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HISTÓRIA	DA	LITERATURA
Manoel	Neves
A	NARRATIVA	BRASILEIRA	DEPOIS	DE	1960
LINHAS	GERAIS
LINHAS	GERAIS
experimentação:	nesse	sentido,	retoma	a	primeira	geração	do	modernismo;
fusão	de	gêneros	e	de	espécies	literárias;
narrativas	com	tonalidades	romanescas;
recorte;
impacto	do	alargamento	do	jornalismo;
ficcionalização	de	espécies	literárias	como	a	crônica	e	a	biografia;
ruptura	com	a	escrita	tradicional	no	que	ela	tem	de	elegante,	realista	e	verossímil;
boom	da	narrativa	de	fôlego	curto.
A	LITERATURA	PARTICIPANTE
CARACTERÍSTICAS
engajamento	político	e	social;
apresentação	das	transformações	por	que	o	Brasil	passou	durante	a	Ditadura	Militar.
AUTORES
Antônio	Calado Erico	Verissimo
CALLADO,	Antônio.	Bar	Don	Juan.	Rio	de	Janeiro:	Civilização	Brasileira,	1982.
Não	 havia,	 como	 das	 outras	 vezes,	 a	 cerimônia	 da	 identificação,	 com	 as	
impressões	 digitais,	 as	 perguntas.	 Tiravam-lhe	 a	 roupa,	 despiam	 Laurinha	
também,	 e	 quando	 lhe	 deram	 o	 primeiro	 choque	 elétrico	 na	 glande	 e	 no	
ânus,	João	só	pensava	no	que	estaria	Laurinha	pensando.
VERISSIMO,	Erico.	Incidente	em	Antares.	São	Paulo:	Círculo	do	Livro,	1992.
João	Paz	foi	preso	sob	a	falsa	acusação	de	estar	treinando	secretamente	na	
nossa	 cidade	 um	 bando	 de	 dez	 guerrilheiros	 esquerdistas	 do	 qual	 ele	 era	
supostamente	 o	 chefe.	 Sua	 prisão	 foi	 efetuada	 da	 maneira	 mais	 irregular.	
João	 Paz	 foi	 levado	 para	 o	 famoso	 porão	 da	 nossa	 delegacia	 onde	 se	
processam	os	interrogatórios	mais	brutais.	Inocêncio	Pigarço	fez	perguntas	
ao	prisioneiro,	ordenou-lhe	que	dissesse	o	nome	dos	outros	dez	“membros	
do	grupo‟.	Joãozinho	negou-se	a	isso	porque	nada	sabia,	pois	tal	grupo	não	
existe	em	Antares!	Inocêncio	Pigarço	entregou	o	“subversivo‟	aos	cuidados	
de	seu	“especialista‟	em	interrogatórios,	o	famigerado	Boquinha	de	Ouro...	
que	deve	estar	em	algum	lugar	desta	praça	e	que	espero	esteja	me	ouvindo.	
[…]	Mas	o	interrogatório	continua	[...]	Vem	então	a	fase	requintada.	Enfiam-
lhe	 um	 fio	 de	 cobre	 na	 uretra	 e	 outro	 no	 ânus	 e	 aplicam-lhe	 choques	
elétricos.	 O	 prisioneiro	 desmaia	 de	 dor.	 Metem-lhe	 a	 cabeça	 num	 balde	
d’água	gelada	e,	uma	hora	depois,	quando	ele	está	de	novo	em	condições	de	
entender	o	que	lhe	dizem	e	de	falar,	os	choques	elétricos	são	repetidos.
A	NARRATIVA	INTIMISTA
CARACTERÍSTICAS
prosa	de	traço	psicologizante	que	apresenta	meticuloso	acúmulo	de	pormenores;
dramas	existenciais	e	intimistas.
AUTORES
Lygia	Fagundes	Telles Caio	Fernando	Abreu
Maria	Alice	Cardoso Fernando	Sabino
Nélida	Piñon Autran	Dourado
Luiz	Vilela
TELLES,	Lygia	Fagundes.	Antes	do	baile	verde.	Rio	de	Janeiro:	Rocco,	1999.
Esse	menino	transpira	tanto,	meus	céus!	Acaba	de	vestir	a	roupa	limpa	e	já	
começa	 a	 transpirar,	 nem	 parece	 que	 tomou	 banho.	 Tão	 desagradável!...	
Minha	 mãe	 não	 usava	 a	 palavra	 suor	 que	 era	 forte	 demais	 para	 seu	
vocabulário,	 ela	 gostava	 das	 belas	 palavras.	 Das	 belas	 imagens.	
Delicadamente	 falava	 em	 transpiração	 com	 aquela	 elegância	 em	 vestir	 as	
palavras	com	nos	vestia.	Com	a	diferença	que	Eduardo	se	conservava	limpo	
como	se	estivesse	numa	redoma,	as	mãos	sem	poeira,	a	pele	fresca.	Podia	
rolar	 na	 terra	 e	 não	 se	 conspurcava,	 nada	 chegava	 a	 sujá-lo	 realmente	
porque	mesmo	através	da	sujeira	podia	se	ver	que	estava	intacto.	Eu	não.	
Com	a	maior	facilidade	me	corrompia	lustroso	e	gordo,	o	suor	a	escorrer	[...]	
manchando	 a	 camisa	 de	 amarelo	 com	 uma	 borda	 esverdinhada,	 suor	 de	
bicho	venenoso,	traiçoeiro,	malsão.	Enxugava	depressa	 	a	testa,	o	pescoço,	
tentava	num	último	esforço	salvar	ao	menos	a	camisa.	Mas	a	camisa	era	uma	
pele	enrugada	aderindo	à	minha.
ABREU,	Caio	Fernando.	Morangos	mofados.	São	Paulo:	Companhia	das	Letras,	2001.
Não,	 não	 estou	 desesperada,	 não	 mais	 do	 que	 sempre	 estive,	 nothing	
especial,	baby,	não	estou	louca	nem	bêbada,	estou	é	lúcida	pra	caralho	e	sei	
claramente	que	não	tenho	nenhuma	saída,	ah	não	se	preocupe,	meu	bem,	
depois	que	você	sair	tomo	banho	frio,	leite	quente	com	mel	de	eucalipto,	
gin-seng	e	lexotan,	depois	deito,	depois	durmo,	depois	acordo	e	passo	uma	
semana	 a	 banchá	 e	 arroz	 integral,	 absolutamente	 santa,	 absolutamente	
pura,	absolutamente	limpa,	depois	tomo	outro	porre,	[…]	bato	o	carro	numa	
esquina	ou	ligo	para	o	cvv	às	quatro	da	madrugada	e	alugo	a	cabeça	dum	
panaca	 qualquer	 choramingando	 coisas	 do	 tipo	 preciso-tanto-uma-razão-
para-viver-e-sei-que-essa-razão-só-está-dentro-de-mim-bababá-babaá	 e	 me	
lamurio	até	o	sol	pintar	atrás	daqueles	edifícios	sinistros.
PIÑON,	Nélida.	I	love	my	husband.	In.:	STEEN,	Elda	van.	O	conto	da	mulher	brasileira.	Rio	de	Janeiro:	Global,	2010.
“Eu	amo	meu	marido.	De	manhã	à	noite.	Mal	acordo,	ofereço-lhe	café.	Ele	
suspira	exausto	da	noite	sempre	maldormida	e	começa	a	barbear-se.	Bato-
lhe	à	porta	três	vezes,	antes	que	o	café	esfrie.	Ele	grunhe	com	raiva	e	eu	
vocifero	com	aflição.	Não	quero	o	meu	esforço	confundido	com	um	líquido	
frio	que	ele	tragará	como	me	traga	duas	vezes	por	semana,	especialmente	
no	sábado.”	[…]	“Sou	grata	pelo	esforço	que	faz	em	amar-me.	Empenho-me	
em	agradá-lo,	ainda	que	sem	vontade	às	vezes	(...).	Sinto	então	a	boca	seca,	
seca	por	um	cotidiano	que	confirma	o	gosto	do	pão	comido	às	vésperas,	e	
que	 me	 alimentará	 amanhã	 também.	 Um	 pão	 que	 ele	 e	 eu	 comemos	 há	
tantos	anos	sem	reclamar,	ungidos	pelo	amor,	atados	pela	cerimônia	de	um	
casamento	que	nos	declarou	marido	e	mulher.	Ah,	sim,	eu	amo	meu	marido.
ULTRARREALISMO	OU	HIPERREALISMO
CARACTERÍSTICAS
violência	dos	temas	e	dos	recursos	técnicos;
notícia	crua	da	vida;
denúncia	explícita;
caráter	transparente	e	documental.
AUTORES
Rubem	Fonseca Sérgio	Sant’Anna
Paulo	Lins André	Sant’Anna
FONSECA,	Rubem.	Feliz	ano	novo.	In.:	Contos	reunidos.	São	Paulo:	Companhia	das	Letras,	2001.
Dei	 uma	 magnum	 pro	 Pereba,	 outra	 pro	 Zequinha.	 Prendi	 a	 carabina	 no	
cinto,	o	cano	para	baixo,	e	vesti	uma	capa.	Apanhei	três	meias	de	mulher	e	
uma	tesoura.	Vamos,	eu	disse.
Puxamos	 um	 Opala.	 Seguimos	 para	 os	 lados	 de	 São	 Conrado.	 Passamos	
várias	casas	que	não	davam	pé,	ou	tavam	muito	perto	da	rua	ou	tinha	gente	
demais.	Até	que	achamos	o	lugar	perfeito.	Tinha	na	frente	um	jardim	grande	
e	 a	 casa	 ficava	 lá	 no	 fundo,	 isolada.	 A	 gente	 ouvia	 barulho	 de	 música	 de	
carnaval,	mas	poucas	vozes	cantando.	Botamos	as	meias	na	cara.	Cortei	com	
a	tesoura	os	buracos	dos	olhos.	Entramos	pela	porta	principal.
Eles	estavam	bebendo	e	dançando	num	salão	quando	viram	a	gente.
É	um	assalto,	gritei	bem	alto,	para	abafar	o	som	da	vitrola.	Se	vocês	ficarem	
quietos	ninguém	se	machuca.	Você	aí,	apaga	essa	porra	dessa	vitrola.
SANT’ANNA,	Sérgio.	O	monstro.	In.:	Contos	e	novelas	reunidos.	São	Paulo:	Companhia	das	Letras,	1997.
Em	sessão	do	2º.	tribunal	do	Júri,	em	4	de	março	passado,	no	Rio	de	Janeiro,	o	
professor	 universitário	 Antenor	 Lott	 Marçal,	 de	 45	 anos,	 após	 ter	 sua	 culpa	
reconhecida	 unanimemente	 pelos	 jurados,	 foi	 condenado	 pelo	 juiz	 Iraílton	
Catanhede	 à	 pena	 de	 trinta	 anos	 de	 reclusão,	 pelo	 estupro	 e	 coautoria	 do	
assassinato	de	Frederika	Stucker,	de	vinte	anos,	no	dia	18	de	julho	de	1992,	em	
crimes	que	chocaram	a	opinião	pública	no	país,	entre	outras	coisas	porque	a	
jovem	e	bela	Frederika	sofria	de	grave	deficiência	visual	e,	ainda	drogada	por	
seus	algozes,	teve	reduzidas	a	zero	suas	chances	de	defender-se.
Nesta	 história	 macabra	 houve	 uma	 outra	 personagem	 não	 menos	 principal:	
Marieta	 Castro,	 de	 34	 anos,	 amante	 de	 Antenor,	 que	 atraiu	 Frederika	 para	
aquela	cilada	fatal	em	sua	casa,	depois	de	conhecê-la	enquanto	caminhava	pela	
margem	da	lagoa	Rodrigo	de	Freitas,	na	Zona	Sul	do	Rio.	Marieta	não	pôde	ser	
presa	e	condenada	como	o	seu	cúmplice,	porque	se	suicidou	com	um	tiro	no	
coração,	 na	 tarde	 de	 30	 de	 junho	 de	 1992,	 no	 banheiro	 da	 firma	 onde	
trabalhava	como	operadora	do	mercado	de	commodities	[...].
No	 decorrer	 de	 todo	 o	 processo,	 até	 o	 seu	 desfecho,	 a	 extrema	 lucidez	 e	
articulação	 verbal	 com	 que	 Antenor	 narrou	 os	 fatos	 e	 assumiu	 suas	
responsabildiades	 dentro	 deles	 surpreenderam	 dos	 policiais	 e	 juízes	 que	 o	
interrogaram	a	todos	os	que	estiveram	presentes	ao	julgamento.
REALISMO	FANTÁSTICO
CARACTERÍSTICAS
traz	o	insólito,	o	absurdo	para	a	estrutura	narrativa;
fantástico:	manifestação	do	absurdo	no	plano	da	narrativa	literária;
seu	objetivo	é	fazer	uma	denúncia	indireta	dos	problemas	da	sociedade.
AUTORES
Murilo	Rubião Moacyr	Scliar
Roberto	Drummond J.	J.	Veiga
RUBIÃO,	Murilo.	O	ex-mágico	da	taberna	minhota.	Disponível	em:	http://www.releituras.com/mrubiao_menu.asp.	Acesso	em:	03	jan.	2016.
Às	vezes,	sentado	em	algum	café,	a	olhar	cismativamente	o	povo	desfilando	
na	calçada,	arrancava	do	bolso	pombos,	gaivotas,	maritacas.	As	pessoas	que	
se	encontravam	nas	imediações,	julgando	intencional	o	meu	gesto,	rompiam	
em	 estridentes	 gargalhadas.	 Eu	 olhava	 melancólico	 para	 o	 chão	 e	
resmungava	contra	o	mundo	e	os	pássaros.
Se,	distraído,	abria	as	mãos,	delas	escorregavam	esquisitos	objetos.	A	ponto	
de	 me	 surpreender,	 certa	 vez,	 puxando	 da	 manga	 da	 camisa	 uma	 figura,	
depois	outra.	Por	fim,	estava	rodeado	de	figuras	estranhas,	sem	saber	que	
destino	lhes	dar.	[...]
Quase	sempre,	ao	tirar	o	lenço	para	assoar	o	nariz,	provocava	o	assombro	
dos	que	estavam	próximos,	sacando	um	lençol	do	bolso.	Se	mexia	na	gola	do	
paletó,	logo	aparecia	um	urubu.	Em	outras	ocasiões,	indo	amarrar	o	cordão	
do	 sapato,	 das	 minhas	 calças	 deslizavam	 cobras.	 Mulheres	 e	 crianças	
gritavam.	Vinham	guardas,	ajuntavam-se	curiosos,	um	escândalo.	Tinha	de	
comparecer	 à	 delegacia	 e	 ouvir	 pacientemente	 da	 autoridade	 policial	 ser	
proibido	soltar	serpentes	nas	vias	públicas.
A	NARRATIVA	REGIONAL
CARACTERÍSTICAS
apresentação	da	realidade	fora	dos	grandes	centros
dá	continuidade	à	tradição	regionalista/nativista	da	literatura	brasileira.
AUTORES
Bernardo	Élis Márcio	de	Souza
João	Ubaldo	Ribeiro Mário	Palmério
Milton	Hatoum José	Cândido	de	Carvalho
ÉLIS,	Bernardo.	A	enxada.	Disponível	em:	http://officiallylucas.webnode.com.br/products/a-enxada/.	Acesso	em:	03	jan.	2016.
Joaquim	Faleiro	era	sitiante	pobre,	dono	de	uma	nesguinha	de	vertente	boa.	
Vivia	de	fazer	sua	rocinha,	que	ele	mesmo,	a	mulher	e	dois	cunhados	iam	
tocando.	Vendiam	um	pouco	de	mantimento,	engordavam	uns	capadinhos,	
criavam	umas	vinte	e	poucas	reses	e	fabricavam	algumas	cargas	de	rapadura	
na	engenhoca	de	trás	da	casa,	ode	vender	no	comércio.	O	resto	Deus	dava	
determinação.	O	diabo,	porém,	era	aquele	tal	de	capitão	Elpídio	Chaveiro,	
nas	 terras	 de	 quem	 estava	 sitiante	 imprensado	 assim	 como	 jabuticaba	 na	
forquilha.	 Por	 derradeiro	 arranjou	 Elpídio	 encrenca	 com	 o	 açude	 que	
abastecia	de	água	a	morada	de	Joaquim,	que	estava	a	ponto	de	acender	vela	
em	 cabeceira	 de	 defunto.	 Essa	 tenda	 era	 que	 desleixava	 Seu	 Joaquim	
emprestar	a	enxada	a	Piano.
RIBEIRO,	João	Ubaldo.	Sargento	Getúlio.	Rio	de	Janeiro:	Nova	Fronteira,	1996.
Sou	curado	de	cobra	e	passo	fome,	passo	frio,	e	passo	qualquer	coisa	e	não	
pio	e	se	me	cortarem	eu	não	pio.	Durmo	no	chão,	durmo	em	cama	de	vara,	
durmo	em	cama	de	couro,	ou	então	não	durmo	e	quem	primeiro	aparecer	
primeiro	quem	atira	sou	eu	e	quando	atiro	não	atiro	nas	pernas,	atiro	na	cara	
ou	atiro	nos	peitos	e	os	buracos	eu	faço	às	vezes	é	em	cima	do	outro	em	tem	
outra	coisa:	em	Sergipe	todo	não	tem	melhor	do	que	eu.
CARVALHO,	José	Cândido	de.	O	coronel	e	o	lobisomem.	Rio	de	Janeiro:	Rocco,	2000.
A	bem	dizer,	sou	Ponciano	de	Azeredo	Furtado,	coronel	de	patente,	do	que	
tenho	 honra	 e	 faço	 alarde.	 Herdei	 do	 meu	 avô	 Simeão	 terras	 de	 muitas	
medidas,	gado	do	mais	gordo,	pasto	do	mais	fino.
A	NARRATIVA	AUTOBIOGRÁFICA
CARACTERÍSTICAS
literatura	testemuhal;
relatos	intimistas	que	dialogam	com	aspectos	políticos,	étnicos	e	sociais.
AUTORES
Pedro	Nava Carlos	Heitor	Cony
Fernando	Gabeira Ivan	Ângelo
Marcelo	Rubens	Paiva Milton	Hatoum
Raduan	Nassar
ÉLIS,	Bernardo.	A	enxada.	Disponível	em:	http://officiallylucas.webnode.com.br/products/a-enxada/.	Acesso	em:	03	jan.	2016.
Na	 linha	 varonil	 da	 minha	 família	 paterna	 essa	 guarda	 de	 tradições	 foi	
suspensa	devido	à	sucessão	de	de	três	gerações	de	mordedores!	A	de	meu	
pai,	que	desapareceu	aos	35	anos.	A	do	seu	pai,	falecido	aos	37.	Meu	bisavô,	
não	sei	com	que	idade	morreu.	Cedo,	decerto,	pois	meu	avô	foi	criado	de	
menino	por	uma	de	suas	avós	ou	tias-avós.	É	assim	que	cada	uma	dessas	
gerações	ficou	sabendo	pouco	das	anteriores	e	não	teve	tempo	de	transmitir	
esse	pouco	às	sucedestes.	Por	essa	razão,	também	quase	nada	sei	de	meu	
avô	paterno.	O	que	se	transmitiu	até	meu	pai	e	suas	irmãs	é	que	sua	origem	
era	italiana	e	que	vinha	de	um	certo	Francisco	Nava,	que	teria	aportado	ao	
Brasil	no	fim	do	século	XVIII	ou	princípio	do	XIX.	Ignora-se	seu	nível	social,	as	
razões	 por	 que	 veio	 da	 Itália	 e	 que	 ponto	 do	 Brasil	 ele	 viu	 primeiro	 do	
paravante	 de	 seu	 veleiro.	 Onde	 desembarcou,	 onde	 se	 fixou,	 que	 ofício	
adotou	 -	 tudo	 mistério.	 Como	 era,	 quem	 era,	 que	 era?	 Seria	 um	
revolucionário,	um	maçom,	um	liberal,	um	carbonário,	um	fugitivo?	Onde	e	
com	 quem	 se	 casou?	 Nada	 se	 sabe.	 Dele	 só	 ficou	 o	 apelido.	 Essa	 coisa	
mística,	evocativa,	mágica	e	memorativa	que	o	tira	do	nada	porque	ele	era	
Francisco	 de	 seu	 nome;	 essa	 coisa	 ritual,	 associativa,	 gregária,	 racial	 e	
cultural	que	o	envolta	porque	ele	era	Nava	de	seu	sobrenome.
CONY,	Carlos	Heitor.	Quase	memória.	Rio	de	Janeiro:	Objetiva,	2006.
Era	 a	 letra	 de	 meu	 pai.	 A	 letra	 e	 o	 modo.	 Tudo	 no	 embrulho	 o	 revelava,	
inteiro,	total.	Só	ele	faria	aquelas	dobras	no	papel,	só	ele	daria	aquele	nó	no	
barbante	 ordinário,	 só	 ele	 escreveria	 meu	 nome	 daquela	 maneira,	
acrescentando	a	profissão	que	também	fora	sua.	[…]	Pois	o	barbante,	em	si,	
já	 era	 um	 indício	 dele.	 O	 nó	 também:	 exato,	 sólido,	 bem	 no	 centro	 do	
pacote.	Se	tudo	era	ele	no	papel,	no	barbante	no	nó,	havia	a	letra.	Fosse	eu	
cego,	mergulhado	na	treva	mais	profunda	da	carne,	bastaria	passar	a	mão	
sobre	 ela	 para	 saber	 que	 era	 a	 letra	 dele.	 A	 mesma	 letra	 que	 vinha	 nos	
envelopes	 quando	 ele	 me	 escrevia	 para	 a	 fazenda	 do	 Seminário	 -	 único	
período	do	ano	em	que	a	correspondência	se	justificava,	pois	aqui	no	Rio	ele	
sempre	tinha	uma	técnica	de	estar	presente	nos	mais	estranhos	lugares	e	
momentos,	fosse	para	me	dar	recados,	presentes	ou	para	saber	de	mim	e	eu	
dele.
HATOUM,	Milton.	Dois	irmãos.	São	Paulo:	Companhia	das	Letras,	2000.
Por	volta	de	1914,	Galib	inaugurou	o	restaurante	Biblos	no	térreo	da	casa.	O	
almoço	 era	 servido	 às	 onze,	 comida	 simples,	 mas	 com	 sabor	 raro.	 Ele	
mesmo,	 o	 viúvo	 Galib,	 cozinhava,	 ajudava	 a	 servir	 e	 cultivava	 horta,	
cobrindo-a	 com	 um	 véu	 de	 tule	 para	 evitar	 o	 sol	 abrasador.	 […]	 Desde	 a	
inauguração,	 o	 Biblos	 foi	 um	 ponto	 de	 encontro	 de	 imigrantes	 libaneses,	
sírios	 e	 judeus	 marroquinos	 que	 moravam	 na	 Praça	 Nossa	 Senhora	 dos	
Remédios	e	nos	quarteirões	que	a	rodeavam.	Falavam	português	misturado	
com	árabe,	francês	e	espanhol,	e	dessa	algaravia	surgiram	histórias	que	se	
cruzavam,	vidas	em	trânsito,	um	vaivém	de	vozes	que	contavam	um	pouco	
de	 tudo:	 um	 naufrágio,	 a	 febre	 negra	 num	 povoado	 do	 rio	 Purus,	 uma	
trapaça,	um	incesto,	lembranças	remotas	e	o	mais	recente:	uma	dor	ainda	
viva,	uma	paixão	ainda	acesa,	a	perda	coberta	de	luto,	a	esperança	de	que	os	
caloteiros	saldassem	as	dívidas.
JUSTIFICATIVA	E	BIBLIOGRAFIA
JUSTIFICATIVA
Esta	aula	surgiu	da	leitura	de	dois	artigos	de	Antonio	Candido	[indicados	a	
seguir],	que	propunham	uma	análise	da	narrativa	brasileira	produzida	depois	
dos	anos	1960.
Não	incluo	os	“multiculturais”	na	minha	história	da	literatura	porque	negros,	
mulheres	 e	 gays	 sempre	 escreveram	 e	 tiveram	 seus	 textos	 incluídos	 nos	
cânones,	 o	 que	 se	 nota,	 por	 exemplo,	 nos	 escritos	 de	 Carolina	 Maria	 de	
Jesus,	Lima	Barreto,	Francisca	Júlia,	Gilka	Machado,	Adão	Ventura	e	João	do	
Rio.	 Ademais,	 em	 suas	 obras,	 os	 autores	 multiculturais	 ou	 erigem	 um	
monotema	ou	fazem	literatura	militante	de	pouco	interesse	social/artístico.
BIBLIOGRAFIA
CANDIDO,	Antonio.	A	nova	narrativa.	In.:	A	educação	pela	noite	e	outros	
ensaios.	São	Paulo:	Ática,	1989.
________________.	 Os	 brasileiros	 e	 a	 literatura	 latino-americana.	
Disponível	em:	http://novosestudos.uol.com.br.	Acesso	em:	03	jan.	2016.

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