O documento discute os impactos da mineração em duas cidades na Argentina, Andalgalá e Famatina. Moradores relatam aumento de doenças e contaminação da água devido às mineradoras. Eles preferem atividades como agricultura e turismo em vez de depender da mineração. O texto também critica a visão da natureza como capital nas organizações e a expansão do extrativismo na América Latina.
2. BÖHM, Steffen; MISOCZKY, Maria Ceci. Environment, extractivism and the
delusions of nature as capital. In: MIR, Raza; WILLMOT, Hugh; GREENWOOD,
Michelle. (Orgs.). The Routledge Companion to Philosophy in Organization
Studies. Londres: Routledge, 2015.
MISOCZKY, Maria Ceci; BOHM, Steffen. Resistindo ao desenvolvimento
neocolonial: a luta do povo de Andalgalá contra projetos megamineiros. Cad.
EBAPE.BR, Rio de Janeiro , v. 11, n. 2, p. 311-339, June 2013 .
REFERÊNCIAS
3. ANDAGALÁ
População convive com mineradoras
multinacionais há mais de 20 anos
Devido a contaminação causada pelas
mineração a água da região foi
considerada uma ameaça para a saúde
humana e animal
FAMATINA
As pessoas tem resistido a chegada de
minedoras canadenses e chinesas
INTRODUÇÃO
Andalgalá e Famatina são cidades localizadas ao Norte da Argentina
4. O DISCURSO POLÍTICO
Emprego e crescimento econômico
O QUE NÃO É DITO
Ameaças ao sustento das comunidades
através da contaminação da água, do ar e
dos impactos sociais, econômicos e
culturais relacionados à “síndrome do
progresso”
INTRODUÇÃO
5. POR QUE A MINERAÇÃO É IMPORTANTE?
CRESCIMENTO DAS INDÚSTRIAS
CRESCIMENTO DAS CIDADES
DESENVOLVIMENTO DE FONTES ALTERNATIVAS
DE ENERGIA, CUJO POTENCIAL POLUIDOR AINDA
NÃO FOI MENSURADO
6. CORREÇÃO DOS DÉFICITS
HABITACIONAIS UTILIZANDO
PADRÕES CONSTRUTIVOS
TRADICIONAIS
POR QUE A MINERAÇÃO É IMPORTANTE?
http://www.rudnickminerios.com.br/cartilha.pdf
7. EXPLOSÃO DO CONSUMO DE PRODUTOS
DE TECNOLOGIA
INDUSTRIA BÉLICA
POR QUE A MINERAÇÃO É IMPORTANTE?
8. "De repente, íamos nos tornar Hollywood. Então, percebemos que essa é a grande mentira que as
mineradoras contam em todo lugar. Em vez disso, a mineração é um símbolo da pilhagem de
recursos, ela gera desemprego e é incompatível com qualquer outro tipo de produção econômica,
além de sinônimo de corrupção.“
"Eles haviam sido alertados por alguns médicos sobre o aumento dos casos de doenças nos
hospitais desde que a mineração entrou em operação. Simultaneamente, quando essa informação
chegou às pessoas, a empresa estava indo às escolas para convencer os professores de que a
mineração ia trazer riqueza e progresso".
"A geleira libera água lentamente. O ciclo da água é o ciclo da vida e eles vêm para tomar a água do
nosso ciclo de vida. No início, ficamos felizes ao descobrir que tínhamos ouro. Agora, entendemos
que o ouro não é nosso. Devemos voltar às nossas origens, a plantar oliveiras e videiras para a
produção de azeite e vinho, a plantar hortaliças em áreas comunitárias como aquelas que você pode
ver por aí. Precisamos proteger nossa fonte de água para voltar às nossas origens".
PARA QUEM A MINERAÇÃO É IMPORTANTE?
Depoimento de moradores e ativistas na cidade de Andalgalá, Argentina
9. Os Andes, o Artico, a tundra canadense são as novas fronteiras da exploração por minérios
O avanço da mineração encontra ecossistemas frágeis e comunidades que estão inteiramente
conectadas ao espaço em que habitam (ecoculturas) e dele retiram seu sustento
AS FRONTEIRAS DA MINERAÇÃO
As contradições ambientais no contexto do capitalismo econômico são ignoradas em muitos
Estudos Organizacionais
10. Mainstream: corrente principal
Existe uma influencia recíproca entre o ambiente institucional e a ação organizacional, ou seja, o
que as empresas fazem é legitimado pelas leis, a cultura, o clima empresarial, o sistemas de
educação etc.
Nos Estudos Organizacionais o mainstream considera o meio ambiente como uma variável a ser
gerida em função do lucro e das estratégias de negócio
AMBIENTE DE NEGÓCIOS: NATUREZA COMO CAPITAL
11. Shrivastava (1994):
Problematiza o antropocentrismo e propõe que a visão dos Estudos
Organizacionais em relação a natureza se fundamente em valores da
eco-biosfera e considere os sistemas de auto-regulação que mantém e
equilibram todos os sistemas vivos.
Coloca que as externalidades dos sistemas produtivos, são, na verdade,
sistemas de destruição.
AMBIENTE DE NEGÓCIOS: NATUREZA COMO CAPITAL
12. Movimentos da década de 1960 e 1970 colocavam em questão o sistema capitalista e o mantra do
crescimento econômico.
Relatório Brutland 87 e Rio 92 colocaram a questão ambiental na pauta de discussão de governos e
empresas em nível mundial e propunham que o desenvolvimento sustentável poderia ocorrer em
conjunto com o sistema capitalista.
A legislação ambiental e a ideologia desse possível equilíbrio impulsionaram as organizações, uma
vez que mecanismos de gestão ambiental poderiam ser instrumentos de desenvolvimento
sustentável e assim, as organizações poderiam se auto-regulamentar mediante colaboração da
sociedade civil, estratégias de marketing e mecanismos de cooperação e competição.
Gestão de stakeholders, ética nos negócios, cidadania corporativa, responsabilidade social corporativa
(CSR), marketing verde são alguns termos que se tornaram popular no mundo dos negócios nos
últimos 20 anos
GESTÃO AMBIENTAL E AMBIENTALISMO CORPORATIVO
13. John Elkington (1998): triple bottom line:
people, planet, profit
Economia não é um sistema em oposição
ao meio ambiente
Considerando que a natureza já nos
oferece muitos “serviços”, é nosso dever
reconhece-los e protege-los
“O dinheiro realmente cresce em árvores”
CAPITAL NATURAL
14. Constanza et all (2014) calculou o quanto a natureza oferece a nós e aos nossos sistemas
econômicos, o valor chega a $ 125 trilhões por ano
Apesar de não ser a intenção das autoras, os cálculos estão sendo utilizados para “commodificar” e
privatizar a natureza. Na ideologia neoliberal dominante e na estratégia de acumulação, a isso se
chama “capital natural”
A valoração da natureza como capital tem dado origem ao greenwash: um artíficio, cinismo, disfarce
estrategicamente utilizado para dar aparência de legimitidade a métodos insustentáveis.
O discurso baseado no triple bottom line de muitas empresas esconde as verdadeiras práticas que:
ampliam o ganho dos acionistas, fragmentam os territórios, eliminam as chances de diversificação
do setor produtivo e causam danos irreversíveis aos ecossistemas e às populações locais
CAPITAL NATURAL
15. América Latina tem uma longa história de extrativismo. As últimas décadas, contudo, a rápida
expansão da mineração, da exploração de petróleo e gás e as monoculturas reafirmam o
posicionamento subordinado na Divisão Internacional do Trabalho
Prevalece assim teoria das vantagens comparativas
Percebe-se um processo de desindustrialização
Os governos na América Latina tem sido inábeis para prevenir desastres ecológicos, deslocamentos
de populações vitimizadas pelas questões ambientais. Movimentos sociais tem emergido na região
demandando a proteção dos comuns, dos direitos da natureza e o valor da vida.
Contudo, a oposição organizada aos extrativismo tem sido desligitimada e criminalizada
POST-SCRIPT
16. A luta de pessoas que se posicionam contra o extrativismo permanece,
como em Famatina.
Eles lutam por um futuro que não seja definido pela acumulação de capital,
mas pela vida definida pela harmonia entre as pessoas e a natureza.
POST-SCRIPT