Este documento apresenta a análise macroergonômica da coordenação de um curso de especialização fora da sede da universidade. A análise identificou desafios logísticos e administrativos em função da distância, e propõe recomendações para melhorar o processo de coordenação em turmas futuras, visando a adequação aos padrões de ensino e garantia da qualidade do curso.
Análise macroergonômica da coordenação de curso de especialização fora de sede
1. Marcello Silva e Santos
ANÁLISE MACROERGONÔMICA DA ATIVIDADE
DE COORDENAÇÃO DE CURSO DE
ESPECIALIZAÇÃO FORA DE SEDE
Universidade Federal do Rio de Janeiro
COPPE/CESERG
Curso de Especialização em Ergonomia
3. ANÁLISE MACROERGONÔMICA DA ATIVIDADE
DE COORDENAÇÃO DE CURSO DE
ESPECIALIZAÇÃO FORA DE SEDE
Marcello Silva e Santos
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DA
COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO CERTIFICADO DE ESPECIALIZAÇÃO
SUPERIOR EM ERGONOMIA.
Aprovado por:
_____________________________________
_____________________________________
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
31 de maIo de 2011
3
4. Resumo do trabalho de conclusão de curso, apresentado à COPPE/UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Especialista em Ergonomia
(Esp.)
ANÁLISE MACROERGONÔMICA DA ATIVIDADE
DE COORDENAÇÃO DE CURSO DE
ESPECIALIZAÇÃO FORA DE SEDE
Marcello Silva e Santos
MaIo/ 2011
Orientador: Prof. Mario Cesar Rodriguez Vidal
Programa: Engenharia de Produção
Este trabalho descreve a Análise Macroergonômica realizada em um processo
de coordenação de curso de especialização no período entre de agosto de 2009 e
dezembro de 2010, com foco em aspectos organizacionais. O primeiro capítulo trata
da descrição do objeto de estudo e da Metodologia adotada. O segundo capítulo
descreve a Análise Global do processo em seu contexto, com problemas de
transposição logística e administrativa e as eventuais correções de rota. O terceiro
capítulo revela a área de foco que foi escolhida, a questão logística, com o
detalhamento das tarefas prescritas, e é concluído com um Diagnóstico Preliminar. O
quarto capítulo narra as observações sistemáticas das atividades reais, a coleta de
dados mensuráveis e o Diagnóstico Final. O quinto capítulo revela as recomendações
e ações necessárias para viabilização do processo como um todo. O Sexto capítulo
explica como se deu o processo de Restituição e Validação durante o
desenvolvimento do estudo enquanto o sétimo capítulo conclui este trabalho.
4
5. Abstract of Monograph presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Ergonomics Specialist
MACROERGONOMIC ANALYSIS OF THE CORDINATION ACTIVITY IN AN OFF
BASE SPECIALIZATION PROGRAM
Marcello Silva e Santos
May/2009
Advisor: Mario Cesar Rodriguez Vidal
Department: Industrial Engineering
This paper describes the Macroergonomic Analysis carried out in the course of
a specialization training program during the period between August 2009 and August
2010, with primary focus on organizational aspects. The first chapter describes the
object of the study and the Methodology applied. The second chapter describes the
Global Analysis in its context, presenting the challenging aspects, necessary
adjustments and lessons learned. The third chapter reveals the chosen focus area,
logistics and infrastructure, then concludes with a Preliminary Diagnosis. The fourth
chapter portrays the systematic observations of the real activities, the gathering of the
measurable data and the Final Diagnosis. The fifth chapter reveals the
recommendations and a feasibility study to make the entire process viable. The sixth
chapter explains how the process of Restitution and Validation happened throughout
the development of the study. The seventh chapter concludes the monograph.
5
6. SUMÁRIO
...............................................................................................................8
ANÁLISE DA DEMANDA .............................................................................................11
FOCALIZAÇÃO E PRÉ-DIAGNÓSTICO ......................................................................24
ANÁLISE SISTEMÁTICA, MODELO OPERANTE E DIAGNÓSTICO..........................48
RECOMENDAÇÕES ..........................................67
RESTITUIÇÃO E VALIDAÇÃO.....................................................................................86
CONCLUSÃO............................................................................................................... 88
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................... 90
6
7. INTRODUÇÃO
1.1. O Objeto
Esta dissertação tem como objetivo apresentar a Análise Macroergonômica do
processo de coordenação de um curso superior de especialização situado na cidade
de Vitória, ES. A dissertação foi desenvolvida como parte de requisitos para a
conclusão do curso de Especialização Superior em Ergonomia (CESERG) junto à
COPPE/UFRJ.
Este estudo teve como objetivo analisar problemas de natureza ergonômica,
visando à elaboração de propostas para melhoria das condições de trabalho, com foco
na redução do esforço físico, na melhoria do desempenho, da segurança, da saúde e
do conforto dos operadores da área em questão.
1. Genealogia dos Eventos
O curso ocorreu nas instalações de um Hotel na cidade. Isso enseja uma breve
genealogia dos fatos. O processo de criação do curso em Vitória iniciou-se através do
contato entre o Laboratório GENTE, que objetivava a expansão do conhecimento em
Ergonomia e a Universidade de Vila Velha – UVV, interessada na parceria por
reconhecer a alta demanda por formação na disciplina naquele estado. Depois de
definidos os termos da parceria, foi então assinado um contrato de parceria. Em
seguida, foi realizado um processo seletivo, com a presença de dois professores do
CESERG.
Entretanto, após alguns meses verificou-se que não haveria quorum mínimo,
estabelecido em 36 alunos, para realização da turma. Como já havia sido estabelecido
um planejamento de aulas, algumas matrículas de alunos efetuadas e até pagamentos
realizados, o Laboratório decidiu assumir a realização do curso diretamente. Isso foi
7
8. feito principalmente para preservação da imagem da instituição, já que tal decisão
fazia emergir alguns obstáculos:
• Logística – Fora da base (Rio de Janeiro) não é possível contar com o
suporte de secretaria para o planejamento de viagens de professores,
compra de passagens, reservas de hotel e etc. Toda atividades
administrativas, escolar e de ensino ficam mais complexa, já que
muitas atividades dependem de um contato maior com os estudantes,
ou necessitam ocorrer simultaneamente às aulas, o que não é
possível ocorrer remotamente.
• Viabilidade Econômico-Financeira – Ainda que não haja interesse na
obtenção de lucros, o Laboratório GENTE não recebe verbas de
outras fontes, dependendo dos recursos obtidos para manutenção de
suas atividades. Um curso fora de sede envolve custos que ameaçam
esse equilíbrio.
• Adequação ao Plano Metodológico – O CESERG é extremamente
zeloso de seu plano de ensino. A Atividade fora de sede apresenta
desafios para docentes e discentes, principalmente em suas
interações de orientação acadêmica.
O curso de especialização fora de sede do CESERG foi enfim aprovado pelo
Conselho de Ensino para Graduados da Universidade Federal do Rio de Janeiro-
CEPG/UFRJ- pelo processo # 23079.007039/00-78 em 29/03/2000 e posteriormente
registrado no sistema Integrado de Gerenciamento acadêmico – SIGA/UFRJ com o
número 3603610200.
O compromisso da instituição com os preceitos acadêmicos, padrão de ensino
e coerência metodológica determinou uma necessidade de monitoramento e controle
8
9. nunca antes empenhada em turmas anteriores. O coordenador geral dividiu a
coordenação técnica do processo com outros dois professores, um local e outro
designado como coordenador executivo, estabelecendo uma ponte entre a estrutura
central no Rio de Janeiro e a administração dos procedimentos em Vitória. Ao longo
dessa monografia isolaremos alguns pontos de registro e oportunidades de melhoria
para a realização de turmas futuras.
1.2. Metodologia e Fundamentação Teórica
Esta Análise Macroergonômica foi desenvolvida de acordo com parâmetros da
NR-17, em consonância com a metodologia proposta pelo do Curso de Especialização
Superior em Ergonomia da COPPE/UFRJ (CESERG), constituída das seguintes fases:
Análise da Demanda
• Demanda Inicial
• Análise Global / Contexto
• Focalização e Pré-Diagnóstico
• Delimitação do Estudo
• Observações Iniciais
• Aplicação de Checklist de Avaliação
• Análise das Tarefas
• Revisão Bibliográfica
• Pré-Diagnóstico
• Observações sistemáticas da Atividade;
• Coleta de dados quantitativos;
9
10. • Construção de Modelo Operante
• Diagnóstico;
• Recomendações de Projeto
• Validação e Restituição das Propostas
• Conclusão
É importante frisar que a aplicação da metodologia, embora mantenha sua
estrutura principal, é influenciada pelo contexto da análise ergonômica e pelas
limitações que se apresentam ao longo do desenvolvimento do estudo. A Análise
Macroergonômica equivale à Análise Ergonômica do Trabalho em termos de
sequenciamento das atividades, conforme podemos observar na figura seguinte.
10
11. Figura 1: Metodologia AET (GUÉRIN et al., 1991, modificado por VIDAL, 2004)
2. ANÁLISE DA DEMANDA
11
12. 2.1. Origem da Demanda
A demanda se originou a partir do início das atividades de coordenação do
curso de especialização fora de sede. As atividades de coordenação foram
inicialmente definidas para cada um dos três coordenadores. Entretanto, na prática
essas ações aconteciam de forma pouco rígida. O coordenador local, por exemplo,
aos poucos foi ficando restrito às ações logísticas locais.
As atividades podem ser divididas em a) Escolares; b) Acadêmicas e c)
Administrativas. Podemos descrever resumidamente as atividades prescritas em cada
classe de atividades de acordo com o seguinte:
a) Escolares – São as atividades relacionadas ao controle e organização
do curso, como controle e tabulação de freqüência, preparação de lista
de presença, organização da programação no site, etc.
b) Acadêmicas – São as atividades relacionadas ao planejamento e
desenvolvimento do ensino, como a elaboração do conteúdo
programático, definição de professores, etc.
c) Administrativas – São as atividades relacionadas à logística (compra de
passagens, reserva de hotéis, etc), controle de pagamentos e
recebimentos, preparação de contratos e recibos, etc.
O encaminhamento inicial da demanda voltou-se ao planejamento
administrativo como um todo e respectivos agentes envolvidos, como professores,
coordenadores e secretaria. O Planejamento e programação de um curso de
especialização fora de sede é considerado mais crítico devido a falta de uma base
local. Nesse contexto, a secretaria do curso na base, a coordenação local e a
coordenação executiva foram objeto de análise e elementos de interesse para o
desdobramento da metodologia de pesquisa e investigação.
12
13. O encaminhamento das ações de coordenação visava não apenas viabilizar o
funcionamento do curso. A Norma ERG BR 1003 proposta pela ABERGO –
Associação Brasileira de Ergonomia visa regular os programas dos cursos de
especialização em ergonomia. O ensino da pós-graduação volta-se para a formação
profissional em ergonomia (também chamada de pós-graduação lato sensu).
Já o estabelecimento de padrões para a prática profissional deve ser
assegurado por outros meios como é o caso do Sistema de Certificação do
Ergonomista Brasileiro [Norma ERG BR 0000]. A Norma ERG 1003 restringe-se ao
padrão de excelência dos conteúdos de ensino, do processo de acreditação dos
programas educacionais (cursos) e de aspectos relevantes das instituições que os
sustentam.
Uma vez que o padrão de conteúdos de competência já é objetivo de um outro
texto normativo (Norma ERG BR 1001), este documento refere-se a acreditação dos
programas e de seus aspectos mais relevantes, considerando que esta conjunção,
realizada de forma otimizada, garante que os padrões de profissionalização sejam
alcançados. O Comitê de Acreditação deve considerar:
• Aspectos pedagógicos – o currículo, o processo educacional e o sistema de
avaliação de desempenho dos estudantes.
• Aspectos escolares – os mecanismos de garantia de qualidade do curso e de
avaliação dos docentes.
• Facilidades disponíveis – incluindo laboratórios, bibliotecas e acesso
computacional.
2.1.1 Requisitos Básicos para a Acreditação de Cursos
13
14. Os requisitos a seguir aplicam-se apenas aos cursos de especialização
presenciais, uma vez que os cursos oferecidos a longa distância estão em apreciação
pelo Ministério da Educação e são assentados sobre outras bases.
2.1.1.1 Instituição
A Faculdade, Centro Universitário ou Universidade que forneça o serviço
educacional deve ser credenciada junto ao CFE/MEC. Associações entre Entidades
Educacionais credenciadas e organizações terceiras devem proceder à preparação de
um dossiê de justificativa da referida associação em termos da acreditação aqui
proposta
2.1.1.2 Faculdade ou Departamento
O núcleo universitário responsável pela formação deve apresentar
características, qualificações, produção acadêmica e técnica de relevância. Cada
núcleo universitário participante da formação deve apresentar uma competência
documentada de sua área de ensino, demonstrando assim efetividade no ensino e na
avaliação dos estudantes, bem como atestados de capacidade de produção
acadêmica ou técnica relevantes e coerentes com a filosofia de ensino, no que se
refere às necessidades sociais ou de mercado em Ergonomia em sua área de atuação
e /ou clientela.
A unidade responsável deve dispor ou congregar um mix de qualificações
suficiente para conduzir com êxito a formação, incluindo uma diversidade de núcleos
de competência e de perícia relevantes à Ergonomia (ver ERG BR 1001) bem como
experiência em diagnóstico, modelagem e projeto. O mais indicado é que a instituição
já disponha de um núcleo de doutoramento que referencie a formação de nível
superior. Uma área de mestrado, para que seja suficiente como referência, deve ser
sustentada por uma expressiva atividade de extensão e consultoria técnica.
A existência de um perfil de publicações condizentes com o programa
educacional revela uma produtividade acadêmica necessária a uma acreditação
coerente. A participação nos eventos organizados, endossados ou sugeridos pela
14
15. ABERGO, bem como as publicações nos periódicos é o critério de desempenho a ser
considerado neste ítem. A universidade, centro universitário ou faculdade que abrigar
uma formação em Ergonomia, deve comprovar a existência de:
• Publicações cientificas;
• Desenvolvimento de sistemas ou aplicações, bem como relatórios de
consultorias e projetos de extensão registrados e reconhecidos;
• Teses de Mestrado e Doutorado em nível satisfatório.
Neste particular é importante que exista uma massa critica mínima de trabalhos
em Ergonomia, bem como demonstrações de possibilidade de acolhida futura dos
formados. Este ponto pode vir a ser suprido mediante a existência de convênios ou
participação em uma rede de excelência mais ampla.
2.1.1.3 Corpo Docente
O corpo docente deve contar, entre seus pares, com pessoas ligadas a
sociedades típicas ou conexas. A ABERGO é a sociedade típica a que uma dada
porcentagem de docentes deve estar associada, admitindo-se sociedades cientificas
conexas como Sociedade Brasileira de Biomecânica, Sociedade Brasileira de
Engenharia de Segurança, Associação Brasileira de Engenharia de Produção,
Associação Brasileira de Medicina do Trabalho e outras que vierem a ser relacionadas
mediante avaliação de mérito pelo Comitê de Acreditação, ouvido o Conselho
Cientifico da ABERGO.
A existência de membros do Corpo Docente que integrem comissões de
conselhos profissionais, corpos editoriais e comitês ad hoc se constitui em atributos de
excelência importantes para a acreditação. A existência de Membros do Corpo
Docente com participações, colaborações e missões junto a outros cursos de
Ergonomia e áreas conexas como Engenharia de Segurança, Medicina do Trabalho,
Gestão da Qualidade, Gerenciamento de Riscos, e outras especializações
reconhecidas são igualmente relevantes para a acreditação dos cursos.
15
16. 2.1.1.4 Coordenação Acadêmica
O Coordenador Acadêmico deve ser associado a ABERGO, além de
apresentar uma titulação de Doutor ou Mestre em Ergonomia e ter sido orientado por
um doutor em Ergonomia. A excelência irá requerer que este seja portador de uma
titulação adequada e senioridade em Ergonomia nos termos da ERG BR 1000.
No encaminhamento da demanda original identificou-se imediatamente uma
restrição importante. Não é possível isolar-se variáveis para estudo, pois os temas
relevantes para coordenação são interdependentes. Da mesma forma, as atividades
previamente classificadas (escolar, administrativo e acadêmico) têm pontos de
interseção que dificultam atribuir-se objetos e observáveis para encaminhamento do
processo analítico como vistas ao diagnóstico. No capítulo da reconstrução da
demanda essa ressalva é explorada para a redefinição do objeto do estudo.
2.2. Construção Social
De imediato, pudemos perceber uma reação contrária à realização do curso
por parte da equipe da base. A falta de uma equipe de suporte no local do curso
traduzia-se, naturalmente, em acúmulo de atividades para as pessoas da base. Mas o
principal argumento era a perturbação provocada pelas intervenções necessárias à
distância.
Portanto, similar ao que ocorre em uma análise ergonômica convencional, na
análise macroergonômica é preciso saber dosar a necessidade de obtenção dos
dados com a disposição e disponibilidade das pessoas que nos poderão alimentar
dessas informações.
No nosso caso, as ferramentas de análise restringiram-se às entrevistas
estruturadas e check lists de acompanhamento de processo. Para auxiliar no processo
de análise, estudamos o modelo de CESERG Turn Key, desenvolvido pelo Laboratório
para implementação de programas de ensino fora da sede.
16
17. O CESERG Turn Key surge como solução para o rápido crescimento da
Ergonomia no Brasil. A ergonomia como atividade profissional se desenvolveu muito
no Brasil, sobretudo após 1997 com a retomada dos cursos de especialização nas
mais importantes universidades brasileiras. Este processo tem, nessa data, uma
importante efeméride que é a eclosão da pandemia de doenças relacionadas ao
trabalho provocando absenteísmo e aposentadorias especiais, em níveis insuportáveis
por todos os segmentos da sociedade laboral: governo, empregadores e
trabalhadores.
Esse quadro se tornou, em decorrência disso, ainda mais agudo com a
crescente exigibilidade de maior responsabilidade social e sustentabilidade interna em
grande parte das certificações de qualidade e de excelência, assim como em diversos
processos de captação de recursos de investidores diversos tais como a cotação em
bolsas nacionais e estrangeiras e a decorrente necessidade de uma boa classificação
em índices nacionais – como BOVESPA – e internacionais , tal como o Indice Dow
Jones (DJSI), Global Report Initiative (GRI) e outros nessa linha.
Com a atual crise internacional a palavra de ordem é a de cortar custos,
eliminar supérfluos. Isso atinge em sua grande maioria empresas e corporações que já
experimentaram vários processos de restruturações, realinhamentos com profundas
alterações em suas arquiteturas organizacionais. A ergonomia, em sua versão mais
contemporânea aparece como um encaminhamento que concomitante preserva
capital (humano, de conhecimento e experiência operacional) assim como elimina
custos nem sempre visíveis, os custos de ausência da ergonomia, que atingem cifras
elevadas, mas têm a característica de apresentar pouca visibilidade, dentro o que os
economistas chamam de custos-sombra (shadow costs).
Desde 2008 o CESERG vem sendo solicitado a se expandir para além de sua
Sede no Rio de Janeiro, UFRJ, COPPE. Logo no início daquele ano a UFRJ
regulamentou a realização de cursos fora de Sede, mediante uma regulamentação
exigente e condizente com suas convicções acadêmicas. O CESERG seguindo estas
17
18. diretrizes já organiza sua quarta turma fora de Sede em destinos tão diversos como
Vitória, ES e Natal, RN.
No entanto a demanda é ainda maior do que a capacidade instalada na própria
UFRJ para atender a esta demanda. Considerando o grande numero de Mestres e
doutores já formados em Ergonomia a partir do GENTE COPPE, superior a duas
dezenas e espalhados pelo Brasil como um todo, foi-se paulatinamente
desenvolvendo uma sistemática que, a partir dos egressos e das necessidades locais
fosse possível combinar o crescimento da reputação do CESERG com o imperativo de
multiplicação que a nação requer, necessita e almeja em curto prazo. O resultado
deste processo é o Programa de Transferência de Tecnologia CESERG (CESERG
Turn-Key).
2.3. Reconstrução da Demanda e a Demanda Ergonômica
A reconstrução da demanda vem na esteira do exposto na seção anterior
aliado ao encaminhamento da demanda original e discussões no decorrer do processo
de orientação da monografia. A atuação de profissionais de alto nível em Ergonomia,
por encaminhar conjuntamente uma série de aspectos técnicos humanos e sociais,
acabou se revelando uma excelente opção tanto para os caminhos de melhoria no
processo de ensino, como aparece com um imenso potencial para o desenvolvimento
de novas iniciativas, independentes da base central de formação.
Tal quadro conclamava os setores acadêmicos e dos setores de conhecimento
aplicado (consultorias) no sentido de capacitar em larga escala os profissionais
necessários para o enfrentamento nacional destas questões. Alguns dos cursos
surgidos após os cursos pioneiros de especialização em ergonomia se mantiveram
num patamar aceitável de desempenho e procura, o que animava a realização de uma
experiência de administração direta por parte do Laboratório GENTE.
18
19. A reconstrução da demanda foi realizada junto aos coordenadores, que a
validaram em sua configuração final. A Demanda Ergonômica final foi então definida
como a análise dos problemas de natureza macroergonômica na coordenação de
cursos de especialização fora de sede, visando à elaboração de propostas para
melhoria das condições de organização de processos semelhantes, com foco na
redução do esforço organizacional e cognitivo. Isso remeteu à concentração do foco
do estudo na coordenação acadêmica, mais condizente e relevante em relação ao
papel de coordenação.
O modelo reconstruído pode ser visto de forma esquemática na figura xx.
SITUAÇÃO: ESTRUTURA ATUAL DO CURSO NÃO EQUIVALENTE
PROBLEMA: COMPLEXIDADE DA ATIVIDADE DE COORDENAÇÃO A DISTANCIA
PONTOS RELEVANTES PARA OBSERVAÇÃO : LOGÍSTICA ALOCAÇÃO DE
PROFESSORES, CONTROLE DO PROCESSO ESCOLAR
OPORTUNIDADES DE MELHORIA (PRÉDIAGNÓSTICO): REFORÇO DO APOIO
LOCAL, REDEFINIÇÃO DA ESTRUTURA DE AULAS (FORMATAÇÃO DO
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO), MAIOR UTILIZAÇÃO DOS MEIOS REMOTOS
(PRESTIGIAR O USO DO TELEDUC)
19
20. FOCALIZAÇÃO E PRÉ-DIAGNÓSTICO
2.4. Delimitação da Área de Estudo
O foco do estudo determinado foi a atividade de coordenação acadêmica,
ainda que a interdependência desta atividade com outras impossibilite uma clara
separação enquanto variável independente. Em função disso, chamaremos essa
atividade de atividade principal do estudo macroergonômico.
As características remotas, equivalentes às encontradas em um curso de EAD,
determinaram a necessidade de uma investigação acerca dos fenômenos que
gravitam em torno daquela modalidade de ensino. Em especial, destacamos que a
Educação a Distância (EAD) é considerada, segundo o decreto Decreto-Lei n° 2.494,
de 10/2/1998 como, “uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a
mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados (...)”. A análise
bibliográfica resultou em XXX aspectos relevantes (BELLONI, 2001; KENSKI, 2003):
a) Perfil do professor – O professor de EAD deve saber se comunicar
bem utilizando os meios de comunicação selecionados, agir como
um facilitador de aprendizagem, ser um orientador acadêmico e
dinamizador da interação coletiva.
b) Ampliação da Importância das apresentações – O Diferencial
didático-pedagógico ressalta a capacidade de transmissão do
conhecimento a partir dos materiais de apresentação. O professor
necessita dedicar-se mais tempo na preparação e concepção das
aulas, tendo que ser mais cuidadoso na forma de apresentar o curso
e as diferentes disciplinas.
c) Estudo independente ou em grupos – Os trabalhos em grupo
auxiliam na dimensão social, fazendo com que o processo de
aprendizagem seja enriquecido. Como os alunos são de meios muito
20
21. diversos e diferentes geralmente opta-se por adotar estruturas
curriculares flexíveis, a partir de módulos e créditos.
d) Senso de responsabilidade e profissionalismo O aluno é obrigado a
estudar por sua iniciativa, desenvolvendo habilidades de
independência e de trabalho.
Pela leitura das características acima verificamos existir uma correspondência
entre o ensino fora de sede e os processos de EAD. Naturalmente, não se pode
pensar no ensino e aprendizagem da ergonomia como um processo possível de ser
resolvido sem a existência de um contexto real, impossível de ser criado remotamente,
ainda que com uso de simulações. Portanto, prescreve-se como ideal a possibilidade
de parte do conteúdo didático-pedagógico disponibilizado em um ambiente de rede. O
CESERG já dispõe há 5 anos de uma ferramenta on line para disponibilização de
conteúdos e troca de informações entre alunos e professores. O “TELEDUC” foi criado
também como ferramenta de gestão acadêmica, mas é como recurso didático-
pedagógico que ela se mostra mais interessante do ponto de vista da aprendizagem e
ensino remoto. (Figura XX)
21
22. Devido a sua importância no processo, a adequação do TELEDUC a essa nova
realidade de ensino fora de base desde o início configurou-se em uma preocupação
da coordenação. Foi criado um ambiente próprio para o CESERG Vitória, estratégia já
utilizada em outros eventos, mas a primeira vez que isso acontecia para um curso de
especialização. Durante o decorrer dos encontros da turma em Vitória, pudemos
perceber certa dificuldade de adaptação dos diferentes envolvidos à ferramenta. Os
alunos evitavam utilizar o ambiente de rede, preferindo os contatos pessoais e por
telefone. Os professores demoravam a lançar os conteúdos no TELEDUC e os
coordenadores nem sempre monitoravam o sistema com a freqüência desejada.
As razões da pouca efetividade do sistema só foram sendo solucionadas a
partir de 6 meses transcorridos do curso. Entretanto, permanecia a sensação que
havia margem para melhoria no processo, seja por intervenção na ferramenta ou na
sua divulgação e utilização. Isso será objeto de detalhamento quando da discussão
das recomendações.
Outro aspecto relevante na construção do modelo operante e tratamento da
demanda foi a deficiência da coordenação local. Na verdade, uma análise sem
confirmação científica, apenas calcada em impressões sobre os eventos observados,
leva-nos a identificar possíveis razões que apontem para outras direções os motivos
da deficiência da coordenação local.
A coordenação geral do curso tem características de centralização. Isso não
ocorre somente por estilo de gestão, pelo contrário. A responsabilidade direta da
coordenação geral perante à instituição maior (COPPE/UFRJ) tem implicações de
ordem múltipla. No plano funcional, o laboratório GENTE, que organiza o curso, deve
respeito ao estatuto da instituição e precisa seguir rigidamente os preceitos impostos
pela natureza da mesma, um dos maiores centros de excelência das Américas.
Em relação às implicações legais, o coordenador responde diretamente pelas
ocorrências – positivas ou negativas – e pelos resultados dos programas
desenvolvidos em nome da instituição maior. Isso pode trazer conseqüências
22
23. desagradáveis em casos de inadequações tanto no plano escolar como administrativo
e acadêmico. Naturalmente, do ponto de vista da natureza do serviço prestado –
educação – o aspecto acadêmico acaba sendo o principal indicador de interesse.
3. ANÁLISE SISTEMÁTICA, MODELO OPERANTE E DIAGNÓSTICO.
3.1. Observações sistemáticas da Atividade – dados coletados para a
construção da Modelagem Operante.
As variáveis observáveis foram divididas de acordo com a estrutura funcional
do curso e divididas pelas seguintes macro-áreas:
a) Escolar – Área responsável pela tabulação dos dados quantitativos do curso,
sobretudo aqueles relacionados a freqüência dos alunos, índices de faltas,
notas, etc.
b) Administrativa – Área que cuida dos aspectos comerciais e financeiros do
curso, como controle dos recebimentos, geração de pagamentos a
professores, emissão de boletos e recibos, etc.
c) Acadêmico – Área que corresponde ao plano qualitativo de avaliação, controle
e diligenciamento do curso. É no plano acadêmico que se desenvolvem as
atividades dos coordenadores sendo esta, portanto, a área foco desse estudo.
3.2. Diagnóstico
A investigação quantitativa comprovou a avaliação preliminar do Pré-
Diagnóstico. Os principais problemas identificados (e confiirmqdos em relação ao
pré diagnistico) foram:
Avaliação Docente e de Coordenação
Desajustes na logística
23
24. Falta de experiência de parte do colegiado
Coordenação Local nem sempre disponível
Avaliação Discente
Falta de Continuidade
Falta de apoio de secretaria
Demora de resposta
Conflito na comunicação
Coordenação Local nem sempre disponível
Material didático nem sempre prontamente disponibilizado
Avaliação Docente e de Coordenação
Localização privilegiada
Conteúdos foram cobertos adequadamente
Estrutura local eficaz e conveniente
Avaliação Discente
Módulo de Projeto funcionou de forma interessante
Qualidade do corpo docente
Aprendizado prático
Material didático interessante
ENQUADRAMENTO NORMATIVO - (ENCAIXAR ALGO DA NR 17)
3.3. Modelo Operante
Na análise macroergonômica o modelo operante adquire a configuração de
uma estrutura funcional. Nesse sentido, podemos visualizar o modelo conforme a
figura XX a seguir:
ADM ESCOLAR
24
25. ACAD
Resumidamente, a atividade de coordenação acadêmica pressupõe as
seguintes etapas principais: colegiado, ponte logística, plano de ensino, plano de aula
(se coordenador ministrar), conversão de pdf, aprovação do material didático
pedagógico, alimentar listagem bibliográfica, editorial da folha Com o desdobramento
da função “Coordenação Acadêmica”, obtemos o modelo seguinte (Figura xx).
TELEDUC
FOLHA
ACADÊMICO PROGRAMAÇÃO
SLIDES, NUMERO
PDF
FPD MATERIAIS
LISTA DE PRESENÇA COMPLEMENTARES
4. RECOMENDAÇÕES DE PROJETO
Este trabalho teve um caráter dinâmico que não necessariamente seguiu a
ordem cronológica da metodologia proposta ou mesmo de uma AET regular. Antes
mesmo de se chegara um Diagnóstico formal, foram sendo implementadas ações
recomendadas para a melhoria do processo de coordenação. O termo “de projeto”
25
26. atrelado às recomendações estabelece o sentido de temporariedade, unicidade e
objetividade inerente a uma ação equivalente ao processo estudado.
Podemos dividir as recomendações em duas categorias principais conforme a
ordem de seu detalhamento posterior: a) Recomendações para projetos similares
(EAD) e b) recomendações transferíveis para o próprio curso. Dentre as
recomendações na primeira categoria, percebemos ser a administração logística o
entrave principal. No caso de recomendações transferíveis, temos a estrutura do
módulo de projeto, que gerou recomendações materializáveis de artefatos, dispositivos
e reformulações de arranjo físico. Também nesse mesmo sentido, estabeleceu-se um
novo programa metodológico baseado em módulos, condizente com o caráter
pragmático que uma gestão de ensino a distância recomenda.
a) Recomendações para projetos similares (EAD)
Algumas recomendações são compatíveis com processos de ensino
equivalentes, com características de EAD. Na modalidade proposta do “CESERG
Turnkey”, apresentado no capítulo XX , há de se ressaltar a importância da
apresentação da missão do CESERG enquanto “instituição” que realiza e pratica a
ergonomia no país: “CESERG que é: “dotar as organizações que operam no Brasil de
profissionais qualificados e competentes para tratar adequadamente dos graves
problemas sócio-técnicos de que padecem a quase totalidade destas organizações,
empreendimentos e atividades econômicas.”
Nesse sentido, devemos dotar os cursos não presenciais ou semi-presenciais
de mecanismos auto-sustentáveis de qualificação e aprimoramento contínuo. A quebra
de credibilidade é o maior responsável pela falta de continuidade e rejeição dos cursos
fora de sede – ou de qualquer curso, verdade seja dita.
26
27. Ficou evidente também que a questão logística depende de um rigoroso
planejamento, a ponto de ser responsável pelo sucesso ou fracasso financeiro de
cursos fora de sede, principalmente se todas as variáveis não forem analisadas. Por
exemplo, um curso em uma região de pouca infra-estrutura pode ter seu índice de
viabilidade econômico-financeira bem maior que outro em outra região por motivos
diversos. No nosso caso, a cidade de Vitória e o bairro escolhido, fazia com que os
custos fossem compatíveis com o planejamento inicial, o que não ocorreria em uma
cidade do noroeste de São Paulo, por exemplo, com poucos vôos e empresas aéreas
disponíveis, hotéis, etc.
Outro aspecto a ser planejado com cuidado é relacionado à alocação de
professores. O ideal é que seja possível a utilização de professores locais, com no
máximo um professor externo para cada encontro. Os custos de coffee break, espaço
de aulas, locação de equipamentos e afins também podem se converter em drenos de
recursos importantes, já que dependendo das instalações utilizadas os recursos têm
que ser contratados com o próprio local do evento, como foi o caso do hotel em Vitória
em que o curso aconteceu.
b) Recomendações transferíveis para o próprio curso.
Do ponto de vista do desenvolvimento do conteúdo programático, a
apresentação, condução e apresentação dos resultados materializados dos
“conteúdos de projeto” foi talvez a que trouxe maior e mais positiva surpresa em
relação aos cursos anteriores, dentro ou fora de sede. Para começar os chamados
“conteúdos de projeto” foram redefinidos, redimensionados e finalmente rebatizado
para “PROJENTE”, ou módulo de Projetos em Ergonomia. Isso objetivou dar ao
CESERG um reforço de sua dimensão prática, sobretudo ao que tange a Ergonomia
de Concepção.
27
28. A Ergonomia de Concepção é a vertente da ergonomia que mais cresce, até
porque é a que tem maior campo para expansão. Ao contrário das dimensões de
correção e de conscientização, mais alinhadas ao plano físico e (bem menos)
cognitivo, a Ergonomia de Concepção ocupa-se exatamente da antecipação dos
problemas que irão se refletir em impactos físicos, cognitivos e até organizacionais.
Vale a pena citar a definição geral de Ergonomia apresentada pela ABERGO
(Associação Brasileira de Ergonomia): “Entende-se por Ergonomia o estudo das
interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando
intervenções e projetos que visem melhorar de forma integrada e não dissociada a
segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas”. Como
podemos perceber, reconhece-se a importância da integração da ação projetual com o
bem estar dos indivíduos no trabalho.
Ao deparar-se com as possibilidades ofertadas pelo conhecimento da ação
projetual, os alunos vislumbraram novos encaminhamentos em relação aos seus
respectivos trabalhos de curso. De fato, na apresentação final dos grupos cada equipe
apresentou resultados materializados de suas recomendações. Mesmo nos casos que
as ações não resultaram exatamente em um protótipo, ao serem instigados cada
grupo buscou uma representação imagética para definir seus respectivos
encaminhamentos e as soluções subseqüentes oriundas da ação projetual. Assim,
alguns grupos limitaram-se a redefinir um arranjo produtivo (layout) enquanto um outro
tratou da reformulação de todo um sistema de trabalho decorrente de uma demanda
inicial decorrente de indicadores de natureza física. Os resultados desses trabalhos,
mais especificamente das modelagens e maquetagens decorrentes do
encaminhamento das ações da demanda na empresa, estão apresentadas nas figuras
a seguir.
28
29. Outro interessante subproduto resultante das atividades relacionadas ao
processo de coordenação de curso fora de sede foi justamente a construção
compartilhada de um novo modelo de organização dos conteúdos do CESERG em
módulos. Esse novo formato, depois de discutido em colegiado, foi apropriado para a
condição de gestão da coordenação de curso local (na sede). Em outras palavras,
tivemos uma recomendação utilizada na prática para uma solução geral e não apenas
particular. Isso nos permite estabelecer a constatação que este trabalho foi concluído
a contento com resultados acima dos esperados, melhorando a eficiência da atividade
em questão e reduzindo a exigência cognitiva (estresse) do trabalho do coordenador,
assim como a carga organizacional presente no conjunto do processo estudado.
29
30. Afinal, a demanda por profissionais de Ergonomia no Brasil é muito maior do
que a capacidade instalada existente no Brasil para atendê-la. Isto tem propiciado o
surgimento de cursos de aperfeiçoamento e de especialização de diversos tipos e
níveis de qualidade. Em consonância com a história do CESERG, somente
experiências de alto nível de qualidade interessam, razão pela qual nem sempre irá
ocorrer a realização de turmas fora de sede em seqüência (ano após ano).
As recomendações aqui detalhadas para IES distantes da cidade do Rio de
Janeiro, que reúnam as condições básicas para a Habilitação e manifestem o
entusiasmo em reunir-se a uma comunidade de profissional de alto gabarito, podem
suprir, neste caso, as necessidades de um mercado onde o CESERG por razões
diversas não esteja em condição de atender.
5. RESTITUIÇÃO E VALIDAÇÃO.
Ao longo do desenvolvimento do trabalho foram realizadas diversas reuniões
de coordenação e de “colegiado” local para acompanhamento e discussões a respeito
das recomendações propostas. Vale salientar que a implementação de algumas das
modificações não obedeceu exatamente à ordem cronológica da metodologia de
análise macroergonômica, sendo implementadas na medida em que iam sendo
identificados os problemas e suas soluções. A velocidade da implementação das
possíveis intervenções foi conseqüentemente alta, fruto do engajamento direto dos
responsáveis pela coordenação e de sua atuação na linha de frente do processo.
O resultado mais importante, conforme mencionado, foi a adequação da
estrutura macrogerencial do CESERG como um todo. Ainda que o conteúdo
programático não tenha sido profundamente modificado, a estruturação por módulos
mostrou-se bem mais eficaz para o controle e gestão do curso, independente da
modalidade do mesmo (local ou fora de sede, presencial ou não presencial, etc.).
30
31. O modelo adotado pode ser observado nas figuras seguintes. A figura XX
mostra a XXXXXXXXXXXXXXXX enquanto que a figura XX faz as delimitações
metodológicas necessárias.
6. CONCLUSÃO
A demanda por profissionais de Ergonomia no Brasil é muito maior do que a
capacidade instalada existente no Brasil para atendê-la. Isto tem propiciado o
surgimento de cursos de aperfeiçoamento e de especialização de diversos tipos e
níveis de qualidade. A boa ergonomia, quando é aprendida, responde as expectativas
dos que investem seu tempo e recursos neste propósito e da própria sociedade que irá
receber os resultados deste processo. Entretanto, se não houver competência e
comprometimento com esta lógica, o retorno de um processo mal conduzido é
potencialmente devastador tanto para o indivíduo como para coletividade.
O curso de Especialização Superior em Ergonomia em Vitória (ES) , pós-
graduação Lato Sensu, foi resultado do empenho da coordenação do Laboratório
GENTE que organiza o CESERG Rio, em Parceria com a COPPE/UFRJ – centro de
excelência mundial de engenharia – e da Fundação Coppetec, que fornece apoio de
gestão ao processo. O curso visou formar especialistas em Ergonomia fornecendo
uma visão científica ampla e aprofundada acoplada a uma base metodológica e
prática, sendo realizado de acordo com as normas fixadas pelos Art. 66 e Art.44,
inciso III, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB - Lei 9.394/96) e pela
Resolução CNE/CES N.º 01/2001, observando-se as disposições normativas da norma
ERG-BR 1003 do Sistema de certificação do Ergonomista Brasileiro, SisCEB.
O Curso de Especialização Superior em Ergonomia (computando-se o Rio de
Janeiro e Salvador) representou a 12ª turma de ergonomistas.
31
32. Esta monografia tratou da Avaliação Ergonômica da atividade de coordenação,
reponsável pela organização da 12a. turma do CESERG, realizada na modalidade
“fora de sede”. Nesta modalidade, coube à COPPE/UFRJ a Coordenação Acadêmica,
tendo responsabilidade pelos conteúdos e orientação individual dos alunos, de acordo
com o projeto pedagógico registrado no INEP/MEC sob o número 4975. A
Coordenação Acadêmica também acompanhou e avaliou o programa em todas as
etapas, bem como proveu os recursos de infra-estrutura indispensáveis, mobilizando
seus melhores recursos administrativos para o êxito do empreendimento.
Ao se desenvolver e oferecer o CESERG em Vitória, buscou-se combinar o
atendimento à essa necessidade social, imperativo de multiplicação que a nação
requer, necessita e almeja em curto prazo, com a manutenção da sólida reputação do
CESERG, construída com a qualidade inquestionável da COPPE/UFRJ. De forma
resumida, devemos apresentar a seguir alguns aspectos extraídos da análise
macroergonômica.
• ASPECTO ACADÊMICO – Para os coordenadores a sensação que ficou é que
não há restrições em relação ao aproveitamento dos alunos, teor ou forma
como o curso foi conduzido. As críticas foram pontuais e geralmente limitadas
a um mesmo grupo de alunos. A maior parte das reclamações dizia respeito à
falta de mais trabalhos práticos para aplicação dos conteúdos, falta de
continuidade de alguns módulos (fisiologia, por exemplo) e a repetição de
alguns conteúdos.
• ASPECTO ADMINISTRATIVO – Restrições realmente existiram neste aspecto,
porém caso fosse possível contar com um pouco mais de recursos, poderia-se
contratar alguém para auxiliar na coordenação local. Isso chegou a ser
oferecido pelo coordenador local, mas não se materializou. Essa pessoa
poderia ter realizado atividades de suporte importantes, por exemplo, fazer o
32
33. upload dos conteúdos de aula, imprimir folha ergonômica, lista de freqüência e
FPD, dentre outras.
• ASPECTO ESTRATÉGICO – A análise do ponto de vista da gestão estratégia
é complexa. Ficar, complicado, Sair, Temerário... Uma das duas formas usuais
de se avaliar um curso não gratuito como o nosso é pela retenção de alunos e
continuidade. Com todos os problemas, só houve duas desistências. Quanto à
continuidade, essa só não acontecerá se não quisermos. Mesmo sem
nenhuma divulgação local, apenas baseando-nos no site e no mouth-to-mouth,
já temos aproximadamente mais de 30 pré-inscritos. A pergunta que fica é se
vale a pena a manutenção de uma base de influência em Vitória, que se
encaminha para tornar-se um dos sites de maior influência da PETROBRAS
(nosso principal cliente, se não tanto do CESERG, mas certamente do
Laboratório como um todo). Se sairmos alguém irá ocupar o nosso espaço,
seguramente. Há demanda para isso com certeza. O CESERG funciona como
um imã, atraindo corações e mentes para nossa missão enquanto instituição. E
essas pessoas podem nos ajudar (como foi o caso da Joana em Salvador e de
certa forma da Cristina em Macaé) em circunstâncias onde networking tem um
papel fundamental.
O programa piloto aqui apresentado e avaliado merece ser ampliado, porém
deve se voltar para instituições que reúnam as condições básicas para a Habilitação e
que manifestem o entusiasmo em reunir-se a uma comunidade de profissional de alto
gabarito e que demonstrem sua inteligência em obter o que de melhor o mercado
pode lhes oferecer em pós-graduação lato-sensu.
Neste estudo também ficou explícita a comum distância entre a elaboração de
um projeto (previsão e antecipação das atividades de coordenação) e a atividade real,
pela desconsideração de variáveis perturbadoras do planejamento original e,
conseqüentemente das ações de coordenação. Muitas dessas ações só se tornaram
33
34. possíveis através de regulações ou ajustes, como na substituição do primeiro local em
que o curso foi realizado, por exemplo. Do ponto de vista dos mecanismos de gestão,
isso é um indicador poderoso da correlação entre a Ergonomia e a Gestão de
Projetos, devido a importância da comunicação e relações humanas em ambos
contextos. A introdução da disciplina de Ergonomia no currículo obrigatório das
faculdades de administração e tecnológicos de gestão é extremamente positiva na
redução desta distância. (ENCAIXAR ALGO DA NR 17)
A importância da valorização da fase de planejamento dos aspectos logísticos
está de acordo com o fato explicitado por ACKOFF (1974): “uma solução bem
sucedida para qualquer problema só é possível se encontrarmos a solução certa para
o problema certo: é mais freqüente errar porque se solucionou o problema errado do
que errar porque se adotou uma solução errada para o problema certo”. Em outras
palavras, sucesso e fracasso são faces de uma mesma moeda. Estatisticamente, a
solução é determinística, com chances idênticas de resultados. Na prática, porém,
podemos modificar o sistema de lançar a moeda de tal forma a forçar a ocorrência de
um dos dois resultados. Desnecessário prever qual, não é mesmo?
34
35. BIBLIOGRAFIA
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Regulamentadora nº 17. 2. ed. Brasília: MTE, SIT, 2002.
COLARES, L. G. T. & FREITAS, C. M. Processo de Trabalho e Saúde de
Trabalhadores de uma Unidade de Alimentação e Nutrição: entre a prescrição e
o real do trabalho. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 12, 2007.
FALZON Pierre, Ergonomia, Paris, Editora Blucher 2007.
GUÉRIN, F. & Cols. Compreender o trabalho para transformá-lo.São Paulo:
Editora Edgard Blucher ltda. 2001
MORAES, Ana Maria de & MONT’ALVÃO, Claudia. Ergonomia: conceitos e
aplicações. Rio de Janeiros: 2AB, 2000 (2ª Edição, ampliada)
IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgar Blücher, 1990.
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