1) A Terra está enfrentando a maior taxa de extinção de espécies desde a extinção dos dinossauros devido às ações humanas como mudanças climáticas, desmatamento e poluição.
2) Desde 1970, populações de animais marinhos e de água doce diminuíram 40-75% e humanos impactaram negativamente 83% da terra.
3) É necessária uma transição urgente para uma sociedade sustentável para evitar a extinção em massa e ameaças como aquecimento global.
SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
Nada a comemorar no dia da terra
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NADA A COMEMORAR NO DIA DA TERRA
Fernando Alcoforado*
Hoje, 22 de abril, é celebrado o Dia Internacional da Terra instituído desde 1970 nos
Estados Unidos e reconhecido pela ONU em 2009. O planeta Terra enfrenta a maior
taxa de extinção desde que perdemos os dinossauros há mais de 60 milhões de anos
graças às ações predatórias promovidas pelo capitalismo desde a 1ª Revolução
Industrial no século XVII até o presente momento. Mudanças climáticas,
desmatamento, agricultura insustentável, poluição e uso de pesticidas são algumas das
causas humanas da diminuição da biodiversidade.
Desde 1970, 40% dos animais marinhos desapareceram e as populações de insetos em
alguns lugares do mundo e de animais de água doce diminuíram 75%. Estima-se que os
seres humanos tenham impactado negativamente 83% da superfície terrestre, desde
ecossistemas a espécies de animais. Se não agirmos agora no sentido de construirmos
ums sociedade sustentável, a extinção dos animais e dos próprios seres humanos pode
ser o grande legado da humanidade.
Na era em que vivemos, a humanidade se defronta com a ameaça representada pelo
aquecimento global que tende a produzir mudanças climáticas catastróficas em todo o
planeta com graves repercussões sobre as atividades econômicas e o agravamento dos
problemas sociais da humanidade Esta ameaça tende a produzir uma verdadeira crise de
humanidade que faz com que se torne um imperativo a construção de uma nova
sociedade que atue de forma sustentável, interdependente e racional com objetivos
comuns em cada país e em escala planetária sem a qual poderá ser colocado em xeque a
sobrevivência dos seres humanos e da vida no planeta .
A nova sociedade a ser construída teria que ser sustentável do ponto de vista
econômico, social e ambiental. O conceito de sustentabilidade transformou-se num
elemento chave no movimento global, crucial para encontrar soluções viáveis para
resolver os maiores problemas do mundo. A sustentabilidade global requer que a
população mundial se estabilize no máximo em oito bilhões de pessoas, as economias
sustentáveis não sejam movidas por combustíveis fósseis, mas sim por energia solar e
suas muitas formas diretas e indiretas (luz solar para aquecimento e eletricidade
fotovoltaica, energia eólica, hídrica e assim por diante), a energia nuclear deixe de ser
usada devido a sua longa lista de desvantagens e riscos econômicos, sociais e
ambientais, a produção de energia seja mais descentralizada e, por isso mesmo, menos
vulnerável aos cortes ou apagões e um sistema energético sustentável muito mais
eficiente seja utilizado.
Em uma sociedade sustentável, o sistema de transporte será muito menos esbanjador e
poluente do que é hoje. As pessoas morarão muito mais perto dos seus lugares de
trabalho e se movimentarão nas vizinhanças por sistemas altamente desenvolvidos de
ônibus e transportes sobre trilhos, haverá menos automóveis particulares, as bicicletas
serão um veículo importante no sistema de transporte sustentável, a reciclagem será a
principal fonte de matéria prima nas indústrias sustentáveis, e o design de produtos se
concentrará na durabilidade e no uso reiterado, em vez da vida curta e descartável dos
produtos. O desejável será uma mentalidade baseada na ética da reciclagem quando as
empresas de reciclagem ocuparão o lugar das atuais companhias de limpeza urbana e
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disposição final do lixo, reduzindo a quantidade de resíduos em pelo menos em dois
terços.
Em uma sociedade sustentável haverá a necessidade de uma base biológica restaurada e
estabilizada, o uso da terra seguirá os princípios básicos da estabilidade biológica (a
retenção de nutrientes, o equilíbrio de carbono, a proteção do solo, a conservação da
água e a preservação da diversidade de espécies), as áreas rurais terão maior diversidade
do que atualmente com o manejo equilibrado da terra, em que haverá rotatividade de
plantações e de cultivo de espécies, não haverá desperdício de colheitas, os bosques
tropicais serão conservados, não haverá desmatamento para obtenção de madeira e
outros produtos, milhões de hectares de novas árvores serão plantados, os esforços para
deter a desertificação transformarão as áreas degradadas em terrenos produtivos, o uso
exaustivo de pastagens será eliminado, assim como haverá modificação na cadeia
alimentar das sociedades afluentes, para incluir menos carne e mais grãos e vegetais.
Os sistemas de valores atuais que enfatizam a quantidade, a expansão, a competição e a
dominação darão lugar à qualidade, à conservação, à cooperação e à solidariedade entre
os seres humanos. A característica decisiva de uma economia sustentável será a rejeição
da cega busca de crescimento econômico, o produto interno bruto será reconhecido
como um indicador falido, as mudanças econômicas e sociais, tanto quanto as
tecnológicas, serão medidas por sua contribuição à sustentabilidade, os orçamentos
militares serão uma pequena fração do que são hoje, os governos investirão em uma
fortalecida Organização das Nações Unidas para a manutenção da paz em vez de manter
caras e poluidoras instituições de defesa, as nações descentralizarão o poder e a tomada
de decisões dentro de suas próprias fronteiras e, ao mesmo tempo, estabelecerão um
grau de cooperação e coordenação sem precedentes em nível internacional para
solucionar os problemas globais.
É em defesa da vida no planeta Terra que se torna um imperativo a implantação de uma
sociedade sustentável em cada país e no mundo para evitar que seja colocada em xeque
a existência dos seres vivos e da própria humanidade. A nova sociedade sustentável na
esfera mundial deve ser capaz de regular as relações internacionais baseadas em um
Contrato Social Planetário visando promover o desenvolvimento sustentável em
benefício de todos os seres humanos. Este Contrato Social Planetário deveria resultar da
vontade da Assembleia geral da ONU que se constituiria no novo Parlamento Mundial
que elegeria um Governo Mundial representativo da vontade de todos os povos do
mundo. Com um Governo Mundial, será possível, não apenas ordenar a economia
global, combater a guerra e acabar com o banho de sangue que tem caracterizado a
história da humanidade, mas também, evitar o esgotamento dos recursos naturais do
planeta e a mudança climática catastrófica que ameaça a vida no planeta.
No Dia da Terra, é preciso que a humanidade se conscientize da necessidade de
construir uma sociedade sustentável em defesa da vida em nosso planeta.
*Fernando Alcoforado, 79, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema
CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento
Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e
consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e
planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997),
De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto
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para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da
Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944,
2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do
Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The
Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM
Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e
Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia
Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica,
Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico
e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática
Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas,
Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo
Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017) e Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Bahiana de
Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria).