1. INTRODUÇÃO
O EVANGELHO SEGUNDO
JOÃO
Autoria e data
O autor do quarto evangelho é João, discípulo por quem Jesus tinha especial carinho, amizade
e respeito (13.23; 19.26; 20.2; 21.7; 20.24). Somente uma testemunha ocular dentre o círculo mais
íntimo dos seguidores do Senhor, como João, poderia fornecer tantos detalhes particulares como
os que são citados nesse livro (12.16; 13.29). Relatos especiais e algumas vezes indiretos da pre-
sença ou participação de João, são outros argumentos que comprovam sua autoria (1.37-40; 19.26;
20.2,4,8; 21.20,24). Os pais da Igreja – como Irineu e Tertuliano – declaram que João escreveu esse
evangelho, e todas as demais evidências corroboram com essa declaração.
O fragmento de uma antiga cópia (datada do segundo século), indica que o original é bem mais
antigo e pertence seguramente ao período em que João vivia.
Teólogos, biblistas e arqueólogos respeitáveis em todo o mundo concordam que a mais provável
data de autoria do evangelho de João esteja entre o final dos anos 50 da era cristã e antes da terrível
destruição de Jerusalém, no ano 70 d.C.
Propósitos
Vários e mundialmente reconhecidos pensadores e estudiosos apresentam diferentes interpretações
quanto aos objetivos de João ao escrever seu evangelho. Clemente de Alexandria chegou a declarar
que João teria escrito para suplementar os relatos dos evangelhos sinóticos. Outros afirmam que João
escreveu para pregar uma mensagem cristã que fosse atraente ao sistema de pensamento helênico. E,
outros ainda, acreditam que João desejava complementar teologicamente as doutrinas apresentadas
nos demais evangelhos, para combater as formas de heresia que começavam a florescer em seu tem-
po, bem como opor-se àqueles que ainda seguiam fanaticamente as orientações de João Batista.
Contudo, o comitê internacional de tradução da Bíblia King James Atualizada, decidiu, simplesmen-
te, dar evidência à própria palavra de João acerca do propósito que teve ao escrever seu evangelho:
“Verdadeiramente Jesus realizou, na presença dos seus discípulos, muitos outros milagres, que não
estão escritos neste livro. Estes, entretanto, foram escritos para que possais acreditar que Jesus é o
Cristo, o Filho de Deus, e para que crendo, tenhais vida em Seu Nome” (Jo 20.30-31).
Desde o prefácio do livro (1.1-18), com seu ponto alto: “Vimos a sua glória...” (v.14), até à confissão
de Tomé: “Meu Senhor e meu Deus!” (20.28), o leitor é constantemente motivado a render-se incon-
dicionalmente em adoração sincera e absoluta a Deus. O Senhor Jesus Cristo surge como mais do
que um simples homem sábio e poderoso, muito mais que uma representação da Divindade na terra.
Jesus é o verdadeiro e único Deus, que se fez pessoa humana e habitou entre nós.
Todavia, os judeus, esperando pelo seu Messias (Cristo), necessitavam de uma prova indiscutível
sobre a reivindicação de Jesus de ser o prometido unigênito do Antigo Testamento. E João, preocu-
pado que a ninguém faltasse essa convicção e a mensagem principal do Evangelho, apresenta es-
sas provas em profusão. Milagres, ensinos e pregações selecionados dentre apenas cerca de vinte
dias dos três anos de ministério público do Senhor são publicados com o objetivo de comprovar a
posição de Jesus Cristo como Filho de Deus. Vários sinais milagrosos realizados pelo Senhor reve-
lam não somente o Seu poder divino, mas igualmente atestam Sua glória como o único e verdadeiro
“Eu Sou” (o nome de Deus em hebraico).
A água transformada em vinho, comerciantes inescrupulosos e animais para sacrifícios expulsos
do Templo; o filho do nobre curado à distância; o paralítico curado no sábado; as multiplicações de
pães e peixes; o caminhar tranqüilo e onipotente sobre as águas revoltas; a vista restaurada ao cego
de nascença; Lázaro chamado novamente à vida dentre os mortos: todos esses milagres e maravi-
lhas revelam quem Jesus Cristo é e o que Ele faz.
Passo a passo, João descreve Jesus como a fonte da nova vida, a água da vida, e o pão dessa
nova e eterna vida. Até seus próprios inimigos batem em retirada e se rendem perante o “Eu Sou”,
que seguiu confiante para Jerusalém, onde se ofereceu voluntariamente, em sacrifício eterno pela
humanidade, por meio do seu sofrimento e crucificação (18.5,6).
O Logos (a Palavra, em grego) eterno se fez carne (humanizou-se) e fez da terra sua habitação
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2. temporária com a finalidade de salvar o ser humano das amarras do pecado, da condenação eterna
e restaurá-lo à comunhão original e ideal com Deus (1.14), bem como a uma vida de santidade
(estilo de vida em que a expressão sincera de adoração a Deus e amor ao próximo ocupam lugar
de prioridade absoluta).
Por meio exclusivo de Sua Graça, homens fracos e corrompidos encontraram a necessária qualifi-
cação para serem habitados por Seu Espírito (14.20) e, finalmente, para terem acesso às “mansões
eternas” (14.2,3). Em Sua própria pessoa, Jesus cumpre o sentido principal das grandes profecias
bíblicas e todas as celebrações do Antigo Testamento. Jesus vence até mesmo a morte e a sepultura,
e lega a todos os seus seguidores, de todos os tempos, uma notável herança para que Sua missão
siga e seja completada até o final dos tempos, quando de Seu glorioso retorno.
Estendendo-se de eternidade a eternidade, o quarto evangelho une o destino tanto de judeus
como de gentios (todos os que não são judeus), como parte de toda a criação, à ressurreição do
Cristo encarnado e crucificado. Nosso Logos Eterno.
Esboço Geral de João
1. A Encarnação do Filho de Deus: (1.1-18)
2. A Apresentação do Filho de Deus: (1.19 – 4.54)
A. Por João, o Batista: (1.19-34)
B. Aos discípulos de João: (1.35-51)
C. Em um casamento em Caná da Galiléia: (2.1-11)
D. No Templo em Jerusalém: (2.12-25)
E. A Nicodemos: (3.1-21)
F. Por João, o Batista: (3.22-36)
G. Para a mulher samaritana: (4.1-42)
H. A um oficial em Cafarnaum: (4.43-54)
3. Os debates do Filho de Deus: (5.1 – 12.50)
A. Em uma festa em Jerusalém: (5.1-47)
1. O sinal de Betesda: (5.1-9)
2. A reação de todos: (5.10-18)
3. A pregação: (5.19-47)
B. Durante a Páscoa na Galiléia: (6.1-71)
1. O sinal da multiplicação dos pães e peixes: (6.1-21)
2. A pregação: (6.22-40)
3. As reações: (6.41-71)
C. Na Festa dos Tabernáculos em Jerusalém: (7.1-10.21)
1. Primeira discussão – a pregação: (7.1-29)
2. As reações: (7.30-36)
3. Segunda discussão – a pregação: (7.37-39)
4. As reações: (7.40-53)
5. Terceiro debate – os discursos: (8.1-58)
6. A resposta: (8.59)
7. Quarta discussão: o sinal (milagre): (9.1-12)
8. As reações: (9.13-41)
9. Quinta discussão: sobre o Bom Pastor: (10.1-18)
10. As reações: (10.19-21)
D. Na Festa da Dedicação em Jerusalém: (10.22-42)
1. O discurso: (10.22-30)
2. A rejeição: (10.31-42)
E. Em Betânia: (11.1 – 12.11)
1. O sinal da ressurreição de Lázaro: (11.1-44)
2. As reações: (11.45-57)
3. A unção por Maria: (12.1-8)
4. As reações: (12.9-11)
F. Em Jerusalém: (12.12-50)
1. A entrada triunfal: (12.12-19)
2. A doutrina de Jesus: (12.20-50)
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3. 4. As orientações do Filho de Deus: (13.1 – 16.33)
A. Quanto ao perdão: (13.1-20)
B. Quanto à traição: (13.21-30)
C. Quanto à sua partida: (13.31-38)
D. Quanto ao céu: (14.1-14)
E. Quanto ao Advogado: (14.15-26)
F. Quanto à paz: (14.27-31)
G. Quanto ao desenvolvimento espiritual: (15.1-17)
H Quanto ao mundo: (15.18 – 16.6)
I. Quanto ao Espírito Santo: (16.7-15)
J. Quanto à sua segunda vinda: (16.16-33)
5. A oração do Filho de Deus: (17.1-26)
6. A crucificação do Filho de Deus: (18.1 – 19.42)
A. A prisão: (18.1-11)
B. Os inquéritos: (18.2 – 19.16)
1. Diante de Anás: (18.12-23)
2. Diante de Caifás: (18.24-27)
3. Diante de Pilatos: (18.28 – 19.16)
C. A crucificação: (19.17-37)
D. O sepultamento: (19.38-42)
7. A ressurreição do Filho de Deus: (20.1 – 21.25)
A. O sepulcro vazio: (20.1-10)
B. Os reaparecimentos de Jesus Cristo: (20.11 – 21.25)
1. A Maria Madalena: (20.11-18)
2. Aos discípulos: (20.19-25)
3. A Tomé: (20.26-31)
4. A sete discípulos: (21.1-14)
5. A Pedro e a João – o discípulo amado: (21.15-25)
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4. O EVANGELHO SEGUNDO
JOÃO
A Palavra se fez carne 11 Ele veio para o que era seu, mas os
1 No princípio era a Palavra,1 e a Pa-
lavra estava com Deus, e a Palavra
era Deus.
seus não o receberam.
12 Mas a todos quantos o receberam,
deu-lhes o direito de se tornarem filhos
2 Ele, a Palavra, estava no princípio com de Deus, ou seja, aos que crêem no seu
Deus.2 Nome;
3 Todas as coisas foram feitas através3 13 os quais não nasceram do sangue,7
dele, e, sem Ele, nada do que existe teria nem da vontade da carne, nem da von-
sido feito. tade do homem, mas de Deus.
4 Nele estava a vida e a vida era a luz dos 14 E a Palavra se fez carne e habitou en-
homens;4 tre nós. Vimos a sua glória, glória como
5 e a luz resplandece nas trevas, mas as a do Unigênito do Pai, cheio de graça e
trevas não a venceram.5 verdade.
6 Houve um homem enviado de Deus,
cujo nome era João. A proclamação de João Batista
7 Ele veio como testemunha para que 15 João testemunha sobre Jesus e excla-
testificasse a respeito da luz, a fim de ma, dizendo: “Este é Aquele de quem eu
todos virem a crer por intermédio dele. disse: Ele, o que vem depois de mim,
8 João não era a luz, mas foi enviado tem a excelência,8 porquanto já existia
para testemunhar da luz. antes de mim.”
9 A Palavra é a luz verdadeira que, vinda 16 E da sua plenitude todos nós temos
ao mundo, ilumina a toda a humani- recebido, graça sobre graça.
dade.6 17 Porquanto a Lei foi dada por inter-
10 Aquele que é a Palavra estava no médio de Moisés; mas a graça e a verda-
mundo, e o mundo foi feito através de vieram através de Jesus Cristo.
dele, mas o mundo não o reconheceu. 18 Ninguém jamais viu a Deus; o Filho9
1 “Palavra” (em grego, logos). No AT, Jesus é a expressão criadora de Deus. No NT, Jesus é Deus encarnado. Jesus é a Palavra
de Deus em ação. O Verbo Eterno (Sl 33.6; Sl 107.20; Is 55.11).
2 O evangelista deixa claro que a “Palavra”, o “Verbo Eterno” e a “Sabedoria” são a mesma Pessoa: Jesus Cristo; o qual sempre
esteve com Deus (Gn 1.26; Pv 8.22-31; Is 44.24).
3 “Através” (em grego, dia) é a expressão criadora do Pai (Hb 2.10). Deus através do seu Filho, a Palavra (logos), criou tudo o
que há ex-nihilo (do absolutamente nada). O termo egéneto, “feito” ou “fez-se”, não admite qualquer possibilidade de dualismo
metafísico ou de gnosticismo (17.4).
4 Aqui a tradução literal é necessária. Deus é o Criador e sua Palavra, o Agente (Gn 1; Sl 33.6; Pv 3.19, 8.30; Sl 104.24; Cl 1.16s;
Hb 1.2). Em Ap 3.14, o “Amém” é derivado da palavra hebraica âmôn (arquiteto), como em Pv 8.30.
5 “Venceram”: compreenderam, prevaleceram ou derrotaram. A luz de uma pequena vela pode dissipar a escuridão de uma
grande sala. Luz e trevas são forças opostas, mas não de igual energia. A luz é mais poderosa (12.35; 1Jo 2.8).
6 Se alguém permanece nas trevas espirituais não é por falta de luz, mas porque, deliberadamente, prefere o mal (8.12; 9.5).
Jesus é a luz que ilumina a todos os seres humanos (em grego: tôn anthrôpôn).
7 A expressão grega plural ex haimatõn “dos sangues” indica que o nascimento espiritual é um dom de Deus, concedido a
cada crente, em especial, e não pode vir por descendência humana nem pelo cumprimento de qualquer ritual de iniciação à
religião (3.4-6; 6.44).
8 “Excelência”: primazia, superioridade, prioridade, preferência. O Espírito de Deus habitou plenamente (em grego: skenoő
“tabernaculou”) o corpo humano de Jesus, Deus encarnado (v.14;Rm 8.3; 1Jo 4.2,3).
9 “Filho”, assim como no original de King James (1611). No NTG (Novum Testamentum Graece): Deus Unigênito.
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5. JOÃO 1 6
unigênito, que está no seio do Pai, é quem 30 Este é aquele do qual eu disse: ‘depois
o revelou. de mim vem um homem que tem a exce-
lência, pois que já existia antes de mim’.
João Batista clama no deserto 31 Eu não o conhecia, mas, a fim de
Is 40.3; Mt 3.1-12; Mc 1.2-8; Lc 3.1-18 que Ele fosse revelado a Israel, vim, por
19 E este é o testemunho de João, quando isso, batizando com água”.
os judeus enviaram de Jerusalém sacerdo-
tes e levitas para o interrogarem: “Quem João batiza Jesus
és tu?”. Mt 3.13-17; Mc 1.9-11; Lc 3.21,22
20 Ele confessou e não negou; mas declarou 32 E João testemunhou, dizendo: “Vi o
francamente: “Eu não sou o Cristo.”.10 Espírito descendo do céu como uma
21 E o questionaram: “Quem és, então? És
q pomba e permaneceu sobre Ele.
tu Elias?”. Ele disse: “Não o sou.” “És tu o 33 Eu não o conhecia; Aquele, entretanto,
Profeta?”. E João afirmou: “Não.”. que me enviou a batizar com água me
22 Então, perguntaram a ele: “Quem és disse: ‘Aquele sobre quem vires descer
tu? Dá-nos uma resposta, para que a e permanecer o Espírito, esse é o que
levemos àqueles que nos enviaram; que batiza com o Espírito Santo’.
dizes a respeito de ti mesmo?”. 34 E eu, de fato, vi e testifico que este é o
23 E João lhes disse: “Eu sou a voz do que Filho de Deus”.
clama no deserto: ‘Fazei um caminho
reto para o Senhor’, como disse o profeta Os primeiros discípulos de Cristo
Isaías”.11 Mt 4.18-22; Mc 1.16-20; Lc 5.1-11
24 Ora, os que haviam sido enviados fa- 35 No dia seguinte, João estava outra vez
ziam parte dos fariseus. na companhia de dois dos seus discípulos
25 E perguntaram-lhe ainda: “Então, por 36 e, observando que Jesus passava, disse:
que batizas, se não és o Cristo, nem Elias, “Eis o Cordeiro de Deus!”.
nem o Profeta?”. 37 Os dois discípulos ouviram o que ele
26 João respondeu-lhes, dizendo: “Eu ba- falou, e se tornaram seguidores de Jesus.
tizo com12 água; mas, no meio de vós, já 38 Então Jesus, voltando-se e vendo que os
está quem vós não conheceis. dois o seguiam, disse-lhes: “Que estais pro-
27 Ele é aquele que vem depois de curando?”. Eles disseram: “Rabi (que quer
mim, cujas correias das sandálias não dizer Mestre), onde estás hospedado?”.
sou digno de desamarrar”. 39 E Jesus disse: “Vinde e vede”.14 Eles fo-
28 Essas coisas aconteceram em Betânia,13 ram e viram onde Jesus estava morando;
do outro lado do Jordão, onde João esta- e ficaram com Ele aquele dia, sendo isso
va batizando. por volta da hora décima.
40 Um dos dois que ouviram João falar
Jesus, o Cordeiro de Deus e seguiram a Jesus, era André, irmão de
29 No dia seguinte, João viu a Jesus, que Simão Pedro.
vinha caminhando em sua direção, e 41 Ele primeiro procurou seu próprio
disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o irmão, Simão, e lhe disse: “Encontramos
pecado do mundo! o Messias (que quer dizer, o Cristo)”.15
10 A palavra grega Cristo corresponde a Messias em hebraico.
11 Isaías 40.3.
12 Com, ou, em água. Também nos versículos 31 e 33.
13 “Betânia”, como no NTG, ou Bethabara, como na antiga KJ.
14 Este é o convite de Cristo a todo aquele que deseja verdadeiramente conhecer a Deus: “vem e vê”. João traduz o honroso
título aramaico: Rabi (literalmente, meu grande mestre), para seus leitores gregos. Durante o primeiro século, Rabii passou a ser
um título conferido aos mestres ordenados nas escolas rabínicas. Hora décima: quatro horas da tarde pelo horário judaico.
15 Adjetivo verbal semita que aparece somente neste Evangelho. Aqui e em 4.25, é interpretado pelo equivalente grego christos.
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6. 7 JOÃO 1, 2
42 E o levou a Jesus. Quando Jesus olhou O primeiro milagre de Jesus
para ele, disse: “Tu és Simão, o filho de
João; tu serás chamado Cefas (que quer
dizer Rocha)”.16
2 No terceiro dia, houve um casamento
em Caná da Galiléia. A mãe de Jesus
estava ali.
2 Jesus e seus discípulos também foram
Jesus encontra outros discípulos convidados.
43 No dia seguinte, Jesus decidiu ir para 3 Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus
a Galiléia. Quando encontrou a Filipe, lhe disse: “Eles não têm mais vinho”.
disse-lhe: “Segue-me.” 4 Jesus lhe disse: “Mulher,1 em que essa
44 Ora, Filipe era de Betsaida, cidade de tua preocupação tem a ver comigo?
André e de Pedro. Ainda não é chegada a minha hora”.
45 Filipe encontrou a Natanael e disse- 5 Sua mãe disse aos serviçais: “Seja o que
lhe: “Encontramos Aquele sobre quem for que Ele vos pedir, fazei”.2
Moisés escreveu na Lei, e a respeito de 6 Estavam ali seis jarros de pedra, que
quem também escreveram os profetas: os judeus usavam para as purificações, e
Jesus de Nazaré, filho de José”. cada um levava duas ou três metretas.3
46 E Natanael disse-lhe: “Pode alguma 7 Jesus disse aos serviçais: “Enchei os
coisa boa vir de Nazaré?”. Filipe respon- jarros com água”. E os encheram até à
deu-lhe: “Vem e vê”. borda.
47 Jesus viu Natanael se aproximando e 8 Então lhes disse: “Tirai agora, um pou-
disse a seu respeito: “Eis um verdadeiro co, e levai ao mestre-sala”.4 Eles assim o
israelita, em quem não há falsidade!”. fizeram.
48 Disse-lhe Natanael: “De onde me 9 Quando o mestre-sala provou a água
conheces?”. Respondeu-lhe Jesus: “Antes transformada em vinho, não sabendo don-
de Filipe te chamar, quando tu estavas de viera, embora o soubessem os serviçais
debaixo da figueira, eu te vi”. que tiraram a água, chamou o noivo
49 Natanael exclamou: “Mestre, Tu és o 10 e lhe disse: “Todo homem serve primei-
Filho de Deus! Tu és o Rei de Israel!”. ro o bom vinho e, depois que os convida-
50 Jesus lhe respondeu: “Porque Eu disse dos já beberam bastante, o vinho inferior
que te vi debaixo da figueira, crês? Pois é servido; tu, entretanto, guardaste o bom
tu verás coisas muito maiores do que vinho até agora”.
estas”. 11 Com esse, deu Jesus princípio a seus
51 E disse-lhes Jesus: “Em verdade, em sinais em Caná da Galiléia; manifestou
verdade17 vos asseguro que vereis o céu
7
a sua glória, e os seus discípulos creram
aberto e os anjos de Deus subindo e nele.
descendo sobre o Filho do homem”. 12 Depois disso, desceu Ele para Cafar-
No AT, essa forma designava o rei de Israel (o ungido do Senhor, como em 1Sm 16.6), o sumo sacerdote (o sacerdote ungido
– Lv 4.3) e, uma vez, no plural, os patriarcas em seu papel de profetas (meus ungidos – Sl 105.15). Jesus cumpriu a profecia
messiânica, exercendo as três funções.
16 “Cefas” (como o apóstolo Paulo o chamava – 1Co 9.5; Gl 1.18): kepha, em aramaico ou keph, em hebraico – rocha (Jó 30.6;
Jr 4.29), ou ainda petros, em grego. Portanto, Pedro significa pedra ou rocha (Is 51.1). Mas, como para o nome de um homem era
necessário usar a forma masculina, permaneceu petros.
17 “Em verdade”, ou com toda a certeza, como em KJA (em grego: amen, de origem hebraica: munã), significa “fiel e digno de
confiança”. Jesus usa essa frase sempre que reivindica sua autoridade messiânica.
Capítulo 2
1 Mulher ou Senhora. Termo respeitoso em aramaico.
2 Gn 41.55.
3 “Duas ou três metretas”: em grego, de 80 a 120 litros no total.
4 Mestre-sala: gerente ou encarregado da festa.
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7. JOÃO 2, 3 8
naum, com sua mãe, seus irmãos e seus bem conhecia o que havia na natureza
discípulos; e ficaram ali não muitos dias. humana.
Jesus purifica o templo O novo nascimento
13 A Páscoa5 dos judeus estava se aproxi-
mando, e Jesus subiu para Jerusalém.
14 Encontrou no templo os que vendiam
3 Havia, entre os fariseus, um homem
chamado Nicodemos, membro do
supremo tribunal dos judeus.
bois, ovelhas e pombas, e cambistas as- 2 Ele, de noite, procurou a Jesus e lhe dis-
sentados negociando; se: “Rabi, sabemos que és Mestre vindo
15 tendo feito um chicote de cordas, ex- da parte de Deus; porque ninguém pode
pulsou todos do templo, bem como as fazer esses sinais que estás realizando,
ovelhas e os bois, espalhou pelo chão o se Deus não estiver com ele.”.
dinheiro dos cambistas e virou as mesas; 3 Jesus respondeu-lhe, declarando: “Em
16 e disse aos que vendiam as pombas: verdade, em verdade te asseguro que, se
“Tirai essas coisas daqui; não façais da alguém não nascer de novo, não pode ver
casa de meu Pai, casa de comércio.”. o reino de Deus.”.
17 Então seus discípulos lembraram-se 4 Nicodemos questionou-o: “Como pode
do que foi escrito: “O zelo pela tua Casa um homem nascer, sendo velho? Pode,
me consumirá.”.6 todavia, entrar pela segunda vez no
18 Os judeus o contestaram, dizendo: ventre de sua mãe e nascer novamente?”.
“Que sinal de autoridade nos mostras, 5 Arrazoou Jesus: “Em verdade, em ver-
para agires dessa maneira?”. dade te asseguro: quem não nascer da
19 Jesus lhes respondeu: “Destruí este água e do Espírito não pode entrar no
templo, e, em três dias, Eu o reconstrui- reino de Deus.
rei.”. 6 O que é nascido da carne é carne; mas o
20 Replicaram os judeus: “Em quarenta e que nasce do Espírito é espírito.
seis anos foi construído este templo, e tu 7 Não te surpreendas pelo fato de Eu te
afirmas que em três dias o levantarás?”. haver dito: ‘deveis nascer de novo.’.
21 Ele, porém, se referia ao templo do seu 8 O vento sopra onde quer, você escuta
corpo. o seu som, mas não sabe de onde vem,
22 Por essa razão, quando Jesus ressusci- nem para onde vai; assim ocorre com
tou dentre os mortos, recordaram-se os todos os nascidos do Espírito.”.
seus discípulos de que Ele dissera isso; e 9 Replicou-lhe Nicodemos: “Como pode
creram na Escritura e na Palavra pregada acontecer isso?”.
por Jesus. 10 Explicou-lhe Jesus1: “Tu és mestre em
Israel e não compreendes essas verda-
Jesus conhece a índole humana des?
23 Estando Ele em Jerusalém, durante a 11 Em verdade, em verdade te asseguro
festa da Páscoa, muitos, vendo os sinais que nós dizemos do que conhecemos e
que Ele fazia, creram em seu Nome; testemunhamos do que temos visto; con-
24 mas Jesus não se confiava a eles, por- tudo, não acolheis o nosso testemunho.2
que os conhecia a todos. 12 Se, falando de assuntos da terra, não
25 E não necessitava que alguém lhe desse me credes, como crereis, se vos falar dos
testemunho acerca do homem, pois Ele celestiais?
5 Êx 12.1-27.
6 Sl 69.9.
Capítulo 3
1 Esta resposta conclusiva de Jesus vai até o versículo 21.
2 O freqüente uso da palavra testemunho e de expressões jurídicas confere a este Evangelho o caráter de um imenso processo.
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8. 9 JOÃO 3, 4
13 Ninguém jamais subiu ao céu, a não 26 E se dirigiram a João e lhe disseram:
ser Aquele que veio do céu: o Filho do “Rabi, aquele que estava contigo do ou-
homem que está no céu.3 tro lado do Jordão, de quem tens dado
14 Assim como Moisés levantou a ser- testemunho, está batizando, e todos es-
pente no deserto,4 desse mesmo modo é tão indo ao encontro dele.”
necessário que o Filho do homem seja 27 Ao que João esclareceu: “Um homem
levantado, não pode receber coisa alguma, a não ser
15 para que todo o que nele crê não pere- que lhe tenha sido dada do céu.
ça, mas5 tenha a vida eterna. 28 Vós mesmos sois testemunhas do que
16 Porque Deus amou o mundo de tal vos disse: eu não sou o Cristo, mas fui
maneira que deu o seu Filho Unigênito, enviado como seu precursor.
para que todo aquele que nele crê não 29 O que tem a noiva é o noivo; o amigo
pereça, mas tenha a vida eterna. do noivo que lhe serve e o ouve, alegra-se
17 Portanto, Deus enviou o seu Filho ao grandemente por causa da voz do noivo.
mundo não para condenar o mundo, Portanto, essa satisfação já se cumpriu
mas para que o mundo fosse salvo por em mim.
meio dele. 30 É necessário que Ele cresça e que eu
18 Quem nele crê não é condenado; mas diminua.
quem não crê já está condenado, porque 31 Quem vem das alturas está acima de
não acreditou no Nome do Filho unigê- todos; aquele que vem da terra é terrestre
nito de Deus. e fala da terra; quem veio do céu está
19 E o julgamento é este: que a luz veio ao acima de todos.
mundo, mas os homens amaram mais as 32 Ele testifica o que tem visto e ouvido;
trevas do que a luz, porque as suas obras mas ninguém aceita o seu testemunho.
eram más. 33 Aquele que aceita o seu testemunho,
20 Pois todo aquele que pratica o mal certifica que Deus é verdadeiro.
odeia a luz e não se aproxima da luz, 34 Pois o enviado de Deus fala as palavras
temendo que as suas obras sejam ex- de Deus, porque Deus não dá o Espírito
postas. com limitações.
21 Mas quem pratica a verdade vem para 35 O Pai ama o Filho, e todas as coisas
a luz, para que se veja claramente que as entregou em suas mãos.
suas obras são realizadas em Deus.”. 36 Quem crê no Filho tem a vida eterna;
aquele que não crê no Filho não verá a
João Batista exalta Jesus vida, mas a ira de Deus permanece sobre
22 Depois disso, Jesus e seus discípulos ele.”.
foram para a terra da Judéia; ali perma-
neceu com eles e batizava. A samaritana encontra o Messias
23 E João também estava batizando em
Enom, perto de Salim, porque havia ali
muitas águas, e o povo vinha para ser
4 Por isso, quando o Senhor soube que
os fariseus ouviram que Ele, Jesus, fa-
zia e batizava mais discípulos que João,
batizado. 2 embora Jesus mesmo não batizasse,
24 Porquanto João ainda não tinha sido mas, sim, os seus discípulos,
aprisionado. 3 deixou a Judéia e partiu uma vez mais
25 Então surgiu uma discussão, entre para a Galiléia.
alguns discípulos de João e os judeus, 4 Entretanto, era-lhe necessário atraves-
sobre a purificação. sar por Samaria.
3 O NTG omite “que está no céu”.
4 Nm 21.9.
5 O NTG omite “não pereça, mas”.
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9. JOÃO 4 10
5 Assim, chegou a uma cidade de Sama- 18 pois cinco maridos já tiveste, e esse ho-
ria, chamada Sicar, perto das terras que mem com quem tu agora vives não é teu
Jacó dera a seu filho José.1 marido; quanto a isso falaste a verdade.”
6 Havia ali a fonte de Jacó. Jesus, todavia, 19 Reconheceu a mulher: “Senhor, eu
cansado da viagem, sentou-se à beira do percebo que tu és um profeta!
poço. Isso aconteceu por volta da hora 20 Nossos pais adoravam sobre este mon-
sexta.2 te, mas vós, judeus, dizeis que Jerusalém
7 Nisso, uma mulher de Samaria veio é o lugar onde se deve adorar.”
tirar água. Pediu-lhe Jesus: “Dá-me um 21 Declarou Jesus a ela: “Mulher, podes
pouco de água para beber.”. crer-me, está próxima a hora quando
8 Pois seus discípulos haviam ido à cida- nem neste monte, nem em Jerusalém
de comprar alimentos. adorareis o Pai.
9 Então lhe respondeu a mulher de Sa- 22 Vós adorais o que não conheceis; nós
maria: “Como, sendo tu judeu, pedes de adoramos o que conhecemos, porque a
beber a mim, uma mulher samaritana?”. salvação vem dos judeus.
(Pois os judeus não se relacionam bem 23 Mas a hora está chegando, e de fato já
com os samaritanos.)3 chegou, em que os verdadeiros adora-
10 Jesus respondeu a ela: “Se conhecesses dores adorarão o Pai, em espírito e em
o dom de Deus e quem é o que te pede: verdade; pois são esses que o Pai procura
‘dá-me de beber’, tu lhe pedirias, e Ele te para seus adoradores.
daria água viva.”. 24 Deus é espírito, e é necessário que os
11 Indagou-lhe a mulher: “Senhor, tu não seus adoradores o adorem em espírito e
tens com que pegar água, e o poço é fundo; em verdade.”.
onde tu podes conseguir essa água viva? 25 A mulher disse a Jesus: “Eu sei que o
12 Acaso tu és maior do que nosso pai Messias (chamado Cristo) está para vir.
Jacó que nos deu o poço, do qual ele Quando Ele vier, Ele nos esclarecerá
mesmo bebeu e, bem assim, seus filhos sobre tudo.”.
e seu gado?”. 26 Assegurou-lhe Jesus: “Eu, que te falo,
13 Jesus afirmou-lhe: “Quem beber dessa sou o Messias.”.
água terá sede outra vez;
14 aquele, porém, que beber da água que A grande colheita
Eu lhe der nunca mais terá sede. Ao con- 27 Neste ponto, chegaram os seus discí-
trário, a água que Eu lhe der tornar-se-á pulos e se admiraram de que estivesse
nele uma fonte de água jorrando para a conversando com uma mulher; todavia,
vida eterna.”. ninguém lhe perguntou: “Que queres
15 A mulher lhe pediu: “Senhor! Dá-me saber?”. Ou: “Por que falas com ela?”.
dessa água, para que eu não tenha mais 28 A mulher, então, deixou o seu cântaro,
sede, nem precise voltar aqui para tirar foi à cidade e disse aos homens:
água.”. 29 “Vinde e vede um homem que me
16 Pediu-lhe Jesus: “Vai, chama teu marido disse tudo quanto tenho feito. Não seria
e volta aqui.”. esse o Cristo?”.
17 Confessou-lhe a mulher: “Não tenho 30 Saíram, pois, da cidade e foram para
marido.”. Replicou-lhe Jesus: “Respon- onde Jesus estava.
deste acertadamente, ao dizer que não 31 Enquanto isso, os discípulos insistiam
tens marido; com Ele: “Mestre, come!”.
1 Gn 33.19 e Js 24.32.
2 “Hora sexta”: por volta do meio dia.
3 Ou, literalmente, no original hebraico: não usam pratos que os samaritanos já usaram alguma vez (2 Rs 17.24-41; Ed 4.1-5;
z
Ne 4.1,2).
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10. 11 JOÃO 4, 5
32 Mas Ele lhes disse: “Tenho um alimen- 45 Assim, quando chegou à Galiléia, os
to para comer que vós não conheceis.”. galileus o receberam bem, porque viram
33 Então os discípulos disseram uns todas as coisas que Ele fizera em Jeru-
aos outros: “Será que alguém lhe teria salém, por ocasião da festa à qual eles
trazido algo para comer?”. também tinham comparecido.
34 Explicou-lhes Jesus: “A minha comida
consiste em fazer a vontade daquele que A cura do filho de um oficial
me enviou e consumar a sua obra. 46 Então Jesus voltou mais uma vez a Caná
35 Não dizeis vós: ‘Ainda há quatro meses da Galiléia, onde transformara água em
até a colheita?’. Eu, porém, vos afirmo: vinho. E ali havia um oficial do rei, cujo
erguei os olhos e vede os campos, pois já filho estava doente em Cafarnaum.
estão brancos para a colheita. 47 Quando ele ouviu que Jesus havia chega-
36 Aquele que ceifa recebe o seu salário e do à Galiléia, vindo da Judéia, dirigiu-se até
colhe fruto para a vida eterna, e assim se Ele e lhe implorou que descesse para curar
alegram juntos o semeador e o ceifeiro. seu filho, que estava a ponto de morrer.
37 Dessa forma, é verdadeiro o ditado: 48 E Jesus lhe disse: “A menos que vejais
‘Um semeia, e o outro colhe.’. os sinais e maravilhas, nunca crereis.”.
38 Eu vos enviei para ceifar o que não 49 O oficial do rei disse a Jesus: “Senhor,
plantaste. Outros realizaram o cultivo, desce, antes que o meu menino morra!”.
e vós usufruístes do labor deles.”. 50 Assegurou-lhe Jesus: “Pode seguir, o
teu filho vive.”. O homem acreditou na
O salvador do mundo palavra de Jesus e partiu.
39 Muitos samaritanos daquela cidade 51 E, quando estava descendo, a caminho,
creram nele, em virtude da palavra da- seus servos vieram ao seu encontro e lhe
quela mulher que testemunhara: “Ele deram a notícia: “Teu filho vive!”.
me disse tudo quanto tenho feito.”. 52 Então, inquiriu deles a hora em que
40 Assim, quando os samaritanos se o menino havia melhorado, e eles lhe
encontraram com Jesus, insistiram em disseram: “Ontem, à hora sétima5, a febre
que se hospedasse com eles, e Ele ficou o deixou.”.
dois dias. 53 Assim, o pai reconheceu ser aquela a
41 E muitos outros creram, por causa da mesma hora em que Jesus lhe dissera: “O
sua Palavra. teu filho vive.”. E creu ele e todos os que
42 Então disseram à mulher: “Agora viviam em sua casa.
cremos, não somente por causa do que 54 Esse foi o segundo sinal6 realizado por
tu falaste, mas porque nós mesmos o Jesus, depois que veio da Judéia para a
ouvimos e sabemos que este é verdadei- Galiléia.
ramente o Cristo,4 o Salvador do mundo.”.
A cura do homem de Betesda
Jesus é bem recebido na Galiléia
43 Depois daqueles dois dias, Ele partiu
dali para a Galiléia.
5 Algum tempo depois, havia uma
festa dos judeus, e Jesus subiu para
Jerusalém.
44 O próprio Jesus havia testemunhado 2 Existe em Jerusalém, perto da Porta das
que um profeta não tem honra em sua Ovelhas, um tanque, chamado em he-
própria terra. braico Betesda,1 tendo cinco pavilhões.
4 O NTG omite “o Cristo”.
5 “À hora sétima”: à uma hora da tarde.
6 “Sinal”: milagre ou sinal miraculoso.
Capítulo 5
1 Em alguns originais: Betzata ou Betsaida. A forma correta é Betesda (em hebraico: bêth ‘eshdâh – “lugar do derramamento”).
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11. JOÃO 5 12
3 Nestes, ficava grande multidão de 15O homem partiu e disse aos judeus
enfermos, cegos, mancos e paralíticos, que fora Jesus quem o havia curado.
esperando pelo movimento nas águas.2
4 De certo em certo tempo, descia um Honra o Pai e o Filho
anjo do Senhor e agitava as águas. O pri- 16 Por essa razão, os judeus perseguiam
meiro que entrasse no tanque, depois de a Jesus e tentavam matá-lo,6 pois Ele
agitadas as águas, era curado de qualquer estava fazendo essas coisas durante o
doença que tivesse. sábado.
5 Estava ali um certo homem, enfermo 17 Mas Jesus respondeu a eles: “Meu Pai
havia trinta e oito anos. continua trabalhando até agora, e Eu
6 Quando Jesus o viu deitado, e sabendo também estou trabalhando.”.
que estava assim havia muito tempo, 18 Por isso, os judeus ainda mais procu-
perguntou-lhe: “Queres ser curado?” ravam matá-lo, porque não somente
7 O homem enfermo queixou-se: “Se- violava o sábado, mas também dizia que
nhor, não tenho ninguém que me ponha Deus era seu Pai, fazendo a si próprio
no tanque, quando a água é agitada; pois, igual a Deus.
enquanto estou indo, desce outro antes 19 Retomando a palavra, explanou Jesus:
de mim.” “Em verdade, em verdade vos asseguro,
8 Ordenou-lhe Jesus: “Levanta-te, apanha que o Filho nada pode fazer de si mesmo,
o teu leito3 e anda.”. mas somente pode fazer o que vê o Pai
9 Imediatamente o homem ficou curado, fazer, pois o que este fizer, o Filho seme-
pegou seu leito e andou. E aquele dia era lhantemente o faz.
sábado.4 20 Porque o Pai ama o Filho, e lhe mostra
10 Por isso, disseram os judeus ao q
j que todas as coisas que realiza. E maiores
fora curado: “É sábado e não te é permi- obras do que estas lhe mostrará, para
tido carregar o leito.” que vos maravilheis.
11 O homem respondeu a eles: “Aquele 21 Pois, assim como o Pai ressuscita os
que me curou ordenou-me: ‘Apanha o mortos e os faz viver, assim também o
teu leito e anda’!” Filho dá a vida a quem Ele desejar.
12 Então lhe perguntaram: “Quem é o 22 Assim, o Pai a ninguém julga, mas
homem que te disse: ‘Apanha o teu leito confiou todo o julgamento ao Filho,
e anda’?”. 23 a fim de que todos honrem o Filho
13 Mas o homem que havia sido curado exatamente como honram o Pai. Aquele
não sabia quem era; pois Jesus tinha se que não honra o Filho não honra o Pai
retirado, sendo que havia uma multidão que o enviou.
naquele lugar. 24 Em verdade, em verdade vos asseguro:
14 Mais tarde, Jesus o encontrou no quem ouve a minha Palavra e crê naquele
templo e lhe disse: “Veja que já estás que me enviou tem a vida eterna, não
curado; não voltes a pecar, para que entra em juízo, mas passou da morte
não te aconteça coisa pior.”.5 para a vida.
João se refere a “festas dos judeus” com o desejo de informar os gentios (não judeus) sobre as tradições judaicas. Os capítulos
centrais deste Evangelho são cronologicamente relacionados com as diversas festas do ano judaico. Páscoa (6.4), Tabernáculos
(7.2), Dedicação (10.2). A festa aqui se refere ao Ano Novo (Trombetas – Lv 23.23-25). Os pavilhões são cinco arcadas com
grandes colunas em torno de um tanque duplo.
2 O NTG omite essa última frase do texto e todo o versículo 4.
3 Uma espécie de maca ou esteira. Em grego krabattos, como em Mc 2.9-12.
4 Sabbath em KJ. O dia do descanso conforme a Lei (Gn 2.2; Êx 20.8-11; Gl 4.1-10; Hb 4.4-11).
5 Jesus sabia que a causa da enfermidade daquele homem fora seu pecado, entretanto não quis revelá-la ao público; mas
advertiu o homem de que a repetição ou permanência no pecado poderia levá-lo a coisa pior: a morte eterna.
6 O NTG omite a frase: “e tentavam matá-lo”, mantida nas revisões de KJ.
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12. 13 JOÃO 5, 6
25 Mais uma vez, verdadeiramente vos 38 Igualmente não tendes a sua Palavra
afirmo: vem a hora, e já chegou, em que habitando em vós, porque não credes
os mortos ouvirão a voz do Filho de naquele a quem Ele enviou.
Deus; e os que a ouvirem viverão. 39 Vós examinais criteriosamente as Es-
26 Pois, assim como o Pai tem a vida em crituras,9 porque julgais ter nelas a vida
si mesmo, igualmente outorgou ao Filho eterna, e são elas mesmas que testemu-
ter vida em si mesmo. nham acerca de mim.
27 E também lhe deu autoridade para 40 Todavia, vós não quereis vir a mim
executar julgamento, porque é o Filho para terdes a vida.
do homem. 41 Eu não aceito honra que procede dos
28 Não vos admireis quanto a isso, pois está homens.
chegando a hora em que todos os que re- 42 Mas Eu vos conheço bem e sei que não
pousam nos túmulos ouvirão a sua voz tendes em vós o amor de Deus.
29 e sairão; os que tiverem feito o bem, 43 Eu vim em Nome de meu Pai, e vós não
para a ressurreição da vida, e aqueles que me recebeis. Se outro vier em seu próprio
tiverem praticado o mal, para a ressur- nome, declaro-vos que o recebereis.
reição da condenação.7 44 Como podeis crer, vós que recebeis
30 Por mim mesmo, nada posso fazer; honra uns dos outros, mas não buscais a
conforme ouço, assim julgo; e o meu jul- glória que vem do Deus único?
gamento é justo, porque não busco agra- 45 Não penseis que Eu vos acusarei diante
dar a meu próprio desejo, mas satisfazer do Pai. Quem vos acusa é Moisés, em quem
a vontade do Pai que me enviou. tendes depositado a vossa esperança.
31 Se Eu der testemunho acerca de mim 46 Todavia, se de fato crêsseis em Moisés,
mesmo, o meu testemunho não será de igual modo haveríeis de crer em mim,
válido.8 pois foi a meu respeito que ele escreveu.
32 Há outro que testemunha a meu favor, 47 Mas, se não credes em seus escritos,
e Eu sei que o seu testemunho acerca de como crereis em minhas palavras?”.
mim é verdadeiro.
33 Vós enviastes representantes a João, e A multiplicação dos pães e peixes
ele deu testemunho da verdade. Mt 14.13-21; Mc 6.30-44; Lc 9.10-17
34 Eu, entretanto, não busco o testemu-
nho dos homens, mas digo essas verda-
des para que sejais salvos.
6 Passado algum tempo, Jesus foi para
a outra margem do mar da Galiléia,
que é o mar de Tiberíades.
35 Ele era uma candeia que queimava e 2 Então, uma grande multidão o seguia,
iluminava, e vós quisestes, por um mo- porque tinham visto os sinais que Ele
mento, rejubilar-vos na sua luz. realizava nos enfermos.
36 Todavia Eu tenho um testemunho 3 E Jesus subiu ao monte, e sentou-se ali
maior do que o de João; a própria obra com seus discípulos.
que o Pai me deu para consumar, e que 4 Ora, a Páscoa, uma festa dos judeus,
estou realizando, testemunha que o Pai estava próxima.
me enviou. 5 Jesus ergueu os olhos e, vendo uma
37 E o Pai que me enviou, Ele mesmo tes- grande multidão que vinha em sua dire-
temunhou sobre mim. Jamais ouvistes a ção, disse a Filipe: “Onde compraremos
sua voz, nem contemplastes a sua face. pães para lhes dar a comer?”
7 As almas dos que morreram, repousam ou dormem (Dn 12.2). A decisão judicial suprema é tomada em vida: os que tiverem
feito o bem são os que vieram à Luz; esses já estão vivendo a vida eterna como salvos. Os que tiverem praticado o mal são os que
“amaram mais as trevas do que a Luz” (3.19-21). Essas pessoas, a não ser que, em vida, se arrependam e recebam a Jesus em seus
corações, já estão condenadas para sempre (3.18). Não há bem maior do que entregar a vida aos cuidados de Cristo (Ef 2.8-10).
8 A lei judaica exigia mais de um testemunho para validar uma declaração.
9 Graphe em grego. A carta de Deus. Todo o AT e o NT (2 Pe 3.16).
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13. JOÃO 6 14
6 Mas disse isso apenas para o provar, 18 O mar agitava-se devido ao forte vento
pois Ele bem sabia o que ia fazer. que soprava.
7 Filipe lhe respondeu: “Duzentos de- 19 Quando eles haviam remado uns vinte
nários1 não seriam suficientes para que e cinco a trinta estádios,4 viram Jesus
cada um recebesse um pequeno pedaço aproximando-se do barco, andando so-
de pão.”. bre o mar, e ficaram amedrontados.
8 Um de seus discípulos, André, irmão de 20 Mas Ele tranqüilizou-os dizendo: “Sou
Simão Pedro, disse a Jesus: eu! Não temais.”.
9 “Há aqui um rapaz com cinco pães de 21 Então, eles, de boa vontade, o recebe-
cevada e dois peixes pequenos; mas de ram no barco, e imediatamente chega-
que servem no meio de tanta gente?”. ram à praia para a qual se dirigiam.
10 Então Jesus disse: “Fazei que o povo se
assente”; pois havia muita grama naque- Jesus é o pão do céu
le lugar. Assim, assentaram-se os homens 22 No dia seguinte, as pessoas que fica-
em número de quase cinco mil.2 ram do outro lado do mar viram que ali
11 Jesus pegou os pães e, tendo dado não havia senão um barco e Jesus não
graças, repartiu-os entre os discípulos,3 havia entrado nele com seus discípulos,
e para os que estavam assentados; e da mas que eles tinham partido sós.
mesma maneira se fez com os peixes, 23 Entretanto, outros barcos chegaram
tanto quanto desejaram. de Tiberíades, próximo do lugar onde o
12 E quando estavam fartos, disse Jesus povo havia comido o pão, após o Senhor
aos seus discípulos: “Recolhei os pedaços haver dado graças.
que sobraram, para que nada se perca.”. 24 Quando as pessoas da multidão perce-
13 Assim sendo, eles os ajuntaram e beram que Jesus não estava ali nem seus
encheram doze cestos com os pedaços discípulos, entraram em seus barcos e
dos cinco pães de cevada, deixados por partiram para Cafarnaum à procura de
aqueles que haviam comido. Jesus.
14 Então, vendo aqueles homens o sinal 25 E, tendo-o encontrado do outro lado
que Jesus havia realizado, disseram: “Este do mar, perguntaram-lhe: “Mestre, quan-
é, verdadeiramente, o Profeta que devia do chegaste aqui?”
vir ao mundo.”. 26 Jesus respondeu a eles assim: “Em
verdade, em verdade vos afirmo: vós me
Jesus caminha sobre o mar buscais não porque vistes os sinais, mas
Mt 14.22-33; Mc 6.45-52 porque comestes os pães e vos fartastes.
15 Percebendo, então, Jesus, que estavam 27 Trabalhai, não pelo alimento que se
prestes a vir e levá-lo à força para o perde, mas pela comida que permanece
proclamarem rei, retirou-se novamente, para a vida eterna, alimento que o Filho
sozinho, para o monte. do homem vos dará; pois Deus, o Pai,
16 Ao anoitecer, seus discípulos desceram colocou o seu selo5 sobre Ele.”
para o mar. 28 Então, eles questionaram a Jesus: “O que
17 Entraram num barco e passaram para faremos para realizar as obras de Deus?”
o outro lado, rumo a Cafarnaum. Já 29 Jesus lhes asseverou: “A obra de Deus
estava escuro, e Jesus ainda não havia é esta: que creiais naquele que por Ele foi
chegado até eles. enviado.”
1 Denário: moeda romana de prata, equivalente a um dia de trabalho braçal.
2 Era um costume judaico contar apenas os homens.
3 O NTG omite “entre os discípulos, e para os”.
4 Entre cinco e seis quilômetros.
5 Selar (esphragisen em grego). O Pai abençoa o Filho com seu Espírito: a Trindade em plena ação na pessoa de Jesus.
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14. 15 JOÃO 6
30 Por esse motivo o desafiaram: “Que cemos? Como pode então Ele dizer: ‘Eu
sinal poderás realizar para que o vejamos desci do céu’?”.
e creiamos em ti? Que obra farás? 43 Por essa razão Jesus assim respondeu-
31 Nossos pais comeram o maná no de- lhes: “Não murmureis entre vós.
serto; como está escrito: ‘Ele lhes deu a 44 Ninguém pode vir a mim a menos que
comer pão do céu’.”.6 o Pai, o qual me enviou, o atrair; e Eu o
32 Respondeu-lhes, então, Jesus: “Em ressuscitarei no último dia.
verdade, em verdade vos asseguro: não 45 Está escrito nos Profetas: ‘E serão todos
foi Moisés quem vos deu o Pão do céu; ensinados por Deus’.9 Sendo assim, todo
mas é meu Pai quem vos dá o verdadeiro aquele que ouve o Pai e dele aprende,
pão do céu. vem a mim.
33 Pois o pão de Deus é o que desce do 46 Não que alguém tenha visto o Pai, a
céu e dá vida ao mundo.” não ser Aquele que vem de Deus. Só Ele
34 Então, eles pediram a Jesus: “Senhor, viu o Pai.
dá-nos sempre desse pão.” 47 Em verdade, em verdade vos assegu-
35 Diante disso, Jesus ministrou-lhes: “Eu ro: aquele que crê em mim10 tem a vida
sou o Pão da Vida; aquele que vem a mim eterna.
jamais terá fome, e aquele que crê em 48 Eu sou o Pão da Vida.11
mim jamais terá sede. 49 Vossos pais comeram o maná no de-
36 Todavia, como Eu vos disse, embora serto e estão mortos.
me tenhais visto, ainda não credes. 50 Este é o pão que desce do céu, para que
37 Todo aquele que o Pai me der, esse virá todo o que dele comer não morra.
a mim; e o que vem a mim, de maneira 51 Eu sou o Pão Vivo que desceu do céu;
alguma o excluirei.7 se alguém comer deste pão, viverá eter-
38 Pois Eu desci do céu, não para fazer a namente; e o pão que deverei dar pela
minha própria vontade, mas a vontade vida do mundo é a minha carne.”.
daquele que me enviou. 52 Houve, então, grande discussão entre
39 E esta é a vontade do Pai, o qual me os judeus e esbravejavam uns com os ou-
enviou: que Eu não perca nenhum de tros: “Como pode este homem dar-nos a
todos os que Ele me deu, mas que Eu os comer a sua própria carne?”.
ressuscite no último dia.8 53 Então Jesus os advertiu: “Em verdade,
40 De fato, esta é a vontade daquele que em verdade vos afirmo: se não comerdes a
me enviou: que todo aquele que vir o carne do Filho do homem e não beberdes o
Filho e nele crer tenha a vida eterna, e seu sangue, não tereis a vida dentro de vós.
Eu o ressuscitarei no último dia.”. 54 Todo aquele que comer a minha carne
e beber o meu sangue tem vida eterna, e
Jesus não é compreendido Eu o ressuscitarei no último dia.
41 Então, os judeus começaram a se quei- 55 Pois a minha carne é verdadeira comi-
xar dele, porque dissera: “Eu sou o pão da, e meu sangue é verdadeira bebida.
que desceu do céu.”. 56 Aquele que come a minha carne e bebe
42 E comentavam: “Não é este Jesus, o meu sangue permanece em mim, e Eu
filho de José? Cujo pai e mãe nós conhe- nele.
6 Maná: Pão do céu; a Torá (Lei de Moisés). Veja: Êx 16.4; Ne 9.15; Sl 78.24,25.
7 Excluir, lançar fora ou rejeitar, como em KJ. Veja: Jo 17.6-12.
8 Todo o que crê em Jesus recebe o Selo da Redenção Eterna: o Espírito Santo (2Co 1.21-22; Ef 1.13; Ef 4.30).
9 Veja: Is 54.13; Jr 31.31-34; Hb 8.6-18. Cristo é a redenção de Israel e de todos os povos.
10 O NTG omite “em mim”. Entretanto, já havia ficado claro que só aquele que crê em Jesus está salvo: agora e para sempre.
11 “Eu sou.” A expressão em grego egô eimi evoca o nome de Deus (Êx 3.14), transliterado Jeová Yahweh, e Jesus a repete
i
sete vezes. O “Eu sou” é o próprio “Pão da Vida” (Pv 9.5). Jesus é Deus!
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15. JOÃO 6, 7 16
57 Assim como o Pai, que vive, me enviou 68 Mas Simão Pedro respondeu a Ele:
e Eu vivo por causa do Pai, assim aquele “Senhor14, para quem iremos? Tu tens as
que se alimenta de mim viverá por mi- palavras de vida eterna.
nha causa. 69 Sendo assim, nós temos crido e
58 Este é o pão que desceu do céu. De reconhecido que Tu és o Cristo, o Filho
modo algum comparável ao maná do Deus Vivo.”.15
comido por vossos pais, que agora estão 70 Então Jesus acrescentou: “Não vos esco-
mortos. Aquele que comer deste Pão lhi, Eu, aos doze? Todavia, um dentre vós
viverá para sempre.”. é um diabo.”.16
59 Essas verdades disse Jesus, enquanto 71 Falava de Judas, o filho de Simão Is-
ensinava na sinagoga em Cafarnaum. cariotes.17 Este, ainda que fosse um dos
7
doze, mais tarde o haveria de trair.
Muitos discípulos deixam Jesus
60 Portanto, muitos dos seus discípulos, A falta de fé dos irmãos de Jesus
ao ouvirem isso, disseram: “Dura é essa
declaração.Quempoderácompreendê-la?”.
61 Quando Jesus percebeu, em seu ínti-
7 Depois desses fatos, Jesus andou pela
Galiléia, porque não queria passar
pela Judéia, pois os judeus1 procuravam
mo, que seus discípulos estavam mur- matá-lo.
murando por causa de suas palavras, 2 Nessa ocasião, a festa judaica dos Taber-
inquiriu-os: “Isso vos escandaliza?12 náculos estava próxima.
62 O que acontecerá quando virdes o 3 Sendo assim, os irmãos de Jesus lhe
Filho do homem ascender13 para o lugar disseram: “Parte deste lugar e vai para
onde estava antes? a Judéia, para que os teus discípulos,
63 É o Espírito quem dá vida; a carne em semelhantemente, vejam as obras que
nada se aproveita; as palavras que Eu vos fazes.
tenho dito são Espírito e são vida. 4 Porque ninguém age às ocultas enquan-
64 Entretanto, existem alguns de vós que to procura ser publicamente reconheci-
não crêem.”. Pois Jesus sabia, desde o do. Se realizas estas obras, manifesta-te
princípio, quais eram os que não criam ao mundo.”.
e quem o iria trair.
q 5 Pois nem mesmo seus irmãos acredita-
65 E continuou: “É por isso que Eu vos vam nele.
tenho dito que ninguém pode vir a mim, 6 Então Jesus lhes afirmou: “O meu tem-
a não ser que isso lhe seja concedido por po ainda não chegou; para vós, porém,
meu Pai.”. qualquer hora é correta.
66 Daquele momento em diante, muitos 7 O mundo não pode odiar-vos, mas
dos seus discípulos recuaram e não mais odeia a mim, pois Eu dou testemunho de
andaram com Ele. que suas obras são más.
67 Então Jesus interpelou os doze: “Vós 8 Podeis vós subir à festa. Eu, neste mo-
também desejais ir embora?”. mento, não subo para essa festa, porque
12 A palavra escandalizar (ofender, como em KJ) é derivada de um vocábulo grego skadalizei que significa “fazer tropeçar”.
Assim, Cristo serviu de “pedra de tropeço” para Israel como fora profetizado (Is 8.14,15).
13 “Ascender” (voltar à fonte ou origem) como em KJ. A ascensão de Cristo (3.13).
14 Senhor (kurios em grego). Na Septuaginta, a autoridade e o poder de Deus (Yahweh).
15 O NTG traz: “Tu és o Santo de Deus.” A KJ acompanha, neste caso, o Textus Receptus como está em Mt 16.16.
16 Diabo; em grego, diabolos: difamador, caluniador ou falso acusador. Aqui é provável que Jesus tenha usado o termo
hebraico/aramaico, um servo (demônio) de Satanás: sattan (adversário).
17 Jesus e sua Igreja sofrem com os traidores (6.64; 13.27). Iscariotes (em hebraico‘îsh qe riyyôth) significa simplesmente “o
homem de Queriote”, uma localidade da Judéia (Js 15.25), de onde Judas e seu pai Simão vieram.
Capítulo 7
1 Judeus aqui se refere aos habitantes da Judéia (ioudaioi). As autoridades governantes.
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16. 17 JOÃO 7
o meu tempo apropriado ainda2 não che-
a demônio! Quem está procurando ma-
gou por completo.”. tar-te?”
9 E tendo dito essas palavras a eles, per- 21 Jesus respondeu a eles, dizendo:
maneceu na Galiléia. “Realizei só uma obra,7 e todos vos
assombrais.
O Mestre celeste 22 Por causa de Moisés vos haver dado a
10 Mas, após seus irmãos terem subido, circuncisão (embora ela não tenha vindo
então, Ele também subiu para a festa, de Moisés, mas sim, dos patriarcas), vós
não abertamente, mas em segredo. circuncidais um homem no sábado.
11 Então, os judeus o procuravam na fes- 23 E, se um homem8 pode receber a cir-
ta e especulavam: “Onde estará Ele?” cuncisão no sábado, para que a Lei de
12 E havia grande murmuração entre o Moisés não seja quebrada, por que vos
povo a respeito dele. Alguns comentavam: irais contra mim por Eu ter curado com-
“Ele é bom.”. E outros: “Não, ao contrário, pletamente um homem no sábado?
Ele ilude o povo.”. 24 Não julgueis de acordo com a aparên-
13 Todavia, ninguém falava dele em pú- cia, mas decidi com justos julgamentos.”
blico, por medo dos judeus.
14 Assim, próximo ao meio da festa, Jesus Jesus é o Messias!
subiu ao templo e ensinava. 25 Então, alguns de Jerusalém diziam: “Não
15 E os judeus, maravilhados, diziam: é este aquele a quem procuram matar?
“Como sabe este homem letras,3 sem 26 Mas observai! Ele fala atrevidamente,
nunca ter estudado?” e eles não lhe dizem nada. Será que as
16 Respondeu-lhes Jesus: “A minha dou- autoridades reconhecem que Ele é verda-
trina4 não é minha, e sim, daquele que deiramente9 o Messias?
me enviou. 27 Entretanto, nós sabemos de onde é este
17 Se alguém desejar fazer a vontade dele, homem; quando o Cristo vier, ninguém
conhecerá a respeito da doutrina, se ela saberá de onde Ele é.”
vem de Deus ou se Eu falo por minha 28 Então Jesus, enquanto ensinava no
própria autoridade.5 templo, proclamou: “Vós não somente
18 Aquele que fala por si mesmo está pro- me conheceis, como também sabeis de
curando a sua própria glória; mas o que onde Eu Sou; e não vim porque Eu, de
procura a glória de quem o enviou, esse é mim mesmo, o desejasse, mas Aquele
verdadeiro, e nele não há injustiça.6 que me enviou é verdadeiro; Aquele a
19 Não foi Moisés quem vos deu a Lei? quem vós não conheceis.
Entretanto, nenhum de vós pratica a Lei. 29 Mas10 Eu o conheço, porque venho
Por que procurais matar-me?” dele e por Ele fui enviado.”.
20 Contestou o povo: “Tu estás com um 30 Por isso, procuravam prendê-lo; mas
2 O NTG omite a palavra “ainda”. A expressão “meu tempo apropriado” deriva da expressão grega kairos (literalmente, “opor-
tunidade” – o momentum, certo e predeterminado de Deus).
3 Jesus não estudou em escola rabínica, mas conhecia bem “as letras” (grammala, em grego) ou “escritos”, como em 5.47.
4 Mais que “ensino”. A doutrina de Jesus é o conjunto de princípios básicos do sistema filosófico e religioso de todo o
Cristianismo.
5 Os profetas de Deus falavam: “Assim diz o Senhor”; enquanto Jesus, exercendo a autoridade do Pai, dizia: “Eu vos digo” (3.34;
5.36). A vontade de Deus só é perfeitamente conhecida através do “desejar fazer” (thelei, verbo no presente contínuo em grego).
6 Adikia (em grego: o oposto a certo, justo e verdadeiro). O mundo tenta relativizar a moral e a justiça. Em Jesus não há qual-
quer falsidade. Ele é a verdade (14.6).
7 Obra (ou milagre), como em KJ e nos melhores textos em grego. Refere-se ao milagre de 5.8-10.
8 Homem como em KJ, ou “menino”. Os rabinos acreditavam que o rito da circuncisão podia curar uma parte do corpo do
homem e melhorar sua capacidade reprodutora.
9 O NTG omite a palavra: “verdadeiramente”. Cristo é a tradução grega da palavra hebraica Messias.
10 O NTG omite a palavra: “mas”.
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17. JOÃO 7 18
ninguém lhe pôs a mão, pois ainda não pois o Espírito Santo15 até aquele mo-
era chegada a sua hora. mento não fora concedido, porque Jesus
31 E muitos que estavam na multidão, não havia sido ainda glorificado.
acreditaram nele e afirmaram: “Quando
o Cristo vier, fará, porventura, mais sinais Quem é Jesus Cristo?
do que esses feitos por este homem?”. 40 Então, muitos16 dentre a multidão,
quando ouviram essas palavras, disse-
Jesus e os líderes religiosos ram: “Verdadeiramente este é o Profeta.”
32 Os fariseus ouviram a multidão fo- 41 Outros concluíram: “Este é o Messias.”
mentando esses comentários a respeito Mas, alguns divergiram: “Como pode o
dele. Então os chefes dos sacerdotes e os Cristo vir da Galiléia?
fariseus11 enviaram guardas do templo 42 Não diz a Escritura que o Cristo virá da
para o prenderem. semente17 de Davi, da cidade de Belém, de
7
33 Exclamou, então, Jesus: “Eu ainda onde era Davi?”.
estarei convosco por pouco tempo e logo 43 Assim houve uma divisão entre o povo
irei para Aquele que me enviou. por causa dele.
34 Vós procurareis por mim, mas não me 44 E alguns dentre o povo quiseram pren-
encontrareis; e onde Eu estou vós não dê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos.
podeis chegar.”
35 Então os judeus comentaram entre si: Rejeitado pelas autoridades
“Para onde Ele pretende ir, que não o pos- 45 Então, os guardas do templo voltaram
samos encontrar? Planeja ir para a Disper- aos chefes dos sacerdotes e aos fariseus,
são12 entre os gregos, para ensinar a eles? os quais lhes inquiriram: “Por que não o
36 Qual é o significado do que Ele disse: trouxestes?”.
‘Vós procurareis por mim, mas não me 46 Os guardas explicaram: “Nenhum ho-
encontrareis; e onde Eu estou vós não mem jamais falou como este Homem!”.18
podeis chegar’?”. 47 Replicaram-lhes os fariseus: “Será pos-
sível que fostes vós também iludidos?
A promessa do Espírito Santo 48 Porventura, acreditou nele alguém das
37 No último dia, o mais solene dia da autoridades ou dos fariseus?
festa, Jesus colocou-se em pé e clamou 49 E, quanto a esse povo comum, que
em pranto: “Se alguém tem sede, deixai- nada sabe da Lei, são uns malditos!”.
o vir a mim para que beba.13 50 Nicodemos, sendo um dos sacerdotes,
38 Aquele que crê em mim, como diz a o qual estivera com Jesus à noite,19 ques-
Escritura, do seu interior fluirão rios de tionou-os:
água viva.”. 51 “Acaso a nossa lei julga um homem,
39 Mas Ele se referiu ao Espírito que, mais sem primeiro ouvi-lo e saber o que ele
tarde, receberiam os que nele cressem;14 está fazendo?”.
11 Os chefes dos sacerdotes (em grego: archiereis) faziam parte das famílias sacerdotais mais ricas e poderosas e formavam o
Sinédrio. Os fariseus pertenciam a uma seita política radical na observância da Lei, e eram inimigos dos saduceus (sacerdotes).
12 Dispersão: regiões a norte e oeste da Judéia onde havia colônias judaicas em terras gregas.
13 O último dia era o oitavo dia da festa dos Tabernáculos e era sagrado como um sábado. Em todo o tempo da festa, um jarro
de ouro com água do tanque de Siloé era derramado, como libação, sobre o altar do sacrifício matinal. Cristo se apresenta como
a Rocha da qual flui água salvadora (Nm 20.2-13; 1Co 10.4). Uma profecia sobre sua morte expiatória (19.34).
14 O TM (Texto Majoritário) traz: “que creram”.
15 O NTG omite “Santo”, como está em KJ.
16 O NTG traz: “alguns”.
17 “Semente”, como nos originais e em KJ, ou “descendência”, como em algumas traduções.
18 “Homem!”: ênfase ao ser humano especial que os guardas viram em Jesus; como aparece nas novas versões de KJ.
19 “À noite” como em KJ, ou “antes” como no NTG.
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18. 19 JOÃO 7, 8
52 Eles responderam-lhe: “És igualmen- 10 Quando Jesus se ergueu, não vendo
te tu um galileu? Procura e verás que ne- a ninguém mais, além da mulher, disse
nhum profeta se levantou20 na Galiléia.”. a ela: “Mulher, onde estão aqueles teus8
53 Depois disso, cada um foi para a sua acusadores? Ninguém te condenou?”.
casa.21 11 Disse ela: “Ninguém,9 Senhor.” E assim
lhe disse Jesus: “Nem Eu te condeno;
Uma adúltera encontra a Luz podes ir e não peques mais.”.10
8 Entretanto, Jesus seguiu para o mon-
te das Oliveiras.
2 Ao amanhecer, Ele voltou ao templo,
Jesus defende seu testemunho
12 Falando novamente ao povo, disse Je-
e todo o povo achegava-se ao seu redor. sus: “Eu sou a luz do mundo; aquele que
Então, Ele se assentou e lhes ensinava. me segue, não andará em trevas, mas terá
3 Os escribas1 e fariseus trouxeram até a luz da vida.”.
Ele uma mulher surpreendida em adul- 13 Os fariseus, todavia, lhe indagaram:
tério. Forçaram-na a ficar em pé no meio “Tu dás testemunho a respeito de ti
de todos, mesmo; logo o teu testemunho não é
4 e disseram a Ele: “Mestre, esta mulher foi válido.”.
apanhada2 em flagrante ato de adultério.
a 14 Respondeu Jesus, assegurando-lhes:
5 Assim sendo, Moisés, na Lei,3 nos man- “Ainda que Eu testifique de mim mesmo,
dou que tais mulheres sejam apedrejadas. o meu testemunho é verdadeiro, pois sei
Todavia, tu, que dizes a este respeito?”. de onde vim e para onde vou. Todavia,
6 Eles falavam assim para prová-lo e terem vós não sabeis de onde venho e para
alguma coisa de que o acusar.4 Mas Jesus, onde vou.
inclinando-se, escrevia na terra com o 15 Vós julgais de acordo com a carne; Eu
dedo, como se não tivesse ouvido.5 a ninguém julgo.
7 Porque insistiram na pergunta, Ele 16 E mesmo que Eu julgue, o meu julga-
se levantou6 e lhes disse: “Aquele que mento é verdadeiro, pois não estou só,
dentre vós estiver sem pecado seja o mas Eu estou com o Pai, que me enviou.
primeiro a lhe atirar uma pedra.”. 17 Está igualmente escrito na vossa lei
8 E, novamente, inclinou-se e escrevia na que o testemunho de duas pessoas é
terra. verdadeiro.
9 Então, aqueles que ouviram isso, sendo 18 Eu testemunho sobre mim mesmo; e
convencidos por suas consciências,7 foram o Pai, que me enviou, testemunha a meu
se retirando um por um, começando pelos favor.”.
mais velhos até o último. Jesus foi deixado 19 Então, eles perguntaram a Ele: “Onde
só, e a mulher ficou em pé onde estava. está o teu pai?”. Respondeu-lhes Jesus:
20 Levantar, aparecer ou, como no NTG, surgir.
21 Muitos manuscritos não trazem Jo 7.53 a 8.11. Todavia, mais de 900 manuscritos apresentam todo o texto como em KJ.
Capítulo 8
1 Escriba: doutor da Lei entre os judeus, com a responsabilidade de copiar os originais bíblicos sem erros ou alterações.
2 “Apanhada”: como em KJ; ou como no TM: “encontrada”, ou ainda, “surpreendida”.
3 A MDT traz: “em nossa Lei”.
4 Se Jesus discordasse, estaria contra Moisés; concordando, seria um subversivo, pois só Roma poderia condenar alguém à
pena de morte. Além disso, Jesus afirmara que viera para a salvação dos pecadores.
5 “Como se não tivesse ouvido” em KJ, mas não consta do NTG e no TM
6 A MDT traz: “Ele olhou para cima.” Em KJ aparece como no NTG.
7 O NTG e o TM omitem: “sendo convencidos por suas consciências”.
8 O NTG omite: “não vendo a ninguém mais” e “teus”.
9 Não houve condenação por falta de acusadores sem culpa. Como Jesus nunca pecou (8.46), tomou os pecados dela sobre
si e a perdoou (Rm 8.1-3).
10 O TM acrescenta: “de agora em diante”.
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19. JOÃO 8 20
“Vós não conheceis nem a mim nem a cumpro a sua vontade como lhe agrada.”.
meu Pai. Se conhecêsseis a mim, da mes- 30 Tendo proferido essas palavras, muitos
ma forma conheceríeis a meu Pai.”. creram nele.
20 Essas palavras Jesus proclamou no lu-
gar do gazofilácio,11 enquanto ainda en- A verdade que liberta
sinava no templo; e ninguém o prendeu, 31 Então, disse Jesus aos judeus que
pois ainda não era chegada a sua hora. haviam crido nele: “Se permanecerdes na
minha Palavra, verdadeiramente sereis12
Jesus anuncia a sua partida meus discípulos.
21 Uma vez mais, disse-lhes Jesus: “Estou 32 E conhecereis a verdade, e a verdade
partindo, e vós procurareis por mim, vos libertará.”
mas morrereis em vossos pecados; para 33 Eles responderam-lhe: “Somos des-
onde Eu vou, vós não podeis ir.” cendência de Abraão e jamais fomos
22 Então, os judeus comentaram: “Terá escravos de ninguém. Como podes tu
Ele a intenção de se matar? E, por isso diz: afirmar que seremos libertos?”
‘Para onde Eu vou, vós não podeis ir’?”. 34 Jesus explicou-lhes: “Em verdade, em
23 Mas Ele seguiu dizendo-lhes: “Vós verdade vos asseguro: todo aquele que
sois daqui de baixo; Eu Sou lá de cima. pratica o pecado é escravo do pecado.
Vós sois deste mundo; Eu deste mundo 35 O escravo não fica em casa para sempre,
não sou. mas o filho permanece para sempre.13
24 Por isso, Eu vos afirmei que morrereis 36 Assim sendo, se o Filho vos libertar,
em vossos pecados. Se vós não crerdes sereis verdadeiramente livres.
que Eu Sou, certamente morrereis em
vossos pecados.”. A semente de Abraão e de Satanás
25 Então, indagaram-lhe: “Quem és 37 Eu sei que sois a descendência de
tu?” E Jesus lhes afirmou: “Exatamente Abraão, entretanto, procurais matar-me,
o mesmo que vos tenho dito desde o porque a minha Palavra não tem lugar
princípio. dentro de vós.
26 Eu tenho muito mais a declarar e 38 Eu falo do que tenho visto com meu
julgar a respeito de vós. Pois Aquele que Pai, e vós fazeis o que ouvistes14 de vosso
me enviou é digno de toda a confiança, pai.”
assim, transmito ao mundo as palavras 39 Eles contestaram a Jesus, dizendo:
que dele ouvi.”. “Abraão é nosso pai.”. Mas Jesus os cor-
27 Os judeus, contudo, não entenderam rigiu: “Se fôsseis filhos de Abraão, vós
que lhes falava acerca do Pai. faríeis as obras de Abraão.
28 Então Jesus preveniu-os: “Quando ti- 40 Mas, ao contrário, agora procurais
verdes elevado o Filho do homem, então matar a mim, um homem que vos tem
sabereis que Eu Sou, e que nada faço de declarado a verdade, a qual ouviu de
mim mesmo, mas transmito tudo con- Deus. Abraão não procedeu assim.15
forme o meu Pai me ensinou. 41 Vós fazeis as obras de vosso pai.”. Então
29 E Aquele que me enviou está comigo. lhe asseveraram: “Nós não nascemos de
O Pai não me deixou só, pois Eu sempre fornicação;16 nós temos um só Pai, Deus.”.
11 “Lugar do gazofilácio” ou “tesouro”, como em KJ: ficava no pátio das mulheres, onde havia treze recipientes em forma de trom-
beta para receber as ofertas; seis deles para ofertas voluntárias. Onde Jesus viu a viúva depositar suas moedas (Mc 12.41-44).
12 “Sois”, como em KJ. Só os verdadeiros discípulos permanecem em Jesus, e vivem a fé cristã como estilo de vida.
13 O escravo não tem ligação de sangue com a família, mas o filho pertence a ela para sempre.
14 Embora apareça “visto” em KJ, o mais correto é como no NTG: “ouvistes de”.
15 Abraão é exemplo de obediência a Deus (Gn 26.5; Hb 11.8-12).
16 No NTG: “não nascemos de pornéia”, ou seja, de ato sexual ilícito; “não somos bastardos”.
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