SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 6
Baixar para ler offline
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.5, n.1, p. 25-30, 2004                          http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940

         Aneurismas aórticos pela espirocercose canina em Brasília (Relato de caso)

                Aaortic aneurisms for canine spirocercosis in Brasilia (Case report)


      SANTOS, A.S.O1., SILVEIRA, L.S.2, LEMOS, L.S.2, MOREIRA, L2, SILVA, A.C3.,
                         CARVALHO, E.C.Q.2, MATOS, W.R.4
1. Doutoranda na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Laboratório de Sanidade Animal,
Setor de Morfologia e Anatomia Patológica. alesi@uenf.br.
2. Universidade Estadual do Norte Fluminense DarcyRibeiro. Laboratório de Sanidade Animal, Setor de
Morfologia e Anatomia Patológica. leoseraf@uenf.br ; luciana@uenf.br ; moreira@uenf.breulogio@uenf.br
3. SILVA, A. C. Departamento de Morfologia da Universidade Federal Fluminense.
4. Bióloga autônoma.


RESUMO                                                  SUMMARY

A espirocercose é uma parasitose causada pelo           Spirocercosis is a parasitic disease caused by the
nematódeo Spirocerca lupi. Os parasitos localizam-      nematode Spirocerca lupi. The worms are able to
se em nódulos na parede de artérias, comumente na       form nodules on artery walls, specially the aorta, by
aorta, onde dão início a uma resposta inflamatória      irritiation and inflammatory granulomatous reaction,
do tipo granulomatosa, culminando com a formação        giving rise to aneurism formation. The study was
do aneurisma. Os 11 cães errantes, cedidos pelo         conducted with 11 street dogs which were used in
Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Brasília-       classes of Veterinary Anatomy from Faculdades
DF, foram destinados às aulas de Anatomia               Integradas do Planalto Central (FIPLAC). Gross
Veterinária das Faculdades Integradas do Planalto       lesions consisted of multiples aneurisms along
Central - FIPLAC. A macroscopia revelou múltiplos       thoracic aorta portion. After cutting the lesions, the
aneurismas ao longo da artéria torácica que, ao         nodules were shown to be surrounded by white
corte, se mostraram como nódulos firmes envolvidos      material; the esophagus contained nodular lesions
por material esbranquiçado. No esôfago, havia           with the same characteristics. Samples were fixed in
também a lesão nodular com estas características. As    2.5% saturated saline formalin for histologic
amostras das lesões foram fixadas em solução salina     processing, hematoxyline and eosin staining,
saturada de formalina a 2,5% para processamento         Gomori’s Trichrome, and Van-Gieson staining.
histotécnico e coloração pela Hematoxilina e Eosina     Microscopic sections of the aneurismatic aortic
(HxE), Tricromico de Gomori e Van-Gieson.               walls revealed the replacement of the intima by
Secções microscópicas da parede aórtica                 densely colagenous fibrocelular proliferation.
aneurismática revelaram substituição da íntima por      Sections of arterial and esophageal nodules showed
proliferação fibrocelular densamente colagenizada.      numerous S. lupi worms immersed in leukocytic
Nas secções dos nódulos da artéria e do esôfago         exsudate characterizing a chronic central
havia numerosos S. lupi imersos em exsudato             granulomatous epithelioid reaction without giant
leucocitário,     centralizando    uma      resposta    cells. Those characteristics corroborate to previously
granulomatosa epitelóide, não gigantocitária. Os        described data on spirocercosis, but the epithelioid
achados concordam com os descritos na literatura,       reaction observed in this study has not been
contudo não se refere à resposta epitelióide. O         mentioned           before.       The       accidental
diagnóstico anatomopatológico acidental da              anatomopathological         diagnosis    of     canine
espirocercose canina revelou -se de difícil suspeita    spirocercosis shows that the clinical diagnosis is
clínica,    mesmo        quando    associada      ao    difficult, even when it is associated with vascular
comprometimento vascular.                               complication.

Palavras-chave: Canino, Espirocercose, Aneurisma        Key-words:      Canine,     Spirocercosis,     Aortic
aórtico.                                                aneurisms.




                                                                                                          25
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.5, n.1, p. 25-30, 2004                     http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940

INTRODUÇÃO


A infecção pelo nematódeo Spirocerca lupi              1998), no entanto, vômitos persistentes e
é denominada espirocercose (JONES et al.,              disfagia seguida de perda de peso e
1997;       MATTOS-JÚNIOR,             1999).          fraqueza estão associados com a obstrução
Primariamente, é um parasito de cães, mas              esofágica, enquanto que, as lesões
tem sido observado em carnívoros                       nodulares na parede da aorta podem resultar
selvagens e, raramente, no homem, em                   em estenose e ruptura, com conseqüente
gatos e em outros animais domésticos                   hemorragia fatal (IVOGHLI, 1977;
(PENCE e STONE, 1978; DVIR et al.,                     EVANS, 1983; BERRY, 2000; DVIR et al.,
2001). Esta parasitose ocorre em países de             2001; MAZAKI-TOVI et al., 2002). Esta
clima tropical e subtropical (Evans, 1983),            enfermidade tem sido relatada em caninos
nas áreas enzoóticas pode acometer até                 associada a outros achados, como exemplo,
100% dos cães de vida livre (URQUHART                  a transformação neoplásica dos granulomas
et al., 1998). Os carnívoros se infectam ao            em fibrossarcoma ou osteossarcoma, e
ingerirem besouros coprófagos ou algum                 ainda, o desenvolvimento de osteoartropatia
vertebrado infectado que atuam como                    hipertrófica pulmonar e espondilite
hospedeiros intermediários ou paratênicos.             deformativa ossificante (STEPHENS et al.,
No estômago, as larvas infectantes são                 1983; BRODEY et al., 2002). Meléndez e
liberadas penetrando na mucosa, migrando               Suárez-Pellín (2001) suspeitam que os
pela parede das artérias gástrica e celíaca, e         parasitos nos nódulos esofágicos possam
finalmente alcançando a aorta torácica de              produzir um fator de crescimento ósseo
onde migram para o esôfago. As lesões                  capaz de estabelecer lesões como a
causadas pelo S. lupi se devem a migração e            espondilose nas vértebras T5 e T6 e a
a persistência de larvas ou parasitos adultos          osteoartropatia hipertrófica. Também tem
nos tecidos. Os vermes adultos são                     sido atribuída ao parasito, a capacidade de
encontrados em nódulos na parede do                    produzir o óxido nítrico (NO) e/ou outros
esôfago, aorta, estômago e outros órgãos               metabólitos oxigênio-reativos, substâncias
(JONES et al., 1997). No esôfago, o                    essas     que    poderiam      auxiliar    no
parasito estimula a formação de tecido de              desenvolvimento dos aneurismas aórticos e
granulação culminando em esofagite                     na patogênese de outras doenças em
granulomatosa que, reconhecidamente,                   humanos e animais (KAISER et al., 1998;
pode evoluir para neoplasias mesenquimais              MELÉNDEZ e SUÁREZ-PELLÍN, 2001).
malignas (EVANS, 1983; HARRUS et al.,                  As lesões macroscópicas mais comumente
1996). Na artéria aorta torácica, os achados           observadas      na      espirocercose    são
mais freqüentes são os aneurismas aórticos,            granulomas        císticos      inflamatórios
caracterizados como lesões patognomônicas              localizados na adventícia da aorta, podendo
da espirocercose (PENCE e STONE, 1978;                 se estender até a submucosa do esôfago
HARRUS et al., 1996). Os aneurismas se                 com espessamento da parede (JUBB et al.,
devem à debilidade e perda da elasticidade,            1993; JONES e KENNEDY, 1997). Em
associadas ao espessamento da artéria,                 cortes histológicos, os S. lupi podem ser
devido      ao     processo      inflamatório          detectados em áreas da adventícia e média,
granulomatoso. Os sinais clínicos estão                rodeados por zonas de necrose e infiltrado
relacionados com a severidade e a                      inflamatório (IVOGHLI, 1977). O estroma
localização das lesões. Em muitos casos a              da íntima sofre considerável proliferação
espirocercose é considerada subclínica                 fibrocelular, podendo ocorrer mineralização
(HARRUS et al., 1996; URQUHART et al.,                 e ossificação na íntima e na média (JONES
                                                                                                 26
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.5, n.1, p. 25-30, 2004                      http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940

e KENNEDY, 1997). O objetivo desta                     canina, relatando a ocorrência de
comunicação é descrever os achados                     aneurismas aórticos em cães provenientes
anatomopatológicos da   espirocercose                  da Grande Brasília.


CASUÍSTICA


Um total de 11 cães adultos errantes cedido            (1994) no AFIP (Armed Forces Institute of
a FIPLAC pelo CCZ de Brasília-DF foram                 Pathology). Os cortes histológicos foram
destinados às aulas práticas de Anatomia               ainda fotomicrografados com máquina
Veterinária. Durante a aula prática de                 digital da marca Nikon COOLPIX995. A
dissecação anatômica, foram observadas                 inspeção macroscópica mostrou ao longo da
lesões nodulares que variavam de tamanho               artéria torácica ectasia sacular (Figura 1)
e número, e encontravam-se dispostas ao                múltipla (aneurismas) (Figura 2) cuja
longo da artéria aórtica torácica e esôfago            parede, ao corte, algumas vezes, revelava
em todos os espécimes, as quais foram                  formações nodulares centralizadas por
colhidas e fixadas em solução salina                   material esbranquiçado e firme. Estas
saturada de formalina a 2,5%, sendo                    últimas      formações     também       foram
remetidas ao Setor de Morfologia e                     observadas ao longo do esôfago variando
Anatomia Patológica do Laboratório de                  de 0,5 a 2,0 cm de diâmetro. Amostras da
Sanidade Animal do Centro de Ciências e                parede do saco aneurismático aórtico
Tecnologias        Agropecuárias         da            revelaram, ao microscópio / HE /
Universidade     Estadual      do     Norte            Tricrômico de Gomori / Van-Gieson, grave
Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos                   comprometimento         da    íntima,     com
Goytacazes,                              RJ            substituição desta túnica por proliferação
(SMAP/LSA/CCTA/UENF). As amostras                      fibrocelular rica em colágeno denso e
foram submetidas a um processamento                    espesso (Figura 3). As lesões nodulares
histotécnico por inclusão em parafina                  arterial e esofagiana mostravam numerosos
(processador automático de tecidos da                  S. lupi cortados em vários sentidos. Estes,
marca Leica-TP1020), cortadas a 5 µm                   imersos em exsudato leucocitário e debris
(micrótomo semi-automático da marca                    celulares,       centralizavam        resposta
Leica-RM2145), coradas pela Hematoxilina               inflamatória granulomatosa do tipo
e Eosina (HE) e por colorações especiais               epitelióide, sem reação gigantocitária
como o Tricrômico de Gomori e Van-                     (Figura 4).
Gieson, conforme descrito por McElroy




                                                                                                  27
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.5, n.1, p. 25-30, 2004                          http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940




               Figuras: Cão. Aneurisma de aorta torácico 1. Aneurisma de aorta torácica de
               grande dimensão (seta); 2 Múltiplos aneurismas de artérias aórtica (setas); 3.
               Substituição da íntima por proliferação fibrocelular rica em colágeno denso e
               espesso. Van-Gieson. Obj. 20X; S. lupi cortados em vários sentidos imersos em
               exsudato leucocitário e debris celulares. He, Obj 10X



DISCUSSÃO e CONCLUSÃO


O diagnóstico anatomopatológico (macro e                 parasitose com neoplasias, tais como:
microscópico) nos casos deste estudo não                 fibrossarcoma pulmonar primário e
se caracterizou como um apoio clínico, deu-              sarcoma esofágico (WANDERA, 1976;
se acidentalmente durante uma inspeção em                STEPHENS et al., 1983). Entretanto, neste
espécimes destinados ao ensino da                        estudo, a lesão granulomatosa típica da
anatomia, o que permitiu levantar a elevada              espirocercose canina esteve restrita à artéria
casuística e demonstrar a baixa mortalidade              aorta e ao esôfago. A dimensão dos nódulos
da enfermidade (IVOGHLI, 1977).                          está de acordo com a descrição de Ivoghli
Esses achados estão de acordo com os                     (1977).
descritos na literatura especializada, à                 O óxido nítrico e/ou outros intermediários
exceção da natureza epitelióide dos                      oxigênio-reativos representariam mais um
granulomas aórticos e esofagianos, que se                elemento na gênese do aneurisma e, talvez,
justifica por se tratar de um agente                     carcinogênico, conforme Meléndez e
antigênico, ou seja, não inerte.                         Suárez Pellín (2001). Essa substância
Existem trabalhos que relatam a possível                 também está envolvida no controle do tônus
formação de nódulos nos pulmões e trato                  vascular (KAISER, 1998), o que poderia
gastrointestinal (GEORGI et al., 1980;                   explicar o desenvolvimento do aneurisma
BERRY, 2000; DVIR et al., 2001), e ainda                 na aorta de cães infectados com S. lupi.Este
outros que descrevem a associação desta                  trabalho           com           diagnóstico
                                                                                                    28
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.5, n.1, p. 25-30, 2004                       http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940

anatomopatológico        acidental permite             AGRADECIMENTO
afirmar que a espirocercose canina, mesmo
                                                        Agradecemos       ao     Médico      Veterinário,
associada ao comprometimento vascular, é
                                                       Profº.Drº.Olney Vieira da Motta, do Laboratório de
de difícil suspeição clínica.                          Sanidade Animal - CCTA - UENF pelo auxílio na
                                                       elaboração do abstract.


REFERÊNCIAS

BERRY, L. W. Spirocerca lupi Esophageal                JUBB, K. V. F.; KENNEDY, P. C.; PALMER,
Granulomas in 7 dogs: resolution after                 N. Pathology domestic animals. 4.ed. San
treatment with Doramectin. J. Vet. Intern.             Diego (USA): Academic Press,1993.
Med.,v.14, p.609-12, 2000.
                                                       KAISER, L. Dirofilaria inmitis and Brugia
BRODLEY, R. S; THOMSON R. G; SAYER,                    pahangi: filarial parasites make nitric oxide.
P. D.; EUGSTER B. Spirocerca lupi infection            Exp Parasitol. v.90, p.131-134,1998.
in dogs in Kenya. Vet. Parasitol., v.3, p.49-
59,1977.                                               KRUININGEN, H. J. V. Gastrointestinal
                                                       system. In: CARLTON, W. W., MCGAVIN,
DVIR,     E.;     KINBERGER,       R.    M.;           M. D.(Ed.) Thomson’s special veterinary
MALLECZEK, D. Radiographic and Computed                pathology. 2 ed. St. Louis: Mosby-year, 1995.
tomographic changes and clinical presentation          p. 1-80.
of spirocercosis in the dog. Vet Radiol
Ultrasound., v. 42, p.110-29,2001.                     MATTOS-JÚNIOR, D. G. Manual de
                                                       helmintoses comuns em cães. Niterói (RJ):
EVANS, L. B. Clinical diagnosis of Spirocerca          EdUUF, 1999.
lupi infestation in dogs. J S Afr Vet Assoc.,
v.54, p.189-91, 1983.                                  MAZAKI-TOVI, M.; BANETH, G.; AROCH,
                                                       I.; HARRUS, S.; KASS; P.H.; BEN-ARI, et al.
                                                       Canine spirocercosis: clinical, diagnostic,
GEORGI, M. E.; HAN, H.; HARTRICK, D. W.                pathologic, and epidemiologic characteristics.
Spirocerca lupi (Rudolphi, 1809) nodule in the         Vet. Parasitology, v.107, p. 235-50, 2002.
rectum of a dog from Connecticut. Cornell
Vet., v. 70, p.42-9, 1980.                             McELROY, D. A. Connective tissue. IN:
                                                       PROPHET, E. B.; MILLS, B.; ARRINGTON,
HARRUS, S.; HARMELIN, A; MARKOVICS,                    J. B., SOBIN, L. H.(Ed.) AFIP.Armed forces
A.; BARK, H. Spirocerca lupi infection in the          Institute of Pàthology Laboratory Methods
dog: Aberrant migration. J. Am. Anim. Hosp.            in Histotechnology. 5. ed. Washington:
Assoc., v. 32, p.125-30, 1996.                         American Registry of Pathology, 1994. p.127-
                                                       48.
IVOGHLI, B. Fatal aortic aneurysm and
rupture caused by Spirocerca lupi in a dog.            MELÉNDEZ, R.D; SUÁREZ-PELLÍN, C.
JAVMA, v.170, p.834, 1977                              Spirocerca lupi and dogs: the role of nematodes
                                                       in carcinogenesis. Parasitology, v.17,p.516.
                                                       2001.
JONES, T. C.; HUNT, R. D.; KING, N.W.
Veterinary pathology. 6.ed. Baltimore (USA):           MOULTON, JE. Tumors in Domestic
Willians & Wilkins, 1997.                              Animals. 2 ed. Berkeley (USA): University of
                                                       California Press, 1978.


                                                                                                      29
Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.5, n.1, p. 25-30, 2004                       http://www.rbspa.ufba.br
ISSN 1519 9940

PENCE, D. B., STONE, J. E. Visceral lesions            URQUHART, G. M.; ARMOUR, J.;
in Wild carnivores naturally infected with             DUNCAN, J. L.; DUNN, A. M., JENNINGS,
Spirocerca lupi. Vet. Pathol. v. 15, p. 322-           F.W. Parasitologia veterinária. 2 ed. Rio de
331,1978.                                              Janeiro (RJ): Guanabara Koogan, 1998.

STEPHENS, L.C; GLEISER, CA.; JARDINE,                  WANDERA, J. G. Further observations on
JH. Primary pulmonary fibrosarcoma associated          canine spirocercosis in Kenya. Vet. Rec., v. 99,
with Spirocerca lupi infection in a dog with           p.348-51,1976
hypertrophic pulmonary osteoarthropathy.
JAVMA, v. 182, p.496-98, 1983.
.




                                                                                                    30

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Aula endo prótese (blog)
Aula endo prótese (blog)Aula endo prótese (blog)
Aula endo prótese (blog)Charles Pereira
 
Território agreste central sergipano
Território agreste central sergipanoTerritório agreste central sergipano
Território agreste central sergipanoJoana Sueveny
 
Bovinos - Do bem-estar ao Processamento da carne
Bovinos - Do bem-estar ao Processamento da carneBovinos - Do bem-estar ao Processamento da carne
Bovinos - Do bem-estar ao Processamento da carneKiller Max
 
Protocolos de Vacinação e Vermifugação em Cães e Gatos
Protocolos de Vacinação e Vermifugação em Cães e GatosProtocolos de Vacinação e Vermifugação em Cães e Gatos
Protocolos de Vacinação e Vermifugação em Cães e GatosLeonora Mello
 
Estudo dirigido pato clinica
Estudo dirigido pato clinicaEstudo dirigido pato clinica
Estudo dirigido pato clinicaP Lima
 
Aula 3 dermatologia i 2015
Aula 3 dermatologia i  2015Aula 3 dermatologia i  2015
Aula 3 dermatologia i 2015ReginaReiniger
 
Manual de patologia clinica
Manual de patologia clinicaManual de patologia clinica
Manual de patologia clinicaJamile Vitória
 
DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (DTM)
DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (DTM)DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (DTM)
DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (DTM)GabrielaSoares07
 
Pigmentos e pigmentações
Pigmentos e pigmentaçõesPigmentos e pigmentações
Pigmentos e pigmentaçõesMarília Gomes
 
Roteiro para exame clínico em pediatria
Roteiro para exame clínico em pediatriaRoteiro para exame clínico em pediatria
Roteiro para exame clínico em pediatriaPhilipp W Graichen
 
Tetraciclina na Veterinária
Tetraciclina na VeterináriaTetraciclina na Veterinária
Tetraciclina na VeterináriaAndré Ferreira
 
02 etiopatogãšnese das lesã•es
02 etiopatogãšnese das lesã•es02 etiopatogãšnese das lesã•es
02 etiopatogãšnese das lesã•esGildo Crispim
 

Mais procurados (20)

Bioquímica da cárie dental
Bioquímica da cárie dentalBioquímica da cárie dental
Bioquímica da cárie dental
 
Aula endo prótese (blog)
Aula endo prótese (blog)Aula endo prótese (blog)
Aula endo prótese (blog)
 
Território agreste central sergipano
Território agreste central sergipanoTerritório agreste central sergipano
Território agreste central sergipano
 
Bovinos - Do bem-estar ao Processamento da carne
Bovinos - Do bem-estar ao Processamento da carneBovinos - Do bem-estar ao Processamento da carne
Bovinos - Do bem-estar ao Processamento da carne
 
Protocolos de Vacinação e Vermifugação em Cães e Gatos
Protocolos de Vacinação e Vermifugação em Cães e GatosProtocolos de Vacinação e Vermifugação em Cães e Gatos
Protocolos de Vacinação e Vermifugação em Cães e Gatos
 
Apostila
ApostilaApostila
Apostila
 
Estudo dirigido pato clinica
Estudo dirigido pato clinicaEstudo dirigido pato clinica
Estudo dirigido pato clinica
 
Aula 3 dermatologia i 2015
Aula 3 dermatologia i  2015Aula 3 dermatologia i  2015
Aula 3 dermatologia i 2015
 
Manual de patologia clinica
Manual de patologia clinicaManual de patologia clinica
Manual de patologia clinica
 
Manual de necropsia
Manual de necropsiaManual de necropsia
Manual de necropsia
 
Sistema Complemento
Sistema ComplementoSistema Complemento
Sistema Complemento
 
Caso clínico
Caso clínicoCaso clínico
Caso clínico
 
DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (DTM)
DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (DTM)DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (DTM)
DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (DTM)
 
Exame fisico geral
Exame fisico geralExame fisico geral
Exame fisico geral
 
Pigmentos e pigmentações
Pigmentos e pigmentaçõesPigmentos e pigmentações
Pigmentos e pigmentações
 
Cavidadebucal
CavidadebucalCavidadebucal
Cavidadebucal
 
Ameloblastoma
AmeloblastomaAmeloblastoma
Ameloblastoma
 
Roteiro para exame clínico em pediatria
Roteiro para exame clínico em pediatriaRoteiro para exame clínico em pediatria
Roteiro para exame clínico em pediatria
 
Tetraciclina na Veterinária
Tetraciclina na VeterináriaTetraciclina na Veterinária
Tetraciclina na Veterinária
 
02 etiopatogãšnese das lesã•es
02 etiopatogãšnese das lesã•es02 etiopatogãšnese das lesã•es
02 etiopatogãšnese das lesã•es
 

Destaque

Descrição e Interpretação Macroscópica das Lesões
Descrição e Interpretação Macroscópica das LesõesDescrição e Interpretação Macroscópica das Lesões
Descrição e Interpretação Macroscópica das LesõesUFPEL
 
Aula de Patologia do Sist. Digestório - Parte 1
Aula de Patologia do Sist. Digestório - Parte 1Aula de Patologia do Sist. Digestório - Parte 1
Aula de Patologia do Sist. Digestório - Parte 1Raimundo Tostes
 
Patologia Geral: Aula 01 2009 - Introdução
Patologia Geral: Aula 01 2009 - IntroduçãoPatologia Geral: Aula 01 2009 - Introdução
Patologia Geral: Aula 01 2009 - IntroduçãoUFPEL
 
Patologia Geral: Aula 02 - Terminologia Básica
Patologia Geral: Aula 02 - Terminologia BásicaPatologia Geral: Aula 02 - Terminologia Básica
Patologia Geral: Aula 02 - Terminologia BásicaUFPEL
 
Necropsia 2009 2
Necropsia 2009 2Necropsia 2009 2
Necropsia 2009 2UFPEL
 
Respiratorio1 2010 1
Respiratorio1 2010 1Respiratorio1 2010 1
Respiratorio1 2010 1UFPEL
 

Destaque (6)

Descrição e Interpretação Macroscópica das Lesões
Descrição e Interpretação Macroscópica das LesõesDescrição e Interpretação Macroscópica das Lesões
Descrição e Interpretação Macroscópica das Lesões
 
Aula de Patologia do Sist. Digestório - Parte 1
Aula de Patologia do Sist. Digestório - Parte 1Aula de Patologia do Sist. Digestório - Parte 1
Aula de Patologia do Sist. Digestório - Parte 1
 
Patologia Geral: Aula 01 2009 - Introdução
Patologia Geral: Aula 01 2009 - IntroduçãoPatologia Geral: Aula 01 2009 - Introdução
Patologia Geral: Aula 01 2009 - Introdução
 
Patologia Geral: Aula 02 - Terminologia Básica
Patologia Geral: Aula 02 - Terminologia BásicaPatologia Geral: Aula 02 - Terminologia Básica
Patologia Geral: Aula 02 - Terminologia Básica
 
Necropsia 2009 2
Necropsia 2009 2Necropsia 2009 2
Necropsia 2009 2
 
Respiratorio1 2010 1
Respiratorio1 2010 1Respiratorio1 2010 1
Respiratorio1 2010 1
 

Semelhante a Aneurismas aórticos pela espirocercose canina

Artigo raspado
Artigo raspadoArtigo raspado
Artigo raspadoLigapa2012
 
Osteocondroma cervical
Osteocondroma cervicalOsteocondroma cervical
Osteocondroma cervicalzanamarques
 
Monografia Antônio Simão
Monografia Antônio SimãoMonografia Antônio Simão
Monografia Antônio SimãoRodrigo Calado
 
Colecao atualizacao em parasitologia- v1 n4-2011
Colecao   atualizacao em parasitologia- v1 n4-2011Colecao   atualizacao em parasitologia- v1 n4-2011
Colecao atualizacao em parasitologia- v1 n4-2011König Brasil
 
DOENÇA - Ancilostomose (amarelão) - BIOLOGIA
DOENÇA - Ancilostomose (amarelão) - BIOLOGIA DOENÇA - Ancilostomose (amarelão) - BIOLOGIA
DOENÇA - Ancilostomose (amarelão) - BIOLOGIA Danillo Rodrigues
 
Cirurgia de cabeça e pescoço completa
Cirurgia de cabeça e pescoço   completaCirurgia de cabeça e pescoço   completa
Cirurgia de cabeça e pescoço completaJucie Vasconcelos
 
Platinosomose em Gatos - Quando o caçador vira vítima
Platinosomose em Gatos - Quando o caçador vira vítimaPlatinosomose em Gatos - Quando o caçador vira vítima
Platinosomose em Gatos - Quando o caçador vira vítimaLívea Maria Gomes
 
Actinomicose em bovino da raça angus na mesorregião
Actinomicose em bovino da raça angus na mesorregiãoActinomicose em bovino da raça angus na mesorregião
Actinomicose em bovino da raça angus na mesorregiãoSiluana
 
Complexo Granuloma EosinofíLico
Complexo Granuloma EosinofíLicoComplexo Granuloma EosinofíLico
Complexo Granuloma EosinofíLicoUFPEL
 
Complexo Granuloma EosinofíLico
Complexo Granuloma EosinofíLicoComplexo Granuloma EosinofíLico
Complexo Granuloma EosinofíLicoguest340113
 
Complexo Granuloma EosinofíLico
Complexo Granuloma EosinofíLicoComplexo Granuloma EosinofíLico
Complexo Granuloma EosinofíLicoguest340113
 

Semelhante a Aneurismas aórticos pela espirocercose canina (20)

Artigo bioterra v14_n2_01
Artigo bioterra v14_n2_01Artigo bioterra v14_n2_01
Artigo bioterra v14_n2_01
 
Artigo raspado
Artigo raspadoArtigo raspado
Artigo raspado
 
Osteocondroma cervical
Osteocondroma cervicalOsteocondroma cervical
Osteocondroma cervical
 
Monografia Antônio Simão
Monografia Antônio SimãoMonografia Antônio Simão
Monografia Antônio Simão
 
Monografia antonio
Monografia antonioMonografia antonio
Monografia antonio
 
Colecao atualizacao em parasitologia- v1 n4-2011
Colecao   atualizacao em parasitologia- v1 n4-2011Colecao   atualizacao em parasitologia- v1 n4-2011
Colecao atualizacao em parasitologia- v1 n4-2011
 
DOENÇA - Ancilostomose (amarelão) - BIOLOGIA
DOENÇA - Ancilostomose (amarelão) - BIOLOGIA DOENÇA - Ancilostomose (amarelão) - BIOLOGIA
DOENÇA - Ancilostomose (amarelão) - BIOLOGIA
 
122090533 revistapodologia-com-004pt
122090533 revistapodologia-com-004pt122090533 revistapodologia-com-004pt
122090533 revistapodologia-com-004pt
 
Cirurgia de cabeça e pescoço completa
Cirurgia de cabeça e pescoço   completaCirurgia de cabeça e pescoço   completa
Cirurgia de cabeça e pescoço completa
 
Laminite cronica
Laminite cronicaLaminite cronica
Laminite cronica
 
Platinosomose em Gatos - Quando o caçador vira vítima
Platinosomose em Gatos - Quando o caçador vira vítimaPlatinosomose em Gatos - Quando o caçador vira vítima
Platinosomose em Gatos - Quando o caçador vira vítima
 
7 Nematodeos
7 Nematodeos7 Nematodeos
7 Nematodeos
 
122092841 revistapodologia-com-044pt
122092841 revistapodologia-com-044pt122092841 revistapodologia-com-044pt
122092841 revistapodologia-com-044pt
 
Asbestose
AsbestoseAsbestose
Asbestose
 
Caso Clínico - Cavidade Idiopatica de Stafne
Caso Clínico - Cavidade Idiopatica de StafneCaso Clínico - Cavidade Idiopatica de Stafne
Caso Clínico - Cavidade Idiopatica de Stafne
 
Actinomicose em bovino da raça angus na mesorregião
Actinomicose em bovino da raça angus na mesorregiãoActinomicose em bovino da raça angus na mesorregião
Actinomicose em bovino da raça angus na mesorregião
 
Complexo Granuloma EosinofíLico
Complexo Granuloma EosinofíLicoComplexo Granuloma EosinofíLico
Complexo Granuloma EosinofíLico
 
Complexo Granuloma EosinofíLico
Complexo Granuloma EosinofíLicoComplexo Granuloma EosinofíLico
Complexo Granuloma EosinofíLico
 
Complexo Granuloma EosinofíLico
Complexo Granuloma EosinofíLicoComplexo Granuloma EosinofíLico
Complexo Granuloma EosinofíLico
 
Fribrodisplasisa ossidificante
Fribrodisplasisa ossidificanteFribrodisplasisa ossidificante
Fribrodisplasisa ossidificante
 

Mais de UFPEL

Cardio 3
Cardio 3Cardio 3
Cardio 3UFPEL
 
Cardiomiopatia dilatada revisão
Cardiomiopatia dilatada   revisãoCardiomiopatia dilatada   revisão
Cardiomiopatia dilatada revisãoUFPEL
 
Cardio 1
Cardio 1Cardio 1
Cardio 1UFPEL
 
Cardio 2
Cardio 2Cardio 2
Cardio 2UFPEL
 
HepáTico 3
HepáTico 3HepáTico 3
HepáTico 3UFPEL
 
Hepático 2
Hepático 2Hepático 2
Hepático 2UFPEL
 
Hepático 1
Hepático 1Hepático 1
Hepático 1UFPEL
 
Aula Digestivo 3 2010 1
Aula Digestivo 3 2010 1Aula Digestivo 3 2010 1
Aula Digestivo 3 2010 1UFPEL
 
Cronograma 2010 1
Cronograma 2010 1Cronograma 2010 1
Cronograma 2010 1UFPEL
 
Aula Digestivo 6 2010 1
Aula Digestivo 6 2010 1Aula Digestivo 6 2010 1
Aula Digestivo 6 2010 1UFPEL
 
Aula Digestivo 5 2010 1
Aula Digestivo 5 2010 1Aula Digestivo 5 2010 1
Aula Digestivo 5 2010 1UFPEL
 
Acidose Ruminal
Acidose RuminalAcidose Ruminal
Acidose RuminalUFPEL
 
Megaesofago
MegaesofagoMegaesofago
MegaesofagoUFPEL
 
Intox Samambaia
Intox  SamambaiaIntox  Samambaia
Intox SamambaiaUFPEL
 
Fluorose
FluoroseFluorose
FluoroseUFPEL
 
Acidose
AcidoseAcidose
AcidoseUFPEL
 
Acidose Ruminal
Acidose RuminalAcidose Ruminal
Acidose RuminalUFPEL
 
Corpos Estranhos
Corpos EstranhosCorpos Estranhos
Corpos EstranhosUFPEL
 
Lesões Com Pistolas Dosificadoras
Lesões Com Pistolas DosificadorasLesões Com Pistolas Dosificadoras
Lesões Com Pistolas DosificadorasUFPEL
 

Mais de UFPEL (20)

Cardio 3
Cardio 3Cardio 3
Cardio 3
 
Cardiomiopatia dilatada revisão
Cardiomiopatia dilatada   revisãoCardiomiopatia dilatada   revisão
Cardiomiopatia dilatada revisão
 
Cardio 1
Cardio 1Cardio 1
Cardio 1
 
Cardio 2
Cardio 2Cardio 2
Cardio 2
 
HepáTico 3
HepáTico 3HepáTico 3
HepáTico 3
 
Hepático 2
Hepático 2Hepático 2
Hepático 2
 
Hepático 1
Hepático 1Hepático 1
Hepático 1
 
Aula Digestivo 3 2010 1
Aula Digestivo 3 2010 1Aula Digestivo 3 2010 1
Aula Digestivo 3 2010 1
 
Cronograma 2010 1
Cronograma 2010 1Cronograma 2010 1
Cronograma 2010 1
 
Aula Digestivo 6 2010 1
Aula Digestivo 6 2010 1Aula Digestivo 6 2010 1
Aula Digestivo 6 2010 1
 
Aula Digestivo 5 2010 1
Aula Digestivo 5 2010 1Aula Digestivo 5 2010 1
Aula Digestivo 5 2010 1
 
Acidose Ruminal
Acidose RuminalAcidose Ruminal
Acidose Ruminal
 
Megaesofago
MegaesofagoMegaesofago
Megaesofago
 
Intox Samambaia
Intox  SamambaiaIntox  Samambaia
Intox Samambaia
 
Fluorose
FluoroseFluorose
Fluorose
 
FCM
FCMFCM
FCM
 
Acidose
AcidoseAcidose
Acidose
 
Acidose Ruminal
Acidose RuminalAcidose Ruminal
Acidose Ruminal
 
Corpos Estranhos
Corpos EstranhosCorpos Estranhos
Corpos Estranhos
 
Lesões Com Pistolas Dosificadoras
Lesões Com Pistolas DosificadorasLesões Com Pistolas Dosificadoras
Lesões Com Pistolas Dosificadoras
 

Aneurismas aórticos pela espirocercose canina

  • 1. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.5, n.1, p. 25-30, 2004 http://www.rbspa.ufba.br ISSN 1519 9940 Aneurismas aórticos pela espirocercose canina em Brasília (Relato de caso) Aaortic aneurisms for canine spirocercosis in Brasilia (Case report) SANTOS, A.S.O1., SILVEIRA, L.S.2, LEMOS, L.S.2, MOREIRA, L2, SILVA, A.C3., CARVALHO, E.C.Q.2, MATOS, W.R.4 1. Doutoranda na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Laboratório de Sanidade Animal, Setor de Morfologia e Anatomia Patológica. alesi@uenf.br. 2. Universidade Estadual do Norte Fluminense DarcyRibeiro. Laboratório de Sanidade Animal, Setor de Morfologia e Anatomia Patológica. leoseraf@uenf.br ; luciana@uenf.br ; moreira@uenf.breulogio@uenf.br 3. SILVA, A. C. Departamento de Morfologia da Universidade Federal Fluminense. 4. Bióloga autônoma. RESUMO SUMMARY A espirocercose é uma parasitose causada pelo Spirocercosis is a parasitic disease caused by the nematódeo Spirocerca lupi. Os parasitos localizam- nematode Spirocerca lupi. The worms are able to se em nódulos na parede de artérias, comumente na form nodules on artery walls, specially the aorta, by aorta, onde dão início a uma resposta inflamatória irritiation and inflammatory granulomatous reaction, do tipo granulomatosa, culminando com a formação giving rise to aneurism formation. The study was do aneurisma. Os 11 cães errantes, cedidos pelo conducted with 11 street dogs which were used in Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Brasília- classes of Veterinary Anatomy from Faculdades DF, foram destinados às aulas de Anatomia Integradas do Planalto Central (FIPLAC). Gross Veterinária das Faculdades Integradas do Planalto lesions consisted of multiples aneurisms along Central - FIPLAC. A macroscopia revelou múltiplos thoracic aorta portion. After cutting the lesions, the aneurismas ao longo da artéria torácica que, ao nodules were shown to be surrounded by white corte, se mostraram como nódulos firmes envolvidos material; the esophagus contained nodular lesions por material esbranquiçado. No esôfago, havia with the same characteristics. Samples were fixed in também a lesão nodular com estas características. As 2.5% saturated saline formalin for histologic amostras das lesões foram fixadas em solução salina processing, hematoxyline and eosin staining, saturada de formalina a 2,5% para processamento Gomori’s Trichrome, and Van-Gieson staining. histotécnico e coloração pela Hematoxilina e Eosina Microscopic sections of the aneurismatic aortic (HxE), Tricromico de Gomori e Van-Gieson. walls revealed the replacement of the intima by Secções microscópicas da parede aórtica densely colagenous fibrocelular proliferation. aneurismática revelaram substituição da íntima por Sections of arterial and esophageal nodules showed proliferação fibrocelular densamente colagenizada. numerous S. lupi worms immersed in leukocytic Nas secções dos nódulos da artéria e do esôfago exsudate characterizing a chronic central havia numerosos S. lupi imersos em exsudato granulomatous epithelioid reaction without giant leucocitário, centralizando uma resposta cells. Those characteristics corroborate to previously granulomatosa epitelóide, não gigantocitária. Os described data on spirocercosis, but the epithelioid achados concordam com os descritos na literatura, reaction observed in this study has not been contudo não se refere à resposta epitelióide. O mentioned before. The accidental diagnóstico anatomopatológico acidental da anatomopathological diagnosis of canine espirocercose canina revelou -se de difícil suspeita spirocercosis shows that the clinical diagnosis is clínica, mesmo quando associada ao difficult, even when it is associated with vascular comprometimento vascular. complication. Palavras-chave: Canino, Espirocercose, Aneurisma Key-words: Canine, Spirocercosis, Aortic aórtico. aneurisms. 25
  • 2. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.5, n.1, p. 25-30, 2004 http://www.rbspa.ufba.br ISSN 1519 9940 INTRODUÇÃO A infecção pelo nematódeo Spirocerca lupi 1998), no entanto, vômitos persistentes e é denominada espirocercose (JONES et al., disfagia seguida de perda de peso e 1997; MATTOS-JÚNIOR, 1999). fraqueza estão associados com a obstrução Primariamente, é um parasito de cães, mas esofágica, enquanto que, as lesões tem sido observado em carnívoros nodulares na parede da aorta podem resultar selvagens e, raramente, no homem, em em estenose e ruptura, com conseqüente gatos e em outros animais domésticos hemorragia fatal (IVOGHLI, 1977; (PENCE e STONE, 1978; DVIR et al., EVANS, 1983; BERRY, 2000; DVIR et al., 2001). Esta parasitose ocorre em países de 2001; MAZAKI-TOVI et al., 2002). Esta clima tropical e subtropical (Evans, 1983), enfermidade tem sido relatada em caninos nas áreas enzoóticas pode acometer até associada a outros achados, como exemplo, 100% dos cães de vida livre (URQUHART a transformação neoplásica dos granulomas et al., 1998). Os carnívoros se infectam ao em fibrossarcoma ou osteossarcoma, e ingerirem besouros coprófagos ou algum ainda, o desenvolvimento de osteoartropatia vertebrado infectado que atuam como hipertrófica pulmonar e espondilite hospedeiros intermediários ou paratênicos. deformativa ossificante (STEPHENS et al., No estômago, as larvas infectantes são 1983; BRODEY et al., 2002). Meléndez e liberadas penetrando na mucosa, migrando Suárez-Pellín (2001) suspeitam que os pela parede das artérias gástrica e celíaca, e parasitos nos nódulos esofágicos possam finalmente alcançando a aorta torácica de produzir um fator de crescimento ósseo onde migram para o esôfago. As lesões capaz de estabelecer lesões como a causadas pelo S. lupi se devem a migração e espondilose nas vértebras T5 e T6 e a a persistência de larvas ou parasitos adultos osteoartropatia hipertrófica. Também tem nos tecidos. Os vermes adultos são sido atribuída ao parasito, a capacidade de encontrados em nódulos na parede do produzir o óxido nítrico (NO) e/ou outros esôfago, aorta, estômago e outros órgãos metabólitos oxigênio-reativos, substâncias (JONES et al., 1997). No esôfago, o essas que poderiam auxiliar no parasito estimula a formação de tecido de desenvolvimento dos aneurismas aórticos e granulação culminando em esofagite na patogênese de outras doenças em granulomatosa que, reconhecidamente, humanos e animais (KAISER et al., 1998; pode evoluir para neoplasias mesenquimais MELÉNDEZ e SUÁREZ-PELLÍN, 2001). malignas (EVANS, 1983; HARRUS et al., As lesões macroscópicas mais comumente 1996). Na artéria aorta torácica, os achados observadas na espirocercose são mais freqüentes são os aneurismas aórticos, granulomas císticos inflamatórios caracterizados como lesões patognomônicas localizados na adventícia da aorta, podendo da espirocercose (PENCE e STONE, 1978; se estender até a submucosa do esôfago HARRUS et al., 1996). Os aneurismas se com espessamento da parede (JUBB et al., devem à debilidade e perda da elasticidade, 1993; JONES e KENNEDY, 1997). Em associadas ao espessamento da artéria, cortes histológicos, os S. lupi podem ser devido ao processo inflamatório detectados em áreas da adventícia e média, granulomatoso. Os sinais clínicos estão rodeados por zonas de necrose e infiltrado relacionados com a severidade e a inflamatório (IVOGHLI, 1977). O estroma localização das lesões. Em muitos casos a da íntima sofre considerável proliferação espirocercose é considerada subclínica fibrocelular, podendo ocorrer mineralização (HARRUS et al., 1996; URQUHART et al., e ossificação na íntima e na média (JONES 26
  • 3. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.5, n.1, p. 25-30, 2004 http://www.rbspa.ufba.br ISSN 1519 9940 e KENNEDY, 1997). O objetivo desta canina, relatando a ocorrência de comunicação é descrever os achados aneurismas aórticos em cães provenientes anatomopatológicos da espirocercose da Grande Brasília. CASUÍSTICA Um total de 11 cães adultos errantes cedido (1994) no AFIP (Armed Forces Institute of a FIPLAC pelo CCZ de Brasília-DF foram Pathology). Os cortes histológicos foram destinados às aulas práticas de Anatomia ainda fotomicrografados com máquina Veterinária. Durante a aula prática de digital da marca Nikon COOLPIX995. A dissecação anatômica, foram observadas inspeção macroscópica mostrou ao longo da lesões nodulares que variavam de tamanho artéria torácica ectasia sacular (Figura 1) e número, e encontravam-se dispostas ao múltipla (aneurismas) (Figura 2) cuja longo da artéria aórtica torácica e esôfago parede, ao corte, algumas vezes, revelava em todos os espécimes, as quais foram formações nodulares centralizadas por colhidas e fixadas em solução salina material esbranquiçado e firme. Estas saturada de formalina a 2,5%, sendo últimas formações também foram remetidas ao Setor de Morfologia e observadas ao longo do esôfago variando Anatomia Patológica do Laboratório de de 0,5 a 2,0 cm de diâmetro. Amostras da Sanidade Animal do Centro de Ciências e parede do saco aneurismático aórtico Tecnologias Agropecuárias da revelaram, ao microscópio / HE / Universidade Estadual do Norte Tricrômico de Gomori / Van-Gieson, grave Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos comprometimento da íntima, com Goytacazes, RJ substituição desta túnica por proliferação (SMAP/LSA/CCTA/UENF). As amostras fibrocelular rica em colágeno denso e foram submetidas a um processamento espesso (Figura 3). As lesões nodulares histotécnico por inclusão em parafina arterial e esofagiana mostravam numerosos (processador automático de tecidos da S. lupi cortados em vários sentidos. Estes, marca Leica-TP1020), cortadas a 5 µm imersos em exsudato leucocitário e debris (micrótomo semi-automático da marca celulares, centralizavam resposta Leica-RM2145), coradas pela Hematoxilina inflamatória granulomatosa do tipo e Eosina (HE) e por colorações especiais epitelióide, sem reação gigantocitária como o Tricrômico de Gomori e Van- (Figura 4). Gieson, conforme descrito por McElroy 27
  • 4. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.5, n.1, p. 25-30, 2004 http://www.rbspa.ufba.br ISSN 1519 9940 Figuras: Cão. Aneurisma de aorta torácico 1. Aneurisma de aorta torácica de grande dimensão (seta); 2 Múltiplos aneurismas de artérias aórtica (setas); 3. Substituição da íntima por proliferação fibrocelular rica em colágeno denso e espesso. Van-Gieson. Obj. 20X; S. lupi cortados em vários sentidos imersos em exsudato leucocitário e debris celulares. He, Obj 10X DISCUSSÃO e CONCLUSÃO O diagnóstico anatomopatológico (macro e parasitose com neoplasias, tais como: microscópico) nos casos deste estudo não fibrossarcoma pulmonar primário e se caracterizou como um apoio clínico, deu- sarcoma esofágico (WANDERA, 1976; se acidentalmente durante uma inspeção em STEPHENS et al., 1983). Entretanto, neste espécimes destinados ao ensino da estudo, a lesão granulomatosa típica da anatomia, o que permitiu levantar a elevada espirocercose canina esteve restrita à artéria casuística e demonstrar a baixa mortalidade aorta e ao esôfago. A dimensão dos nódulos da enfermidade (IVOGHLI, 1977). está de acordo com a descrição de Ivoghli Esses achados estão de acordo com os (1977). descritos na literatura especializada, à O óxido nítrico e/ou outros intermediários exceção da natureza epitelióide dos oxigênio-reativos representariam mais um granulomas aórticos e esofagianos, que se elemento na gênese do aneurisma e, talvez, justifica por se tratar de um agente carcinogênico, conforme Meléndez e antigênico, ou seja, não inerte. Suárez Pellín (2001). Essa substância Existem trabalhos que relatam a possível também está envolvida no controle do tônus formação de nódulos nos pulmões e trato vascular (KAISER, 1998), o que poderia gastrointestinal (GEORGI et al., 1980; explicar o desenvolvimento do aneurisma BERRY, 2000; DVIR et al., 2001), e ainda na aorta de cães infectados com S. lupi.Este outros que descrevem a associação desta trabalho com diagnóstico 28
  • 5. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.5, n.1, p. 25-30, 2004 http://www.rbspa.ufba.br ISSN 1519 9940 anatomopatológico acidental permite AGRADECIMENTO afirmar que a espirocercose canina, mesmo Agradecemos ao Médico Veterinário, associada ao comprometimento vascular, é Profº.Drº.Olney Vieira da Motta, do Laboratório de de difícil suspeição clínica. Sanidade Animal - CCTA - UENF pelo auxílio na elaboração do abstract. REFERÊNCIAS BERRY, L. W. Spirocerca lupi Esophageal JUBB, K. V. F.; KENNEDY, P. C.; PALMER, Granulomas in 7 dogs: resolution after N. Pathology domestic animals. 4.ed. San treatment with Doramectin. J. Vet. Intern. Diego (USA): Academic Press,1993. Med.,v.14, p.609-12, 2000. KAISER, L. Dirofilaria inmitis and Brugia BRODLEY, R. S; THOMSON R. G; SAYER, pahangi: filarial parasites make nitric oxide. P. D.; EUGSTER B. Spirocerca lupi infection Exp Parasitol. v.90, p.131-134,1998. in dogs in Kenya. Vet. Parasitol., v.3, p.49- 59,1977. KRUININGEN, H. J. V. Gastrointestinal system. In: CARLTON, W. W., MCGAVIN, DVIR, E.; KINBERGER, R. M.; M. D.(Ed.) Thomson’s special veterinary MALLECZEK, D. Radiographic and Computed pathology. 2 ed. St. Louis: Mosby-year, 1995. tomographic changes and clinical presentation p. 1-80. of spirocercosis in the dog. Vet Radiol Ultrasound., v. 42, p.110-29,2001. MATTOS-JÚNIOR, D. G. Manual de helmintoses comuns em cães. Niterói (RJ): EVANS, L. B. Clinical diagnosis of Spirocerca EdUUF, 1999. lupi infestation in dogs. J S Afr Vet Assoc., v.54, p.189-91, 1983. MAZAKI-TOVI, M.; BANETH, G.; AROCH, I.; HARRUS, S.; KASS; P.H.; BEN-ARI, et al. Canine spirocercosis: clinical, diagnostic, GEORGI, M. E.; HAN, H.; HARTRICK, D. W. pathologic, and epidemiologic characteristics. Spirocerca lupi (Rudolphi, 1809) nodule in the Vet. Parasitology, v.107, p. 235-50, 2002. rectum of a dog from Connecticut. Cornell Vet., v. 70, p.42-9, 1980. McELROY, D. A. Connective tissue. IN: PROPHET, E. B.; MILLS, B.; ARRINGTON, HARRUS, S.; HARMELIN, A; MARKOVICS, J. B., SOBIN, L. H.(Ed.) AFIP.Armed forces A.; BARK, H. Spirocerca lupi infection in the Institute of Pàthology Laboratory Methods dog: Aberrant migration. J. Am. Anim. Hosp. in Histotechnology. 5. ed. Washington: Assoc., v. 32, p.125-30, 1996. American Registry of Pathology, 1994. p.127- 48. IVOGHLI, B. Fatal aortic aneurysm and rupture caused by Spirocerca lupi in a dog. MELÉNDEZ, R.D; SUÁREZ-PELLÍN, C. JAVMA, v.170, p.834, 1977 Spirocerca lupi and dogs: the role of nematodes in carcinogenesis. Parasitology, v.17,p.516. 2001. JONES, T. C.; HUNT, R. D.; KING, N.W. Veterinary pathology. 6.ed. Baltimore (USA): MOULTON, JE. Tumors in Domestic Willians & Wilkins, 1997. Animals. 2 ed. Berkeley (USA): University of California Press, 1978. 29
  • 6. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.5, n.1, p. 25-30, 2004 http://www.rbspa.ufba.br ISSN 1519 9940 PENCE, D. B., STONE, J. E. Visceral lesions URQUHART, G. M.; ARMOUR, J.; in Wild carnivores naturally infected with DUNCAN, J. L.; DUNN, A. M., JENNINGS, Spirocerca lupi. Vet. Pathol. v. 15, p. 322- F.W. Parasitologia veterinária. 2 ed. Rio de 331,1978. Janeiro (RJ): Guanabara Koogan, 1998. STEPHENS, L.C; GLEISER, CA.; JARDINE, WANDERA, J. G. Further observations on JH. Primary pulmonary fibrosarcoma associated canine spirocercosis in Kenya. Vet. Rec., v. 99, with Spirocerca lupi infection in a dog with p.348-51,1976 hypertrophic pulmonary osteoarthropathy. JAVMA, v. 182, p.496-98, 1983. . 30