O artigo discute a importância da contextualização na formação de professores de ciências com base nas ideias de Paulo Freire. Defende que a aprendizagem deve partir do conhecimento prévio do aluno e envolver diálogos e problematizações da realidade social. Também ressalta a necessidade de planejamento conjunto entre professores e alunos para que estes sejam sujeitos ativos no processo, e não objetos passivos.
1. CONTEXTUALIZAÇÃO NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE
CIÊNCIAS E A PERSPECTIVA EDUCACIONAL DE PAULO FREIRE de Fernandes et al, 2012
Com o intuito de auxiliar na didática de professores na educação básica e na formação de professores o artigo
buscou refletir, associado a obra de Paulo Freire Extensão ou comunicação (1977), metodologias sobre a
contextualização no ensino, citando diversos exemplos de abordagem para favorecer a aprendizagem
significativa. Fazendo também uma crítica aos documentos DCNEM e aos PCNEM referente a
superficialidade em se tratando da inserção da contextualização em sala de aula.
As ideias de contextualização baseadas em diálogos que partem do conhecimento prévio do aluno e assim o
docente põe em prática os conhecimentos científicos. Tornando possível uma aprendizagem significativa com
transformações de uma realidade fundamentada em problematização. Os autores destacam que a
problematização deve parte de uma investigação temática e de situações-limite. Ainda afirmam a necessidade
de haver um planejamento em conjunto para que não ocorra apenas um sujeito em formação e assim o
estudante não seja objeto, mas um sujeito em formação integral que permanecerá em processo de
transformação contínua a partir de seus conhecimentos e da realidade associados aos conhecimentos
científicos proveniente do professor.
Nessa situação, a contextualização se torna instrumento fundamental de transformação, como destacam os
autores e assim o enfoque Ciência, Tecnologia e Sociedade entram em cena, pois vem à tona a valorização da
sociedade nas tomadas de decisões democráticas, assim mais uma vez reafirma a importância do estudante
sujeito e não objeto.
Desta forma, Fernandes et al (2016) neste artigo buscam evidenciar a importância de atividades que “explorem
a capacidade reflexiva dos estudantes a fim de que os conhecimentos científicos aprendidos auxiliem na
compreensão da realidade com vistas a transformá-la.” Assim os conceitos de “doxas” e “logos” são discutidos
no trabalho de Freire e são enfatizados por Fernandes et al (2016) como forma de deixar evidente a necessidade
de ocorrer um diálogo entre os sujeitos. O que vem a favorecer a aprendizagem significativa e a troca de
saberes entre estes autores, todavia a preparação desse diálogo deve partir de um planejamento que favoreça
a participação e engajamento dos alunos durante o processo.
Assim o planejamento deve ser fundamentado em problematização que envolva os doxas (senso comum) e
assim o logos venha auxiliar na compreensão e solução desta problemática. Nessa linha de raciocínio destaca-
se a importância do humano como sujeito e não como objeto a partir de Freire: “Conhecer é
tarefa de sujeitos, e não de objetos. No artigo, a ideia de uma educação libertadora é evidenciada pelas ideias
que partem da comunicação, da valorização do conhecimento do estudante, do planejamento em conjunto, da
problematização a partir da realidade social e da resolução seguindo um meio cientifico.
Desta forma, a construção do conhecimento parte da interação do sujeito com o objeto de estudo. Com isso,
se afirmar a necessidade de fazer uso de conhecimentos prévios dos alunos a partir de uma problematização
frente a sua realidade. Não forçando o discente a fugir de sua vivência e tornando improdutivo o processo de
formação, deixando o ensino cansado e monótono.
Diante disto, ações ligadas a comunicação entre os sujeitos não permite que o objeto seja engessado. Com
isso, as transformações dentro de um sala de aula são infinitas devido aos conhecimentos prévios e diferentes
manifestações culturais que se encontram dentro de um ambiente formal de educação oriundos do espaço
informal, que quando associados aos conhecimentos científicos e tecnológicos fomentam uma aprendizagem
significativa.
Diante de todo o exposto, os autores destacam a necessidade de um trabalho coletivo e interdisciplinar que
permita a minimização da fragmentação dentro do ambiente escolar e venha a proporcionar uma ação
contextualizada, sem deixar de lado o trabalho de formação continuada do professores que são sujeitos
fundamentais para que ocorra uma comunicação e contextualização dentro da aprendizagem significativa.