SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
Baixar para ler offline
Resumo do livro "Ofício do Mestre" - Imagens e auto-imagens
Miguel G. Arroyo - Editora Vozes - 2a
edição
Em "Ofício do Mestre", Miguel Arroyo pretende abrir um diálogo franco com professores sobre
professores. Propondo reflexões, o autor traz o magistério para o centro do movimento de
renovação pedagógica. Sua intenção é a de desfazer um imaginário social que minimiza o papel
do mestre. É um trabalho árduo, uma vez que o próprio professor tem uma imagem confusa de si
mesmo e de sua função. A proposta do autor é a de discutir sobre a reconstrução do perfil do
mestre, paralelamente, ao trabalho de configuração da categoria do magistério, como uma classe
definida em seu perfil profissional. Este processo implica em uma luta árdua e lenta, o que vem
sendo realizado através de décadas. Ao longo dos anos, a busca de significado de seu ofício,
obrigou o mestre a se engajar nos movimentos sociais e políticos de sua época, tentando explicá-
los para então poder entender o seu próprio papel como educador. A conclusão é que a
compreensão do seu ofício se confunde com a sua compreensão, enquanto sujeito participante e
politizado, engajado na sociedade.
Vem se percebendo, ao longo das últimas décadas, uma preocupação comum entre os
professores. Preocupação para dominar saberes, para melhor se qualificar, para adequar sua
função social aos novos tempos, novos conhecimentos e novas tecnologias. Nem por isso eles
vêm conseguindo um maior reconhecimento social. Há, sem dúvida, algo mais profundo na
questão: uma reflexão sobre o sentido social de sua condição de mestre. Esta deve ser a maior
preocupação. Este é o caminho para a busca da identidade social e reconhecimento profissional.
Uma tentativa de formar um perfil ou uma cultura não se consegue somando conhecimentos ou
especializações, mas antes de tudo, se consegue formando uma consciência de classe , definindo
papéis e se preparando para atuar em seu tempo e espaço.
Muitos congressos e encontros de educação tentam discutir a questão do "Quem é o Professor",
mas se perdem em discussões tecnicistas, de conteúdo, de currículos. O ideal seria promover
encontros que dessem oportunidade de se verificar o quanto se é, o quanto se foi e o quanto se
deseja ser gente e, conseqüentemente, professores. A busca da identidade social está na busca
de si próprio, na busca da história de cada um.
Evidentemente, a função de professor não se limita em ser bom, carinhoso ou até mesmo
competente. É preciso pensar nele próprio como um eterno aprendiz em busca de aprimoramento
constante (neste instante a situação do mestre é a mesma de qualquer profissional em tempos de
forte competição).
Ser educador é um modo de ser, é um dever ser. Ele deve cuidar de seu percurso de vida, ser
pedagogo de si mesmo. Manter uma conversa permanente consigo sobre sua formação. A
valorização social depende, antes de tudo, da auto-valorização.
Há de se reconhecer que as condições precárias de trabalho, os baixos salários, a falta de
estabilidade, a condição de “aulista”, o fraco ambiente cultural das escolas, não apenas limitam a
qualidade da docência, como impossibilitam uma auto-formação. As escolas devem se tornar mais
humanas.
As condições que impedem ou permitem a aprendizagem humanizadora são materiais, mas
também são de estrutura, de organização. O clima escolar burocrático, normatizado, a
organização graduada e disciplinar levam o professor apenas a representar o seu papel de
transmissor de conhecimentos. Neste tipo de organização se nega a possibilidade de se dar um
salto para uma relação pedagógica com base no diálogo, no convívio social, e, principalmente,
com base na interação entre as gerações professor / aluno. É, justamente, neste aspecto que está
o ponto mais fraco de nossas escolas. O distanciamento entre mestres e alunos impede o
desenvolvimento humano de ambas as partes. Diminuir essa distância é o maior desafio das
instituições, e talvez seja este o ponto de partida para uma reconstrução da imagem do mestre.
Essa matriz pedagógica deve ser recuperada ou construída.
A luta continua... O processo de redefinição da função escolar deve incluir também os cursos de
magistério. A formação dos mestres deverá se dar através do diálogo com a prática, nas
interrogações vindas do convívio com a infância, adolescência e juventude, nos confrontos
políticos, na sensibilidade com a dinâmica social e cultural. É dessa maneira que se formará um
educador com espírito crítico, com postura pedagógica, que lhe permitirá estar atento à realidade
onde se formam os educadores - uma docência mais humana! Mas, a realidade é outra! O ofício
de mestre, entendido como arte, que supõe sensibilidade, intuição, sintonia com a vida, está
confuso. A categoria de professores vem se perguntando: Por que este conceito tão desfigurado
da educação e dos educadores?
Através de muitos encontros, congressos, oficinas, leituras, os professores estão aprendendo que
todo ofício, para se firmar, socialmente, deve estar respaldado em uma cultura profissional. Antes
de mais nada, deve-se lutar para construir uma consciência de classe, ética, política e profissional.
As preocupações mais recentes têm-se voltado para essas questões. Sabe-se que o
reconhecimento social só se dará na medida em que o campo da educação básica for se
firmando em nossa cultura como convicção moral e política. Onde não há uma visão de educação
básica, universal, de educação como direito humano, não haverá possibilidade de se firmar uma
cultura profissional, uma cultura de magistério. Este vem fincando raízes nos valores sociais, pois
está claro que sua luta de classe se identifica com a luta pelos direitos humanos.
Sendo assim, a luta dos mestres pela valorização do ofício e a busca de sua identidade é a
mesma de qualquer trabalhador que luta pelo seu direito mais elementar, ou seja, o de ser
reconhecido como trabalhador. Sua luta é inseparável dos processos culturais que são lentos,
mas que devem ser construídos. Seu reconhecimento social passa pela afirmação de uma cultura
pública e da vinculação da educação escolar a essa cultura e da inclusão da educação no campo
dos direitos sociais e humanos. A categoria precisa se firmar como profissional e pouco adianta
lutar por salários e por reconhecimento social se o professor continuar se vendo com o professor
“ensinante”. Essa imagem é pobre e, com ela não se espera valorização social.
O cerne da questão do prestígio ou desprestígio social e profissional, está na visão estreita ou
alargada de ensino ou de educação.
O ofício de mestre só terá sentido na medida em que o próprio mestre se buscar como tal, sendo
ele o próprio protagonista da sua história de mestre.
A luta é sua, caro mestre!

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Eja metodologia políticas públicas de eja
Eja   metodologia políticas públicas de ejaEja   metodologia políticas públicas de eja
Eja metodologia políticas públicas de eja
Paulo Sérgio
 
Meu pré projeto joiara nara
Meu pré projeto joiara naraMeu pré projeto joiara nara
Meu pré projeto joiara nara
joiramara
 
Gestão democrática
Gestão democráticaGestão democrática
Gestão democrática
appfoz
 
Projeto político pedagógico ppp
Projeto político pedagógico pppProjeto político pedagógico ppp
Projeto político pedagógico ppp
gisianevieiraanana
 
Becker, fernando educaçao e construcao do conhecimento
Becker, fernando   educaçao e construcao do conhecimentoBecker, fernando   educaçao e construcao do conhecimento
Becker, fernando educaçao e construcao do conhecimento
marcaocampos
 
Ler e escrever na escola o real o possivel e o necessario delia lerner
Ler e escrever na escola o real o possivel e o necessario delia lernerLer e escrever na escola o real o possivel e o necessario delia lerner
Ler e escrever na escola o real o possivel e o necessario delia lerner
Monica Oliveira
 

Mais procurados (20)

Formação de docentes
Formação de docentesFormação de docentes
Formação de docentes
 
Organização e gestão da escola
Organização e gestão da escolaOrganização e gestão da escola
Organização e gestão da escola
 
Indisciplina escolar
Indisciplina escolarIndisciplina escolar
Indisciplina escolar
 
resumo-de-avaliação-mediadora-jussara-hoffmann
 resumo-de-avaliação-mediadora-jussara-hoffmann resumo-de-avaliação-mediadora-jussara-hoffmann
resumo-de-avaliação-mediadora-jussara-hoffmann
 
Projeto familia na escola
Projeto familia na escolaProjeto familia na escola
Projeto familia na escola
 
Eja metodologia políticas públicas de eja
Eja   metodologia políticas públicas de ejaEja   metodologia políticas públicas de eja
Eja metodologia políticas públicas de eja
 
Formação docente
Formação docenteFormação docente
Formação docente
 
Organização do tempo e do espaço escolar
Organização do tempo e do espaço escolarOrganização do tempo e do espaço escolar
Organização do tempo e do espaço escolar
 
Julio Groppa Aquino - indisciplina na escola
Julio Groppa Aquino - indisciplina na escolaJulio Groppa Aquino - indisciplina na escola
Julio Groppa Aquino - indisciplina na escola
 
A atuação do pedagogo em espaços não escolares
A atuação do pedagogo em espaços não escolaresA atuação do pedagogo em espaços não escolares
A atuação do pedagogo em espaços não escolares
 
Fichamento do livro de Carlos Brandão "O Que é Educação Popular" cap. 2 e 3
 Fichamento do livro de Carlos Brandão "O Que é Educação Popular" cap. 2 e 3 Fichamento do livro de Carlos Brandão "O Que é Educação Popular" cap. 2 e 3
Fichamento do livro de Carlos Brandão "O Que é Educação Popular" cap. 2 e 3
 
Slides educacao inclusiva-e_educacao_especial
Slides educacao inclusiva-e_educacao_especialSlides educacao inclusiva-e_educacao_especial
Slides educacao inclusiva-e_educacao_especial
 
"Tendências pedagógicas"
"Tendências pedagógicas""Tendências pedagógicas"
"Tendências pedagógicas"
 
Meu pré projeto joiara nara
Meu pré projeto joiara naraMeu pré projeto joiara nara
Meu pré projeto joiara nara
 
Gestão democrática
Gestão democráticaGestão democrática
Gestão democrática
 
Projeto político pedagógico ppp
Projeto político pedagógico pppProjeto político pedagógico ppp
Projeto político pedagógico ppp
 
Ppt paulo freire
Ppt paulo freire Ppt paulo freire
Ppt paulo freire
 
Becker, fernando educaçao e construcao do conhecimento
Becker, fernando   educaçao e construcao do conhecimentoBecker, fernando   educaçao e construcao do conhecimento
Becker, fernando educaçao e construcao do conhecimento
 
Prática educativa, pedagogia e didática
Prática educativa, pedagogia e didáticaPrática educativa, pedagogia e didática
Prática educativa, pedagogia e didática
 
Ler e escrever na escola o real o possivel e o necessario delia lerner
Ler e escrever na escola o real o possivel e o necessario delia lernerLer e escrever na escola o real o possivel e o necessario delia lerner
Ler e escrever na escola o real o possivel e o necessario delia lerner
 

Semelhante a Arroyo, miguel g. oficio de mestre

Arroyo, miguel g. oficio de mestre
Arroyo, miguel g.  oficio de mestreArroyo, miguel g.  oficio de mestre
Arroyo, miguel g. oficio de mestre
Priscila Macedo
 
Formação permanente
Formação permanenteFormação permanente
Formação permanente
Eduardo Lopes
 
SOCIALIZAÇÃO DE UMA PROFESSORA INICIANTE DE CIÊNCIAS NATURAIS: EM BUSCA DA PR...
SOCIALIZAÇÃO DE UMA PROFESSORA INICIANTE DE CIÊNCIAS NATURAIS: EM BUSCA DA PR...SOCIALIZAÇÃO DE UMA PROFESSORA INICIANTE DE CIÊNCIAS NATURAIS: EM BUSCA DA PR...
SOCIALIZAÇÃO DE UMA PROFESSORA INICIANTE DE CIÊNCIAS NATURAIS: EM BUSCA DA PR...
ProfessorPrincipiante
 
A história e os caminhos da gestão escolar
A história e os caminhos da gestão escolarA história e os caminhos da gestão escolar
A história e os caminhos da gestão escolar
marliceci
 
40868 texto do artigo-171561-1-10-20160419
40868 texto do artigo-171561-1-10-2016041940868 texto do artigo-171561-1-10-20160419
40868 texto do artigo-171561-1-10-20160419
patyferrari2
 
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênioSão vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
Tania Braga
 
Reflexões sobre os caminhos e descaminhos de ser professor - Facci
Reflexões sobre os caminhos e descaminhos de ser professor - Facci Reflexões sobre os caminhos e descaminhos de ser professor - Facci
Reflexões sobre os caminhos e descaminhos de ser professor - Facci
cefaidreguaianases
 
Educadores Sociais - Quem são e o que fazem
Educadores Sociais - Quem são e o que fazemEducadores Sociais - Quem são e o que fazem
Educadores Sociais - Quem são e o que fazem
sandrinavalente
 

Semelhante a Arroyo, miguel g. oficio de mestre (20)

Arroyo, miguel g. oficio de mestre
Arroyo, miguel g.  oficio de mestreArroyo, miguel g.  oficio de mestre
Arroyo, miguel g. oficio de mestre
 
Formação permanente
Formação permanenteFormação permanente
Formação permanente
 
SOCIALIZAÇÃO DE UMA PROFESSORA INICIANTE DE CIÊNCIAS NATURAIS: EM BUSCA DA PR...
SOCIALIZAÇÃO DE UMA PROFESSORA INICIANTE DE CIÊNCIAS NATURAIS: EM BUSCA DA PR...SOCIALIZAÇÃO DE UMA PROFESSORA INICIANTE DE CIÊNCIAS NATURAIS: EM BUSCA DA PR...
SOCIALIZAÇÃO DE UMA PROFESSORA INICIANTE DE CIÊNCIAS NATURAIS: EM BUSCA DA PR...
 
A formação de professores para a diversidade na perspectiva de paulo freire
A formação de professores para a diversidade na perspectiva de paulo freireA formação de professores para a diversidade na perspectiva de paulo freire
A formação de professores para a diversidade na perspectiva de paulo freire
 
Orientador
OrientadorOrientador
Orientador
 
A história e os caminhos da gestão escolar
A história e os caminhos da gestão escolarA história e os caminhos da gestão escolar
A história e os caminhos da gestão escolar
 
Projeto apresentado ao Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná como requis...
Projeto apresentado ao Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná como requis...Projeto apresentado ao Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná como requis...
Projeto apresentado ao Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná como requis...
 
40868 texto do artigo-171561-1-10-20160419
40868 texto do artigo-171561-1-10-2016041940868 texto do artigo-171561-1-10-20160419
40868 texto do artigo-171561-1-10-20160419
 
Cartas para quem ousa ensinar
Cartas para quem ousa ensinarCartas para quem ousa ensinar
Cartas para quem ousa ensinar
 
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênioSão vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
 
Reflexões sobre os caminhos e descaminhos de ser professor - Facci
Reflexões sobre os caminhos e descaminhos de ser professor - Facci Reflexões sobre os caminhos e descaminhos de ser professor - Facci
Reflexões sobre os caminhos e descaminhos de ser professor - Facci
 
Reflexões sobre os caminhos e descaminhos de ser professor: uma contribuição ...
Reflexões sobre os caminhos e descaminhos de ser professor: uma contribuição ...Reflexões sobre os caminhos e descaminhos de ser professor: uma contribuição ...
Reflexões sobre os caminhos e descaminhos de ser professor: uma contribuição ...
 
22 a formacao de professores para e jovens e adultos
22 a formacao de professores para e jovens e adultos22 a formacao de professores para e jovens e adultos
22 a formacao de professores para e jovens e adultos
 
Antonio Novoa
Antonio NovoaAntonio Novoa
Antonio Novoa
 
PROFESSOR INICIANTE: O SER E ESTAR NA PROFISSÃO DOCENTE
PROFESSOR INICIANTE: O SER E ESTAR NA PROFISSÃO DOCENTEPROFESSOR INICIANTE: O SER E ESTAR NA PROFISSÃO DOCENTE
PROFESSOR INICIANTE: O SER E ESTAR NA PROFISSÃO DOCENTE
 
Grupo operativo como estratégia de mudança e aprendizagem
Grupo operativo como estratégia de mudança e aprendizagemGrupo operativo como estratégia de mudança e aprendizagem
Grupo operativo como estratégia de mudança e aprendizagem
 
PROFESSOR INICIANTE DE EDUCAÇÃO FÍSICA: VALORIZANDO TRAJETÓRIAS E CONQUISTAS ...
PROFESSOR INICIANTE DE EDUCAÇÃO FÍSICA: VALORIZANDO TRAJETÓRIAS E CONQUISTAS ...PROFESSOR INICIANTE DE EDUCAÇÃO FÍSICA: VALORIZANDO TRAJETÓRIAS E CONQUISTAS ...
PROFESSOR INICIANTE DE EDUCAÇÃO FÍSICA: VALORIZANDO TRAJETÓRIAS E CONQUISTAS ...
 
Livro didática
Livro didáticaLivro didática
Livro didática
 
Educadores Sociais - Quem são e o que fazem
Educadores Sociais - Quem são e o que fazemEducadores Sociais - Quem são e o que fazem
Educadores Sociais - Quem são e o que fazem
 
Docência no Ensino Superior
Docência no Ensino SuperiorDocência no Ensino Superior
Docência no Ensino Superior
 

Mais de marcaocampos

Vigotsky, a formacao social da mente cap. 6, 7 e 8
Vigotsky, a formacao social da mente  cap. 6, 7 e 8Vigotsky, a formacao social da mente  cap. 6, 7 e 8
Vigotsky, a formacao social da mente cap. 6, 7 e 8
marcaocampos
 
Tardif, maurice saberes docentes e formação profissioanal
Tardif, maurice   saberes docentes e formação profissioanalTardif, maurice   saberes docentes e formação profissioanal
Tardif, maurice saberes docentes e formação profissioanal
marcaocampos
 
Sousa. sandra m. zakia avaliacao na organizacao do ensino
Sousa. sandra m. zakia   avaliacao na organizacao do ensino Sousa. sandra m. zakia   avaliacao na organizacao do ensino
Sousa. sandra m. zakia avaliacao na organizacao do ensino
marcaocampos
 
Soares, magda linguagem e escola
Soares, magda   linguagem e escolaSoares, magda   linguagem e escola
Soares, magda linguagem e escola
marcaocampos
 
Sawaia, bader as artimanhas da exclusao
Sawaia, bader   as artimanhas da exclusaoSawaia, bader   as artimanhas da exclusao
Sawaia, bader as artimanhas da exclusao
marcaocampos
 
Saul, ana maria paulo freire e a formacao de educadores
Saul, ana maria   paulo freire e a formacao de educadoresSaul, ana maria   paulo freire e a formacao de educadores
Saul, ana maria paulo freire e a formacao de educadores
marcaocampos
 
Sacristan, jose g., a educacao que temos
Sacristan, jose g., a educacao que temosSacristan, jose g., a educacao que temos
Sacristan, jose g., a educacao que temos
marcaocampos
 
Sacristan, josé e gomes, peres, a.i as funções sociais da
Sacristan, josé e gomes, peres, a.i   as funções sociais da Sacristan, josé e gomes, peres, a.i   as funções sociais da
Sacristan, josé e gomes, peres, a.i as funções sociais da
marcaocampos
 
Piaget, jean para onde vai a educação
Piaget, jean para onde vai a educaçãoPiaget, jean para onde vai a educação
Piaget, jean para onde vai a educação
marcaocampos
 
Perrenoud, phillipie ensinando competencias
Perrenoud, phillipie   ensinando competenciasPerrenoud, phillipie   ensinando competencias
Perrenoud, phillipie ensinando competencias
marcaocampos
 
Perrenoud, phillipie dez competencias para ensinar
Perrenoud, phillipie   dez competencias para ensinarPerrenoud, phillipie   dez competencias para ensinar
Perrenoud, phillipie dez competencias para ensinar
marcaocampos
 
Perrenoud, phillipe pedagogia diferenciada- da inteção a a
Perrenoud, phillipe   pedagogia diferenciada- da inteção a aPerrenoud, phillipe   pedagogia diferenciada- da inteção a a
Perrenoud, phillipe pedagogia diferenciada- da inteção a a
marcaocampos
 
Peb i hipóteses de escrita texto
Peb i hipóteses de  escrita  textoPeb i hipóteses de  escrita  texto
Peb i hipóteses de escrita texto
marcaocampos
 
Peb i hipotese leitura texto
Peb i hipotese leitura   textoPeb i hipotese leitura   texto
Peb i hipotese leitura texto
marcaocampos
 
PEB l analise de texto
PEB l analise de textoPEB l analise de texto
PEB l analise de texto
marcaocampos
 
Oliveira, marta kholl vigostski - aprendizado e desenvolvi
Oliveira, marta kholl   vigostski - aprendizado e desenvolviOliveira, marta kholl   vigostski - aprendizado e desenvolvi
Oliveira, marta kholl vigostski - aprendizado e desenvolvi
marcaocampos
 
Mantoan, maria tereza égler, integracao de pessoas com defi
Mantoan, maria tereza égler, integracao  de pessoas com defiMantoan, maria tereza égler, integracao  de pessoas com defi
Mantoan, maria tereza égler, integracao de pessoas com defi
marcaocampos
 
Macedo, lino, como construir uma escola para todos
Macedo, lino, como construir uma escola para todosMacedo, lino, como construir uma escola para todos
Macedo, lino, como construir uma escola para todos
marcaocampos
 
Linhares, célia os professores e a reinvencao da escola
Linhares, célia   os professores e a reinvencao da escolaLinhares, célia   os professores e a reinvencao da escola
Linhares, célia os professores e a reinvencao da escola
marcaocampos
 
Lerner,delia ler e escrever na escola 3
Lerner,delia   ler e escrever na escola 3Lerner,delia   ler e escrever na escola 3
Lerner,delia ler e escrever na escola 3
marcaocampos
 

Mais de marcaocampos (20)

Vigotsky, a formacao social da mente cap. 6, 7 e 8
Vigotsky, a formacao social da mente  cap. 6, 7 e 8Vigotsky, a formacao social da mente  cap. 6, 7 e 8
Vigotsky, a formacao social da mente cap. 6, 7 e 8
 
Tardif, maurice saberes docentes e formação profissioanal
Tardif, maurice   saberes docentes e formação profissioanalTardif, maurice   saberes docentes e formação profissioanal
Tardif, maurice saberes docentes e formação profissioanal
 
Sousa. sandra m. zakia avaliacao na organizacao do ensino
Sousa. sandra m. zakia   avaliacao na organizacao do ensino Sousa. sandra m. zakia   avaliacao na organizacao do ensino
Sousa. sandra m. zakia avaliacao na organizacao do ensino
 
Soares, magda linguagem e escola
Soares, magda   linguagem e escolaSoares, magda   linguagem e escola
Soares, magda linguagem e escola
 
Sawaia, bader as artimanhas da exclusao
Sawaia, bader   as artimanhas da exclusaoSawaia, bader   as artimanhas da exclusao
Sawaia, bader as artimanhas da exclusao
 
Saul, ana maria paulo freire e a formacao de educadores
Saul, ana maria   paulo freire e a formacao de educadoresSaul, ana maria   paulo freire e a formacao de educadores
Saul, ana maria paulo freire e a formacao de educadores
 
Sacristan, jose g., a educacao que temos
Sacristan, jose g., a educacao que temosSacristan, jose g., a educacao que temos
Sacristan, jose g., a educacao que temos
 
Sacristan, josé e gomes, peres, a.i as funções sociais da
Sacristan, josé e gomes, peres, a.i   as funções sociais da Sacristan, josé e gomes, peres, a.i   as funções sociais da
Sacristan, josé e gomes, peres, a.i as funções sociais da
 
Piaget, jean para onde vai a educação
Piaget, jean para onde vai a educaçãoPiaget, jean para onde vai a educação
Piaget, jean para onde vai a educação
 
Perrenoud, phillipie ensinando competencias
Perrenoud, phillipie   ensinando competenciasPerrenoud, phillipie   ensinando competencias
Perrenoud, phillipie ensinando competencias
 
Perrenoud, phillipie dez competencias para ensinar
Perrenoud, phillipie   dez competencias para ensinarPerrenoud, phillipie   dez competencias para ensinar
Perrenoud, phillipie dez competencias para ensinar
 
Perrenoud, phillipe pedagogia diferenciada- da inteção a a
Perrenoud, phillipe   pedagogia diferenciada- da inteção a aPerrenoud, phillipe   pedagogia diferenciada- da inteção a a
Perrenoud, phillipe pedagogia diferenciada- da inteção a a
 
Peb i hipóteses de escrita texto
Peb i hipóteses de  escrita  textoPeb i hipóteses de  escrita  texto
Peb i hipóteses de escrita texto
 
Peb i hipotese leitura texto
Peb i hipotese leitura   textoPeb i hipotese leitura   texto
Peb i hipotese leitura texto
 
PEB l analise de texto
PEB l analise de textoPEB l analise de texto
PEB l analise de texto
 
Oliveira, marta kholl vigostski - aprendizado e desenvolvi
Oliveira, marta kholl   vigostski - aprendizado e desenvolviOliveira, marta kholl   vigostski - aprendizado e desenvolvi
Oliveira, marta kholl vigostski - aprendizado e desenvolvi
 
Mantoan, maria tereza égler, integracao de pessoas com defi
Mantoan, maria tereza égler, integracao  de pessoas com defiMantoan, maria tereza égler, integracao  de pessoas com defi
Mantoan, maria tereza égler, integracao de pessoas com defi
 
Macedo, lino, como construir uma escola para todos
Macedo, lino, como construir uma escola para todosMacedo, lino, como construir uma escola para todos
Macedo, lino, como construir uma escola para todos
 
Linhares, célia os professores e a reinvencao da escola
Linhares, célia   os professores e a reinvencao da escolaLinhares, célia   os professores e a reinvencao da escola
Linhares, célia os professores e a reinvencao da escola
 
Lerner,delia ler e escrever na escola 3
Lerner,delia   ler e escrever na escola 3Lerner,delia   ler e escrever na escola 3
Lerner,delia ler e escrever na escola 3
 

Arroyo, miguel g. oficio de mestre

  • 1. Resumo do livro "Ofício do Mestre" - Imagens e auto-imagens Miguel G. Arroyo - Editora Vozes - 2a edição Em "Ofício do Mestre", Miguel Arroyo pretende abrir um diálogo franco com professores sobre professores. Propondo reflexões, o autor traz o magistério para o centro do movimento de renovação pedagógica. Sua intenção é a de desfazer um imaginário social que minimiza o papel do mestre. É um trabalho árduo, uma vez que o próprio professor tem uma imagem confusa de si mesmo e de sua função. A proposta do autor é a de discutir sobre a reconstrução do perfil do mestre, paralelamente, ao trabalho de configuração da categoria do magistério, como uma classe definida em seu perfil profissional. Este processo implica em uma luta árdua e lenta, o que vem sendo realizado através de décadas. Ao longo dos anos, a busca de significado de seu ofício, obrigou o mestre a se engajar nos movimentos sociais e políticos de sua época, tentando explicá- los para então poder entender o seu próprio papel como educador. A conclusão é que a compreensão do seu ofício se confunde com a sua compreensão, enquanto sujeito participante e politizado, engajado na sociedade. Vem se percebendo, ao longo das últimas décadas, uma preocupação comum entre os professores. Preocupação para dominar saberes, para melhor se qualificar, para adequar sua função social aos novos tempos, novos conhecimentos e novas tecnologias. Nem por isso eles vêm conseguindo um maior reconhecimento social. Há, sem dúvida, algo mais profundo na questão: uma reflexão sobre o sentido social de sua condição de mestre. Esta deve ser a maior preocupação. Este é o caminho para a busca da identidade social e reconhecimento profissional. Uma tentativa de formar um perfil ou uma cultura não se consegue somando conhecimentos ou especializações, mas antes de tudo, se consegue formando uma consciência de classe , definindo papéis e se preparando para atuar em seu tempo e espaço. Muitos congressos e encontros de educação tentam discutir a questão do "Quem é o Professor", mas se perdem em discussões tecnicistas, de conteúdo, de currículos. O ideal seria promover encontros que dessem oportunidade de se verificar o quanto se é, o quanto se foi e o quanto se deseja ser gente e, conseqüentemente, professores. A busca da identidade social está na busca de si próprio, na busca da história de cada um. Evidentemente, a função de professor não se limita em ser bom, carinhoso ou até mesmo competente. É preciso pensar nele próprio como um eterno aprendiz em busca de aprimoramento constante (neste instante a situação do mestre é a mesma de qualquer profissional em tempos de forte competição). Ser educador é um modo de ser, é um dever ser. Ele deve cuidar de seu percurso de vida, ser pedagogo de si mesmo. Manter uma conversa permanente consigo sobre sua formação. A valorização social depende, antes de tudo, da auto-valorização. Há de se reconhecer que as condições precárias de trabalho, os baixos salários, a falta de estabilidade, a condição de “aulista”, o fraco ambiente cultural das escolas, não apenas limitam a qualidade da docência, como impossibilitam uma auto-formação. As escolas devem se tornar mais humanas. As condições que impedem ou permitem a aprendizagem humanizadora são materiais, mas também são de estrutura, de organização. O clima escolar burocrático, normatizado, a organização graduada e disciplinar levam o professor apenas a representar o seu papel de transmissor de conhecimentos. Neste tipo de organização se nega a possibilidade de se dar um
  • 2. salto para uma relação pedagógica com base no diálogo, no convívio social, e, principalmente, com base na interação entre as gerações professor / aluno. É, justamente, neste aspecto que está o ponto mais fraco de nossas escolas. O distanciamento entre mestres e alunos impede o desenvolvimento humano de ambas as partes. Diminuir essa distância é o maior desafio das instituições, e talvez seja este o ponto de partida para uma reconstrução da imagem do mestre. Essa matriz pedagógica deve ser recuperada ou construída. A luta continua... O processo de redefinição da função escolar deve incluir também os cursos de magistério. A formação dos mestres deverá se dar através do diálogo com a prática, nas interrogações vindas do convívio com a infância, adolescência e juventude, nos confrontos políticos, na sensibilidade com a dinâmica social e cultural. É dessa maneira que se formará um educador com espírito crítico, com postura pedagógica, que lhe permitirá estar atento à realidade onde se formam os educadores - uma docência mais humana! Mas, a realidade é outra! O ofício de mestre, entendido como arte, que supõe sensibilidade, intuição, sintonia com a vida, está confuso. A categoria de professores vem se perguntando: Por que este conceito tão desfigurado da educação e dos educadores? Através de muitos encontros, congressos, oficinas, leituras, os professores estão aprendendo que todo ofício, para se firmar, socialmente, deve estar respaldado em uma cultura profissional. Antes de mais nada, deve-se lutar para construir uma consciência de classe, ética, política e profissional. As preocupações mais recentes têm-se voltado para essas questões. Sabe-se que o reconhecimento social só se dará na medida em que o campo da educação básica for se firmando em nossa cultura como convicção moral e política. Onde não há uma visão de educação básica, universal, de educação como direito humano, não haverá possibilidade de se firmar uma cultura profissional, uma cultura de magistério. Este vem fincando raízes nos valores sociais, pois está claro que sua luta de classe se identifica com a luta pelos direitos humanos. Sendo assim, a luta dos mestres pela valorização do ofício e a busca de sua identidade é a mesma de qualquer trabalhador que luta pelo seu direito mais elementar, ou seja, o de ser reconhecido como trabalhador. Sua luta é inseparável dos processos culturais que são lentos, mas que devem ser construídos. Seu reconhecimento social passa pela afirmação de uma cultura pública e da vinculação da educação escolar a essa cultura e da inclusão da educação no campo dos direitos sociais e humanos. A categoria precisa se firmar como profissional e pouco adianta lutar por salários e por reconhecimento social se o professor continuar se vendo com o professor “ensinante”. Essa imagem é pobre e, com ela não se espera valorização social. O cerne da questão do prestígio ou desprestígio social e profissional, está na visão estreita ou alargada de ensino ou de educação. O ofício de mestre só terá sentido na medida em que o próprio mestre se buscar como tal, sendo ele o próprio protagonista da sua história de mestre. A luta é sua, caro mestre!