SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 16
APORTES PARA NOVA VISADA DA
                                      METAPESQUISA EM COMUNICAÇÃO 1

                                           Maria Ângela Mattos2, Ricardo Costa Villaça3

Resumo: O artigo propõe uma discussão sobre a carência da metapesquisa no campo acadêmico da
comunicação e, em particular, dos artigos científicos que abordam fenômenos emergentes, a exemplo da
interação midiatizada e da midiatização das sociedades contemporâneas, já que não ultrapassam muitas
vezes o nível da empiria e apresentam imprecisão, dispersão e fragmentação das perspectivas teóricas
adotadas. Daí a proposição de retomar alguns autores que, na década atual, têm buscado construir
novos modelos interpretativos, além de “desentranhar” o comunicacional dos aportes emprestados de
outras áreas de conhecimento. Partindo de lugares e visadas teóricas que ora se aproximam ora se
distanciam, esses autores contribuem para a constituição do capital teórico das interações midiatizadas
e da midiatização.

Palavras-chave: Metapesquisa em Comunicação. Capital Teórico. Interação Midiatizada e
Midiatização.


Introdução


        Este artigo promove uma reflexão sobre a importância da metapesquisa para a
constituição do capital teórico de uma questão emergente nos estudos da comunicação
hoje: a interação midiatizada e a midiatização das sociedades contemporâneas. Discute
ainda as perspectivas de análise deste fenômeno adotadas pelos estudiosos que têm se
destacado na literatura de comunicação na década atual, visando contribuir para a
construção do marco teórico da metapesquisa: “A construção do capital teórico sobre os
processos de interação midiatizada nos artigos científicos apresentados nos eventos
nacionais da Compós e Intercom durante os anos 2000”4. Assim, pressupomos que tais
perspectivas são possíveis fontes de referência dos artigos apresentados em eventos
científicos, particularmente aqueles que abordam esta problemática de investigação. O
1
  Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho (GT): Práticas Interacionais e Linguagens na Comunicação
do XX Encontro da Compós, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, de 14 a 17 de
junho de 2011.
2
  Profª Drª do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUC Minas e coordenadora do
grupo de pesquisa Campo Comunicacional e suas Interfaces e da metapesquisa: “A construção do capital
teórico sobre os processos de interação midiatizada nos artigos científicos apresentados nos eventos
nacionais da Compós e Intercom durante os anos 2000”, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG.mattos.maria.angela@gmail.com
3
  Mestre em Comunicação Social pela PUC Minas e bolsista de apoio técnico de pesquisa (FAPEMIG).
rivillaca@yahoo.com.br.
4
  Financiada pela FAMPEMIG, esta metapesquisa objetiva investigar o capital teórico das interações
midiatizadas e da midiatização a partir da análise e interpretação das perspectivas teoricoepistemológicas
adotadas nos artigos científicos apresentados nos eventos nacionais da Compós e da Intercom. Propõe
ainda analisar as teorias, categorias, conceitos e noções sobre a temática; as possíveis interpretações e
apropriações das abordagens e autores de referência; qualificar as interfaces com outras áreas de
conhecimento, entre outros. Ela será desenvolvida no período 2011-2013 pelo grupo de pesquisa Campo
Comunicacional e suas Interfaces.
que nos instiga a indagar: de que forma os aportes teóricos estão sendo compreendidos,
apropriados, ressignificados e articulados com os objetos analisados nesses artigos?
       O ponto de partida deste trabalho é que sob diferentes denominações e tradições
teoricometodológicas, o estudo das interações midiatizadas e da midiatização, desde os
primórdios das pesquisas sobre o fenômeno da cultura e comunicação de massa até o
cenário atual de expansão das tecnologias da informação e comunicação, não se
estabeleceu ainda como área de pesquisa consolidada e legitimada. Os estudos de
comunicação, de maneira geral, mantêm ainda ora uma visão abrangente da interação,
que focaliza mais os seus condicionantes socioculturais do que suas dimensões
comunicacionais, ora um olhar parcial circunscrito aos dispositivos tecnológicos,
concebendo as interações mais em sua dimensão técnica do que processual.
       A vertente funcional e tecnicista, hegemônica em quase todo o século passado,
concebe a comunicação como relação unidirecional, estanque e mecanicista entre
emissor e receptor, e se preocupa mais com as respostas e reações dos indivíduos,
grupos e instituições aos estímulos dos meios massivos do que com a interação entre os
sujeitos envolvidos no processo comunicacional.
       Nova roupagem dessa vertente se expressa em parte considerável da literatura
atual que trata dos novos dispositivos de “interatividade” com os usuários das redes
digitais e também dos meios convencionais de comunicação. Tal perspectiva com
frequência aborda de forma parcial e redutora os processos de interação, em virtude da
demasiada ênfase nos aspectos técnicos em detrimento da dimensão humana e
relacional.
       Na atual década, por sua vez, a noção de interação tem se mostrado como mais
apropriada para compreender e investigar o processo comunicacional, o que tem
refletido num crescimento expressivo do número de artigos, teses, dissertações e
monografias de comunicação que abordam o assunto. Além disso, as perspectivas
adotadas pelos estudiosos têm se diversificado e avançado no sentido de romper com a
visão generalista bem como com a vertente tecnicista da interação, deslocando o foco
excessivo nos meios e dispositivos técnicos para o estudo dos processos interacionais.
No entanto, esse movimento é ainda incipiente e paradoxal, pois ao mesmo tempo em
que as diversas perspectivas enriquecem e complexificam o quadro interpretativo das
interações midiatizadas, provoca dispersão e fragmentação dos conhecimentos
produzidos. Daí a importância de se investir no desenvolvimento de metas pesquisas
que possibilitem maior sistematização e autorreflexão sobre os aportes teóricos e
metodológicos das pesquisas desenvolvidas.
       Este artigo estrutura-se em dois tópicos de discussão, além das considerações
finais. No primeiro, consideramos a importância da metapesquisa para o avanço dos
estudos da comunicação e, em especial, da investigação sobre os artigos científicos que
abordam a questão das interações midiatizadas e da midiatização. Partindo da discussão
conceitual sobre capital teórico e da associação desse termo ao comunicacional e às
interações midiatizadas e à midiatização, o tópico seguinte faz um balanço das
principais contribuições de autores de referência para a constituição deste campo de
investigação.


1) Metapesquisa dos artigos científicos de comunicação: desafios e perspectivas


       Conforme Navarro (2007), o campo acadêmico da comunicação enfrenta
diversos desafios, entre os quais a fragmentação dos saberes especializados e a
dificuldade dessa área lidar com a diversidade de aportes teoricoepistemológicos
provenientes de outras áreas de conhecimento, sem subsumir as questões e abordagens
próprias da comunicação. Daí a importância da metapesquisa para a consolidação do
seu campo acadêmico, na medida em que ela possibilita o desenvolvimento de
autorreflexões sistemáticas e críticas das investigações, como também disponibiliza a
produção de conhecimentos.
       A opção por realizarmos a metapesquisa dos artigos científicos se fundamenta na
ideia de que parte significativa deles se ancora em fontes bibliográficas e procedimentos
metodológicos, ainda que muitas vezes não explicitados. Considerando ainda que boa
parte desta produção é resultado de sínteses, desdobramentos e avanços das questões
abordadas em trabalhos acadêmicos desenvolvidos anteriormente pelos pesquisadores, a
escolha deste objeto se justifica pela necessidade que sejam identificadas as tendências
de utilização de determinadas perspectivas teóricas e epistemológicas, ou de certos
autores e obras.
       Salientamos ainda que os artigos configuram-se como importantes objetos de
análise da produção de conhecimento, particularmente aqueles que representam
desdobramentos de teses, dissertações, monografias, entre outros. Vanz, Brambilla,
Ribeiro e Stumpf (2007, p. 54) consideram que tais documentos revelam as
preocupações de seus autores quanto à configuração do campo em períodos específicos
ou ao longo de uma trajetória, podendo apresentar ainda “problemas disciplinares, bem
como teorias e metodologias utilizadas na área”.
        Segundo Alvarenga citado por Primo (2008), vários fatores influenciam os
autores na escolha das fontes para produzir seus trabalhos:


                                  as de ordem psicológica dizem respeito aos hábitos e comportamentos
                                  já enraizados no sujeito na forma de produzir conhecimento e na hora
                                  de citar; as de cunho sociológico refere-se, principalmente, às escolhas
                                  comuns aos membros dos grupos de pesquisa que têm a ver com a
                                  sensação de pertencimento a determinada comunidade de pesquisador;
                                  as de caráter político referem-se ao sentimento de poder do autor
                                  citante por demonstrar domínio por determinadas idéias ou autores ,
                                  ou também citar autores de determinada instituição por conveniência;
                                  e as implicações de origem históricas mantêm relação com as
                                  influências que o autor vem acumulando sobre utilização de
                                  determinados autores ou grupo ao longo do tempo. (PRIMO, 2008, p.
                                  3-4).

          No entanto, tais fatores não foram suficientemente estudados nas pesquisas
bibliométricas no campo da comunicação, já que somente a partir da década de 1990 é
que elas emergem como objetos de investigação nos programas de pós-graduação.
        Conforme já salientamos, a expansão das pesquisas e dos artigos científicos
sobre a temática em questão não recebeu ainda tratamento adequado no campo, muito
embora nos últimos tempos a noção de interação tenha se mostrado como a mais
apropriada para, não apenas nomear, mas compreender o processo comunicativo:

                          A escolha por “interação” substitui e qualifica distintamente a idéia de ação,
                          enfatizando seu aspecto compartilhado. Se o conceito de ação traz a figura do
                          ator e a dimensão do agenciamento (Weber), o conceito de interação traz dois
                          elementos, dois pólos: fala de ação conjunta, reciprocamente referenciada.
                          (FRANÇA, 2008, p. 71).


        Abordado em suas determinações tecnológicas, socioculturais, éticas, estéticas,
discursivas, entre outras, e por tradições teóricas e metodológicas filiadas a saberes
diversos, este objeto de estudo demanda maiores investimentos na investigação sobre a
sua dimensão comunicacional a partir de uma perspectiva própria.

        No entanto, segundo Rizo Garcia, pesquisadora mexicana vinculada ao grupo
Hacia una Comunicología Posible (GUCOM)5 que investiga a dimensão comunicativa

5
  O GUCOM desenvolve investigações sobre o campo comunicacional desde o início desta década, que
podem ser sintetizadas em quatro fases de trabalho. Nas três etapas, o projeto procedeu a organização
teórica geral do pensamento em comunicação, por meio da revisão bibliográfica e do estudo
historiográfico da ciência possível da comunicação. Na quarta e atual etapa, iniciada em 2007, o grupo se
dedica a construir um programa de investigação básica sobre a configuração cosmológica, epistemológica
e propriamente teórica do particular e do geral. (Cf. CÁRCERES, 2010).
da interação abordada na literatura de referência daquele país, o tema tem pouca
presença no campo seja em relação aos aportes teóricos ou aos estudos de casos
empíricos, além de prevalecer a comunicação interpessoal. Esta metapesquisa revela
também que a interação mediada não é problemática investigada, e que os poucos livros
adotados no ensino de graduação e da pós-graduação que abordam o assunto baseiam-se
em referências externas ao campo6.
        Partimos do pressuposto de que essa situação ocorra também no Brasil,
sobretudo se levarmos em conta as recentes incursões teóricas sobre o processo de
midiatização e a emergência de novos regimes de interação instaurados pelas redes
sociotécnicas e pelos próprios meios convencionais. É igualmente recente a apropriação
das correntes da sociologia compreensiva e da fenomenologia pelo campo da
comunicação para analisar as interações comunicacionais e/ou midiatizadas.

        Outro sintoma pode ser identificado na tímida presença das expressões
“interação comunicacional”, “midiática” e/ou “midiatizada” nas denominações das 42
áreas de concentração e 97 linhas de pesquisa no conjunto de 39 programas de pós-
graduação em comunicação (PPG-COM) existentes no país em 2010, onde apenas uma
área e duas linhas adotam o termo interação, sendo que sete e 31, respectivamente, os
nomeiam de forma tangencial. O mesmo ocorre com os nomes dos grupos de trabalho
das entidades científicas da área. Em relação à Compós, por exemplo, em apenas um
grupo aparece o termo “interacional”. Já na Intercom não existe nenhum núcleo ou
grupo de pesquisa que recebe tal denominação.
        Com base nessa discussão, a interação midiatizada parece ser uma questão
emergente e atravessada por problemas, tais como: dispersão temática, ênfase na
pesquisa empírica e incipiente sistematização teórica. Pode-se inferir, portanto, que não
há produção sistemática e acumulada de conhecimento que reflita as potencialidade e
limitações dos aportes que ancoram tais estudos. Dito em outros termos, há carência de
metas pesquisas que situem e analisem os quadros interpretativos utilizados nos estudos
da área, discutindo sua validade, relevância e pertinência para o avanço do saber
comunicacional.
         Como se vê, o alerta feito por Goffman em “A Ordem da Interação” de que a

6
  As obras clássicas mais citadas nos 16 livros que abordam a questão da interação são: 1) A
representação da pessoa na vida cotidiana (Goffman, 1973); 2) Espírito, pessoa e sociedade (Mead,
1968); 3) Teoria da comunicação humana (Watzlawick et al., 1971). (Cf. RIZO GARCIA, 2004).
teorização acerca do tema foi negligenciada pelas ciências humanas aplica-se ao campo
da comunicação, sobretudo no que diz respeito aos estudos sobre as interações
midiatizadas. Essas além de se constituírem nova modalidade de interação na
contemporaneidade, têm afetado os outros regimes de interação, ainda hoje pouco
exploradas nos estudos da área.


2) Capital teórico da interação midiatizada e da midiatização: um campo em
construção


       Compreendemos capital teórico como locus de construção, sistematização e
acumulação de conhecimentos de determinada área de conhecimento e de articulação
com outros saberes que abordam objetos e problemáticas afins. Trata-se também de
instância responsável pela reflexão e revisão crítica de teorias, conceitos, categorias,
métodos e objetos de investigação peculiares a um campo de conhecimento, originários
ou não do seu interior.

       Já a expressão capital comunicacional é tributária da noção de saber
comunicacional, e não de campo comunicacional ou científico. O termo campo
comunicacional está associado às primeiras formulações teóricas e investigações
empíricas sobre os impactos e efeitos dos modernos meios de comunicação massivos no
final do século XIX e no século XX. Nesse contexto, segundo Martino (2006), o campo
comunicacional se confunde com o debate sobre a própria atualidade, não havendo
ainda uma base teoricocientífica. Essa acepção remete também a uma visão bastante
ampla da comunicação como área de conhecimento, marcada pela perspectiva
interdisciplinária que advoga a impossibilidade de se construir uma ciência da
comunicação, por ser considerado espaço de “encruzilhada” entre as disciplinas das
ciências sociais e humanas.

       A noção de saber comunicacional, por sua vez, emerge a partir dos anos 80 e se
relaciona ao crescente investimento dos estudiosos em construir estatuto científico de
comunicação, com corpus teórico próprio. Sob a ótica da transdisciplinaridade, busca-se
ir além da inter e da multidisciplinaridade, já que não consiste num mero intercâmbio ou
justaposição de disciplinas, e, sim, num movimento que se propõe construir a identidade
e legitimidade academicocientífica da comunicação e, ao mesmo tempo, romper com as
especialidades   fechadas     e   hierarquizadas.   Por   fim,   a   denominação   capital
comunicacional não compartilha com a perspectiva sociológica de Bourdieu (1983) que
concebe o campo científico mais em suas determinações sociopolíticas e institucionais
do que epistemológicas, embora não se deva desconsiderar a importância de tais
determinações no processo da produção de conhecimento.

       Antes de prosseguirmos na discussão conceitual sobre capital comunicacional e
abordarmos noções relativas ao capital teórico das interações midiatizadas e da
midiatização, é importante explicitar as razões de associarmos o termo capital às
expressões subseqüentes. Uma delas diz respeito ao nosso entendimento de que o
capital se refere ao saber científico, e não às injunções sociopolíticas e institucionais na
produção de conhecimento, conforme Bourdieu (1983) ao definir capital científico
como o lugar da luta pelo monopólio da autoridade científica, incluindo capacidade
técnica e poder social. Nossa opção em empregar o termo capital e não o de saber
comunicacional deve-se ao fato de que a expressão “saber” remete a conhecimento
estável e consolidado, enquanto que o termo capital conota possibilidades de
acumulação, convertibilidade e reciprocidade.

       Já esses três componentes referenciam-se na primeira formulação conceitual de
capital social por Pierre Bourdieu (1980), que considera a acumulação, a
convertibilidade e a reciprocidade um conjunto de elementos com os quais uma classe
social garante sua reprodução, tais como: capital econômico, capital cultural e capital
simbólico. Na avaliação de Matos (2009, p. 35), esses tipos de capital circulam em
redes sociais e possuem características que justificam a adoção do termo capital:
“possibilidade de acumulação (capital mobilizável), convertibilidade (capital humano
transformado em capital social) e reciprocidade (indicadores de confiança)”. Podemos
depreender daí que a comunicação, enquanto área de conhecimento está em permanente
processo de constituição e susceptível às mudanças de paradigmas, modelos teóricos,
conceitos, métodos e às contribuições de outros saberes, sem perder, no entanto, sua
especificidade epistemológica. Por tais razões, a expressão capital comunicacional não
apenas se justifica, mas possui potencial heurístico para compreensão de objetos de
estudo mutáveis e dinâmicos, como o da comunicação.

       Condição essencial para produzir o capital comunicacional está estreitamente
relacionada à forma como ele se articula com outros saberes e como se apropria de seus
aportes para interpretar os processos e as práticas de comunicação. Essa articulação não
deve ser realizada, segundo Braga (2004), a partir da valoração abstrata da diluição de
fronteiras entre os saberes, mas como procedimento necessário para identificar e
incorporar pontos de vista que constroem o objeto comunicacional. Daí a importância
de se desentranhar esse objeto do magma “transdiciplinar”, ou seja, destacar o que é
propriamente comunicacional das questões investigadas por outras áreas. Isso não
significa o descarte de conhecimentos produzidos em outros saberes, pois o que se
propõe é refletir sobre o comunicacional na interface realizada e, sobretudo, avaliar a
contribuição que cada um deles traz para o avanço do conhecimento e, por
conseqüência, para a constituição do capital comunicacional.
       O capital teórico das interações midiatizadas é entendido sob o mesmo prisma
do capital comunicacional, razão pela qual compartilhamos com Braga (2004) que
avalia que a concepção generalista da interação comunicativa considera que toda e
qualquer conversação no espaço social deve ser investigada, apontando a necessidade de
se diferenciar as práticas de conversação que ocorrem nas diversas instâncias e situações
da vida social da interação comunicativa propriamente dita. Tal distinção é útil para
desentranhar o que há de “comunicacional” nas interações, assim como para apreender
suas especificidades em relação aos objetos e enfoques abordados pelas demais
disciplinas das ciências sociais e humanas.
       A despeito da necessária angulação do “comunicacional”, consideramos
relevantes as contribuições das correntes ligadas à sociologia compreensiva para se
pensar os processos de interação hoje, quais sejam: Interacionismo Simbólico,
Sociofenomenologia, Etnometodologia, entre outras. Em primeiro lugar, porque certas
categorias e noções formuladas por elas têm potencial para analisar as formas de
interação presentes na vida social contemporânea, seja as interpessoais, grupais,
institucionais ou as midiatizadas. Em segundo, porque esse fenômeno gera um
movimento de retomada de referenciais multidisciplinares para dar conta da
complexidade e da diversidade dos regimes de interação instaurados pelas redes
sociotécnicas e pelas novas mídias. Tais regimes mesclam as características das diversas
modalidades de interação, compondo um sistema de afetação mútua, o que solicita um
aparato conceitual refinado para apreender os diferentes modelos de interação,
coexistentes e não excludentes, já que interagem entre si.

       Além de relevante, a Sociossemiótica é uma perspectiva muito apropriada para
analisar a convergência dos regimes de interação, particularmente a linha de estudo
adotada por Landowski (2008), que advoga a necessidade de construção de modelos
interpretativos flexíveis, abertos e abrangentes, mas nem por isso menos rigorosos,
capazes de analisar espaços sociais e midiáticos emergentes que comportam distintos
regimes de interação e de produção de sentido. Para tanto, Landowski propõe os
seguintes regimes de interação capazes de compreender processos distintos: 1) Junção:
interação regida pela busca de adaptação unilateral entre um sujeito e um parceiro, ou
seja, interação identificada com a manipulação; 2) União: interação regida pela
descoberta, no ato comunicacional, por definição mútua, entre as respectivas
sensibilidades dos sujeitos envolvidos no processo comunicacional; 3) Programação:
interação programada, regida por constrangimentos de ordem social ou psicológica,
explícitos ou não, sob a forma de regras ou hábitos, de rituais, ou de simples manias
pessoais; 4) Assentimento: interação assentada no regime de aceitação, resignada ou
entusiasta, ou até mesmo da busca do encontro acidental do evento comunicacional, o
que permite se não controlar os processos interacionais, no mínimo ter uma ideia da
posição e da identidade dentro dele enquanto esfera existencial.

       Mais do que uma taxonomia das interações midiatizadas, Landowski (2008)
considera que esses regimes constituem a sintaxe geral da interação, rede de
configurações interconectadas, deixando aberta a possibilidade de idas e voltas, de
bruscas metamorfoses ou de passagens gradativas, superposições ou inclusões da maior
diversidade possível de interações midiatizadas.
       Sintetizando, essa perspectiva contribui para se difundir na literatura da área a
concepção de que os processos de comunicação hoje, além de seus aspectos funcionais,
podem gerar espaços interacionais que possibilitam efeitos de sentido emergentes,
contingentes, se não totalmente imprevisíveis pelo menos processos que se instauram
em situação. Esse novo olhar, conforme Landowski (2008), guia, hoje, “estudos sobre o
encontro midiático enquanto experiência vivida do sentido oriunda das dinâmicas
temporais, espaciais e intersubjetivas, com as quais permite jogar a co-presença em ato,
ao vivo, ainda que midiatizada, dos actantes da enunciação”. (FECHINE apud
LANDOWSKI, 2008, p. 64).
       Assim, podemos perceber que a preocupação predominante de Landowski é
buscar no próprio ambiente midiático evidências de compartilhamentos simbólicos e
efeitos de sentido que engendram “modos de presença, formas de contato com o outro,
que, conquanto sejam da ordem do simulacro, atuam com toda eficácia no plano do
vivido” (LANDOWSKI, 2008, p.57).
Ainda sob o prisma da sociossemiótica, Oliveira (2008) tem investigado os
contratos de interação estabelecidos entre as instâncias de produção e as de apreensão. A
autora considera que a relação comunicativa engendrada no polo da produção estabelece
o modo da significação ser capturada pelo destinatário a partir de um agir que se produz
por meio da volição e da estesia do enunciatário. Tal relação, segundo a autora, é
apreendida “não apenas por meio de uma racionalidade, mas, sobretudo, por uma
sensibilidade que deles emana e os faz ter sentidos”. (OLIVEIRA, 2008, p. 32).
       Nessa direção, a autora evidencia que os estudos da intencionalidade do
destinador e sua atuação sobre o destinatário que antes se pautavam pela análise da
manipulação, voltam-se, hoje, para investigar novo tipo de interação comunicacional
que se pauta, sobretudo, nas estratégias sensíveis, numa espécie de cultura das
sensações e emoções. Conforme Sodré (2006) trata-se de experiência contemporânea
mais afetiva do que logicoargumentativa que promove vinculação fusional entre os
sujeitos da comunicação, chamada por John Dewey de “interação comunal”, o que
rompe a posição histórica de receptor “passivo”, visto não mais como espectador, mas
como membro orgânico da nova ambiência comunicacional, virtualizada e midiatizada.
Para ele, esse tipo de interação pode ser entendido mais como “ideologia do contato”
que visa substituir a idéia da relação social.
       Inspirado na semiótica e na teoria da enunciação, como também nas tradições
teóricas da sociologia compreensiva, Rodrigues (2010) entende que os estudos acerca da
interação verbal dos últimos anos têm descoberto processos complexos de interação
discursiva que não se limitam ao campo midiático e nem às suas dimensões verbais,
mas abrangem componentes paraverbais e extraverbais utilizados pelos falantes.

       Conforme o autor, os estudos de interação verbal buscam dar conta das normas
que os falantes respeitam e os seus condicionamentos em diferentes situações
interacionais que estão envolvidos, como também das atividades em que os
participantes se envolvem quando se encontram. Já os componentes paraverbais da
interação representam todas as formas de comunicação que se expressam através do
som (entonação, timbre de voz, intensidade, altura e débito), das particularidades da
pronúncia, das características da voz etc. Os extraverbais, por sua vez, materializam-se
nos gestos e expressões corporais, nos olhares, na mímica, nos sorrisos etc. Para ele,
nome sugestivo desta forma de comunicação foi dado por Mead, que a denomina de
“conversação de gestos”, e se manifesta por processos de coordenação, de ajuste
progressivo, encadeando entre si comportamentos mutuamente orientados e dotados de
reciprocidade.Embora os elementos paraverbais e extraverbais se manifestem nas
interações face a face, eles são representados simbolicamente nas modalidades
midiatizadas de interação verbal, a exemplo das conversações telefônicas, ou das
interações epistolares ou eletrônicas, mediante marcadores gráficos que as representam.
(RODRIGUES, 2010).

        Na visão de Rodrigues, a presença física é fator primeiro e fundamental da
interação discursiva e tem na atividade conversacional o seu modelo e fundamento,
devendo ser considerado em qualquer das outras modalidades de interação discursiva,
nomeadamente as interações mediadas por dispositivos técnicomidiáticos. Nesse
sentido, na prática discursiva que depende desses dispositivos “só podemos entender o
sentido daquilo que escrevemos ou lemos porque pressupomos a presença física dos
interlocutores”. (RODRIGUES, 2010, p. 9).

        Ainda que o autor considere que nas modalidades midiatizadas seja necessário
suprir os componentes não midiatizados7, é possível distinguir dois tipos de
modalidades: aquelas em que os participantes são definidos e conhecidos, como nas
conversações telefônicas, por exemplo, e aquelas em que eles são indefinidos ou
desconhecidos, a exemplo da interação mediada pelo rádio, televisão e literatura. No
entanto, Rodrigues evidencia que cada uma das modalidades midiatizadas de interação
verbal exige da parte dos interatuantes um trabalho de reconstrução imaginária dos
componentes de interação não midiatizadas, assim como elaboração específica das
expressões díticas8.

         O autor chama a atenção também para o fato de que a interação verbal
cibernética é hoje objeto de estudo e de intensa discussão no meio acadêmico, devido à
generalização de programas de conversação pela internet, como o Messenger ou o
Skype, que midiatizam, de maneira cada vez mais realista, grande parte dos
componentes de interação verbal, criando, assim, efeito de copresença física dos

7
  Quer dizer, os condicionamentos sistêmicos – relativos às convenções que regulam as etapas e o bom
funcionamento do processo de interação - e os condicionamentos rituais – referentes às normas que visam
instituir, preservar, manter e recuperar as faces e os territórios dos participantes (Cf. RODRIGUES, p. 9).
8
  Expressões díticas são enunciados enigmáticos que só poderão ser compreendidos se levarmos em conta
a relação que os enunciadores estabelecem entre si e a atividade em que estejam envolvidos para que as
palavras que produzem ou que escutam possam ser consideradas razoáveis e, deste modo, as possam
explicar, atribuir-lhes sentido. Para um enunciado ter sentido, ele deve ser explicado apresentando a razão
pela qual alguém o anunciou, como também poder ser encadeado por outros enunciados, tanto por parte
de quem o enunciou, como da parte a quem foi endereçado. (Cf. RODRIGUES, p.1-2).
interactantes. “A discussão que a interacção cibernética levanta tem a ver com o
pressuposto de que a evolução dos dispositivos técnicos pode substituir completamente
a experiência humana e tornando deste modo imperceptível a sua artificialidade, isto é,
a sua estrutura e o seu modo de funcionamento técnico.” (RODRIGUES, 2010, p. 29).

       Percebe-se, portanto, que a preocupação central de Rodrigues diz respeito a
adaptações ou adequações pelas quais passam determinadas particularidades das
interações do tipo face a face ao serem deslocadas para o interior dos dispositivos
técnicos de comunicação, possibilitando, assim, diferentes efeitos de copresença. Nesse
sentido, a interação midiatizada parece ser, em Rodrigues, uma forma particular de
interação que se caracteriza por acontecer em ambiente midiático, com especificidades
que a diferem qualitativamente das interações ocorridas em situação de copresença.

       Perspectiva que parece distanciar-se progressivamente das visadas teóricas
citadas compreende que as interações midiatizadas possuem configurações específicas,
ou seja, são formas de interação que ocorrem a partir das incidências da mídia na vida
social e vice-versa. Constituem, sobretudo, modalidades de interação geradas a partir
dos produtos midiáticos que se expressam nas práticas de conversação social,
reverberando no próprio campo dos media. Compartilhamos com Braga (2006) que
considera que as interações midiatizadas são processos diferidos e difusos na sociedade
e gera diversos tipos e níveis de interação, quais sejam: a sociedade interage a partir da
mídia (conversação social sobre a mídia), a sociedade e seus dispositivos de interação
são apropriados, reapresentados e ressignificados pelos media (conversação social na
mídia) e a sociedade incorpora a lógica da mídia nos seus processos de interação na vida
cotidiana (conversação social midiatizada). Nesse sentido, considera-se que a sociedade
não apenas conversa sobre os conteúdos veiculados nos meios de comunicação, mas
também interfere nesse próprio conteúdo e incorpora a lógica midiática nas suas práticas
cotidianas de interação. Processo que se tem chamado “midiatização”.

         Assumindo a midiatização como nova ordem comunicacional na qual as
mídias não são mais uma “variável dependente”, estudiosos desse fenômeno o
encaram como processo que atinge não apenas determinados âmbitos das sociedades,
mas que se desenvolve e engloba todas as instâncias sociais, chegando a constituir-se
como nova forma de sociabilidade. O termo sugere mudança de perspectiva em
relação ao lugar ocupado pelas mídias no funcionamento das sociedades e na
construção dos parâmetros pelos quais essas sociedades criam suas “realidades”. Para
Fausto Neto (2008), os diversos estudos que compõem essa nova visada teórica partem
da percepção quanto ao deslocamento do sistema midiático contemporâneo da posição
de um “meio de ação” para os demais sistemas sociais, passando a ve-lo como uma
“ambiência” capaz de estabelecer, a partir de seu interior, as referências para a
validação das formas de sociabilidade.


                             Já não se trata de reconhecer a centralidade dos meios na tarefa de
                             organização de processos interacionais entre os campos sociais, mas
                             de constatar que a constituição e o funcionamento da sociedade - de
                             suas práticas, lógicas e esquemas de codificação - estão atravessados
                             e permeados por pressupostos e lógicas do que se denominaria “a
                             cultura da mídia”. Sua existência não se constitui fenômeno auxiliar,
                             na medida em que as práticas sociais, os processos interacionais a
                             própria organização social, se fazem tomando como referência o
                             modo de existência desta cultura, suas lógicas e suas operações.
                             (FAUSTO NETO, 2008, p.92).


       Nesse prisma, Braga (2006) assinala que a midiatização em curso na sociedade
diz respeito à dinâmica, em estado avançado, pela qual as interações midiáticas podem
ser vistas como processos interacionais “de referência”, isto é, “tendencialmente
prevalecentes”. Entretanto, ressalta o autor, considerar a midiatização como processo de
referência não significa desconsiderar a existência dos demais processos de interação
presentes nas sociedades, nem mesmo afirmar suposta substituição de uma forma por
outra. Com o termo referência, ele procura enfatizar que há na estrutura social certa
centralidade de determinados processos interacionais em relação aos demais que, não
obstante, se mantêm ainda ativos. Esses, contudo, deixam de ser centrais e passam a ser
secundários em relação ao processo de referência.
       Para Sodré (2002, p. 21), a midiatização é uma ordem de mediação socialmente
realizada pela comunicação, entendida no caso específico como processo informacional,
“a reboque das organizações empresariais e com ênfase num tipo particular de
interação – a que poderíamos chamar de tecnointeração – caracterizada por uma
espécie de prótese tecnológica e mercadológica da realidade sensível, denominada
medium”.
       Este processo implica uma qualificação particular de vida a qual o autor
denomina “um novo bios”, uma espécie de nova forma de vida. Nela predomina o
mundo dos negócios com a tecnocultura. Esse quarto âmbito existencial, amparado por
uma moralidade baseada nas relações de consumo e, portanto, própria do modo de
produção capitalista, configura novos parâmetros para experimentação dos referenciais
de existência social, tais como realidade e verdade, implicando em uma nova
“condição antropológica”. (SODRÉ, 2002).
       Compartilhado por tais posicionamentos teóricos, o conceito de midiatização
parece apontar para uma mudança qualitativa no próprio sentido que a noção de
interação midiatizada adquire a partir das interpretações e apropriações engendradas por
esta nova perspectiva. Uma vez que como pano de fundo deste conceito encontra-se a
ideia de passagem de uma sociedade dos meios, na qual as mídias estão a serviço de
uma organização do processo interacional, para uma sociedade midiatizada, em que “a
cultura midiática se converte na referência sobre a qual a estrutura sociotécnica-
discursiva se estabelece”. (FAUSTO NETO, 2008, p.93).
        Deslocados do lugar de outrora, de auxiliaridade perante os outros campos
sociais, as mídias constituem agora “uma referência engendradora no modo de ser da
própria sociedade, e nos processos e interação entre as instituições e os atores sociais”.
(FAUSTO NETO, 2008, p.93). Dessa forma, não se trata mais da era dos meios em si,
mas de uma era que se gesta pelas próprias noções de realidade de comunicação
midiática.
       Considerando a midiatização um novo modo de ser no mundo, segundo Gomes
(2006), supera-se a mediação como categoria de análise, já que permanecer no horizonte
da mediação é manter-se fora dessa nova ambiência.          Nesse sentido, a sociedade
percebe e se percebe a partir do fenômeno da mídia, agora alargado para além dos
dispositivos tecnológicos tradicionais. Por isso, conforme o autor, é possível falar da
mídia como locus de compreensão da sociedade.


Considerações finais


       O debate sobre os conceitos de interação midiatizada e midiatização encontra-se
ainda incipiente. Não faltam perspectivas de análise distintas e até mesmo excludentes,
seja pela diversidade de aportes epistemológicos e metodológicos os quais recorrem os
pesquisadores do campo para estudar o tema, ou pela multiplicidade de objetos e
objetivos de cada pesquisa específica. Não é raro, salientamos, que estas pesquisas que
muitas vezes abordam o tema apenas tangencialmente, como parte do processo de
compreensão de problemas e questões de outra ordem, representem valiosas
contribuições para a construção do capital teórico sobre esta questão.
Por fim, a metapesquisa que se inicia não pretende esgotar as possibilidades de
interpretações sobre o assunto, nem mesmo responder a todas as questões que dele
emergem. Tem como finalidade a elaboração de um mapa conceitual que contribua para
a compreensão dos lugares epistemológicos ocupados pelos estudiosos destes
fenômenos sociais. Ao mesmo tempo, e consequentemente, que estimule esforços da
comunidade no sentido de buscar bases teóricas sólidas para a construção de um olhar
próprio do campo da comunicação sobre o processo de midiatização e das interações
midiatizadas.
                                    Referências

BOURDIEU, Pierre. Le capital social: notes provisoires. Actes de La Recherche in
Sciences Sociales, n. 31, 1980, pp.2-3.
BOURDIEU, Pierre. O campo científico In: ORTIZ, Renato (Org.). Pierre Bourdieu:
sociologia. São Paulo: Ática, 1983.
BRAGA, José Luiz. Os estudos de interface como espaço de construção do Campo da
Comunicação. In: Encontro Compós, 13, 2004. São Bernardo do Campo (SP). [Texto
apresentado ao GT Epistemologia da Comunicação].
BRAGA, José Luiz. Mediatização como processo interacional de referência. In:
Encontro da Compós, 15, 2006. Bauru (SP). [Texto apresentado ao GT Epistemologia
da Comunicação].
BRAGA, José Luiz. A Sociedade enfrenta sua mídia – Dispositivos sociais de crítica
midiática. São Paulo: Paulus, 2006.
BRAGA, José Luiz. Midiatização: a complexidade de um novo processo social. In:
Revista do Instituto Humanitas Unisinos. São Leopoldo, 13 de abril de 2009, edição
289, p. 9-12. www.unisinos.br/ihu (Entrevista).
CÁRCERES, Jésus Galindo. “La Comunicología y su espacio de posibilidad. Apuntes
Hacia una Propuesta General” In: CÁRCERES, Jesús Galindo. RAZÓN Y PALABRA,
Número 72, mayo-julio 2010. (www.razonypalabra.org.mx) Data de acesso, 3 de agosto
de 2010.
FAUSTO NETO, Antônio. Fragmentos de uma “analítica” da midiatização. In:
MATRIZes. Revista do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da
Universidade de São Paulo - Abr – 2008. São Paulo: ECA/USP, 2008, p. 89-105.
FRANÇA, Vera V. Interações comunicativas: a matriz conceitual de G. H. MEAD. In:
PRIMO, Alex et all. (Orgs.). Comunicação e Interações. Livro da Compós 2008. Porto
Alegre: Ed. Sulina, 2008, p. 71-110.
GOFFMAN, Erwing. A Representação do Eu na Vida Cotidiana. Petrópolis: Vozes,
1998.
GOMES, Pedro Gilberto. Filosofia e Ética da Comunicação na Midiatização. São
Leopoldo: Editora Sulina, 2006.
LANDOWSKI, Eric. Da interação entre Comunicação e Semiótica. In: PRIMO, Alex et
all.(Orgs.). Comunicação e Interações. Livro da Compós. Porto Alegre: Sulina, 2008.
MARTINO, Luiz C. Abordagens e Representação do Campo Comunicacional. In:
Encontro da Compós, 15, 2006. Bauru (SP). [Texto apresentado ao GT Epistemologia
da Comunicação].
MATOS, Heloíza. Capital Social e Comunicação – Interfaces e articulações. São
Paulo: Summus Editorial, 2009.
NAVARRO, Raul Fuentes. Fontes bibliográficas da pesquisa acadêmica nos cursos de
pós-graduação em comunicação no Brasil e no México: uma aproximação da análise
comparativa. In: MATRIZes Revista Brasileira do Programa de Pós-Graduação em
Comunicação da Universidade de São Paulo, n. 1, out. 2007. São Paulo: USP/ECA,
2007, P. 165-177.
OLIVEIRA, Ana Claudia. Interação nas Mídias. In: In: PRIMO, Alex et all. (Orgs.).
Comunicação e Interações. Livro da Compós 2008. Porto Alegre: Sulina, 2008. p.27-
42.
PRIMO et all. Análise de citações dos trabalhos da Compós 2008. Revista E-Compos /
www.e-compos.org.br.
RIZO GARCIA, Marta. “La dimensión de la interración em la comunicología. Apuntes
para uma reflexión teórica y algunas propuestas pedagógicas” In:
www.eca.usp.br/alaic/trabalhos2004/gt17 Data de acesso: 02 de agosto de 2010.
RODRIGUES, Adriano Duarte. Processos Cognitivos e Estratégias de Comunicação.
Lisboa: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 2007.
RODRIGUES, Adriano Duarte. Interação Verbal. Seminário de Doutoramento, Módulo
Interação Verbal. Lisboa: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 2010.
SANTOS, José Vicente Tavares dos. As possibilidades das metodologias
informacionais nas práticas sociológicas: Por um novo padrão de trabalho para os
sociólogos do século XXI. Sociologias. Porto Alegre, ano 3, n.5, p. 114-46, jan/jun
2001.
SODRÉ, Muniz. Antropológica do espelho – uma teoria da comunicação linear e
em rede. Petrópolis: Vozes, 2002.
SODRÉ, M. As Estratégias Sensíveis – Afeto, Mídia e Política. Petrópolis (RJ):
Vozes, 2006.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

PESQUISA PARTICIPANTE - SABER PENSAR E INTERVIR
PESQUISA PARTICIPANTE - SABER PENSAR E INTERVIRPESQUISA PARTICIPANTE - SABER PENSAR E INTERVIR
PESQUISA PARTICIPANTE - SABER PENSAR E INTERVIRchristianceapcursos
 
Metodo e materialismo hist
Metodo e materialismo histMetodo e materialismo hist
Metodo e materialismo histLiliane DTO
 
Seminário não livros - apresentação
Seminário não livros - apresentaçãoSeminário não livros - apresentação
Seminário não livros - apresentaçãoLuciana Sousa
 
Sintese do texto Um passo para fora da sala de aula
Sintese do texto  Um passo para fora da sala de aulaSintese do texto  Um passo para fora da sala de aula
Sintese do texto Um passo para fora da sala de aulaSonia Piaya
 
Análise crítica do discurso
Análise crítica do discursoAnálise crítica do discurso
Análise crítica do discursoAlessandra Rufino
 
Analise crítica da tese: Leitura e Significados
Analise crítica da tese: Leitura e SignificadosAnalise crítica da tese: Leitura e Significados
Analise crítica da tese: Leitura e SignificadosJuliana Gulka
 
Gamboa (2003) pesquisa qualitativa superando tecnicismos e falsos dualismos
Gamboa (2003) pesquisa qualitativa   superando tecnicismos e falsos dualismosGamboa (2003) pesquisa qualitativa   superando tecnicismos e falsos dualismos
Gamboa (2003) pesquisa qualitativa superando tecnicismos e falsos dualismosAmauri Gonçalves de Oliveira
 
A análise do discurso interacional
A análise do discurso interacionalA análise do discurso interacional
A análise do discurso interacionalRaphaeldeMoraisTraja
 
Análise da dissertação
Análise da dissertaçãoAnálise da dissertação
Análise da dissertaçãoAlice Cruz
 
PESQUISA PARTICIPATIVA: SABER PENSAR PARA INTERVIR
PESQUISA PARTICIPATIVA: SABER PENSAR PARA INTERVIRPESQUISA PARTICIPATIVA: SABER PENSAR PARA INTERVIR
PESQUISA PARTICIPATIVA: SABER PENSAR PARA INTERVIRchristianceapcursos
 

Mais procurados (15)

PESQUISA PARTICIPANTE - SABER PENSAR E INTERVIR
PESQUISA PARTICIPANTE - SABER PENSAR E INTERVIRPESQUISA PARTICIPANTE - SABER PENSAR E INTERVIR
PESQUISA PARTICIPANTE - SABER PENSAR E INTERVIR
 
Metodo e materialismo hist
Metodo e materialismo histMetodo e materialismo hist
Metodo e materialismo hist
 
Gt16 5371--int
Gt16 5371--intGt16 5371--int
Gt16 5371--int
 
Seminário não livros - apresentação
Seminário não livros - apresentaçãoSeminário não livros - apresentação
Seminário não livros - apresentação
 
Sintese do texto Um passo para fora da sala de aula
Sintese do texto  Um passo para fora da sala de aulaSintese do texto  Um passo para fora da sala de aula
Sintese do texto Um passo para fora da sala de aula
 
Bonini 2001
Bonini 2001Bonini 2001
Bonini 2001
 
Cap. 18 redes porosas e contextos sobrepostos desafios metodológicos no est...
Cap. 18   redes porosas e contextos sobrepostos desafios metodológicos no est...Cap. 18   redes porosas e contextos sobrepostos desafios metodológicos no est...
Cap. 18 redes porosas e contextos sobrepostos desafios metodológicos no est...
 
Chapter 18 source pt-br Redes porosas e contextos sobrepostos
Chapter 18 source pt-br Redes porosas e contextos sobrepostosChapter 18 source pt-br Redes porosas e contextos sobrepostos
Chapter 18 source pt-br Redes porosas e contextos sobrepostos
 
Análise crítica do discurso
Análise crítica do discursoAnálise crítica do discurso
Análise crítica do discurso
 
Analise crítica da tese: Leitura e Significados
Analise crítica da tese: Leitura e SignificadosAnalise crítica da tese: Leitura e Significados
Analise crítica da tese: Leitura e Significados
 
La novas fronteiras
La novas  fronteirasLa novas  fronteiras
La novas fronteiras
 
Gamboa (2003) pesquisa qualitativa superando tecnicismos e falsos dualismos
Gamboa (2003) pesquisa qualitativa   superando tecnicismos e falsos dualismosGamboa (2003) pesquisa qualitativa   superando tecnicismos e falsos dualismos
Gamboa (2003) pesquisa qualitativa superando tecnicismos e falsos dualismos
 
A análise do discurso interacional
A análise do discurso interacionalA análise do discurso interacional
A análise do discurso interacional
 
Análise da dissertação
Análise da dissertaçãoAnálise da dissertação
Análise da dissertação
 
PESQUISA PARTICIPATIVA: SABER PENSAR PARA INTERVIR
PESQUISA PARTICIPATIVA: SABER PENSAR PARA INTERVIRPESQUISA PARTICIPATIVA: SABER PENSAR PARA INTERVIR
PESQUISA PARTICIPATIVA: SABER PENSAR PARA INTERVIR
 

Destaque (9)

Questionamento para encontro 20.02
Questionamento para encontro   20.02Questionamento para encontro   20.02
Questionamento para encontro 20.02
 
Aula 21.08.13 De casteloa figueiredo_velasco
Aula 21.08.13 De casteloa figueiredo_velascoAula 21.08.13 De casteloa figueiredo_velasco
Aula 21.08.13 De casteloa figueiredo_velasco
 
Aula 21.08.13 Com a palavra_o_senhor_presidente
Aula 21.08.13 Com a palavra_o_senhor_presidenteAula 21.08.13 Com a palavra_o_senhor_presidente
Aula 21.08.13 Com a palavra_o_senhor_presidente
 
Apresentação COMPOL - Seminário dos Grupos de Pesquisa da ECA-USP
Apresentação COMPOL - Seminário dos Grupos de Pesquisa da ECA-USPApresentação COMPOL - Seminário dos Grupos de Pesquisa da ECA-USP
Apresentação COMPOL - Seminário dos Grupos de Pesquisa da ECA-USP
 
BUCY_HOLBERT_Introducao
BUCY_HOLBERT_Introducao  BUCY_HOLBERT_Introducao
BUCY_HOLBERT_Introducao
 
BUCY_HOLBERT_Conclusao
BUCY_HOLBERT_ConclusaoBUCY_HOLBERT_Conclusao
BUCY_HOLBERT_Conclusao
 
Gil, patricia g. a voz da escola capitulo tese
Gil, patricia g. a voz da escola capitulo teseGil, patricia g. a voz da escola capitulo tese
Gil, patricia g. a voz da escola capitulo tese
 
Heloiza Matos em defesa da tv publica final
Heloiza Matos em defesa da tv publica finalHeloiza Matos em defesa da tv publica final
Heloiza Matos em defesa da tv publica final
 
Habermas, j. remarks on the conception of communicative action
Habermas, j. remarks on the conception of communicative actionHabermas, j. remarks on the conception of communicative action
Habermas, j. remarks on the conception of communicative action
 

Semelhante a A construção do capital teórico sobre os processos de interação midiatizada nos artigos científicos apresentados nos eventos nacionais da Compós e Intercom durante os anos 2000

Myriam sepúlveda interdisc
Myriam sepúlveda   interdiscMyriam sepúlveda   interdisc
Myriam sepúlveda interdiscelena_va
 
Análise bibliométrica
Análise bibliométricaAnálise bibliométrica
Análise bibliométricaUSP
 
Pd2012zoyanastassakis 130723113421-phpapp02
Pd2012zoyanastassakis 130723113421-phpapp02Pd2012zoyanastassakis 130723113421-phpapp02
Pd2012zoyanastassakis 130723113421-phpapp02Douglas Evangelista
 
P&D2012 Zoy Anastassakis
P&D2012 Zoy AnastassakisP&D2012 Zoy Anastassakis
P&D2012 Zoy AnastassakisCarol Hoffmann
 
Pressupostos para a construção de uma sociologia das redes sociais
Pressupostos para a construção de uma sociologia das redes sociaisPressupostos para a construção de uma sociologia das redes sociais
Pressupostos para a construção de uma sociologia das redes sociaisLeonor Alves
 
Generos textuais
Generos textuaisGeneros textuais
Generos textuaisAna Soares
 
Análise de conteúdo pesquisa qualitativa
Análise de conteúdo pesquisa qualitativaAnálise de conteúdo pesquisa qualitativa
Análise de conteúdo pesquisa qualitativaZuleica Michalkiewicz
 
Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...
Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...
Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...Sérgio Gonçalves
 
Artigo eQUESTÕES PARA UM ESTUDO ETNOGRÁFICO DO GRUPO TEXTO LIVREvidosol 2014
Artigo eQUESTÕES PARA UM ESTUDO ETNOGRÁFICO DO GRUPO TEXTO LIVREvidosol 2014Artigo eQUESTÕES PARA UM ESTUDO ETNOGRÁFICO DO GRUPO TEXTO LIVREvidosol 2014
Artigo eQUESTÕES PARA UM ESTUDO ETNOGRÁFICO DO GRUPO TEXTO LIVREvidosol 2014Carlos Castro
 
Fichamento Olga Pombo
Fichamento Olga PomboFichamento Olga Pombo
Fichamento Olga PomboJessica Cunha
 
Caracterização do estado da arte de CSCW
Caracterização do estado da arte de CSCWCaracterização do estado da arte de CSCW
Caracterização do estado da arte de CSCWAntónio Correia
 
Elaboracao pesquisaqualitativa- MATERIAL MUITO BEM ELABORADO, PARABÉNS A PROF...
Elaboracao pesquisaqualitativa- MATERIAL MUITO BEM ELABORADO, PARABÉNS A PROF...Elaboracao pesquisaqualitativa- MATERIAL MUITO BEM ELABORADO, PARABÉNS A PROF...
Elaboracao pesquisaqualitativa- MATERIAL MUITO BEM ELABORADO, PARABÉNS A PROF...Rosane Domingues
 
1738 5975-1-pb
1738 5975-1-pb1738 5975-1-pb
1738 5975-1-pbSuperTec1
 

Semelhante a A construção do capital teórico sobre os processos de interação midiatizada nos artigos científicos apresentados nos eventos nacionais da Compós e Intercom durante os anos 2000 (20)

3
33
3
 
Myriam sepúlveda interdisc
Myriam sepúlveda   interdiscMyriam sepúlveda   interdisc
Myriam sepúlveda interdisc
 
Análise bibliométrica
Análise bibliométricaAnálise bibliométrica
Análise bibliométrica
 
Pd2012zoyanastassakis 130723113421-phpapp02
Pd2012zoyanastassakis 130723113421-phpapp02Pd2012zoyanastassakis 130723113421-phpapp02
Pd2012zoyanastassakis 130723113421-phpapp02
 
P&D2012 Zoy Anastassakis
P&D2012 Zoy AnastassakisP&D2012 Zoy Anastassakis
P&D2012 Zoy Anastassakis
 
A03v17n3
A03v17n3A03v17n3
A03v17n3
 
Pressupostos para a construção de uma sociologia das redes sociais
Pressupostos para a construção de uma sociologia das redes sociaisPressupostos para a construção de uma sociologia das redes sociais
Pressupostos para a construção de uma sociologia das redes sociais
 
Generos textuais
Generos textuaisGeneros textuais
Generos textuais
 
Análise de conteúdo pesquisa qualitativa
Análise de conteúdo pesquisa qualitativaAnálise de conteúdo pesquisa qualitativa
Análise de conteúdo pesquisa qualitativa
 
Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...
Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...
Abordagem%20de%20uma%20institui%c3%a7%c3%a3o%20escolar%20a%20partir%20de%20um...
 
Resumo acadêmico
Resumo acadêmicoResumo acadêmico
Resumo acadêmico
 
Artigo eQUESTÕES PARA UM ESTUDO ETNOGRÁFICO DO GRUPO TEXTO LIVREvidosol 2014
Artigo eQUESTÕES PARA UM ESTUDO ETNOGRÁFICO DO GRUPO TEXTO LIVREvidosol 2014Artigo eQUESTÕES PARA UM ESTUDO ETNOGRÁFICO DO GRUPO TEXTO LIVREvidosol 2014
Artigo eQUESTÕES PARA UM ESTUDO ETNOGRÁFICO DO GRUPO TEXTO LIVREvidosol 2014
 
Fichamento Olga Pombo
Fichamento Olga PomboFichamento Olga Pombo
Fichamento Olga Pombo
 
Pesquisa qualitativa
Pesquisa qualitativaPesquisa qualitativa
Pesquisa qualitativa
 
R7 2065-1
R7 2065-1R7 2065-1
R7 2065-1
 
Pcn Quimica
Pcn QuimicaPcn Quimica
Pcn Quimica
 
Caracterização do estado da arte de CSCW
Caracterização do estado da arte de CSCWCaracterização do estado da arte de CSCW
Caracterização do estado da arte de CSCW
 
Elaboracao pesquisaqualitativa- MATERIAL MUITO BEM ELABORADO, PARABÉNS A PROF...
Elaboracao pesquisaqualitativa- MATERIAL MUITO BEM ELABORADO, PARABÉNS A PROF...Elaboracao pesquisaqualitativa- MATERIAL MUITO BEM ELABORADO, PARABÉNS A PROF...
Elaboracao pesquisaqualitativa- MATERIAL MUITO BEM ELABORADO, PARABÉNS A PROF...
 
subi pra pegar outro
subi pra pegar outrosubi pra pegar outro
subi pra pegar outro
 
1738 5975-1-pb
1738 5975-1-pb1738 5975-1-pb
1738 5975-1-pb
 

Mais de COMPOL - Grupo de Pesquisa Comunicação Pública e Política

Mais de COMPOL - Grupo de Pesquisa Comunicação Pública e Política (20)

Pragmatismo no campo da comunicação (1)
Pragmatismo no campo da comunicação (1)Pragmatismo no campo da comunicação (1)
Pragmatismo no campo da comunicação (1)
 
Apresentação Teoria Sociocultural
Apresentação Teoria SocioculturalApresentação Teoria Sociocultural
Apresentação Teoria Sociocultural
 
Interacionismo Simbólico
Interacionismo SimbólicoInteracionismo Simbólico
Interacionismo Simbólico
 
Introdução matriz craig encontro 25022015
Introdução matriz craig encontro 25022015Introdução matriz craig encontro 25022015
Introdução matriz craig encontro 25022015
 
Cap. 15 O Uso de Grupos Focais em Pesquisa de Comunicação Política
Cap. 15   O Uso de Grupos Focais em  Pesquisa de Comunicação PolíticaCap. 15   O Uso de Grupos Focais em  Pesquisa de Comunicação Política
Cap. 15 O Uso de Grupos Focais em Pesquisa de Comunicação Política
 
Cap. 10 expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental
Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimentalCap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental
Cap. 10 expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental
 
Cap. 12 análise das imagens do candidato político
Cap. 12   análise das imagens do candidato políticoCap. 12   análise das imagens do candidato político
Cap. 12 análise das imagens do candidato político
 
Cap. 26 além do auto-report survey de opinião pública baseada na web
Cap. 26   além do auto-report survey de opinião pública baseada na webCap. 26   além do auto-report survey de opinião pública baseada na web
Cap. 26 além do auto-report survey de opinião pública baseada na web
 
Cap. 5 análise secundária em comunciação política vista como um ato criativo
Cap. 5   análise secundária em comunciação política vista como um ato criativoCap. 5   análise secundária em comunciação política vista como um ato criativo
Cap. 5 análise secundária em comunciação política vista como um ato criativo
 
Cap8 Metodos Experimentales Comunicacion Politica
Cap8 Metodos Experimentales Comunicacion PoliticaCap8 Metodos Experimentales Comunicacion Politica
Cap8 Metodos Experimentales Comunicacion Politica
 
Análise de Redes Sociais
Análise de Redes SociaisAnálise de Redes Sociais
Análise de Redes Sociais
 
Capital social 01102014
Capital social 01102014Capital social 01102014
Capital social 01102014
 
Cap. 4 survey em comunicação política desafios tendências e oportunidades
Cap. 4   survey em comunicação política desafios tendências e oportunidadesCap. 4   survey em comunicação política desafios tendências e oportunidades
Cap. 4 survey em comunicação política desafios tendências e oportunidades
 
Análise de conteúdo categorial e da enunciação
Análise de conteúdo categorial e da enunciaçãoAnálise de conteúdo categorial e da enunciação
Análise de conteúdo categorial e da enunciação
 
The Foundations of Deliberative Democracy - Traducao livre
The Foundations of Deliberative Democracy - Traducao livreThe Foundations of Deliberative Democracy - Traducao livre
The Foundations of Deliberative Democracy - Traducao livre
 
Cap. 28 olhando para frente e para trás observações sobre o papel dos métod...
Cap. 28   olhando para frente e para trás observações sobre o papel dos métod...Cap. 28   olhando para frente e para trás observações sobre o papel dos métod...
Cap. 28 olhando para frente e para trás observações sobre o papel dos métod...
 
Cap. 19 midiatização da política sobre uma estrutura conceitual para pesqui...
Cap. 19   midiatização da política sobre uma estrutura conceitual para pesqui...Cap. 19   midiatização da política sobre uma estrutura conceitual para pesqui...
Cap. 19 midiatização da política sobre uma estrutura conceitual para pesqui...
 
Cap. 25 explicação conceitual na era da internet o caso da interatividade p...
Cap. 25   explicação conceitual na era da internet o caso da interatividade p...Cap. 25   explicação conceitual na era da internet o caso da interatividade p...
Cap. 25 explicação conceitual na era da internet o caso da interatividade p...
 
Cap. 14 análise de conteúdo em comunicação política
Cap. 14   análise de conteúdo em comunicação políticaCap. 14   análise de conteúdo em comunicação política
Cap. 14 análise de conteúdo em comunicação política
 
Cap. 13 identificação de enquadramentos nas notícias políticas
Cap. 13   identificação de enquadramentos nas notícias políticasCap. 13   identificação de enquadramentos nas notícias políticas
Cap. 13 identificação de enquadramentos nas notícias políticas
 

A construção do capital teórico sobre os processos de interação midiatizada nos artigos científicos apresentados nos eventos nacionais da Compós e Intercom durante os anos 2000

  • 1. APORTES PARA NOVA VISADA DA METAPESQUISA EM COMUNICAÇÃO 1 Maria Ângela Mattos2, Ricardo Costa Villaça3 Resumo: O artigo propõe uma discussão sobre a carência da metapesquisa no campo acadêmico da comunicação e, em particular, dos artigos científicos que abordam fenômenos emergentes, a exemplo da interação midiatizada e da midiatização das sociedades contemporâneas, já que não ultrapassam muitas vezes o nível da empiria e apresentam imprecisão, dispersão e fragmentação das perspectivas teóricas adotadas. Daí a proposição de retomar alguns autores que, na década atual, têm buscado construir novos modelos interpretativos, além de “desentranhar” o comunicacional dos aportes emprestados de outras áreas de conhecimento. Partindo de lugares e visadas teóricas que ora se aproximam ora se distanciam, esses autores contribuem para a constituição do capital teórico das interações midiatizadas e da midiatização. Palavras-chave: Metapesquisa em Comunicação. Capital Teórico. Interação Midiatizada e Midiatização. Introdução Este artigo promove uma reflexão sobre a importância da metapesquisa para a constituição do capital teórico de uma questão emergente nos estudos da comunicação hoje: a interação midiatizada e a midiatização das sociedades contemporâneas. Discute ainda as perspectivas de análise deste fenômeno adotadas pelos estudiosos que têm se destacado na literatura de comunicação na década atual, visando contribuir para a construção do marco teórico da metapesquisa: “A construção do capital teórico sobre os processos de interação midiatizada nos artigos científicos apresentados nos eventos nacionais da Compós e Intercom durante os anos 2000”4. Assim, pressupomos que tais perspectivas são possíveis fontes de referência dos artigos apresentados em eventos científicos, particularmente aqueles que abordam esta problemática de investigação. O 1 Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho (GT): Práticas Interacionais e Linguagens na Comunicação do XX Encontro da Compós, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, de 14 a 17 de junho de 2011. 2 Profª Drª do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUC Minas e coordenadora do grupo de pesquisa Campo Comunicacional e suas Interfaces e da metapesquisa: “A construção do capital teórico sobre os processos de interação midiatizada nos artigos científicos apresentados nos eventos nacionais da Compós e Intercom durante os anos 2000”, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG.mattos.maria.angela@gmail.com 3 Mestre em Comunicação Social pela PUC Minas e bolsista de apoio técnico de pesquisa (FAPEMIG). rivillaca@yahoo.com.br. 4 Financiada pela FAMPEMIG, esta metapesquisa objetiva investigar o capital teórico das interações midiatizadas e da midiatização a partir da análise e interpretação das perspectivas teoricoepistemológicas adotadas nos artigos científicos apresentados nos eventos nacionais da Compós e da Intercom. Propõe ainda analisar as teorias, categorias, conceitos e noções sobre a temática; as possíveis interpretações e apropriações das abordagens e autores de referência; qualificar as interfaces com outras áreas de conhecimento, entre outros. Ela será desenvolvida no período 2011-2013 pelo grupo de pesquisa Campo Comunicacional e suas Interfaces.
  • 2. que nos instiga a indagar: de que forma os aportes teóricos estão sendo compreendidos, apropriados, ressignificados e articulados com os objetos analisados nesses artigos? O ponto de partida deste trabalho é que sob diferentes denominações e tradições teoricometodológicas, o estudo das interações midiatizadas e da midiatização, desde os primórdios das pesquisas sobre o fenômeno da cultura e comunicação de massa até o cenário atual de expansão das tecnologias da informação e comunicação, não se estabeleceu ainda como área de pesquisa consolidada e legitimada. Os estudos de comunicação, de maneira geral, mantêm ainda ora uma visão abrangente da interação, que focaliza mais os seus condicionantes socioculturais do que suas dimensões comunicacionais, ora um olhar parcial circunscrito aos dispositivos tecnológicos, concebendo as interações mais em sua dimensão técnica do que processual. A vertente funcional e tecnicista, hegemônica em quase todo o século passado, concebe a comunicação como relação unidirecional, estanque e mecanicista entre emissor e receptor, e se preocupa mais com as respostas e reações dos indivíduos, grupos e instituições aos estímulos dos meios massivos do que com a interação entre os sujeitos envolvidos no processo comunicacional. Nova roupagem dessa vertente se expressa em parte considerável da literatura atual que trata dos novos dispositivos de “interatividade” com os usuários das redes digitais e também dos meios convencionais de comunicação. Tal perspectiva com frequência aborda de forma parcial e redutora os processos de interação, em virtude da demasiada ênfase nos aspectos técnicos em detrimento da dimensão humana e relacional. Na atual década, por sua vez, a noção de interação tem se mostrado como mais apropriada para compreender e investigar o processo comunicacional, o que tem refletido num crescimento expressivo do número de artigos, teses, dissertações e monografias de comunicação que abordam o assunto. Além disso, as perspectivas adotadas pelos estudiosos têm se diversificado e avançado no sentido de romper com a visão generalista bem como com a vertente tecnicista da interação, deslocando o foco excessivo nos meios e dispositivos técnicos para o estudo dos processos interacionais. No entanto, esse movimento é ainda incipiente e paradoxal, pois ao mesmo tempo em que as diversas perspectivas enriquecem e complexificam o quadro interpretativo das interações midiatizadas, provoca dispersão e fragmentação dos conhecimentos produzidos. Daí a importância de se investir no desenvolvimento de metas pesquisas
  • 3. que possibilitem maior sistematização e autorreflexão sobre os aportes teóricos e metodológicos das pesquisas desenvolvidas. Este artigo estrutura-se em dois tópicos de discussão, além das considerações finais. No primeiro, consideramos a importância da metapesquisa para o avanço dos estudos da comunicação e, em especial, da investigação sobre os artigos científicos que abordam a questão das interações midiatizadas e da midiatização. Partindo da discussão conceitual sobre capital teórico e da associação desse termo ao comunicacional e às interações midiatizadas e à midiatização, o tópico seguinte faz um balanço das principais contribuições de autores de referência para a constituição deste campo de investigação. 1) Metapesquisa dos artigos científicos de comunicação: desafios e perspectivas Conforme Navarro (2007), o campo acadêmico da comunicação enfrenta diversos desafios, entre os quais a fragmentação dos saberes especializados e a dificuldade dessa área lidar com a diversidade de aportes teoricoepistemológicos provenientes de outras áreas de conhecimento, sem subsumir as questões e abordagens próprias da comunicação. Daí a importância da metapesquisa para a consolidação do seu campo acadêmico, na medida em que ela possibilita o desenvolvimento de autorreflexões sistemáticas e críticas das investigações, como também disponibiliza a produção de conhecimentos. A opção por realizarmos a metapesquisa dos artigos científicos se fundamenta na ideia de que parte significativa deles se ancora em fontes bibliográficas e procedimentos metodológicos, ainda que muitas vezes não explicitados. Considerando ainda que boa parte desta produção é resultado de sínteses, desdobramentos e avanços das questões abordadas em trabalhos acadêmicos desenvolvidos anteriormente pelos pesquisadores, a escolha deste objeto se justifica pela necessidade que sejam identificadas as tendências de utilização de determinadas perspectivas teóricas e epistemológicas, ou de certos autores e obras. Salientamos ainda que os artigos configuram-se como importantes objetos de análise da produção de conhecimento, particularmente aqueles que representam desdobramentos de teses, dissertações, monografias, entre outros. Vanz, Brambilla, Ribeiro e Stumpf (2007, p. 54) consideram que tais documentos revelam as preocupações de seus autores quanto à configuração do campo em períodos específicos
  • 4. ou ao longo de uma trajetória, podendo apresentar ainda “problemas disciplinares, bem como teorias e metodologias utilizadas na área”. Segundo Alvarenga citado por Primo (2008), vários fatores influenciam os autores na escolha das fontes para produzir seus trabalhos: as de ordem psicológica dizem respeito aos hábitos e comportamentos já enraizados no sujeito na forma de produzir conhecimento e na hora de citar; as de cunho sociológico refere-se, principalmente, às escolhas comuns aos membros dos grupos de pesquisa que têm a ver com a sensação de pertencimento a determinada comunidade de pesquisador; as de caráter político referem-se ao sentimento de poder do autor citante por demonstrar domínio por determinadas idéias ou autores , ou também citar autores de determinada instituição por conveniência; e as implicações de origem históricas mantêm relação com as influências que o autor vem acumulando sobre utilização de determinados autores ou grupo ao longo do tempo. (PRIMO, 2008, p. 3-4). No entanto, tais fatores não foram suficientemente estudados nas pesquisas bibliométricas no campo da comunicação, já que somente a partir da década de 1990 é que elas emergem como objetos de investigação nos programas de pós-graduação. Conforme já salientamos, a expansão das pesquisas e dos artigos científicos sobre a temática em questão não recebeu ainda tratamento adequado no campo, muito embora nos últimos tempos a noção de interação tenha se mostrado como a mais apropriada para, não apenas nomear, mas compreender o processo comunicativo: A escolha por “interação” substitui e qualifica distintamente a idéia de ação, enfatizando seu aspecto compartilhado. Se o conceito de ação traz a figura do ator e a dimensão do agenciamento (Weber), o conceito de interação traz dois elementos, dois pólos: fala de ação conjunta, reciprocamente referenciada. (FRANÇA, 2008, p. 71). Abordado em suas determinações tecnológicas, socioculturais, éticas, estéticas, discursivas, entre outras, e por tradições teóricas e metodológicas filiadas a saberes diversos, este objeto de estudo demanda maiores investimentos na investigação sobre a sua dimensão comunicacional a partir de uma perspectiva própria. No entanto, segundo Rizo Garcia, pesquisadora mexicana vinculada ao grupo Hacia una Comunicología Posible (GUCOM)5 que investiga a dimensão comunicativa 5 O GUCOM desenvolve investigações sobre o campo comunicacional desde o início desta década, que podem ser sintetizadas em quatro fases de trabalho. Nas três etapas, o projeto procedeu a organização teórica geral do pensamento em comunicação, por meio da revisão bibliográfica e do estudo historiográfico da ciência possível da comunicação. Na quarta e atual etapa, iniciada em 2007, o grupo se dedica a construir um programa de investigação básica sobre a configuração cosmológica, epistemológica e propriamente teórica do particular e do geral. (Cf. CÁRCERES, 2010).
  • 5. da interação abordada na literatura de referência daquele país, o tema tem pouca presença no campo seja em relação aos aportes teóricos ou aos estudos de casos empíricos, além de prevalecer a comunicação interpessoal. Esta metapesquisa revela também que a interação mediada não é problemática investigada, e que os poucos livros adotados no ensino de graduação e da pós-graduação que abordam o assunto baseiam-se em referências externas ao campo6. Partimos do pressuposto de que essa situação ocorra também no Brasil, sobretudo se levarmos em conta as recentes incursões teóricas sobre o processo de midiatização e a emergência de novos regimes de interação instaurados pelas redes sociotécnicas e pelos próprios meios convencionais. É igualmente recente a apropriação das correntes da sociologia compreensiva e da fenomenologia pelo campo da comunicação para analisar as interações comunicacionais e/ou midiatizadas. Outro sintoma pode ser identificado na tímida presença das expressões “interação comunicacional”, “midiática” e/ou “midiatizada” nas denominações das 42 áreas de concentração e 97 linhas de pesquisa no conjunto de 39 programas de pós- graduação em comunicação (PPG-COM) existentes no país em 2010, onde apenas uma área e duas linhas adotam o termo interação, sendo que sete e 31, respectivamente, os nomeiam de forma tangencial. O mesmo ocorre com os nomes dos grupos de trabalho das entidades científicas da área. Em relação à Compós, por exemplo, em apenas um grupo aparece o termo “interacional”. Já na Intercom não existe nenhum núcleo ou grupo de pesquisa que recebe tal denominação. Com base nessa discussão, a interação midiatizada parece ser uma questão emergente e atravessada por problemas, tais como: dispersão temática, ênfase na pesquisa empírica e incipiente sistematização teórica. Pode-se inferir, portanto, que não há produção sistemática e acumulada de conhecimento que reflita as potencialidade e limitações dos aportes que ancoram tais estudos. Dito em outros termos, há carência de metas pesquisas que situem e analisem os quadros interpretativos utilizados nos estudos da área, discutindo sua validade, relevância e pertinência para o avanço do saber comunicacional. Como se vê, o alerta feito por Goffman em “A Ordem da Interação” de que a 6 As obras clássicas mais citadas nos 16 livros que abordam a questão da interação são: 1) A representação da pessoa na vida cotidiana (Goffman, 1973); 2) Espírito, pessoa e sociedade (Mead, 1968); 3) Teoria da comunicação humana (Watzlawick et al., 1971). (Cf. RIZO GARCIA, 2004).
  • 6. teorização acerca do tema foi negligenciada pelas ciências humanas aplica-se ao campo da comunicação, sobretudo no que diz respeito aos estudos sobre as interações midiatizadas. Essas além de se constituírem nova modalidade de interação na contemporaneidade, têm afetado os outros regimes de interação, ainda hoje pouco exploradas nos estudos da área. 2) Capital teórico da interação midiatizada e da midiatização: um campo em construção Compreendemos capital teórico como locus de construção, sistematização e acumulação de conhecimentos de determinada área de conhecimento e de articulação com outros saberes que abordam objetos e problemáticas afins. Trata-se também de instância responsável pela reflexão e revisão crítica de teorias, conceitos, categorias, métodos e objetos de investigação peculiares a um campo de conhecimento, originários ou não do seu interior. Já a expressão capital comunicacional é tributária da noção de saber comunicacional, e não de campo comunicacional ou científico. O termo campo comunicacional está associado às primeiras formulações teóricas e investigações empíricas sobre os impactos e efeitos dos modernos meios de comunicação massivos no final do século XIX e no século XX. Nesse contexto, segundo Martino (2006), o campo comunicacional se confunde com o debate sobre a própria atualidade, não havendo ainda uma base teoricocientífica. Essa acepção remete também a uma visão bastante ampla da comunicação como área de conhecimento, marcada pela perspectiva interdisciplinária que advoga a impossibilidade de se construir uma ciência da comunicação, por ser considerado espaço de “encruzilhada” entre as disciplinas das ciências sociais e humanas. A noção de saber comunicacional, por sua vez, emerge a partir dos anos 80 e se relaciona ao crescente investimento dos estudiosos em construir estatuto científico de comunicação, com corpus teórico próprio. Sob a ótica da transdisciplinaridade, busca-se ir além da inter e da multidisciplinaridade, já que não consiste num mero intercâmbio ou justaposição de disciplinas, e, sim, num movimento que se propõe construir a identidade e legitimidade academicocientífica da comunicação e, ao mesmo tempo, romper com as especialidades fechadas e hierarquizadas. Por fim, a denominação capital
  • 7. comunicacional não compartilha com a perspectiva sociológica de Bourdieu (1983) que concebe o campo científico mais em suas determinações sociopolíticas e institucionais do que epistemológicas, embora não se deva desconsiderar a importância de tais determinações no processo da produção de conhecimento. Antes de prosseguirmos na discussão conceitual sobre capital comunicacional e abordarmos noções relativas ao capital teórico das interações midiatizadas e da midiatização, é importante explicitar as razões de associarmos o termo capital às expressões subseqüentes. Uma delas diz respeito ao nosso entendimento de que o capital se refere ao saber científico, e não às injunções sociopolíticas e institucionais na produção de conhecimento, conforme Bourdieu (1983) ao definir capital científico como o lugar da luta pelo monopólio da autoridade científica, incluindo capacidade técnica e poder social. Nossa opção em empregar o termo capital e não o de saber comunicacional deve-se ao fato de que a expressão “saber” remete a conhecimento estável e consolidado, enquanto que o termo capital conota possibilidades de acumulação, convertibilidade e reciprocidade. Já esses três componentes referenciam-se na primeira formulação conceitual de capital social por Pierre Bourdieu (1980), que considera a acumulação, a convertibilidade e a reciprocidade um conjunto de elementos com os quais uma classe social garante sua reprodução, tais como: capital econômico, capital cultural e capital simbólico. Na avaliação de Matos (2009, p. 35), esses tipos de capital circulam em redes sociais e possuem características que justificam a adoção do termo capital: “possibilidade de acumulação (capital mobilizável), convertibilidade (capital humano transformado em capital social) e reciprocidade (indicadores de confiança)”. Podemos depreender daí que a comunicação, enquanto área de conhecimento está em permanente processo de constituição e susceptível às mudanças de paradigmas, modelos teóricos, conceitos, métodos e às contribuições de outros saberes, sem perder, no entanto, sua especificidade epistemológica. Por tais razões, a expressão capital comunicacional não apenas se justifica, mas possui potencial heurístico para compreensão de objetos de estudo mutáveis e dinâmicos, como o da comunicação. Condição essencial para produzir o capital comunicacional está estreitamente relacionada à forma como ele se articula com outros saberes e como se apropria de seus aportes para interpretar os processos e as práticas de comunicação. Essa articulação não deve ser realizada, segundo Braga (2004), a partir da valoração abstrata da diluição de
  • 8. fronteiras entre os saberes, mas como procedimento necessário para identificar e incorporar pontos de vista que constroem o objeto comunicacional. Daí a importância de se desentranhar esse objeto do magma “transdiciplinar”, ou seja, destacar o que é propriamente comunicacional das questões investigadas por outras áreas. Isso não significa o descarte de conhecimentos produzidos em outros saberes, pois o que se propõe é refletir sobre o comunicacional na interface realizada e, sobretudo, avaliar a contribuição que cada um deles traz para o avanço do conhecimento e, por conseqüência, para a constituição do capital comunicacional. O capital teórico das interações midiatizadas é entendido sob o mesmo prisma do capital comunicacional, razão pela qual compartilhamos com Braga (2004) que avalia que a concepção generalista da interação comunicativa considera que toda e qualquer conversação no espaço social deve ser investigada, apontando a necessidade de se diferenciar as práticas de conversação que ocorrem nas diversas instâncias e situações da vida social da interação comunicativa propriamente dita. Tal distinção é útil para desentranhar o que há de “comunicacional” nas interações, assim como para apreender suas especificidades em relação aos objetos e enfoques abordados pelas demais disciplinas das ciências sociais e humanas. A despeito da necessária angulação do “comunicacional”, consideramos relevantes as contribuições das correntes ligadas à sociologia compreensiva para se pensar os processos de interação hoje, quais sejam: Interacionismo Simbólico, Sociofenomenologia, Etnometodologia, entre outras. Em primeiro lugar, porque certas categorias e noções formuladas por elas têm potencial para analisar as formas de interação presentes na vida social contemporânea, seja as interpessoais, grupais, institucionais ou as midiatizadas. Em segundo, porque esse fenômeno gera um movimento de retomada de referenciais multidisciplinares para dar conta da complexidade e da diversidade dos regimes de interação instaurados pelas redes sociotécnicas e pelas novas mídias. Tais regimes mesclam as características das diversas modalidades de interação, compondo um sistema de afetação mútua, o que solicita um aparato conceitual refinado para apreender os diferentes modelos de interação, coexistentes e não excludentes, já que interagem entre si. Além de relevante, a Sociossemiótica é uma perspectiva muito apropriada para analisar a convergência dos regimes de interação, particularmente a linha de estudo adotada por Landowski (2008), que advoga a necessidade de construção de modelos
  • 9. interpretativos flexíveis, abertos e abrangentes, mas nem por isso menos rigorosos, capazes de analisar espaços sociais e midiáticos emergentes que comportam distintos regimes de interação e de produção de sentido. Para tanto, Landowski propõe os seguintes regimes de interação capazes de compreender processos distintos: 1) Junção: interação regida pela busca de adaptação unilateral entre um sujeito e um parceiro, ou seja, interação identificada com a manipulação; 2) União: interação regida pela descoberta, no ato comunicacional, por definição mútua, entre as respectivas sensibilidades dos sujeitos envolvidos no processo comunicacional; 3) Programação: interação programada, regida por constrangimentos de ordem social ou psicológica, explícitos ou não, sob a forma de regras ou hábitos, de rituais, ou de simples manias pessoais; 4) Assentimento: interação assentada no regime de aceitação, resignada ou entusiasta, ou até mesmo da busca do encontro acidental do evento comunicacional, o que permite se não controlar os processos interacionais, no mínimo ter uma ideia da posição e da identidade dentro dele enquanto esfera existencial. Mais do que uma taxonomia das interações midiatizadas, Landowski (2008) considera que esses regimes constituem a sintaxe geral da interação, rede de configurações interconectadas, deixando aberta a possibilidade de idas e voltas, de bruscas metamorfoses ou de passagens gradativas, superposições ou inclusões da maior diversidade possível de interações midiatizadas. Sintetizando, essa perspectiva contribui para se difundir na literatura da área a concepção de que os processos de comunicação hoje, além de seus aspectos funcionais, podem gerar espaços interacionais que possibilitam efeitos de sentido emergentes, contingentes, se não totalmente imprevisíveis pelo menos processos que se instauram em situação. Esse novo olhar, conforme Landowski (2008), guia, hoje, “estudos sobre o encontro midiático enquanto experiência vivida do sentido oriunda das dinâmicas temporais, espaciais e intersubjetivas, com as quais permite jogar a co-presença em ato, ao vivo, ainda que midiatizada, dos actantes da enunciação”. (FECHINE apud LANDOWSKI, 2008, p. 64). Assim, podemos perceber que a preocupação predominante de Landowski é buscar no próprio ambiente midiático evidências de compartilhamentos simbólicos e efeitos de sentido que engendram “modos de presença, formas de contato com o outro, que, conquanto sejam da ordem do simulacro, atuam com toda eficácia no plano do vivido” (LANDOWSKI, 2008, p.57).
  • 10. Ainda sob o prisma da sociossemiótica, Oliveira (2008) tem investigado os contratos de interação estabelecidos entre as instâncias de produção e as de apreensão. A autora considera que a relação comunicativa engendrada no polo da produção estabelece o modo da significação ser capturada pelo destinatário a partir de um agir que se produz por meio da volição e da estesia do enunciatário. Tal relação, segundo a autora, é apreendida “não apenas por meio de uma racionalidade, mas, sobretudo, por uma sensibilidade que deles emana e os faz ter sentidos”. (OLIVEIRA, 2008, p. 32). Nessa direção, a autora evidencia que os estudos da intencionalidade do destinador e sua atuação sobre o destinatário que antes se pautavam pela análise da manipulação, voltam-se, hoje, para investigar novo tipo de interação comunicacional que se pauta, sobretudo, nas estratégias sensíveis, numa espécie de cultura das sensações e emoções. Conforme Sodré (2006) trata-se de experiência contemporânea mais afetiva do que logicoargumentativa que promove vinculação fusional entre os sujeitos da comunicação, chamada por John Dewey de “interação comunal”, o que rompe a posição histórica de receptor “passivo”, visto não mais como espectador, mas como membro orgânico da nova ambiência comunicacional, virtualizada e midiatizada. Para ele, esse tipo de interação pode ser entendido mais como “ideologia do contato” que visa substituir a idéia da relação social. Inspirado na semiótica e na teoria da enunciação, como também nas tradições teóricas da sociologia compreensiva, Rodrigues (2010) entende que os estudos acerca da interação verbal dos últimos anos têm descoberto processos complexos de interação discursiva que não se limitam ao campo midiático e nem às suas dimensões verbais, mas abrangem componentes paraverbais e extraverbais utilizados pelos falantes. Conforme o autor, os estudos de interação verbal buscam dar conta das normas que os falantes respeitam e os seus condicionamentos em diferentes situações interacionais que estão envolvidos, como também das atividades em que os participantes se envolvem quando se encontram. Já os componentes paraverbais da interação representam todas as formas de comunicação que se expressam através do som (entonação, timbre de voz, intensidade, altura e débito), das particularidades da pronúncia, das características da voz etc. Os extraverbais, por sua vez, materializam-se nos gestos e expressões corporais, nos olhares, na mímica, nos sorrisos etc. Para ele, nome sugestivo desta forma de comunicação foi dado por Mead, que a denomina de “conversação de gestos”, e se manifesta por processos de coordenação, de ajuste
  • 11. progressivo, encadeando entre si comportamentos mutuamente orientados e dotados de reciprocidade.Embora os elementos paraverbais e extraverbais se manifestem nas interações face a face, eles são representados simbolicamente nas modalidades midiatizadas de interação verbal, a exemplo das conversações telefônicas, ou das interações epistolares ou eletrônicas, mediante marcadores gráficos que as representam. (RODRIGUES, 2010). Na visão de Rodrigues, a presença física é fator primeiro e fundamental da interação discursiva e tem na atividade conversacional o seu modelo e fundamento, devendo ser considerado em qualquer das outras modalidades de interação discursiva, nomeadamente as interações mediadas por dispositivos técnicomidiáticos. Nesse sentido, na prática discursiva que depende desses dispositivos “só podemos entender o sentido daquilo que escrevemos ou lemos porque pressupomos a presença física dos interlocutores”. (RODRIGUES, 2010, p. 9). Ainda que o autor considere que nas modalidades midiatizadas seja necessário suprir os componentes não midiatizados7, é possível distinguir dois tipos de modalidades: aquelas em que os participantes são definidos e conhecidos, como nas conversações telefônicas, por exemplo, e aquelas em que eles são indefinidos ou desconhecidos, a exemplo da interação mediada pelo rádio, televisão e literatura. No entanto, Rodrigues evidencia que cada uma das modalidades midiatizadas de interação verbal exige da parte dos interatuantes um trabalho de reconstrução imaginária dos componentes de interação não midiatizadas, assim como elaboração específica das expressões díticas8. O autor chama a atenção também para o fato de que a interação verbal cibernética é hoje objeto de estudo e de intensa discussão no meio acadêmico, devido à generalização de programas de conversação pela internet, como o Messenger ou o Skype, que midiatizam, de maneira cada vez mais realista, grande parte dos componentes de interação verbal, criando, assim, efeito de copresença física dos 7 Quer dizer, os condicionamentos sistêmicos – relativos às convenções que regulam as etapas e o bom funcionamento do processo de interação - e os condicionamentos rituais – referentes às normas que visam instituir, preservar, manter e recuperar as faces e os territórios dos participantes (Cf. RODRIGUES, p. 9). 8 Expressões díticas são enunciados enigmáticos que só poderão ser compreendidos se levarmos em conta a relação que os enunciadores estabelecem entre si e a atividade em que estejam envolvidos para que as palavras que produzem ou que escutam possam ser consideradas razoáveis e, deste modo, as possam explicar, atribuir-lhes sentido. Para um enunciado ter sentido, ele deve ser explicado apresentando a razão pela qual alguém o anunciou, como também poder ser encadeado por outros enunciados, tanto por parte de quem o enunciou, como da parte a quem foi endereçado. (Cf. RODRIGUES, p.1-2).
  • 12. interactantes. “A discussão que a interacção cibernética levanta tem a ver com o pressuposto de que a evolução dos dispositivos técnicos pode substituir completamente a experiência humana e tornando deste modo imperceptível a sua artificialidade, isto é, a sua estrutura e o seu modo de funcionamento técnico.” (RODRIGUES, 2010, p. 29). Percebe-se, portanto, que a preocupação central de Rodrigues diz respeito a adaptações ou adequações pelas quais passam determinadas particularidades das interações do tipo face a face ao serem deslocadas para o interior dos dispositivos técnicos de comunicação, possibilitando, assim, diferentes efeitos de copresença. Nesse sentido, a interação midiatizada parece ser, em Rodrigues, uma forma particular de interação que se caracteriza por acontecer em ambiente midiático, com especificidades que a diferem qualitativamente das interações ocorridas em situação de copresença. Perspectiva que parece distanciar-se progressivamente das visadas teóricas citadas compreende que as interações midiatizadas possuem configurações específicas, ou seja, são formas de interação que ocorrem a partir das incidências da mídia na vida social e vice-versa. Constituem, sobretudo, modalidades de interação geradas a partir dos produtos midiáticos que se expressam nas práticas de conversação social, reverberando no próprio campo dos media. Compartilhamos com Braga (2006) que considera que as interações midiatizadas são processos diferidos e difusos na sociedade e gera diversos tipos e níveis de interação, quais sejam: a sociedade interage a partir da mídia (conversação social sobre a mídia), a sociedade e seus dispositivos de interação são apropriados, reapresentados e ressignificados pelos media (conversação social na mídia) e a sociedade incorpora a lógica da mídia nos seus processos de interação na vida cotidiana (conversação social midiatizada). Nesse sentido, considera-se que a sociedade não apenas conversa sobre os conteúdos veiculados nos meios de comunicação, mas também interfere nesse próprio conteúdo e incorpora a lógica midiática nas suas práticas cotidianas de interação. Processo que se tem chamado “midiatização”. Assumindo a midiatização como nova ordem comunicacional na qual as mídias não são mais uma “variável dependente”, estudiosos desse fenômeno o encaram como processo que atinge não apenas determinados âmbitos das sociedades, mas que se desenvolve e engloba todas as instâncias sociais, chegando a constituir-se como nova forma de sociabilidade. O termo sugere mudança de perspectiva em relação ao lugar ocupado pelas mídias no funcionamento das sociedades e na construção dos parâmetros pelos quais essas sociedades criam suas “realidades”. Para
  • 13. Fausto Neto (2008), os diversos estudos que compõem essa nova visada teórica partem da percepção quanto ao deslocamento do sistema midiático contemporâneo da posição de um “meio de ação” para os demais sistemas sociais, passando a ve-lo como uma “ambiência” capaz de estabelecer, a partir de seu interior, as referências para a validação das formas de sociabilidade. Já não se trata de reconhecer a centralidade dos meios na tarefa de organização de processos interacionais entre os campos sociais, mas de constatar que a constituição e o funcionamento da sociedade - de suas práticas, lógicas e esquemas de codificação - estão atravessados e permeados por pressupostos e lógicas do que se denominaria “a cultura da mídia”. Sua existência não se constitui fenômeno auxiliar, na medida em que as práticas sociais, os processos interacionais a própria organização social, se fazem tomando como referência o modo de existência desta cultura, suas lógicas e suas operações. (FAUSTO NETO, 2008, p.92). Nesse prisma, Braga (2006) assinala que a midiatização em curso na sociedade diz respeito à dinâmica, em estado avançado, pela qual as interações midiáticas podem ser vistas como processos interacionais “de referência”, isto é, “tendencialmente prevalecentes”. Entretanto, ressalta o autor, considerar a midiatização como processo de referência não significa desconsiderar a existência dos demais processos de interação presentes nas sociedades, nem mesmo afirmar suposta substituição de uma forma por outra. Com o termo referência, ele procura enfatizar que há na estrutura social certa centralidade de determinados processos interacionais em relação aos demais que, não obstante, se mantêm ainda ativos. Esses, contudo, deixam de ser centrais e passam a ser secundários em relação ao processo de referência. Para Sodré (2002, p. 21), a midiatização é uma ordem de mediação socialmente realizada pela comunicação, entendida no caso específico como processo informacional, “a reboque das organizações empresariais e com ênfase num tipo particular de interação – a que poderíamos chamar de tecnointeração – caracterizada por uma espécie de prótese tecnológica e mercadológica da realidade sensível, denominada medium”. Este processo implica uma qualificação particular de vida a qual o autor denomina “um novo bios”, uma espécie de nova forma de vida. Nela predomina o mundo dos negócios com a tecnocultura. Esse quarto âmbito existencial, amparado por uma moralidade baseada nas relações de consumo e, portanto, própria do modo de produção capitalista, configura novos parâmetros para experimentação dos referenciais
  • 14. de existência social, tais como realidade e verdade, implicando em uma nova “condição antropológica”. (SODRÉ, 2002). Compartilhado por tais posicionamentos teóricos, o conceito de midiatização parece apontar para uma mudança qualitativa no próprio sentido que a noção de interação midiatizada adquire a partir das interpretações e apropriações engendradas por esta nova perspectiva. Uma vez que como pano de fundo deste conceito encontra-se a ideia de passagem de uma sociedade dos meios, na qual as mídias estão a serviço de uma organização do processo interacional, para uma sociedade midiatizada, em que “a cultura midiática se converte na referência sobre a qual a estrutura sociotécnica- discursiva se estabelece”. (FAUSTO NETO, 2008, p.93). Deslocados do lugar de outrora, de auxiliaridade perante os outros campos sociais, as mídias constituem agora “uma referência engendradora no modo de ser da própria sociedade, e nos processos e interação entre as instituições e os atores sociais”. (FAUSTO NETO, 2008, p.93). Dessa forma, não se trata mais da era dos meios em si, mas de uma era que se gesta pelas próprias noções de realidade de comunicação midiática. Considerando a midiatização um novo modo de ser no mundo, segundo Gomes (2006), supera-se a mediação como categoria de análise, já que permanecer no horizonte da mediação é manter-se fora dessa nova ambiência. Nesse sentido, a sociedade percebe e se percebe a partir do fenômeno da mídia, agora alargado para além dos dispositivos tecnológicos tradicionais. Por isso, conforme o autor, é possível falar da mídia como locus de compreensão da sociedade. Considerações finais O debate sobre os conceitos de interação midiatizada e midiatização encontra-se ainda incipiente. Não faltam perspectivas de análise distintas e até mesmo excludentes, seja pela diversidade de aportes epistemológicos e metodológicos os quais recorrem os pesquisadores do campo para estudar o tema, ou pela multiplicidade de objetos e objetivos de cada pesquisa específica. Não é raro, salientamos, que estas pesquisas que muitas vezes abordam o tema apenas tangencialmente, como parte do processo de compreensão de problemas e questões de outra ordem, representem valiosas contribuições para a construção do capital teórico sobre esta questão.
  • 15. Por fim, a metapesquisa que se inicia não pretende esgotar as possibilidades de interpretações sobre o assunto, nem mesmo responder a todas as questões que dele emergem. Tem como finalidade a elaboração de um mapa conceitual que contribua para a compreensão dos lugares epistemológicos ocupados pelos estudiosos destes fenômenos sociais. Ao mesmo tempo, e consequentemente, que estimule esforços da comunidade no sentido de buscar bases teóricas sólidas para a construção de um olhar próprio do campo da comunicação sobre o processo de midiatização e das interações midiatizadas. Referências BOURDIEU, Pierre. Le capital social: notes provisoires. Actes de La Recherche in Sciences Sociales, n. 31, 1980, pp.2-3. BOURDIEU, Pierre. O campo científico In: ORTIZ, Renato (Org.). Pierre Bourdieu: sociologia. São Paulo: Ática, 1983. BRAGA, José Luiz. Os estudos de interface como espaço de construção do Campo da Comunicação. In: Encontro Compós, 13, 2004. São Bernardo do Campo (SP). [Texto apresentado ao GT Epistemologia da Comunicação]. BRAGA, José Luiz. Mediatização como processo interacional de referência. In: Encontro da Compós, 15, 2006. Bauru (SP). [Texto apresentado ao GT Epistemologia da Comunicação]. BRAGA, José Luiz. A Sociedade enfrenta sua mídia – Dispositivos sociais de crítica midiática. São Paulo: Paulus, 2006. BRAGA, José Luiz. Midiatização: a complexidade de um novo processo social. In: Revista do Instituto Humanitas Unisinos. São Leopoldo, 13 de abril de 2009, edição 289, p. 9-12. www.unisinos.br/ihu (Entrevista). CÁRCERES, Jésus Galindo. “La Comunicología y su espacio de posibilidad. Apuntes Hacia una Propuesta General” In: CÁRCERES, Jesús Galindo. RAZÓN Y PALABRA, Número 72, mayo-julio 2010. (www.razonypalabra.org.mx) Data de acesso, 3 de agosto de 2010. FAUSTO NETO, Antônio. Fragmentos de uma “analítica” da midiatização. In: MATRIZes. Revista do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo - Abr – 2008. São Paulo: ECA/USP, 2008, p. 89-105. FRANÇA, Vera V. Interações comunicativas: a matriz conceitual de G. H. MEAD. In: PRIMO, Alex et all. (Orgs.). Comunicação e Interações. Livro da Compós 2008. Porto Alegre: Ed. Sulina, 2008, p. 71-110. GOFFMAN, Erwing. A Representação do Eu na Vida Cotidiana. Petrópolis: Vozes, 1998. GOMES, Pedro Gilberto. Filosofia e Ética da Comunicação na Midiatização. São Leopoldo: Editora Sulina, 2006. LANDOWSKI, Eric. Da interação entre Comunicação e Semiótica. In: PRIMO, Alex et all.(Orgs.). Comunicação e Interações. Livro da Compós. Porto Alegre: Sulina, 2008. MARTINO, Luiz C. Abordagens e Representação do Campo Comunicacional. In: Encontro da Compós, 15, 2006. Bauru (SP). [Texto apresentado ao GT Epistemologia da Comunicação]. MATOS, Heloíza. Capital Social e Comunicação – Interfaces e articulações. São Paulo: Summus Editorial, 2009.
  • 16. NAVARRO, Raul Fuentes. Fontes bibliográficas da pesquisa acadêmica nos cursos de pós-graduação em comunicação no Brasil e no México: uma aproximação da análise comparativa. In: MATRIZes Revista Brasileira do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade de São Paulo, n. 1, out. 2007. São Paulo: USP/ECA, 2007, P. 165-177. OLIVEIRA, Ana Claudia. Interação nas Mídias. In: In: PRIMO, Alex et all. (Orgs.). Comunicação e Interações. Livro da Compós 2008. Porto Alegre: Sulina, 2008. p.27- 42. PRIMO et all. Análise de citações dos trabalhos da Compós 2008. Revista E-Compos / www.e-compos.org.br. RIZO GARCIA, Marta. “La dimensión de la interración em la comunicología. Apuntes para uma reflexión teórica y algunas propuestas pedagógicas” In: www.eca.usp.br/alaic/trabalhos2004/gt17 Data de acesso: 02 de agosto de 2010. RODRIGUES, Adriano Duarte. Processos Cognitivos e Estratégias de Comunicação. Lisboa: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 2007. RODRIGUES, Adriano Duarte. Interação Verbal. Seminário de Doutoramento, Módulo Interação Verbal. Lisboa: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 2010. SANTOS, José Vicente Tavares dos. As possibilidades das metodologias informacionais nas práticas sociológicas: Por um novo padrão de trabalho para os sociólogos do século XXI. Sociologias. Porto Alegre, ano 3, n.5, p. 114-46, jan/jun 2001. SODRÉ, Muniz. Antropológica do espelho – uma teoria da comunicação linear e em rede. Petrópolis: Vozes, 2002. SODRÉ, M. As Estratégias Sensíveis – Afeto, Mídia e Política. Petrópolis (RJ): Vozes, 2006.