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Tenda dos milagres: Síntese da
obra
Pedro Archanjo é Ojuobá, os olhos de Xangô, o pai do povo deserdado da Bahia. Dos
negros, dos mestiços, da gente pobre. Rei do terreiro, dos afoxés, chamego das
mulheres, amigo dos seus pares, confidente e conselheiro de quantos o procuram.
Pedro Archanjo é o bedel da Faculdade de Medicina, mas é também o mentor da
Tenda dos Milagres, uma casa de saber, uma oficina de impressão, uma casa de
espetáculos, enfim uma quase universidade popular assentada na ladeira do Tabuão.
Dizem que Tenda dos Milagres era o livro preferido de Jorge Amado. Difícil dizer agora que
ele não está mais aqui para confirmar. Mas é certamente um livro de sua maturidade
como ficcionista. Um livro em que ele consegue aliar a denúncia social, que sempre
permeou sua obra, a uma prosa corrente, de saborosa leitura, onde os tipos tão
característicos de seus personagens parecem que estão até hoje a nos espreitar em
cada beco, em cada ladeira do centro de Salvador.
História entrelaçada
A narrativa de Tenda dos Milagres se dá em dois tempos, entrelaçados ao longo da história.
O tempo presente, aquele em que o autor escreveu o romance, idos de 1969, relata a
chegada de um estrangeiro ao Brasil, cujo propósito era conhecer a terra de Pedro
Archanjo, autor de uns tantos livros que ele admira, e que até então era um ilustre
desconhecido de todos nós.
Causa alvoroço as declarações do estrangeiro, suficiente para pôr toda a imprensa na
busca de informações sobre tão afortunado personagem. Que logo se torna objeto de
estudo dos eruditos de plantão e foco de não sei quantas homenagens de políticos
oportunistas. É impossível não ver nessa passagem a ironia do autor, a registrar nossa
cultura colonizada, tão suscetível aos arroubos de qualquer olhar estrangeiro.
Num outro tempo (começo do século XX) está Pedro Archanjo e sua tenda dos
milagres. Um mestiço, intelectual autodidata, sem formação acadêmica, mas forjado
pela vida, pela vivência das ruas, pelo convívio com seu povo. Um místico, envolvido e
digno representante do sincretismo religioso da Bahia, mas ao mesmo tempo uma
inteligência racional a serviço de uma causa: a defesa da mestiçagem das raças como
elemento de combate ao racismo e a elevação da cultura negra.
Mas Pedro Archanjo é também o amigo fiel, capaz de abdicar em favor do mestre Lídio
Corró, de Rosa de Oxalá, o amor de sua vida. A negra Rosa, mulher para muita
competência, conforme descreve o autor. Paixão sublimada, mas insuficiente para
impedir que Pedro seja um homem de muitos amores, como atestam Kirsi, Sabina,
Rosália, Dedé e tantas outras que ficaram pelas ladeiras de sua memória.
Figura central do romance, Pedro Archanjo é um herói combatido pelo poder
constituído, mas amado por muitos. Um digno personagem da extensa galeria de tipos
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lendas criadas pela cultura popular e tão bem retratadas pelo autor.

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Tenda dos milagres

  • 1. Tenda dos milagres: Síntese da obra Pedro Archanjo é Ojuobá, os olhos de Xangô, o pai do povo deserdado da Bahia. Dos negros, dos mestiços, da gente pobre. Rei do terreiro, dos afoxés, chamego das mulheres, amigo dos seus pares, confidente e conselheiro de quantos o procuram. Pedro Archanjo é o bedel da Faculdade de Medicina, mas é também o mentor da Tenda dos Milagres, uma casa de saber, uma oficina de impressão, uma casa de espetáculos, enfim uma quase universidade popular assentada na ladeira do Tabuão. Dizem que Tenda dos Milagres era o livro preferido de Jorge Amado. Difícil dizer agora que ele não está mais aqui para confirmar. Mas é certamente um livro de sua maturidade como ficcionista. Um livro em que ele consegue aliar a denúncia social, que sempre permeou sua obra, a uma prosa corrente, de saborosa leitura, onde os tipos tão característicos de seus personagens parecem que estão até hoje a nos espreitar em cada beco, em cada ladeira do centro de Salvador. História entrelaçada A narrativa de Tenda dos Milagres se dá em dois tempos, entrelaçados ao longo da história. O tempo presente, aquele em que o autor escreveu o romance, idos de 1969, relata a chegada de um estrangeiro ao Brasil, cujo propósito era conhecer a terra de Pedro Archanjo, autor de uns tantos livros que ele admira, e que até então era um ilustre desconhecido de todos nós. Causa alvoroço as declarações do estrangeiro, suficiente para pôr toda a imprensa na busca de informações sobre tão afortunado personagem. Que logo se torna objeto de estudo dos eruditos de plantão e foco de não sei quantas homenagens de políticos oportunistas. É impossível não ver nessa passagem a ironia do autor, a registrar nossa cultura colonizada, tão suscetível aos arroubos de qualquer olhar estrangeiro. Num outro tempo (começo do século XX) está Pedro Archanjo e sua tenda dos milagres. Um mestiço, intelectual autodidata, sem formação acadêmica, mas forjado pela vida, pela vivência das ruas, pelo convívio com seu povo. Um místico, envolvido e digno representante do sincretismo religioso da Bahia, mas ao mesmo tempo uma inteligência racional a serviço de uma causa: a defesa da mestiçagem das raças como elemento de combate ao racismo e a elevação da cultura negra. Mas Pedro Archanjo é também o amigo fiel, capaz de abdicar em favor do mestre Lídio Corró, de Rosa de Oxalá, o amor de sua vida. A negra Rosa, mulher para muita competência, conforme descreve o autor. Paixão sublimada, mas insuficiente para
  • 2. impedir que Pedro seja um homem de muitos amores, como atestam Kirsi, Sabina, Rosália, Dedé e tantas outras que ficaram pelas ladeiras de sua memória. Figura central do romance, Pedro Archanjo é um herói combatido pelo poder constituído, mas amado por muitos. Um digno personagem da extensa galeria de tipos da obra de Jorge Amado. Um ser encantado, que permanece imortal nas dobras das lendas criadas pela cultura popular e tão bem retratadas pelo autor.