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1 de 12
Análise de viabilidade econômica em projetos de1
investimentos2
3
4
Fábio Marcelino Guilhon5
Professor – Luciano Fernandes6
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI7
Gestão Financeira – Administração da Produção8
31/05/169
10
11
RESUMO12
13
O Objetivo do trabalho é descrever a metodologia utilizada para análise econômico-financeira, nas14
avaliações de projetos de investimento. Além dos aspectos conceituais que permeiam este tema,15
será enfatizado a questão do custo de capital e enfoque contábil como suporte a análise16
econômico-financeira.17
18
19
Palavras-chave: Análise. Projetos. Investimentos.20
21
22
1. INTRODUÇÃO23
24
A análise da viabilidade econômico-financeira de um projeto de investimento, refere-se a25
estimativa das perspectivas de desempenho financeiro do investimento atribuído, resultante deste26
projeto. Essa análise tem o objetivo de servir como base para a tomada de decisão e avaliação da27
viabilidade econômico-financeira do projeto. É realizada com os dados disponíveis na fase que28
anterior ao seu desenvolvimento. Serve para balizar com uma estimativa dos níveis investimentos,29
associados ao preço final do produto, demonstrando a viabilidade econômica do mesmo.30
Essa análise impacta na tomada de decisão de investir ou não no projeto. Depois de tomar31
essa decisão inicial, pode-se ao longo do processo, partir para novas decisões na medida que um32
projeto segue no seu desenvolvimento. Embora exista a necessidade de uma revisão periódica do33
projeto em andamento, a análise de viabilidade econômico-financeira utilizando os seus conceitos e34
ferramentas, dará a sustentação para tomada de decisão inicial.35
Portanto, a avaliação de viabilidade econômica deve apoiar a priorização e a seleção de36
projetos de investimento e também o seu controle ao longo do processo. Para isso, são empregados37
os mais diversos métodos para simulações e cálculos de probabilidades e risco, até metodologias38
mais complexas.39
40
41
2
2. ANÁLISE DE INVESTIMENTOS DE CAPITAL1
2.1. ASPECTOS CONCEITUAIS2
3
Para Hastings (2013, p. 30):4
5
Ao empreender uma Análise Financeira de Projetos de Investimento de Capital, convém6
lembrar que análises desse tipo, na maioria das vezes, têm como base valores de origem7
Contábil, mas, dada a natureza da análise pretendida, esses dados deverão ser ajustados8
para a visão Financeira. A principal diferença entre a visão da Contabilidade e a de9
Finanças é que a Contabilidade segue o “Regime da Competência”, em que os valores em10
jogo são reconhecidos no período a que se referem, ao passo que, emFinanças, segue-se o11
“Regime de Caixa”, em que os valores em questão são reconhecidos no momento em que12
efetivamente entram ou saem do Caixa. No passado não muito distante, análises desse tipo13
só eram conduzidas em casos muito especiais – geralmente quando os valores envolvidos14
eram muito grandes (a carga de trabalho exigida para o cálculo de “cenários” variados15
normalmente era gigantesca), mas, com a popularização das planilhas eletrônicas (o Excel,16
por exemplo), a “calculeira” deixou de ser problema – as planilhas refazem tudo quase que17
instantaneamente, liberando o analista para as tarefas de análise, que são (ou deveriamser)18
seu ofício. Naturalmente, para usar esses instrumentos – as planilhas eletrônicas – o analista19
deve conhecer seus potenciais e suas limitações20
21
Para Hastings (2013, p. 30):22
23
Em resumo, pode-se conceituar investimento como uma alocação de valores (direta ou24
indiretamente expressáveis em termos monetários), em determinado período de tempo, com25
o objetivo de (atrair e) agregar valores (monetários) em período(s) subsequente(s). Talvez26
seja relevante salientar a importância de os valores (tanto os alocados inicialmente quanto27
os agregados no futuro) poderem ser representados em termos monetários: se essa28
representação não fosse possível, seria muito difícil poder analisar a empreitada de maneira29
objetiva. Falta apenas um último detalhe: o que distingue um investimento de capital de30
outro qualquer? A chave da resposta está em como o investidor pretende promover a31
agregação de valor. Se o papel do investidor for apenas passivo – uma vez feita a alocação32
de recursos cabe apenas esperar que os ganhos se apresentem – entende-se que o33
investimento é financeiro, ou especulativo; se, ao contrário, o papel do investidor for ativo34
– a geração dos ganhos exige esforço continuado –, ter-se-á um caso de Investimento de35
Capital. Assim, pode-se derivar dessas características o seguinte conceito: um36
“Investimento de Capital” é uma alocação de valores monetários, em determinado período37
de tempo, com o objetivo de (atrair e) agregar valores monetários em período(s)38
subsequentes, através da exploração dos recursos adquiridos pelo investimento emquestão.39
40
Para Hastings (2013, p. 31):41
42
O termo investimento, segundo Sandroni1, indica ‘aplicação de recursos (dinheiro ou43
títulos) em empreendimentos que renderão juros ou lucros, em geral a longo prazo’.44
Embora o significado do termo seja bem conhecido de qualquer adulto que viva em45
sociedade organizada, não custa realçar algumas de suas características e evidenciar o46
sentido comque a palavra é empregada no presente contexto.47
Em primeiro lugar, talvez convenha esclarecer que, a rigor, os recursos a seremaplicados às48
vezes podem não se apresentar imediatamente como dinheiro ou títulos, embora geralmente49
possam ser representados como tal. O tempo gasto no planejamento de um50
empreendimento, por exemplo, pode ser visto como parte do investimento, embora possa51
não ser expresso, inicialmente, por uma cifra monetária – mas é claro que esse tempo,52
multiplicado pelos salários das pessoas envolvidas, resulta em valor monetário53
correspondente. Assim, ainda que a característica monetária inerente a um investimento54
possa não se manifestar de imediato, sempre deve ser possível converter os recursos55
3
alocados ao empreendimento para unidades monetárias – confirmando a definição dada1
anteriormente –, até sob pena de inviabilizar seu tratamento objetivo.2
3
Para Hastings (2013, p. 31):4
5
Em segundo lugar – seguindo a ordemdos temas contidos na definição –, uminvestimento,6
no presente contexto, caracteriza-se por focalizar empreendimentos identificáveis e7
delimitáveis: criar uma empresa, ampliar a capacidade produtiva; atualizar a tecnologia8
empregada seriam alguns exemplos. A alocação de recursos visando recuperar um9
monumento é, a rigor, um investimento, mas por não permitir a mensuração de seus efeitos,10
em termos objetivos, não cabe no presente contexto. Depois, vema característica de render11
juros ou lucros. É de se supor que, quando uma organização empresarial – cuja motivação12
principal é, de modo geral, o ganho – considera um investimento, deve ter como objetivo,13
justamente, agregar valor, geralmente expresso sob a forma de juros ou de lucros.14
15
2.2. SAÍDA DE RECURSOS: INVESTIMENTO VERSUS DESPESA?16
17
Para Hastings (2013, p. 32):18
19
De um modo geral, as organizações admitem saídas de recursos emduas situações básicas:20
a) Como contrapartida pela contratação de recursos humanos, materiais, tecnológicos etc.21
para o giro periódico de suas atividades. Neste caso, tais saídas são reconhecidas como22
Despesas (ou Custos) no período a que se referem e caracterizam-se por ocorrerem23
ciclicamente de acordo com o prazo usual de giro produtivo da organização, e b) Como24
contrapartida pela contratação de recursos humanos, materiais, tecnológicos etc. para a25
instalação ou ampliação de suas atividades. Neste caso, as saídas são reconhecidas como26
Investimentos no período em que ocorrem e caracterizam-se por se referirem a vários ciclos27
do giro produtivo. Para fixar ideias, considerem-se os seguintes exemplos ilustrativos: a)28
Despesas (ou Custos): Pagamento a funcionários; compra de matéria-prima; pagamento de29
contas de consumo (água, energia etc.); compra de material de consumo (papel,30
combustíveis etc.); pagamento periódico pelo direito de uso (linhas telefônicas, aluguel de31
softwares etc.). b) Investimentos: Aquisição de equipamentos; aquisição de imóveis e32
instalações; campanhas de recrutamento, seleção e treinamento de funcionários; aquisição33
definitiva de direito de uso (marcas, softwares etc.). Isto permite inferir um segundo34
conceito: ‘Um Investimento pressupõe a geração de benefícios durante vários períodos de35
giro da organização’.36
37
38
2.3. POR QUE INVESTIR?39
40
Para Hastings (2013, p. 34):41
42
Dado que um Investimento sempre implica saída de valor, e tendo em vista que as43
organizações, como regra geral, dedicam-se (entre outras coisas) à acumulação de valor,44
poder-se-ia entender, à primeira vista, que a própria ideia de se fazer um Investimento se45
opõe frontalmente a um objetivo fundamental da organização. Se isso fosse verdade, é46
provável que nenhuma organização empreenderia investimento algum.47
Mas é óbvio que essa inferência não é verdadeira – se fosse, simplesmente não existiria48
organização empresarial alguma, por absoluta falta de investimento. Segue, portanto, que a49
ideia de um Investimento não pode se opor ao objetivo citado das organizações. Essa50
demonstração (até certo ponto, por absurdo) leva a um quarto conceito: Um Investimento51
só poderá ser contemplado se prometer ganhos maiores do que o próprio Investimento.52
4
1
2.4. PARA QUEM VÃO OS GANHOS?2
3
Para Hastings (2013, p. 34):4
5
No contexto da gestão financeira das organizações, é usual pensar que os ganhos gerados6
pelas atividades a que se dedicam devem reverter em benefício das próprias organizações7
ou, quando muito, em benefício de seus proprietários (acionistas, cotistas etc.).8
Embora esse princípio seja verdadeiro (do contrário, os proprietários desistiriam da9
empreitada), ele não representa toda a verdade: as organizações tendem a desaparecer por10
entropia se qualquer das partes interessadas em sua existência sentir que está sendo11
inadequadamente recompensada.12
Embora essa declaração possa parecer um tanto bombástica, ela tende a ser verdadeira. A13
organização perderia sua razão de ser se: ▶ Seus proprietários percebessem que obteriam14
ganhos maiores em outras empreitadas; ▶ Seus dirigentes e/ou seus funcionários sentissem15
que poderiam obter melhores condições de trabalho em outra organização; ▶ Seus16
fornecedores detectassem oferta de condições mais favoráveis emoutros empreendimentos;17
▶ Seus clientes tomassem conhecimento de produtos ou serviços com melhor relação18
custo/benefício em outra fonte, e ▶ A sociedade em que se insere a organização19
identificasse possibilidades melhores (geração de empregos, despoluição do ambiente etc.)20
em outras organizações.21
22
23
Para Hastings (2013, p. 34):24
25
Naturalmente, todos esses interesses têm que ser suportados pelos ganhos originados na26
organização como um todo (e portanto, em princípio, em cada um dos seus esforços).27
Essas considerações levam à identificação de um quinto conceito: O resultado final de um28
Investimento deve trazer contribuição positiva para todos os interessados na organização –29
seus proprietários, seus dirigentes, seus funcionários, seus fornecedores, seus clientes e a30
sociedade de que faz parte.31
A combinação dos conceitos apresentados em cada um dos tópicos acima leva a uma32
caracterização que pode ser muito útil como referencial em esforços de Análises de33
Investimentos de Capital: Um Investimento de Capital caracteriza-se como uma saída de34
valor significativo, destinada à instalação ou ampliação de capacidade produtiva, que35
produzirá entradas de valor maiores do que a saída original, ao longo de vários períodos36
futuros, e em benefício de todas as partes interessadas.37
38
39
3. DETERMINAÇÃO E USO DO CUSTO DE CAPITAL40
3.1. PONDERAÇÕES QUANTO À FONTE DO CAPITAL41
42
Para Hastings (2013, p. 42):43
44
Ao contemplar uma (ou mais) hipótese(s) de investimento de capital, é evidente que alguma45
consideração quanto às fontes (alternativas e/ou complementares) de recursos será pré-46
requisito fundamental: De onde vem o capital a ser investido? Quanto custa? No mínimo,47
essa investigação será necessária para avaliar a viabilidade das fontes pretendidas e, à luz48
de seu(s) custo(s), estimar a contribuição do investimento pretendido para o esforço de49
geração de riqueza do investidor50
5
1
Para Hastings (2013, p. 42):2
3
De maneira muito resumida, quando uma organização considera hipótese(s) de4
investimento, sujeita-se a duas situações extremas no que diz respeito à disponibilidade dos5
fundos: a) Dispõe do valor necessário – nesse caso, é de se supor que o valor emquestão6
está aplicado em investimento especulativo e, portanto, terá que ser resgatado para7
aplicação no(s) projeto(s) considerado(s), resultando na perda dos juros sobre a aplicação8
especulativa, ou b) Não dispõe do valor necessário – nesse caso, terá que recorrer a9
empréstimo para completar o valor, acarretando a necessidade de pagar juros sobre o10
montante tomado11
12
13
3.2. ANALISANDO UM CASO REAL14
15
Para Hastings (2013, p. 42):16
17
Conta-se que determinada empresa multinacional de laticínios, que mantinha uma fábrica18
nas proximidades de certa vila interiorana, resolveu encerrar as atividades dessa sua fábrica19
devido aos persistentes prejuízos que apresentava. A ideia era liquidar a fábrica, vendendo20
suas instalações e equipamentos pelo valor que o mercado oferecesse, substituindo-a em21
sua rede internacional por uma unidade a ser erguida em outro país.22
A decisão, embora normal e corriqueira entre grandes empresas, teria efeitos dramáticos23
sobre os habitantes da vila – praticamente todos os que viviam ali dependiam direta ou24
indiretamente da fábrica em questão: eram funcionários da fábrica, fornecedores de leite ou25
prestadores de serviços exigidos pela fábrica e seus funcionários, bem como os familiares26
de todos esses. A consequência do fechamento da fábrica poderia levar à morte da vila!27
Reunidos por iniciativa do Prefeito, os moradores da vila decidiram juntar suas economias,28
combinando-as com recursos acumulados pela Prefeitura, para comprar a fábrica, passando29
a administrá-la, em regime cooperativo, em benefício da coletividade, mesmo que isso30
obrigasse a Prefeitura a cobrar impostos adicionais para cobrir as perdas ocasionadas pela31
operação continuada – afinal, o aumento previsto nos impostos municipais representaria32
preço perfeitamente aceitável para a sobrevivência e salvaguarda da vila.33
34
Para Hastings (2013, p. 43):35
36
Informada da decisão da população, a empresa demonstrou grande satisfação,dispondo-se a37
ajudar a coletividade na transição e nas fases iniciais da nova administração da fábrica.38
Passado algum tempo, uma grande surpresa: a fábrica demonstrava ser francamente39
lucrativa! As receitas geradas não só cobriam todos os custos incorridos, como também40
possibilitavam a redução dos impostos municipais.41
42
Para Hastings (2013, p. 43):43
44
Inicialmente, a atitude de todos (os novos administradores da fábrica, os executivos da45
multinacional e os habitantes da vila) foi de perplexidade: como poderiam os novos46
administradores obter sucesso onde os peritos da megaempresa haviamfalhado?47
Depois, alguém percebeu a chave do sucesso: para a empresa que desistira da fábrica, o48
valor nela investido poderia produzir resultados financeiros muito melhores se investido em49
outro lugar e, portanto, se não empreendesse a mudança, estaria renunciando a boas50
oportunidades de ganho. Já para os habitantes da vila, a hipótese de deslocamento era51
impraticável e, consequentemente, a manutenção da fábrica era questão de vida ou morte da52
própria vila.53
6
Ou, em outras palavras: para a grande empresa, o Custo de Capital tinha umcomponente de1
“Oportunidade”, representado pela diferença entre o “pouco” que ganhava coma fábrica na2
sua localização original e o “muito” que ganharia com a fábrica em outra localização. Já3
para a coletividade da vila, esse componente não existia – mesmo que a fábrica desse4
prejuízo, desde que moderado, a empreitada valeria a pena.5
6
7
3.3. FONTES DE RECURSOS E SUAS CARACTERÍSTICAS8
9
Para Hastings (2013, p. 43): “Normalmente, as empresas podem contar com 5 formas10
distintas (básicas) de fontes de recursos financeiros para viabilizar suas operações e seus11
investimentos: ”12
13
Temos o “Float gratuito de capitais de terceiros, que conforme Hastings (2013, p. 43):14
15
[...] é o caso de Contas a Pagar (e.g. Água, Energia, Telefonia etc.), ou de Salários a Pagar.16
Esse tipo de fonte é muito facilmente acessado (geralmente, seu uso é automático e17
presumido), mas normalmente os valores envolvidos são pequenos e/ou seus prazos são18
muito exíguos (questão de dias, na maioria dos casos). Na medida emque esse tipo de fonte19
for considerado relevante, convém dar tratamento que converta os valores envolvidos a seus20
equivalentes em termos de Saldo Médio Mensal (SMM).2 Por exemplo, se o valor de21
Contas a Pagar apresentado ao final de um período qualquer for de $ 10.000,00, com22
vencimento para o dia 10 do período seguinte, seu equivalente emtermos de SMM seria de23
$ 3.333,00 (= $ 10.000,00 / 30 × 10).24
25
Temos o “Float oneroso de capitais de terceiros, que conforme Hastings (2013, p. 44):26
27
[...] o caso típico desta fonte é o de Fornecedores a Pagar, que ocasionalmente pode ser28
gratuita (nesse caso se incluiria na categoria anterior). Na maioria dos casos, contudo, esse29
tipo de fonte envolve um desconto para pagamento à vista, cancelado se o pagamento for30
feito até determinada data futura; assim, o uso desta fonte de recursos, nessa situação,31
implica um custo correspondente à renúncia ao desconto. Esta fonte também é facilmente32
acessada e pode envolver valores consideráveis, mas seus prazos normalmente são33
excessivamente curtos para fazer frente a projetos de investimento (presume-se que sejam34
adequados ao financiamento do giro da empresa).35
36
Temos o “Empréstimo e/ou Financiamentos”, que conforme Hastings (2013, p. 44):37
38
[...] especialidade das instituições financeiras, esta fonte de recursos requer rating de39
crédito aceitável e sujeita-se a juros balizados pelo mercado (a menos que se obtenha40
crédito de órgão governamental de fomento a taxas favorecidas ou subsidiadas). Para41
organizações que não apresentem “deméritos”, o acesso a esse tipo de fonte não é difícil e42
seus prazos podem ser bastante longos. Saliente-se que o pagamento dos juros constitui43
despesa legítima da organização e, consequentemente, tem efeito redutor sobre o Imposto44
de Renda devido.45
46
Temos o “Capital Próprio”, que conforme Hastings (2013, p. 44):47
48
49
7
[...] representa os valores investidos pelos “donos” na própria organização. É evidente que1
os “donos” só investem seus valores na medida em que acreditarem que seu2
empreendimento gerará mais valor, ao longo do tempo, do que qualquer outra opção de3
investimento com grau de segurança comparável (presume-se, é claro, que os “donos” – ou4
seus prepostos – sejam competentes na condução de seu empreendimento, assim5
assegurando elevado grau de segurança para si mesmos). Assim, os retornos gerados pela6
organização devem sempre ser suficientes para cobrir os custos incorridos e, ainda,7
assegurar ganhos superiores a qualquer outra hipótese de aplicação (do contrário, se optaria8
por aplicar os recursos disponíveis em uma “outra hipótese” que fosse mais atraente). Em9
suma, o Capital Próprio (salvo em situações muito especiais) sempre tende a ser a fonte10
mais cara de fundos.11
12
E por último, temos os “Lucros Retidos”, que conforme Hastings (2013, p. 45):13
14
▶ Lucros Retidos – enquanto os ganhos gerados emperíodos já encerrados permanecerem,15
sob a forma de Não Distribuídos, constituirão, em tese, fonte gratuita de recursos. Seu16
prazo de permanência, contudo, depende da “boa vontade” dos “donos”, uma vez que sua17
não distribuição compromete o nível de retorno sobre o Capital Próprio. Na prática,18
normalmente atribui-se aos Lucros Retidos (mesmo que Não Distribuídos) custo19
equiparado ao do Capital Próprio.20
21
Conforme Hastings (2013, p. 45):22
23
Sob outro ângulo, também é preciso levar em conta a origem dos recursos no que se refere24
a fontes nacionais ou estrangeiras. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma taxa de retorno25
de 4% ao ano, acima da taxa referencial, pode ser considerada aceitável. Assim, admitindo26
que a taxa referencial naquele país seja de 1,5% ao ano, um investidor norte-americano27
poderia se dar por satisfeito com uma taxa de retorno sobre seu investimento da ordem de28
5,5% ao ano. Mas é claro que, se o investimento se refere a umprojeto que gerará fluxos de29
caixa em Reais, por exemplo, o retorno esperado deverá satisfazer à taxa esperada depois30
de convertidos os fluxos de caixa de Reais para Dólares. Portanto, se a desvalorização do31
Real diante do Dólar for da ordem de 20% ao ano, o retorno deverá atingir algo emtorno de32
25,5% ao ano, em Reais.33
34
35
4. PROJEÇÃO DOS DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS36
4.1. OBJETIVOS DA PROJEÇÃO CONTÁBIL37
38
Para Hastings (2013, p. 79):39
40
Um dos objetivos mais comuns para se montar um modelo de simulação é o de projetar,41
para o futuro, Demonstrativos Contábeis – o Balanço Patrimonial e a Demonstração de42
Resultados.43
À primeira vista, isso pode parecer uma tarefa de extrema simplicidade – basta verificar a44
taxa de crescimento (que, em tese, pode ser positiva, negativa ou nula) de cada item dos45
demonstrativos e aplicá-la aos correspondentes itens.46
Mas, na hora de fazer um exercício desse tipo, começam a surgir dificuldades inesperadas,47
mesmo que a projeção desejada refira-se a um único período futuro, a principal das quais48
tem origem no fato – fundamental na Contabilidade – de que os dois lados do Balanço49
(Ativos e Passivos & Patrimônio Líquido) têm que ser iguais, e que se complica mais ainda50
com o fato – igualmente fundamental – de que o Resultado do período considerado faz51
parte do lado Passivo do Balanço.52
53
8
4.2. PROJEÇÃO DE DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS PARA PERÍODO ÚNICO1
2
Apresentamos o “Caso 1”, para um melhor entendimento, conforme Hastings (2013, p. 79):3
4
Caso 1: Comercial Projeção Ltda. A Comercial Projeção Ltda. dedica-se à venda, no varejo,5
de um produto de grande aceitação no mercado de luxo. O produto, conhecido como6
Widget no exterior, é importado no atacado e embalado para venda final pela empresa.7
Devido às características do produto e do mercado a que se destina, a embalagem requer8
certos tratamentos complexos e, por essa razão, depende de equipamentos especiais,9
adquiridos pela Projeção, pelo valor de $ 100.000, há exatamente um ano, quando a10
empresa iniciou suas operações, em instalações adquiridas e especialmente preparadas pela11
empresa, mediante investimento também de $ 100.000.12
13
No quadro abaixo, poderemos entender melhor o “Caso 1”:14
15
16
QUADRO 1 – DEMONSTRATIVO CONTÁBIL17
FONTE: Hastings (2013, p. 80)18
9
1
Para Hastings (2013, p. 79):2
3
Tudo indica que a empresa é viável, como atestamos demonstrativos contábeis levantados4
ao fim de seu primeiro ano de atividades (20X1), reproduzidos adiante.5
Animados com o sucesso inicial, os proprietários da empresa pensam em ampliar suas6
atividades mediante a incorporação de uma nova unidade do equipamento que utilizam, que7
deverá exigir investimento adicional de $ 50.000. Entretanto, por serem cautelosos,8
imaginam introduzir essa nova unidade só depois de mais um ano de operação – no início9
de 20X3. As instalações (escritório, galpão industrial e galpão de estocagem) atualmente10
existentes foram propositalmente superdimensionadas para poderem acolher o novo11
equipamento sem qualquer investimento adicional.12
A pergunta básica que os proprietários se fazem é: se usarmos as Aplicações Financeiras13
disponíveis na época da compra do novo equipamento, quanto teria que ser financiado por14
empréstimo bancário? Obviamente, para poder responder à pergunta, será necessário15
projetar os Demonstrativos Financeiros para daqui a umano. Para tanto, é preciso conhecer16
a dinâmica das diversas contas – o que se segue às Demonstrações é umlevantamento das17
expectativas dos proprietários, para o próximo ano, acrescidas de algumas diretrizes18
adotadas neste primeiro ano de funcionamento.19
20
21
4.3. PROJEÇÃO DE DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS PARA DIVERSOS PERÍODOS22
23
Para Hastings (2013, p. 87):24
25
É claro que os mecanismos básicos utilizados para se efetuar projeções referentes a diversos26
períodos futuros são os mesmos que se adotam para projeções de um único período, mas27
podem surgir dificuldades adicionais que reclamarão tratamento cuidadoso.28
Dentre tais dificuldades, as mais comuns são a armadilha dos Custos Fixos (que, a rigor,29
pode se manifestar mesmo em projeções de um único período) e o Loop das30
Receitas/Despesas Financeiras.31
Assim, antes de empreender uma projeção para múltiplos períodos, convém explorar tais32
dificuldades, à procura de meios para enfrentá-las.33
34
Os custos fixos merecem uma atenção especial, conforme Hastings (2013, p. 87):35
36
Os custos fixos de um empreendimento referem-se a itens que não variam em proporção37
direta e imediata com a quantidade produzida – podem ser custos de supervisão, de38
equipamentos, de instalações ou de muitos outros fatores.39
Mas há uma ressalva: alguns desses itens nunca variam, qualquer que seja o volume de40
produção – o custo da Presidência da organização, por exemplo; já outros podem variar,41
mas a intervalos nas quantidades produzidas – o caso mais comum é o valor destinado a42
equipamentos.43
Imagine, por exemplo, uma empresa que usa determinada máquina no seu processo44
produtivo: é de se supor que a máquina em questão tenha um limite máximo de produção –45
se esse limite for ultrapassado, a empresa não terá alternativa, se quiser continuar a ampliar46
sua produção, que não a de adquirir mais uma máquina.47
Associando números ao exemplo: a máquina “X”, cujo valor de compra é de $ 60.000, tem48
capacidade máxima de produção de 6.000 unidades do produto “Y”; se o volume de49
produção ultrapassar esse limite, outra máquina terá que ser adquirida50
51
Segue outro caso, referente à diversos períodos, conforme Hastings (2013, p. 89):52
53
10
A Transformadora, cujos dados financeiros mais recentes são apresentados adiante, dedica-1
se à fabricação e venda de equipamentos elétricos de uso generalizado. Formada há três2
anos, a empresa logo conquistou boa imagem para seus produtos, considerados de boa3
qualidade e oferecidos a preços convidativos.4
Neste último ano, a Transformadora vendeu 8.000 unidades de seus produtos (quantidade já5
convertida para unidades equivalentes), e gostaria de poder aumentar essa quantidade em6
cerca de 10% ao ano para o futuro de médio prazo.7
Até agora, a Transformadora concorria com empresas congêneres locais, mas as facilidades8
recentemente introduzidas no país têm trazido novos concorrentes internacionais ao9
mercado local.10
Talvez por terem escalas de produção maior, esses novos concorrentes oferecem produtos11
semelhantes aos da Transformadora a preços ligeiramente menores (a Federação das12
Indústrias suspeita de dumping, mas é difícil de provar).13
14
Para Hastings (2013, p. 90):15
16
Em vista da nova situação de concorrência, os donos da Transformadora sentem a17
conveniência de planejarem seu futuro de médio prazo com mais cuidado do que no18
passado. Para tanto, pediram sua ajuda no sentido de estimar a evolução da empresa ao19
longo dos próximos cinco anos.20
21
22
A seguir, apresentam-se alguns demonstrativos financeiros, relacionados ao caso em23
questão:24
25
26
27
28
11
1
2
3
4
5
6
7
QUADRO 2 – DEMONSTRATIVO CONTÁBIL8
FONTE: Hastings (2013, p. 90)9
12
1
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS2
3
Verificamos no decorrer deste trabalho, a prudência recomendada antes de se empreender4
qualquer projeto de investimento de capital, onde se deve analisar sua viabilidade financeira. Para5
isso, a Administração pode se utilizar de diversos instrumentos de apoio à tomada de decisão, cada6
um com graus variados de complexidade. O grande atrativo dos modelos de simulação é a7
possibilidade de alteração de seus cenários, pode-se projetar os dados de entrada e avaliar seus8
impactos.9
Atualmente, está mais facilitada a condução dessas análises. Com a disseminação das10
planilhas eletrônicas, capazes de refazer um volume assustador de cálculos quase que11
instantaneamente.12
Portanto, o entendimento das principais técnicas e ferramentas, acaba sendo essencial para o13
sucesso de um projeto de investimento de capital. Todo o tempo e recurso utilizado nesta fase14
analítica e decisória deve fazer parte do planejamento. Desta forma perpetuando a solidez da15
empresa no seu mercado e gerando confiabilidade aos seus sócios.16
17
18
REFERÊNCIAS19
20
21
HASTINGS, David F.. Análise financeira de projetos de investimento de capital: São Paulo, SP:22
Saraiva, 2013.23
24

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Análise de viabilidade econômica em projetos de invesimentos

  • 1. Análise de viabilidade econômica em projetos de1 investimentos2 3 4 Fábio Marcelino Guilhon5 Professor – Luciano Fernandes6 Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI7 Gestão Financeira – Administração da Produção8 31/05/169 10 11 RESUMO12 13 O Objetivo do trabalho é descrever a metodologia utilizada para análise econômico-financeira, nas14 avaliações de projetos de investimento. Além dos aspectos conceituais que permeiam este tema,15 será enfatizado a questão do custo de capital e enfoque contábil como suporte a análise16 econômico-financeira.17 18 19 Palavras-chave: Análise. Projetos. Investimentos.20 21 22 1. INTRODUÇÃO23 24 A análise da viabilidade econômico-financeira de um projeto de investimento, refere-se a25 estimativa das perspectivas de desempenho financeiro do investimento atribuído, resultante deste26 projeto. Essa análise tem o objetivo de servir como base para a tomada de decisão e avaliação da27 viabilidade econômico-financeira do projeto. É realizada com os dados disponíveis na fase que28 anterior ao seu desenvolvimento. Serve para balizar com uma estimativa dos níveis investimentos,29 associados ao preço final do produto, demonstrando a viabilidade econômica do mesmo.30 Essa análise impacta na tomada de decisão de investir ou não no projeto. Depois de tomar31 essa decisão inicial, pode-se ao longo do processo, partir para novas decisões na medida que um32 projeto segue no seu desenvolvimento. Embora exista a necessidade de uma revisão periódica do33 projeto em andamento, a análise de viabilidade econômico-financeira utilizando os seus conceitos e34 ferramentas, dará a sustentação para tomada de decisão inicial.35 Portanto, a avaliação de viabilidade econômica deve apoiar a priorização e a seleção de36 projetos de investimento e também o seu controle ao longo do processo. Para isso, são empregados37 os mais diversos métodos para simulações e cálculos de probabilidades e risco, até metodologias38 mais complexas.39 40 41
  • 2. 2 2. ANÁLISE DE INVESTIMENTOS DE CAPITAL1 2.1. ASPECTOS CONCEITUAIS2 3 Para Hastings (2013, p. 30):4 5 Ao empreender uma Análise Financeira de Projetos de Investimento de Capital, convém6 lembrar que análises desse tipo, na maioria das vezes, têm como base valores de origem7 Contábil, mas, dada a natureza da análise pretendida, esses dados deverão ser ajustados8 para a visão Financeira. A principal diferença entre a visão da Contabilidade e a de9 Finanças é que a Contabilidade segue o “Regime da Competência”, em que os valores em10 jogo são reconhecidos no período a que se referem, ao passo que, emFinanças, segue-se o11 “Regime de Caixa”, em que os valores em questão são reconhecidos no momento em que12 efetivamente entram ou saem do Caixa. No passado não muito distante, análises desse tipo13 só eram conduzidas em casos muito especiais – geralmente quando os valores envolvidos14 eram muito grandes (a carga de trabalho exigida para o cálculo de “cenários” variados15 normalmente era gigantesca), mas, com a popularização das planilhas eletrônicas (o Excel,16 por exemplo), a “calculeira” deixou de ser problema – as planilhas refazem tudo quase que17 instantaneamente, liberando o analista para as tarefas de análise, que são (ou deveriamser)18 seu ofício. Naturalmente, para usar esses instrumentos – as planilhas eletrônicas – o analista19 deve conhecer seus potenciais e suas limitações20 21 Para Hastings (2013, p. 30):22 23 Em resumo, pode-se conceituar investimento como uma alocação de valores (direta ou24 indiretamente expressáveis em termos monetários), em determinado período de tempo, com25 o objetivo de (atrair e) agregar valores (monetários) em período(s) subsequente(s). Talvez26 seja relevante salientar a importância de os valores (tanto os alocados inicialmente quanto27 os agregados no futuro) poderem ser representados em termos monetários: se essa28 representação não fosse possível, seria muito difícil poder analisar a empreitada de maneira29 objetiva. Falta apenas um último detalhe: o que distingue um investimento de capital de30 outro qualquer? A chave da resposta está em como o investidor pretende promover a31 agregação de valor. Se o papel do investidor for apenas passivo – uma vez feita a alocação32 de recursos cabe apenas esperar que os ganhos se apresentem – entende-se que o33 investimento é financeiro, ou especulativo; se, ao contrário, o papel do investidor for ativo34 – a geração dos ganhos exige esforço continuado –, ter-se-á um caso de Investimento de35 Capital. Assim, pode-se derivar dessas características o seguinte conceito: um36 “Investimento de Capital” é uma alocação de valores monetários, em determinado período37 de tempo, com o objetivo de (atrair e) agregar valores monetários em período(s)38 subsequentes, através da exploração dos recursos adquiridos pelo investimento emquestão.39 40 Para Hastings (2013, p. 31):41 42 O termo investimento, segundo Sandroni1, indica ‘aplicação de recursos (dinheiro ou43 títulos) em empreendimentos que renderão juros ou lucros, em geral a longo prazo’.44 Embora o significado do termo seja bem conhecido de qualquer adulto que viva em45 sociedade organizada, não custa realçar algumas de suas características e evidenciar o46 sentido comque a palavra é empregada no presente contexto.47 Em primeiro lugar, talvez convenha esclarecer que, a rigor, os recursos a seremaplicados às48 vezes podem não se apresentar imediatamente como dinheiro ou títulos, embora geralmente49 possam ser representados como tal. O tempo gasto no planejamento de um50 empreendimento, por exemplo, pode ser visto como parte do investimento, embora possa51 não ser expresso, inicialmente, por uma cifra monetária – mas é claro que esse tempo,52 multiplicado pelos salários das pessoas envolvidas, resulta em valor monetário53 correspondente. Assim, ainda que a característica monetária inerente a um investimento54 possa não se manifestar de imediato, sempre deve ser possível converter os recursos55
  • 3. 3 alocados ao empreendimento para unidades monetárias – confirmando a definição dada1 anteriormente –, até sob pena de inviabilizar seu tratamento objetivo.2 3 Para Hastings (2013, p. 31):4 5 Em segundo lugar – seguindo a ordemdos temas contidos na definição –, uminvestimento,6 no presente contexto, caracteriza-se por focalizar empreendimentos identificáveis e7 delimitáveis: criar uma empresa, ampliar a capacidade produtiva; atualizar a tecnologia8 empregada seriam alguns exemplos. A alocação de recursos visando recuperar um9 monumento é, a rigor, um investimento, mas por não permitir a mensuração de seus efeitos,10 em termos objetivos, não cabe no presente contexto. Depois, vema característica de render11 juros ou lucros. É de se supor que, quando uma organização empresarial – cuja motivação12 principal é, de modo geral, o ganho – considera um investimento, deve ter como objetivo,13 justamente, agregar valor, geralmente expresso sob a forma de juros ou de lucros.14 15 2.2. SAÍDA DE RECURSOS: INVESTIMENTO VERSUS DESPESA?16 17 Para Hastings (2013, p. 32):18 19 De um modo geral, as organizações admitem saídas de recursos emduas situações básicas:20 a) Como contrapartida pela contratação de recursos humanos, materiais, tecnológicos etc.21 para o giro periódico de suas atividades. Neste caso, tais saídas são reconhecidas como22 Despesas (ou Custos) no período a que se referem e caracterizam-se por ocorrerem23 ciclicamente de acordo com o prazo usual de giro produtivo da organização, e b) Como24 contrapartida pela contratação de recursos humanos, materiais, tecnológicos etc. para a25 instalação ou ampliação de suas atividades. Neste caso, as saídas são reconhecidas como26 Investimentos no período em que ocorrem e caracterizam-se por se referirem a vários ciclos27 do giro produtivo. Para fixar ideias, considerem-se os seguintes exemplos ilustrativos: a)28 Despesas (ou Custos): Pagamento a funcionários; compra de matéria-prima; pagamento de29 contas de consumo (água, energia etc.); compra de material de consumo (papel,30 combustíveis etc.); pagamento periódico pelo direito de uso (linhas telefônicas, aluguel de31 softwares etc.). b) Investimentos: Aquisição de equipamentos; aquisição de imóveis e32 instalações; campanhas de recrutamento, seleção e treinamento de funcionários; aquisição33 definitiva de direito de uso (marcas, softwares etc.). Isto permite inferir um segundo34 conceito: ‘Um Investimento pressupõe a geração de benefícios durante vários períodos de35 giro da organização’.36 37 38 2.3. POR QUE INVESTIR?39 40 Para Hastings (2013, p. 34):41 42 Dado que um Investimento sempre implica saída de valor, e tendo em vista que as43 organizações, como regra geral, dedicam-se (entre outras coisas) à acumulação de valor,44 poder-se-ia entender, à primeira vista, que a própria ideia de se fazer um Investimento se45 opõe frontalmente a um objetivo fundamental da organização. Se isso fosse verdade, é46 provável que nenhuma organização empreenderia investimento algum.47 Mas é óbvio que essa inferência não é verdadeira – se fosse, simplesmente não existiria48 organização empresarial alguma, por absoluta falta de investimento. Segue, portanto, que a49 ideia de um Investimento não pode se opor ao objetivo citado das organizações. Essa50 demonstração (até certo ponto, por absurdo) leva a um quarto conceito: Um Investimento51 só poderá ser contemplado se prometer ganhos maiores do que o próprio Investimento.52
  • 4. 4 1 2.4. PARA QUEM VÃO OS GANHOS?2 3 Para Hastings (2013, p. 34):4 5 No contexto da gestão financeira das organizações, é usual pensar que os ganhos gerados6 pelas atividades a que se dedicam devem reverter em benefício das próprias organizações7 ou, quando muito, em benefício de seus proprietários (acionistas, cotistas etc.).8 Embora esse princípio seja verdadeiro (do contrário, os proprietários desistiriam da9 empreitada), ele não representa toda a verdade: as organizações tendem a desaparecer por10 entropia se qualquer das partes interessadas em sua existência sentir que está sendo11 inadequadamente recompensada.12 Embora essa declaração possa parecer um tanto bombástica, ela tende a ser verdadeira. A13 organização perderia sua razão de ser se: ▶ Seus proprietários percebessem que obteriam14 ganhos maiores em outras empreitadas; ▶ Seus dirigentes e/ou seus funcionários sentissem15 que poderiam obter melhores condições de trabalho em outra organização; ▶ Seus16 fornecedores detectassem oferta de condições mais favoráveis emoutros empreendimentos;17 ▶ Seus clientes tomassem conhecimento de produtos ou serviços com melhor relação18 custo/benefício em outra fonte, e ▶ A sociedade em que se insere a organização19 identificasse possibilidades melhores (geração de empregos, despoluição do ambiente etc.)20 em outras organizações.21 22 23 Para Hastings (2013, p. 34):24 25 Naturalmente, todos esses interesses têm que ser suportados pelos ganhos originados na26 organização como um todo (e portanto, em princípio, em cada um dos seus esforços).27 Essas considerações levam à identificação de um quinto conceito: O resultado final de um28 Investimento deve trazer contribuição positiva para todos os interessados na organização –29 seus proprietários, seus dirigentes, seus funcionários, seus fornecedores, seus clientes e a30 sociedade de que faz parte.31 A combinação dos conceitos apresentados em cada um dos tópicos acima leva a uma32 caracterização que pode ser muito útil como referencial em esforços de Análises de33 Investimentos de Capital: Um Investimento de Capital caracteriza-se como uma saída de34 valor significativo, destinada à instalação ou ampliação de capacidade produtiva, que35 produzirá entradas de valor maiores do que a saída original, ao longo de vários períodos36 futuros, e em benefício de todas as partes interessadas.37 38 39 3. DETERMINAÇÃO E USO DO CUSTO DE CAPITAL40 3.1. PONDERAÇÕES QUANTO À FONTE DO CAPITAL41 42 Para Hastings (2013, p. 42):43 44 Ao contemplar uma (ou mais) hipótese(s) de investimento de capital, é evidente que alguma45 consideração quanto às fontes (alternativas e/ou complementares) de recursos será pré-46 requisito fundamental: De onde vem o capital a ser investido? Quanto custa? No mínimo,47 essa investigação será necessária para avaliar a viabilidade das fontes pretendidas e, à luz48 de seu(s) custo(s), estimar a contribuição do investimento pretendido para o esforço de49 geração de riqueza do investidor50
  • 5. 5 1 Para Hastings (2013, p. 42):2 3 De maneira muito resumida, quando uma organização considera hipótese(s) de4 investimento, sujeita-se a duas situações extremas no que diz respeito à disponibilidade dos5 fundos: a) Dispõe do valor necessário – nesse caso, é de se supor que o valor emquestão6 está aplicado em investimento especulativo e, portanto, terá que ser resgatado para7 aplicação no(s) projeto(s) considerado(s), resultando na perda dos juros sobre a aplicação8 especulativa, ou b) Não dispõe do valor necessário – nesse caso, terá que recorrer a9 empréstimo para completar o valor, acarretando a necessidade de pagar juros sobre o10 montante tomado11 12 13 3.2. ANALISANDO UM CASO REAL14 15 Para Hastings (2013, p. 42):16 17 Conta-se que determinada empresa multinacional de laticínios, que mantinha uma fábrica18 nas proximidades de certa vila interiorana, resolveu encerrar as atividades dessa sua fábrica19 devido aos persistentes prejuízos que apresentava. A ideia era liquidar a fábrica, vendendo20 suas instalações e equipamentos pelo valor que o mercado oferecesse, substituindo-a em21 sua rede internacional por uma unidade a ser erguida em outro país.22 A decisão, embora normal e corriqueira entre grandes empresas, teria efeitos dramáticos23 sobre os habitantes da vila – praticamente todos os que viviam ali dependiam direta ou24 indiretamente da fábrica em questão: eram funcionários da fábrica, fornecedores de leite ou25 prestadores de serviços exigidos pela fábrica e seus funcionários, bem como os familiares26 de todos esses. A consequência do fechamento da fábrica poderia levar à morte da vila!27 Reunidos por iniciativa do Prefeito, os moradores da vila decidiram juntar suas economias,28 combinando-as com recursos acumulados pela Prefeitura, para comprar a fábrica, passando29 a administrá-la, em regime cooperativo, em benefício da coletividade, mesmo que isso30 obrigasse a Prefeitura a cobrar impostos adicionais para cobrir as perdas ocasionadas pela31 operação continuada – afinal, o aumento previsto nos impostos municipais representaria32 preço perfeitamente aceitável para a sobrevivência e salvaguarda da vila.33 34 Para Hastings (2013, p. 43):35 36 Informada da decisão da população, a empresa demonstrou grande satisfação,dispondo-se a37 ajudar a coletividade na transição e nas fases iniciais da nova administração da fábrica.38 Passado algum tempo, uma grande surpresa: a fábrica demonstrava ser francamente39 lucrativa! As receitas geradas não só cobriam todos os custos incorridos, como também40 possibilitavam a redução dos impostos municipais.41 42 Para Hastings (2013, p. 43):43 44 Inicialmente, a atitude de todos (os novos administradores da fábrica, os executivos da45 multinacional e os habitantes da vila) foi de perplexidade: como poderiam os novos46 administradores obter sucesso onde os peritos da megaempresa haviamfalhado?47 Depois, alguém percebeu a chave do sucesso: para a empresa que desistira da fábrica, o48 valor nela investido poderia produzir resultados financeiros muito melhores se investido em49 outro lugar e, portanto, se não empreendesse a mudança, estaria renunciando a boas50 oportunidades de ganho. Já para os habitantes da vila, a hipótese de deslocamento era51 impraticável e, consequentemente, a manutenção da fábrica era questão de vida ou morte da52 própria vila.53
  • 6. 6 Ou, em outras palavras: para a grande empresa, o Custo de Capital tinha umcomponente de1 “Oportunidade”, representado pela diferença entre o “pouco” que ganhava coma fábrica na2 sua localização original e o “muito” que ganharia com a fábrica em outra localização. Já3 para a coletividade da vila, esse componente não existia – mesmo que a fábrica desse4 prejuízo, desde que moderado, a empreitada valeria a pena.5 6 7 3.3. FONTES DE RECURSOS E SUAS CARACTERÍSTICAS8 9 Para Hastings (2013, p. 43): “Normalmente, as empresas podem contar com 5 formas10 distintas (básicas) de fontes de recursos financeiros para viabilizar suas operações e seus11 investimentos: ”12 13 Temos o “Float gratuito de capitais de terceiros, que conforme Hastings (2013, p. 43):14 15 [...] é o caso de Contas a Pagar (e.g. Água, Energia, Telefonia etc.), ou de Salários a Pagar.16 Esse tipo de fonte é muito facilmente acessado (geralmente, seu uso é automático e17 presumido), mas normalmente os valores envolvidos são pequenos e/ou seus prazos são18 muito exíguos (questão de dias, na maioria dos casos). Na medida emque esse tipo de fonte19 for considerado relevante, convém dar tratamento que converta os valores envolvidos a seus20 equivalentes em termos de Saldo Médio Mensal (SMM).2 Por exemplo, se o valor de21 Contas a Pagar apresentado ao final de um período qualquer for de $ 10.000,00, com22 vencimento para o dia 10 do período seguinte, seu equivalente emtermos de SMM seria de23 $ 3.333,00 (= $ 10.000,00 / 30 × 10).24 25 Temos o “Float oneroso de capitais de terceiros, que conforme Hastings (2013, p. 44):26 27 [...] o caso típico desta fonte é o de Fornecedores a Pagar, que ocasionalmente pode ser28 gratuita (nesse caso se incluiria na categoria anterior). Na maioria dos casos, contudo, esse29 tipo de fonte envolve um desconto para pagamento à vista, cancelado se o pagamento for30 feito até determinada data futura; assim, o uso desta fonte de recursos, nessa situação,31 implica um custo correspondente à renúncia ao desconto. Esta fonte também é facilmente32 acessada e pode envolver valores consideráveis, mas seus prazos normalmente são33 excessivamente curtos para fazer frente a projetos de investimento (presume-se que sejam34 adequados ao financiamento do giro da empresa).35 36 Temos o “Empréstimo e/ou Financiamentos”, que conforme Hastings (2013, p. 44):37 38 [...] especialidade das instituições financeiras, esta fonte de recursos requer rating de39 crédito aceitável e sujeita-se a juros balizados pelo mercado (a menos que se obtenha40 crédito de órgão governamental de fomento a taxas favorecidas ou subsidiadas). Para41 organizações que não apresentem “deméritos”, o acesso a esse tipo de fonte não é difícil e42 seus prazos podem ser bastante longos. Saliente-se que o pagamento dos juros constitui43 despesa legítima da organização e, consequentemente, tem efeito redutor sobre o Imposto44 de Renda devido.45 46 Temos o “Capital Próprio”, que conforme Hastings (2013, p. 44):47 48 49
  • 7. 7 [...] representa os valores investidos pelos “donos” na própria organização. É evidente que1 os “donos” só investem seus valores na medida em que acreditarem que seu2 empreendimento gerará mais valor, ao longo do tempo, do que qualquer outra opção de3 investimento com grau de segurança comparável (presume-se, é claro, que os “donos” – ou4 seus prepostos – sejam competentes na condução de seu empreendimento, assim5 assegurando elevado grau de segurança para si mesmos). Assim, os retornos gerados pela6 organização devem sempre ser suficientes para cobrir os custos incorridos e, ainda,7 assegurar ganhos superiores a qualquer outra hipótese de aplicação (do contrário, se optaria8 por aplicar os recursos disponíveis em uma “outra hipótese” que fosse mais atraente). Em9 suma, o Capital Próprio (salvo em situações muito especiais) sempre tende a ser a fonte10 mais cara de fundos.11 12 E por último, temos os “Lucros Retidos”, que conforme Hastings (2013, p. 45):13 14 ▶ Lucros Retidos – enquanto os ganhos gerados emperíodos já encerrados permanecerem,15 sob a forma de Não Distribuídos, constituirão, em tese, fonte gratuita de recursos. Seu16 prazo de permanência, contudo, depende da “boa vontade” dos “donos”, uma vez que sua17 não distribuição compromete o nível de retorno sobre o Capital Próprio. Na prática,18 normalmente atribui-se aos Lucros Retidos (mesmo que Não Distribuídos) custo19 equiparado ao do Capital Próprio.20 21 Conforme Hastings (2013, p. 45):22 23 Sob outro ângulo, também é preciso levar em conta a origem dos recursos no que se refere24 a fontes nacionais ou estrangeiras. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma taxa de retorno25 de 4% ao ano, acima da taxa referencial, pode ser considerada aceitável. Assim, admitindo26 que a taxa referencial naquele país seja de 1,5% ao ano, um investidor norte-americano27 poderia se dar por satisfeito com uma taxa de retorno sobre seu investimento da ordem de28 5,5% ao ano. Mas é claro que, se o investimento se refere a umprojeto que gerará fluxos de29 caixa em Reais, por exemplo, o retorno esperado deverá satisfazer à taxa esperada depois30 de convertidos os fluxos de caixa de Reais para Dólares. Portanto, se a desvalorização do31 Real diante do Dólar for da ordem de 20% ao ano, o retorno deverá atingir algo emtorno de32 25,5% ao ano, em Reais.33 34 35 4. PROJEÇÃO DOS DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS36 4.1. OBJETIVOS DA PROJEÇÃO CONTÁBIL37 38 Para Hastings (2013, p. 79):39 40 Um dos objetivos mais comuns para se montar um modelo de simulação é o de projetar,41 para o futuro, Demonstrativos Contábeis – o Balanço Patrimonial e a Demonstração de42 Resultados.43 À primeira vista, isso pode parecer uma tarefa de extrema simplicidade – basta verificar a44 taxa de crescimento (que, em tese, pode ser positiva, negativa ou nula) de cada item dos45 demonstrativos e aplicá-la aos correspondentes itens.46 Mas, na hora de fazer um exercício desse tipo, começam a surgir dificuldades inesperadas,47 mesmo que a projeção desejada refira-se a um único período futuro, a principal das quais48 tem origem no fato – fundamental na Contabilidade – de que os dois lados do Balanço49 (Ativos e Passivos & Patrimônio Líquido) têm que ser iguais, e que se complica mais ainda50 com o fato – igualmente fundamental – de que o Resultado do período considerado faz51 parte do lado Passivo do Balanço.52 53
  • 8. 8 4.2. PROJEÇÃO DE DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS PARA PERÍODO ÚNICO1 2 Apresentamos o “Caso 1”, para um melhor entendimento, conforme Hastings (2013, p. 79):3 4 Caso 1: Comercial Projeção Ltda. A Comercial Projeção Ltda. dedica-se à venda, no varejo,5 de um produto de grande aceitação no mercado de luxo. O produto, conhecido como6 Widget no exterior, é importado no atacado e embalado para venda final pela empresa.7 Devido às características do produto e do mercado a que se destina, a embalagem requer8 certos tratamentos complexos e, por essa razão, depende de equipamentos especiais,9 adquiridos pela Projeção, pelo valor de $ 100.000, há exatamente um ano, quando a10 empresa iniciou suas operações, em instalações adquiridas e especialmente preparadas pela11 empresa, mediante investimento também de $ 100.000.12 13 No quadro abaixo, poderemos entender melhor o “Caso 1”:14 15 16 QUADRO 1 – DEMONSTRATIVO CONTÁBIL17 FONTE: Hastings (2013, p. 80)18
  • 9. 9 1 Para Hastings (2013, p. 79):2 3 Tudo indica que a empresa é viável, como atestamos demonstrativos contábeis levantados4 ao fim de seu primeiro ano de atividades (20X1), reproduzidos adiante.5 Animados com o sucesso inicial, os proprietários da empresa pensam em ampliar suas6 atividades mediante a incorporação de uma nova unidade do equipamento que utilizam, que7 deverá exigir investimento adicional de $ 50.000. Entretanto, por serem cautelosos,8 imaginam introduzir essa nova unidade só depois de mais um ano de operação – no início9 de 20X3. As instalações (escritório, galpão industrial e galpão de estocagem) atualmente10 existentes foram propositalmente superdimensionadas para poderem acolher o novo11 equipamento sem qualquer investimento adicional.12 A pergunta básica que os proprietários se fazem é: se usarmos as Aplicações Financeiras13 disponíveis na época da compra do novo equipamento, quanto teria que ser financiado por14 empréstimo bancário? Obviamente, para poder responder à pergunta, será necessário15 projetar os Demonstrativos Financeiros para daqui a umano. Para tanto, é preciso conhecer16 a dinâmica das diversas contas – o que se segue às Demonstrações é umlevantamento das17 expectativas dos proprietários, para o próximo ano, acrescidas de algumas diretrizes18 adotadas neste primeiro ano de funcionamento.19 20 21 4.3. PROJEÇÃO DE DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS PARA DIVERSOS PERÍODOS22 23 Para Hastings (2013, p. 87):24 25 É claro que os mecanismos básicos utilizados para se efetuar projeções referentes a diversos26 períodos futuros são os mesmos que se adotam para projeções de um único período, mas27 podem surgir dificuldades adicionais que reclamarão tratamento cuidadoso.28 Dentre tais dificuldades, as mais comuns são a armadilha dos Custos Fixos (que, a rigor,29 pode se manifestar mesmo em projeções de um único período) e o Loop das30 Receitas/Despesas Financeiras.31 Assim, antes de empreender uma projeção para múltiplos períodos, convém explorar tais32 dificuldades, à procura de meios para enfrentá-las.33 34 Os custos fixos merecem uma atenção especial, conforme Hastings (2013, p. 87):35 36 Os custos fixos de um empreendimento referem-se a itens que não variam em proporção37 direta e imediata com a quantidade produzida – podem ser custos de supervisão, de38 equipamentos, de instalações ou de muitos outros fatores.39 Mas há uma ressalva: alguns desses itens nunca variam, qualquer que seja o volume de40 produção – o custo da Presidência da organização, por exemplo; já outros podem variar,41 mas a intervalos nas quantidades produzidas – o caso mais comum é o valor destinado a42 equipamentos.43 Imagine, por exemplo, uma empresa que usa determinada máquina no seu processo44 produtivo: é de se supor que a máquina em questão tenha um limite máximo de produção –45 se esse limite for ultrapassado, a empresa não terá alternativa, se quiser continuar a ampliar46 sua produção, que não a de adquirir mais uma máquina.47 Associando números ao exemplo: a máquina “X”, cujo valor de compra é de $ 60.000, tem48 capacidade máxima de produção de 6.000 unidades do produto “Y”; se o volume de49 produção ultrapassar esse limite, outra máquina terá que ser adquirida50 51 Segue outro caso, referente à diversos períodos, conforme Hastings (2013, p. 89):52 53
  • 10. 10 A Transformadora, cujos dados financeiros mais recentes são apresentados adiante, dedica-1 se à fabricação e venda de equipamentos elétricos de uso generalizado. Formada há três2 anos, a empresa logo conquistou boa imagem para seus produtos, considerados de boa3 qualidade e oferecidos a preços convidativos.4 Neste último ano, a Transformadora vendeu 8.000 unidades de seus produtos (quantidade já5 convertida para unidades equivalentes), e gostaria de poder aumentar essa quantidade em6 cerca de 10% ao ano para o futuro de médio prazo.7 Até agora, a Transformadora concorria com empresas congêneres locais, mas as facilidades8 recentemente introduzidas no país têm trazido novos concorrentes internacionais ao9 mercado local.10 Talvez por terem escalas de produção maior, esses novos concorrentes oferecem produtos11 semelhantes aos da Transformadora a preços ligeiramente menores (a Federação das12 Indústrias suspeita de dumping, mas é difícil de provar).13 14 Para Hastings (2013, p. 90):15 16 Em vista da nova situação de concorrência, os donos da Transformadora sentem a17 conveniência de planejarem seu futuro de médio prazo com mais cuidado do que no18 passado. Para tanto, pediram sua ajuda no sentido de estimar a evolução da empresa ao19 longo dos próximos cinco anos.20 21 22 A seguir, apresentam-se alguns demonstrativos financeiros, relacionados ao caso em23 questão:24 25 26 27 28
  • 11. 11 1 2 3 4 5 6 7 QUADRO 2 – DEMONSTRATIVO CONTÁBIL8 FONTE: Hastings (2013, p. 90)9
  • 12. 12 1 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS2 3 Verificamos no decorrer deste trabalho, a prudência recomendada antes de se empreender4 qualquer projeto de investimento de capital, onde se deve analisar sua viabilidade financeira. Para5 isso, a Administração pode se utilizar de diversos instrumentos de apoio à tomada de decisão, cada6 um com graus variados de complexidade. O grande atrativo dos modelos de simulação é a7 possibilidade de alteração de seus cenários, pode-se projetar os dados de entrada e avaliar seus8 impactos.9 Atualmente, está mais facilitada a condução dessas análises. Com a disseminação das10 planilhas eletrônicas, capazes de refazer um volume assustador de cálculos quase que11 instantaneamente.12 Portanto, o entendimento das principais técnicas e ferramentas, acaba sendo essencial para o13 sucesso de um projeto de investimento de capital. Todo o tempo e recurso utilizado nesta fase14 analítica e decisória deve fazer parte do planejamento. Desta forma perpetuando a solidez da15 empresa no seu mercado e gerando confiabilidade aos seus sócios.16 17 18 REFERÊNCIAS19 20 21 HASTINGS, David F.. Análise financeira de projetos de investimento de capital: São Paulo, SP:22 Saraiva, 2013.23 24