SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 12
Baixar para ler offline
International Consensus On (ICON) Pediatric Asthma
Documento Original:
Colaboração	
   Internacional	
   em	
   Asma,	
   Alergia	
   e	
   Imunologia	
   (iCAALL):
EAACI,	
  AAAAI,	
  ACAAI	
  e WAO,
Traduzido para o Português por:
SLAAI - Sociedade Latinoamericana de Alergia, Asma e Inmunologia
Allergy 2012;67:8-976.
N. G. Papadopoulos, H. Arakawa, K.-H. Carlsen, A. Custovic, J. Gern, R. Lemanske, P. Le
Souef, M. Mäkelä, G. Roberts, G. Wong, H. Zar. B. A. Akdis, L. B. Bacharier, E. Baraldi, H.
P. van Bever, J. de Blic, A. Boner, W. Burks, T. B. Casale, J. A. Castro-Rodriguez, Y. Z.
Chen, Y. M. El-Gamal, M. L. Everard, T. Frischer, M. Geller, J. Gereda, D. Y. Goh, T. W.
Guilbert, G. Hedlin, P. W. Heymann, S. J. Hong, E. M. Hossny, J. L. Huang, D. J. Jackson,
J. B. de Jongste, O. Kalayci, N. Ait-Khaled, S. Kling, P. Kuna, S. Lau, D. K. Ledford, S. I.
Lee, A. H. Liu, R. F. Lockey, K. Lødrup-Carlsen, J. Lötvall, A. Morikawa, A. Nieto, H.
Paramesh, R. Pawankar, P. Pohunek, J. Pongracic, D. Price, C. Robertson, N. Rosario, L.
J. Rossenwasser, P. C. Sly, R. Stein, S. Stick, S. Szefler, L. M. Taussig, E. Valovirta, P.
Vichyanond, D. Wallace, E. Weinberg, G. Wennergren, J. Wildhaber, R. S. Zeiger.	
  
Índice
4 PREFÁCIO
4 DEFINIÇÃO DE ASMA
5 CLASSIFICAÇÕES
6 FISIOPATOLOGIA
6 HISTÓRIA NATURAL
7 DIAGNÓSTICO
10 PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO
10 CONTROLE
11 EDUCAÇÃO
11 PREVENÇÃO DE GATILHOS
12 FARMACOTERAPIA
13 DISPOSITIVOS PARA APLICAÇÃO
14 IMUNOTERAPIA ALÉRGENO-ESPECÍFICA (ITA)
14 MONITORAÇÃO
15 EXACERBAÇÕES DE ASMA (CRISES, EPISÓDIOS)
PREFÁCIO
A asma é a doença respiratória crônica do trato respiratório inferior mais comum em todo
o mundo. Em crianças, a asma, com frequência, apresenta desafios únicos, por causa do
amadurecimento dos sistemas respiratório e imunológico, da evolução natural da doença,
da falta de boas evidências, da dificuldade em estabelecer o diagnóstico e do
fornecimento de medicamentos, e ainda, das respostas diversificadas e em geral
imprevisíveis ao tratamento. Existem diretrizes e declarações de consenso que apoiam as
decisões médicas sobre a asma pediátrica; no entanto, a implementação dessas
recomendações ainda é um grande desafio. A International	
   Collaboration	
   in	
   Asthma,	
  
Allergy	
   and	
   Immunology	
   (iCAALL, Colaboração internacional em asma, alergia e
imunologia), formada em 2012 por EAACI,	
   AAAAI,	
   ACAAI	
   e WAO, aborda essa
necessidade não satisfeita neste documento, International	
   Consensus	
   on	
   (ICON)	
  
Pediatric	
   Asthma (consenso internacional sobre asma pediátrica). A finalidade deste
documento é:
• salientar as principais mensagens comuns a muitas diretrizes existentes
• analisar e comentar criticamente as diferenças, fornecendo, assim, uma referência
concisa
DEFINIÇÃO DE ASMA
A asma é um distúrbio inflamatório crônico associado à obstrução variável do fluxo de ar e
à hiperresponsividade brônquica. Apresenta-se em episódios recorrentes de chiado,
tosse, falta de ar e aperto no peito.
CLASSIFICAÇÕES
Classificar a asma é útil para seu tratamento.
Idade: Existem diferenças durante infância, idade pré-escolar, idade escolar e
adolescência quanto à fisiopatologia e à apresentação clínica, que se refletem no
tratamento da asma.
Fenótipos: Fisiopatologias subjacentes (endotipos) distintas podem ser responsáveis por
diferentes fenótipos. No entanto, existe sobreposição considerável e possíveis mudanças
ao longo do tempo. Os fenótipos devem ser considerados no tratamento de crianças com
asma, por causa das diferenças de resposta a várias modalidades de tratamento.
Gravidade: Varia de intermitente a grave; a abordagem gradual pode orientar o
tratamento no momento da avaliação inicial. As exacerbações agudas podem ser fatais.
O	
  controle	
  dos sintomas atuais e dos riscos futuros é o objetivo clínico ideal do tratamento
da asma.
	
  
IDADE
Idade
GRAVIDADE
Intermitente Leve Moderada Grave
Intermitente leve Persistente	
  
FENÓTIPOS
Obesidade
Induzida por vírus
Induzida por alérgeno
Induzida por exercício
Não resolvida
Múltiplos gatilhos
CONTROLE
Bem controlada
Parcialmente controlada
Não controlada
FISIOPATOLOGIA
A asma é uma síndrome inflamatória crônica. Em crianças, assim como em adultos, estão
presentes as mudanças patológicas ("remodelamento das vias aéreas"). O estreitamento
das vias aéreas pode ser desencadeado por vírus, alérgenos e irritantes e é causado por
edema, infiltrado celular, hipersecreção de muco, contração do músculo liso e
descamação epitelial. Essas alterações são, em grande parte, reversíveis; no entanto,
com a progressão da doença, o estreitamento das vias aéreas pode tornar-se progressivo
e irreversível.	
  
Vias aéreas normais
Gatilhos
Resposta subclínica normal
Recuperação completa
Vias aéreas asmáticas
Remodelação
Músculo liso hipertrófico
Deposição de colágeno
Membrana basal espessada
Muco e detritos celulares Edema Broncoespasmo
Inflamação e hiperresponsividade bronquial
Obstrução
Recuperação (parcial)
HISTÓRIA NATURAL
Muitas crianças que têm chiado precoce "ficam livres" da doença. No entanto, os recém-
nascidos com sibilância recorrente têm um risco mais elevado de desenvolver asma
persistente, e as crianças atópicas são mais propensas a continuar com o chiado e a
desenvolver asma persistente. Além disso, as reduções da função pulmonar ocorrem na
idade de seis anos, em especial nas crianças cujos sintomas de asma começaram antes
dos três anos de idade. A gravidade/frequência de sintomas de asma durante os primeiros
anos de vida e a atopia estão fortemente relacionadas com o prognóstico. O Índice
Preditivo para Asma pode ajudar como instrumento para determinar o prognóstico.	
  
DIAGNÓSTICO
Para diagnosticar a asma, confirmar a presença de sintomas recorrentes de
obstrução reversível do fluxo de ar e excluir outras afecções.
I. História clínica
Sintomas: tosse, chiado, dificuldade para respirar e aperto no peito.
Padrão: episódios recorrentes (≥ 3) ou sintomas persistentes desencadeados por
irritantes (ar frio, fumaça de cigarro), alérgenos (animais de estimação, polens, etc.),
infecções respiratórias, exercícios e choro ou riso. Esses sintomas ocorrem
principalmente durante a noite ou de manhã cedo.
Também perguntar: história pessoal de atopia, por exemplo, eczema, rinite alérgica,
alergia alimentar e história familiar de asma.
II. Exame físico
Útil durante os períodos sintomáticos, para confirmar sibilância. Sinais de outras doenças
atópicas são favoráveis.
III. Avaliação da função pulmonar
Importante tanto para o diagnóstico quanto para o monitoramento. No entanto, os testes
de função pulmonar normais não excluem o diagnóstico de asma em crianças.
• Espirometria:	
  recomendada	
  para	
  crianças	
  capazes	
  de	
  realizá-­‐la	
  corretamente	
  (5	
  a	
  7	
  anos	
  
de	
  idade	
  e	
  acima).	
  Os	
  pontos	
  de	
  decisão	
  atuais	
  são	
  extrapolados	
  dos	
  adultos	
  (VEF1:	
  80%	
  
do	
  predito,	
  reversível	
  depois	
  de	
  broncodilatação	
  em	
  12%,	
  200	
  ml	
  ou	
  10%	
  do	
  previsto).	
  
• Medidas do fluxo expiratório máximo (FEM):	
  a	
  faixa	
  normal	
  do	
  FEM	
  é	
  ampla,	
  o	
  que	
  o	
  
torna	
   mais	
   adequado	
   para	
   monitoramento	
   do	
   que	
   o	
   diagnóstico.	
   A	
   reversibilidade	
   e	
   a	
  
variabilidade	
  podem	
  ser	
  mais	
  úteis.	
  
• Os	
   testes	
   de	
   função	
   pulmonar	
   que	
   exigem	
   menos	
   cooperação,	
   como	
   oscilometria ou
resistência específica das vias aéreas,	
  podem	
  ser	
  usados	
  em	
  crianças	
  com	
  menos	
  de	
  5	
  
anos;	
  contudo,	
  esses	
  testes	
  podem	
  não	
  estar	
  disponíveis	
  em	
  todos	
  os	
  lugares.	
  
IV. Avaliação da atopia
A identificação de sensibilizações alérgicas específicas pode apoiar o diagnóstico de
asma, ajudar a identificar os gatilhos evitáveis e tem valor prognóstico para a persistência
da doença. Tanto o exame in vivo (teste cutâneo) como o in vitro (anticorpo IgE
específico) podem ser usados.
V. Avaliação da hiperresponsividade das vias aéreas (HRA)
A avaliação da HRA tem função de apoio no diagnóstico de asma
• Os testes de provocação com metacolina, histamina, manitol, solução salina
hipertônica e ar frio são usados em adultos para ajudar a confirmar o diagnóstico de
asma. Em crianças, esses métodos são geralmente apoiados com ressalvas, devido a
desafios técnicos ou de padronização, inclusive dificuldade para medir a função
pulmonar. Além disso, a HRA pode ser usada para o prognóstico.
• O exercício também pode ser utilizado para avaliar a HRA, mas é difícil estabelecer
normas para essa finalidade em crianças de diferentes idades.
VI. Avaliação da inflamação das vias aéreas
• O óxido nítrico exalado (FENO) é útil para detectar a inflamação eosinofílica das vias
aéreas, ajudando a confirmar o diagnóstico de asma, determinando a probabilidade de
resposta a corticosteroides e monitoramento e desmascaramento de não-adesão ao
tratamento. Porém, esse exame pode não ser amplamente disponível e não é fácil de
interpretar corretamente.
• O exame de eosinófilos no escarro não é recomendado atualmente para diagnosticar
ou monitorar a asma na infância.
VII. Diagnóstico diferencial
Os sintomas de asma podem ocorrer em uma variedade de afecções, na maior parte,
pouco frequentes. O diagnóstico diferencial deve ser sempre considerado, principalmente
em casos atípicos ou não-responsivos
Distúrbios infecciosos e imunológicos Obstrução mecânica
Aspergilose broncopulmonar alérgica Malformações congênitas
Anafilaxia Linfonodos hipertrofiados ou tumor
Bronquiolite Aspiração corpo estranho
Imunodeficiência Laringomalácia/traqueomalácia
Infecções respiratórias recorrentes Aneis vasculares ou redes laríngeas
Rinite Disfunção das cordas vocais
Sinusite Outros sistemas
Sarcoidose Doença cardíaca congênita
Tuberculose Doença do refluxo gastroesofágico
Patologias bronquiais
Transtorno neuromuscular (que leve à
aspiração)
Bronquiectasia Tosse psicogênica
Displasia broncopulmonar
Fibrose cística
Discinesia ciliar primária
VIII. Considerações especiais
• Diagnóstico de asma em lactentes: É difícil diagnosticar asma em crianças com
menos de 2 a 3 anos de idade, devido a: falta de medidas objetivas, respostas de
menor qualidade aos medicamentos e história natural variável, o que torna o
diagnóstico nessa faixa etária, na melhor das hipóteses, provisório.
• Estudo terapêutico: Em caso de incerteza no diagnóstico, principalmente em crianças
em idade pré-escolar, sugere-se um período de teste terapêutico de curta duração
(por exemplo, 1 a 3 meses) com corticosteroides inalados (CEI). A melhora
considerável durante o estudo e a deterioração quando é interrompido apoia o
diagnóstico de asma, apesar de a resposta negativa não excluir o diagnóstico.
• Embora a diversidade de asma na infância seja reconhecida no geral, ainda há
poucos detalhes e pequena concordância sobre os critérios diagnósticos para
determinados fenótipos, com exceção de asma ou broncoespasmo induzidos por
exercício.
PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO
Educação
Monitoramento
Custo
Imunoterapia
Farmacoterapia
Prevenção de gatilhos
O tratamento da asma inclui todos os elementos necessários para atingir o controle: 1)
educação do paciente e dos pais; 2) identificar e evitar gatilhos; 3) uso da medicação
apropriada em um plano bem formulado (que inclua imunoterapia com alérgeno em casos
selecionados) e 4) monitoramento regular. Os custos também devem ser levados em
consideração.
CONTROLE
O objetivo do tratamento da asma consiste em alcançar o controle utilizando o menor
número de medicamentos. É um processo de longo prazo.
Domínio Componente
Nível de controle
Completo Bom Parcial Nenhum
Deterioração
Sintomas - Durante o dia Nenhum
≤
2x/semana
≤
2x/semana
Contínuos
Sintomas – Despertares
noturnos
Nenhum ≤ 1x/mês ≤ 1x/mês Semanalmente
Necessidade de
medicação de resgate
Nenhum
≤
2x/semana
≤
2x/semana
Diariamente
Limitação de atividades Nenhum Nenhum Algum Extremo
Função pulmonar - VEF1,
FEM (preditos ou
melhores pessoais)
> 80% ≥ 80% 60%-80% < 60%Risco
Exacerbações (por ano) 0 1 2 > 2
Efeitos colaterais da
medicação
Nenhum Variável
	
  
EDUCAÇÃO
• A educação sobre asma é elemento essencial no tratamento dessa doença e é um
processo contínuo e progressivo a ser repetido em cada consulta. Inclui informações
essenciais sobre natureza crônica da doença, necessidade de terapia prolongada,
tipos de medicamentos e como usar os dispositivos de aplicação.
• Recomenda-se o uso de um plano	
  individualizado	
  de	
  asma por escrito, que inclua o
esquema medicamentoso diário e instruções específicas sobre a identificação precoce
e tratamento das exacerbações ou sobre os casos de perda de controle.
• Os	
  programas	
  baseados	
  em	
  escolas podem ter maior penetração e aceitação em um
grande número de crianças asmáticas. Os pacientes e suas famílias também devem
receber cursos educativos específicos durante as hospitalizações. Os métodos
baseados em computador, audiovisual e internet também são benéficos, em especial
para adolescentes.
PREVENÇÃO DE GATILHOS
A identificação e prevenção de gatilhos não-específicos (por exemplo, fumaça de cigarro)
e específicos (isto é, alérgenos), pode ser benéfica.
• O teste de alergia é necessário antes de qualquer intervenção ambiental específica
• Intervenções individuais têm eficácia limitada
• A abordagem multifacetada intensiva pode ser eficaz para alérgenos, tais como
ácaros da poeira domiciliar
• Os irritantes são os principais gatilhos, particularmente nos países em
desenvolvimento:
▷ Devem ser tomadas medidas drásticas para evitar a exposição à fumaça de
cigarro
▷ É necessário prevenir poluentes internos ou externos
FARMACOTERAPIA
A farmacoterapia é a pedra angular do tratamento; é de longo prazo e deve ser
diferenciada do tratamento de crises agudas de asma.
• As decisões de tratamento baseiam-se no nível de controle da doença
• A gravidade também pode ser usada durante a avaliação inicial
• A proposta é uma abordagem gradual:
▷ A ascensão dessa graduação deve ser considerada quando não se atinge o
controle em 1 a 3 meses, depois de analisar o uso do dispositivo, a adesão, a
prevenção dos gatilhos, o tratamento de rinite como comorbidade e,
possivelmente, o diagnóstico
▷ A graduação descendente pode ser considerada (com base na opinião de
especialistas) quando o controle foi atingido por pelo menos três meses
• A idade	
   é	
   um	
   fator	
   importante.	
   Nos	
   lactentes,	
   a	
   base	
   de	
   evidências	
   para	
   tratamento	
   é	
  
pequena,	
   e	
   as	
   respostas	
   são	
   discrepantes	
   e,	
   com	
   frequência,	
   abaixo	
   do	
   ideal.	
   Em	
  
adolescentes,	
  os	
  problemas	
  que	
  podem	
  apoiar	
  a	
  asma	
  são,	
  em	
  geral,	
  relacionadas	
  com	
  a	
  
falta	
  de	
  cooperação.	
  
	
  
Passo 5
Passo 3-4
Passo 2
Passo 1
Passo 0
CEI + Teofilina
(Cromona, teofilina)
(sem terapia de controle)
Omalizumabe
Alívio (SABA)
Uma maneira fácil de memorizar essa abordagem gradual é que o número de cada passo
sugere o número de medicamentos ou o nível de corticosteroides inalados (CEI) a serem
usados.
Passo 0: Não há necessidade de medicação de controle
Passo 1: Uso de uma medicação de controle
• Pode-se usar CEI em baixa dose como opção de preferência ou antagonista de
receptor de leucotrieno (LTRA). As cromonas e a teofilina estão incluídas em textos
antigos, mas perderam o apoio dos especialistas e da literatura
Passo 2: Uso de dois medicamentos ou dose dobrada (média) de CEI
Passo 3-4: Maximização de tratamento convencional (dose alta de CEI, isoladamente ou
combinada com outros medicamentos)
• Este passo pode incluir duas etapas distintas: em primeiro lugar, os beta-agonistas de
longa duração (LABA) ou LTRA são adicionados aos CEI de dose média, e, no
segundo, os CEI são aumentados. O omalizumabe também pode ser considerado
Passo 5: Os glicocorticosteroides orais são acrescentados como recurso final
Os medicamentos de cada passo não são idênticos, tanto em termos de eficácia quanto
de segurança, e as escolhas preferidas podem ser descritas em especial para as
diferentes faixas etárias e/ou para diferentes fenótipos. No entanto, há uma variação
considerável nas respostas individuais a cada medicamento, sugerindo a necessidade de
flexibilidade na escolha e a opção de tentar uma estratégia diferente se a primeira não for
bem-sucedida.
DISPOSITIVOS DE APLICAÇÃO
0 a ~5 anos:
Inalador dosimetrado pressurizado (pMDI) com espaçador estático e máscara (ou bocal
tão logo a criança possa usá-lo)
> ~5 anos:
Escolha de pMDI como indicado acima, inalador de pó (DPI) (limpeza ou gargarejo depois
de inalação de ICS), pMDI ativado pela respiração (dependendo da capacidade de uso e
da preferência)
Nebulizador:	
  pode ser usado como segunda escolha em qualquer idade
IMUNOTERAPIA ALÉRGENO-ESPECÍFICA (ITE)
A ITE deve ser considerada para crianças cujos sintomas estão claramente ligados a um
alérgeno relevante.
• A imunoterapia subcutânea (SCIT) é eficaz na asma alérgica, quando extratos
alergênicos padronizados de ácaros da poeira doméstica, pelos de animais, ou pólens
são administrados. Na prática clínica, a SCIT é administrada, em geral, por 3 a 5 anos.
▷ A SCIT deve ser administrada somente por médicos experientes e bem treinados
para identificar e tratar possíveis reações anafiláticas.
▷ A SCIT não é recomendada na asma grave, por causa do possível risco de
reações graves.
• A imunoterapia sublingual (SLIT) é indolor, de	
  fácil	
  uso	
  para	
  crianças	
  e	
  tem	
  excelente	
  
perfil	
   de	
   segurança.	
   A	
   maioria	
   das	
   diretrizes	
   recomenda	
   obter	
   mais	
   evidências	
   sobre	
   a	
  
eficácia	
   antes	
   de	
   prescrever	
   essa	
   terapia;	
   contudo,	
   a	
   eficácia	
   foi	
   confirmada	
   em	
  
metanálises	
  recentes.	
  
MONITORAMENTO
• Uma vez confirmado o diagnóstico e iniciado o tratamento, o monitoramento contínuo
é essencial.
• Sugere-se um intervalo de 3 meses, dependendo da atividade e da gravidade da
doença; são indicados períodos menores após exacerbações e quando graduação
descendente ou pausa da terapia de controle.
• Os parâmetros a serem monitorados são: controle, função pulmonar (espirometria,
FEM), adesão ao tratamento, técnica inalatória.
▷ Outros desfechos são qualidade de vida e eventos adversos, em especial a taxa de
crescimento.
▷ A monitoração da inflamação com FENO também pode ser benéfica
• O controle é definido pelo nível mais grave de deterioração ou de risco. Existem
questionários validados para avaliar o controle da asma em crianças (como ACT,
TRACK e outros).
EXACERBAÇÕES DE ASMA (ATAQUES, EPISÓDIOS)
A exacerbação da asma é um episódio agudo ou subagudo de aumento progressivo dos
sintomas, associado à obstrução do fluxo de ar
A conduta nas exacerbações da asma manteve-se inalterada nos últimos anos. Consiste
em broncodilatação, suplementação de oxigênio umidificado e corticosteroides sistêmicos
• Broncodilatação: salbutamol inalatório, 2 a 10 jatos, ou nebulização de 2,5 a 5 mg, a
cada 20 minutos na primeira hora, e de acordo com a resposta depois disso.
Ipratrópio, 2 a 8 jatos, ou nebulização adicional de 0,25 a 0,5 mg. Quando não houver
melhora, a criança deve ser encaminhada para o hospital
• Suplementação	
  de	
  oxigênio: visar SaO2 > 95%
• Corticosteroides	
  sistêmicos: prednisolona oral, 1 a 2 mg/kg/24 horas (até 20 mg em
crianças < 2 anos e até 60 mg em crianças com mais idade), em geral por 3 a 5 dias
▷ A dose bem alta de CEI também pode ser eficaz, quer durante a exacerbação,
quer para evitar o desenvolvimento depois de resfriado comum; porém, não são
recomendados como substitutos dos corticosteroides sistêmicos. Há também
alguma evidência de efeito preventivo discreto de montelucaste; contudo, ele não é
recomendado.
• No	
  hospital	
  ou	
  na	
  UTI, quando necessário, deve-se considerar: beta-2 agonistas
IV, aminofilina IV, sulfato de magnésio IV, mistura de hélio e oxigênio

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Pneumonia Pediatria
Pneumonia PediatriaPneumonia Pediatria
Pneumonia Pediatriagiolamarao
 
Aula 07 doenças obstrutivas asma v1
Aula 07   doenças obstrutivas asma v1Aula 07   doenças obstrutivas asma v1
Aula 07 doenças obstrutivas asma v1alcindoneto
 
Correlação entre Asma e Doenças de Vias Aéreas Superiores
Correlação entre Asma e Doenças de Vias Aéreas SuperioresCorrelação entre Asma e Doenças de Vias Aéreas Superiores
Correlação entre Asma e Doenças de Vias Aéreas SuperioresFlávia Salame
 
Assistência de enfermagem ao paciente pediátrico com pneumonia
Assistência de enfermagem ao paciente pediátrico com pneumoniaAssistência de enfermagem ao paciente pediátrico com pneumonia
Assistência de enfermagem ao paciente pediátrico com pneumoniaTeresa Oliveira
 
Asma de dificil controle
Asma de dificil controleAsma de dificil controle
Asma de dificil controleFlávia Salame
 
ASMA - Aula residência Pediatria Santa Casa
ASMA - Aula residência Pediatria Santa CasaASMA - Aula residência Pediatria Santa Casa
ASMA - Aula residência Pediatria Santa CasaLIPED
 
PUC Londrina - Pneumo Aula 05 pneumonias
PUC Londrina - Pneumo Aula 05   pneumoniasPUC Londrina - Pneumo Aula 05   pneumonias
PUC Londrina - Pneumo Aula 05 pneumoniasalcindoneto
 
Tosse na infância
Tosse na infânciaTosse na infância
Tosse na infânciablogped1
 
Asma brônquica
Asma brônquica Asma brônquica
Asma brônquica lipernnatal
 
Doenças respiratórias nos idosos
Doenças respiratórias nos idososDoenças respiratórias nos idosos
Doenças respiratórias nos idososAdrianaCurtinaz
 
Asma no contexto mundial, africano e mocambicano
Asma no contexto mundial, africano e mocambicanoAsma no contexto mundial, africano e mocambicano
Asma no contexto mundial, africano e mocambicanoCarlos Sapura
 

Mais procurados (19)

Asma
AsmaAsma
Asma
 
Pneumonia Pediatria
Pneumonia PediatriaPneumonia Pediatria
Pneumonia Pediatria
 
Aula 07 doenças obstrutivas asma v1
Aula 07   doenças obstrutivas asma v1Aula 07   doenças obstrutivas asma v1
Aula 07 doenças obstrutivas asma v1
 
Asma (Pediatria)
Asma (Pediatria)Asma (Pediatria)
Asma (Pediatria)
 
Correlação entre Asma e Doenças de Vias Aéreas Superiores
Correlação entre Asma e Doenças de Vias Aéreas SuperioresCorrelação entre Asma e Doenças de Vias Aéreas Superiores
Correlação entre Asma e Doenças de Vias Aéreas Superiores
 
Assistência de enfermagem ao paciente pediátrico com pneumonia
Assistência de enfermagem ao paciente pediátrico com pneumoniaAssistência de enfermagem ao paciente pediátrico com pneumonia
Assistência de enfermagem ao paciente pediátrico com pneumonia
 
Asma de dificil controle
Asma de dificil controleAsma de dificil controle
Asma de dificil controle
 
Asma Brônquica
Asma BrônquicaAsma Brônquica
Asma Brônquica
 
ASMA - Aula residência Pediatria Santa Casa
ASMA - Aula residência Pediatria Santa CasaASMA - Aula residência Pediatria Santa Casa
ASMA - Aula residência Pediatria Santa Casa
 
PUC Londrina - Pneumo Aula 05 pneumonias
PUC Londrina - Pneumo Aula 05   pneumoniasPUC Londrina - Pneumo Aula 05   pneumonias
PUC Londrina - Pneumo Aula 05 pneumonias
 
Tosse na infância
Tosse na infânciaTosse na infância
Tosse na infância
 
Aula: Asma
Aula: AsmaAula: Asma
Aula: Asma
 
Asma
AsmaAsma
Asma
 
2 histp
2 histp2 histp
2 histp
 
Asma brônquica
Asma brônquica Asma brônquica
Asma brônquica
 
Doenças respiratórias nos idosos
Doenças respiratórias nos idososDoenças respiratórias nos idosos
Doenças respiratórias nos idosos
 
Asma no contexto mundial, africano e mocambicano
Asma no contexto mundial, africano e mocambicanoAsma no contexto mundial, africano e mocambicano
Asma no contexto mundial, africano e mocambicano
 
Asma
AsmaAsma
Asma
 
Nocoes sobre a asma
Nocoes sobre a asmaNocoes sobre a asma
Nocoes sobre a asma
 

Semelhante a Consenso Internacional (ICON) en Asma Pediátrica (sumario) traducido al portugués

fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pptx
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pptxfisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pptx
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pptxRaqueli Viecili
 
Síntese de mo universidade estadual de ciências da saúde de alagoas
Síntese de mo      universidade estadual de ciências da saúde de alagoasSíntese de mo      universidade estadual de ciências da saúde de alagoas
Síntese de mo universidade estadual de ciências da saúde de alagoasAnamariassa
 
IVAS diagnóstico e tratamento
IVAS diagnóstico e tratamentoIVAS diagnóstico e tratamento
IVAS diagnóstico e tratamentoLorena de Assis
 
Alergia alimentar em idade pediátrica
Alergia alimentar em idade pediátricaAlergia alimentar em idade pediátrica
Alergia alimentar em idade pediátricaNatacha Santos
 
Amigdalites e otites na pediatria
Amigdalites e otites na pediatriaAmigdalites e otites na pediatria
Amigdalites e otites na pediatriaAmanda Thomé
 
Consulta de enfermagem aos pacientes com Tuberculose (1).pptx
Consulta de enfermagem aos pacientes com Tuberculose (1).pptxConsulta de enfermagem aos pacientes com Tuberculose (1).pptx
Consulta de enfermagem aos pacientes com Tuberculose (1).pptxgabrielpokepass11
 
Otimização no tratamento das infecções respiratórias
Otimização no tratamento das infecções respiratóriasOtimização no tratamento das infecções respiratórias
Otimização no tratamento das infecções respiratóriasblogped1
 
Artigo ivas2
Artigo ivas2Artigo ivas2
Artigo ivas2Dâmaris
 
ApresentaçãO ClíNica Da Alergia Ao Leite
ApresentaçãO ClíNica Da Alergia Ao LeiteApresentaçãO ClíNica Da Alergia Ao Leite
ApresentaçãO ClíNica Da Alergia Ao LeiteBiblioteca Virtual
 
ASMA - ALERGIAS
ASMA - ALERGIASASMA - ALERGIAS
ASMA - ALERGIASJP ABNT
 
Lactente sibilante 2014 husp
Lactente sibilante 2014 huspLactente sibilante 2014 husp
Lactente sibilante 2014 huspAmilcare Vecchi
 
Pneumonias comunitárias em pediatria
Pneumonias comunitárias em pediatriaPneumonias comunitárias em pediatria
Pneumonias comunitárias em pediatriaGabriel Paixão
 

Semelhante a Consenso Internacional (ICON) en Asma Pediátrica (sumario) traducido al portugués (20)

Asma.pptx
Asma.pptxAsma.pptx
Asma.pptx
 
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pptx
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pptxfisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pptx
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pptx
 
Síntese de mo universidade estadual de ciências da saúde de alagoas
Síntese de mo      universidade estadual de ciências da saúde de alagoasSíntese de mo      universidade estadual de ciências da saúde de alagoas
Síntese de mo universidade estadual de ciências da saúde de alagoas
 
IVAS diagnóstico e tratamento
IVAS diagnóstico e tratamentoIVAS diagnóstico e tratamento
IVAS diagnóstico e tratamento
 
Alergia alimentar em idade pediátrica
Alergia alimentar em idade pediátricaAlergia alimentar em idade pediátrica
Alergia alimentar em idade pediátrica
 
Amigdalites e otites na pediatria
Amigdalites e otites na pediatriaAmigdalites e otites na pediatria
Amigdalites e otites na pediatria
 
Consulta de enfermagem aos pacientes com Tuberculose (1).pptx
Consulta de enfermagem aos pacientes com Tuberculose (1).pptxConsulta de enfermagem aos pacientes com Tuberculose (1).pptx
Consulta de enfermagem aos pacientes com Tuberculose (1).pptx
 
Manual asma
Manual asmaManual asma
Manual asma
 
Consenso asma 2006
Consenso asma 2006Consenso asma 2006
Consenso asma 2006
 
Iv Diretrizes Asma
Iv Diretrizes AsmaIv Diretrizes Asma
Iv Diretrizes Asma
 
Otimização no tratamento das infecções respiratórias
Otimização no tratamento das infecções respiratóriasOtimização no tratamento das infecções respiratórias
Otimização no tratamento das infecções respiratórias
 
Artigo ivas2
Artigo ivas2Artigo ivas2
Artigo ivas2
 
Varicela 6
Varicela 6Varicela 6
Varicela 6
 
ApresentaçãO ClíNica Da Alergia Ao Leite
ApresentaçãO ClíNica Da Alergia Ao LeiteApresentaçãO ClíNica Da Alergia Ao Leite
ApresentaçãO ClíNica Da Alergia Ao Leite
 
Amigdalite ppt
Amigdalite pptAmigdalite ppt
Amigdalite ppt
 
Deficiencia de ig a 1894
Deficiencia de ig a 1894Deficiencia de ig a 1894
Deficiencia de ig a 1894
 
ASMA - ALERGIAS
ASMA - ALERGIASASMA - ALERGIAS
ASMA - ALERGIAS
 
Lactente sibilante 2014 husp
Lactente sibilante 2014 huspLactente sibilante 2014 husp
Lactente sibilante 2014 husp
 
Pneumonias comunitárias em pediatria
Pneumonias comunitárias em pediatriaPneumonias comunitárias em pediatria
Pneumonias comunitárias em pediatria
 
Fenômeno de Raynaud - Documento Científico da SBP
Fenômeno de Raynaud - Documento Científico da SBP Fenômeno de Raynaud - Documento Científico da SBP
Fenômeno de Raynaud - Documento Científico da SBP
 

Mais de Juan Carlos Ivancevich

Sesión Académica del CRAIC "Biológicos en la era de las enfermedades alérgicas"
Sesión Académica del CRAIC "Biológicos en la era de las enfermedades alérgicas"Sesión Académica del CRAIC "Biológicos en la era de las enfermedades alérgicas"
Sesión Académica del CRAIC "Biológicos en la era de las enfermedades alérgicas"Juan Carlos Ivancevich
 
Vacunas COVID: Lo Que Todo Alergista Debe Saber
Vacunas COVID: Lo Que Todo Alergista Debe SaberVacunas COVID: Lo Que Todo Alergista Debe Saber
Vacunas COVID: Lo Que Todo Alergista Debe SaberJuan Carlos Ivancevich
 
Sesión Clínica del CRAIC "Síndrome de alergia oral 2021"
Sesión Clínica del CRAIC "Síndrome de alergia oral 2021"Sesión Clínica del CRAIC "Síndrome de alergia oral 2021"
Sesión Clínica del CRAIC "Síndrome de alergia oral 2021"Juan Carlos Ivancevich
 
Sesión Académica del CRAIC "GUIMIT 2019"
Sesión Académica del CRAIC "GUIMIT 2019"Sesión Académica del CRAIC "GUIMIT 2019"
Sesión Académica del CRAIC "GUIMIT 2019"Juan Carlos Ivancevich
 
Sesión de Inmunología del CRAIC "Abordaje de las inmunodeficiencias primarias".
Sesión de Inmunología del CRAIC "Abordaje de las inmunodeficiencias primarias".Sesión de Inmunología del CRAIC "Abordaje de las inmunodeficiencias primarias".
Sesión de Inmunología del CRAIC "Abordaje de las inmunodeficiencias primarias".Juan Carlos Ivancevich
 
Sesión Académica del CRAIC "Dermatitis atópica"
Sesión Académica del CRAIC "Dermatitis atópica"Sesión Académica del CRAIC "Dermatitis atópica"
Sesión Académica del CRAIC "Dermatitis atópica"Juan Carlos Ivancevich
 
Sesión Clínica del CRAIC "Conjuntivitis alérgica".
Sesión Clínica del CRAIC "Conjuntivitis alérgica".Sesión Clínica del CRAIC "Conjuntivitis alérgica".
Sesión Clínica del CRAIC "Conjuntivitis alérgica".Juan Carlos Ivancevich
 
Sesión Académica del CRAIC "Guía GEMA"
Sesión Académica del CRAIC "Guía GEMA"Sesión Académica del CRAIC "Guía GEMA"
Sesión Académica del CRAIC "Guía GEMA"Juan Carlos Ivancevich
 
Sesión Académica del CRAIC "Guía GINA 2020"
Sesión Académica del CRAIC "Guía GINA 2020"Sesión Académica del CRAIC "Guía GINA 2020"
Sesión Académica del CRAIC "Guía GINA 2020"Juan Carlos Ivancevich
 
Sesión Clínica del CRAIC "Abordaje clínico y terapéutico de pacientes con rin...
Sesión Clínica del CRAIC "Abordaje clínico y terapéutico de pacientes con rin...Sesión Clínica del CRAIC "Abordaje clínico y terapéutico de pacientes con rin...
Sesión Clínica del CRAIC "Abordaje clínico y terapéutico de pacientes con rin...Juan Carlos Ivancevich
 
Sesión Académica del CRAIC "Rinitis Alérgica: Guías ARIA-MACVIA".
Sesión Académica del CRAIC "Rinitis Alérgica: Guías ARIA-MACVIA".Sesión Académica del CRAIC "Rinitis Alérgica: Guías ARIA-MACVIA".
Sesión Académica del CRAIC "Rinitis Alérgica: Guías ARIA-MACVIA".Juan Carlos Ivancevich
 
Sesión de Inmunología del CRAIC "Trastornos de la inmunidad innata".
Sesión de Inmunología del CRAIC "Trastornos de la inmunidad innata".Sesión de Inmunología del CRAIC "Trastornos de la inmunidad innata".
Sesión de Inmunología del CRAIC "Trastornos de la inmunidad innata".Juan Carlos Ivancevich
 
Sesión Académica del CRAIC "Alergia y COVID"
Sesión Académica del CRAIC "Alergia y COVID"Sesión Académica del CRAIC "Alergia y COVID"
Sesión Académica del CRAIC "Alergia y COVID"Juan Carlos Ivancevich
 
Sesión Clínica del CRAIC: "Alergias, inmunocompromiso y COVID-19"
Sesión Clínica del CRAIC: "Alergias, inmunocompromiso y COVID-19"Sesión Clínica del CRAIC: "Alergias, inmunocompromiso y COVID-19"
Sesión Clínica del CRAIC: "Alergias, inmunocompromiso y COVID-19"Juan Carlos Ivancevich
 
Vacunas contra Covid - Actualización de lo que el alergólogo debe conocer. Pr...
Vacunas contra Covid - Actualización de lo que el alergólogo debe conocer. Pr...Vacunas contra Covid - Actualización de lo que el alergólogo debe conocer. Pr...
Vacunas contra Covid - Actualización de lo que el alergólogo debe conocer. Pr...Juan Carlos Ivancevich
 
Sesión Académica del CRAIC "Fibromialgia y espondiloartropatías"
Sesión Académica del CRAIC "Fibromialgia y espondiloartropatías"Sesión Académica del CRAIC "Fibromialgia y espondiloartropatías"
Sesión Académica del CRAIC "Fibromialgia y espondiloartropatías"Juan Carlos Ivancevich
 
Sesión Clínica del CRAIC "Prurito crónico"
Sesión Clínica del CRAIC "Prurito crónico"Sesión Clínica del CRAIC "Prurito crónico"
Sesión Clínica del CRAIC "Prurito crónico"Juan Carlos Ivancevich
 
Respuesta inmunológica hacia SARS-CoV-2 Prof. Dr. Ortega Martell
Respuesta inmunológica hacia SARS-CoV-2 Prof. Dr. Ortega MartellRespuesta inmunológica hacia SARS-CoV-2 Prof. Dr. Ortega Martell
Respuesta inmunológica hacia SARS-CoV-2 Prof. Dr. Ortega MartellJuan Carlos Ivancevich
 
WAO "Special Session - in View of WISC 2020: Allergy and COVID"
WAO "Special Session - in View of WISC 2020: Allergy and COVID"WAO "Special Session - in View of WISC 2020: Allergy and COVID"
WAO "Special Session - in View of WISC 2020: Allergy and COVID"Juan Carlos Ivancevich
 

Mais de Juan Carlos Ivancevich (20)

Sesión Académica del CRAIC "Biológicos en la era de las enfermedades alérgicas"
Sesión Académica del CRAIC "Biológicos en la era de las enfermedades alérgicas"Sesión Académica del CRAIC "Biológicos en la era de las enfermedades alérgicas"
Sesión Académica del CRAIC "Biológicos en la era de las enfermedades alérgicas"
 
Vacunas COVID: Lo Que Todo Alergista Debe Saber
Vacunas COVID: Lo Que Todo Alergista Debe SaberVacunas COVID: Lo Que Todo Alergista Debe Saber
Vacunas COVID: Lo Que Todo Alergista Debe Saber
 
Sesión Clínica del CRAIC "Síndrome de alergia oral 2021"
Sesión Clínica del CRAIC "Síndrome de alergia oral 2021"Sesión Clínica del CRAIC "Síndrome de alergia oral 2021"
Sesión Clínica del CRAIC "Síndrome de alergia oral 2021"
 
Sesión Académica del CRAIC "GUIMIT 2019"
Sesión Académica del CRAIC "GUIMIT 2019"Sesión Académica del CRAIC "GUIMIT 2019"
Sesión Académica del CRAIC "GUIMIT 2019"
 
Sesión de Inmunología del CRAIC "Abordaje de las inmunodeficiencias primarias".
Sesión de Inmunología del CRAIC "Abordaje de las inmunodeficiencias primarias".Sesión de Inmunología del CRAIC "Abordaje de las inmunodeficiencias primarias".
Sesión de Inmunología del CRAIC "Abordaje de las inmunodeficiencias primarias".
 
Sesión Académica del CRAIC "Dermatitis atópica"
Sesión Académica del CRAIC "Dermatitis atópica"Sesión Académica del CRAIC "Dermatitis atópica"
Sesión Académica del CRAIC "Dermatitis atópica"
 
Sesión Clínica del CRAIC "Conjuntivitis alérgica".
Sesión Clínica del CRAIC "Conjuntivitis alérgica".Sesión Clínica del CRAIC "Conjuntivitis alérgica".
Sesión Clínica del CRAIC "Conjuntivitis alérgica".
 
Sesión Académica del CRAIC "Guía GEMA"
Sesión Académica del CRAIC "Guía GEMA"Sesión Académica del CRAIC "Guía GEMA"
Sesión Académica del CRAIC "Guía GEMA"
 
Sesión Académica del CRAIC "Guía GINA 2020"
Sesión Académica del CRAIC "Guía GINA 2020"Sesión Académica del CRAIC "Guía GINA 2020"
Sesión Académica del CRAIC "Guía GINA 2020"
 
Sesión Clínica del CRAIC "Abordaje clínico y terapéutico de pacientes con rin...
Sesión Clínica del CRAIC "Abordaje clínico y terapéutico de pacientes con rin...Sesión Clínica del CRAIC "Abordaje clínico y terapéutico de pacientes con rin...
Sesión Clínica del CRAIC "Abordaje clínico y terapéutico de pacientes con rin...
 
Sesión Académica del CRAIC "Rinitis Alérgica: Guías ARIA-MACVIA".
Sesión Académica del CRAIC "Rinitis Alérgica: Guías ARIA-MACVIA".Sesión Académica del CRAIC "Rinitis Alérgica: Guías ARIA-MACVIA".
Sesión Académica del CRAIC "Rinitis Alérgica: Guías ARIA-MACVIA".
 
Sesión de Inmunología del CRAIC "Trastornos de la inmunidad innata".
Sesión de Inmunología del CRAIC "Trastornos de la inmunidad innata".Sesión de Inmunología del CRAIC "Trastornos de la inmunidad innata".
Sesión de Inmunología del CRAIC "Trastornos de la inmunidad innata".
 
Sesión Académica del CRAIC "Alergia y COVID"
Sesión Académica del CRAIC "Alergia y COVID"Sesión Académica del CRAIC "Alergia y COVID"
Sesión Académica del CRAIC "Alergia y COVID"
 
Sesión Clínica del CRAIC: "Alergias, inmunocompromiso y COVID-19"
Sesión Clínica del CRAIC: "Alergias, inmunocompromiso y COVID-19"Sesión Clínica del CRAIC: "Alergias, inmunocompromiso y COVID-19"
Sesión Clínica del CRAIC: "Alergias, inmunocompromiso y COVID-19"
 
Vacunas contra Covid - Actualización de lo que el alergólogo debe conocer. Pr...
Vacunas contra Covid - Actualización de lo que el alergólogo debe conocer. Pr...Vacunas contra Covid - Actualización de lo que el alergólogo debe conocer. Pr...
Vacunas contra Covid - Actualización de lo que el alergólogo debe conocer. Pr...
 
Sesión Académica del CRAIC "Fibromialgia y espondiloartropatías"
Sesión Académica del CRAIC "Fibromialgia y espondiloartropatías"Sesión Académica del CRAIC "Fibromialgia y espondiloartropatías"
Sesión Académica del CRAIC "Fibromialgia y espondiloartropatías"
 
Sesión Clínica del CRAIC "Prurito crónico"
Sesión Clínica del CRAIC "Prurito crónico"Sesión Clínica del CRAIC "Prurito crónico"
Sesión Clínica del CRAIC "Prurito crónico"
 
Asma y obesidad 2021
Asma y obesidad 2021Asma y obesidad 2021
Asma y obesidad 2021
 
Respuesta inmunológica hacia SARS-CoV-2 Prof. Dr. Ortega Martell
Respuesta inmunológica hacia SARS-CoV-2 Prof. Dr. Ortega MartellRespuesta inmunológica hacia SARS-CoV-2 Prof. Dr. Ortega Martell
Respuesta inmunológica hacia SARS-CoV-2 Prof. Dr. Ortega Martell
 
WAO "Special Session - in View of WISC 2020: Allergy and COVID"
WAO "Special Session - in View of WISC 2020: Allergy and COVID"WAO "Special Session - in View of WISC 2020: Allergy and COVID"
WAO "Special Session - in View of WISC 2020: Allergy and COVID"
 

Consenso Internacional (ICON) en Asma Pediátrica (sumario) traducido al portugués

  • 1. International Consensus On (ICON) Pediatric Asthma Documento Original: Colaboração   Internacional   em   Asma,   Alergia   e   Imunologia   (iCAALL): EAACI,  AAAAI,  ACAAI  e WAO, Traduzido para o Português por: SLAAI - Sociedade Latinoamericana de Alergia, Asma e Inmunologia Allergy 2012;67:8-976. N. G. Papadopoulos, H. Arakawa, K.-H. Carlsen, A. Custovic, J. Gern, R. Lemanske, P. Le Souef, M. Mäkelä, G. Roberts, G. Wong, H. Zar. B. A. Akdis, L. B. Bacharier, E. Baraldi, H. P. van Bever, J. de Blic, A. Boner, W. Burks, T. B. Casale, J. A. Castro-Rodriguez, Y. Z. Chen, Y. M. El-Gamal, M. L. Everard, T. Frischer, M. Geller, J. Gereda, D. Y. Goh, T. W. Guilbert, G. Hedlin, P. W. Heymann, S. J. Hong, E. M. Hossny, J. L. Huang, D. J. Jackson, J. B. de Jongste, O. Kalayci, N. Ait-Khaled, S. Kling, P. Kuna, S. Lau, D. K. Ledford, S. I. Lee, A. H. Liu, R. F. Lockey, K. Lødrup-Carlsen, J. Lötvall, A. Morikawa, A. Nieto, H. Paramesh, R. Pawankar, P. Pohunek, J. Pongracic, D. Price, C. Robertson, N. Rosario, L. J. Rossenwasser, P. C. Sly, R. Stein, S. Stick, S. Szefler, L. M. Taussig, E. Valovirta, P. Vichyanond, D. Wallace, E. Weinberg, G. Wennergren, J. Wildhaber, R. S. Zeiger.  
  • 2. Índice 4 PREFÁCIO 4 DEFINIÇÃO DE ASMA 5 CLASSIFICAÇÕES 6 FISIOPATOLOGIA 6 HISTÓRIA NATURAL 7 DIAGNÓSTICO 10 PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO 10 CONTROLE 11 EDUCAÇÃO 11 PREVENÇÃO DE GATILHOS 12 FARMACOTERAPIA 13 DISPOSITIVOS PARA APLICAÇÃO 14 IMUNOTERAPIA ALÉRGENO-ESPECÍFICA (ITA) 14 MONITORAÇÃO 15 EXACERBAÇÕES DE ASMA (CRISES, EPISÓDIOS) PREFÁCIO A asma é a doença respiratória crônica do trato respiratório inferior mais comum em todo o mundo. Em crianças, a asma, com frequência, apresenta desafios únicos, por causa do amadurecimento dos sistemas respiratório e imunológico, da evolução natural da doença, da falta de boas evidências, da dificuldade em estabelecer o diagnóstico e do fornecimento de medicamentos, e ainda, das respostas diversificadas e em geral imprevisíveis ao tratamento. Existem diretrizes e declarações de consenso que apoiam as decisões médicas sobre a asma pediátrica; no entanto, a implementação dessas recomendações ainda é um grande desafio. A International   Collaboration   in   Asthma,   Allergy   and   Immunology   (iCAALL, Colaboração internacional em asma, alergia e imunologia), formada em 2012 por EAACI,   AAAAI,   ACAAI   e WAO, aborda essa necessidade não satisfeita neste documento, International   Consensus   on   (ICON)   Pediatric   Asthma (consenso internacional sobre asma pediátrica). A finalidade deste documento é: • salientar as principais mensagens comuns a muitas diretrizes existentes • analisar e comentar criticamente as diferenças, fornecendo, assim, uma referência concisa
  • 3. DEFINIÇÃO DE ASMA A asma é um distúrbio inflamatório crônico associado à obstrução variável do fluxo de ar e à hiperresponsividade brônquica. Apresenta-se em episódios recorrentes de chiado, tosse, falta de ar e aperto no peito. CLASSIFICAÇÕES Classificar a asma é útil para seu tratamento. Idade: Existem diferenças durante infância, idade pré-escolar, idade escolar e adolescência quanto à fisiopatologia e à apresentação clínica, que se refletem no tratamento da asma. Fenótipos: Fisiopatologias subjacentes (endotipos) distintas podem ser responsáveis por diferentes fenótipos. No entanto, existe sobreposição considerável e possíveis mudanças ao longo do tempo. Os fenótipos devem ser considerados no tratamento de crianças com asma, por causa das diferenças de resposta a várias modalidades de tratamento. Gravidade: Varia de intermitente a grave; a abordagem gradual pode orientar o tratamento no momento da avaliação inicial. As exacerbações agudas podem ser fatais. O  controle  dos sintomas atuais e dos riscos futuros é o objetivo clínico ideal do tratamento da asma.   IDADE Idade GRAVIDADE Intermitente Leve Moderada Grave Intermitente leve Persistente   FENÓTIPOS Obesidade Induzida por vírus
  • 4. Induzida por alérgeno Induzida por exercício Não resolvida Múltiplos gatilhos CONTROLE Bem controlada Parcialmente controlada Não controlada FISIOPATOLOGIA A asma é uma síndrome inflamatória crônica. Em crianças, assim como em adultos, estão presentes as mudanças patológicas ("remodelamento das vias aéreas"). O estreitamento das vias aéreas pode ser desencadeado por vírus, alérgenos e irritantes e é causado por edema, infiltrado celular, hipersecreção de muco, contração do músculo liso e descamação epitelial. Essas alterações são, em grande parte, reversíveis; no entanto, com a progressão da doença, o estreitamento das vias aéreas pode tornar-se progressivo e irreversível.   Vias aéreas normais Gatilhos Resposta subclínica normal Recuperação completa Vias aéreas asmáticas
  • 5. Remodelação Músculo liso hipertrófico Deposição de colágeno Membrana basal espessada Muco e detritos celulares Edema Broncoespasmo Inflamação e hiperresponsividade bronquial Obstrução Recuperação (parcial) HISTÓRIA NATURAL Muitas crianças que têm chiado precoce "ficam livres" da doença. No entanto, os recém- nascidos com sibilância recorrente têm um risco mais elevado de desenvolver asma persistente, e as crianças atópicas são mais propensas a continuar com o chiado e a desenvolver asma persistente. Além disso, as reduções da função pulmonar ocorrem na idade de seis anos, em especial nas crianças cujos sintomas de asma começaram antes dos três anos de idade. A gravidade/frequência de sintomas de asma durante os primeiros anos de vida e a atopia estão fortemente relacionadas com o prognóstico. O Índice Preditivo para Asma pode ajudar como instrumento para determinar o prognóstico.   DIAGNÓSTICO Para diagnosticar a asma, confirmar a presença de sintomas recorrentes de obstrução reversível do fluxo de ar e excluir outras afecções. I. História clínica Sintomas: tosse, chiado, dificuldade para respirar e aperto no peito. Padrão: episódios recorrentes (≥ 3) ou sintomas persistentes desencadeados por irritantes (ar frio, fumaça de cigarro), alérgenos (animais de estimação, polens, etc.), infecções respiratórias, exercícios e choro ou riso. Esses sintomas ocorrem principalmente durante a noite ou de manhã cedo. Também perguntar: história pessoal de atopia, por exemplo, eczema, rinite alérgica, alergia alimentar e história familiar de asma. II. Exame físico Útil durante os períodos sintomáticos, para confirmar sibilância. Sinais de outras doenças atópicas são favoráveis. III. Avaliação da função pulmonar Importante tanto para o diagnóstico quanto para o monitoramento. No entanto, os testes de função pulmonar normais não excluem o diagnóstico de asma em crianças.
  • 6. • Espirometria:  recomendada  para  crianças  capazes  de  realizá-­‐la  corretamente  (5  a  7  anos   de  idade  e  acima).  Os  pontos  de  decisão  atuais  são  extrapolados  dos  adultos  (VEF1:  80%   do  predito,  reversível  depois  de  broncodilatação  em  12%,  200  ml  ou  10%  do  previsto).   • Medidas do fluxo expiratório máximo (FEM):  a  faixa  normal  do  FEM  é  ampla,  o  que  o   torna   mais   adequado   para   monitoramento   do   que   o   diagnóstico.   A   reversibilidade   e   a   variabilidade  podem  ser  mais  úteis.   • Os   testes   de   função   pulmonar   que   exigem   menos   cooperação,   como   oscilometria ou resistência específica das vias aéreas,  podem  ser  usados  em  crianças  com  menos  de  5   anos;  contudo,  esses  testes  podem  não  estar  disponíveis  em  todos  os  lugares.   IV. Avaliação da atopia A identificação de sensibilizações alérgicas específicas pode apoiar o diagnóstico de asma, ajudar a identificar os gatilhos evitáveis e tem valor prognóstico para a persistência da doença. Tanto o exame in vivo (teste cutâneo) como o in vitro (anticorpo IgE específico) podem ser usados. V. Avaliação da hiperresponsividade das vias aéreas (HRA) A avaliação da HRA tem função de apoio no diagnóstico de asma • Os testes de provocação com metacolina, histamina, manitol, solução salina hipertônica e ar frio são usados em adultos para ajudar a confirmar o diagnóstico de asma. Em crianças, esses métodos são geralmente apoiados com ressalvas, devido a desafios técnicos ou de padronização, inclusive dificuldade para medir a função pulmonar. Além disso, a HRA pode ser usada para o prognóstico. • O exercício também pode ser utilizado para avaliar a HRA, mas é difícil estabelecer normas para essa finalidade em crianças de diferentes idades. VI. Avaliação da inflamação das vias aéreas • O óxido nítrico exalado (FENO) é útil para detectar a inflamação eosinofílica das vias aéreas, ajudando a confirmar o diagnóstico de asma, determinando a probabilidade de resposta a corticosteroides e monitoramento e desmascaramento de não-adesão ao tratamento. Porém, esse exame pode não ser amplamente disponível e não é fácil de interpretar corretamente. • O exame de eosinófilos no escarro não é recomendado atualmente para diagnosticar ou monitorar a asma na infância. VII. Diagnóstico diferencial Os sintomas de asma podem ocorrer em uma variedade de afecções, na maior parte, pouco frequentes. O diagnóstico diferencial deve ser sempre considerado, principalmente em casos atípicos ou não-responsivos
  • 7. Distúrbios infecciosos e imunológicos Obstrução mecânica Aspergilose broncopulmonar alérgica Malformações congênitas Anafilaxia Linfonodos hipertrofiados ou tumor Bronquiolite Aspiração corpo estranho Imunodeficiência Laringomalácia/traqueomalácia Infecções respiratórias recorrentes Aneis vasculares ou redes laríngeas Rinite Disfunção das cordas vocais Sinusite Outros sistemas Sarcoidose Doença cardíaca congênita Tuberculose Doença do refluxo gastroesofágico Patologias bronquiais Transtorno neuromuscular (que leve à aspiração) Bronquiectasia Tosse psicogênica Displasia broncopulmonar Fibrose cística Discinesia ciliar primária VIII. Considerações especiais • Diagnóstico de asma em lactentes: É difícil diagnosticar asma em crianças com menos de 2 a 3 anos de idade, devido a: falta de medidas objetivas, respostas de menor qualidade aos medicamentos e história natural variável, o que torna o diagnóstico nessa faixa etária, na melhor das hipóteses, provisório. • Estudo terapêutico: Em caso de incerteza no diagnóstico, principalmente em crianças em idade pré-escolar, sugere-se um período de teste terapêutico de curta duração (por exemplo, 1 a 3 meses) com corticosteroides inalados (CEI). A melhora considerável durante o estudo e a deterioração quando é interrompido apoia o diagnóstico de asma, apesar de a resposta negativa não excluir o diagnóstico. • Embora a diversidade de asma na infância seja reconhecida no geral, ainda há poucos detalhes e pequena concordância sobre os critérios diagnósticos para determinados fenótipos, com exceção de asma ou broncoespasmo induzidos por exercício.
  • 8. PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO Educação Monitoramento Custo Imunoterapia Farmacoterapia Prevenção de gatilhos O tratamento da asma inclui todos os elementos necessários para atingir o controle: 1) educação do paciente e dos pais; 2) identificar e evitar gatilhos; 3) uso da medicação apropriada em um plano bem formulado (que inclua imunoterapia com alérgeno em casos selecionados) e 4) monitoramento regular. Os custos também devem ser levados em consideração. CONTROLE O objetivo do tratamento da asma consiste em alcançar o controle utilizando o menor número de medicamentos. É um processo de longo prazo. Domínio Componente Nível de controle Completo Bom Parcial Nenhum Deterioração Sintomas - Durante o dia Nenhum ≤ 2x/semana ≤ 2x/semana Contínuos Sintomas – Despertares noturnos Nenhum ≤ 1x/mês ≤ 1x/mês Semanalmente Necessidade de medicação de resgate Nenhum ≤ 2x/semana ≤ 2x/semana Diariamente
  • 9. Limitação de atividades Nenhum Nenhum Algum Extremo Função pulmonar - VEF1, FEM (preditos ou melhores pessoais) > 80% ≥ 80% 60%-80% < 60%Risco Exacerbações (por ano) 0 1 2 > 2 Efeitos colaterais da medicação Nenhum Variável   EDUCAÇÃO • A educação sobre asma é elemento essencial no tratamento dessa doença e é um processo contínuo e progressivo a ser repetido em cada consulta. Inclui informações essenciais sobre natureza crônica da doença, necessidade de terapia prolongada, tipos de medicamentos e como usar os dispositivos de aplicação. • Recomenda-se o uso de um plano  individualizado  de  asma por escrito, que inclua o esquema medicamentoso diário e instruções específicas sobre a identificação precoce e tratamento das exacerbações ou sobre os casos de perda de controle. • Os  programas  baseados  em  escolas podem ter maior penetração e aceitação em um grande número de crianças asmáticas. Os pacientes e suas famílias também devem receber cursos educativos específicos durante as hospitalizações. Os métodos baseados em computador, audiovisual e internet também são benéficos, em especial para adolescentes. PREVENÇÃO DE GATILHOS A identificação e prevenção de gatilhos não-específicos (por exemplo, fumaça de cigarro) e específicos (isto é, alérgenos), pode ser benéfica. • O teste de alergia é necessário antes de qualquer intervenção ambiental específica • Intervenções individuais têm eficácia limitada • A abordagem multifacetada intensiva pode ser eficaz para alérgenos, tais como ácaros da poeira domiciliar • Os irritantes são os principais gatilhos, particularmente nos países em desenvolvimento: ▷ Devem ser tomadas medidas drásticas para evitar a exposição à fumaça de cigarro ▷ É necessário prevenir poluentes internos ou externos FARMACOTERAPIA A farmacoterapia é a pedra angular do tratamento; é de longo prazo e deve ser diferenciada do tratamento de crises agudas de asma. • As decisões de tratamento baseiam-se no nível de controle da doença • A gravidade também pode ser usada durante a avaliação inicial • A proposta é uma abordagem gradual:
  • 10. ▷ A ascensão dessa graduação deve ser considerada quando não se atinge o controle em 1 a 3 meses, depois de analisar o uso do dispositivo, a adesão, a prevenção dos gatilhos, o tratamento de rinite como comorbidade e, possivelmente, o diagnóstico ▷ A graduação descendente pode ser considerada (com base na opinião de especialistas) quando o controle foi atingido por pelo menos três meses • A idade   é   um   fator   importante.   Nos   lactentes,   a   base   de   evidências   para   tratamento   é   pequena,   e   as   respostas   são   discrepantes   e,   com   frequência,   abaixo   do   ideal.   Em   adolescentes,  os  problemas  que  podem  apoiar  a  asma  são,  em  geral,  relacionadas  com  a   falta  de  cooperação.     Passo 5 Passo 3-4 Passo 2 Passo 1 Passo 0 CEI + Teofilina (Cromona, teofilina) (sem terapia de controle) Omalizumabe Alívio (SABA) Uma maneira fácil de memorizar essa abordagem gradual é que o número de cada passo sugere o número de medicamentos ou o nível de corticosteroides inalados (CEI) a serem usados. Passo 0: Não há necessidade de medicação de controle Passo 1: Uso de uma medicação de controle • Pode-se usar CEI em baixa dose como opção de preferência ou antagonista de receptor de leucotrieno (LTRA). As cromonas e a teofilina estão incluídas em textos antigos, mas perderam o apoio dos especialistas e da literatura
  • 11. Passo 2: Uso de dois medicamentos ou dose dobrada (média) de CEI Passo 3-4: Maximização de tratamento convencional (dose alta de CEI, isoladamente ou combinada com outros medicamentos) • Este passo pode incluir duas etapas distintas: em primeiro lugar, os beta-agonistas de longa duração (LABA) ou LTRA são adicionados aos CEI de dose média, e, no segundo, os CEI são aumentados. O omalizumabe também pode ser considerado Passo 5: Os glicocorticosteroides orais são acrescentados como recurso final Os medicamentos de cada passo não são idênticos, tanto em termos de eficácia quanto de segurança, e as escolhas preferidas podem ser descritas em especial para as diferentes faixas etárias e/ou para diferentes fenótipos. No entanto, há uma variação considerável nas respostas individuais a cada medicamento, sugerindo a necessidade de flexibilidade na escolha e a opção de tentar uma estratégia diferente se a primeira não for bem-sucedida. DISPOSITIVOS DE APLICAÇÃO 0 a ~5 anos: Inalador dosimetrado pressurizado (pMDI) com espaçador estático e máscara (ou bocal tão logo a criança possa usá-lo) > ~5 anos: Escolha de pMDI como indicado acima, inalador de pó (DPI) (limpeza ou gargarejo depois de inalação de ICS), pMDI ativado pela respiração (dependendo da capacidade de uso e da preferência) Nebulizador:  pode ser usado como segunda escolha em qualquer idade IMUNOTERAPIA ALÉRGENO-ESPECÍFICA (ITE) A ITE deve ser considerada para crianças cujos sintomas estão claramente ligados a um alérgeno relevante. • A imunoterapia subcutânea (SCIT) é eficaz na asma alérgica, quando extratos alergênicos padronizados de ácaros da poeira doméstica, pelos de animais, ou pólens são administrados. Na prática clínica, a SCIT é administrada, em geral, por 3 a 5 anos. ▷ A SCIT deve ser administrada somente por médicos experientes e bem treinados para identificar e tratar possíveis reações anafiláticas. ▷ A SCIT não é recomendada na asma grave, por causa do possível risco de reações graves. • A imunoterapia sublingual (SLIT) é indolor, de  fácil  uso  para  crianças  e  tem  excelente   perfil   de   segurança.   A   maioria   das   diretrizes   recomenda   obter   mais   evidências   sobre   a   eficácia   antes   de   prescrever   essa   terapia;   contudo,   a   eficácia   foi   confirmada   em   metanálises  recentes.  
  • 12. MONITORAMENTO • Uma vez confirmado o diagnóstico e iniciado o tratamento, o monitoramento contínuo é essencial. • Sugere-se um intervalo de 3 meses, dependendo da atividade e da gravidade da doença; são indicados períodos menores após exacerbações e quando graduação descendente ou pausa da terapia de controle. • Os parâmetros a serem monitorados são: controle, função pulmonar (espirometria, FEM), adesão ao tratamento, técnica inalatória. ▷ Outros desfechos são qualidade de vida e eventos adversos, em especial a taxa de crescimento. ▷ A monitoração da inflamação com FENO também pode ser benéfica • O controle é definido pelo nível mais grave de deterioração ou de risco. Existem questionários validados para avaliar o controle da asma em crianças (como ACT, TRACK e outros). EXACERBAÇÕES DE ASMA (ATAQUES, EPISÓDIOS) A exacerbação da asma é um episódio agudo ou subagudo de aumento progressivo dos sintomas, associado à obstrução do fluxo de ar A conduta nas exacerbações da asma manteve-se inalterada nos últimos anos. Consiste em broncodilatação, suplementação de oxigênio umidificado e corticosteroides sistêmicos • Broncodilatação: salbutamol inalatório, 2 a 10 jatos, ou nebulização de 2,5 a 5 mg, a cada 20 minutos na primeira hora, e de acordo com a resposta depois disso. Ipratrópio, 2 a 8 jatos, ou nebulização adicional de 0,25 a 0,5 mg. Quando não houver melhora, a criança deve ser encaminhada para o hospital • Suplementação  de  oxigênio: visar SaO2 > 95% • Corticosteroides  sistêmicos: prednisolona oral, 1 a 2 mg/kg/24 horas (até 20 mg em crianças < 2 anos e até 60 mg em crianças com mais idade), em geral por 3 a 5 dias ▷ A dose bem alta de CEI também pode ser eficaz, quer durante a exacerbação, quer para evitar o desenvolvimento depois de resfriado comum; porém, não são recomendados como substitutos dos corticosteroides sistêmicos. Há também alguma evidência de efeito preventivo discreto de montelucaste; contudo, ele não é recomendado. • No  hospital  ou  na  UTI, quando necessário, deve-se considerar: beta-2 agonistas IV, aminofilina IV, sulfato de magnésio IV, mistura de hélio e oxigênio