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ANÁLISE DA TEMÁTICA DO SUICÍDIO NO POEMA
“LADY LAZARUS” DA
POETA NORTE- AMERICANA SYLVIA PLATH
JOYCE ITALIANO
ANA CECÍLIA CARVALHO
Ana Cecília Carvalho foi professora da Universidade
Federal de Minas Gerais, psicanalista e escritora.
Graduada em Psicologia pela UFMG (1975), Mestre em
Psicologia - U.S. Universidade Internacional(1979) e
Doutora em Letras (Literatura Comparada) pela UFMG
(1998). Atua na área de Psicologia e Letras, com ênfase
em Psicanálise e Literatura.
Autora de "A poética do suicídio em Sylvia Plath", pela
Editora UFMG, 2003, e "O livro neurótico de receitas",
Editora Arte&Prosa, 2012. Recebeu, dentre outros, o
Prêmio Nacional de Brasília de Literatura e o Prêmio
Nacional de Belo Horizonte. É autora dos livros uma
mulher, outra mulher, Livro de registro, entre outros.
SYLVIA PLATH
 Sylvia Plath foi uma poeta, romancista e contista norte-americana.
Reconhecida principalmente por sua obra poética, Sylvia Plath escreveu
também um romance semi-autobiográfico, A Redoma de Vidro, sob o
pseudônimo Victoria Lucas, com detalhamentos do histórico de sua luta
contra a depressão
 Nascida nos Estados Unidos, na cidade de Boston em 1932, foi viver na
Inglaterra na década de 50. A poesia de Plath assume uma ironia mórbida à
medida que fala da natureza, das suas experiências como mulher casada e
mãe, bem como fala das suas diversas tentativas de suicídio frustradas.
 Sua tragédia pessoal deve nos remeter à tragédia primordial do ser humano,
que é, em última análise, a de rotular com sentido, palavras, o vazio da
existência.
LADY LAZARUS
SYLVIA PLATH
LADY LAZARUS
Eu o fiz de novo
Um ano em cada dez
Eu aguento
Um tipo de milagre ambulante, minha pele
Brilhante tal qual um abajur nazista
Meu pé direito
Um peso de papel,
Minha face, como um pano inexpressivo, delicado
Em linho judeu.
Tire o lenço
Ó, meu inimigo
Eu te assusto?
O nariz, o orifício ocular, a dentição plena?
O hálito azedo
Se esvairá em um dia.
Logo, logo a carne
Que a gruta do túmulo comeu se sentirá
Em casa sobre mim
LADY LAZARUS
E eu, uma mulher sorridente.
Eu, com apenas trinta anos.
E como o gato tenho nove vezes para morrer
Esta é o número três.
Que lixo
Aniquilar a cada década.
Que milhões de filamentos.
A multidão vulgar
Se acotovela para ver
Eles me desembrulharem mão e pé.
O grande strip tease.
Senhores, senhoras
Eis as minhas mãos
Eis os meus joelhos.
Posso ser pele e osso
Contudo, sou a mesma, idêntica mulher.
Na primeira vez que aconteceu eu tinha dez anos.
Foi um acidente.
LADY LAZARUS
Na segunda vez eu pretendi
Agüentar e nem sequer voltar.
Eu fechei em pedra
Como uma concha do mar.
Eles tiveram que chamar e chamar
E arrancar de mim os vermes, pérolas grudentas.
Morrer
É uma arte como todo o resto.
Eu o faço excepcionalmente bem.
Eu o faço para saber o inferno.
Eu o faço para saber a real.
Eu suponho que se possa dizer que eu tenho um
chamado.
É fácil fazê-lo em uma cela.
É fácil fazê-lo e permanecer estático.
É o teátrico
Retorno, em plena luz do dia
Ao mesmo lugar, ao mesmo rosto, aos mesmos
brutos
Entretidos gritando
LADY LAZARUS
“um milagre!”
Isso me estarrece.
Há um custo
Para ver as minhas cicatrizes, há um custo
Para sentir o meu coração
Ele realmente pulsa.
E há um custo, um grande custo
Por uma palavra, ou um toque
Ou um pouco de sangue
Ou um pedaço do meu cabelo ou um pedaço da
minha roupa.
Então, então, Herr Doktor.
Então, Herr Inimigo.
Eu sou sua composição
Eu sou seu pertence
O bebê de ouro puro
Que derrete a um grito estridente.
Eu me viro e ardo.
Não pense que eu subestimo sua grande
preocupação.
LADY LAZARUS
Cinzas, cinzas
Você cutuca e revolve.
Carne, osso, não há nada lá.
Um sabonete,
Uma aliança,
Um dente de ouro.
Herr Deus, Herr Lúcifer
Cuidado
Cuidado.
De dentro das cinzas
Eu desponto, meu cabelo em fogo
E devoro homens como ar.
Sylvia Plath
ANÁLISE DO POEMA:
LADY LAZARUS
POEMA : LADY LAZARUS, POR QUÊ?
 Em “Lady Lazarus”, é possível estabelecer, logo no poema, que a uma
relação com o reconhecido personagem bíblico, Lázaro. Além do próprio
título, no decorrer do poema, há recorrências à passagem bíblica,
conforme apontaremos. Quando Lázaro falece, suas irmãs clamam para
Jesus ressuscitá-lo, e assim ele o faz: “Tendo dito isso, gritou em alta voz:
‘Lázaro, vem para fora!’ O morto saiu, com os pés e mãos enfaixados e
com o rosto recoberto com um sudário. Jesus lhe disse: ‘Desatai-o e
deixai-o ir’ (João 11: 43-44). E assim fez-se o milagre na história narrada
por João.
 Na analise do poema Lady Lázaros há duas passagens em que Sylvia
referiu-se ao tema Lázaros em seu poema:
 Primeira, que esta datada 19 de fevereiro de 1955, enquanto refletia
sobre a primeira tentativa de suicídio, se sentia como “Lázaros” e sua
história fascinante;
 Segunda, na escrita em 31 de maio de 1959, quando se encontrava pela
segunda vez em psicoterapia, lê-se: “História de Hospital Psiquiátrico:
tema de Lázaros. Retornou dos Mortos. Chutando termômetro. O
Pavilhão violento. Final, Lázaros, Meu Amor! Na escritura de um conto
chamado “Tongues of Stone”.
 Quando Plath inicia seu poema:
“tentei outra vez/ um ano em cada vez/ eu dou um jeito/
- (Plath 2010;45)
 Três estrofes seguintes do poema trarão um elemento comum da poética
plathiana: o campo semântico do nazismo, como:
“brilha feito abajur nazista”; “meu rosto inexpressivo, fino/linho judeu” e
“oh, meu inimigo”
(Plath 2010: 45, grifos nossos).
 Sylvia em seus poemas cria e recria suas imagens poéticas, como na
quinta estrofe os versos :
“o nariz, as covas dos olhos, a/dentadura toda”
 Que desenham assim os traços de uma caveira que, com seus dentes à
mostra, pergunta-lhe, com um sorriso amarelo:
“eu te aterrorizo?
 O eu lírico sorri frente à morte, dizendo:
“Essa é apenas a número três, “e como um gato, [tenho] nove vidas
para/Morrer” (Plath 2010: 45).
 “Segundo a doutrina teológica-cristã, o céu superior é a transcendência
verdadeira, o céu de fogo, o empíreo. (...) Por fim, a mística costumava
articular a ascensão em nove degraus, mesmo se o conteúdo variasse, pois
se trata do número nove sacral (...) Nove são precisamente, as esferas
acima das quais a alma deve elevar-se” (Friedrich 1978: 48). Indo além,
podemos relacionar o número aos nove círculos do inferno de Dante
Alighieri, na Divina Comédia (1472).
 Em seu poema, Sylvia nos conta de alguém que atingiu três vezes o “milagre”. Ainda
lhe faltam seis, afinal, ela tem:
“como o gato, nove vidas para morrer” (Plath 2010: 45).
 A necessidade de renascimento, que percorre todo o poema, às vezes nos engana.
Somos forçados a acreditar que, com a presença da morte, está prescrita uma nova
vida, independente do preço que se pague. Mas para Sylvia, e para seu eu lírico, é
sempre ainda mais difícil voltar. O preço é alto para os que buscam – novamente – a
vida, após tê-la liquidado com suas próprias mãos.
 Um espetáculo recomeçava:
“um milhão de filamentos./A multidão, comendo amendoim,/Se aglomera para ver”.
 Seria o grande momento. Eis que ela ressurge e clama:
“Desenfaixem minhas mãos e pés/O grande striptease”
(Plath 2010: 47).
 A ironia do retrato bíblico, transformando a ressurreição em um grande show de striptease:
“Eis minhas mãos/Meus joelhos. Posso ser só pele e osso,” (Plath 2010: 47)..
 Avançamos anos e anos, mas podemos ver, na exibição do corpo de Lázaro ao retirar seus panos, as
feridas expostas das crianças, meninas, mulheres atingidas pela bomba atômica em 1945. Deixamos de
ser a plateia vulgar comendo amendoim diante de um milagre, e nos transformamos em monstros que
assistem e aplaudem a explosão radioativa. Pela terceira vez.
 A redoma de vidro (1963), a protagonista Esther Greenwood nos relata sua tentativa
de suicídio por ingestão de pílulas, assim como o fez Sylvia Plath aos vinte anos
(mesma idade que a personagem do romance). Ambas escondem-se no porão de casa
após a ingestão, e esperam não ser encontradas. Mas a tentativa “falha”. No poema, o
eu lírico relata:
“como uma concha do mar./ tiveram que chamar e chamar/E tirar os vermes de
mim como pérolas/grudentas”
(Plath 2010: 47).
 O eu-lírico do poema, Esther e Sylvia estavam todas as três fechadas, enroladas
em si mesmas, esperando, mais uma vez, por um fim.
 A morte se faz presente, de novo e sempre. Morrer torna-se hábito:
“Morrer/É uma arte, como tudo o mais./Nisso sou excepcional” (Plath 2010: 47).
 O eu lírico sorri amarelo diante da morte, como se tudo não passasse de mais uma
piada, enquanto nós, leitores, não entendemos a graça. Imaginamos a cada corte fatal
seu riso diante de nós:
“Desse jeito faço parecer infernal./Desse jeito faço parecer real./Vão dizer que
tenho vocação” (Plath 2010: 47).
 A anáfora aparecerá de forma recorrente na poética de Plath, e em “Lady
Lazarus”, a repetição parece reforçar a ideia de ciclo que prende o eu
lírico: morte-ressurreição-morte-ressurreição.
 O teatro de Lázaro continua, repetindo o milagre, enquanto os outros
exclamam ao vê-la despir-se de sua mortalha:
“Regresso em plena luz do sol/Ao mesmo local, ao mesmo rosto,
ao/mesmo grito/Aflito e brutal://”Milagre!”
 Ao expor aquilo que fora escondido pela sua mortalha, vemos as feridas de sua alma. O
preço do ciclo desgasta o eu lírico, que vibra:
“Para olhar minhas cicatrizes, há um preço/Para ouvir meu coração –/Ele bate,
afinal”
(Plath 2010: 49).
 Dentre a plateia que assiste seu milagre, o eu lírico chama:
“E aí, Herr Doktor./E aí, Herr Inimigo” (Plath 2010: 49).
 O tesouro dos médicos deve mostrar-se sempre disposto, feliz, renascido. Dessa
forma, podemos entender a visão do eu lírico frente a tudo aquilo que o aprisiona e o
faz recriar o ciclo vicioso que o aprisiona. Ele é
“O bebê de ouro puro/Que se funde num grito./Me viro e carbonizo./”
(Plath 2010: 49).
 Todas as alternativas apontadas para o eu lírico parecem retratar a vida de uma mulher
submissa: será a barra de sabão quando estiver lavando e limpando sua casa; terá o
anel de casamento, pois é necessário que se case; ou a obturação de ouro que seu
marido exibirá entre amigos e familiares com orgulho.
“Herr Deus, Herr Lúcifer/Cuidado./Cuidado.” (Plath 2010: 51).
 O alerta chega, novamente em anáfora, para reforçar o eterno retorno que a sufoca. Mas
dessa vez, também serve para enaltecer o aviso aos seus inimigos sobre o que está por vir:
“Saída das cinzas/Me levanto com meu cabelo ruivo/E devoro homens como ar.” (Plath
2010: 51).
 O preço que ela pagou para morrer foi válido, pois agora ressurge, ainda mais forte, prestes a
devorar todos os personagens masculinos (nota-se pelo uso dos substantivos sempre
masculinos no decorrer do poema: “Inimigo”, “Doktor”) apresentados em seus versos. O
verbo devorar, trazem a ideia de violência com que ela espera vingar-se. Como Renascer,
assim, Lady Lazarus, a fênix que conseguiu.
 Em 11 de fevereiro de 1963, Sylvia Plath deixa sobre a mesa um
manuscrito, segue para a cozinha, coloca um pano dentro do forno do
fogão para repousar sua cabeça e liga o gás. Não foi a primeira vez; ela já
havia tentado antes, mas a ingestão de pílulas falhara. Era necessária uma
segunda tentativa, e essa, fatal. Quanto mais próxima do seu suicídio,
mais violentamente as palavras chegavam compondo seus versos. Mas
estas não foram rápidas o suficiente (AMARAL, 2018)
 Nessa estratégia textual, Sylvia Plath estaria visando atingir o leitor
comum pelo imaginário do texto, mobilizando nele fantasias e pontos de
identificação que resultam numa leitura especular, em que se fica
tentando a confundir. Produzindo esse efeito particular de leitura, sua
escrita faz com que o leitor facilmente se esqueça de que isso em parte de
um monólogo dramático, no qual uma persona desempenha varias
fantasias de suicídio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Na escrita de Sylvia Plath, o leitor pode sentir-se desconfortável e com
mediato das palavras. Exemplo disso é o conhecido comentário de Hugh
Kenner, segundo o qual, nos poemas de Ariel, Sylvia parece persuadir o
leitor a acreditar que ela ousa dizer o que ele próprio nunca diria. Se o
leitor se deixar enfeitiçar, acabará acreditando que o poema diz
exatamente aquilo que ele mesmo gostaria de ter falado. Foi na
madrugada de 11 de fevereiro de 1963, Sylvia decide que viver não vale
mais a pena.
SYLVIA PLATH
Somos forçados a acreditar que, com a presença da morte, está prescrita uma nova
vida, independente do preço que se pague. Mas para Sylvia, e para seu eu lírico, é
sempre ainda mais difícil voltar.
REFERÊNCIAS
 CARVALHO. Ana Cecília. A POÉTICA DO SUICÍDIO EM SYLVIA PLATH. Belo Hrizonte:
Editora UFMG, 2003.
 CARVALHO. Ana Cecília. A POÉTICA DO SUICÍDIO EM SYLVIA PLATH. Disponível em:.Acesso
em: 03.11.2018
 Lady Lazarus, de Sylvia Plath, Tradução. Disponivel em:
https://traducaoliteraria.wordpress.com/2008/06/05/sylvia-plath-lady-lazarus/. Acesso em: 08.11.2018
 Vida e obra de Sylvia Plath. Disponível em: https://blog.estantevirtual.com.br/2016/10/27/vida-e-obra-
de-sylvia-plath/. Acesso em: 08.11..2018
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ANÁLISE DA TEMÁTICA DO SUICÍDIO NOS POEMAS DE SYLVIA PLATH NO LIVRO “A POÉTICA DO SUICÍDIO EM SYLVIA PLATH”, DA PSICANALISTA ANA CECÍLIA CARVALHO . Por Joyce Italiano

  • 1. ANÁLISE DA TEMÁTICA DO SUICÍDIO NO POEMA “LADY LAZARUS” DA POETA NORTE- AMERICANA SYLVIA PLATH JOYCE ITALIANO
  • 2. ANA CECÍLIA CARVALHO Ana Cecília Carvalho foi professora da Universidade Federal de Minas Gerais, psicanalista e escritora. Graduada em Psicologia pela UFMG (1975), Mestre em Psicologia - U.S. Universidade Internacional(1979) e Doutora em Letras (Literatura Comparada) pela UFMG (1998). Atua na área de Psicologia e Letras, com ênfase em Psicanálise e Literatura. Autora de "A poética do suicídio em Sylvia Plath", pela Editora UFMG, 2003, e "O livro neurótico de receitas", Editora Arte&Prosa, 2012. Recebeu, dentre outros, o Prêmio Nacional de Brasília de Literatura e o Prêmio Nacional de Belo Horizonte. É autora dos livros uma mulher, outra mulher, Livro de registro, entre outros.
  • 3. SYLVIA PLATH  Sylvia Plath foi uma poeta, romancista e contista norte-americana. Reconhecida principalmente por sua obra poética, Sylvia Plath escreveu também um romance semi-autobiográfico, A Redoma de Vidro, sob o pseudônimo Victoria Lucas, com detalhamentos do histórico de sua luta contra a depressão  Nascida nos Estados Unidos, na cidade de Boston em 1932, foi viver na Inglaterra na década de 50. A poesia de Plath assume uma ironia mórbida à medida que fala da natureza, das suas experiências como mulher casada e mãe, bem como fala das suas diversas tentativas de suicídio frustradas.  Sua tragédia pessoal deve nos remeter à tragédia primordial do ser humano, que é, em última análise, a de rotular com sentido, palavras, o vazio da existência.
  • 5. LADY LAZARUS Eu o fiz de novo Um ano em cada dez Eu aguento Um tipo de milagre ambulante, minha pele Brilhante tal qual um abajur nazista Meu pé direito Um peso de papel, Minha face, como um pano inexpressivo, delicado Em linho judeu. Tire o lenço Ó, meu inimigo Eu te assusto? O nariz, o orifício ocular, a dentição plena? O hálito azedo Se esvairá em um dia. Logo, logo a carne Que a gruta do túmulo comeu se sentirá Em casa sobre mim
  • 6. LADY LAZARUS E eu, uma mulher sorridente. Eu, com apenas trinta anos. E como o gato tenho nove vezes para morrer Esta é o número três. Que lixo Aniquilar a cada década. Que milhões de filamentos. A multidão vulgar Se acotovela para ver Eles me desembrulharem mão e pé. O grande strip tease. Senhores, senhoras Eis as minhas mãos Eis os meus joelhos. Posso ser pele e osso Contudo, sou a mesma, idêntica mulher. Na primeira vez que aconteceu eu tinha dez anos. Foi um acidente.
  • 7. LADY LAZARUS Na segunda vez eu pretendi Agüentar e nem sequer voltar. Eu fechei em pedra Como uma concha do mar. Eles tiveram que chamar e chamar E arrancar de mim os vermes, pérolas grudentas. Morrer É uma arte como todo o resto. Eu o faço excepcionalmente bem. Eu o faço para saber o inferno. Eu o faço para saber a real. Eu suponho que se possa dizer que eu tenho um chamado. É fácil fazê-lo em uma cela. É fácil fazê-lo e permanecer estático. É o teátrico Retorno, em plena luz do dia Ao mesmo lugar, ao mesmo rosto, aos mesmos brutos Entretidos gritando
  • 8. LADY LAZARUS “um milagre!” Isso me estarrece. Há um custo Para ver as minhas cicatrizes, há um custo Para sentir o meu coração Ele realmente pulsa. E há um custo, um grande custo Por uma palavra, ou um toque Ou um pouco de sangue Ou um pedaço do meu cabelo ou um pedaço da minha roupa. Então, então, Herr Doktor. Então, Herr Inimigo. Eu sou sua composição Eu sou seu pertence O bebê de ouro puro Que derrete a um grito estridente. Eu me viro e ardo. Não pense que eu subestimo sua grande preocupação.
  • 9. LADY LAZARUS Cinzas, cinzas Você cutuca e revolve. Carne, osso, não há nada lá. Um sabonete, Uma aliança, Um dente de ouro. Herr Deus, Herr Lúcifer Cuidado Cuidado. De dentro das cinzas Eu desponto, meu cabelo em fogo E devoro homens como ar. Sylvia Plath
  • 11. POEMA : LADY LAZARUS, POR QUÊ?  Em “Lady Lazarus”, é possível estabelecer, logo no poema, que a uma relação com o reconhecido personagem bíblico, Lázaro. Além do próprio título, no decorrer do poema, há recorrências à passagem bíblica, conforme apontaremos. Quando Lázaro falece, suas irmãs clamam para Jesus ressuscitá-lo, e assim ele o faz: “Tendo dito isso, gritou em alta voz: ‘Lázaro, vem para fora!’ O morto saiu, com os pés e mãos enfaixados e com o rosto recoberto com um sudário. Jesus lhe disse: ‘Desatai-o e deixai-o ir’ (João 11: 43-44). E assim fez-se o milagre na história narrada por João.
  • 12.  Na analise do poema Lady Lázaros há duas passagens em que Sylvia referiu-se ao tema Lázaros em seu poema:  Primeira, que esta datada 19 de fevereiro de 1955, enquanto refletia sobre a primeira tentativa de suicídio, se sentia como “Lázaros” e sua história fascinante;  Segunda, na escrita em 31 de maio de 1959, quando se encontrava pela segunda vez em psicoterapia, lê-se: “História de Hospital Psiquiátrico: tema de Lázaros. Retornou dos Mortos. Chutando termômetro. O Pavilhão violento. Final, Lázaros, Meu Amor! Na escritura de um conto chamado “Tongues of Stone”.
  • 13.  Quando Plath inicia seu poema: “tentei outra vez/ um ano em cada vez/ eu dou um jeito/ - (Plath 2010;45)  Três estrofes seguintes do poema trarão um elemento comum da poética plathiana: o campo semântico do nazismo, como: “brilha feito abajur nazista”; “meu rosto inexpressivo, fino/linho judeu” e “oh, meu inimigo” (Plath 2010: 45, grifos nossos).
  • 14.  Sylvia em seus poemas cria e recria suas imagens poéticas, como na quinta estrofe os versos : “o nariz, as covas dos olhos, a/dentadura toda”  Que desenham assim os traços de uma caveira que, com seus dentes à mostra, pergunta-lhe, com um sorriso amarelo: “eu te aterrorizo?
  • 15.  O eu lírico sorri frente à morte, dizendo: “Essa é apenas a número três, “e como um gato, [tenho] nove vidas para/Morrer” (Plath 2010: 45).  “Segundo a doutrina teológica-cristã, o céu superior é a transcendência verdadeira, o céu de fogo, o empíreo. (...) Por fim, a mística costumava articular a ascensão em nove degraus, mesmo se o conteúdo variasse, pois se trata do número nove sacral (...) Nove são precisamente, as esferas acima das quais a alma deve elevar-se” (Friedrich 1978: 48). Indo além, podemos relacionar o número aos nove círculos do inferno de Dante Alighieri, na Divina Comédia (1472).
  • 16.  Em seu poema, Sylvia nos conta de alguém que atingiu três vezes o “milagre”. Ainda lhe faltam seis, afinal, ela tem: “como o gato, nove vidas para morrer” (Plath 2010: 45).  A necessidade de renascimento, que percorre todo o poema, às vezes nos engana. Somos forçados a acreditar que, com a presença da morte, está prescrita uma nova vida, independente do preço que se pague. Mas para Sylvia, e para seu eu lírico, é sempre ainda mais difícil voltar. O preço é alto para os que buscam – novamente – a vida, após tê-la liquidado com suas próprias mãos.
  • 17.  Um espetáculo recomeçava: “um milhão de filamentos./A multidão, comendo amendoim,/Se aglomera para ver”.  Seria o grande momento. Eis que ela ressurge e clama: “Desenfaixem minhas mãos e pés/O grande striptease” (Plath 2010: 47).  A ironia do retrato bíblico, transformando a ressurreição em um grande show de striptease: “Eis minhas mãos/Meus joelhos. Posso ser só pele e osso,” (Plath 2010: 47)..  Avançamos anos e anos, mas podemos ver, na exibição do corpo de Lázaro ao retirar seus panos, as feridas expostas das crianças, meninas, mulheres atingidas pela bomba atômica em 1945. Deixamos de ser a plateia vulgar comendo amendoim diante de um milagre, e nos transformamos em monstros que assistem e aplaudem a explosão radioativa. Pela terceira vez.
  • 18.  A redoma de vidro (1963), a protagonista Esther Greenwood nos relata sua tentativa de suicídio por ingestão de pílulas, assim como o fez Sylvia Plath aos vinte anos (mesma idade que a personagem do romance). Ambas escondem-se no porão de casa após a ingestão, e esperam não ser encontradas. Mas a tentativa “falha”. No poema, o eu lírico relata: “como uma concha do mar./ tiveram que chamar e chamar/E tirar os vermes de mim como pérolas/grudentas” (Plath 2010: 47).  O eu-lírico do poema, Esther e Sylvia estavam todas as três fechadas, enroladas em si mesmas, esperando, mais uma vez, por um fim.
  • 19.  A morte se faz presente, de novo e sempre. Morrer torna-se hábito: “Morrer/É uma arte, como tudo o mais./Nisso sou excepcional” (Plath 2010: 47).  O eu lírico sorri amarelo diante da morte, como se tudo não passasse de mais uma piada, enquanto nós, leitores, não entendemos a graça. Imaginamos a cada corte fatal seu riso diante de nós: “Desse jeito faço parecer infernal./Desse jeito faço parecer real./Vão dizer que tenho vocação” (Plath 2010: 47).
  • 20.  A anáfora aparecerá de forma recorrente na poética de Plath, e em “Lady Lazarus”, a repetição parece reforçar a ideia de ciclo que prende o eu lírico: morte-ressurreição-morte-ressurreição.  O teatro de Lázaro continua, repetindo o milagre, enquanto os outros exclamam ao vê-la despir-se de sua mortalha: “Regresso em plena luz do sol/Ao mesmo local, ao mesmo rosto, ao/mesmo grito/Aflito e brutal://”Milagre!”
  • 21.  Ao expor aquilo que fora escondido pela sua mortalha, vemos as feridas de sua alma. O preço do ciclo desgasta o eu lírico, que vibra: “Para olhar minhas cicatrizes, há um preço/Para ouvir meu coração –/Ele bate, afinal” (Plath 2010: 49).  Dentre a plateia que assiste seu milagre, o eu lírico chama: “E aí, Herr Doktor./E aí, Herr Inimigo” (Plath 2010: 49).
  • 22.  O tesouro dos médicos deve mostrar-se sempre disposto, feliz, renascido. Dessa forma, podemos entender a visão do eu lírico frente a tudo aquilo que o aprisiona e o faz recriar o ciclo vicioso que o aprisiona. Ele é “O bebê de ouro puro/Que se funde num grito./Me viro e carbonizo./” (Plath 2010: 49).  Todas as alternativas apontadas para o eu lírico parecem retratar a vida de uma mulher submissa: será a barra de sabão quando estiver lavando e limpando sua casa; terá o anel de casamento, pois é necessário que se case; ou a obturação de ouro que seu marido exibirá entre amigos e familiares com orgulho.
  • 23. “Herr Deus, Herr Lúcifer/Cuidado./Cuidado.” (Plath 2010: 51).  O alerta chega, novamente em anáfora, para reforçar o eterno retorno que a sufoca. Mas dessa vez, também serve para enaltecer o aviso aos seus inimigos sobre o que está por vir: “Saída das cinzas/Me levanto com meu cabelo ruivo/E devoro homens como ar.” (Plath 2010: 51).  O preço que ela pagou para morrer foi válido, pois agora ressurge, ainda mais forte, prestes a devorar todos os personagens masculinos (nota-se pelo uso dos substantivos sempre masculinos no decorrer do poema: “Inimigo”, “Doktor”) apresentados em seus versos. O verbo devorar, trazem a ideia de violência com que ela espera vingar-se. Como Renascer, assim, Lady Lazarus, a fênix que conseguiu.
  • 24.  Em 11 de fevereiro de 1963, Sylvia Plath deixa sobre a mesa um manuscrito, segue para a cozinha, coloca um pano dentro do forno do fogão para repousar sua cabeça e liga o gás. Não foi a primeira vez; ela já havia tentado antes, mas a ingestão de pílulas falhara. Era necessária uma segunda tentativa, e essa, fatal. Quanto mais próxima do seu suicídio, mais violentamente as palavras chegavam compondo seus versos. Mas estas não foram rápidas o suficiente (AMARAL, 2018)
  • 25.  Nessa estratégia textual, Sylvia Plath estaria visando atingir o leitor comum pelo imaginário do texto, mobilizando nele fantasias e pontos de identificação que resultam numa leitura especular, em que se fica tentando a confundir. Produzindo esse efeito particular de leitura, sua escrita faz com que o leitor facilmente se esqueça de que isso em parte de um monólogo dramático, no qual uma persona desempenha varias fantasias de suicídio.
  • 26. CONSIDERAÇÕES FINAIS  Na escrita de Sylvia Plath, o leitor pode sentir-se desconfortável e com mediato das palavras. Exemplo disso é o conhecido comentário de Hugh Kenner, segundo o qual, nos poemas de Ariel, Sylvia parece persuadir o leitor a acreditar que ela ousa dizer o que ele próprio nunca diria. Se o leitor se deixar enfeitiçar, acabará acreditando que o poema diz exatamente aquilo que ele mesmo gostaria de ter falado. Foi na madrugada de 11 de fevereiro de 1963, Sylvia decide que viver não vale mais a pena.
  • 27. SYLVIA PLATH Somos forçados a acreditar que, com a presença da morte, está prescrita uma nova vida, independente do preço que se pague. Mas para Sylvia, e para seu eu lírico, é sempre ainda mais difícil voltar.
  • 28. REFERÊNCIAS  CARVALHO. Ana Cecília. A POÉTICA DO SUICÍDIO EM SYLVIA PLATH. Belo Hrizonte: Editora UFMG, 2003.  CARVALHO. Ana Cecília. A POÉTICA DO SUICÍDIO EM SYLVIA PLATH. Disponível em:.Acesso em: 03.11.2018  Lady Lazarus, de Sylvia Plath, Tradução. Disponivel em: https://traducaoliteraria.wordpress.com/2008/06/05/sylvia-plath-lady-lazarus/. Acesso em: 08.11.2018  Vida e obra de Sylvia Plath. Disponível em: https://blog.estantevirtual.com.br/2016/10/27/vida-e-obra- de-sylvia-plath/. Acesso em: 08.11..2018