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MÃE D’UMBIGO
Y’PYRUÁ SY
~ ~
MÃE D’ÁGUA
Y’SY
As Mães d’Água são as prenhas vestidas
que realizam seus nascimentos em casa,
manifestando o movimento pélvico- ventral,
a coragem, a força, a agressividade e a
liberdade das Olhos d’Água, as prenhas
nuas dos rios amazônicos. As(os) recém
nascidas(os) são recebidas(os) pelas
Mães d’Umbigo.
6ª Mallku Chanez
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IKA: Instituto Kallawaya de Pesquisa Andino
WhatsApp: 55 11 9 6329 3080
Mallku Chanez Pacha Lea Chanez
Medicina Kallawaya Itinerante
Luquiqaman Tink’u
A transcendência energética
A grande emanação das forças energéticas vibratórias,
a qual se relaciona com os movimentos magnéticos
naturais e sobrenaturais.
Era Luqiqaman Tink’u
o valor energético para uso próprio
Originário da transcendência energética do
Tiowayaku no Kollasuyo, Bolívia.
Jaxy Py’a Hu, novembro de 2019
Durante a evolução inicial da espécie étnica, a maternidade foi o único vínculo de
relacionamento reconhecido. Como qualquer grupo de mamíferos, o grupo étnico consistia em
Olhos d’Águas e as olhinhas(os) de água. O segredo da paternidade só pode ter sido revelado
aos meninos-homens pelas próprias Mães do Rio, porque elas possuem o poder da intuição, do
instinto, a levitação dos óvulos e os fluxos menstruais.
A milenar Olho d’Água, a prenha nua e a passagem
da Mãe d’Água, prenha vestida, na floresta amazônica
Primeiramente, faz-se necessário situar, na história amazônica, a Olho d’Água, a Mãe do
Rio, a prenha do renascimento e do nascimento da Olhinho d’Água, a criança nascida pela via
fluvial baixa nos rios imemoriais amazônicos.
2. A Olho d’Água, a prenha nua, a mama’e aura, como todo evento histórico tem um grande valor
para os povos originários, portanto não é uma gratuidade desligada do passado ou
descomprometida com o futuro das Mães d’Água da Amazônia. Ela se inseriu na dinâmica dos
renascimentos e dos nascimentos, as artes sobrenaturais dos rios doces, se expondo e se
escancarando através de seus domínios fluviais, permitindo-se compreender melhor a grandeza da
Mãe Natureza e da Mãe Cósmica.
3. As Olhos d’Água surgiram nos rios da Amazônia em tempos e espaços imemoriais. Quando os
euroíndios chegaram, elas estavam no apogeu de seu esplendor fluvial. A sua dilatação e a sua
flexibilidade pélvica consolidavam o renascimento da Mãe do Rio, complementado com o
nascimento da Y’Agury, a criança que vem através das águas e do fogo.
4. Elas são o pólen, as sementes e as raízes da sacha (árvore genealógica amazônica). Criaram e
organizaram uma das artes sobrenaturais mais originais e fantásticas das etnias originarias- os
renascimentos e os nascimentos de assento nos rios da Amazônia. Alimentaram-se com a Força
d’Alento Universal e com a Mãe do Fogo, a jaguaratê, transformaram-se.
5. Os euroíndios, cegos e surdos perante essa realidade, provocaram uma grande estagnação da
germinação de essas sementes e na assimilação das águas límpidas amazônicas. Iniciaram a sua
‘desbravação civilizatória’ sem tomar em conta os valores, as crenças e as práticas das etnias
originárias, o que se mantem até agora. Expuseram sua prostituição mental e literal através da
indiferença e da discriminação, contaminaram todos os fluidos e incitaram à repressão, à caça, ao
enlaçamento, aos estupros das meninas-mulheres, das meninas-moças e das mulheres-mães.
6. Mas o ressurgimento da brisa, do orvalho da Olho d’Água se deu com o surgimento da Mãe
d’Umbigo e da Mãe d’Água, agora sob a iniciativa e os cuidados da etnia Guarany Anhangatu. A
partir daí, as mama’es reencontraram finalmente seu rumo e seu destino dentro das terras da Mãe
Sol, Kuarasy.
7. É importante assinalar que a assimilação, a evolução e o ressurgimento da Mãe d’Umbigo e da
Mãe d’Água coincidiram com a consolidação do poder do matriarcado dentro da germinação
Guarany Anhangatu.
8. Águida, a Olho d’Água, se tornou a primeira Mãe d’Umbigo Raizeira conhecida na história oral
Guarany. Depois de ser dominada pela ‘razão absoluta’, foi perseguida, enlaçada, estuprada e
encarcerada pelos euroíndios.
9. Após a transformação de Águida em Mãe d’Umbigo Raizeira, os renascimentos e os
nascimentos em casa prosperaram nas comunidades e fora das áreas geográficas amazônicas. As
Mães d’Umbigo e as Mães d’Água colaboraram para uma intensa divulgação da Força d’Alento
Universal.
10. Gradativamente, as Mães d’Umbigo e as Mães d’Água passaram a se entranhar na floresta
amazônica com muita cautela, quando lhes era estritamente necessário, para não serem
enlaçadas e, assim, foram se distanciando dos rios doces outrora versos naturais de seus
renascimentos e nascimentos. Foram expressando novas afeições pela liberdade de escolha nas
práticas de nascimentos em casa sentadas no Cepinho do Fogo, fora dos rios, segundo as
caraterísticas próprias do matriarcado Guarany Anhangatu.
11. Essas influências foram marcantes no campo magnético e nas emanações energéticas das
artes sobrenaturais como é a modelagem do ‘Favo de Mel’, nos renascimentos das Mães d’Água
e nos nascimentos da Y’Agury em casa, recepcionadas, aparadas e assistidas pelas Mães
d’Umbigo Raizeiras.
12. É evidente que todas as mama’es guaranis contribuíram para a evolução do matriarcado do
Patuá da Mãe d’Umbigo e do Patuazinho da Mãe d’Água, desenvolvendo dessa forma a
receptividade, a sensibilidade, a sensitividade, a intuição e a assimilação da Mãe do Fogo, quando
sentadas no Cepinho do Fogo.
13. Essa prática das Mães d’Água se mostra intimamente ligada às artes sobrenaturais de
modelagem do ‘Favo de Mel’, influenciando, assim, decisivamente e definitivamente na sua
evolução, pela manutenção do movimento, da agressividade, da ferocidade e da coragem
dentro dos rituais de renascimentos e nascimentos.
14. Para que fosse possível conceber uma assimilação rápida, vigorosa, sentimental e sensitiva da
modelagem do ‘Favo de Mel,’ foi necessário existir inovações de iguais dimensões - levar os
renascimentos e os nascimentos de assento nos rios para os nascimentos de assento no Cepinho
do Fogo, dentro de casa.
15. Pela compreensão das transformações práticas das gestações, dos renascimentos e dos
nascimentos fechados dentro de casa, e de como esses aprendizados influenciaram em seu novo
alvorecer e no luar de um novo anoitecer, foi possível, para as prenhas vestidas, Mães d’Água, da
floresta amazônica, recepcionar princípios e comportamentos inteiramente novos.
16. Elas passaram a assimilar a Mãe Natureza e a Mãe Cósmica de forma diferente. A Mãe d’Água
caminha até sentir descer água morna fluir entre suas pernas, se senta no Cepinho do Fogo para
dar à luz, assistida pela Mãe d’Umbigo, depois do nascimento, se inspira, se ergue, se levanta e
se movimenta (Omopuã Pacha). Assim, a Mãe d’Água foi renascendo, florescendo com os
aromas, com as gotas d’orvalho, com o pólen, com o calor e com os matizes femininos de seu
novo ambiente.
17. Esse revigoramento marcou a transição da Olho d’Água para a Mãe d’Umbigo e para a Mãe
d’Água e levou a Mãe do Fogo, a jaguaratê, ao apogeu. Essas novas formas de modelagem do
‘Favo de Mel’ em casa se expandiram por meio das vias fluviais amazônicas.
18. Ressurgiram, então, os renascimentos das Olhos d’Água, Mães d’Água, com todos os poderes
energéticos, recursos, práticas e técnicas do passado.
19. Junto com elas, vieram o movimento, a coragem, a ferocidade, a agressividade, a dilatação, a
flexibilidade pélvica, as quais emigrando, aos poucos, da floresta amazônica, fecundaram e se
enraizaram no cotidiano dos nascimentos caseiros, nas mocas.
20. As Mães d’Umbigo e as Mães d’Água viram o transbordamento do potencial energético em
forma de energia funcional e as emanações em forma de emanações quentes, herdadas do poder
das jaguaratês, as Mães do Fogo, dos séculos anteriores.
O grupo étnico é o produto dos instintos das Olhos d’Água e somente daqueles; a mamã’e
étnica é o único centro e vínculo dele ... O macho não tem parte em formar a
espécie étnica; ele não é um membro essencial dela; ele pode se juntar ao
grupo materno, mas geralmente não o faz.
A Olho d’Água transformada em
Mãe d’Umbigo Raizeira e em Mãe d’Água
Na história das guaranis anhangatus amazônicas, as Olhos d’Água, as prenhas nuas, as
mama’es auras, com sua energia em harmonia e puro deleite (sem misérias, sem medos, sem
tensões, sem angústias, sem luto, sem barbáries), teceram, por séculos, teares multicoloridos com
o frescor dos orvalhos e com a umidade dos mananciais amazônicos.
2. Todos os fatos particulares tiveram que se originar de um evento universal. Esta capoeira única,
este universo continente, esta floresta que contém todas as gotas de orvalho, esta ancestralidade
é o origem, dos ritos de renascimento da Olho d’Água e os ritos de nascimento da Y’Agury, a
criança que flui das águas para as águas.
3. Os seios que contém as gotas de orvalho, as Olhos d’Água, com sua suprema tranquilidade,
cantam ao movimento, nhapuã japoraí, através de sua flexibilidade e dilatação pélvica,
fortalecidas pela valorização da sua movimento, coragem, agressividade e ferocidade como algo
formoso e bom.
4. A concepção dessas qualidades objetivamente consideráveis, integradas e apreciadas foram
engendradas pelas Olhos d’Água nos lagos, nas cachoeiras, nos riachos e rios, em seus domínios
fluviais, para a continuidade das gerações das guaranis anhangatus e outra etnias originárias. Esta
matriz de todos os movimentos fluviais, está criadora de todos estes nascimentos, é a Mãe do Rio.
5. As relações entre as guaranis anhangatus, as Olhos d’Água, as Mães d’Umbigo e as Mães
d’Água apresentam abordagens de grandes assimilações estruturais, de sobrenatureza, de
cadencia, de sentimento, de vibrações e de emanações energéticas, originadas nas florestas da
mãe sol.
6. Ao deslumbrarmos especificamente com as práticas do renascimento da Mãe d’Água e do
nascimento da Y’Agury das Guarany Anhangatu, verificamos que, sem dúvida alguma, essas
práticas se destacam das demais etnias amazônicas pela evolução de suas artes sobrenaturais e
de seus bens sobrenaturais.
7. Suas inspirações sobrenaturais, seus movimentos energéticos e a fluidez de seus suspiros,
foram e são fatos constantes, determinados, que tem seus períodos marcados pelos ciclos da
natureza, assim se deu início a uma primeira aliança entre a Olho d’Água e a Jaguaratê, a Mãe do
Fogo.
8. Transformada a Olho d’Água em Mãe do Fogo, energizava suas forças perante o nascimento
sobrenatural de seu novo coração, sua criança. A sua ferocidade expansiva, a sua latente
agressividade e a sua obstinada coragem se faziam presentes no seu renascimento e no
nascimento da nova vida.
9. Ao amarrar o cordão umbilical da Olhinho d’Água, criança, com embira e cortá-lo com os dentes,
sua coragem se multiplicava. Quando o Anel d’Aguaí, placenta, se deslizava, ela o digeria.
10. A transformação da Olho d’Água em Mãe d’Umbigo Raizeira e em Mãe d’Água fez com que
se estabelecesse uma nova aliança entre elas e a Mãe Cósmica e a Mãe Natureza.
11. A Mãe d’Umbigo, que também por outras significa, comover, agitar, dar vaivém, dar
alternativas às Mães d’Água, como a tempestade que da vaivém aos mares. Isto nos demostra
que a Mãe d’Umbigo Raizeira significa um novo movimento, uma mudança de atitudes, de
direção, de comportamento, instigadora dos pensamentos, a inteligência ativa e poderosa,
impulsionou uma arte sobrenatural emocionalmente tocante.
12. A Mãe d’Umbigo Raizeira adquiriu poderes medicinais herbívoros ao recrear seus poderes
sensitivos, intuitivos e perceptivos, ao recolher sementes, raízes, folhas, troncos, para conceder
assistência e ajuda à Mãe d’Água, a prenha flexível sentada no Cepinho do Fogo em casa.
13. A Mãe d’Água, por sua vez, adquiriu movimentos energéticos diferenciados e intensificados ao
sentar-se, dilatar e flexionar sua pélvis no Cepinho do Fogo, ao deixar de morder o cordão
umbilical e fazer fluir o Anel d’Aguaí, a placenta, para as mãos da Mãe d’Umbigo. Depois, pedia-se
a um parente para que a enterrasse debaixo de uma árvore, o Patuá, a qual, mais tarde, serviu
como referência para a criação dos amuletos, os Patuás de renascimento e de nascimento.
14. Os Patuás, amuletos, se definem como uma força com emanações energéticas que se aloja no
pya’, coração, da Mãe d’Água. Quando se invocava o Patuá da Mãe d’Umbigo, ela trazia o
Patuazinho para a Mãe d’Água, para a complementação dos renascimentos e dos nascimentos em
casa.
15. Não se pode deixar de considerar a importância das Olhos d’Água, das Mães d’Água e das
Mães d’Umbigo Raizeira na transição, na transformação, assim, nasce um a nova semente que
germina, o que se recolhe, na elaboração e na nova modelação do ‘Favo de Mel’ dos
renascimentos e nascimentos realizados em casa, práticas que se disseminaram entre as aldeias,
comunidades e vilarejos da mães amazônicas.
Águida
A Lua apresenta centenas de ritmos em seus movimentos.
A Águida representa centenas de ritmos em seus movimentos ao a aparar a mitã.
Águida
Um pya’, coração, com sentimento de gratidão para
dizer: estamos eternamente agradecidas à
Mãe d’Umbigo-Raizeira, Águida
No raiar da aurora começavam a gorjear,
nas árvores, dos seus ninhos,
mil destinos de pintados passarinhos.
E em seus diversos encantos e alegres cantos
5. contemplavam o horizonte, o fluir dos raios.
Revoavam no vaivém do frescor da manhã.
Pelos rios e entre as árvores, iam as
meninas-mulheres nuas apreciando a formosura
de seus rostos, nos espelhos cristalinos naturais,
10. fazendo reluzir seus belos e longos cabelos.
Como as flores, destilavam um aroma
saboroso, riam nas fontes transparentes
em cujo suave escorrer
banhavam-se as ervas que brotavam e
15. chuviscavam das árvores.
Murmuravam os arroios, alegravam-se
os vales e enriqueciam-se os prados
com as samambaias, com a gruta, com o
lago e com a selva amazônica.
A Olho d’Água se transformou dentro das águas claras e vindo para a terra adquiriu a
forma de Mãe d’Água. Assim foi sendo recriado um novo universo feminino. Em seguida, ela foi
para a floresta, colheu sementes e raízes de uma variedade de frutos e tornou-se Mãe d’Umbigo-
Raizeira. Lembrada por sua ancestralidade, pertenceu a tempos áureos, mágicos e trágicos, foi
essência de sua aldeia. Ela teve um começo histórico e uma continuidade que representa o
alicerce das Mães d’Umbigo-Raizeiras e das Mães d’Água.
2. Águida era forte e poderosa porque veio da floresta. Passou por várias encruzilhadas para
poder sobreviver. Foi perseguida, caçada, presa e estuprada aos onze ou doze anos de idade por
aventureiros e verdugos que invadiram o mundo fluente das águas vivas, na Terra sem Males. Na
época da colonização, eles se encontravam na capoeira à procura de caça humana e ela, à
procura de favo de mel.
3. Os caçadores perceberam uma imagem saltitando entre as árvores, e apreciaram uma menina
nua. Com sua pele avermelhada e longos cabelos negros cobrindo-lhe as costas, ela se destacava
por sua beleza, elegância e força no corpo. Ficaram admirados desde o primeiro momento em que
a viram e, logo depois, iniciaram uma caçada civilizada.
4. Águida, percebendo que estava sendo perseguida, começou a correr capoeira adentro. Teve
que fugir. Estava assustada, acuada e não podia parar sequer para recuperar o fôlego. Segundo
sua tataraneta, Águida contava que dois homens brancos assediavam-na com gritos. Ela achava
que queriam deixá-la com medo e desorientada, por isso fazia esforços sobrenaturais para que
pudesse distanciar-se de seus caçadores. Acreditava que a qualquer momento conseguiriam
alcançá-la para maltratá-la.
5. Os aventureiros perseguiram-na durante muito tempo, pois Águida era forte e veloz como uma
águia. Quando corria, dava a impressão de que voava na capoeira e por isso a chamaram de
Águida. Com muita dificuldade, conseguiram pegá-la no laço, imobilizaram-na, amarraram-na e
sentenciaram-na à pena de reclusão por ser diferente de estilo e viver na capoeira. Seus raptores,
homens brancos, achavam-se superiores. Diziam que como os bugres se escondiam na mata, não
sentiam nem pensavam. As Guaranis Anhangatus, diferentemente dos homens brancos, não
davam importância ao visível e sim ao invisível, por isso viam a floresta como um poderoso
Universo energético aberto.
6. Depois de ser capturada, Águida foi trancada numa jaula feita especialmente para os “pés
voadores”. Teve uma experiência degradante e aterradora, foi atacada sensualmente e
sexualmente muitas vezes até ficar Olho d’Água. Percebendo seu estado, Águida procurou
adaptar-se o máximo possível a esse novo universo, ainda que guardasse uma profunda mágoa
dele.
7. Águida, mesmo presa, procurava formas de fugir. Recusava alimentos, roupas e não desejava
se comunicar com ninguém, mantendo profundo silêncio. Ela achava que essa era a única maneira
de demonstrar sua indignação em relação ao sofrimento que estava passando.
8. O dano estava feito. Sequestraram-na, semearam-lhe desconfiança, medo e dor. Foi uma
experiência terrivelmente aterrorizante que doía profundamente no coração, no corpo e na cabeça.
A grande prejudicada foi a menina-mulher que andava pela capoeira em procura de mel e que
forçosamente foi transformada em Olho d’Água.
9. Algum tempo passou para que percebessem que Águida estava prenha. Ao perceberem o
volume no pé da barriga, ventre, o homem branco que a aterrorizou durante muito tempo construiu
uma choupana para onde a levou.
10. Águida não podia mais fugir, estava muito pesada e só podia daquele momento em diante,
lembrar-se dos cuidados necessários quando se estava em “rito de transição”, prenha. Águida
até chegou a pensar em tirar a “brotinha” com ervas que tinham o efeito de abortar, secar ou de
apagar definitivamente a Mãe do Corpo, útero. Sem meios e ervas para interromper a prenhes,
pois estava muito avançada, teve que se submeter mais uma vez, passando a aceitar alimentos,
roupas e a aprender a língua estranha para que pudesse sair ao ar-livre.
11. Lembrando-se de como as Olhos d’Água eram assistidas em sua aldeia, recordando-se dos
rituais e das cerimônias de fertilização, de concepção e de renascimento, ela tentava seguir suas
tradições. Foi colher folhas, raízes e flores. Procurava árvores medicinais, procurava rios e
cachoeiras para entrar debaixo delas. Alimentava-se de todas as folhas possíveis e de cores
diferentes. Primeiramente, antes de mastigá-las, colocava-as perto das narinas para perceber o
cheiro. Águida seguiu todo esse ritual de transição durante todas as luas de prenhes até chegar a
sua “renovação”, a transformação de menina-mulher em Olho d’Água.
12. A Olho d’Água transforma-se em Jaguaratê a fim de alcançar a Mãe do Fogo. Chegado o
momento de dar à luz, a Olho d’Água-Águida sentiu-se molhada. O Anel de Aguaí, bolsa d’água,
tinha se rompido. Então, foi caminhando a procura de uma irmã árvore à beira do rio. Encontrando-
a, forrou o chão ao seu redor com folhas verdes. Percebendo a proximidade da --“Dor de Dor”—
dilatação, flexibilidade e contração, sentindo as primeiras dores que vinham em intervalos
prolongados, Águida colocou-se em posição de Renovação da Força d’Alento Universal, a posição
de assento. Abraçada à irmã árvore, começou a sentir a vibração de seu ventre. A Força d’Alento
Universal transformou-a em Jaguaratê, Mãe do Fogo, para que pudesse gerar a água a fim de
expulsar e dar à luz a brotinha.
13. Em seguida, amarrou o cordão umbilical com embira, em suas duas extremidades, e cortou-o
no meio com os dentes para assim iniciar suavemente a renovação do Anel de Aguaí. Foi puxando
devagar a placenta até que ela deslizasse suave e completamente de seu ventre, no rio. Terminou,
assim, sua Experiência Universal. Saindo do rio, a mama’e e a brotinha dirigiram-se para a
choupana.
14. Desta forma, a mama’e Águida viveu sua primeira Experiência da Força d’Alento Universal,
seguindo suas próprias concepções, assistida pela Mãe do Fogo, a Mãe Natureza e o Universo
energético aberto. Revelando-se, também, ser uma profunda conhecedora de ervas e raízes
medicinais, depois de sua experiência de transição, tomou providências para que nunca mais
ficasse Olho d’Água, ingerindo raízes doces esterilizantes.
15. Concluído seu resguardo, passou a colher e a secar raízes e ervas de várias espécies durante
intermináveis caminhadas pela capoeira. Todas as espécies colhidas eram cuidadosamente
transformadas em remédios de alto teor preventivo usados principalmente para assistir o rito de
transição e de resguardo da Olho d’Água, antes e depois da experiência universal de renovação.
16. A mama’e Águida destacou-se pelos seus valores práticos e pelas suas experiências com a
Mãe Natureza e Mãe Cósmica e passou a ser reconhecida como Mãe d’Umbigo Raizeira, com
seus Patuás e seu Anel de Madeira, o Cepinho do Raio.
Como pode ser encontrado ainda em muitos grupos de pessoas, a maternidade sozinha foi o
fundamento das lealdades das espécies étnicas. Em as guaranis anhangatus, a unidade social
complementar da etnia é a “Mãe d’Umbigo Raizeira e a Mãe d’Água.”

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A transformação da Olho d'Água em Mãe d'Umbigo e Mãe d'Água na história guarani

  • 1. MÃE D’UMBIGO Y’PYRUÁ SY ~ ~ MÃE D’ÁGUA Y’SY As Mães d’Água são as prenhas vestidas que realizam seus nascimentos em casa, manifestando o movimento pélvico- ventral, a coragem, a força, a agressividade e a liberdade das Olhos d’Água, as prenhas nuas dos rios amazônicos. As(os) recém nascidas(os) são recebidas(os) pelas Mães d’Umbigo. 6ª Mallku Chanez
  • 2. www.mallkuchanez.com Facebook: Mallku Chanez IKA: Instituto Kallawaya de Pesquisa Andino WhatsApp: 55 11 9 6329 3080
  • 3. Mallku Chanez Pacha Lea Chanez Medicina Kallawaya Itinerante Luquiqaman Tink’u A transcendência energética A grande emanação das forças energéticas vibratórias, a qual se relaciona com os movimentos magnéticos naturais e sobrenaturais.
  • 4. Era Luqiqaman Tink’u o valor energético para uso próprio Originário da transcendência energética do Tiowayaku no Kollasuyo, Bolívia. Jaxy Py’a Hu, novembro de 2019
  • 5. Durante a evolução inicial da espécie étnica, a maternidade foi o único vínculo de relacionamento reconhecido. Como qualquer grupo de mamíferos, o grupo étnico consistia em Olhos d’Águas e as olhinhas(os) de água. O segredo da paternidade só pode ter sido revelado aos meninos-homens pelas próprias Mães do Rio, porque elas possuem o poder da intuição, do instinto, a levitação dos óvulos e os fluxos menstruais.
  • 6. A milenar Olho d’Água, a prenha nua e a passagem da Mãe d’Água, prenha vestida, na floresta amazônica Primeiramente, faz-se necessário situar, na história amazônica, a Olho d’Água, a Mãe do Rio, a prenha do renascimento e do nascimento da Olhinho d’Água, a criança nascida pela via fluvial baixa nos rios imemoriais amazônicos. 2. A Olho d’Água, a prenha nua, a mama’e aura, como todo evento histórico tem um grande valor para os povos originários, portanto não é uma gratuidade desligada do passado ou descomprometida com o futuro das Mães d’Água da Amazônia. Ela se inseriu na dinâmica dos renascimentos e dos nascimentos, as artes sobrenaturais dos rios doces, se expondo e se escancarando através de seus domínios fluviais, permitindo-se compreender melhor a grandeza da Mãe Natureza e da Mãe Cósmica. 3. As Olhos d’Água surgiram nos rios da Amazônia em tempos e espaços imemoriais. Quando os euroíndios chegaram, elas estavam no apogeu de seu esplendor fluvial. A sua dilatação e a sua flexibilidade pélvica consolidavam o renascimento da Mãe do Rio, complementado com o nascimento da Y’Agury, a criança que vem através das águas e do fogo. 4. Elas são o pólen, as sementes e as raízes da sacha (árvore genealógica amazônica). Criaram e organizaram uma das artes sobrenaturais mais originais e fantásticas das etnias originarias- os renascimentos e os nascimentos de assento nos rios da Amazônia. Alimentaram-se com a Força d’Alento Universal e com a Mãe do Fogo, a jaguaratê, transformaram-se.
  • 7. 5. Os euroíndios, cegos e surdos perante essa realidade, provocaram uma grande estagnação da germinação de essas sementes e na assimilação das águas límpidas amazônicas. Iniciaram a sua ‘desbravação civilizatória’ sem tomar em conta os valores, as crenças e as práticas das etnias originárias, o que se mantem até agora. Expuseram sua prostituição mental e literal através da indiferença e da discriminação, contaminaram todos os fluidos e incitaram à repressão, à caça, ao enlaçamento, aos estupros das meninas-mulheres, das meninas-moças e das mulheres-mães. 6. Mas o ressurgimento da brisa, do orvalho da Olho d’Água se deu com o surgimento da Mãe d’Umbigo e da Mãe d’Água, agora sob a iniciativa e os cuidados da etnia Guarany Anhangatu. A partir daí, as mama’es reencontraram finalmente seu rumo e seu destino dentro das terras da Mãe Sol, Kuarasy. 7. É importante assinalar que a assimilação, a evolução e o ressurgimento da Mãe d’Umbigo e da Mãe d’Água coincidiram com a consolidação do poder do matriarcado dentro da germinação Guarany Anhangatu. 8. Águida, a Olho d’Água, se tornou a primeira Mãe d’Umbigo Raizeira conhecida na história oral Guarany. Depois de ser dominada pela ‘razão absoluta’, foi perseguida, enlaçada, estuprada e encarcerada pelos euroíndios. 9. Após a transformação de Águida em Mãe d’Umbigo Raizeira, os renascimentos e os nascimentos em casa prosperaram nas comunidades e fora das áreas geográficas amazônicas. As Mães d’Umbigo e as Mães d’Água colaboraram para uma intensa divulgação da Força d’Alento Universal.
  • 8. 10. Gradativamente, as Mães d’Umbigo e as Mães d’Água passaram a se entranhar na floresta amazônica com muita cautela, quando lhes era estritamente necessário, para não serem enlaçadas e, assim, foram se distanciando dos rios doces outrora versos naturais de seus renascimentos e nascimentos. Foram expressando novas afeições pela liberdade de escolha nas práticas de nascimentos em casa sentadas no Cepinho do Fogo, fora dos rios, segundo as caraterísticas próprias do matriarcado Guarany Anhangatu. 11. Essas influências foram marcantes no campo magnético e nas emanações energéticas das artes sobrenaturais como é a modelagem do ‘Favo de Mel’, nos renascimentos das Mães d’Água e nos nascimentos da Y’Agury em casa, recepcionadas, aparadas e assistidas pelas Mães d’Umbigo Raizeiras. 12. É evidente que todas as mama’es guaranis contribuíram para a evolução do matriarcado do Patuá da Mãe d’Umbigo e do Patuazinho da Mãe d’Água, desenvolvendo dessa forma a receptividade, a sensibilidade, a sensitividade, a intuição e a assimilação da Mãe do Fogo, quando sentadas no Cepinho do Fogo. 13. Essa prática das Mães d’Água se mostra intimamente ligada às artes sobrenaturais de modelagem do ‘Favo de Mel’, influenciando, assim, decisivamente e definitivamente na sua evolução, pela manutenção do movimento, da agressividade, da ferocidade e da coragem dentro dos rituais de renascimentos e nascimentos.
  • 9. 14. Para que fosse possível conceber uma assimilação rápida, vigorosa, sentimental e sensitiva da modelagem do ‘Favo de Mel,’ foi necessário existir inovações de iguais dimensões - levar os renascimentos e os nascimentos de assento nos rios para os nascimentos de assento no Cepinho do Fogo, dentro de casa. 15. Pela compreensão das transformações práticas das gestações, dos renascimentos e dos nascimentos fechados dentro de casa, e de como esses aprendizados influenciaram em seu novo alvorecer e no luar de um novo anoitecer, foi possível, para as prenhas vestidas, Mães d’Água, da floresta amazônica, recepcionar princípios e comportamentos inteiramente novos. 16. Elas passaram a assimilar a Mãe Natureza e a Mãe Cósmica de forma diferente. A Mãe d’Água caminha até sentir descer água morna fluir entre suas pernas, se senta no Cepinho do Fogo para dar à luz, assistida pela Mãe d’Umbigo, depois do nascimento, se inspira, se ergue, se levanta e se movimenta (Omopuã Pacha). Assim, a Mãe d’Água foi renascendo, florescendo com os aromas, com as gotas d’orvalho, com o pólen, com o calor e com os matizes femininos de seu novo ambiente. 17. Esse revigoramento marcou a transição da Olho d’Água para a Mãe d’Umbigo e para a Mãe d’Água e levou a Mãe do Fogo, a jaguaratê, ao apogeu. Essas novas formas de modelagem do ‘Favo de Mel’ em casa se expandiram por meio das vias fluviais amazônicas. 18. Ressurgiram, então, os renascimentos das Olhos d’Água, Mães d’Água, com todos os poderes energéticos, recursos, práticas e técnicas do passado.
  • 10. 19. Junto com elas, vieram o movimento, a coragem, a ferocidade, a agressividade, a dilatação, a flexibilidade pélvica, as quais emigrando, aos poucos, da floresta amazônica, fecundaram e se enraizaram no cotidiano dos nascimentos caseiros, nas mocas. 20. As Mães d’Umbigo e as Mães d’Água viram o transbordamento do potencial energético em forma de energia funcional e as emanações em forma de emanações quentes, herdadas do poder das jaguaratês, as Mães do Fogo, dos séculos anteriores.
  • 11. O grupo étnico é o produto dos instintos das Olhos d’Água e somente daqueles; a mamã’e étnica é o único centro e vínculo dele ... O macho não tem parte em formar a espécie étnica; ele não é um membro essencial dela; ele pode se juntar ao grupo materno, mas geralmente não o faz.
  • 12. A Olho d’Água transformada em Mãe d’Umbigo Raizeira e em Mãe d’Água Na história das guaranis anhangatus amazônicas, as Olhos d’Água, as prenhas nuas, as mama’es auras, com sua energia em harmonia e puro deleite (sem misérias, sem medos, sem tensões, sem angústias, sem luto, sem barbáries), teceram, por séculos, teares multicoloridos com o frescor dos orvalhos e com a umidade dos mananciais amazônicos. 2. Todos os fatos particulares tiveram que se originar de um evento universal. Esta capoeira única, este universo continente, esta floresta que contém todas as gotas de orvalho, esta ancestralidade é o origem, dos ritos de renascimento da Olho d’Água e os ritos de nascimento da Y’Agury, a criança que flui das águas para as águas. 3. Os seios que contém as gotas de orvalho, as Olhos d’Água, com sua suprema tranquilidade, cantam ao movimento, nhapuã japoraí, através de sua flexibilidade e dilatação pélvica, fortalecidas pela valorização da sua movimento, coragem, agressividade e ferocidade como algo formoso e bom. 4. A concepção dessas qualidades objetivamente consideráveis, integradas e apreciadas foram engendradas pelas Olhos d’Água nos lagos, nas cachoeiras, nos riachos e rios, em seus domínios fluviais, para a continuidade das gerações das guaranis anhangatus e outra etnias originárias. Esta matriz de todos os movimentos fluviais, está criadora de todos estes nascimentos, é a Mãe do Rio.
  • 13. 5. As relações entre as guaranis anhangatus, as Olhos d’Água, as Mães d’Umbigo e as Mães d’Água apresentam abordagens de grandes assimilações estruturais, de sobrenatureza, de cadencia, de sentimento, de vibrações e de emanações energéticas, originadas nas florestas da mãe sol. 6. Ao deslumbrarmos especificamente com as práticas do renascimento da Mãe d’Água e do nascimento da Y’Agury das Guarany Anhangatu, verificamos que, sem dúvida alguma, essas práticas se destacam das demais etnias amazônicas pela evolução de suas artes sobrenaturais e de seus bens sobrenaturais. 7. Suas inspirações sobrenaturais, seus movimentos energéticos e a fluidez de seus suspiros, foram e são fatos constantes, determinados, que tem seus períodos marcados pelos ciclos da natureza, assim se deu início a uma primeira aliança entre a Olho d’Água e a Jaguaratê, a Mãe do Fogo. 8. Transformada a Olho d’Água em Mãe do Fogo, energizava suas forças perante o nascimento sobrenatural de seu novo coração, sua criança. A sua ferocidade expansiva, a sua latente agressividade e a sua obstinada coragem se faziam presentes no seu renascimento e no nascimento da nova vida. 9. Ao amarrar o cordão umbilical da Olhinho d’Água, criança, com embira e cortá-lo com os dentes, sua coragem se multiplicava. Quando o Anel d’Aguaí, placenta, se deslizava, ela o digeria. 10. A transformação da Olho d’Água em Mãe d’Umbigo Raizeira e em Mãe d’Água fez com que se estabelecesse uma nova aliança entre elas e a Mãe Cósmica e a Mãe Natureza.
  • 14. 11. A Mãe d’Umbigo, que também por outras significa, comover, agitar, dar vaivém, dar alternativas às Mães d’Água, como a tempestade que da vaivém aos mares. Isto nos demostra que a Mãe d’Umbigo Raizeira significa um novo movimento, uma mudança de atitudes, de direção, de comportamento, instigadora dos pensamentos, a inteligência ativa e poderosa, impulsionou uma arte sobrenatural emocionalmente tocante. 12. A Mãe d’Umbigo Raizeira adquiriu poderes medicinais herbívoros ao recrear seus poderes sensitivos, intuitivos e perceptivos, ao recolher sementes, raízes, folhas, troncos, para conceder assistência e ajuda à Mãe d’Água, a prenha flexível sentada no Cepinho do Fogo em casa. 13. A Mãe d’Água, por sua vez, adquiriu movimentos energéticos diferenciados e intensificados ao sentar-se, dilatar e flexionar sua pélvis no Cepinho do Fogo, ao deixar de morder o cordão umbilical e fazer fluir o Anel d’Aguaí, a placenta, para as mãos da Mãe d’Umbigo. Depois, pedia-se a um parente para que a enterrasse debaixo de uma árvore, o Patuá, a qual, mais tarde, serviu como referência para a criação dos amuletos, os Patuás de renascimento e de nascimento. 14. Os Patuás, amuletos, se definem como uma força com emanações energéticas que se aloja no pya’, coração, da Mãe d’Água. Quando se invocava o Patuá da Mãe d’Umbigo, ela trazia o Patuazinho para a Mãe d’Água, para a complementação dos renascimentos e dos nascimentos em casa. 15. Não se pode deixar de considerar a importância das Olhos d’Água, das Mães d’Água e das Mães d’Umbigo Raizeira na transição, na transformação, assim, nasce um a nova semente que germina, o que se recolhe, na elaboração e na nova modelação do ‘Favo de Mel’ dos renascimentos e nascimentos realizados em casa, práticas que se disseminaram entre as aldeias, comunidades e vilarejos da mães amazônicas.
  • 15. Águida A Lua apresenta centenas de ritmos em seus movimentos. A Águida representa centenas de ritmos em seus movimentos ao a aparar a mitã.
  • 16. Águida Um pya’, coração, com sentimento de gratidão para dizer: estamos eternamente agradecidas à Mãe d’Umbigo-Raizeira, Águida No raiar da aurora começavam a gorjear, nas árvores, dos seus ninhos, mil destinos de pintados passarinhos. E em seus diversos encantos e alegres cantos 5. contemplavam o horizonte, o fluir dos raios. Revoavam no vaivém do frescor da manhã. Pelos rios e entre as árvores, iam as meninas-mulheres nuas apreciando a formosura de seus rostos, nos espelhos cristalinos naturais, 10. fazendo reluzir seus belos e longos cabelos. Como as flores, destilavam um aroma saboroso, riam nas fontes transparentes em cujo suave escorrer banhavam-se as ervas que brotavam e 15. chuviscavam das árvores.
  • 17. Murmuravam os arroios, alegravam-se os vales e enriqueciam-se os prados com as samambaias, com a gruta, com o lago e com a selva amazônica. A Olho d’Água se transformou dentro das águas claras e vindo para a terra adquiriu a forma de Mãe d’Água. Assim foi sendo recriado um novo universo feminino. Em seguida, ela foi para a floresta, colheu sementes e raízes de uma variedade de frutos e tornou-se Mãe d’Umbigo- Raizeira. Lembrada por sua ancestralidade, pertenceu a tempos áureos, mágicos e trágicos, foi essência de sua aldeia. Ela teve um começo histórico e uma continuidade que representa o alicerce das Mães d’Umbigo-Raizeiras e das Mães d’Água. 2. Águida era forte e poderosa porque veio da floresta. Passou por várias encruzilhadas para poder sobreviver. Foi perseguida, caçada, presa e estuprada aos onze ou doze anos de idade por aventureiros e verdugos que invadiram o mundo fluente das águas vivas, na Terra sem Males. Na época da colonização, eles se encontravam na capoeira à procura de caça humana e ela, à procura de favo de mel. 3. Os caçadores perceberam uma imagem saltitando entre as árvores, e apreciaram uma menina nua. Com sua pele avermelhada e longos cabelos negros cobrindo-lhe as costas, ela se destacava por sua beleza, elegância e força no corpo. Ficaram admirados desde o primeiro momento em que a viram e, logo depois, iniciaram uma caçada civilizada. 4. Águida, percebendo que estava sendo perseguida, começou a correr capoeira adentro. Teve que fugir. Estava assustada, acuada e não podia parar sequer para recuperar o fôlego. Segundo sua tataraneta, Águida contava que dois homens brancos assediavam-na com gritos. Ela achava que queriam deixá-la com medo e desorientada, por isso fazia esforços sobrenaturais para que
  • 18. pudesse distanciar-se de seus caçadores. Acreditava que a qualquer momento conseguiriam alcançá-la para maltratá-la. 5. Os aventureiros perseguiram-na durante muito tempo, pois Águida era forte e veloz como uma águia. Quando corria, dava a impressão de que voava na capoeira e por isso a chamaram de Águida. Com muita dificuldade, conseguiram pegá-la no laço, imobilizaram-na, amarraram-na e sentenciaram-na à pena de reclusão por ser diferente de estilo e viver na capoeira. Seus raptores, homens brancos, achavam-se superiores. Diziam que como os bugres se escondiam na mata, não sentiam nem pensavam. As Guaranis Anhangatus, diferentemente dos homens brancos, não davam importância ao visível e sim ao invisível, por isso viam a floresta como um poderoso Universo energético aberto. 6. Depois de ser capturada, Águida foi trancada numa jaula feita especialmente para os “pés voadores”. Teve uma experiência degradante e aterradora, foi atacada sensualmente e sexualmente muitas vezes até ficar Olho d’Água. Percebendo seu estado, Águida procurou adaptar-se o máximo possível a esse novo universo, ainda que guardasse uma profunda mágoa dele. 7. Águida, mesmo presa, procurava formas de fugir. Recusava alimentos, roupas e não desejava se comunicar com ninguém, mantendo profundo silêncio. Ela achava que essa era a única maneira de demonstrar sua indignação em relação ao sofrimento que estava passando. 8. O dano estava feito. Sequestraram-na, semearam-lhe desconfiança, medo e dor. Foi uma experiência terrivelmente aterrorizante que doía profundamente no coração, no corpo e na cabeça. A grande prejudicada foi a menina-mulher que andava pela capoeira em procura de mel e que forçosamente foi transformada em Olho d’Água.
  • 19. 9. Algum tempo passou para que percebessem que Águida estava prenha. Ao perceberem o volume no pé da barriga, ventre, o homem branco que a aterrorizou durante muito tempo construiu uma choupana para onde a levou. 10. Águida não podia mais fugir, estava muito pesada e só podia daquele momento em diante, lembrar-se dos cuidados necessários quando se estava em “rito de transição”, prenha. Águida até chegou a pensar em tirar a “brotinha” com ervas que tinham o efeito de abortar, secar ou de apagar definitivamente a Mãe do Corpo, útero. Sem meios e ervas para interromper a prenhes, pois estava muito avançada, teve que se submeter mais uma vez, passando a aceitar alimentos, roupas e a aprender a língua estranha para que pudesse sair ao ar-livre. 11. Lembrando-se de como as Olhos d’Água eram assistidas em sua aldeia, recordando-se dos rituais e das cerimônias de fertilização, de concepção e de renascimento, ela tentava seguir suas tradições. Foi colher folhas, raízes e flores. Procurava árvores medicinais, procurava rios e cachoeiras para entrar debaixo delas. Alimentava-se de todas as folhas possíveis e de cores diferentes. Primeiramente, antes de mastigá-las, colocava-as perto das narinas para perceber o cheiro. Águida seguiu todo esse ritual de transição durante todas as luas de prenhes até chegar a sua “renovação”, a transformação de menina-mulher em Olho d’Água. 12. A Olho d’Água transforma-se em Jaguaratê a fim de alcançar a Mãe do Fogo. Chegado o momento de dar à luz, a Olho d’Água-Águida sentiu-se molhada. O Anel de Aguaí, bolsa d’água, tinha se rompido. Então, foi caminhando a procura de uma irmã árvore à beira do rio. Encontrando- a, forrou o chão ao seu redor com folhas verdes. Percebendo a proximidade da --“Dor de Dor”— dilatação, flexibilidade e contração, sentindo as primeiras dores que vinham em intervalos prolongados, Águida colocou-se em posição de Renovação da Força d’Alento Universal, a posição de assento. Abraçada à irmã árvore, começou a sentir a vibração de seu ventre. A Força d’Alento
  • 20. Universal transformou-a em Jaguaratê, Mãe do Fogo, para que pudesse gerar a água a fim de expulsar e dar à luz a brotinha. 13. Em seguida, amarrou o cordão umbilical com embira, em suas duas extremidades, e cortou-o no meio com os dentes para assim iniciar suavemente a renovação do Anel de Aguaí. Foi puxando devagar a placenta até que ela deslizasse suave e completamente de seu ventre, no rio. Terminou, assim, sua Experiência Universal. Saindo do rio, a mama’e e a brotinha dirigiram-se para a choupana. 14. Desta forma, a mama’e Águida viveu sua primeira Experiência da Força d’Alento Universal, seguindo suas próprias concepções, assistida pela Mãe do Fogo, a Mãe Natureza e o Universo energético aberto. Revelando-se, também, ser uma profunda conhecedora de ervas e raízes medicinais, depois de sua experiência de transição, tomou providências para que nunca mais ficasse Olho d’Água, ingerindo raízes doces esterilizantes. 15. Concluído seu resguardo, passou a colher e a secar raízes e ervas de várias espécies durante intermináveis caminhadas pela capoeira. Todas as espécies colhidas eram cuidadosamente transformadas em remédios de alto teor preventivo usados principalmente para assistir o rito de transição e de resguardo da Olho d’Água, antes e depois da experiência universal de renovação. 16. A mama’e Águida destacou-se pelos seus valores práticos e pelas suas experiências com a Mãe Natureza e Mãe Cósmica e passou a ser reconhecida como Mãe d’Umbigo Raizeira, com seus Patuás e seu Anel de Madeira, o Cepinho do Raio.
  • 21. Como pode ser encontrado ainda em muitos grupos de pessoas, a maternidade sozinha foi o fundamento das lealdades das espécies étnicas. Em as guaranis anhangatus, a unidade social complementar da etnia é a “Mãe d’Umbigo Raizeira e a Mãe d’Água.”