Revista produzida para Trabalho de Conclusão de Curso, com foco na temática ambiental e sustentável da região amazônica. Tem como objetivo contribuir com a disseminação de informações confiáveis e estudos científicos visando a educação ambiental da população da região metropolitana do Amazonas e gerar novos hábitos sustentáveis.
1. MAWÉ
REVISTA
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SUSTENTÁVEL X
SUSTENTÁVEL X
SUSTENTÁVEL X
MODA
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MODA
CONSCIENTE
CONSCIENTE
CONSCIENTE
O IMPACTO
AMBIENTAL
DOS BRECHÓS
NO MERCADO
DA MODA
ENTENDA O QUE
ROLOU COM A PL E
COMO O USO DE
MATERIAIS
PLÁSTICOS PODE
AFETAR O MEIO
AMBIENTE E A
SAÚDE
LIXO
LIXO
LIXO
DOMÉSTICO:
DOMÉSTICO:
DOMÉSTICO:
LEI DAS
LEI DAS
LEI DAS
SACOLAS E O
SACOLAS E O
SACOLAS E O
IMPACTO DO
IMPACTO DO
IMPACTO DO
LIXO PLÁSTICO
LIXO PLÁSTICO
LIXO PLÁSTICO
COP26:
COP26:
COP26:
PARTICIPAÇÃODO
AMAZONAS,DESMATAMENTO
EODESTAQUEAOSPOVOS
INDÍGENAS
COMO DESCARTAR
DE FORMA CORRETA?
A NOVA
A NOVA
A NOVA
GERAÇÃO DE
GERAÇÃO DE
GERAÇÃO DE
JOVENS
JOVENS
JOVENS
ATIVISTAS
ATIVISTAS
ATIVISTAS
QUEM SÃO?
ONDE VIVEM?
UMA REVISTA DE ESTILO PARA UMA VIDA SUSTENTÁVEL
ECONOMIA
ECONOMIA
ECONOMIA
CIRCULAR:
CIRCULAR:
CIRCULAR:
MODELO
INOVADOR DE
PRODUÇÃO
E CONSUMO QUE
VISA A
SUSTENTABILIDADE
3. MAWÉ
REVISTA
Revista Mawé Edição Especial
Novembro de 2021
Manaus - Amazonas
Imagem da Capa
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vetores-gratis/verde">Verde foto
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Editora-Chefe
Priscila Vasconcelos
Repórteres
Amanda Brasil
Feifiane Ramos
Priscila Vasconcelos
Projeto Gráfico/Diagramação
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Entre em contato pelos e-mails
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4. Í N D I C E
Da Editora: carta
ao leitor direto
da nossa
redação.
Economia Circular:
vem conferir o que
tem rolado no interior
do Amazonas
0 3 0 4 1 0
COP 26: A otima
participação do
Amazonas no evento
mundial
1 8
Aumenta o número
de mortes de
indígenas na nossa
região
2 2
Lei das sacolas
e o impacto do
lixo plástico
2 8
A nova geração
de jovens
ativistas
3 2
Moda sustentável: o
impacto dos brechós
no mercado da
moda
3 4
Lixo Doméstico: a
importância do
descarte correto
3 5
Personagem do
mês e Mawé
indica
5. Da Editora / 03
EDITORA CHEFE
Da
Editora
Ativismo. Na filosofia, essa palavra significa qualquer
doutrina ou argumentação que privilegie a prática efetiva de
transformação da realidade. Ativista. Palavra com origem no
latim, e significa aquele que age.
Ser ativista, assumir uma posição, agir, são coisas
necessárias para iniciar a transformação da nossa realidade.
Essa realidade que, sobretudo no último ano, tem se
mostrado cada vez mais necessitada desta transformação.
Nos últimos anos, temos acompanhado um levante de jovens
atentos para uma realidade assustadora: o futuro. As
expectativas de cientistas quanto resistência da raça humana
às mudanças climáticas estão aí e não são muito animadoras,
de fato, mas algumas pessoas ainda acreditam que temos
tempo de reverter isso.
Enquanto estudos apontam a atividade humana como
principal causa desta crise climática pela qual passamos, em
contraponto, a humanidade – ou melhor, aqueles que agem –
podem lutar para encontrar um equilíbrio outra vez.
A palavra ativista, por muito tempo pode ter sido
descriminada, e sinônimo para gente histérica e exagerada,
agora é vista como uma saída. A única saída é ser aquele que
age.
Ativistas não mudam o mundo da noite para o dia, é
necessário lembrar disso. É preciso abrir os olhos e de fato
enxergar os problemas que assolam a sua rua, sua
comunidade, sua cidade. Para nós da região amazônica,
nossos atos mais simples em prol da preservação da nossa
floresta, nossos povos e nossa cultura, podem garantir um
futuro para o mundo.
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6. ECONOMIA
CIRCULAR:
MODELO INOVADOR
DE PRODUÇÃO
E CONSUMO
QUE VISA A
SUSTENTABILIDADE
| 03
04 Economia e Tecnologia
O crescente interesse do consumidor em produtos sustentáveis e as
mudanças nos meios de produção, impulsionam a economia.
por @_priscilavasconcelos_
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7. Economia e Tecnologia / 05
A geração Z (nascidos entre o fim dos 90
e 2010) tem chamado atenção por estar
mais engajada em assuntos como
sustentabilidade e meio ambiente. Esse
interesse, observado em jovens que
passaram a ser visto como mais
conscientes e exigentes no que diz
respeito aos produtos (digitais ou não)
que consomem, já está contribuído para
que a grande maioria das empresas
assumam práticas de produção mais
sustentáveis, transparentes e éticas.
Dessa forma, a chamada economia linear,
caracterizada pelo consumo extremo de
produtos fabricados a partir da
exploração de recursos naturais e que,
no fim, são descartados gerando uma
assustadora quantidade de lixo, tem
perdido espaço para a chama economia
circular.
Ela nada mais é do que uma forma de
repensar a fabricação desses produtos.
Na economia circular, gerar lixo é
considerado um erro de design. Toda a
linha de produção é trabalhada em torno
da escolha certa de materiais, visando,
não só a maior durabilidade do produto,
mas também a reutilização do objeto
após o consumo.
CONSUMIDORES
+ CONSCIENTES
8. 06 Economia e Tecnologia
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Uma pesquisa recente do Institute for
Business Value (IBM), organização
internacional de pesquisa de negócios,
mostra o crescente interesse da
população global pelo tema
sustentabilidade durante a pandemia do
Novo Coronavírus (Covid-19). De acordo
com a pesquisa, os consumidores estão
dispostos a pagar mais para garantir um
futuro sustentável.
Ainda segundo a pesquisa, os pequenos
investidores também estão mostrando
preferência por negócios
socioambientais. Fundos de investimento
voltados para o Meio Ambiente, Social e
Governança (ESG, no mercado
internacional), obtiveram cerca de R$ 1,8
trilhão injetados em 2020. Especialistas
acreditam que os números são reflexos
da pandemia, mas que devem manter o
fluxo promissor.
“Prevemos que haverá um foco
crescente nos padrões em torno de
títulos sustentáveis, em parte como uma
forma de abordar essas preocupações dos
investidores, mas também para proteger
os consumidores e garantir o
alinhamento com a política energética e
climática”, informou Matthew Kuchtyak,
analista da empresa de investimentos
Moody's.
Os chamados “títulos verdes” devem
alcançar uma alta de 39% em 2021, de
acordo com o analista.
O impacto econômico das empresas verdes
9. O impacto positivo da economia circular não é
observado somente nas finanças, mas também
na qualidade de vida de comunidades em todo o
mundo. Um artigo publicado pela revista Nature
em julho deste ano, destaca uma ação
comunitária no município de Carauari, interior
do Amazonas, onde a população utiliza os
fundamentos da economia circular em
atividades econômicas características da região,
como a pesca do pirarucu e a coleta de açaí.
Em entrevista à publicação, o pesquisador
Michel Xocaira Paes, do Departamento de
Gestão Pública (GEP) e do Centro de
Infraestrutura e Soluções Ambientais da
Fundação Getúlio Vargas (Ceisa-FGV), explica
que todos os resíduos gerados nas atividades
são reutilizados pelos produtores para a
produção de ração para tartarugas.
“Esse material está sendo reaproveitado,
misturado com resíduos de outras cadeias
produtivas,, como a da farinha de mandioca,
para produzir ração destinada a tartarugas de
água doce. Essa estratégia é importante para
garantir a viabilidade econômica do manejo
comunitário de tartarugas de água doce, outro
programa de sucesso de conservação que ocorre
no rio Juruá”, disse ele.
Portanto, as atividades de produção
sustentáveis garantem desde a melhoria da
qualidade de vida para pequenas comunidades,
até a estimulação da economia mundial e a
garantia de um futuro com mais harmonia com
a natureza.
No Amazonas
Economia e Tecnologia / 07
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10. Você sabe o que é REDD?
Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal
(REDD) é um mecanismo criado por pesquisadores em parceria com
a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima
(UNFCCC) que visa reduzir emissões de gases de efeito estufa
gerados a partir do desmatamento e degradação florestal, através do
aumento das reservas florestais de carbono, gestão sustentável das
florestas e conservação florestal. Países em desenvolvimento que
alcançarem tais metas recebem incentivos financeiros.
por @feify_ramos
08 Economia e Tecnologia
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11. Voltar 200 anos para garantir os próximos 200
Uma tecnologia não tão nova pode ser o
futuro do transporte marítimo. Isso
porque um consorcio sueco apresentou o
projeto de um navio cargueiro movido a
vento. As velas, que anteriormente
pareciam ter perdido a utilidade para os
motores a vapor há quase 200 anos e,
posteriormente, para os combustíveis
fósseis, voltaram e prometem um
comércio marítimo mais sustentável.
A primeira unidade do Oceanbird ou
‘Pássaro do Oceano’, deve ser entregue
em 2024 e é um navio especifico para
transporte de veículos, com capacidade
por @_priscilavasconcelos_
para até 7 mil automóveis. Medindo 200
metros de comprimento e 45 de largura,
vai contar com um conjunto de cinco
velas de aço, que içadas podem alcançar
até 105 metros acima do nível do mar, e
vão funcionar no bom e velho esquema
de utilizar a força do vento para
impulsionar o navio (energia eólica).
A Wallenius Marine, empresa que lidera
o projeto, prevê uma redução de 90% no
consumo de combustível durante o
trajeto do navio. Porém, um motor à
combustão irá auxiliar a embarcação em
manobras nos portos.
Economia e Tecnologia / 09
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12. 10 Política
COP 26:
PARTICIPAÇÃO DO
AMAZONAS,
DESMATAMENTO
E O DESTAQUE
AOS POVOS
INDÍGENAS
Durante a conferência, governos e
investidores privados anunciaram
um acordo de US$ 1,7 bilhão para
garantir a proteção de terras
indígenas
por @feify_ramos
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13. Você já deve ter percebido que o clima
do mundo anda um pouco “bagunçado”,
não é? Tempestades, furacões, ventos
mais fortes, chuvas fora de época, calor
escaldante, dando a impressão de que a
terra se aproximou um pouco do sol, mas
não é nada disso. Todas essas mudanças
são características das mudanças
climáticas causadas pelo aquecimento
global e agravadas pela degradação da
Floresta Amazônica.
No início de novembro, governos de
mais de 190 países, representantes de
organizações e chefes indígenas,
reuniram-se em Glasgow, na Escócia,
para a Conferência das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima (COP26),
principal cúpula da Organização das
Nações Unidas (ONU) para expor,
debater e firmar acordos para o
enfretamento de problemas relacionado
às Mudanças Climáticas e ambientais.
A expectativa para a participação do
Brasil, que tem recebido especial
atenção de outros países devido aos
recentes recordes de desmatamento e
queimadas registradas, eram grandes.
No encontro, o Brasil e cerca de 100
países assinaram um acordo histórico,
criaram um fundo de aproximadamente
109 bilhões de reais para frear o
desmatamento e o aquecimento global,
além de comprometerem-se a zera o
desmatamento até 2030. Juntos, estes
países têm 85% das florestas do planeta.
Infelizmente, a realidade do Brasil é
bem diferente da apresentada pelo
presidente Jair Bolsonaro (sem partido)
e pelo Ministro do Meio Ambiente,
Joaquim Leite, na conferência. O índice
de desmatamento e queimadas batem
recorde no país: o Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe), alerta que
nos primeiros oito meses de 2021 o
desmatamento na região amazônica
cresceu 8,2% se comparado ao mesmo
período de 2020. Os dados desmentem o
que foi dito pelo chefe de estado, que
ignora os fatos e tentou passar a imagem
de um país comprometido com o meio
ambiente.
Jair Bolsonaro, já deu várias declarações
minimizando a destruição da Floresta
Amazônica e as queimadas no país. Na
prática, o Governo Federal tem
contribuído com o desmonte da
fiscalização ambiental e o combate ao
desmatamento, além de ter enfraquecido
entidades ambientais. Em seu governo a
presença do garimpo, grileiros e
madeireiros ilegais são mais frequentes,
aponta o Observatório do Clima.
As árvores têm um papel fundamental na
absolvição dos gases causadores do
efeito estufa, além de agirem na
regulação dos regimes de chuvas em todo
o país. As queimadas que, muitas vezes,
acompanham o desmatamento elevam os
níveis desses gases, e com menos
árvores, a floresta não consegue
absorver a mesma quantidade produzida,
resultando num desequilíbrio natural.
Dados do Sistema de Estimativas de
Emissões de Gases de Efeito Estufa
(SEEG), do Observatório do Clima,
apontam que a derrubada de florestas,
somada à prática da agropecuária, são
responsáveis por 46% das emissões de
gases em território brasileiro. Fazendo
com que a maior floresta tropical do
mundo, a Amazônia, seja historicamente
o bioma que mais tem emitido gases do
efeito estufa.
Qual a relação do desmatamento e o
efeito estufa?
Política / 11
14. Para se ter uma ideia do tamanho do
problema, de acordo com o SEEG, o
Brasil foi o único país do mundo que
obteve aumento nas emissões de gases
causadores do efeito estufa, como o
dióxido de carbono (CO2), durante a
pandemia do Novo Coronavírus (Covid-
19), cerca de 9,5%, enquanto a média
global apresentou uma redução de 7%.
O Inpe mostra que os alertas de
desmatamento em outubro se
concentraram nos estados do Pará
474km² (59,5% do total), Mato Grosso
102km² (13% do total) e Amazonas
90km² (11% do total).
Nos últimos anos, sentimos na pele, o
calor mais intenso. A temperatura do
planeta está subindo e o homem é o
principal responsável por tudo isso. O
relatório do Painel Intergovernamental
sobre Mudança do Clima (IPCC),
publicado em agosto deste ano pela ONU,
mostra que as consequências ambientais
causadas pela ação do homem são
irrefutáveis, irreversíveis e devem se
agravar nos próximos anos, se nada for
feito para frear a crise climática. De
acordo com dados do relatório, os
últimos oito anos foram os mais quentes
já registrados, e a temperatura do planeta
já aumentou 1,07º. O relatório mostra
ainda que o aumento de 1,5º C a 2º C na
temperatura será ultrapassado nas
próximas décadas se não houver forte
redução nas emissões de CO2 e outros
gases do efeito estufa.
Um estudo de pesquisadores da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto de
Estudos Avançados da Universidade de
São Paulo (IEA-USP) e Inpe, divulgado
em outubro, afirma que o acelerado
avanço do desmatamento na Amazônia,
junto com o aquecimento global, coloca
em risco mais de 12 milhões de
brasileiros do norte do país ao calor
extremo em 2100, o que significa riscos
para a saúde, sem descartar possíveis
mortes.
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12 Política
15. Política / 13
Política / 13
O estado do Amazonas foi representado
pelo Secretário De Estado Do Meio
Ambiente, Eduardo Taveira, que
encerrou sua participação “com a
apresentação do Manaus Action Plan e a
participação em reuniões de preparação
para o mercado de Redução de Emissões
por Desmatamento e Degradação
Florestal (REDD+), o Estado inicia uma
nova fase de protagonismo
internacional”, disse o secretário.
Ainda de acordo com Taveira, a
prioridade do estado, na área de meio
ambiente, será fortalecer o sistema
estadual de REDD para receber e
administrar recursos que cheguem para
benefício de ribeirinhos, populações
tradicionais, indígenas e quilombolas.
“Nosso objetivo é fazer com este recurso
possa promover de fato justiça social e
justiça climática também”.
Já o governador do Amazonas, Wilson
Lima (PSC), destacou: “esse foi um
evento muito importante, que reuniu
líderes mundiais e tivemos a
oportunidade de apresentar os
compromissos do estado em relação à
questão ambiental. Nossos
representantes apresentaram nossa meta
para redução do desmatamento, que é de
15% até o final do ano de 2022; e
redução da emissão de CO2 em 50% até
2030. Esses são os compromissos que
assumimos”, disse ele por meio da
assessoria de imprensa.
O Amazonas também aderiu à campanha
“Race to Zero”, que tem como meta zerar
as emissões líquidas de gases de efeito
estufa até 2050.
Amazonas na COP
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16. Política / 13
Os acordos assumidos para atingir a meta voluntária
de neutralização de emissões até 2030 são: elevar a
meta de redução do desmatamento para 7,5% por
ano, no âmbito do Plano Estadual de Prevenção e
Combate ao Desmatamento e Queimadas do
Amazonas (PPCDQ-AM); reduzir também 30% as
emissões de queimadas florestais resultantes do
desmatamento; implementar 450 mil hectares de
sistemas intensivos de Interação Lavoura Pecuária
Floresta (ILPF), em áreas de pastagens, na ordem de
50 mil hectares por ano; expandir a meta de
regularização ambiental do PPCDQ-AM, para além
dos municípios prioritários, incluindo todos os
municípios do Amazonas, promovendo um aumento
de 50% da conservação de florestas em regeneração
no Estado e, por fim, fomentar o Manejo Florestal
Sustentável (MFS), ampliando a área de floresta
nativa manejada em 1 milhão de hectares.
14 Política
17. Política / 13
Política / 15
O relatório do Painel Científico para a
Amazônia, lançado durante a
conferência, que contou com dezenas de
cientistas, incluindo brasileiros, mostra
que a Amazônia de fato está em um
ponto crítico em mais de 60% da sua
extensão. O documento destaca como as
principais ameaças na região: a expansão
da pecuária ineficiente; agricultura de
baixa produtividade; uso generalizado de
produtos químicos tóxicos; incluindo
poluição dos rios por mercúrio, usado no
garimpo; obras de grande infraestrutura,
como hidrelétricas e estradas, e extração
ilegal de madeira e mineração, que
causam desmatamento e degradação dos
ecossistemas florestais e aquáticos.
Com isso, o relatório conclui que a
biodiversidade incomparável da
Amazônia pode tornar a região o maior
reservatório mundial de vírus zoonóticos
(doenças que passam de animais para
seres humanos).
As estações secas na Amazônia ficaram
mais quentes, logo, os incêndios e a
degradação florestal de longo prazo estão
reduzindo a qualidade dos solos,
liberando gases poluentes, aumentando a
mortalidade das árvores e reduzindo a
capacidade da floresta de funcionar
como sumidouro de carbono.
Vale destacar que a floresta absorve
entre 13% e 20% dos 2,4 bilhões de
toneladas métricas de carbono
capturadas anualmente pelas florestas no
mundo.
Os povos indígenas são essenciais para a
conservação das florestas e no combate à
crise climática. Esse ano, na COP26, eles
tiveram um grande destaque.
Governos do Reino Unido, Estados
Unidos, Alemanha, Noruega e Países
Baixos, junto a dezessete entidades
filantrópicas, anunciaram que irão doar
US$ 1,7 bilhão – cerca de R$ 10 bilhões –
para que os povos indígenas e
comunidades locais protejam seus
territórios.
A técnica de comunicação da
Coordenação das Organizações Indígenas
da Amazônia Brasileira (Coiab), Alana
Keline Manchineri, do povo Manchineri,
participou pela segunda vez do evento e
disse que “os financiamentos precisam ir
diretamente para as comunidades, pois
quando vão para os chefes de estados,
nem sempre esses valores são investidos
de fato em políticas de incentivo ao
combate das mudanças climáticas”.
Indígenas e o combate às mudanças
climáticas
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18. Política / 13
16 Política
É comprovado cientificamente que as terras
indígenas funcionam como barreiras contra o
desmatamento, algo que é essencial para evitar
emissões de CO2, já que as árvores, quando
cortadas, liberam o gás na atmosfera.
Segundo mostrou o relatório Povos Indígenas E
Comunidades Tradicionais e a Governança
Florestal divulgado pela ONU, nos últimos anos,
os povos indígenas são os que mais têm evitado
de maneira efetiva o desmatamento das
florestas da América Latina e Caribe, uma vez
que em sua maioria seus territórios tradicionais
são demarcados e protegidos.
Alana Manchineri destaca que “a participação
dos indígenas na COP26 é para fazer a narrativa
dos indígenas como principais vetores das
mudanças climáticas, uma vez que já é
comprovado que somos responsáveis por cuidar
de cerca de 80% da biodiversidade do planeta”.
Na Amazônia Legal, onde há 98% de ocupação
indígena, somente 2,5% de floresta foram
desmatadas, enquanto em terras ocupadas por
imóveis rurais esse percentual sobe para 52,5%.
Isso mostra que os povos indígenas são os que
mais contribuem na preservação das florestas.
O relatório da ONU, diz ainda que garantir a
segurança desses povos e a manutenção de suas
reservas e territórios é uma maneira de
garantir que a floresta permaneça de pé.
O relatório do Painel Científico para a
Amazônia ainda diz que cerca de 45% das áreas
mais bem conservadas do bioma amazônico são
terras indígenas.
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19. Política / 13
O que você
tem feito
pelo nosso
planeta?
Recicle!
MAWÉ
REVISTA
UMA REVISTA DE ESTILO PARA UMA VIDA SUSTENTÁVEL
20. Política / 13
18 Política
AUMENTA O
ÍNDICE DE
ASSASSINATOS
DE INDÍGENAS
NO BRASIL
Além do aumento de homicídios houve
também o aumento de violências contra
os povos
por @feify_ramos
Nos últimos dez anos houve um aumento
de 22% no índice de assassinatos de
indígenas no país, segundo o Atlas da
Violência 2021. Foram 2.074 mil mortes,
algumas aconteceram de forma brutal e
violenta. Infelizmente, não é novidade a
luta enfrentada pelos povos tradicionais
para garantir o acesso à direitos básicos
e a proteção de suas terras contra o
avanço do desmatamento, garimpos
ilegais e pela própria sobrevivência.
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21. Política / 13
Política / 19
Atos como esses se tornaram
recorrentes, e é um triste cenário já que
essas invasões, além de criar conflitos,
prejudicam a qualidade de vida dos
povos, pois junto com os invasores veem
as máquinas que desmatam, poluem rios
e contaminam quilômetros de áreas
ambientais, degradando o lugar e
acabando como o sossego dos povos.
Os dados do relatório foram divulgados
em agosto deste ano e mostram que um
indígena foi morto a cada dois dias entre
2009 e 2019. Enquanto isso, taxa dos
demais homicídios caiu no mesmo
período.
O que está por traz do aumento dos
homicídios?
Um dos fatores que levam a este drástico
cenário é a própria omissão de órgãos
públicos nas fiscalizações e proteção às
terras indígenas, sobretudo o Governo
Federal, uma vez que o próprio
presidente Jair Bolsonaro (sem partido),
já defendeu opiniões contrárias a
demarcação de terras indígenas. Além
disso, com a fragilidade nas fiscalizações,
há o aumento de garimpos ilegais nas
áreas demarcadas, causando conflitos
entre os invasores e indígenas,
consequentemente muitos desses
conflitos, infelizmente, acabam em
morte. Outro fator são as invasões por
meio de grilagens de terras.
Alana Manchineri, técnica de
comunicação da Coordenação das
Organizações Indígenas da Amazônia
Brasileira (Coiab), expressa sua
preocupação pelo descaso da atual gestão
em relação aos povos indígenas.
“Tememos pela nossa vida! O presidente
não respeita nosso povo, incentiva a
violência, enfraquece órgãos defensores,
diminui verbas. Além disso, existe a falta
de ações que impeçam que garimpos
avancem e nossas lideranças sofrem
ameaças constantes por denunciar essas
invasões”, declarou.
Os recursos investidos pelo poder
público à proteção territorial, social e
ambiental dos povos são insuficientes,
deixando-os lutar pela sua própria
segurança física e cultural.
Yanomani durante uma operação contra mineração ilegal
de ouro em terra indígena na Amazônia. Foto:
Reprodução.
Os povos tradicionais também sofrem a violência do
desrespeito. Foto: Tiago Miotto.
22. Política / 13
20 Política
Invasões de terras
Mesmo com a pandemia causada pelo Novo
Coronavírus (Covid-19), os povos tradicionais
se viram acuados pelas constantes tentativas de
invasão aos seus territórios. É o que mostra o
Relatório Violência Contra os Povos Indígenas
no Brasil, publicado pelo Conselho Indigenista
Missionário (CIMI) no fim de 2020, que
destaca o registro de 256 casos de invasões
possessórias (posse de um bem), exploração
ilegal de recursos e danos ao patrimônio em
pelo menos 151 terras indígenas, de 143 povos,
em 23 estados, em que se constata um aumento
de 134,9% dos casos registrados se comparado
ao ano anterior. No mesmo período foram
registrados 113 assassinatos e 20 homicídios
culposos que, somados a outros casos de
violências praticadas contra a população,
totalizam 277 casos em 2019 – o dobro do
registrado em 2018.
“São expressões das vulnerabilidades vividas e
do que se deve entender como risco de
etnocídio, e mesmo de extermínio (genocídio),
que os povos indígenas enfrentam
cotidianamente. [...] a violência letal corta
definitivamente possibilidades de
recomposição populacional, manutenção e
reprodução cultural de diferentes etnias
indígenas, retratando processos de violência
econômica, social, política e ambiental”, diz o
relatório.
Ao termino de leitura,
confira na integra a fala
de Antônio Eduardo
Oliveira, secretário
executivo do CIMI, sobre o
assunto. F
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23. Política / 13
Política / 21
Ariene Susui, que é jornalista, indígena
do povo Wapichana e trabalha na
assessoria da Coiab, afirmou à nossa
equipe que o cenário atual é de alerta
total, pois os povos correm sério risco de
vida. “Estamos preocupados, não é um
momento feliz”, disse Ariene.
“Aumentaram os números de invasões
aos territórios indígenas, assim como de
garimpos ilegais. Tivemos também
assassinatos de nossas lideranças
indígenas. Os números são altos, e mais,
as violações de direitos no congresso
nacional, as tentativas de retrocesso,
desmonte de políticas ambientais”,
acrescentou.
Governo Federal e a omissão à essa
violência
Para muitos críticos e profissionais, os
números apresentados são reflexo
também de uma má administração de
órgãos responsáveis por garantir que os
direitos dos indígenas sejam respeitados.
Após a entrada do governo de Jair
Bolsonaro, o cenário de precariedade se
agravou ainda mais, pois as invasões a
terras indígenas aumentaram 137% em
dois anos de governo.
Antônio Eduardo Oliveira, secretário
executivo do CIMI, declarou à Mawé que
o aumento expressivo da violência
direcionada aos povos originários não se
limita à física, mas “é a violência do
preconceito, da discriminação e do
racismo, principalmente propagado pelo
atual governo federal. As falas de
Bolsonaro afirmando que não existem
indígenas no Brasil ou que os indígenas
não conseguem produzir em suas terras,
incitam a violência e fragiliza políticas
públicas voltadas para o povo”, declarou
ele.
Ainda segundo o secretário, o principal
“culpado” do aumento da violência
contra os indígenas é, de fato, o
presidente do Brasil.
Você sabe o que é Grilagem?
Prática antiga de colocar papéis falsificados
em uma caixa com grilos. Os documentos
adquirem uma aparência envelhecida com o
passar do tempo e a ação dos insetos,
parecendo verdadeiros, tudo para conseguir a
posse de determinada área de terra.
Hoje, as grilagens acontecem com o registro
no cartório de títulos de imóveis. Através do
cruzamento de registros, o grileiro tenta dar
uma aparência legal à fraude.
Antônio Eduardo Oliveira, secretário executivo do CIMI.
Foto: Reprodução
Ariene Susui, jornalista e indígena do povo
Wapichana. Foto: Reprodução.
24. 22 Política
Entenda o que rolou com a PL e como o uso de materiais plásticos pode afetar o
meio ambiente e a saúde
por @_priscilavasconcelos_
LEI DAS SACOLAS E O
IMPACTO DO LIXO
PLÁSTICO
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25. Política / 23
Em outubro deste ano, a população de
Manaus acompanhou uma reviravolta em
torno do uso de sacolas plásticas. Essas,
que são distribuídas gratuitamente em
supermercados e estabelecimentos de
todos os tipos, passaram a ser pauta de
um Projeto de Lei (PL) que pretendia
mudar essa realidade e incentivar o uso
de sacolas reutilizáveis pelos
consumidores da capital, contribuindo
com a preservação do meio ambiente.
A PL Nº 216/2020, de autoria dos
vereadores Fransuá (PV) e Glória
Carratte (PL), foi inicialmente aprovada
em 1º de outubro deste ano, mas devido a
reação negativa de empresários do ramo
e consumidores, acabou sendo alterada,
dias depois, adiando a proibição da
distribuição de sacolas para outubro de
2022.
Vamos aos números:
Segundo dados disponíveis no site da
Secretaria Municipal de Limpeza Urbana
de Manaus (Semulsp), de janeiro a
outubro de 2020 foram coletadas quase
nove toneladas de lixo, em 147 igarapés e
córregos da capital amazonense. Além
disso, os números mostram um aumento
de 7,2% na quantidade de resíduos
coletados entre os anos de 2013 e 2019,
em média 642 toneladas a mais por ano.
Ainda segundo a secretaria, apenas no
primeiro semestre de 2021, estima-se
que mais de cinco mil toneladas de
resíduos tenham sido recolhidas da orla
da cidade e rios, uma média de 700
toneladas por mês, a maioria garrafas e
sacolas plásticas.
Mas por que tanta discussão pela sacola
plástica e o que faz dela uma vilã para a
preservação do meio ambiente?
Fonte: Semulsp.
26. 24 Política
O impacto ambiental:
Material recolhido nas comunidades ribeirinhas nas proximidades de Manaus.
Fotos: Sea Shepherd Brasil Divulgação.
Em uma pesquisa promovida pela
Expedição Silent Amazon, divulgada em
junho deste ano, alerta para a poluição
química presente nas águas do Rio
Amazonas e seus afluentes.
A pesquisa destaca que em áreas de
grande impacto urbano, os rios sofrem
com a presença de agrotóxicos, produtos
farmacêuticos e (aquele que recebe
nosso destaque) o microplástico.
Os microplásticos, como o próprio nome
já diz, são fragmentos de plásticos de
aproximadamente cinco milímetros de
comprimento, e que normalmente
podem ser encontrados nos rios e
oceanos, são formados através da quebra
do plástico que sofre a ação das águas,
chuvas e sol.
A supervisora de Cidades Sustentáveis da
Fundação Amazônia Sustentável (FAS),
Cristine Rascarolli, relata que durante
uma ação de limpeza, realizada no
Igarapé Tarumã-Açu, pela instituição e
em parceria com o Projeto Remada
Sustentável, foram recolhidas cerca de
três toneladas de resíduos no local.
Segundo ela, a quantidade alarmante foi
recolhida em menos de um dia de coleta.
“Nós observamos, durante a coleta, que o
lixo recolhido ali não era produzido
exclusivamente naquele local. Foram
recolhidos também, além de material
plásticos, geladeiras, materiais de
construção e outros resíduos que
impactam diretamente a vida da
população ribeirinha”, disse Rascarolli.
Cristine Rascarolli, Supervisora de Cidades Sustentaveis da FAS.
Foto: Reprodução.
27. Politica / 25
A supervisora ressalta ainda que o
material plástico, muitas vezes, acaba
sendo transportado pela água para o meio
do rio, prejudicando a pesca, principal
atividade dos ribeirinhos.
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A proibição ou
cobrança da sacola,
sem trabalhar a
sensibilização e o
ensino quanto ao
descarte dos
resíduos, não é
funcional. Dez ou
quinze centavos não
é a solução, mas sim
a educação
ambiental
Caso você ainda não tenha relacionado
uma coisa com a outra, a gente te explica:
a sacola plástica que você recebe no
supermercado e depois descarta
indevidamente, além de levar entre
quatrocentos a mil anos para se
decompor totalmente, ao ser descartada
em rios e igarapés, pode atrapalhar a
pesca, matar peixes, e enquanto isso, se
desfaz em vários pedaços minúsculos de
plástico nos rios da Amazônia. Esses
resíduos, micro e nanoplásticos (acredite
ou não) podem ir parar na água que você
bebe, no seu peixe assado de domingo e
eventualmente, no seu sistema digestivo.
O que tenho a ver com isso?
28. 26 / Política
O risco à saúde humanas
Isso mesmo! Devido aos maus hábitos de
consumo e descarte dos seres humanos, a
presença massiva desses resíduos na
natureza passou a ser observada não só
nas águas, nos peixes e outros animais
marinhos, mas, recentemente, até
mesmo em órgãos humanos.
Esse fato foi constatado pela primeira
vez durante uma pesquisa promovida
pela Universidade do Arizona, nos
Estados Unidos, e os poluentes estavam
presentes nos pulmões, rins, baço e
fígado das pessoas submetidas ao teste.
Em outras pesquisas, o microplástico
estava presente inclusive na placenta de
mulheres grávidas.
Entre os tipos de plásticos encontrados
nas 47 amostras de tecidos humanos
analisadas pelos pesquisadores, estão o
policarbonato (PC), o bisfenol A (BPA)
substância que ainda compõe as
embalagens de alimentos, apesar dos
riscos comprovados à saúde, o
polietileno (PET), utilizado em garrafas
plásticas e o policarboneto (PE), matéria
prima para a fabricação de... sacos
plásticos!
Ainda não se pode afirmar quais são os
efeitos do microplástico para a saúde
humana, mas os pesquisadores
consideram a situação preocupante e
alertam que a exposição a micro e
nanoplásticos podem estar ligadas a
infertilidade, inflamações e câncer.
A presença dos resíduos sólidos
descartados nas ruas, igarapés e rios de
Manaus marcam o início dessa cadeia de
O saneamento básico sempre foi um
grande desafio na gestão pública no
Amazonas, principalmente no que diz
respeito a qualidade de vida das
populações ribeirinhas, que chegam a ser
mais de 370 mil pessoas em todo o
estado. Essa população, além de não ter
acesso a água potável ou tratamento de
esgoto adequado, convive diariamente
com o lixo descartado incorretamente.
O vereador Rodrigo Guedes (PSC), que
votou contra a PL na Câmara, acredita
que o projeto apenas penaliza o
consumidor, porém não resolveria o
problema.
“Se queremos atender ao meio ambiente,
temos que proibir a sacola plástica.
Vamos trabalhar, obviamente, a
adaptação do mercado, não seria da noite
para o dia. Eu acredito em soluções
planejadas e não podemos penalizar a
população que passou a pagar pelas
sacolas”, disse ele.
A proibição do uso de sacolas plásticas é
uma medida cada vez mais comum,
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29. Dispensando as sacolas plásticas
do supermercado e levando a sua
ecobag para fazer compras, além
de ajudar o meio ambiente e
diminuir a quantidade de resíduos
na natureza, deixa você com muito
mais estilo! As opções de ecobag
podem variar desde as mais
tradicionais, como aquela que sua
mãe ou avó deve usar para ir à
feira, até modelos mais modernos,
personalizáveis, que você pode
deixar com a sua cara!
Outro habito que você pode
trabalhar é a reutilização de
garrafas plásticas ou recipientes de
vidros. Para aqueles que não são
muito criativos, separamos dicas
de como converter latas de
alumínio, garrafas de vinho e
outras embalagens em itens de
decoração. Basta apontar a câmera
do celular para os códigos abaixo e
conferir a pasta que criamos com
tutoriais para você!
Politica / 27
Vereador Rodrigo Guedes (PSC). Foto: Reprodução.
tomada por cidades e países que adotam
políticas voltadas para a preservação do
meio ambiente, ao menos 115 nações já
proibiram não só o uso de sacolas
plásticas, mas também de outras
embalagens descartáveis nocivas à
natureza e à saúde humana.
Entretanto, uma média de 303 milhões
de toneladas de resíduos plásticos são
produzidos no planeta anualmente, e o
número deve triplicar até o ano de 2050.
É importante refletir se apenas a
proibição da distribuição de sacolas é
suficiente para frear o acúmulo de lixo
plástico nos oceanos de todo o mundo e
nos rios do Amazonas, que guarda uma
das maiores biodiversidades aquáticas do
planeta.
Para Cristine Rascarolli, cobrar o
consumidor pela sacola no supermercado
não é a resposta para o problema, mas
sim, trabalhar a conscientização sobre o
descarte adequado do lixo através da
educação ambiental.
“Precisamos entender que nosso lixo
tem um destino, ele não vai sumir na
natureza. Então, precisamos entender o
descarte de qualquer tipo de resíduo, que
muitas vezes pode ser reciclado.
Dicas para hábitos mais saudáveis:
Confira mais ideias na
nossa pasta no Pinterest,
através do QR-Code.
30. 28 / Cultura e Educação
A NOVA GERAÇÃO DE
JOVENS ATIVISTAS
Jovens de vários cantos do mundo
têm iniciado um levante em prol do
meio ambiente, na luta para frear as
mudanças climáticas
por @_priscilavasconcelos_
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31. Cultura e Educação / 29
A onda de jovens que lutam para garantir
a sobrevivência das próximas gerações é
algo que tem chamado a atenção de
todos. Eles vêm de todas as partes do
mundo, representando culturas e
costumes diferentes. A pluralidade é,
com certeza, uma de suas maiores
características, fato que conversa com
sua maior meta: garantir que haja um
futuro.
Greta Thunberg, aquela que passou a ser
considerada a voz mais influente entre
estes jovens, lidera os ativistas em
marchas como a “Fridays For Future”,
que surgiu em 2018, após ela e outros
jovens se sentarem em frente ao
parlamento sueco, em dias de aula,
durante três semanas, como forma de
protesto contra a inação do governo no
combate a crise climática. No ano
seguinte, o protesto já havia invadido as
ruas de grandes cidades do Brasil.
Entre os jovens brasileiros que se uniram
à essa luta, se destacam os representantes
de grupos indígenas, como Txai Suruí, do
povo Paiter Suruí, e Samela Awiá, que
também receberam destaque durante a
Conferência das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima (COP26), em Glasgow,
na Escócia.
Outro ponto em comum entre estes
jovens é a presença nas redes sociais. Por
meio de seus perfis oficiais compartilham
informações, cobram ações das
autoridades e organizam manifestações.
Em entrevista a Mawé, o estudante de
direito e facilitador do grupo de
voluntários do Greenpeace Manaus,
Matheus Siqueira, de 22 anos, conta por
que considera a presença destes
influenciadores nas redes extremamente
importante para mobilizar jovens de todo
os lugares do globo.
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32. “Através da Greta, por exemplo, levamos
para a mídia as mobilizações ambientais
numa frequência nunca vista antes! Isso
inspira jovens no mundo todo a fazer a
diferença nos locais onde vivem. Além
da Sam, que representa e leva a luta dos
povos indígenas com excelência”,
declarou ele.
O estudante diz ainda, que durante a
pandemia do Novo Coronavírus (Covd-
19), teve que adaptar suas práticas de
ativismo para o mundo virtual. Segundo
ele, que normalmente realizava
panfletagens, manifestações nas ruas e
conversas diretas com o público, sua
participação precisou mudar de cenário,
mas continuou ativa. “Por conta da
pandemia, o ativismo teve de se adaptar
a algo muito mais virtual, que vai desde
compartilhar informações com amigos e
familiares nas redes sociais, até levantar
hashtags para pressionar o governo
acerca de projetos que prejudicam o
meio ambiente (que são muitos,
inclusive)”.
Essa geração de ativistas, que é
representada no Brasil em sua grande
maioria por personalidades indígenas,
esteve ainda presente em setembro deste
ano nas manifestações contra o Projeto
de Lei (PL) brasileiro que previa que os
povos indígenas apenas poderiam
reivindicar terras onde já estavam no dia
5 de outubro de 1988, quando entrou em
vigor a Constituição Federal. O chamado
Marco Temporal.
30 / Cultura e Educação
Matheus
Siqueira,
líder
do
grupo
de
voluntários
do
Greenpeace
Manaus.
Foto:
Reprodução.
Matheus fala ainda, sobre a importância
de incentivar mais jovens a se envolver
ativamente nas políticas ambientais do
Amazonas. “Temos muitos jovens ativos
nos debates ambientais, mas precisamos
de mais força. A visibilidade que a mídia
dá para a nossa juventude ainda é muito
baixa e precisamos incentivar essa
geração a ficar por dentro do que ocorre
nas políticas públicas para a Amazônia.
Jovens que discutam o asfaltamento da
BR-319, por exemplo, ou os projetos de
leis absurdos como o do Marco
Temporal. A juventude precisa unir
força e entender que temos o direito de
lutar por um futuro melhor, um futuro
que é nosso”.
Siga o Greenpeace no
Instagram!
33. Economize energia: comece trocando as lâmpadas por
modelos mais eficientes;
Economize papel: evite impressões desnecessárias de
materiais que podem ser usados no formato online;
Tenha um dia sem consumir carne: são necessários 9,5 mil
litros de água para produzir cada meio quilo de carne; cada
hambúrguer de carne animal que pastam em áreas
desmatadas causa a destruição de cinco metros quadrados de
floresta;
Desligue a torneira: desligando a torneira ao escovar os
dentes, por exemplo, você pode economizar até 18 litros de
água por dia;
Deixe sua geladeira e freezer longe do fogão: assim, você
economiza e gasta menos energia elétrica;
Reutilize, reaproveite e recicle: Caixas de papelão,
plásticos, garrafas;
Preserve as árvores: Não realize podas ilegais e nunca
desmate uma área;
Plante árvores: plantar uma árvore é muito mais fácil do
que a gente pensa;
1.
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8.
Cultura e Educação / 31
8 dicas para reutilizar: por @feify_ramos
34. MODA
SUSTENTÁVEL
O IMPACTO
AMBIENTAL
DOS BRECHÓS
NO MERCADO
DA MODA
32 / Moda e Entretenimento
Há espectativa que essa nova forma
de consumo sustentável chegue a
US 64 bilhões até 2024.
por @amandaaabrasil
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35. Moda e Entretenimento / 33
Por mais que estejamos vivendo em
momentos de crise econonica acentuada,
os brechós, tanto físicos quanto online,
vem tomando conta do mercado da
moda, atraindo aqueles que querem fugir
do conhecido fast fashion, e quer de
algum modo, contribuir para preservação
do meio ambiente.
Afinal, a indústria téxtil é uma das cinco
mais poluentes de todo o planeta.
Levando isso em conta, os brechós
surgem com novas práticas de consumo
visando novos valores e ressignificando
a maneira com que as pessoas se
relacionam com a moda, trazendo a
comercialização de roupas de segunda
mão como uma alternativa sustentável
para quem quer garantir aquele look
novo.
Em um estudo feito pela Revista
Brasileira de Pesquisas de Marketing,
Opinião e Mídia, foi divulgado que os
principais compradores de brechós são
do gênero feminino, e tem entre 18 e 25
anos. Além de possuírem renda entre um
e cinco salários mínimos e está cursando
o ensino superior.
Esse novo estilo ainda é recente no
nosso Brasil, que ao contrário do público
citado, ainda enxerga as peças como
surradas, fora da moda, e sem mais
serventia para uso. Porém, tem ganhado
cada vez mais espaço por se tratar
também, de uma forma de economizar.
O relatório de revenda do ano de 2020
da empresa americana Thredup, mostra
que o mercado de revenda de roupas
pode chegar aos US 64 bilhões até 2024,
ultrapassando assim o comércio
tradicional.
Sendo assim, para quem está buscando
uma oportunidade de começar a
empreender, hoje é o dia de olhar com
carinho para o seu armário, e se
perguntar "há quanto tempo não uso essa
peça?".
Se a resposta for mais de um ano, e a
roupa estiver em boas condições, é um
bom começo para criar o seu brechó de
forma online, e quem sabe, até mesmo
um espaço físico.
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36. 34/ Moda e Entretenimento
Lixo Doméstico:
por @amandaaabrasil
A importância de descartar o lixo doméstico corretamente e quatro dicas para
ajudar você nesse novo estilo de vida.
É de ficar com o queixo no chão. No
Brasil são geradas 78,4 milhões de
toneladas de resíduos sólidos por ano, e
desse número, 71 milhões de toneladas
são descartados de forma errada.
Inclusive a Organização das Nações
Unidas (ONU), criou uma um grupo de
estudo para criação de soluções
inovadoras para o descarte do lixo
doméstico.
Dessa forma, com medidas simples
podemos ajudar nessa missão e proteger
o meio ambiente:
Tenha uma lixeira apenas para os
produtos recicláveis;
Coloque os rejeitos como fraldas,
fitas adesivas, papel higiênico em
caixas de papelão, separados da
lixeira doméstica;
Coloque o óleo que já foi utilizado
em uma garrafa PET, e leve até um
PEV (Ponto de Entrega Voluntária),
próximo à sua casa;
Utilize plásticos biodegradáveis;
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37. Personagem
do Mês
Mawé Indica:
Cinema
É um documentário que
examina os impactos da
pecuária e da pesca na
natureza. O diretor retrata
a indústria da carne como
a principal responsável
pela destruição da Floresta
Amazônica, extinção de
espécies, perda de habitat
e dos recursos naturais do
planeta, bem como por
quase todos os problemas
ambientais que
enfrentamos. O filme
também apresenta uma
investigação sobre a
omissão de organizações
ambientais no que diz
respeito à agropecuária.
Disponível na Netflix.
A equipe Mawé é suspeita para
falar, mas Marshall Eriksen, com
certeza, é o nosso favorito,
quando se trata de personagem
engajado com as causas
ambientais. Na série cómica 'How
I Met Your Mother', ele nos
encanta logo de cara, vivendo o
típico marido apaixonado por sua
Lilly, pai de 3 filhos, e advogado
que abandona a carreia em uma
grande empresa do setor
corporativo para seguir seu sonho
de trabalhar em um lugar que
salve o meio ambiente.
Do mesmo diretor de Ilha das
Flores, Saneamento Básico, é uma
comédia crítica, que gira em
torno dos moradores de uma
pequena vila de descendentes
italianos, chamada de Linha
Cristal. A trama se dá a partir da
necessidade de construção de
uma fossa para o tratamento do
esgoto. Entretanto, os moradores
são informados pela prefeitura
que não há verba para a obra, mas
que dispõe de R$ 10 mil
destinados à produção de um
filme de ficção, e que o valor
deve ser devolvido ao governo
federal caso não seja utilizado. Os
moradores decidem então, gravar
um filme sobre a obra e
apresentam um roteiro estrelado
por um monstro que vive nas
obras de construção de uma fossa.
Disponível no GloboPlay.
por @amandaaabrasil
por @_priscilavasconcelos_
Saneamento Básico:
O Filme
Cowspiracy: O
Segredo da
Sustentabilidade, Kip
Andersen e Keegan
Kuhn (EUA, 2014)
Moda e Entretenimento / 35
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Ilustração: Canva.
38. Mawé Indica:
Livros
O livro-reportagem que percorre
a experiência de dois jovens na
maior floresta tropical do mundo
e as crises políticas, sociais e
ambientais que assolam o lugar.
Sinopse: Em 1980, quando Mark
London e Brian Kelly, então
jovens jornalistas, percorreram a
Amazônia pela primeira vez, eles
encontraram 3% da floresta
completamente destruídos. Já
naquela época, uma pergunta
incômoda os assombrava - seria
possível equilibrar as
necessidades de uma população
em crescimento e de uma
economia em expansão com a
preservação da última grande
floresta da Terra? Vinte e cinco
anos depois, a pergunta
continuava a mesma, mas a cifra
da destruição aumentara para
20%, a floresta deixara de ser o
mítico pulmão do mundo, e
finalmente estabelecera-se uma
relação clara entre aquecimento
global e o desmatamento
acelerado.
A Última Floresta: A
Amazônia na Era da
Globalização, de Brian
Kelly e Mark London
(2007)
O livro infantil trás a reflexão sobre empatia
ambiental, com ilustrações de Cristina Sitja Rubio, o
a história tem lições também para os adultos.
Sinopse: Esta história é narrada por animais que
habitam uma floresta e que, ao voltarem de uma
festa, têm uma surpresa desagradável: suas casas, as
árvores, desapareceram. Depois de uma pequena
investigação, o grupo descobre que os responsáveis
são “estranhas criaturas”, quer dizer, os seres
humanos. Os bichos procuram então mostrar aos
humanos a gravidade do que eles fizeram e, mais do
que isso, buscam uma solução para resolver o
conflito. Afinal, todos têm a ganhar se deixarem de
pensar apenas em si mesmos.
Estranhas Criaturas, de
Cristóbal León e Cristina
Sitja Rubio (2019)
por @_priscilavasconcelos_
Tutorial
por @amandaaabrasil
Escolha uma ecobag para
ser sua referência, e meça
as extremidades;
Faça um molde com papel
e corte as medidas;
Acrescente 1 cm de cada
lado para as margens de
costura. Na boca acrescente
3,5 cm;
Corte o molde;
Risque o tecido usando o
molde cortado;
Corte o tecido usando a
linha traçada;
Corte a alça do tamanho da
ecobag de referência;
Costure seguindo os passos
do molde
Faça sua própria ecobag:
Com apenas um pedaço de tecido, uma agulha e linha, você faz uma sacola super estilosa em oito passos. s
36 / Moda e Entretenimento
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Ilustração: Canva.
39. MAWÉ
REVISTA
UMA REVISTA DE ESTILO PARA UMA VIDA SUSTENTÁVEL
A PRESENVAÇÃO DA
NATUREZA É UM DEVER
DE TODOS
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