Carta Aberta ao Ministério da Saúde sobre o câncer do colo do útero
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Carta Aberta ao Ministro da Saúde
Brasília, 21 de Maio de 2019.
Ao
Excelentíssimo Senhor
Dr. Luiz Henrique Mandetta
MD. Ministro da Saúde
Ref.: Erradicação do Câncer do colo de útero no Brasil
Senhor Ministro,
Vimos respeitosamente, por meio desta, solicitar sua
atenção urgente para a implementação de intervenções
necessárias e possíveis para a erradicação do câncer
do colo do útero no Brasil.
O câncer do colo de útero acomete anualmente mais de
16 mil mulheres no Brasil, e é responsável
por aproximadamente 6.000 óbitos. Trata-se da terceira
neoplasia mais incidente no país e a quarta causa de
morte por câncer em mulheres.
A peculiaridade do câncer de colo de útero é que se trata
de uma doença passível de prevenção, sendo a vacina
anti-HPV e o preventivo de Papanicolau estratégias
comprovadamente eficazes para se evitar a doença.
No entanto, apesar do acesso às estratégias de
rastreamento terem sido ampliadas significativamente
nos últimos 20 anos, não se observou até o momento
redução na mortalidade pela
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doença no Brasil. Além disso, após a implementação da
vacina anti-HPV no ano de 2014, após um primeiro ano
de 92% de cobertura da população alvo com a primeira
dose, houve uma queda nesta taxa para 69% em apenas
um ano, coincidente com a mudança do ponto de
vacinação da escola para as unidades básicas de saúde
(UBSs).
Todos conhecemos estes dados e sabemos também que
este câncer acomete especialmente mulheres de países
e regiões de baixa renda e que as disparidades
socioeconômicas dentro de nosso país são
determinantes para sua morbidade.
Mas quem são estas mulheres?
São mulheres arrebatadas em fases produtivas de suas
vidas, que desconhecem a natureza prevenível desta
doença, que muitas vezes atribuem os sintomas desta
condição a alterações fisiológicas por não possuírem
educação em saúde, que apresentam inúmeras
dificuldades em acesso a serviços adequados de
rastreamento e tratamento de lesões precoces, que
sofrem com as dores e incapacidades de uma doenças
avançada e que por vezes se envergonham e sentem-se
paralisadas ao serem diagnosticadas com uma doença
causada por um vírus sexualmente transmissível.
Nos preocupam também os jovens em idade escolar e
seus pais, com diferentes níveis educacionais, que
sequer ouviram falar desta moléstia e desconhecem a
melhor forma de combatê-la: uma vacina altamente
eficaz e que está amplamente disponível na rede pública
para meninos e meninas.
É preciso agir e rápido.
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Sendo assim, este grupo, representado por diversas
entidades e sociedades envolvidas no cuidado de
mulheres com câncer de colo de útero, traz às suas
mãos algumas propostas para sua consideração.
• Organização de uma força de trabalho com
representante das principais sociedades
médicas envolvidas na prevenção, diagnóstico
e tratamento do câncer do colo de útero
(Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica
(SBOC), Sociedade Brasileira de Cirurgia
Oncológica(SBCO) Sociedade Brasileira de
Cancerologia(SBC), FEBRASGO(Federação
Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia) , Grupo EVA (Grupo Brasileiro de
Tumores Ginecológicos , ONCOGUIA e outras
que o governo julgar necessárias);
• Participar de ações educativas e sociais como o
dia nacional de vacinação para HPV no dia
25/11/2019, dia em que ocorrerá a Ação
Nacional de Combate ao Câncer - ANCC, em
todo o país.
• Que a vacinação para HPV seja novamente
oferecida dentro das escolas, seguindo
modelos de sucesso implantados em outros
países com maiores taxas de cobertura vacinal,
ficando a UBS para o resgate de faltantes na
vacinação escolar e para não frequentadores;
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• Que seja instituída uma campanha informativa
periódica de “volta às aulas” nos meses de
Fevereiro e Agosto, para que a aderência a
ambas as doses da vacina ocorra de forma
ótima e com intervalo de seis meses;
• Que se estabeleçam metas mais objetivas de
controle do câncer cervical: cobertura vacinal
de 90% ,
• cobertura de colpocitologia oncótica de 30%;
redução de incidência e mortalidade em 5 anos;
controle efetivo da doença em 20 anos.
*Em Anexo folhas de assinaturas das respectivas
sociedades.
Atenciosamente,
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Folha de Assinaturas, correspondente a documento
Carta Aberta ao Ministro da Saúde:
Ref.: Erradicação do Câncer do colo de útero no Brasil
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Dr. Sérgio Simon
Presidente SBOC - Sociedade Brasileira de Oncologia
Clínica
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Dr. Cláudio de Almeida Quadros
Presidente SBCO
Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica
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Dr. Arthur Accioly Rosa
Presidente SBRT - Sociedade Brasileira de
Radioterapia- Gestão 2017-2020
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Folha de Assinaturas, correspondente a documento
Carta Aberta ao Ministro da Saúde:
Ref.: Erradicação do Câncer do colo de útero no Brasil
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Dr. César Eduardo Fernandes
Presidente da Febrasgo - Federação Brasileira das
Associações de Ginecologia e Obstetrícia
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Dr. Ricardo Cesar Pinto Antunes
Presidente da SBC- Sociedade Brasileira de
Cancerologia
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Folha de Assinaturas, correspondente a documento
Carta Aberta ao Ministro da Saúde:
Ref.: Erradicação do Câncer do colo de útero no Brasil
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Dr. Lincoln Lopes Ferreira
Presidente de AMB - Associação Médica Brasileira
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Luciana Holtz de Camargo Barros
Presidente do Oncoguia
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Folha de Assinaturas, correspondente a documento
Carta Aberta ao Ministro da Saúde:
Ref.: Erradicação do Câncer do colo de útero no Brasil
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Drª. Angélica Nogueira Rodrigues
Presidente Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos
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Drª Andréa Paiva Gadelha Guimarães
Coordenadora de apoio ao paciente
Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos