A professora dá uma aula sobre a utilidade dos animais, mas seus exemplos focam mais no aproveitamento dos mesmos para alimento e produtos, contradizendo sua fala inicial sobre o direito dos animais à vida. Os alunos percebem essa contradição e questionam a professora.
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
Animais na aula de português
1. ESCOLA ESTADUAL FERNANDO CORRÊA
Nota
Nomes: __________________________________
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Nº: ____ Série: 7º ____ Data:
Atividade Avaliativa de
Português
Profª. Katiuscia
Observações
:
As respostas devem estar a caneta azul ou preta nos lugares demarcados;
Não será permitido o empréstimo de materiais;
As questões testes não devem ter rasuras sob pena de anulação. Nas demais utilize critérios de
dissertação.
O valor desta avaliação é de 10,0 pontos, conforme indicação nas questões;
A avaliação terá duração de 50 min.
Descontos para erros de:
Grafia (0,3)
Ortografia (0,4)
Organização
(0,3)
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DA UTILIDADE DOS ANIMAIS
Terceiro dia de aula. A professora é um amor. Na
sala, estampas coloridas mostram animais de todos
os feitios. É preciso querer bem a eles, diz a
professora, com um sorriso que envolve toda fauna,
protegendo-a. Eles têm direito à vida, como nós, e,
além disso, são muito úteis. Quem não sabe que o
cachorro é o maior amigo da gente? Cachorro faz
muita falta. Mas não é só ele não. A galinha, o
peixe, a vaca... Todos ajudam.
— Aquele cabeludo ali, professora, também ajuda?
— Aquele? É o iaque, um boi da Ásia Central.
Aquele serve de montaria e de burro de carga. Do
pêlo e fazem perucas bacaninhas. E a carne, dizem
que é gostosa.
— Mas se serve de montaria, como é que a gente vai
comer ele?
— Bem, primeiro serve para uma coisa, depois para
outra. Vamos adiante. Este é o texugo. Se vocês
quiserem pintar a parede do quarto, escolham pincel
de texugo. Parece que é ótimo.
— Ele faz pincel, professora?
— Quem, o texugo? Não, só fornece o pêlo. Para
pincel de barba também, que o Arturzinho vai usar
quando crescer.
Arturzinho objetou que pretende usar barbeador
elétrico. Além do mais, não gostaria de pelar o
texugo, uma vez que devemos gostar dele, mas a
professora já explicava a utilidade do canguru:
— Bolsas, malas, maletas, tudo isso o couro do
canguru dá pra gente. Não falando na carne.
Canguru é utilíssimo.
— Vivo, fessora?
— A vicunha, que vocês estão vendo aí, produz...
produz é maneira de dizer, ela fornece, ou por outra,
com o pêlo dela nós preparamos ponchos, mantas,
cobertores, etc.
— Depois a gente come a vicunha, né, fessora?
— Daniel, não é preciso comer todos os animais.
Basta retirar a lã da vicunha, que torna a crescer...
— E a gente torna a cortar? Ela não tem sossego,
tadinha.
— Vejam agora como a zebra é camarada. Trabalha
no circo, e seu couro listrado serve para forro de
cadeira, de almofada e para tapete. Também se
aproveita a carne, sabem?
— A carne também é listrada? — pergunta que
desencadeia riso geral.
— Não riam da Betty, ela é uma garota que quer
saber direito as coisas. Querida, eu nunca vi carne de
zebra no açougue, mas posso garantir que não é
listrada. Se fosse, não deixaria de ser comestível por
causa disto. Ah, o pingüim? Este vocês já conhecem
da praia do Leblon, onde costuma aparecer, trazido
pela correnteza. Pensam que só serve para brincar?
Estão enganados. Vocês devem respeitar o bichinho.
O excremento — não sabem o que é? O cocô do
pingüim é um adubo maravilhoso: guano, rico em
nitrato. O óleo feito com a gordura do pingüim...
— A senhora disse que a gente deve respeitar.
— Claro. Mas o óleo é bom.
— Do javali, professora, duvido que a gente lucre
alguma coisa.
— Pois lucra. O pêlo dá escovas de ótima qualidade.
— E o castor?
— Pois quando voltar a moda do chapéu para
homens, o castor vai prestar muito serviço. Aliás, já
presta, com a pele usada para agasalhos. É o que se
pode chamar um bom exemplo.
— Eu, hem?
— Dos chifres do rinoceronte, Belá, você pode
encomendar um vaso raro para o living de sua casa.
Do couro da girafa, Luís Gabriel pode tirar um
escudo de verdade, deixando os pêlos da cauda para
Teresa fazer um bracelete genial. A tartaruga-
marinha, meu Deus, é de uma utilidade que vocês
não calculam. Comem-se os ovos e toma-se a sopa:
uma de-lí-cia. O casco serve para fabricar pentes,
cigarreiras, tanta coisa... O biguá é engraçado.
— Engraçado, como?
— Apanha peixe pra gente.
— Apanha e entrega, professora?
— Não é bem assim. Você bota um anel no pescoço
dele, e o biguá pega o peixe, mas não pode engolir.
Então você tira o peixe da goela do biguá.
— Bobo que ele é.
— Não. É útil. Ai de nós se não fossem os animais
que nos ajudam de todas as maneiras. Por isso que
eu digo: devemos amar os animais, e não maltratá-
los de jeito nenhum. Entendeu, Ricardo?
2. — Entendi. A gente deve amar, respeitar, pelar e
comer os animais, e aproveitar bem o pêlo, o couro e
os ossos.
(Carlos Drummond de Andrade. Da utilidade dos animais. 6. ed. Rio
de
Janeiro: Record, 1993. p. 113-5.)
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO
1- No 1º parágrafo do texto, a professora dá uma aula
sobre animais e diz que “é preciso querer bem a eles”,
pois “eles têm direito à vida, e além disso são muito
úteis”.
a) Na sua opinião, a fala inicial da professora manifesta
uma preocupação ecológica? Por quê?
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b) Para justificar seu comentário, ela lembra a
importância de alguns animais, como o cão, a galinha, o
peixe e a vaca. Ela é convincente em seus argumentos?
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2- Observe estes comentários da professora:
• “E a carne [do iaque], dizem que é gostosa.”
• “Se vocês quiserem pintar a parede do quarto,
escolham pincel de texugo. Parece que é ótimo.”
a) Ela demonstra ter grande conhecimento sobre os
animais e familiaridade com eles?
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b)Que palavras ou expressões confirmam sua resposta
anterior?
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3- Em sua fala inicial, a professora diz: “Eles têm direito
à vida, como nós, e além disso são muito úteis”. Em
seguida ela caracteriza alguns dos animais desta forma:
• “Do pêlo se fazem perucas bacaninhas.”
• “Bolsas, malas, maletas, tudo isso o couro do canguru
dá pra gente.”
• “A tartaruga-marinha, meu Deus, é de uma utilidade
que vocês não calculam. Comem-se os ovos e toma-se a
sopa: uma de-lí-cia.”
• “Você bota um anel no pescoço dele, e o biguá pega o
peixe mas não pode engolir.”
a) Os exemplos confirmam o “direito à vida”, citado na
fala inicial da professora?
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b) Pelos quatro exemplos, o que a professora mais
valoriza nos animais?
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c) Dos exemplos, qual deles contém uma dose visível de
crueldade?
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d) Qual delas, entretanto, indica um processo de extinção
mais rápido? Por quê?
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4- No início da aula, a professora diz que todos os
animais ajudam. E a primeira pergunta de um dos alunos
é: “— Aquele cabeludo ali, professora, também ajuda?”.
Posteriormente, depois de vários exemplos e comentários
da professora, outro aluno pergunta:
“— Do javali, professora, duvido que a gente lucre
alguma coisa.” Observe os verbos destacados.
Essa diferença de verbos revela que o aluno já percebeu
o ponto de vista da professora sobre os animais. Qual é
ele?
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5- Pelas perguntas e pelos comentários dos alunos,
percebe-se que o conceito de ecologia deles não coincide
com o da professora.
a) Por quê?
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b) Identifique duas frases dos alunos que comprovem sua
resposta anterior.
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c) Como a professora reage aos comentários e
interferências que os alunos fazem?
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6- No fim da aula, a professora conclui sua exposição
dizendo: “[os animais] nos ajudam de todas as maneiras.
Por isso que eu digo: devemos amar os animais, e não
maltratá-los de jeito nenhum”.
a) A conclusão da professora é coerente:
• com sua fala inicial? Por quê?
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• com o desenvolvimento da aula, isto é, com seus
exemplos? Por quê?
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b) O comentário final de Ricardo deixa clara a
contradição da exposição da professora? Por quê?
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7- Quais dos itens seguintes correspondem a afirmações
que podem ser feitas a propósito do texto?
a) Uma aula com pretensões ecológicas acaba por tornar-
se antiecológica por causa da contradição dos
argumentos apresentados.
b) Os alunos demonstram ter compreendido e aceitado os
argumentos da professora e se convencido de que
devemos amar os animais porque eles nos são úteis.
c) A aula de ecologia não levou em conta um princípio
básico: cada animal tem um papel na natureza. A
destruição de uma ou mais espécies ocasiona um
desequilíbrio no ecossistema.
d) A aula não levou em conta um importante aspecto
diretamente ligado à preservação dos animais: a
preservação do meio ambiente.