Este documento discute a desigualdade de riqueza entre os seres humanos. Argumenta que tal desigualdade é necessária e justificada pela lei de causa e efeito e pelas diferentes experiências que as almas precisam ter ao longo de vidas sucessivas para seu progresso espiritual. Também afirma que a riqueza e a pobreza são provas igualmente difíceis na evolução da alma.
2. Retiramos da questão 803, de O Livro dos Espíritos, o seguinte: Todos os
homens estão submetidos às mesmas leis da Natureza. Todos nascem
igualmente fracos, acham-se sujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se
destrói como o do pobre. Deus a nenhum homem concedeu superioridade
natural, nem pelo nascimento, nem pela morte; todos, aos seus olhos, são
iguais. Portanto, todos os homens são iguais perante Deus, a diferença entre
eles está na diversidade dos graus da experiência alcançada e da vontade
com que obram, vontade que é o livre-arbítrio. As aptidões são conquistadas
à medida que o homem evolui. Nós fomos criados em tempos diferentes,
vivemos experiências diferentes, mesmo sendo criados iguais, com as
mesmas possibilidades, e fazendo uso de nosso livre-arbítrio.
3. Porém, a Lei de Causa e Efeito é muito clara, O plantio é livre, mas a
colheita é obrigatória, ou seja, somos hoje o resultado de ontem e seremos
amanhã o produto de hoje. Daí, compreendermos que cada criatura
desenvolve suas aptidões de acordo com suas escolhas, suas vivências;
algumas andam mais rápido e mais rápido chegam ao seu objetivo, outras se
demoram a caminho, mas todos nós chegaremos ao objetivo maior, a
perfeição. Deus nos fez seres gregários, precisamos uns dos outros para
crescer, então, observamos que a desigualdade em nosso estado atual, é
necessária e útil, o que seria de nós se todos estivéssemos na mesma
situação? Seria um tédio, nada se transformaria.
4. Sabemos que a riqueza não é distribuída igualmente para todos; isto é uma
realidade facilmente constatável e que sempre existiu na história da
Humanidade. Uns a possuem em abundância, podendo desfrutar até do
supérfluo, enquanto a outros falta o necessário. Em O Evangelho segundo o
Espiritismo, Kardec mostra que essa desigualdade não acontece por acaso,
nem fora do alcance das leis de Deus. Sem o conhecimento da imortalidade
do espírito e das vidas sucessivas não é possível compreender a questão. O
motivo da desigualdade das riquezas está no fato de serem também desiguais
os homens em inteligência, aptidões, disposição para o trabalho e capacidade
para conservá-las. Disso resulta que cada um lida com ela de acordo com o
seu entendimento e com o grau de progresso realizado.
5. Com a crença de que vivemos, na Terra, uma única vez não é possível
compatibilizar essas diferenças com a justiça de Deus. A diferença entre os
homens somente encontraria explicação no fato de terem sido criados
diferentes os espíritos, uns mais adiantados que outros. Com a pluralidade
das existências tudo se explica. Uns são espíritos mais adiantados, que
progrediram mais, o que lhes dá aptidões diferentes de outros, que se
aperfeiçoam mais demoradamente. Por outro lado, a posse da riqueza é uma
prova necessária ao crescimento do espírito, daí as leis de Deus fazerem com
que ela mude constantemente de mãos. O que hoje não a possui, certamente,
já a teve em existência passada ou a terá numa existência futura; o que hoje a
tem, talvez não a tenha amanhã.
6. Haverá sempre uns passando pela prova da riqueza e outros pela prova da
pobreza, tudo ao seu tempo e conforme as necessidades evolutivas da cada
um. Para atingir a perfeição o espírito tem que passar por experiências de
todo tipo, e por isso Deus lhe concede ora a riqueza, ora a pobreza para
experimentá-lo. Somente com o conhecimento da lei da reencarnação
podemos entender a desigualdade das riquezas existente na Terra. Se o
espírito somente tivesse uma única existência na Terra não se justificaria a
sua distribuição de modo tão desigual. Esta é mais uma questão, até então
incompreendida, que o Espiritismo vem esclarecer, afastando toda e qualquer
ideia de Deus estar sendo injusto ao permitir que aconteça.
7. Na questão 808, Kardec pergunta se a desigualdade das riquezas não tem sua
causa na desigualdade de faculdades, ou seja, a desigualdade das riquezas
não se originará das faculdades, em virtude do qual uns dispõem de mais
meios de adquirir bens do que outros? E os Espíritos respondem que "Sim e
não. Da velhacaria e do roubo, que dizes?" Nem sempre a riqueza é
adquirida através das aptidões, muitos há que ela conseguem fazendo mau
uso de seu livre-arbítrio, são atitudes fraudulentas e por elas terão que
responder no futuro. É a lei de causa e efeito entrando novamente em ação;
plantou, colheu. E quanto as riquezas herdadas, o que devemos pensar? Será
que Deus premia alguns enquanto outros morrem à míngua? Este não seria
um Deus justo, nem haveria harmonia em Suas leis.
8. Devemos analisar qual a fonte dessa riqueza, como foi construída, de onde
provém. Deus não julga superficialmente, Ele conhece a intenção de cada
um, Ele sabe o que se passa no interior de cada criatura, sabe de seu
merecimento, e sabe das provas que precisa para progredir. Entretanto,
devemos esclarecer que só responderá por erros, aquele que errou; aquele
que herdou uma riqueza de fonte impura, conquistada à base de injustiças
não responderá pelos erros de quem a construiu, principalmente se ele ignora
a sua origem. Mas, nada ocorre por acaso, e uma riqueza não chega às mãos
de alguém sem um propósito, aí está uma oportunidade de crescimento, de
reparar uma injustiça, oportunidade que será levada em conta tanto para
quem deixou a herança quanto para o que a recebeu, visto que toda ação
corresponde uma reação.
9. Tudo no Universo é regido pelas leis divinas; tudo tende ao equilíbrio,
mesmo que tudo façamos para contrariar essas leis. Como falamos
anteriormente, a desigualdade é necessária e sempre existirá, porque somos
seres individuais, cada um tem as suas próprias vivências e conquistas, um
somatório de experiências que acompanham o Espírito eternamente;
caminhamos em ritmos diferentes, aprendemos de forma diferente, portanto,
sempre existiu e sempre existirá a desigualdade, porque temos necessidades
de diferentes experiências. Alguns acreditam que uma sociedade igualitária
seja a solução para os problemas desta, só que uma sociedade é constituída
de homens e espelha aquilo que esses homens são.
10. Homens egoístas, orgulhosos, vaidosos, ambiciosos, sequiosos pelo poder,
sociedade desequilibrada, amoral, viciada, torpe; homens evangelizados,
sociedade integral, equilibrada, e em paz. Nos dizem os Espíritos que, se a
igualdade de riqueza chegasse a concretizar-se, "seria desfeita a curto prazo
pela força das coisas". É como alguns indivíduos que ganham na loteria,
basta algumas semanas para não ter um centavo no bolso. Isso porque os
homens não são iguais, uns são mais egoístas, outros menos, uns mais
inteligentes, ativos e trabalhadores, outros menos. Logo, se a cada um fosse
dado determinada quantia, esta repartição de nada adiantaria, pois, o
equilíbrio logo se desfaria, pelas desigualdades dos caracteres e das aptidões.
Por mais que queiramos, não podemos contrariar às leis. Mas será que
devemos buscar corrigir as falhas de nossa estrutura socioeconômica?
11. Claro que sim, devemos lutar para que seja real o sonho de uma sociedade
digna, com melhores condições de vida, devemos buscar aperfeiçoar as
nossas instituições, para que seja possível extirpar da Terra as facilidades, os
privilégios de casta ou de nascimento; como nos diz Rodolfo Calligares em
seu livro, As Leis Morais: "... extingam-se os preconceitos de cor, de raça e
de crença; haja oportunidades educacionais para quantos as desejam,
indistintamente; as sanções penais não recaiam tão somente sobre os fracos;
a mão-de-obra seja associada e não escrava do capital, etc." Ele nos diz ainda
que o melhor meio para atingirmos esse objetivo é a cristianização do
homem, levando-o a cumprir os seus deveres para consigo mesmo, para com
o próximo e para com Deus.
12. Nós somos construtores do amanhã, o progresso depende de nós, façamos a
nossa parte, que mesmo sem a riqueza material, estaríamos tão amparados
pelas boas ações, que viveríamos de bem com a vida. Sabiamente nos disse
Mahatma Gandhi: "Há o suficiente no mundo para todas as necessidades
humanas; não há o suficiente para a cobiça humana." Se cada homem
observasse as suas reais aptidões, nenhum trabalho útil ficaria por fazer, nem
teríamos tanta gente frustrada realizando algo que não lhe satisfaz, nem
tanta gente sobrando. "Em tudo existe o equilíbrio; o homem é quem o
perturba. “A riqueza e a miséria são provas? Sim. Deus permite para que
sejamos experimentados de todas as formas. Os Espíritos escolhem essas
provas, e na maioria das vezes caem diante delas.
13. A riqueza e a miséria são provas? Sim. Deus permite para que sejamos
experimentados de todas as formas. Os Espíritos escolhem essas provas, e na
maioria das vezes caem diante delas. Tanto a riqueza quanto a pobreza
constituem provas difíceis. "A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da
paciência e da resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e
da abnegação". A pobreza pode causar revolta, afastamento de Deus. Quem
pede esta prova busca a purificação de qualidades ou a sublimação de
tarefas. A riqueza e o poder fazem nascer todas as paixões que nos prendem à
matéria e nos afastam da perfeição espiritual. Por isso foi que Jesus disse:
"Em verdade vos digo que mais fácil é passar um camelo por um fundo de
agulha do que entrar um rico no reino dos céus." O que não significa que o
homem rico não alcance a perfeição.
14. Se a riqueza somente males houvesse de produzir, Deus não a teria posto na
Terra. Cabe ao homem o bom uso dela, transformando-a em farta colheita,
propiciando o progresso moral e intelectual das criaturas.
Muita Paz!
Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br
Com estudos comentados de O Livro dos Espíritos e de O Evangelho
Segundo o Espiritismo.