que necessita.
40. A natureza, no Romantismo, é personificada e reflete o estado de alma do artista e dos personagens.
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42. Daí a ênfase no amor platônico, no sentimento puro, espiritual, capaz enobrecer as ações humanas, e a busca de uma integração total com a natureza primitiva e bucólica.
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44. Na maioria das vezes, a ênfase temática nessas formas não convencionais é muito mais um estado de espírito do que uma atitude real.
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46. Mas aos poucos vai adquirindo alguns temas típicos e originais que dão uma certa ideia de independência cultural e artística em relação ao Movimento europeu.
47. O indianismo, o nacionalismo nativista e ufanista e o condoreirismo foram temas adaptados à realidade brasileira e que deram ao nosso Romantismo um estilo mais original.
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49. A idealização ocorre pela incidência de metáforas grandiosas, intensa adjetivação, hipérboles e personificações principalmente de elementos naturais.
50. A subjetividade se dá pelo uso constante de verbos e pronomes em primeira pessoa, por um vocabulário intensamente abstrato e revelador do estado de alma dos personagens.
51. De uma forma geral, a linguagem romântica já apresenta uma tendência a uma ruptura em relação à linguagem clássica, principalmente, pela presença de elementos da oralidade e do coloquialismo.
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53. Se eu morresse amanhã, viria ao menos Fechar meus olhos minha triste irmã; Minha mãe de saudades morreria Se eu morresse amanhã! ( ... ) Que sol! Que céu azul! Que doce n’alva Acorda a natureza mais louçã! Não me batera tanto amor no peito Se eu morresse amanhã! Mas essa dor da vida que devora A ânsia de glória, o dolorido afã... A dor no peito emudecera ao menos Se eu morresse amanhã! ( ... ) Eu deixo a vida como deixa o tédio Do deserto, o poento caminheiro Como as horas de um longo pesadelo Que se desfaz ao dobre de um sineiro; Sombras do vale, noites da montanha, Que minh' alma cantou e amava tanto, Protegei o meu corpo abandonado, E no silêncio derramai-lhe canto! Mas quando preludia ave d' aurora E quando à meia-noite o céu repousa, Arvoredos do bosque, abri os ramos... Deixai a lua prantear a lousa!" ( Álvares de Azevedo )
54. Pálida, à luz da lâmpada sombria, Sobre o leito de flores reclinada, Como a lua por noite embalsamada, Entre as nuvens do amor ela dormia! Era a virgem do mar! Na escuma fria Pela maré das águas embalada! Era um anjo entre nuvens d’alvorada! Que em sonhos se banhava e se esquecia! Era mais bela! O seio palpitando... Negros olhos as pálpebras abrindo... Formas nuas no peito resvalando... Não te rias de mim, meu anjo lindo! Por ti – as noites eu velei chorando, Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo! ( Álvares de Azevedo )
55. “Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. ( ... ) José de Alencar em Iracema.
56. “Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões.Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade.Era rica e formosa.Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro; dois esplendores que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante.Quem não se recorda da Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da Corte como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira o seu -fulgor?Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia. ( ... )” José de Alencar em senhora
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58. O Naturalismo também se desenvolve na mesma época e se constitui estética e estilística numa reação ao Romantismo, enquanto que em seu enfoque temático aprofunda o Realismo na abordagem da realidade.
59. No Brasil, foram dois movimentos que se desenvolveram concomitantemente e do ponto de vista literário ocorreram principalmente na prosa, pois na poesia o Parnasianismo foi a expressão realista.
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61. A consolidação do Capitalismo como sistema político e econômico, o que vai reforçar a competitividade entre as classes sociais.
62. A consolidação da Burguesia como classe dominante, e a consequente aparição do proletariado, como classe dominada.
63. A segunda Revolução Industrial que reforçará a estratificação social, dividindo a sociedade em duas classes distintas: burguesia X proletariado.
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65. O Positivismo de Augusto Conte dá as bases para a abordagem racional dos problemas sociais e humanos, inaugurando uma concepção científica da realidade.
66. O Evolucionismo de Charles Darwin muda a concepção da origem e do desenvolvimento do homem, com base nas ciências naturais.
67. O Determinismo de Taine revela que o homem e a sociedade são determinados pelos fatores meio, raça, instinto, hereditariedade e momento histórico.
68. Karl Marx elabora a teoria da luta de classe em que explica a evolução social por meio de um conflito permanente entre Burguesia e proletariado.
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70. Os temas são abordados pelos aspectos mais sórdidos do homem e da sociedade, numa atitude típica de crítica social e de amostragem de seu avesso.
71. O adultério, a traição, a infidelidade amorosa e afetiva estão no centro da abordagem realista com nítida intenção de desmistificar o amor romântico, idealizado e platônico.
72. Ao enfatizarem aspectos como hipocrisia, dissimulação, egoísmo, inautenticidade, avareza, os realistas revelam-se, céticos, pessimistas e, em algumas vezes, niilistas.
73. Os temas realistas negam constantemente a dimensão espiritual, as relações idealizadas, revelando a propensão do ser humano em ser mau caráter, e nestes termos fazem uma crítica da sociedade burguesa.
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75. Para o escritor naturalismo é fundamental explicar que o homem é produto do meio, da raça, do instinto, da hereditariedade e do momento histórico.
76. Assim, enquanto o realista explica o homem e a sociedade a partir de uma fundamentação psicológica e sociológica, o naturalista explica através de uma fundamentação científica baseada na Biologia, na Química e Sociologia.
77. O principal tema do Naturalismo é provar que o homem é determinado pelo meio e pelos instintos, derivando dessa concepção os demais determinismos.
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80. O vocabulário guarda estreita relação com os aspectos narrados por uma questão de verossimilhança.
81. No Realismo, a linguagem tende a ser introspectiva, já que o escritor enfatiza o interior dos personagens, seus pensamentos, suas reações, através do discurso indireto e do monólogo.
82. No Naturalismo, a linguagem aproxima-se mais da realidade cotidiana, enfatizando–se o uso de termos vulgares e comparativos entre o homem e o animal.
83. Também no Naturalismo ocorre frequentemente o uso de palavras eróticas e de cunho científico que contribuirão para o escritor sistematizar a sua tese sobre os comportamentos humanos e sociais.
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85. Os personagens saem, no Realismo, em sua maioria, das classes burguesas, por ser elas que dão o padrão sociocultural e, também, pela intenção do escritor em desmistificar a visão romântica do herói burguês.
86. No Naturalismo, o escritor normalmente constrói personagens patológicos e marginalizados, tais como, lésbicas, homossexuais, ninfomaníacas, loucos, bêbados, maníacos, criminosos, avarentos e adúlteros.
87. De uma forma geral, o escritor naturalista enfatiza personagens sem refinamento cultural e social , mas quando eles aparecem na narrativa, destacam-se os aspectos negativos.
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89. DOM CASMURRO “Não culpo ao homem; para ele, a coisa mais importante do momento era o filho. Mas também não me culpem a mim; para mim, a coisa mais importante era Capitu. O mal foi que os dois casos se conjugassem na mesma tarde, e que a morte de um viesse meter o nariz na vida do outro. Eis o mal todo. Se eu passasse antes ou depois, ou se o Manduca esperasse algumas horas para morrer, nenhuma nota aborrecida viria interromper as melodias de minha alma. Por que morrer exatamente há meia hora? Toda tarde é apropriada ao óbito; morre-se muito bem às seis ou sete horas da tarde.“ Machado de Assis
90. MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS “Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse: eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica: vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem... E caem! - Folhas misérrimas do meu cipreste, heis de cair, como quaisquer outras belas vistosas; e, se eu tivesse olhos, dar-vos-ia uma lágrima de saudade. Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para ir, também não deixa olhos para chorar... Heisde cair. “ Machado de Assis
91. O CORTIÇO “Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo. […]. O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.” Aluísio Azevedo
94. Na Europa, tivemos uma poesia de caráter realista e parnasiano, principalmente, em Portugal e França.
95. O contexto histórico do Parnasianismo é o mesmo que forneceu ideologicamente as bases para o Realismo e Naturalismo.
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97. Enquanto o Realismo mergulhava fundo nas reflexões sociais e humanas, o Parnasianismo afastou-se da realidade.
98. Os parnasianos cultivaram uma arte sem ideologia social e política, centrando suas preocupações básicas na estética, e, por isso, foram chamados de “poetas da torre de marfim”.
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100. A postura racional será responsável pela busca obstinada dos parnasianos em encontrar a objetividade absoluta.
108. A uma sintaxe lusitana, de exceção, em que se destacam a coesão e o hipérbato.
109. A uma estrutura dissertativa, com prevalência de versos encadeados sintática e semanticamente, através de “enjambemant”.
110. A uma postura objetiva, através de um “EU” poético reflexivo e descritivista.
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112. Esta postura faz parte da obsessão parnasiana em busca da “beleza e da perfeição” e, por isso, vão cultuar uma poesia fria, impassível e objetiva:
113. Objetos artísticos, utilitários e decorativos, em que a descrição e a reflexão se fixarão na beleza estética da forma, numa verdadeira poética de objetos é um dos temas mais cultuados.
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115. A história, a cultura e a geografia da antiguidade também se tornam uma abordagem frequente da poesia parnasiana.
116. A metalinguagem reforça a obsessão do poeta parnasiano pela perfeição da forma que, consequentemente, se volta para o “fazer poético”.
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118. Quarenta anos depois de seu surgimento no Brasil, o Parnasianismo se tornou o principal alvo dos integrantes do movimento modernista por acharem que os poetas faziam uma arte desvinculada realidade nacional.
119. Mas, apesar de cultuarem as propostas básicas do Parnasianismo francês, os poetas brasileiros fizeram uma poesia de nítida influência romântica, principalmente, quanto aos temas abordados.
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121. ANOITECER Esbraseia o Ocidente na agonia O sol... Aves em bandos destacados, Por céus de oiro e de púrpura raiados, Fogem...Fecha-se a pálpebra do dia... Delineiam-se, além da serrania Os vértices de chama aureolados, E em tudo, em torno, esbatem derramados Uns tons suaves de melancolia.. Um mundo de vapores no ar flutua... Como uma informe nódoa, avulta e cresce A sombra à proporção que a luz recua... A natureza apática esmaece... Pouco a pouco, entre as árvores, a lua Surge trêmula, trêmula... Anoitece. Raimundo Correia
122. MAL SECRETO Se a cólera que espuma, a dor que mora N’alma, e destrói cada ilusão que nasce, Tudo o que punge, tudo o que devora O coração, no rosto se estampasse; Se se pudesse, o espírito que chora, Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse! Quanta gente que ri, talvez, consigo Guarda um atroz, recôndito inimigo, Como invisível chaga cancerosa! Quanta gente que ri, talvez existe, Cuja ventura única consiste Em parecer aos outros venturosa! Raimundo Correia
123. A ESTÁTUA Às mãos o escopro, olhando o mármor: “Quero O estatuário disse – uma por uma As perfeições que têm as formas de Hero Talhar em pedra que o ideal resuma.” E rasga o Paros. Graça toda a esmero, A fronte se arredonda em nívea espuma; Eis ressalta o nariz de talho austero, Alça-se o colo, o seio se avoluma; Alargam-se as espáduas; veia a veia Mostram-se os braços... Cede a pedra ainda A um golpe, e o ventre nítido se arqueia; A curva, enfim, das pernas se acentua... E ei-la, acabada, a estátua heroica e linda, Cópia divina da beleza nua. Alberto Oliveira
126. Ao contrário dos estilos literários contemporâneos, o Simbolismo nega o materialismo, o cientificismo e o racionalismo burguês, na poesia.
127. Do ponto de vista ideológico, o Simbolismo também, nega o racionalismo e o materialismo burguês, por conseguinte, é uma estética antiburguesa.
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129. A expressão do romântico ocorre em níveis, na maior parte das vezes, da consciência, portanto, numa linguagem mais compreensível.
130. O EU ou a personagem romântica revela-se saudosista, entediado, solitário, triste e, às vezes mórbido, o que o leva ao desejo de morrer.
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132. Assim, a linguagem simbolista se situa num nível irracional, sem lógica, o que resulta numa expressão ininteligível, inefável.
133. O sonho, o misticismo, o delírio, a loucura e a música sãos os principais níveis de expressão do Eu simbolista em sua recusa ao mundo material e racional.
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135. Enquanto os parnasianos eliminam quase que totalmente a expressão do Eu, em busca da objetividade absoluta, o Simbolismo manifesta-se ao contrário, ou seja, o EU passa a ser o centro da expressão.
136. Do ponto de vista formal, contudo, a poesia parnasiana mantém a preferência pela simetria, pelo soneto, pelas rimas clássicas e pelo decassílabo e, em alguns momentos, mantém a estrutura dissertativa do soneto.
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141. TEORIA DAS CORRESPONDÊNCIAS Os simbolistas propõem um processo cósmico de aproximação entre as realidades físicas e as metafísicas, entre os seres, as cores, os perfumes e o pensamento ou a emoção, que se expressa através da Sinestesia, um tipo de metáfora, que consiste na transferência (ou "cruzamento") de percepção de um sentido para outro, ou seja, a fusão, num só ato de percepção, de dois sentidos ou mais. Essas correspondências entre os campos sensorial e espiritual envolvem obrigatoriamente a sinestesia.
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143. Presença abundante de metáforas, comparações, aliterações, assonâncias, paronomásias, sinestesias;
148. Interesse pelo noturno, pelo mistério e pela morte, assim como momentos de transição como o amanhecer e o crepúsculo;
149. Interesse pela exploração das zonas desconhecidas da mente humana (o inconsciente e o subconsciente) e pela loucura. Observação: Na concepção Simbolista o louco era um ser completamente livre por não obedecer às regras. Teoricamente o poeta simbolista é o ser feliz.
150. O SIMBOLISMO NO BRASIL Cronologicamente, o Simbolismo durou no Brasil de 1893 a 1902. Depois da Semana de Arte Moderna (1922), alguns poetas, Cecília Meireles entre eles, passaram a praticar um simbolismo tardio, também conhecido como Neossimbolismo. As primeiras obras do Simbolismo brasileiro foram: a) Missal (prosa poética, 1893), de Cruz e Sousa. b) Broqueis (poesias, 1893), de Cruz e Sousa. A primeira manifestação simbolista brasileira deu-se no Rio de Janeiro, quando um grupo de jovens, insatisfeitos com a objetividade e com o materialismo apregoados pelo Realismo-Naturalismo-Parnasianismo, começou a divulgar as ideias estético-literárias vindas da França, ficando conhecidos como decadentistas.
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152. Poesia místico-religiosa – Linha adotada por Alphonsus de Guimarães. Preocupava-se com os temas religiosos, afastando-se da linha esotérica adotada na Europa.
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154. SIDERAÇÕES Para as Estrelas de cristais gelados As ânsias e os desejos vão subindo, Galgando azuis e siderais noivados De nuvens brancas a amplidão vestindo... Num cortejo de cânticos alados Os arcanjos, as cítaras ferindo, Passam, das vestes nos troféus prateados, As asas de ouro finamente abrindo... Dos etéreos turíbulos de neve Claro incenso aromal, límpido e leve, Ondas nevoentas de Visões levanta... E as ânsias e os desejos infinitos Vão com os arcanjos formulando ritos Da Eternidade que nos Astros canta... Cruz e Souza
155. CAVADOR DO INFINITOCom a lâmpada do Sonho desce aflito E sobe aos mundos mais imponderáveis, Vai abafando as queixas implacáveis, Da alma o profundo e soluçado grito. Ânsias, Desejos, tudo a fogo, escrito Sente, em redor, nos astros inefáveis. Cava nas fundas eras insondáveis O cavador do trágico Infinito. E quanto mais pelo Infinito cava mais o Infinito se transforma em lava E o cavador se perde nas distâncias... Alto levanta a lâmpada do Sonho. E como seu vulto pálido e tristonho Cava os abismos das eternas ânsias! Cruz e Souza
156. SONETO XHirta e branca... Repousa a sua áurea cabeça Numa almofada de cetim bordada em lírios. Ei-la morta afinal como quem adormeçaAqui para sofrer Além novos martírios.De mãos postas, num sonho ausente, a sombra espessaDo seu corpo escurece a luz dos quatro círios:Ela faz-me pensar numa ancestral CondessaDa Idade Média, morta em sagrados delírios.Os poentes sepulcrais do extremo desengano Vão enchendo de luto as paredes vazias, E velam para sempre o seu olhar humano.Expira, ao longe, o vento, e o luar, longinquamente, Alveja, embalsamando as brancas agoniasNa sonolenta paz desta Câmara-ardente... Alphonsus de Guimaraens
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158. O índio, a natureza, a pátria, a cultura e os costumes regionais serão os grandes elementos de afirmação nacional do Romantismo.
159. A idealização e o ufanismo serão, entretanto as duas posturas estéticas do Romantismo perante a realidade brasileira, social e humana.
160. O Realismo brasileira apresenta as características básicas da estética, entretanto, Machado de Assis vai extrapolar a objetividade e o racionalismo do movimento, criando posturas temáticas e estilísticas que serão precursoras do Modernismo.
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162. Movimento essencialmente poético, o Parnasianismo voltar-se-á quase que exclusivamente para criação de uma poética alienada da realidade social ao enfatizar o plano estético da poesia.
163. Os parnasianos, contudo, retomarão alguns temas do Romantismo como a idealização e o nacionalismo ufanista em que se destaca Olavo Bilac, que vai se tornar o principal alvo dos modernistas.
164. O Simbolismo, embora seja uma grande estética poética, passará, no Brasil, sem grande repercussão, mas seus adeptos farão uma poesia de grande alcance humano, numa perspectiva filosófica e espiritual.