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Retratos
 
Alexandre, Pedro, Carlos
Leydiane, Fernando
André, Luis
Marcos
Debaixo da lona amarela Marcos , de 13 anos de idade, perdeu a conta das vezes em que passou frio, ensopado pelas trovoadas amazônicas, debaixo da tenda de lona amarela que servia como casa durante os dias de semana. Nem bem amanhecia, ele engolia café preto engrossado com farinha de mandioca, abraçava a motosserra de 14 quilos e começava a transformar a floresta amazônica em cerca para o gado do patrão. Foi libertado em uma ação do grupo móvel no dia 1o de maio de 2003 em uma fazenda, a oeste do município de Marabá, Sudeste do Pará.  De acordo com fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego, uma das fazendas vistoriadas contava com excelentes alojamentos de alvenaria munidos de eletrodomésticos para serem mostrados aos fiscais. "Mas os escravos estavam em barracos plásticos, bebendo água envenenada e foram mantidos escondidos em buracos atrás de arbustos até que nós saíssemos. Como passamos três dias sem sair da fazenda, os 119 homens começaram a ‘brotar' do chão e nos procuraram desesperados, dizendo que não eram bichos". Fiscais já libertaram peões que ficavam alojados no curral, dormindo com o gado à noite.
 
 
 
A gente passa mais de mês sem carne “ Nem estudei um ano direito. Não dá tempo, nós fica trabalhando direto! Por isso, só sei assinar o começo do meu nome. O sobrenome, não sei fazer ainda.”  Pedro  foi encontrado pelos fiscais na fazenda Nossa Senhora Aparecida, em Goianésia, PA. Há três meses estava no “roço da juquira”, retirando arbustos, ervas daninhas e outras plantas indesejáveis para garantir o bem-estar do pasto e dos bois. Do alto de seus 16 anos, é homem formado pela necessidade e trabalha para ajudar sua mãe, viúva.  Morava em um barraco de lona, amontoado com outros companheiros, no meio do pasto. A água do pequeno lago, formado por um córrego que passava ao lado do alojamento, servia para matar a sede, lavar roupa, tomar banho e preparar a comida. Carne, só de caça, quando um cabra bom de mira conseguia acertar algum tatu, paca ou macaco. Enquanto isso, mais de 3.000 cabeças de gado pastavam na fazenda, que se espreguiça por cerca de 7.500 hectares de terra – parte dela não regularizada. O proprietário ainda afirmou que possui outra fazenda, com mais 1.500 hectares e outras 800 rezes.  “ Tem vez que a gente passa mais de mês sem carne”, lembra Charles Monteiro, outro peão que há oito anos prestava serviço na fazenda.
 
 
 
Comida pros porcos Manoel , 38, negro, 3ª série, casado, dois filhos, comunidade Vargem de João Alves,Vale do Jequitinhonha: “Fizemos uma greve, lá no Rio de Janeiro. Lutamos para sair de lá. A gente trabalhava sem saber quanto ia receber, e a comida era estragada. Era a mesma comida que eles davam pra uns porcos que eles criavam lá. A comida era salsicha no feijão, arroz e macarrão. A gente sofreu muito com isso. Eles faziam essa comida de propósito pra gente não comer e eles davam ela pros porcos deles. Então, a gente não comia porque estava estragado. O que eles faziam? Pegavam aquilo que a gente devolvia e dava pros porcos. Aquilo foi cansando a gente. Não aguentamos tanta humilhação e fizemos a greve.  Agora estamos aqui (MG). Mas até hoje ninguém veio aqui. Nem prefeito, nem sindicato.  Mas não veio ninguém perguntar se a gente tá precisando de alguma coisa. Então o que nós temos que fazer é ter que voltar de novo pro corte de cana. Agora, lá no Rio, eles não aceitam mais a gente, por conta da greve. Vamos ter que ir pra São Paulo ou então Mato Grosso. Mas é isso. A gente só sujeita de ir pra longe e sofrer, porque nosso lugar aqui não tem como viver.
 
 
Aqui é bom, mas tem que sair... Francelino Costa , 32, branco, 4ª série, casado, 3 filhos, comunidade Lambari, Vale do Jequitinhonha Olha, a gente sofre lá no corte da cana. Mas o que você vai fazer? Não tem onde correr quando a fome aperta. Aqui é bom. É o lugar de viver, mas não tem a condição de vida. É aí que eu falo que a gente tem que sair pra buscar condição de vida noutro lugar. Mas eu pego e volto e também falo: ‘nós mesmos não vamos aproveitar nada disso’. Lá o trabalho é muito puxado e se você quiser ganhar um dinheirinho tem que se matar de trabalhar, fazer muita força. Então, você não aguenta esse batido mais do que cinco anos seguidos. Você fica inválido. Eu mesmo já não aguento mais nada da coluna. Tem dia que o jeito é ficar só na cama. O que a gente consegue lá é só um pouquinho, e desse pouquinho, não dá para aproveitar quase nada. É mal mal o que comer. Comeu, acabou, ali é preciso se virar, dar outro jeito. Caçar um recurso por aqui mesmo e, se não achar, aí tem que voltar pro corte de cana.
 
 
 
Aqui é bom, mas a gente sofre muito João Batista , 42, branco, 1ª série, casado, 5 filhos, comunidade Riacho de Areia, Vale do Jequitinhonha Eu quero muito bem esse lugar aqui. Gosto daqui. Toda vez que eu vou pra fora é com uma tristeza danada. Já fui seis vezes pra Barrinha, SP, e três vezes para Mato Grosso. O ano passado fui pra Goiás. Eu conheço esse mundo de Deus aí afora e sei o que é sofrimento. Em todos esses lugares eu já sofri muito pra ganhar o pão de cada dia.  Aqui é bom, mas a gente sofre muito também. Você pode até ficar aqui e não morrer de fome. Mas aí você não vai vestir, não vai ter casa e se tiver filhos então aí o sofrimento é maior. Você ver eles te pedir uma coisa e você não ter o dinheiro pra comprar. É por isso que não dá para ficar direto aqui. O lugar é bom. Você tá em riba do que é seu, mas não tem recurso pra viver. Aí tem que sair.
 
 
 
Borrei, desmaiei... João Paulo , do sertão paraibano. Eu cheguei a  borrar  duas vezes, porque era uma cana ruim de trabalhar e eu não comi na hora certa. Aí  borrei , era entre três e meia e quatro horas. É difícil, não é fácil, não. Os dedos travam, a boca fica querendo travar, começa com uma fraqueza e eu querendo forçar, aí pronto, chegou o limite, que não podia mais, aí deitei e me levaram para o posto, colocaram sal em minha boca. Reginaldo : Já chegou a desmaiar alguma vez?  Eu nunca desmaiei, mão, mas tinha dia que dava cãibra assim de lascar. Você se esforça demais. Quem se esforça demais lá, dá cãibra, dá tudo, dá agonia. Tem hora que o povo fala  borrar , né?  Você chegou a borrar alguma vez?  Quase todo dia.  E aí, quando borrar, faz o quê?  Toma soro, vai tomar soro.  E o médico não briga não?  Briga, sim. Diz: ‘pra que forçar, rapaz?’. Aí a gente diz: ‘o cara vem lá do Norte e quando chega aqui se não se esforçar não ganha de futuro também’.
 
À própria sorte... Carlos , 62 anos, foi encontrado doente na rede de um dos alojamentos de uma fazenda de gado, em Eldorado dos Carajás, e internado às pressas. Tremia havia três dias, não de malária ou de dengue, mas de desnutrição. No hospital, contou que estava sem receber fazia três meses, mesmo já tendo finalizado o trabalho quase um mês antes. O gato teria dito que descontaria de seu pagamento as refeições feitas durante esse tempo parado. Foi libertado por um Grupo Móvel de Fiscalização (dezembro de 2001). Luís  deixou sua casa em uma favela na periferia da capital Teresina e foi se aventurar no Sul do Pará para tentar impedir a fome de sua esposa e de seu filho de quatro meses. Logo chegando, trabalhou em uma serraria, que transformava a floresta em tábuas, onde perdeu um dedo da mão quando a lâmina giratória desceu sem aviso. "Me deram duas caixas de comprimido: uma para desinflamar e outra para tirar a dor, e me mandaram embora", conta. Segundo Luís, os patrões não queriam ter dor de cabeça com um empregado ferido. Ele foi libertado de uma fazenda no Sul do Pará (fevereiro de 2004)
 
 
Descartável. Descartado Lourival, PB:  Eu pensava assim: vou pro corte de cana, trabalho lá uns anos e volto pra cá. Compro umas vaquinhas de leite, boto umas roças aí nesses tabuleiro e vou vivendo com a família. Meu plano era isso. Fui, trabalhei, mas coah! Trabalhei demais e fiquei inválido. Da última vez que eu fui, eles viviam em cima de mim dizendo que eu cortava muito pouco, que era pra cortar mais. Aí fui cortar mais. Não consegui. Desmaiei 3 vezes, os colegas me deram socorro. Me levaram pro caminhão, me deram um remédio, eu fiquei melhor, e o fiscal mandou eu trabalhar de novo. Depois falou que eu não conseguia mais cortar cana, que era pra cortar 10 toneladas por dia, e eu só tava cortando 6. Ele falou: o ano que vem, você não pode mais vir pra cá. Você não da mais para o serviço. Mas eu mesmo assim teimei e fui. Cheguei e procurei outro turmeiro. Aí ele falou: ‘ Voce é o Lourival que desmaiou muito no ano passado. Você não dá mais para a cana .’ Falei: danou. E agora o que eu vou fazer? Vim embora e de lá pra cá estou nessa peleja de trabalhar hoje para pagar o que comi ontem...
Descartável. Descartado Lourival, PB:  Eu pensava assim: vou pro corte de cana, trabalho lá uns anos e volto pra cá. Compro umas vaquinhas de leite, boto umas roças aí nesses tabuleiro e vou vivendo com a família. Meu plano era isso. Fui, trabalhei, mas coah! O sujeito se mata de trabalhar e consegue mal o que comer. Quem falar que juntou dinheiro cortando cana tá mentindo. Trabalhei demais e fiquei inválido. Eu fui em 2004 mas as usinas não me aceitaram. Falaram que não tenho mais idade para cortar cana, que não consigo mais cortar do tanto que a usina quer.  Porque era assim: quando eu comecei cortar cana, a gente cortava e eles pesava. Aí falava: você cortou 6 toneladas. Outra hora, falava: você cortou 7 toneladas.Era assim. Você cortava o tanto que podia. Agora, da última vez que eu fui e trabalhei [2003], eles viviam em cima de mim dizendo que eu cortava muito pouco, que era pra cortar mais. Aí fui cortar mais. Não consegui. Desmaiei 3 vezes, os colegas me deram socorro. Me levaram pro caminhão, me deram um remédio, eu fiquei melhor, e o fiscal mandou eu trabalhar de novo. Depois falou que eu não conseguia mais cortar cana, que era pra cortar 10 toneladas por dia, e eu só tava cortando 6. Ele falou: o ano que vem, você não pode mais vir pra cá. Você não da mais para o serviço. Mas eu mesmo assim teimei e fui. Cheguei e procurei outro turmeiro. Aí ele falou: ‘ Voce é o Lourival que desmaiou muito no ano passado. Você não dá mais para a cana .’ Falei: danou. E agora o que eu vou fazer? Vim embora e de lá pra cá estou nessa peleja de trabalhar hoje para pagar o que comi ontem...
 
 
 
Terra fraca, homem forte... “ É assim. A  terra , quando é  fraca , a gente tem que sair, ir para  São Paulo. Lá, a gente trabalha no que é dos outros. Aí, a gente tem o dinheiro. Com o dinheiro que vem da nossa  força , a gente manda para a família. Aí, este dinheiro dá a  força  para a família porque ela pode comprar o alimento. Aí, a mulher fica com a  força  para poder trabalhar e cuidar da  terra , para poder plantar. Por que, se não for assim, a mulher não planta, e, aí, a gente não tem colheita.”
 
 
 
(...) a gente só vai pra juquira quando tá no último grau de  precisão . Lá na fazenda, é tudo péssimo! Aquela comida que  eles falam que é de peão; um arroz quebrado e misturado e só.  Carne é muito difícil ver. Na água que a gente bebe anda até  animal e a gente tem que banhar também; tudo no mesmo  açude. A única coisa que é bom do trabalho é quando a gente  recebe o troco. Mas mesmo assim, é difícil ver o troco. Eles  deixam um pouquinho aqui em casa antes da gente viajar e  depois é difícil ver o resto do dinheiro porque a gente acaba  gastando com eles mesmo”.  Depoimento de Seu Zé Véio, 46 anos   ... escravos “da precisão”.
“ Não. A gente não é escravo, não. Mas se a gente for pensar direitinho,  o cara começa a escravidão dele é em casa mesmo;   na precisão .  Mas nessas fazendas, eles chamam assim porque enganam. A gente chega lá e as coisas mudam; então o trabalhador fica com a dívida na cantina e eles dizem que é escravo. (...) Eu já vi muita coisa. O trabalhador  trabalha; fica um mês e ganha uma mixaria. Se quiser dizer, pode até dizer que é escravo mesmo porque fica preso naquela história de estar devendo”. (Depoimento de Seu Afonso, 55 anos) ... escravos “da precisão”.
Eu quis viver  a minha vida...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Perfil dos libertados Fonte: Registros do Seguro-desemprego, 2003 a 08/2008 (17.318 p). Processamento: SIT/Repórter Brasil   Estado Estado de nascimento Referência do domicílio Maranhão 31,3% 24,1% Pará 8,3% 19,0% Mato Grosso do Sul 9,0% 10,1% Tocantins 6,1% 7,6% Mato Grosso 2,0% 5,9% Bahia 6,8% 5,5% Piauí 6,8% 4,6% Minas Gerais 5,7% 4,6% Goiás 4,5% 4,6% Alagoas 4,4% 4,1% Pernambuco 3,5% 2,7% Outros 11,6% 7,2% Total 100,0% 100,0% Grau de instrução % Acumulado Analfabeto 42,6% 42,6% 4ª série incompleta 28,3% 70,9% 4ª série completa 7,2% 78,1% 8ª série incompleta  12,8% 90,9% 8ª série completa 2,9% 93,8% 2º grau incompleto  1,5% 95,3% 2º grau completo  1,5% 96,8% Superior  0,0% 96,8% Ignorado 3,2% 100,0% Sexo  % Masculino 95,7% Feminino 4,3% Total 100,0% Faixa etária no dia da libertação % Acumulado Até 17 anos 1,30% 1,30% 18-24 anos 28,10% 29,40% 25-34 anos 34,80% 64,20% 35-44 anos 19,80% 84,00% 45-54 anos 11,70% 95,70% 55 ou mais 4,30% 100,00%
Vidas... ...roubadas .
 
 
De olho aberto...
Desde 1997  estamos em campanha
De  olho   aberto  para não virar  escravo   1997
2003
 
 
1. ACOLHER E  AMPARAR AS VÍTIMAS 2.  DENUNCIAR  OS CRIMINOSOS,  COBRANDO O FIM DA  IMPUNIDADE   3.  PESQUISAR &   MOSTRAR  COMO   FUNCIONA  A ESCRAVIDÃO MODERNA 4.   ALERTAR  À SOCIEDADE E  MOBILIZAR  OS TRABALHADORES/AS 5 .  COM AS  ORGANIZAÇÕES,  EXIGIR REFORMA AGRÁRIA ,  POLÍTICAS PÚBLICAS  COERENTES. OU SEJA:  PREVENIR Assumimos  cinco  objetivos:
1. Vigilância, acolhida, atendimento 3. Atacara as raízes: gerar mudanças reais 2. Organizar & mobilizar
Nossa estratégia tem 7 ingredientes... prevenção Mobilização da sociedade Cobrança no Poder público Informação e formação organização Denúncia nacional & internacional MUDANÇAS REAIS
Acolher e ouvir o trabalhador...
Registrar sua denúncia e encaminhar... No dia 22, fomos para São Félix onde pegamos uma balsa fretada pelo gato. Demoramos 8 dias até chegar à fazenda. O proprietário é o Wesley, filho da prefeita de Araguaína. A derrubada é de 600 alqueires. O gato disse que quem quiser ir embora vai ter que pagar o frete de um avião...
Casos denunciados por mês,  Brasil , 2002/06 [CPT]
Casos denunciados por ano e média mensal [CPT]   DENÚNCIAS DE TRABALHO ESCRAVO 2003 2004 2005 2006 2007 2008 set/09 TOTAL Denúncias TOT  233 230 275 265 265 280 148 1696 Denúncias fiscalizadas TOT 150 126 161 136 150 216 96 1035 Denúncias via Campanha  167 145 159 151 132 94 62 910 % casos Campanha/Total 72% 63% 58% 57% 50% 34% 42% 54% Trabalhadores envolvidos  8.306 5.812 7.612 6.933 8.674 6.997 4.304 48.638 Trabalhadores libertados  5.228 3.212 4.570 3.666 5.968 5.266 2.806 30.716
PARÁ/CAMPANHA DA CPT:  82% dos CASOS DENUNCIADOS, 59% dos CASOS FISCALIZADOS,  54% dos TRABALHADORES LIBERTADOS FONTE 2002-10.2007 CASOS % FISCALIZADOS % % ATENDIDO ENVOLVIDOS % LIBERTADOS % CPT MARABA 303 39% 73 25% 24% 6.272 30% 1.623 20% CPT XINGUARA 145 18% 54 18% 37% 4.757 23% 1.296 16% CPT TUCUMA 36 5% 5 2% 14% 715 3% 45 1% CPT TUCURUI 25 3% 10 3% 40% 966 5% 458 6% CPT ALTAMIRA 10 1% 3 1% 30% 320 2% 89 1% OUTR.CAMP.CPT 53 7% 8 3% 15% 1.208 6% 256 3% CDVDH MA 35 4% 10 3% 29% 1.154 6% 535 7% CPT TO 35 4% 9 3% 26% 1.004 5% 93 1% CPT MT 3 0% 2 1% 67% 75 0% 44 1% AUTORIDADES 140 18% 123 41% 88% 4.366 21% 3.713 46% TOTAL GERAL 785 100% 297 100% 38% 20.837 100% 8.152 100% SÓ CAMPANHA 645 82% 174 59% 27% 16.471 79% 4.439 54%
Defender o trabalhador... Advogad@s parceir@s,  Oficinas jurídicas,  Balcões de Direitos, educadores.
Alertar & Informar
 
Alertar e informar
 
MobilizaR a sociedade SEMINÁRIOS EM MT, PA, PI, MA, BA, TO, RJ
PARÁ Fóruns, articulações,  mobilizações. Debate-se planos contra a escravidão (MA, PI, TO, MT, PA).  CAMPOS-RJ Cobr a R Do Poder público
2006: II Seminário “O TOCANTINS CONTRA O TRABALHO ESCRAVO”, em Araguaína. CONSTRUIR PROPOSTAS
Informar e capacitar
Escravo, nem pensar! O projeto visa inserir o tema do trabalho escravo no dia-a-dia das escolas de ensinos fundamental e médio, em programas de educação de jovens e adultos e outros cursos não-formais. Cada escola possa transformar-se em um centro irradiador de informações de como se prevenir do trabalho escravo. Na segunda etapa, formará-se “agentes de cidadania”, escolhidos entre líderes comunitários e sindicais e jovens destes mesmos municípios.  Realizadores :  ONG Repórter Brasil (SP) Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia (MA) Comissão Pastoral da Terra (PI, TO) Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República   Janeiro 2006: Parcerias: 100 professores e 50 lideranças de Araguaína e Axixá realizam capacitação para combate ao trabalho escravo Fevereiro & março de 2007: 100 professores e 25 lideranças realizam em Ananás e Xambioá capacitação para combate ao trabalho escravo Setembro de 2007: 28 líderes populares de Wanderlândia e região realizam capacitação para combate ao trabalho escravo
Escravo, nem pensar! O projeto visa inserir o tema do trabalho escravo no dia-a-dia das escolas de ensinos fundamental e médio, em programas de educação de jovens e adultos e outros cursos não-formais. Cada escola possa transformar-se em um centro irradiador de informações de como se prevenir do trabalho escravo. Na segunda etapa, formará-se “agentes de cidadania”, escolhidos entre líderes comunitários e sindicais e jovens destes mesmos municípios.  Realizadores :  ONG Repórter Brasil (SP) Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia (MA) Comissão Pastoral da Terra (PI, TO) Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República   Janeiro 2006: Parcerias: 100 professores e 50 lideranças de Breu Branco e Xinguara realizam capacitação para combate ao trabalho escravo Fevereiro & março de 2007: 20 professores de São Geraldo e Piçarra realizam capacitação para combate ao trabalho escravo Maio de 2007: 50 professores do Nortão MT realizam capacitação para combate ao trabalho escravo
2003 a 2006: inúmeras oficinas de prevenção são realizadas no interior, em bairros de periferia, associações, aldeias, assentamentos, acampamentos, romarias... envolvendo mais de 3000 pessoas.
 
 
 
 
Inúmeras oficinas de prevenção realizadas no interior, em bairros de periferia, associações, aldeias, assentamentos, acampamentos, romarias... envolvendo milhares de pessoas.
organizar
NOVAS INICIATIVAS OUTUBRO 2005:  CDH de Araguaína inicia programa de prevenção e combate ao trabalho escravo, presente em 7 municípios do Norte.
NOVAS INICIATIVAS JANEIRO 2006:  FETAET inicia programa trienal de combate à superexploração nas áreas do agronegócio atuante em 20 municípios do Estado. 1 - sudoeste : Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão  (arroz, soja, carvão) 2 - sudeste : Dianópolis, Arraias, Santa Rosa, Peixe, Porto Nacional  (soja, cana, algodão, arroz, carvão) 3 - centro:  Miracema, Dois Irmãos, Miranorte  (abacaxi, pecuária) 4 - nordeste:  Campos Lindos, Pedro Afonso, Itacajá  (soja, arroz) 5 - norte:  Araguaína, Wanderlândia, Nova Olinda, Darcinópolis  (soja, cana, pecuária) 6 - extremo norte:  Axixá, Araguatins, Sampaio  (arroz, soja, fruticultura, eucalipto)
Nov. 2006:  conferÊncIA nacional  de Açailândia Avaliação & Novas propostas de combate
Moradores de Ananás, TO, libertos do trabalho escravo, juntos, produzem hortaliças, com apoio do CDH & da CPT. GerAR MUDANÇAS
Moradores de Ananás, TO, libertos do trabalho escravo, juntos, produzem hortaliças, com apoio do CDH & da CPT. construir ALTERNATIVAS
Famílias sem terra de Filadélfia, TO, vulneráveis ao aliciamento reivindicam a reforma agrária. Decidam ocupar a fazenda Saco da Serra, com apoio do MST & da CPT.  PREPARAR O FUTURO
Vítimas de trabalho escravo  no Piauí ganham assentamento   O assentamento, localizado no município de Monsenhor Gil, PI,  será o primeiro no Brasil a receber trabalhadores resgatados de trabalho análogo ao de escravo . 26 famílias que passaram por situação de trabalho escravo foram cadastradas e terão direito a um lote.  Há anos a CPT luta para adquirir melhores condições para as pessoas vítimas de trabalho escravo. Em 2005, no município de Monsenhor Gil, saíram 15 trabalhadores para trabalhar no Pará com a esperança de ganhar dinheiro e iludidos com a falsa promessa do “gato”. Essas pessoas trabalharam meses sem receber salário, contraindo apenas dívidas. Os alojamentos eram velhos barracões e as condições de trabalho as piores possíveis. A comida era de péssima qualidade e a água consumida era a mesma onde os animais defecavam e banhavam.  Junto com outro grupo de trabalhadores em Monsenhor Gil que havia passado pela mesma situação e com apoio da CPT, começaram um trabalho de organização e formação. Em 2007, criamos a primeira Associação dos Trabalhadores que passaram por situações de escravidão: reunidos poderiam lutar por terras onde pudessem produzir no município onde moram. Conseguiram assim do INCRA a desapropriação da terra e, finalmente, a emissão de posse das terras.  11/03/2009 - 09h:16 - http://www.meionorte.com/noticias,trabalhadores-escravos-ganham-assentamento,69010.html   GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS
Ex-escravos trabalham juntos na fabricação de brinquedos de madeira, com a apoio do CDVDH & da Repórter Brasil. construir ALTERNATIVAS...
TRABALHO DECENTE ! Ex-escravos trabalham juntos na produção de carvão alternativo, e ganham autoestima... e renda
COBRAR  De novo
Mobilizar a sociedade
 
Articulação, lobby, campanhas... ONU   Grupo Especial contra a Escravidão,  OIT   Conferência Internacional do Trabalho ,  OEA -  Acordo José Pereira na Comissão Interamericana de DH. . Anti-Slavery , Free the Slaves ,  Witness Alertar a comunidade nacional & internacional
BINKA LE BRETON ...formação da opinião pública.
GO
COLOCAR ESSA Luta na agenda de todos nós...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOROESTE NORDESTE: Maranhão Piauí Bahia Alagoas SUDESTE: Rio de J CENTROESTE:  Mato Grosso SUL NORTE: Pará Tocantins Campanha De Olho Aberto para não virar escravo
NOROESTE: Rondônia NORDESTE: Maranhão Piauí Bahia Alagoas SUDESTE: Rio de J, São Paulo CENTROESTE:  Mato Grosso, Goiás SUL Paraná NORTE: Pará Tocantins Campanha De Olho Aberto para não virar escravo
Campanha De Olho Aberto para não virar escravo
Uma luta integrada às demais lutas do campo.
 
0 xx 61 33 17 61 76
Reforma agrária Educação Um outro rumo... Um outro mundo possível... E necessário!
CAMPANHA DE PREVENÇÃO E COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO E À SUPEREXPLORAÇÃO NO BRASIL
 
 
Uma luta de todos nós !!!
Agora, também com você!
 
O efeito ‘rede’
Mudar é possível.  Precisa ter uma estratégia bem montada, determinação, organização...  Veja como ex-escravos do Piauí conquistaram uma terra para seu assentamento em Monsenhor Gil. “  Quem cultivar a terra, por ela sente paixão, a defende e a protege, pois aqui é nosso chão”
Trabalhadores de Monsenhor Gil, resgatados da escravidão no Pará, se organizam para mudar Em 16 de Junho de 2004, 78 trabalhadores foram resgatados pelo Grupo Móvel na Fazenda Rio Tigre, em Santana do Araguaia,PA. 15 deles eram do Piauí, todos do município de Monsenhor Gil. O proprietário era Rosenval Alves dos Santos, médico em Goiânia.  Após o resgate, a CPT de Xinguara enviou à CPT-Piauí a relação e endereço dos 15 trabalhadores. De volta em casa, estes receberam a visita da CPT-PI e, certa vez, também da CPT de Xinguara. Mantiveram o contato. Os trabalhadores resolveram se organizar e formar um “grupo de trabalhadores migrantes”, com reuniões periódicas onde discutiam direitos, organização, terra e o futuro...  Neste tempo (2004) surgiu o caso de outros 15 trabalhadores do município que, tendo roçado juquira, na fazenda Boca do Monte, na Vila Mandi (Santana do Araguaia), passaram meses sem receber nada, permanecendo no local em condições super precárias, dormindo em barracos de lona, bebendo água de uma grota, também usada para banho. As ferramentas eram compradas e o valor descontado. Havia vigilância armada. Finalmente, sem um tostão, mas endividados, os trabalhadores retornaram a Monsenhor Gil. Ao chegar, toparam com o grupo dos resgatados da fazenda Rio Tigre. Estes os convidaram para a reunião do grupo, junto com a CPT.
Trabalhadores de Monsenhor Gil, resgatados da escravidão no Pará, se organizam para mudar...   Iniciou-se um trabalho com esse novo grupo, visando esclarecer seus direitos. Perceberam que, se retornassem ao Pará, poderiam reclamar seus direitos trabalhistas. Mas eles tinham muito medo, inclusive de morrer, lembrando casos de fazendeiros do Pará que espancavam e ameaçavam. Ninguém acreditava que poderia mesmo receber seus direitos. Participaram de reuniões, encontros de formação até ganhar confiança e optar por mover uma ação contra o fazendeiro. A CPT encaminhou suas procurações ao advogado do Balcão de Direitos de Xinguara, o Fernando.  A ação foi protocolada na Justiça do Trabalho, em Redenção. Em junho de 2005, para a primeira audiência, 13 trabalhadores retornaram ao Pará, inclusive, para espantar o temor, dois deles levaram a esposa. Pela primeira via se trabalhadores migrantes do Piauí ter a coragem de voltar ao Pará e reclamar seus direitos. Nem eles mesmos acreditavam no que estava acontecendo. Para juntar os R$ 3.000 da viagem, pegaram uma contribuição da Secretaria de Assistência Social e Cidadania e da Prefeitura de Monsenhor Gil. Após a 1ª audiência, o advogado convenceu o juiz de dispensar os trabalhadores de comparecer novamente em função da distância e do custo. Assim ficaram aguardando a sentença em casa.
Trabalhadores de Monsenhor Gil, resgatados da escravidão no Pará, se organizam para mudar...   Ganhar o processo foi sua 2ª vitória: todos receberam indenizações, de acordo com o tempo trabalhado. Agora, acreditavam que é possível, pela organização, garantir seus direitos. Discutindo sua realidade - todos sem terra – chegaram à conclusão de que só poderiam permanecer se criassem aqui mesmo condições para isso. Com a CPT, o grupo resolveu indicar ao INCRA uma área do município para reforma agrária. O grupo foi se fortalecendo. Fez várias oficinas de formação . Em 2008, criou a Associação dos Trabalhadores Migrantes. Enfim, em 2009, saiu a imissão de posse na terra: 2.267 ha, hoje o novo assentamento “Nova Conquista”. São 42 famílias beneficiadas, já cultivando porem ainda aguardando financiamentos e infra-estrutura. Uma certeza: já não mais precisarão migrar para terras alheias. O grupo continua fazendo um trabalho de sensibilização e prevenção no município para que outros trabalhadores não passem pela mesma experiência. Em Agosto de 2009, organizaram um evento original de prevenção através da arte: o 1º Sábado na Praça, com peças teatrais, danças, distribuição de material sobre o trabalho escravo e coleta de assinaturas para a PEC 438/01.
Mudar é possível. 42 famílias de Monsenhor Gil conquistaram sua terra no assentamento Nova Conquista “  Quem cultivar a terra, por ela sente paixão, a defende e a protege, pois aqui é nosso chão”
Cidadania e cultura: espalhando a mensagem para toda a comunidade.  1° Sábado na Praça em Monsenhor Gil
De mês em mês, o grupo cresce: discute direitos, cidadania,  organização, terra e futuro...
Desde 2003, a CPT-PI tem promovido encontros de trabalhadores migrantes...
... nos municípios de maior saída, para prevenir o aliciamento e a emigração de alto risco...
2004-2009 Com apoio da CPT e de alguns Sindicatos, os trabalhadores organizam-se em grupos municipais de trabalhadores migrantes.   Seminários estaduais sobre Trabalho  Escravo reúnem trabalhadores migrantes de todo o estado.
1° encontro estadual de Trabalhadores Migrantes do Piauí (2004)
Neste mesmo período,  a Repórter Brasil,  em parceria com a CPT, leva o “ Escravo nem Pensar ” para 7 municípios: Bom Jesus Corrente Nossa Sra dos Remédios Uruçui São Raimundo Nonato União/ Miguel Alves Barras
Devido a pressão da sociedade organizada, em 2003,   o Governo do Piauí, reconhecendo a gravidade do problema, instituiu, junto com a sociedade civil, o Fórum Estadual de Erradicação do Aliciamento e de Prevenção do Trabalho Escravo... ... Resultando em 15/10/04 na adoção do Plano Estadual de Erradicação do Aliciamento e de Prevenção do Trabalho Escravo
Efeito multiplicador: após o  Escravo nem Pensar , várias escolas promovem Feiras Culturais com teatro, exposições, etc.
2008/09: Fórum organiza oficinas pedagógicas em 18 municípios, divulgando o livro “Escravo, nem Pensar” e promovendo a prevenção contra o TE. ,[object Object]
Prevenção através da arte: 1° Sábado na Praça   em Monsenhor Gil
2009. Outra forma de mobilização:  5000 romeiros na 11ª Romaria da Terra e da Água. Tema: Migração forçada e trabalho escravo. “ Migrar forcado, jamais!  Trabalho escravo, não mais! Eu quero um mundo de paz!”
5.000 participantes na Romaria da Terra e da Água “Migração forçada e Trabalho escravo” “ Migrar forcado, jamais!  Trabalho escravo, não mais! Eu quero um mundo de paz!”
Consolidar o combate ao trabalho escravo através de políticas públicas ,[object Object],[object Object],[object Object]
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Composição do Fórum: ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
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ENENP CPT

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  • 7. Debaixo da lona amarela Marcos , de 13 anos de idade, perdeu a conta das vezes em que passou frio, ensopado pelas trovoadas amazônicas, debaixo da tenda de lona amarela que servia como casa durante os dias de semana. Nem bem amanhecia, ele engolia café preto engrossado com farinha de mandioca, abraçava a motosserra de 14 quilos e começava a transformar a floresta amazônica em cerca para o gado do patrão. Foi libertado em uma ação do grupo móvel no dia 1o de maio de 2003 em uma fazenda, a oeste do município de Marabá, Sudeste do Pará. De acordo com fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego, uma das fazendas vistoriadas contava com excelentes alojamentos de alvenaria munidos de eletrodomésticos para serem mostrados aos fiscais. "Mas os escravos estavam em barracos plásticos, bebendo água envenenada e foram mantidos escondidos em buracos atrás de arbustos até que nós saíssemos. Como passamos três dias sem sair da fazenda, os 119 homens começaram a ‘brotar' do chão e nos procuraram desesperados, dizendo que não eram bichos". Fiscais já libertaram peões que ficavam alojados no curral, dormindo com o gado à noite.
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  • 11. A gente passa mais de mês sem carne “ Nem estudei um ano direito. Não dá tempo, nós fica trabalhando direto! Por isso, só sei assinar o começo do meu nome. O sobrenome, não sei fazer ainda.” Pedro foi encontrado pelos fiscais na fazenda Nossa Senhora Aparecida, em Goianésia, PA. Há três meses estava no “roço da juquira”, retirando arbustos, ervas daninhas e outras plantas indesejáveis para garantir o bem-estar do pasto e dos bois. Do alto de seus 16 anos, é homem formado pela necessidade e trabalha para ajudar sua mãe, viúva. Morava em um barraco de lona, amontoado com outros companheiros, no meio do pasto. A água do pequeno lago, formado por um córrego que passava ao lado do alojamento, servia para matar a sede, lavar roupa, tomar banho e preparar a comida. Carne, só de caça, quando um cabra bom de mira conseguia acertar algum tatu, paca ou macaco. Enquanto isso, mais de 3.000 cabeças de gado pastavam na fazenda, que se espreguiça por cerca de 7.500 hectares de terra – parte dela não regularizada. O proprietário ainda afirmou que possui outra fazenda, com mais 1.500 hectares e outras 800 rezes. “ Tem vez que a gente passa mais de mês sem carne”, lembra Charles Monteiro, outro peão que há oito anos prestava serviço na fazenda.
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  • 15. Comida pros porcos Manoel , 38, negro, 3ª série, casado, dois filhos, comunidade Vargem de João Alves,Vale do Jequitinhonha: “Fizemos uma greve, lá no Rio de Janeiro. Lutamos para sair de lá. A gente trabalhava sem saber quanto ia receber, e a comida era estragada. Era a mesma comida que eles davam pra uns porcos que eles criavam lá. A comida era salsicha no feijão, arroz e macarrão. A gente sofreu muito com isso. Eles faziam essa comida de propósito pra gente não comer e eles davam ela pros porcos deles. Então, a gente não comia porque estava estragado. O que eles faziam? Pegavam aquilo que a gente devolvia e dava pros porcos. Aquilo foi cansando a gente. Não aguentamos tanta humilhação e fizemos a greve. Agora estamos aqui (MG). Mas até hoje ninguém veio aqui. Nem prefeito, nem sindicato. Mas não veio ninguém perguntar se a gente tá precisando de alguma coisa. Então o que nós temos que fazer é ter que voltar de novo pro corte de cana. Agora, lá no Rio, eles não aceitam mais a gente, por conta da greve. Vamos ter que ir pra São Paulo ou então Mato Grosso. Mas é isso. A gente só sujeita de ir pra longe e sofrer, porque nosso lugar aqui não tem como viver.
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  • 18. Aqui é bom, mas tem que sair... Francelino Costa , 32, branco, 4ª série, casado, 3 filhos, comunidade Lambari, Vale do Jequitinhonha Olha, a gente sofre lá no corte da cana. Mas o que você vai fazer? Não tem onde correr quando a fome aperta. Aqui é bom. É o lugar de viver, mas não tem a condição de vida. É aí que eu falo que a gente tem que sair pra buscar condição de vida noutro lugar. Mas eu pego e volto e também falo: ‘nós mesmos não vamos aproveitar nada disso’. Lá o trabalho é muito puxado e se você quiser ganhar um dinheirinho tem que se matar de trabalhar, fazer muita força. Então, você não aguenta esse batido mais do que cinco anos seguidos. Você fica inválido. Eu mesmo já não aguento mais nada da coluna. Tem dia que o jeito é ficar só na cama. O que a gente consegue lá é só um pouquinho, e desse pouquinho, não dá para aproveitar quase nada. É mal mal o que comer. Comeu, acabou, ali é preciso se virar, dar outro jeito. Caçar um recurso por aqui mesmo e, se não achar, aí tem que voltar pro corte de cana.
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  • 22. Aqui é bom, mas a gente sofre muito João Batista , 42, branco, 1ª série, casado, 5 filhos, comunidade Riacho de Areia, Vale do Jequitinhonha Eu quero muito bem esse lugar aqui. Gosto daqui. Toda vez que eu vou pra fora é com uma tristeza danada. Já fui seis vezes pra Barrinha, SP, e três vezes para Mato Grosso. O ano passado fui pra Goiás. Eu conheço esse mundo de Deus aí afora e sei o que é sofrimento. Em todos esses lugares eu já sofri muito pra ganhar o pão de cada dia. Aqui é bom, mas a gente sofre muito também. Você pode até ficar aqui e não morrer de fome. Mas aí você não vai vestir, não vai ter casa e se tiver filhos então aí o sofrimento é maior. Você ver eles te pedir uma coisa e você não ter o dinheiro pra comprar. É por isso que não dá para ficar direto aqui. O lugar é bom. Você tá em riba do que é seu, mas não tem recurso pra viver. Aí tem que sair.
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  • 26. Borrei, desmaiei... João Paulo , do sertão paraibano. Eu cheguei a borrar duas vezes, porque era uma cana ruim de trabalhar e eu não comi na hora certa. Aí borrei , era entre três e meia e quatro horas. É difícil, não é fácil, não. Os dedos travam, a boca fica querendo travar, começa com uma fraqueza e eu querendo forçar, aí pronto, chegou o limite, que não podia mais, aí deitei e me levaram para o posto, colocaram sal em minha boca. Reginaldo : Já chegou a desmaiar alguma vez? Eu nunca desmaiei, mão, mas tinha dia que dava cãibra assim de lascar. Você se esforça demais. Quem se esforça demais lá, dá cãibra, dá tudo, dá agonia. Tem hora que o povo fala borrar , né? Você chegou a borrar alguma vez? Quase todo dia. E aí, quando borrar, faz o quê? Toma soro, vai tomar soro. E o médico não briga não? Briga, sim. Diz: ‘pra que forçar, rapaz?’. Aí a gente diz: ‘o cara vem lá do Norte e quando chega aqui se não se esforçar não ganha de futuro também’.
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  • 28. À própria sorte... Carlos , 62 anos, foi encontrado doente na rede de um dos alojamentos de uma fazenda de gado, em Eldorado dos Carajás, e internado às pressas. Tremia havia três dias, não de malária ou de dengue, mas de desnutrição. No hospital, contou que estava sem receber fazia três meses, mesmo já tendo finalizado o trabalho quase um mês antes. O gato teria dito que descontaria de seu pagamento as refeições feitas durante esse tempo parado. Foi libertado por um Grupo Móvel de Fiscalização (dezembro de 2001). Luís deixou sua casa em uma favela na periferia da capital Teresina e foi se aventurar no Sul do Pará para tentar impedir a fome de sua esposa e de seu filho de quatro meses. Logo chegando, trabalhou em uma serraria, que transformava a floresta em tábuas, onde perdeu um dedo da mão quando a lâmina giratória desceu sem aviso. "Me deram duas caixas de comprimido: uma para desinflamar e outra para tirar a dor, e me mandaram embora", conta. Segundo Luís, os patrões não queriam ter dor de cabeça com um empregado ferido. Ele foi libertado de uma fazenda no Sul do Pará (fevereiro de 2004)
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  • 31. Descartável. Descartado Lourival, PB: Eu pensava assim: vou pro corte de cana, trabalho lá uns anos e volto pra cá. Compro umas vaquinhas de leite, boto umas roças aí nesses tabuleiro e vou vivendo com a família. Meu plano era isso. Fui, trabalhei, mas coah! Trabalhei demais e fiquei inválido. Da última vez que eu fui, eles viviam em cima de mim dizendo que eu cortava muito pouco, que era pra cortar mais. Aí fui cortar mais. Não consegui. Desmaiei 3 vezes, os colegas me deram socorro. Me levaram pro caminhão, me deram um remédio, eu fiquei melhor, e o fiscal mandou eu trabalhar de novo. Depois falou que eu não conseguia mais cortar cana, que era pra cortar 10 toneladas por dia, e eu só tava cortando 6. Ele falou: o ano que vem, você não pode mais vir pra cá. Você não da mais para o serviço. Mas eu mesmo assim teimei e fui. Cheguei e procurei outro turmeiro. Aí ele falou: ‘ Voce é o Lourival que desmaiou muito no ano passado. Você não dá mais para a cana .’ Falei: danou. E agora o que eu vou fazer? Vim embora e de lá pra cá estou nessa peleja de trabalhar hoje para pagar o que comi ontem...
  • 32. Descartável. Descartado Lourival, PB: Eu pensava assim: vou pro corte de cana, trabalho lá uns anos e volto pra cá. Compro umas vaquinhas de leite, boto umas roças aí nesses tabuleiro e vou vivendo com a família. Meu plano era isso. Fui, trabalhei, mas coah! O sujeito se mata de trabalhar e consegue mal o que comer. Quem falar que juntou dinheiro cortando cana tá mentindo. Trabalhei demais e fiquei inválido. Eu fui em 2004 mas as usinas não me aceitaram. Falaram que não tenho mais idade para cortar cana, que não consigo mais cortar do tanto que a usina quer. Porque era assim: quando eu comecei cortar cana, a gente cortava e eles pesava. Aí falava: você cortou 6 toneladas. Outra hora, falava: você cortou 7 toneladas.Era assim. Você cortava o tanto que podia. Agora, da última vez que eu fui e trabalhei [2003], eles viviam em cima de mim dizendo que eu cortava muito pouco, que era pra cortar mais. Aí fui cortar mais. Não consegui. Desmaiei 3 vezes, os colegas me deram socorro. Me levaram pro caminhão, me deram um remédio, eu fiquei melhor, e o fiscal mandou eu trabalhar de novo. Depois falou que eu não conseguia mais cortar cana, que era pra cortar 10 toneladas por dia, e eu só tava cortando 6. Ele falou: o ano que vem, você não pode mais vir pra cá. Você não da mais para o serviço. Mas eu mesmo assim teimei e fui. Cheguei e procurei outro turmeiro. Aí ele falou: ‘ Voce é o Lourival que desmaiou muito no ano passado. Você não dá mais para a cana .’ Falei: danou. E agora o que eu vou fazer? Vim embora e de lá pra cá estou nessa peleja de trabalhar hoje para pagar o que comi ontem...
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  • 36. Terra fraca, homem forte... “ É assim. A terra , quando é fraca , a gente tem que sair, ir para São Paulo. Lá, a gente trabalha no que é dos outros. Aí, a gente tem o dinheiro. Com o dinheiro que vem da nossa força , a gente manda para a família. Aí, este dinheiro dá a força para a família porque ela pode comprar o alimento. Aí, a mulher fica com a força para poder trabalhar e cuidar da terra , para poder plantar. Por que, se não for assim, a mulher não planta, e, aí, a gente não tem colheita.”
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  • 40. (...) a gente só vai pra juquira quando tá no último grau de precisão . Lá na fazenda, é tudo péssimo! Aquela comida que eles falam que é de peão; um arroz quebrado e misturado e só. Carne é muito difícil ver. Na água que a gente bebe anda até animal e a gente tem que banhar também; tudo no mesmo açude. A única coisa que é bom do trabalho é quando a gente recebe o troco. Mas mesmo assim, é difícil ver o troco. Eles deixam um pouquinho aqui em casa antes da gente viajar e depois é difícil ver o resto do dinheiro porque a gente acaba gastando com eles mesmo”. Depoimento de Seu Zé Véio, 46 anos ... escravos “da precisão”.
  • 41. “ Não. A gente não é escravo, não. Mas se a gente for pensar direitinho, o cara começa a escravidão dele é em casa mesmo; na precisão . Mas nessas fazendas, eles chamam assim porque enganam. A gente chega lá e as coisas mudam; então o trabalhador fica com a dívida na cantina e eles dizem que é escravo. (...) Eu já vi muita coisa. O trabalhador trabalha; fica um mês e ganha uma mixaria. Se quiser dizer, pode até dizer que é escravo mesmo porque fica preso naquela história de estar devendo”. (Depoimento de Seu Afonso, 55 anos) ... escravos “da precisão”.
  • 42. Eu quis viver a minha vida...
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  • 54. Perfil dos libertados Fonte: Registros do Seguro-desemprego, 2003 a 08/2008 (17.318 p). Processamento: SIT/Repórter Brasil   Estado Estado de nascimento Referência do domicílio Maranhão 31,3% 24,1% Pará 8,3% 19,0% Mato Grosso do Sul 9,0% 10,1% Tocantins 6,1% 7,6% Mato Grosso 2,0% 5,9% Bahia 6,8% 5,5% Piauí 6,8% 4,6% Minas Gerais 5,7% 4,6% Goiás 4,5% 4,6% Alagoas 4,4% 4,1% Pernambuco 3,5% 2,7% Outros 11,6% 7,2% Total 100,0% 100,0% Grau de instrução % Acumulado Analfabeto 42,6% 42,6% 4ª série incompleta 28,3% 70,9% 4ª série completa 7,2% 78,1% 8ª série incompleta 12,8% 90,9% 8ª série completa 2,9% 93,8% 2º grau incompleto 1,5% 95,3% 2º grau completo 1,5% 96,8% Superior 0,0% 96,8% Ignorado 3,2% 100,0% Sexo % Masculino 95,7% Feminino 4,3% Total 100,0% Faixa etária no dia da libertação % Acumulado Até 17 anos 1,30% 1,30% 18-24 anos 28,10% 29,40% 25-34 anos 34,80% 64,20% 35-44 anos 19,80% 84,00% 45-54 anos 11,70% 95,70% 55 ou mais 4,30% 100,00%
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  • 59. Desde 1997 estamos em campanha
  • 60. De olho aberto para não virar escravo 1997
  • 61. 2003
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  • 64. 1. ACOLHER E AMPARAR AS VÍTIMAS 2. DENUNCIAR OS CRIMINOSOS, COBRANDO O FIM DA IMPUNIDADE 3. PESQUISAR & MOSTRAR COMO FUNCIONA A ESCRAVIDÃO MODERNA 4. ALERTAR À SOCIEDADE E MOBILIZAR OS TRABALHADORES/AS 5 . COM AS ORGANIZAÇÕES, EXIGIR REFORMA AGRÁRIA , POLÍTICAS PÚBLICAS COERENTES. OU SEJA: PREVENIR Assumimos cinco objetivos:
  • 65. 1. Vigilância, acolhida, atendimento 3. Atacara as raízes: gerar mudanças reais 2. Organizar & mobilizar
  • 66. Nossa estratégia tem 7 ingredientes... prevenção Mobilização da sociedade Cobrança no Poder público Informação e formação organização Denúncia nacional & internacional MUDANÇAS REAIS
  • 67. Acolher e ouvir o trabalhador...
  • 68. Registrar sua denúncia e encaminhar... No dia 22, fomos para São Félix onde pegamos uma balsa fretada pelo gato. Demoramos 8 dias até chegar à fazenda. O proprietário é o Wesley, filho da prefeita de Araguaína. A derrubada é de 600 alqueires. O gato disse que quem quiser ir embora vai ter que pagar o frete de um avião...
  • 69. Casos denunciados por mês, Brasil , 2002/06 [CPT]
  • 70. Casos denunciados por ano e média mensal [CPT] DENÚNCIAS DE TRABALHO ESCRAVO 2003 2004 2005 2006 2007 2008 set/09 TOTAL Denúncias TOT 233 230 275 265 265 280 148 1696 Denúncias fiscalizadas TOT 150 126 161 136 150 216 96 1035 Denúncias via Campanha 167 145 159 151 132 94 62 910 % casos Campanha/Total 72% 63% 58% 57% 50% 34% 42% 54% Trabalhadores envolvidos 8.306 5.812 7.612 6.933 8.674 6.997 4.304 48.638 Trabalhadores libertados 5.228 3.212 4.570 3.666 5.968 5.266 2.806 30.716
  • 71. PARÁ/CAMPANHA DA CPT: 82% dos CASOS DENUNCIADOS, 59% dos CASOS FISCALIZADOS, 54% dos TRABALHADORES LIBERTADOS FONTE 2002-10.2007 CASOS % FISCALIZADOS % % ATENDIDO ENVOLVIDOS % LIBERTADOS % CPT MARABA 303 39% 73 25% 24% 6.272 30% 1.623 20% CPT XINGUARA 145 18% 54 18% 37% 4.757 23% 1.296 16% CPT TUCUMA 36 5% 5 2% 14% 715 3% 45 1% CPT TUCURUI 25 3% 10 3% 40% 966 5% 458 6% CPT ALTAMIRA 10 1% 3 1% 30% 320 2% 89 1% OUTR.CAMP.CPT 53 7% 8 3% 15% 1.208 6% 256 3% CDVDH MA 35 4% 10 3% 29% 1.154 6% 535 7% CPT TO 35 4% 9 3% 26% 1.004 5% 93 1% CPT MT 3 0% 2 1% 67% 75 0% 44 1% AUTORIDADES 140 18% 123 41% 88% 4.366 21% 3.713 46% TOTAL GERAL 785 100% 297 100% 38% 20.837 100% 8.152 100% SÓ CAMPANHA 645 82% 174 59% 27% 16.471 79% 4.439 54%
  • 72. Defender o trabalhador... Advogad@s parceir@s, Oficinas jurídicas, Balcões de Direitos, educadores.
  • 74.  
  • 76.  
  • 77. MobilizaR a sociedade SEMINÁRIOS EM MT, PA, PI, MA, BA, TO, RJ
  • 78. PARÁ Fóruns, articulações, mobilizações. Debate-se planos contra a escravidão (MA, PI, TO, MT, PA). CAMPOS-RJ Cobr a R Do Poder público
  • 79. 2006: II Seminário “O TOCANTINS CONTRA O TRABALHO ESCRAVO”, em Araguaína. CONSTRUIR PROPOSTAS
  • 81. Escravo, nem pensar! O projeto visa inserir o tema do trabalho escravo no dia-a-dia das escolas de ensinos fundamental e médio, em programas de educação de jovens e adultos e outros cursos não-formais. Cada escola possa transformar-se em um centro irradiador de informações de como se prevenir do trabalho escravo. Na segunda etapa, formará-se “agentes de cidadania”, escolhidos entre líderes comunitários e sindicais e jovens destes mesmos municípios. Realizadores : ONG Repórter Brasil (SP) Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia (MA) Comissão Pastoral da Terra (PI, TO) Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República Janeiro 2006: Parcerias: 100 professores e 50 lideranças de Araguaína e Axixá realizam capacitação para combate ao trabalho escravo Fevereiro & março de 2007: 100 professores e 25 lideranças realizam em Ananás e Xambioá capacitação para combate ao trabalho escravo Setembro de 2007: 28 líderes populares de Wanderlândia e região realizam capacitação para combate ao trabalho escravo
  • 82. Escravo, nem pensar! O projeto visa inserir o tema do trabalho escravo no dia-a-dia das escolas de ensinos fundamental e médio, em programas de educação de jovens e adultos e outros cursos não-formais. Cada escola possa transformar-se em um centro irradiador de informações de como se prevenir do trabalho escravo. Na segunda etapa, formará-se “agentes de cidadania”, escolhidos entre líderes comunitários e sindicais e jovens destes mesmos municípios. Realizadores : ONG Repórter Brasil (SP) Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia (MA) Comissão Pastoral da Terra (PI, TO) Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República Janeiro 2006: Parcerias: 100 professores e 50 lideranças de Breu Branco e Xinguara realizam capacitação para combate ao trabalho escravo Fevereiro & março de 2007: 20 professores de São Geraldo e Piçarra realizam capacitação para combate ao trabalho escravo Maio de 2007: 50 professores do Nortão MT realizam capacitação para combate ao trabalho escravo
  • 83. 2003 a 2006: inúmeras oficinas de prevenção são realizadas no interior, em bairros de periferia, associações, aldeias, assentamentos, acampamentos, romarias... envolvendo mais de 3000 pessoas.
  • 84.  
  • 85.  
  • 86.  
  • 87.  
  • 88. Inúmeras oficinas de prevenção realizadas no interior, em bairros de periferia, associações, aldeias, assentamentos, acampamentos, romarias... envolvendo milhares de pessoas.
  • 90. NOVAS INICIATIVAS OUTUBRO 2005: CDH de Araguaína inicia programa de prevenção e combate ao trabalho escravo, presente em 7 municípios do Norte.
  • 91. NOVAS INICIATIVAS JANEIRO 2006: FETAET inicia programa trienal de combate à superexploração nas áreas do agronegócio atuante em 20 municípios do Estado. 1 - sudoeste : Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão (arroz, soja, carvão) 2 - sudeste : Dianópolis, Arraias, Santa Rosa, Peixe, Porto Nacional (soja, cana, algodão, arroz, carvão) 3 - centro: Miracema, Dois Irmãos, Miranorte (abacaxi, pecuária) 4 - nordeste: Campos Lindos, Pedro Afonso, Itacajá (soja, arroz) 5 - norte: Araguaína, Wanderlândia, Nova Olinda, Darcinópolis (soja, cana, pecuária) 6 - extremo norte: Axixá, Araguatins, Sampaio (arroz, soja, fruticultura, eucalipto)
  • 92. Nov. 2006: conferÊncIA nacional de Açailândia Avaliação & Novas propostas de combate
  • 93. Moradores de Ananás, TO, libertos do trabalho escravo, juntos, produzem hortaliças, com apoio do CDH & da CPT. GerAR MUDANÇAS
  • 94. Moradores de Ananás, TO, libertos do trabalho escravo, juntos, produzem hortaliças, com apoio do CDH & da CPT. construir ALTERNATIVAS
  • 95. Famílias sem terra de Filadélfia, TO, vulneráveis ao aliciamento reivindicam a reforma agrária. Decidam ocupar a fazenda Saco da Serra, com apoio do MST & da CPT. PREPARAR O FUTURO
  • 96. Vítimas de trabalho escravo no Piauí ganham assentamento   O assentamento, localizado no município de Monsenhor Gil, PI, será o primeiro no Brasil a receber trabalhadores resgatados de trabalho análogo ao de escravo . 26 famílias que passaram por situação de trabalho escravo foram cadastradas e terão direito a um lote. Há anos a CPT luta para adquirir melhores condições para as pessoas vítimas de trabalho escravo. Em 2005, no município de Monsenhor Gil, saíram 15 trabalhadores para trabalhar no Pará com a esperança de ganhar dinheiro e iludidos com a falsa promessa do “gato”. Essas pessoas trabalharam meses sem receber salário, contraindo apenas dívidas. Os alojamentos eram velhos barracões e as condições de trabalho as piores possíveis. A comida era de péssima qualidade e a água consumida era a mesma onde os animais defecavam e banhavam. Junto com outro grupo de trabalhadores em Monsenhor Gil que havia passado pela mesma situação e com apoio da CPT, começaram um trabalho de organização e formação. Em 2007, criamos a primeira Associação dos Trabalhadores que passaram por situações de escravidão: reunidos poderiam lutar por terras onde pudessem produzir no município onde moram. Conseguiram assim do INCRA a desapropriação da terra e, finalmente, a emissão de posse das terras. 11/03/2009 - 09h:16 - http://www.meionorte.com/noticias,trabalhadores-escravos-ganham-assentamento,69010.html GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS
  • 97. Ex-escravos trabalham juntos na fabricação de brinquedos de madeira, com a apoio do CDVDH & da Repórter Brasil. construir ALTERNATIVAS...
  • 98. TRABALHO DECENTE ! Ex-escravos trabalham juntos na produção de carvão alternativo, e ganham autoestima... e renda
  • 99. COBRAR De novo
  • 101.  
  • 102. Articulação, lobby, campanhas... ONU Grupo Especial contra a Escravidão, OIT Conferência Internacional do Trabalho , OEA - Acordo José Pereira na Comissão Interamericana de DH. . Anti-Slavery , Free the Slaves , Witness Alertar a comunidade nacional & internacional
  • 103. BINKA LE BRETON ...formação da opinião pública.
  • 104. GO
  • 105. COLOCAR ESSA Luta na agenda de todos nós...
  • 106.  
  • 107.  
  • 108.  
  • 109.  
  • 110.  
  • 111.  
  • 112.  
  • 113.  
  • 114.  
  • 115. NOROESTE NORDESTE: Maranhão Piauí Bahia Alagoas SUDESTE: Rio de J CENTROESTE: Mato Grosso SUL NORTE: Pará Tocantins Campanha De Olho Aberto para não virar escravo
  • 116. NOROESTE: Rondônia NORDESTE: Maranhão Piauí Bahia Alagoas SUDESTE: Rio de J, São Paulo CENTROESTE: Mato Grosso, Goiás SUL Paraná NORTE: Pará Tocantins Campanha De Olho Aberto para não virar escravo
  • 117. Campanha De Olho Aberto para não virar escravo
  • 118. Uma luta integrada às demais lutas do campo.
  • 119.  
  • 120. 0 xx 61 33 17 61 76
  • 121. Reforma agrária Educação Um outro rumo... Um outro mundo possível... E necessário!
  • 122. CAMPANHA DE PREVENÇÃO E COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO E À SUPEREXPLORAÇÃO NO BRASIL
  • 123.  
  • 124.  
  • 125. Uma luta de todos nós !!!
  • 127.  
  • 129. Mudar é possível. Precisa ter uma estratégia bem montada, determinação, organização... Veja como ex-escravos do Piauí conquistaram uma terra para seu assentamento em Monsenhor Gil. “ Quem cultivar a terra, por ela sente paixão, a defende e a protege, pois aqui é nosso chão”
  • 130. Trabalhadores de Monsenhor Gil, resgatados da escravidão no Pará, se organizam para mudar Em 16 de Junho de 2004, 78 trabalhadores foram resgatados pelo Grupo Móvel na Fazenda Rio Tigre, em Santana do Araguaia,PA. 15 deles eram do Piauí, todos do município de Monsenhor Gil. O proprietário era Rosenval Alves dos Santos, médico em Goiânia. Após o resgate, a CPT de Xinguara enviou à CPT-Piauí a relação e endereço dos 15 trabalhadores. De volta em casa, estes receberam a visita da CPT-PI e, certa vez, também da CPT de Xinguara. Mantiveram o contato. Os trabalhadores resolveram se organizar e formar um “grupo de trabalhadores migrantes”, com reuniões periódicas onde discutiam direitos, organização, terra e o futuro... Neste tempo (2004) surgiu o caso de outros 15 trabalhadores do município que, tendo roçado juquira, na fazenda Boca do Monte, na Vila Mandi (Santana do Araguaia), passaram meses sem receber nada, permanecendo no local em condições super precárias, dormindo em barracos de lona, bebendo água de uma grota, também usada para banho. As ferramentas eram compradas e o valor descontado. Havia vigilância armada. Finalmente, sem um tostão, mas endividados, os trabalhadores retornaram a Monsenhor Gil. Ao chegar, toparam com o grupo dos resgatados da fazenda Rio Tigre. Estes os convidaram para a reunião do grupo, junto com a CPT.
  • 131. Trabalhadores de Monsenhor Gil, resgatados da escravidão no Pará, se organizam para mudar... Iniciou-se um trabalho com esse novo grupo, visando esclarecer seus direitos. Perceberam que, se retornassem ao Pará, poderiam reclamar seus direitos trabalhistas. Mas eles tinham muito medo, inclusive de morrer, lembrando casos de fazendeiros do Pará que espancavam e ameaçavam. Ninguém acreditava que poderia mesmo receber seus direitos. Participaram de reuniões, encontros de formação até ganhar confiança e optar por mover uma ação contra o fazendeiro. A CPT encaminhou suas procurações ao advogado do Balcão de Direitos de Xinguara, o Fernando. A ação foi protocolada na Justiça do Trabalho, em Redenção. Em junho de 2005, para a primeira audiência, 13 trabalhadores retornaram ao Pará, inclusive, para espantar o temor, dois deles levaram a esposa. Pela primeira via se trabalhadores migrantes do Piauí ter a coragem de voltar ao Pará e reclamar seus direitos. Nem eles mesmos acreditavam no que estava acontecendo. Para juntar os R$ 3.000 da viagem, pegaram uma contribuição da Secretaria de Assistência Social e Cidadania e da Prefeitura de Monsenhor Gil. Após a 1ª audiência, o advogado convenceu o juiz de dispensar os trabalhadores de comparecer novamente em função da distância e do custo. Assim ficaram aguardando a sentença em casa.
  • 132. Trabalhadores de Monsenhor Gil, resgatados da escravidão no Pará, se organizam para mudar... Ganhar o processo foi sua 2ª vitória: todos receberam indenizações, de acordo com o tempo trabalhado. Agora, acreditavam que é possível, pela organização, garantir seus direitos. Discutindo sua realidade - todos sem terra – chegaram à conclusão de que só poderiam permanecer se criassem aqui mesmo condições para isso. Com a CPT, o grupo resolveu indicar ao INCRA uma área do município para reforma agrária. O grupo foi se fortalecendo. Fez várias oficinas de formação . Em 2008, criou a Associação dos Trabalhadores Migrantes. Enfim, em 2009, saiu a imissão de posse na terra: 2.267 ha, hoje o novo assentamento “Nova Conquista”. São 42 famílias beneficiadas, já cultivando porem ainda aguardando financiamentos e infra-estrutura. Uma certeza: já não mais precisarão migrar para terras alheias. O grupo continua fazendo um trabalho de sensibilização e prevenção no município para que outros trabalhadores não passem pela mesma experiência. Em Agosto de 2009, organizaram um evento original de prevenção através da arte: o 1º Sábado na Praça, com peças teatrais, danças, distribuição de material sobre o trabalho escravo e coleta de assinaturas para a PEC 438/01.
  • 133. Mudar é possível. 42 famílias de Monsenhor Gil conquistaram sua terra no assentamento Nova Conquista “ Quem cultivar a terra, por ela sente paixão, a defende e a protege, pois aqui é nosso chão”
  • 134. Cidadania e cultura: espalhando a mensagem para toda a comunidade. 1° Sábado na Praça em Monsenhor Gil
  • 135. De mês em mês, o grupo cresce: discute direitos, cidadania, organização, terra e futuro...
  • 136. Desde 2003, a CPT-PI tem promovido encontros de trabalhadores migrantes...
  • 137. ... nos municípios de maior saída, para prevenir o aliciamento e a emigração de alto risco...
  • 138. 2004-2009 Com apoio da CPT e de alguns Sindicatos, os trabalhadores organizam-se em grupos municipais de trabalhadores migrantes. Seminários estaduais sobre Trabalho Escravo reúnem trabalhadores migrantes de todo o estado.
  • 139. 1° encontro estadual de Trabalhadores Migrantes do Piauí (2004)
  • 140. Neste mesmo período, a Repórter Brasil, em parceria com a CPT, leva o “ Escravo nem Pensar ” para 7 municípios: Bom Jesus Corrente Nossa Sra dos Remédios Uruçui São Raimundo Nonato União/ Miguel Alves Barras
  • 141. Devido a pressão da sociedade organizada, em 2003, o Governo do Piauí, reconhecendo a gravidade do problema, instituiu, junto com a sociedade civil, o Fórum Estadual de Erradicação do Aliciamento e de Prevenção do Trabalho Escravo... ... Resultando em 15/10/04 na adoção do Plano Estadual de Erradicação do Aliciamento e de Prevenção do Trabalho Escravo
  • 142. Efeito multiplicador: após o Escravo nem Pensar , várias escolas promovem Feiras Culturais com teatro, exposições, etc.
  • 143.
  • 144. Prevenção através da arte: 1° Sábado na Praça em Monsenhor Gil
  • 145. 2009. Outra forma de mobilização: 5000 romeiros na 11ª Romaria da Terra e da Água. Tema: Migração forçada e trabalho escravo. “ Migrar forcado, jamais! Trabalho escravo, não mais! Eu quero um mundo de paz!”
  • 146. 5.000 participantes na Romaria da Terra e da Água “Migração forçada e Trabalho escravo” “ Migrar forcado, jamais! Trabalho escravo, não mais! Eu quero um mundo de paz!”
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