O documento é uma coletânea de poemas de diferentes autores sobre temas relacionados ao semiárido nordestino, como a seca, a paisagem árida e o sofrimento do povo nordestino. Os poemas descrevem a dura realidade da região por meio de imagens como o sol abrasador, as dunas de areia e a falta d'água, mas também celebram a cultura e a resistência do nordestino.
1. Pela seca, castigado, Desolação, fome, mágoa. NATAL-
NATAL-RN, JULHO DE 2011 / Nº 73
o nordestino sofrido Apenas, o sol a pino, ADEMAR MACEDO / RUA IGUATAMA, 2908 – NEÓPOLES
NATAL/RN CEP:59.088-160
já está acostumado restaram dois pingos d’água TELs:(84) 3217-7617 / 8817-0937 / 9614 - 0717
e-mail: poetaademar@yahoo.com.br
a viver desassistido. nos olhos do nordestino.
(Chico Mota/RN) (Orlando Brito/MA)
A chuva que cai serena Dói fundo no coração, O sol que vai se deitando, Nas miragens de um deserto
quando a seca surge agreste, mas o cenário me inspira. neste ocaso que me alcança, em que vivo, hoje, os meus dias,
faz a ponte de safena E, a seca vira canção é uma fornalha queimando sei que os sonhos que acoberto
no coração do nordeste. nas cordas da minha lira! os meus sonhos de esperança. são dunas de fantasias...
(Hildemar de Araújo/BA) (Clarindo Batista/RN) –Marina Bruna/SP– –Thereza Costa Val/MG–
Seria oposto e fatal Aquela duna imponente,
porém tão bom se assim fosse: que na paisagem se alteia,
Não pode nunca morrer EU E O GALO DE CAMPINA. teu amor... um mar de sal tem na origem, certamente,
nesse nordeste da gente, e o meu... um riacho doce! minúsculos grãos de areia.
nem o coco de zambê – Vinícios Gregório/PE – –Clenir Neves Ribeiro/RJ– –Vanda Fagundes Queiroz/PR–
nem cantador de repente; Triste sina de um Galo-de-Campina
e da cultura popular Paciência e lentidão O teu adeus é um castigo
Que era alegre bem antes da prisão,
não vou deixar se apagar constroem coisas perfeitas. Mas, me acalma esta verdade:
Mas foi preso nas grades do alçapão
o fogo da lamparina, Reparem: de grão em grão A esperança é o meu abrigo
E hoje chora no canto a triste sina. aquelas dunas são feitas! na fornalha da saudade!...
do fogão nem da fogueira,
pra iluminar a bandeira Eu também tive a sina repentina, –Célia Guimarães Santana/MG– –Marilúcia Rezende/SP–
da cultura nordestina. Pois um dia fui livre e hoje não.
– Ademar Macedo/RN – Na tristeza, esse Galo é meu irmão: Quando a paixão é marcada Às vezes, grandes fortunas
Minha sina da dele é copia fina. por possessão, se resume têm uma vida fugaz:
Do sertão sou oriundo... numa rosa incinerada são semelhantes as dunas,
Aprendiz de agricultor, Hoje a casa do Galo é a gaiola. na fornalha do ciúme... que o vento faz... e desfaz!...
no meu “roçado” eu cultivo, Notas tristes no canto é que ele sola. –Renata Paccola/SP– –Maria Madalena Ferreira/RJ–
a semente, o fruto, a flor. A saudade do Galo - a vastidão. Na festa plena de encanto Na igreja, em rito divino,
Colhendo em cada leirão, um brinde, um beijo, um anel... nossa jura faz supor
dentro do meu coração, O meu canto é um canto de lamento. E em vez de sal, no meu pranto que as badaladas do sino
os doces frutos do amor! A gaiola é o meu apartamento. impera o gosto do mel! são de aplauso ao nosso amor!
– Francisco Macedo/RN – E a saudade que eu sinto é do sertão. –Elen de Novais Felix/RJ– –Wanda de Paula Mourthé/MG–
2. Vem das águas cristalinas Tua carícia não falha Deserto, paisagens tortas, Por um contraste cruel,
e vem da espuma do mar, e ao fogo de amor me induz, fornalha de inferno e frágua, de razões mal explicadas,
o sal das brancas salinas pois tua mão é fornalha as dunas são ondas mortas, dos teus olhos cor de mel
do meu rincão potiguar! que me esquenta à meia luz. neste mar que não tem água. descem lágrimas salgadas!
–Prof.Garcia/RN– –AnaliceFeitoza deLima/SP– –Campos Sales/SP– –Arlindo Tadeu Hagen/MG–
Na carne de sol, o sal Uma fornalha é meu leito
Já na planície, alquebrada, Puseste-me na clausura! dá-lhe sabor e suporte; e, ao amar-te sem pudor,
transcendo tempo e distância: E hoje, em sonhos sem sentido,
tem o gosto especial embora ele seja estreito,
procuro a duna encantada eu me alimento da jura
do Rio Grande do Norte. estreita mais nosso amor!...
dos sonhos da minha infância! que murmuras noutro ouvido.
–Manoel Cavalcante/RN– –Francisco Macedo/RN– –Marisa Fontalva/SP–
–José Valdez C. Moura/SP–
Se for teste, meu Senhor, Paixões – eu digo e sustento −
Numa paixão imortal, A vida é um “fogo de palha” pela inconstância da forma
o viver nesta fornalha,
minhas tristezas eu venço, e o tempo se mostra algoz, são dunas de sentimento
tu verás que a fé e o amor
beijando o sabor de sal mais parece uma fornalha de um nordestino não falha! que o tempo varre e transforma!
que deixaste no meu lenço! onde a palha... “somos nós”!... –Maria Helena Costa/PR–
–J.B. Xavier/SP–
–Hermoclydes S. Franco/RJ– –Roberto Tchepelentyky/SP–
Numa lágrima salgada Na fornalha, em que me abraso,
Eu vi queimar os encantos Nesta noite nordestina, eis a vida resumida, – você finge que não vê –
dos sonhos deste menino quando o luar me arrebata, nas emoções da chegada seu desprezo não faz caso
e transformá-los em prantos é lindo ver a salina e nas dores da partida! do meu amor... por você!
na fornalha do destino. toda banhada de prata. –Adilson Maia/RJ– –Therezinha Brisolla/SP–
–José Gilberto Gaspar/SP– –Hegel Pontes/MG–
O rancor é um sal barato O bom sal que o mar cultiva
Por minha culpa partiste; O sol parece fornalha que ao longo do tempo oxida pinta de branco a salina;
e o sal do pranto, sem dó, queimando tudo o que existe. todas as faces do prato faz mais rica e produtiva
agora, torna mais triste O chão, seco, a fome espalha. no qual provamos a vida! a região nordestina!
o triste viver de um só... mas, nordestino, resiste! –Antonio de Oliveira/SP– –Ademar Macedo/RN–
–José Tavares de Lima/MG– –Héron Patrício/SP–
APOIO:GRÁFICA PADRE JOÃO MARIA - Tel: 3207-5862
APOIO:GRÁFICA PADRE JOÃO MARIA - Tel: 3207-5862