O documento discute estratégias de inclusão de uma aluna cega chamada Paula na escola, como: fornecer descrições verbais do conteúdo escrito na lousa, organizar o espaço da sala de aula para facilitar sua locomoção, utilizar recursos adaptados como impressão em Braille. Também aborda a importância de conscientizar todos os professores e funcionários sobre como auxiliar alunos com deficiência visual.
2. Paula tem 10 anos e está começando o 5º
ano, sua deficiência é uma cegueira total
que teve como causa a retinopatia da
prematuridade, adquirida pela exposição
ao uso de oxigênio na incubadora, já que
Paula nasceu prematura e precisou ficar
alguns dias recebendo tratamento
específico na maternidade.
3. É uma menina muito esperta e inteligente, tem
uma família estruturada que apesar das
dificuldades financeiras não mede esforço para a
superação da sua deficiência visual. Sempre
estudou numa escolinha particular próximo da
sua casa, mas agora vai estudar numa escola
pública estadual um pouco mais distante e
bem maior que sua escola anterior..
4.
5. É imprescindível que os cursos de formação de
professores contemplem disciplinas e cursos
de extensão que orientem e coloquem no
mercado, profissionais aptos para lidar com a
demanda da escola inclusiva.
6. A proposta de inclusão traz uma consciência atual das
relações individuais. A aceitação das diferenças e do
tempo de cada um, tem como consequência o respeito
que faz com que o trabalho flua de forma tranquila e
produtiva, com reverência às distintas realidades.
Contudo, convêm algumas atitudes por parte do
professor para amenizar as dificuldades
individuais.
7. Ao lidar com o aluno cego é necessário organização,
disponibilidade de materiais e atenção especial como:
• Analisar o comportamento do aluno, durante a
realização de atividades em sala de aula.
• Avisar sempre que for se ausentar da sala;
• Tudo que for escrito em lousa, ser descrito também
de forma verbal de modo que o sujeito deficiente
também possa compreender sobre o que está sendo
estudado;
8. • Possibilitar o conhecimento e o reconhecimento do
espaço físico e da disposição do mobiliário
explorando o espaço concreto da sala de aula e do
trajeto rotineiro dos alunos: entrada da escola, pátio,
cantina, banheiros, biblioteca, secretaria, sala dos
professores e da diretoria, escadas, obstáculos.
• O professor deve estar atento
para que as portas estejam
sempre abertas para facilitar a
movimentação do aluno com
cegueira para evitar acidentes
10. Os professores precisam ter ciência do histórico social do
aluno, manter contato com os pais e familiares próximos,
além de ter oportunidade de acesso aos profissionais de
saúde da criança, para que, dessa interação surja parcerias
que funcionem positivamente no contexto escolar gerando
soluções metodológicas que viabilize um bom atendimento
pedagógico.
A questão relacionada à socialização também é muito
importante. O diferente e o novo costumam provocar
estranheza, por isso convém que o professor crie
estratégias adequadas de aproximação mudando atitudes
e posturas indesejadas
11. “Nesta vida temos três momentos
importantes: o „Momento Feliz‟, o
„Momento Triste‟ e o „Momento Difícil‟.
O „Momento Feliz‟ mostra o que não
precisamos mudar.
O „Momento Triste‟ mostra o que
precisamos mudar.
O „Momento Difícil‟ mostra que somos
capazes de superar.”
12.
13. Num primeiro momento, a atitude do profissional
que irá relacionar-se com Paula, deve ser de um
educador que tenha a concepção de que o aluno é
um ser capaz, apenas com limitações, como qualquer
ser humano.
Independente da idade do aluno com
cegueira que deseja entrar no sistema
regular de ensino, o professor precisará
observá-lo para identificar seu estilo de
aprendizagem e forma de apreender o
conhecimento, para assim desenvolver
as atividades diversificadas.
14. Como a falta de informação visual restringe o
conhecimento em relação ao ambiente, é necessário
incentivar nessas crianças o comportamento
exploratório, a observação e a experimentação para
que elas possam ter uma percepção mais ampla do
que acontece a sua volta.
Elas precisam manipular e explorar os
objetos para conhecer suas
características, fazer uma análise
detalhada das partes e tirar conclusões.
15. Mas a falta da visão não interfere
na capacidade intelectual e
cognitiva das crianças cegas. Elas
têm o mesmo potencial de
aprendizagem ao dos alunos que
enxergam, mas isso se tiverem as
condições e recursos adequados.
No entanto, elas podem ser mais lentas na realização de
algumas atividades, pois a percepção tátil demanda mais
tempo para ser analisada e compreendida do que a
visual.
16. Os deficientes visuais têm a mesma vontade de
aprender que as outras crianças, a mesma curiosidade
e as mesmas necessidades de carinho, proteção,
recreação e convívio social para se desenvolverem de
forma harmoniosa intelectual e emocionalmente.
É importante também
que na relação com eles
se evite a fragilização e
superproteção, e que se
combata as atitudes
discriminatórias.
17. É importante também que na relação com
eles se evite a fragilização e superproteção, e
que se combata as atitudes discriminatórias.
Assista a esses vídeos:
• ESCOLA INCLUSIVA
• METÓDO DE ENSINO AJUDA
DEFICIENTES VISUAIS NAS
AULAS DE FÍSICA
18.
19. Uma das primeiras responsabilidades da Escola, para
garantir o acesso de Paula e outros deficientes ao
conhecimento, é promover os ajustes na utilização
do espaço. Eles podem ser importantes para permitir
que alunos possam se deslocar sem maiores riscos
pela sala de aula para buscar material no armário,
para interagir com o professor ou para se reunir a
colegas para trabalho em grupo.
20. • Posicionar o aluno de forma a favorecer sua possibilidade de
ouvir o professor;
• Dispor o mobiliário da sala de forma a facilitar a locomoção
e o deslocamento do aluno, e evitar acidentes, quando este
precisar obter materiais ou informações do professor;
• Dar explicações verbais sobre todo o material abordado em
sala de aula de maneira visual; ler, por exemplo, o conteúdo
que escreve na lousa;
21. • Oferecer suporte físico, verbal e instrucional para a
locomoção do aluno, no que se refere à orientação
espacial e à mobilidade;
• Utilizar os recursos e materiais adaptados disponíveis:
pranchas, presilhas para evitar o deslizamento do papel
na carteira, lupa, material didático de tipo ampliado,
livro falado, equipamento de informática, materiais
desportivos como bola de guizo, etc.
Assista a esse vídeo:
•INCLUSÃO ALUNO COM DEFICIÊNCIA
VISUAL
22.
23. Há uma imensa quantidade de dispositivos
tecnológicos que podem ser usados para auxiliar um
deficiente visual e no processo escolar. Os
dispositivos mais usados incluem:
• Computadores
• Sintetizadores de voz como o DOSVOX
• Linhas Braille
• Impressoras Braille
24. • Impressão aumentada gerada por software
• Gravação de textos com indexação e sincronismo
• Recursos não ópticos (material dourado Montessoriano)
• Livros falados
• Sistema Daisy
Assista:
CEGUEIRA E TECNOLOGIA
25.
26. Alunos com deficiência visual não precisa de um
currículo diferente dos demais, e sim de adaptações e
complementações curriculares, tais como adequação
de recursos específicos, tempo, espaço, modificações
do meio, procedimentos metodológicos e didáticos.
27. Esses alunos na maioria dos casos são lentos na
realização de algumas atividades, pois a dimensão
analítica da percepção tátil demanda mais tempo. Os
alunos precisam manipular e explorar o objeto para
conhecer suas características e fazer uma análise
detalhada das partes para tirar conclusões. Essa
diferença básica é importante porque influi na
elaboração de conceitos e interiorização do
conhecimento.
28. A educação para a inclusão pede uma mudança de
concepção do ato de ensinar. O ensino focado apenas
na repetição de conceitos é ruim para qualquer
estudante, com deficiência ou sem. A diversificação
das técnicas é boa para todos. Aquele professor que
pensa só em imagens para traduzir os conceitos, não
penaliza apenas quem é cego, mas também quem
senta no fundo da sala ou quem tem mais facilidade
em compreender verbalmente.
29. Os esquemas, símbolos e diagramas presentes nas
diversas disciplinas devem ser descritos oralmente. Os
desenhos, os gráficos e as ilustrações devem ser
adaptados e representados em relevo. O ensino de língua
estrangeira deve priorizar a conversação em detrimento
de recursos didáticos visuais, que devem ser explicados
verbalmente. Experimentos de ciências devem remeter ao
conhecimento por meio de outros canais de coleta de
informações.
No ensino de matemática, podem ser usados o
soroban, sólidos geométricos, material dourado
montessoriano e multiplano.
30. O Soroban é um instrumento milenar utilizado para
trabalhar cálculos e operações matemáticas que
também pode ser usado por alunos videntes. Pode-se
experimentar um soroban virtual baixando o programa
no site http://www.sorobanbrasil.com.br.
31. A utilização do material dourado ajuda na compreensão do Sistema
de Numeração Decimal posicional no qual está baseada a escrita
numérica tanto aqui no Brasil quanto na maioria dos demais países
do mundo, além de auxiliar na aprendizagem dos métodos para
efetuar operações fundamentais (algoritmos).
No ensino tradicional, as crianças
acabam "dominando" os algoritmos a
partir de treinos cansativos, mas sem
conseguirem compreender o que
fazem. Com o Material Dourado a
situação é outra: as relações
numéricas abstratas passam a ter uma
imagem concreta, facilitando a
compreensão. Obtém-se, então, além
da compreensão dos algoritmos, um
notável desenvolvimento do raciocínio
e um aprendizado bem mais agradável.
32. O instrumento é feito de uma placa de qualquer material ou tamanho, com furos
na mesma distância e linhas e colunas de forma perpendicular que caracterizam
um plano cartesiano. Nas pequenas aberturas são colocados os pinos e, entre
estes, os elásticos que formam retas.
São usados também arames para fazer parábolas
e localizar os segmentos. O instrumento em
terceira dimensão permite ainda que a pessoa
determine a localização espacial de figuras.
De acordo com o professor, tateando é possível
aprender e construir, com o Multiplano, gráficos,
geometria plana e espacial , matriz,
determinante, sistema linear, equações,
estatísticas, operações, cálculos avançados,
limites de uma função, derivadas. “Até agora
todas as perguntas foram respondidas”,
comemora.
33.
34. A Educação Física é a base fundamental para que o aluno cego inicie a
prática física e desportiva. É aqui que ele poderá desenvolver as suas
aptidões motoras, promovendo uma melhor relação e conhecimento
corporal, aumentando a capacidade de “tomar riscos”, estimulando a
iniciativa e sentido cooperativo, melhorando a auto-estima e a
integração social.
As atividades de Educação Física
podem ser adaptadas com o uso
de barras, cordas, bolas com
guizos e etc.
O link de um vídeo abaixo
mostra uma partida de futebol
entre cegos. Usando-se bolas
com guizos, uma ótima opção
para se realizar uma integração.
http://www.youtube.com/watch?v=2C4skrpM7Ww
35. Algumas crianças com deficiência visual podem chegar à
escola com pouca ação funcional, com medo ou
dificuldade para deslocar-se no espaço, correr nas
brincadeiras e jogos corporais. Isso é compreensível,
pois frequentemente as famílias superprotegem a
criança, deixando-a mais sentada ou estimulando
brincadeiras passivas em virtude do temor da criança se
machucar. O professor deve encorajá-las para as
atividades físicas: subir, escalar, correr, pular, escorregar,
balançar, dar cambalhotas, etc. Essas são atividades
que ativam o labirinto e fortalecem a musculatura.
36. O artesanato pode ser usado como fator de integração.
Pode-se convidar os alunos videntes a participar da
confecção e adaptação de material didático para o
colega cego. A atividade em si é lúdica e desperta a
criatividade. Novas idéias de adaptações podem surgir a
partir das idéias dos próprios alunos, que no futuro
ficarão orgulhosos ao verem o colega cego usando o
material que eles ajudaram a confeccionar. Como o
objetivo é integrar, deve haver, sempre que possível, a
participação do aluno cego na elaboração deste
material.
37.
38. Todos os atores da escola, do porteiro ao diretor devem ser
conscientizados do atendimento e suporte que devem ser
oferecidos aos alunos cegos.
Neste sentido, várias ações podem ser tomadas. A primeira delas é
a disseminação da informação, para eliminação de preconceitos e
tabus.
Outra iniciativa que têm sido usada para a conscientização e
preparação das pessoas que vão lidar com o aluno são as
vivências, aonde os participantes passam um dia (ou parte dele)
com vendas nos olhos para poderem ter uma idéia das dificuldades
dos cegos, do medo de se locomover, da noção de espaço, tempo e
etc.
Outra atividade que pode ser programada é a exibição de filmes
que abordem a temática da cegueira bem como de outras
deficiências.
39. Execução de exercícios e provas individuais e coletivas:
Execução de exercícios e provas , atividades predominantemente visuais
devem ser adaptadas com antecedência e outras durante a sua realização
por meio de descrição, informação tátil, auditiva, olfativa e qualquer outra
referência que favoreçam a configuração do cenário ou do ambiente, a
exemplo: exibição de filmes ou documentários, excursões e exposições. A
apresentação de vídeo requer a descrição oral de imagens, cenas mudas e
leitura de legenda simultânea se não houver dublagem para que as lacunas
sejam preenchidas com dados da realidade e não apenas com a imaginação.
É recomendável apresentar um resumo ou contextualizar a atividade
programada para esses alunos. Os esquemas, símbolos e diagramas
presentes nas diversas disciplinas devem ser descritos oralmente. Os
desenhos, os gráficos e as ilustrações devem ser adaptados e representados
emrelevo.
40. O ensino de língua estrangeira deve priorizar a conversação em detrimento
de recursos didáticos visuais que devem ser explicados verbalmente.
Experimentos de ciências e biologia devem remeter ao conhecimento por
meio de outros canais de coleta de informação. As atividades de educação
física podem ser adaptadas com o uso de barras, cordas, bolas com guiso
etc. O aluno deve ficar próximo do professor que recorrerá a ele para
demonstrar os exercícios ao mesmo tempo em que ele aprende. Outras
atividades que envolvem expressão corporal, dramatização, arte, música
podem ser desenvolvidas com pouca ou nenhuma adaptação. Em resumo,
os alunos cegos podem e devem participar de praticamente todas as
atividades com diferentes níveis e modalidades de adaptação que
envolvem criatividade, confecção de material e cooperação entre os
participantes.
http://www.slideshare.net/claudiante/cegueira-total-puc
41. A avaliação formativa de aprendizagem consubstancia-se mediante ao
processo contínuo, mediado e permanente , que lhe permita intervir a partir
da identificação e do conhecimento das variáveis tidas como barreiras para
a aprendizagem e desenvolvimento do aluno.
A inclusão de alunos com deficiência não depende do grau de
severidade d a deficiência ou do nível d e desempenho i ntelectual, mas,
principalmente, da possibilidade de i nteração, socialização e adaptação
do sujeito ao grupo, na escola comum.
Esse é o maior desafio para a escola hoje
- Modificar-se e aprender a conviver com di ficul dades de adaptação,
gostos, interesses e níveis diferentes de desempenho escolar.
42. Alguns procedimentos e instrumentos de avaliação baseados em referências
visuais devem ser alterados ou adaptados por meio de representações e
relevo. É o caso, por exemplo, de desenhos, gráficos, diagramas, gravuras, uso
de microscópios. Em algumas circunstâncias é recomendável valer-se de
exercícios orais. A adaptação e produção de material, a transcrição de provas,
exercícios e de textos em geral para o sistema braille podem ser realizadas em
salas multimeios, núcleos, serviços ou centros de apoio pedagógico. Se não
houver ninguém na escola que domine o sistema braille, será igualmente
necessário fazer a conversão da escrita braille para a escrita em tinta.
Convém observar a necessidade de estender o tempo da avaliação,
considerando-se as peculiaridades já mencionadas em relação à percepção
não visual. Os alunos podem realizar trabalhos e tarefas escolares utilizando a
máquina de escrever em braille ou o computador, sempre que possível.
43. A família é o primeiro e talvez o principal grupo social em que
vivemos. É nela que aprendemos a construir nossa individualidade
e independência. Por isso é muito importante o contato com
outras famílias que enfrentam, ou não, problemas com
necessidades especiais.
Os pais precisam estar conscientes e mobilizados para participar,
apoiar, trabalhar em conjunto, com união e harmonia. Devem
também cuidar para que não haja, em relação ao filho com
necessidades especiais, superproteção, posto que esta em pouco
ou nada contribuirá para o desenvolvimento da autonomia da
pessoa.
44. A conscientização dos educadores não só em saber trabalhar com
o aluno, mas também em promover o desenvolvimento familiar,
de forma que a família se torne um agente ativo no processo de
integração/inclusão, deve ser buscada e mediada.
A família e a escola devem encontrar formas criativas e
arregimentadoras de convencer a comunidade a participar, através
de parcerias, da manutenção para a integração/inclusão.
Quando há a conscientização das pessoas envolvidas, o destino
toma seu rumo, ou seja, quando os alunos estão bem
integrados/incluídos nas salas de aula, é por que isto está
acontecendo.