1. O livro do Apocalipse é uma revelação de Jesus Cristo dada a João, o discípulo amado, por meio de um anjo, usando símbolos para descrever eventos futuros.
2. João saúda sete igrejas na Ásia, desejando-lhes graça e paz de Deus Pai e de Jesus Cristo, que libertou a humanidade do pecado através de seu sacrifício e estabeleceu seu reino.
3. O livro contém uma revelação de Cristo e mensagens para as sete
1. INTRODUÇÃO
APOCALIPSE
Autoria
Como já vimos no Evangelho segundo João e em suas cartas às igrejas da Ásia, o profeta e
autor do Apocalipse (22.9), o mais enigmático e curioso livro da Bíblia é do apóstolo João, filho de
Zebedeu e Salomé, uma família abastada da Galiléia (Mc 15.40,41), conhecido como “o discípulo a
quem Jesus amava” (Jo 21.20-24). Talvez isso tenha deixado uma ponta de inveja em muitos falsos
seguidores do cristianismo, a ponto de séculos mais tarde brotar maldosamente, da parte de alguns
críticos, certas calúnias questionando a sexualidade de João. Entretanto, em sua época e por todas
as igrejas da Ásia Menor, ele notabilizou-se por sua bravura e masculinidade, vindo a ser conhecido
como “filho do trovão” (Mc 3.17). João teve um importante papel na obra da igreja primitiva em
Jerusalém (At 3.1; 8.14; Gl 2.9). Em quatro ocasiões, o autor do Apocalipse tem o cuidado de se
apresentar como João (1.1,4,9; 22.8). Judeu e versado nas Escrituras, alimentava viva e contagiante
a esperança de que a verdade e a fé cristã não demorariam a ver a glória do triunfo eterno sobre as
momentâneas e poderosas forças de Satanás em plena atuação no mundo.
Por volta do ano 135 d.C., Justino Mártir, e logo depois Irineu (180 d.C.), citam o livro do Apocalipse
em seus estudos, em alguns trechos, palavra por palavra e, indiscutivelmente, atribuem a autoria do
livro sagrado a João, o apóstolo de Jesus Cristo.
No século II, entretanto, um bispo africano denominado Dionísio fez um longo estudo comparativo
entre a linguagem, o estilo e a teologia aplicada ao livro do Apocalipse, e as demais obras do
apóstolo João, concluindo que outro João, provavelmente, João conhecido como “o Presbítero”,
seria o autor desse livro profético. Embora alguns estudiosos ainda hoje sigam o pensamento de
Dionísio, a grande maioria dos eruditos e biblistas da atualidade confirmam a autoria do apóstolo
João para o livro das “últimas coisas”: o Apocalipse.
Propósitos
A palavra-chave para o início de uma correta compreensão desta obra encontra-se na abertura da
carta: revelação (1.1). Essa é a melhor tradução da expressão grega Apokavluyi" (Apokálypsis) que
abre o livro do “Apocalipse” e freqüentemente aparece nos textos proféticos do AT da Septuaginta
(a primeira e mais importante tradução do AT em grego). Tanto que a edição da Bíblia King James
de 1611, e todas as demais em língua inglesa, usam a expressão “revelation” (revelação) como título
desse livro de João. A palavra “apocalipse” tornou-se um termo técnico para a igreja primitiva e
passou a designar a manifestação gloriosa de Jesus Cristo, o Messias, no final dos tempos (Rm 2.5;
8.19; 1Co 1.7; 2Ts 1.7; 1Pe 1.7,13). Portanto, o “apocalipse” é a “revelação” da pessoa do Senhor
Jesus Cristo como o Redentor do mundo e conquistador único e absoluto do Mal em todas as suas
formas e expressões.
Como na época de João, as autoridades políticas e militares dominantes estavam começando a im-
por o chamado “culto de adoração ao imperador”, o apóstolo sente a necessidade vital de encorajar
os cristãos a se manterem fiéis e leais a Jesus Cristo, nosso único e supremo Senhor.
Por vários motivos, incluindo o cultural (o estilo literário peculiar), o místico (a obra é fruto de uma
experiência de êxtase espiritual), e o da segurança (era fundamental que a mensagem chegasse às
igrejas sem a censura ou o bloqueio do exército romano). Todo o processo pelo qual o Senhor dará
prosseguimento à sua obra redentiva e salvadora de todas as pessoas que nele crerem, está aqui
delineado sob símbolos, metáforas e ilustrações diversas.
A estrutura dessa obra maravilhosa e fundamental de João está baseada em quatro grandes
visões, cada uma delas estrategicamente começando com a expressão “no espírito”, e comunicando
ao leitor algum aspecto da pessoa do Messias, Jesus Cristo, e da sua supremacia como Juiz do
Universo. Cada visão proporciona uma cena diferente e nos conduz para um degrau superior no
processo de revelação total e final da História da humanidade.
O livro tem seu início marcado pela visão de cartas endereçadas pelo Senhor a sete igrejas exis-
tentes no período apostólico, e que servem como exemplos de igrejas de todas as épocas. Nessas
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2. cartas, Deus expressa seus elogios e críticas, concluindo sempre com uma advertência ou conselho
e uma promessa.
No quarto capítulo, João se sente transferido para as dimensões celestiais, e lhe é concedido o
dom de contemplar os grandes eventos mundiais que acontecerão depois de certos sinais (4.1).
Por meio de uma série de julgamentos seguidos, porém imprecisos quanto a épocas e duração (os
selos, as trombetas e as taças), o planeta Terra e todos os seres vivos serão castigados por causa do
pecado humano com sua insaciável perversão e maldade. Então, o grande Dia da ira de Deus, retido
por séculos e séculos, será finalmente inaugurado.
Embora não possamos calcular quando nem quanto tempo levará todo esse processo de juízo,
o próprio Senhor - por sua misericórdia - se encarregará de abreviar a dor e o sofrimento da raça
humana, especialmente dos seus filhos. Nos capítulos dezessete e vinte, somos informados
dos detalhes finais dessa dispensação ou tempo histórico. O glorioso retorno de Jesus Cristo
acompanhado por seus exércitos celestiais (19.11-20), o estabelecimento efetivo e definitivo do
Reino de Deus, logo após o processo de julgamento final do Trono Branco (20.1-15) e o início de um
novo mundo (21.1-8; 21.9 – 22.5).
Contudo, no encerramento deste livro há uma palavra poderosa e alentadora de chamamento à
devoção. O alerta é geral: considerando a iminente, triunfal e definitiva volta do Senhor, a santidade
e o testemunho são imperiosos na vida de todos aqueles que receberam o maravilhoso dom de crer
em Deus Yahweh. O livro termina com uma oração que deveria expressar o santo desejo de todos
os crentes: Maranata! (uma transliteração do aramaico) que significa “Amém! Vem Senhor Jesus!”
(22.20; 1Co 16.22).
Data da primeira publicação
João escreveu o Apocalipse por volta do ano 93 d.C., quando os cristãos estavam começando a
viver um dos mais intensos períodos de perseguição religiosa da história; depois do terrível reinado
de Nero (54-68 d.C.), e ao final da era de Domiciano (81-96 d.C.). Tito Flávio Domiciano foi filho de
Vespasiano. Nascido no ano 51 d.C., na dinastia dos Flávios, começou seu império com sabedoria
e elevado carisma popular, mostrou-se hábil administrador. Conquistou diversos povos e terras,
inclusive toda a Bretanha. Entretanto, seu autoritarismo sempre crescente fez surgir um regime
de extremo terror e repressão que atingiu o povo, a aristocracia, os filósofos, e, principalmente, os
pensadores e pregadores judeus e cristãos. Sucumbiu assassinado numa conjuração promovida
por seus senadores com a cumplicidade de sua esposa. O apóstolo João, sem citar nomes, faz uma
profunda analogia entre a maligna estratégia política de Domiciano e os líderes mundiais despóticos
e maquiavélicos de todas as épocas, especialmente com o último anticristo.
Esboço de Apocalipse
1. Prefácio e saudações apostólicas aos crentes em Cristo (1.1-8)
2. Primeira Visão: Cristo e a Igreja (1.9 – 3.22)
A. Representação da presença do Sumo Sacerdote (1.9-20)
B. Mensagens às sete igrejas (2.1 – 3.22)
3. Segunda Visão: Cristo e o mundo (4.1 – 16.21)
A. Adoração universal ao Cordeiro e Rei (4.1 – 5.14)
B. Os sete selos são rompidos (6.1-17; 8.1-5)
C. Os 144.000 selados de Israel (7.1-8)
D. A multidão incontável dos demais salvos (7.9-17)
E. O mistério das sete trombetas (8.6 – 9.21; 11.19)
F. O mistério da medição do Templo (11.1,2)
G. O mistério das duas testemunhas (11.3-14)
4. Os assustadores sinais mundiais (12.1 – 14.20)
A. O sinal da mulher com a coroa de doze estrelas (12.1-16)
B. O sinal do enorme dragão vermelho (12.3-17)
C. Israel gerou um filho que regerá o mundo (12.5,6)
D. A batalha de Miguel, o arcanjo (12.7)
E. A Besta que se levanta do mar (13.1-10)
F. A Besta que se levanta da terra (13.11-18)
5. Cristo, o Cordeiro de Deus, no monte Sião (14.1-5)
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3. 6. Anúncios especiais dos anjos do Senhor (14.6-20)
7. Os sete anjos derramam as sete taças do juízo (15.1 – 16.21)
A. Os santos entoam hinos de louvor a Deus (15.1-4)
B. Os anjos executam os sete flagelos do juízo (15.5-16.21)
8. Terceira Visão: Cristo e a Vitória absoluta (17.1 – 21.8)
A. A destruição da Babilônia (17.1 – 18.24)
B. A resposta que vem do céu (19.1-10)
C. A prisão de Satanás por mil anos (20.1-6)
D. Grandes conflitos e o juízo final (20.7-15)
E. Nasce o novo céu e a nova terra (21.1-8)
9. Quarta Visão: Cristo e a eternidade (21.9 – 22.5)
A. Nasce uma Nova Jerusalém (21.9-21)
B. A nova vida com o Cordeiro (21.22 – 22.5)
10. Conclusão do Apocalipse (22.6-21)
A. Convocação à obediência imediata (22.6-11)
B. Convocação ao serviço cristão (22.12-15)
C. Convocação ao Amém de Cristo (22.16-20)
D. Bênção apostólica a todos os crentes (22.21)
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4. APOCALIPSE
Introdução e tema do livro Saudação às sete igrejas da Ásia
1 Revelação de Jesus Cristo, que Deus
lhe concedeu para mostrar a seus
servos os acontecimentos que em breve
4 João, às sete igrejas que estão na provín-
cia da Ásia: graça e paz a vós outros, da
parte daquele que é, que era e que há de
devem se realizar, e que Ele, por intermé- vir, e da parte do sétuplo Espírito que o
dio do seu anjo, expressou ao seu servo assiste diante do seu trono,3
João,1 5 e de Jesus Cristo, que é a Testemunha
2 o qual comprovou tudo quanto viu da fiel, o Primogênito dentre os mortos e o
Palavra de Deus e o testemunho de Jesus Soberano dos reis da terra. Ele, que nos
Cristo. ama e, mediante seu sangue, nos libertou
3 Bem-aventurados os que lêem, bem de todos os nossos pecados,4
como os que ouvem, as palavras desta 6 e nos constituiu reino e sacerdotes para
profecia e obedecem às orientações que servir a Deus, seu Pai; a Ele, portanto,
nela estão escritas, porquanto o tempo sejam glória e domínio pelos séculos dos
desses eventos está às portas.2 séculos. Amém!5
1 A expressão grega apokalipsis “revelação”, significa literalmente “tirar o manto”, isto é, “descobrir”, “tornar claro algo
obscuro”, “trazer um mistério à luz da compreensão”. Aqui a mensagem (revelação) vem de Cristo, por meio de um “anjo
intermediário” (a palavra “anjo” ocorre mais de 70 vezes neste livro), e é ministrada a João através de símbolos, que é o sentido
do termo grego semainõ “significar”, “expressar” (ensinar por simbologia). Essa compreensão nos leva à chave da interpretação
geral deste livro: ensinamento simbólico. João, apóstolo, e conhecido como “o discípulo amado” de Cristo, irmão mais novo do
apóstolo Tiago, primo de Jesus e autor do evangelho e das epístolas que levam seu nome, foi escolhido por Deus para receber
essa advertência divina e transmiti-la a todos os demais “servos” (em grego “escravos”) de Jesus em todo mundo. Sabendo que
tais “eventos” estão em processo desde a assunção de Cristo aos céus e, portanto, seu glorioso retorno é certo e iminente (Jo
19.25; 21.2,20,24; Mt 27.56; Mc 3.17; 15.40; Lc 9.52-56; Ap 22.6-20).
2 Os leitores ocidentais, especialmente, devem estar atentos ao estilo apocalíptico (simbólico) desta obra, muito comum no
Oriente ainda hoje. Mais de 50 vezes o número 7 aparece em todo livro, significando “inteireza”, “perfeição”. Aqui temos, por
exemplo, a primeira das sete “bem-aventuranças” que aparecem em todo o livro (14.13; 16.15; 19.9; 20.6; 22.7,14). O termo
grego makarios tem um sentido muito mais amplo e profundo do que a expressão “feliz” poderia comunicar. Portanto, “bem-
aventurados” transmite melhor o poder e a maravilha da bênção que está reservada para todos aqueles que humildemente
lerem ou ouvirem as palavras deste livro (Mt 5.3; Sl 1.1). O vocábulo “profecias” refere-se tanto à previsão de eventos futuros,
quanto à proclamação da Palavra de Deus. O Senhor retarda o grande Dia do Juízo para que fique, a cada dia, mais notória a
sua longanimidade (Mt 10.39; 18.11; Lc 19.10; Jo 17.12) e a incapacidade do ser humano caído (Gn 3) proporcionar à própria
humanidade um mundo justo, sadio e solidário. Contudo, seu glorioso retorno pode ocorrer a qualquer momento (Tg 5.9).
3 A mensagem foi dirigida às sete igrejas, ou seja, àquelas enumeradas no v.11 e a todas as demais igrejas cristãs em todas as
épocas. O termo grego ekklesia “assembléia” era usado para “convocar” as pessoas para as “reuniões” dos crentes primitivos.
As igrejas localizadas na província romana da Ásia, na época de João, hoje uma região da Turquia ocidental, formavam um círculo
geográfico na Ásia, com uma distância de cerca de 80 km entre uma e outra. Curiosamente, seus nomes são citados no sentido
horário, partindo de Éfeso em direção ao norte até Laodicéia, a leste de Éfeso. Todas as sete igrejas receberam cópias completas
do livro com a recomendação de não apenas lerem, estudarem e praticarem a Palavra de Deus, mas igualmente, de proclamarem
a Salvação e o Dia do Senhor a todo o mundo. O vocábulo grego “Graça” é usado apenas duas vezes neste livro, aqui e no
último versículo (22.21). No entanto, Paulo o usa mais de 100 vezes, evidenciando que vivemos a era da Graça, quando Deus
está caminhando pela terra, com seu Espírito e sua Igreja, oferecendo liberalmente sua Salvação (Jn 4.2; Jo 14.27; 20.19; Gl 1.3;
Ef 1.2). João parafraseia um dos títulos de Cristo para ressaltar seu poder e eternidade (Êx 3.14,15; Hb 13.8; Ap 4.5). Algumas
versões trazem a expressão “os sete espíritos”, todavia, o sentido mais apropriado é compreendido ao aplicarmos a simbologia
do número 7 à autoridade absoluta e perene do Espírito Santo (Is 11.2; Zc 4.2,10).
4 Jesus, por sua morte e ressurreição, recebeu o primeiro corpo celestial, “sendo Ele o primeiro dos frutos dentre aqueles que
dormiram” (Sl 89.27; Dn 7.13; Mt 24.30; Mc 13.26; Lc 21.27; Zc 12.10; Jo 19.34,37; 1Co 15.20,48; Cl 1.18) e nos resgatou (libertou)
pagando com o seu próprio sangue imaculado a nossa fiança (Hb 9.12).
5 Deus designou Israel como seu povo, reino e sacerdotes (Êx 19.6; Zc 3; At 1.6). Essa mesma honra foi concedida aos
membros da Igreja de Cristo (1Pe 2.5,9). O Nome de Deus revela sua própria pessoa (Yahweh – Ex 3.14).
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5. 5 APOCALIPSE 1
7 Eis que Ele vem com as nuvens, e todo 14 Sua cabeça e seus cabelos eram bran-
olho o verá, até mesmo aqueles que o cos como a lã, tão brancos quanto a neve,
traspassaram, e todas as tribos da terra se e seus olhos, como uma chama de fogo.8
lamentarão por causa dele. Certamente, 15 Seus pés reluziam como o metal,
assim será. Amém! quando é refinado em fornalha ardente,
8 “Eu Sou o Alfa e o Ômega”, declara o e sua voz como o som de muitas águas.9
Senhor Deus, “Aquele que é, que era e 16 Tinha em sua mão direita sete estre-
que há de vir, o Todo-Poderoso”. las, e de sua boca saía uma espada com
dois gumes afiados. Seu rosto era como
Jesus aparece e revela a João o próprio sol quando brilha em todo o
9 Eu, João, irmão e vosso companheiro seu esplendor.10
de sofrimento, no Reino e na perseve- 17 Assim que o admirei, cai a seus pés
rança na fé em Jesus, estava na ilha de como se estivesse morto. Então, Ele co-
Patmos, por causa da Palavra de Deus e locou sua mão direita sobre mim, e disse:
do testemunho de Jesus. “Não tenhas medo, Eu Sou o primeiro e
10 E, no dia do Senhor, achei-me exaltado o último.
no Espírito, quando ouvi atrás de mim 18 Eu Sou o que vive; estive morto, mas
uma voz forte, como o som de trombeta,6 eis que estou vivo por toda a eternida-
11 que dizia: “Escreve em um livro o que de! E possuo as chaves da morte e do
vês e envia-o a estas sete igrejas: Éfeso, inferno.11
Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Fila- 19 Portanto, escreve sobre tudo o que tens
délfia e Laodicéia”. visto, tanto os eventos que se referem ao
12 Voltei-me para observar quem falava presente como aqueles que sucederão
comigo e, voltando-me, vi sete candela- depois destes.
bros de ouro 20 Este é o mistério das sete estrelas, que
13 e, entre os candelabros, alguém seme- viste na minha mão direita, e dos sete
lhante a um ser humano, vestindo uma candelabros de ouro: as estrelas são os
longa túnica que chegava aos seus pés, e anjos das sete igrejas, e os sete candela-
um cinturão de ouro ao redor do peito.7 bros são as sete igrejas”.12
6 Patmos era uma pequena ilha rochosa no mar Egeu, próxima ao litoral onde hoje se situa a Turquia, cerca de 80 km de
Éfeso. Era conhecida como colônia penal romana, e Eusébio, um dos “pais da Igreja”, relata que João foi liberto de Patmos pelo
imperador Nerva, entre os anos 95 e 98 d.C. O Espírito do Senhor conduziu João a uma experiência de êxtase espiritual (assim
como ocorreu a Pedro – At 10.10), durante a qual lhe concedeu uma visão da realidade normalmente inacessível ao ser humano.
Nesta época, o domingo já era considerado pela igreja cristã primitiva como “o dia do Senhor”. Era, portanto, o dia em que os
cristãos se reuniam como igreja (assembléia) e recolhiam suas ofertas para a obra (At 20.7; 1Co 16.2).
7 Referência clara a Cristo como nosso sumo sacerdote (Êx 28.4; 29.5).
8 Os cabelos brancos (cãs) representam santidade, sabedoria e a eterna deidade de Cristo, conforme a descrição do profeta
Daniel do Ancião de Dias (Dn 7.9,13; 10.6; Is 1.18). Os olhos em chamas denotam o olhar penetrante e discernidor de Cristo (4.6;
Lv 19.32; Pv 16.31).
9 Outros profetas, como Ezequiel, descrevem a voz de Deus como a rebentação das ondas (Ez 1.24; 43.2). Em Patmos esse
som do mar seria ainda mais aterrador ao quebrar-se contra as paredes rochosas da ilha. Mais um símbolo de autoridade e
soberania de Deus (Jo 12.29).
10 Deus sustenta os anjos das igrejas (as estrelas – v.20) em sua mão direita, o que significa, posição de grande honra e res-
ponsabilidade. A espada, longa e afiada dos dois lados, representa o poder e o direito que Cristo tem para julgar e executar as
devidas sentenças aos impenitentes (Is 11.4; 44.6; 48.12; Hb 4.12,13).
11 No AT, há uma profusão de referências ao “Deus Vivo” (Js 3.10; Sl 42.2; 84.2), que se aplicam a Jesus Cristo, em contraste
aos “deuses mortos” do paganismo. Cristo tem vida em si mesmo e possui absoluto domínio sobre todos os seres vivos e mortos.
Hades, palavra grega que pode ser traduzida por “inferno”, “sepulcro”, “morte” ou “lugar dos mortos” (Mt 16.18).
12 Esse é o primeiro texto no livro que procura interpretar alguns dos símbolos usados na comunicação da profecia entregue
a João (17.15,18). O termo grego angelos significa “mensageiro” e, na maioria das vezes, tem a ver com um ser celestial (anjo).
Aqui, entretanto, pode ser também aplicado ao pastor ou líder espiritual da igreja, personificando a atmosfera celeste (espírito)
que deve prevalecer em cada comunidade cristã.
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6. APOCALIPSE 2 6
Carta à igreja em Éfeso 7 Quem tem ouvidos, compreenda o que
2 “Ao anjo da igreja em Éfeso escreve:
‘Assim declara Aquele que tem as sete
estrelas na mão direita e anda no meio
o Espírito declara às igrejas: ‘Ao vencedor
darei o direito de comer da árvore da
vida, que está no paraíso de Deus’”.6
dos sete candelabros de ouro:1
2 Conheço as tuas obras, tanto o teu tra- Carta à igreja em Esmirna
balho árduo como a tua perseverança, e 8 “Ao anjo da igreja em Esmirna escreve:
que não podes tolerar pessoas más, e que ‘Aquele que é o primeiro e o último, que
puseste à prova aqueles que a si mesmos foi morto e ressuscitado, faz as seguintes
se declaram apóstolos mas não são, e afirmações:
descobriu que eram impostores.2 9 Conheço as tuas aflições e a tua pobreza;
3 Tens perseverado e suportado sofri- contudo, tu és rico! Conheço a blasfêmia
mentos de toda espécie por causa do dos que se dizem judeus mas não são, pelo
meu Nome, e não te deixaste desfalecer. contrário, são sinagoga de Satanás.
4 Entretanto, tenho contra ti o fato de 10 Não temas nada do que estais prestes
que abandonaste o teu primeiro amor.3 a sofrer! Eis que o Diabo está para lançar
5 Recorda-te, pois, de onde caíste, arre- alguns de vós na prisão; a fim de que
pende-te e volta à prática das primeiras sejais provados, e sofrereis perseguição
obras. Porquanto, se não te arrependeres, durante dez dias. Sê fiel até a morte, e Eu
em breve virei contra ti e tirarei o teu te darei a coroa da vida!’7
candelabro do seu lugar.4 11 Aquele que tem ouvidos, compreen-
6 Tens, contudo, a teu favor que odeias da o que o Espírito revela às igrejas: ‘O
as práticas dos nicolaítas, as quais Eu vencedor de maneira alguma sofrerá a
também odeio’.5 punição da segunda morte’”.8
1 Essas sete igrejas realmente existiram na Ásia Menor. Apesar disso, observa-se o retrato de uma certa seqüência de degra-
dação espiritual e moral da igreja, ao longo da história, que chega até a completa apatia exemplificada pela igreja de Laodicéia.
Jesus revela um padrão de advertência que se aplica aos vários perfis da igreja em todas as épocas até sua volta: elogio pelas
boas atitudes; admoestação contra os erros e faltas; disciplina e correção. Éfeso era um dos principais centros urbanos do
Império e jactava-se de sua cultura e religiosidade pagã, ostentando o templo de Ártemis (Diana), uma das sete maravilhas do
mundo antigo.
2 A igreja primitiva cultivava o hábito de pôr à prova os mestres e suas doutrinas, a fim de verificar sua correção e fidedignidade
bíblica. Haja vista a grande quantidade de místicos, judaizantes e falsos mestres que surgiram nos primeiros séculos após a
ressurreição de Cristo (1Co 14.29; 1Ts 5.21; 1Jo 4.1).
3 Todas as igrejas da província da Ásia haviam experimentado grande amor por Jesus Cristo (pelo Evangelho) e cooperavam
fraternalmente uns com os outros, demonstrando a plenitude e a alegria do amor cristão nos primeiros anos de suas conversões.
Com o passar do tempo, a chegada das muitas provações e tentações, esse amor foi se esfriando. Um alerta para a igreja dos
nossos dias.
4 O termo grego, aqui traduzido por “arrepende-te”, significa: “transforma o teu pensamento e tuas ações”. Assim também, a
expressão grega: “em breve virei contra ti” prenuncia uma visitação divina, especial e urgente, para julgamento imediato.
5 A tradição indica a seita herética dos nicolaítas com Nicolau, um prosélito de Antioquia e um dos sete primeiros diáconos da igre-
ja em Jerusalém (At 6.5). Na época de João, contudo, o sincretismo religioso e filosófico já era tão avassalador nas regiões da Ásia
Menor, que um grupo em Pérgamo, que defendia as idéias de Balaão (vv.14,15), e alguns outros heréticos em Tiatira, que seguiam a
Jezabel (v.20), aderiram ao movimento dos nicolaítas, pois que estes também estimulavam o paganismo e a libertinagem.
6 Neste livro, a expressão “vencer” se refere aos “cristãos que permanecem fiéis ao Senhor apesar das muitas provações e
tentações” (15.2). Alimentar-se da “árvore da vida” (Gn 2.9; Ap 22.2) simboliza o participar da plenitude da vida eterna. O termo
persa “paraíso”, incorporado ao vocabulário hebraico, significa “jardim particular” e tem a ver com a promessa de Jesus (Lc 23.43;
2Co 12.2) e a Jerusalém celestial que, em breve, nos será plenamente revelada (Ap 21.10; 22.2).
7 A “coroa” aqui não se refere à coroa de rei, mas a uma espécie de grinalda de folhas, presenteada aos “vencedores” nas
batalhas e jogos olímpicos (1Co 9.25). No contexto deste livro simboliza a vida eterna (4.4; 12.3; 13.1; 14.14; 19.2; Tg 1.12; 1Pe
5.4). O vocábulo grego diabolos significa “acusador” (em hebraico: “Satanás” – Zc 3.1; Jó 1.6-12; 2.1-7), e representa a principal
artimanha do Diabo contra os filhos de Deus (Jo 15.20; 2Tm 3.12).
8 Esmirna (hoje na região da Turquia) era uma colônia do Império romano. Econômica e culturalmente desenvolvida,
absolutamente submissa a Roma e ao culto ao imperador. Além disso, a grande comunidade judaica que vivia na cidade era
muito hostil aos cristãos. Policarpo, um dos mais famosos “pais da Igreja”, foi bispo cristão em Esmirna e martirizado por sua fé,
sincera e corajosa no Senhor. A expressão “segunda morte” simboliza a condenação eterna (20.6,14; 21.8).
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7. 7 APOCALIPSE 2
Carta à igreja em Pérgamo novo nome, o qual ninguém conhece, a
12 “Ao anjo da igreja em Pérgamo es- não ser aquele que o recebe’”.12
creve: ‘Assim declara Aquele que tem a
espada de dois gumes afiados:9 Carta à igreja em Tiatira
13 Conheço o lugar em que vives, onde 18 “Ao anjo da igreja em Tiatira escreve:
se encontra o trono de Satanás. Apesar ‘Assim declara o Filho de Deus, cujos
disso, permaneces fiel ao meu Nome e olhos são como chama de fogo e os pés
não renunciaste à tua fé em mim, nem como bronze reluzente:13
mesmo quando Antipas, minha leal tes- 19 Conheço as tuas obras, o teu amor,
temunha, foi morto nessa cidade, onde a tua fé, o teu ministério, a tua perseve-
Satanás habita.10 rança, bem como sei que estais servindo
14 Tenho, contudo, contra ti algumas muito mais agora do que no princípio.
admoestações, porquanto tens contigo 20 No entanto, tenho contra ti o fato de
os que seguem a doutrina de Balaão, que que toleras Jezabel, aquela mulher que se
ensinou a Balaque a armar ciladas contra diz profetisa; porém, com seus ensinos
os filhos de Israel, induzindo-os a comer ela induz os meus servos à imoralidade
alimentos sacrificados a ídolos e a se en- sexual e a comerem alimentos sacrifica-
tregarem à prática da prostituição.11 dos aos ídolos.14
15 Além disso, tens também alguns que, 21 Concedi-lhe tempo para que se ar-
semelhantemente, seguem a doutrina rependesse da sua prostituição, mas ela
dos nicolaítas. não quer arrepender-se.
16 Diante do exposto, arrepende-te! Caso 22 Portanto, eis que a farei adoecer e
contrário, logo virei contra ti e contra enviarei grande aflição sobre aqueles que
eles pelejarei com a espada da minha com ela comentem adultério, a não ser
boca’. que se arrependam das suas más ações.
17 Quem tem ouvidos, compreenda o que 23 Matarei os seguidores dessa mulher,
o Espírito revela às igrejas: ‘Ao vencedor e todas as igrejas saberão que Eu Sou
proporcionarei do maná escondido, bem aquele que sonda mentes e corações, e
como lhe darei uma pedra branca, e so- portanto, retribuirei a cada um de vós de
bre essa pedra branca estará grafado um acordo com as vossas obras.15
9 Pérgamo (atual Bergama), antiga capital da Ásia Menor, seu nome significa “centro defensivo ou fortaleza”. Foram os primei-
ros a trabalhar o couro de cabras e ovelhas como material de base para escrita (pergaminho), dando origem ao formato (códice)
que o livro tem hoje. Os dois gumes da espada simbolizam a julgamento de Deus: justo e inexorável (1.16).
10 Pérgamo acabou sendo uma espécie de centro oficial da religiosidade pagã e de adoração ao imperador de Roma. Segundo
a tradição cristã, Antipas foi o primeiro mártir na Ásia, tendo sido cozido em azeite, num caldeirão de bronze, lentamente até
morrer, por causa de professar publicamente sua fé em Jesus Cristo, durante o reinado de Domiciano.
11 Balaão era mestre em confundir os assuntos espirituais e morais com seus interesses materiais. Chegou a ensinar às mu-
lheres midianitas a seduzir os israelitas (Nm 22 – 24; 25.1,2; 31.16; Jd 8,11). Em Apocalipse, representa perfeitamente os falsos
mestres espirituais (como os gnósticos na época de João), cada vez mais abundantes pela terra; cuja ganância, corrupção e
arrogância levam seus seguidores ao engano religioso, mundanismo e à perdição (At 15.20,29).
12 O “maná escondido” simboliza (Êx 16.14-15), aqui, o privilégio incomparável que todos os cristãos sinceros têm de participar
da grande festa celestial e messiânica chamada “a ceia das bodas do Cordeiro” (19.9). Um alimento divino somente disponível
aos crentes no Senhor, em contraposição ao que é oferecido aos seguidores de líderes da estirpe de Balaão (Sl 78.24). Os juízes
da época costumavam usar uma pedra branca para votar em benefício do réu. Na antigüidade, os escravos que conseguiam a
alforria, ganhavam uma pedrinha branca como “atestado” de sua liberdade. Aqui, o simbolismo sugere um “ingresso”, patrocina-
do por Cristo, para a grandiosa solenidade das suas bodas com a Igreja. A salvação é uma convicção pessoal, verdadeiramente
conhecida apenas entre o crente e o Senhor (19.12).
13 Tiatira (atual Akhisar) foi fundada por Seleuco (311 – 280 a.C) com o objetivo de ser um posto militar avançado. Lídia,
vendedora de púrpura, era de Tiatira (At 16.14).
14 O nome de Jezabel é lembrado aqui como símbolo de uma mulher de destaque na sociedade, mas que subvertia a fidelidade
a Deus, manipulando pessoas mediante a permissividade moral e a incorporação de práticas pagãs. A idolatria e o materialismo
eram as mais expressivas tentações em Tiatira, um importante centro comercial da Ásia (1Rs 16.31; 2Rs 9.22-37).
15 A palavra grega original “seguidores” pode ser facilmente confundida com a expressão literal “filhos”, cujo sentido aqui tem
a ver com “discípulos”. Jezabel é a mãe simbólica de todos os que seguem doutrinas espúrias e libertinas. O Senhor sonda,
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8. APOCALIPSE 2, 3 8
24 Todavia, aos demais que estão em Tia- tenho encontrado integridade em tuas
tira e que não seguem a doutrina dessa obras diante do meu Deus.
mulher, e não aprenderam, como eles 3 Portanto, lembra-te daquilo que tens
costumam falar, os profundos segredos recebido e ouvido; obedece e arrepende-
de Satanás, afirmo: ‘Não colocarei outra te. Porquanto se não estiveres vigilante,
carga sobre vós!16 virei como um ladrão, e tu não saberás a
25 Tão-somente apegai-vos com firmeza que hora virei contra ti.
ao que tendes, até que Eu venha. 4 Contudo, tens em Sardes algumas pes-
26 Ao vencedor, aquele que permanecer soas que não contaminaram suas vestes;
nas minhas obras até o fim, Eu lhe darei elas caminharão comigo, vestidas de
autoridade sobre as nações. branco, pois são dignas.
27 Ele as pastoreará com cetro de ferro 5 Deste modo, o vencedor andará trajado
e as reduzirá a pedaços como se fossem com vestes brancas, e de modo algum
vasos de barro. apagarei o seu nome do Livro da Vida;
28 Eu lhe concederei autoridade seme- pelo contrário, reconhecerei o seu nome
lhante a que recebi de meu Pai. Também na presença do meu Pai e dos seus an-
lhe darei a estrela da manhã’. jos.2
29 Aquele que tem ouvidos, compreenda 6 Aquele que tem ouvidos, compreenda o
o que o Espírito revela às igrejas!”17 que o Espírito revela às igrejas.’”
Carta à igreja em Sardes Carta à igreja em Filadélfia
3 “Ao anjo da igreja em Sardes escreve:
‘Assim declara Aquele que tem os sete
espíritos de Deus e as estrelas: Conheço
7 “Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve:
‘Assim declara Aquele que é santo e ver-
dadeiro, que possui a chave de Davi. O
as tuas obras, que tens fama de estar vivo, que Ele abre ninguém consegue fechar, e
mas de fato, estás morto.1 o que Ele fecha ninguém pode abrir:3
2 Sê alerta! E fortalece o que ainda resta 8 Conheço as tuas obras. Eis que tenho
e estava prestes a morrer; porque não colocado diante de ti uma porta aberta
literalmente no original grego “os rins”, “as entranhas”. Isso significa que Deus conhece as nossas vontades (fomes) mais
íntimas, e o centro das nossas decisões. Atualmente, costuma-se fazer referência ao “coração” para explicar os sentimentos,
e à “mente” para a razão (Sl 7.9; 62.12; Pv 24.12; Jr 11.20; 17.10). As obras são conseqüências da fé (Mt 16.27; Rm 2.6; Ap
18.6; 20.12,13; 22.12).
16 O gnosticismo ensinava que, para derrotar Satanás e suas hostes, se fazia necessário entrar na fortaleza do Inimigo e ter
profunda experiência com o mal. Esse princípio é observado até hoje por diversas seitas heréticas em todo mundo, especialmente
por meio de iniciações e ensinos secretos e esotéricos.
17 O uso literal do verbo grego “pastoreará” comunica o sentido de “governar”; e a expressão “com cetro de ferro”, longe
de uma alusão despótica, enfatiza o “governo poderoso” de Cristo (12.5; 19.15). A expressão “estrela da manhã” refere-se
simbolicamente também à presença da pessoa do próprio Senhor Jesus entre os crentes, especialmente durante as grandes
tribulações mundiais, prenunciando o glorioso retorno de Cristo e todas as bênçãos que aguardam os cristãos sinceros, justos
e vencedores (Dn 12.3).
Capítulo 3
1 Sardes (atual Sart) foi capital do antigo reino da Lídia. Cidade próspera e orgulhosa de suas indústrias de lã e tinturaria, era
o centro de culto à deusa Cibele, que atraía seguidores para uma religião mística, adornada por rituais sensuais e libertinos. O
ministério da igreja cristã local tinha um conceito muito favorável por causa do seu início notável. Entretanto, Deus percebe o vírus
da apatia espiritual (descrença) corroendo o íntimo da fé e da prática cristã naqueles crentes (Mt 24.43,44; Lc 12.39-40).
2 Tanto os judeus (Êx 32.32,33; Sl 69.28; Dn 12.1; Mt 10.32; Lc 12.8; Ap 20.12) quanto os romanos conservavam um livro de
registro de todos os cidadãos que formavam seus reinos e, portanto, tinham direitos e deveres a zelar. Se, por infringir a lei,
um cidadão tivesse seu nome apagado do livro, significaria a total perda de cidadania. Para os judeus e cristãos, o registro no
Livro da Vida é divino, e quem possui a vida eterna tem a graça da perseverança durante sua caminhada terrestre (Mt 24.13;
Fp 4.3; Hb 2.3).
3 Filadélfia (atual Alashehir), cujo nome significa “amor fraternal”, era uma cidade de grande importância comercial e, estrategi-
camente localizada, como porta de entrada do elevado planalto central da província romana na Ásia Menor. O Senhor afirma que
Cristo é quem tem todo o poder de admitir ou excluir pessoas do Reino. Os judeus acreditavam que apenas Israel tinha o privilégio
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9. 9 APOCALIPSE 3
que ninguém consegue fechar; tens pou- declara o Amém, a testemunha fiel e ver-
ca força, mas obedeceste a minha Palavra dadeira, o Soberano da criação de Deus.7
e não negaste o meu Nome.4 15 Conheço as tuas obras, sei que não
9 Farei aos da sinagoga de Satanás, aos és frio nem quente. Antes fosses frio ou
que se dizem judeus e não são, mas quente!
mentem; sim, farei que venham adorar 16 E, por este motivo, porque és morto,
prostrados aos teus pés e saibam que Eu não és frio nem quente, estou a ponto de
te amo! vomitar-te da minha boca.8
10 Porque deste atenção à minha exortação 17 E ainda dizes: ‘Estou rico, conquistei
quanto a suportar os sofrimentos com muitas riquezas e não preciso de mais
paciência, Eu, igualmente, te livrarei da nada’. Contudo, não reconheces que és
hora da tribulação que virá sobre o mun- miserável, digno de compaixão, pobre,
do todo, para pôr à prova os que habitam cego e que está nu!
sobre a terra.5 18 Portanto, ofereço-te este conselho: Ad-
11 Eis que venho sem demora! Conserva quire de mim ouro refinado no fogo, a fim
o que tens, para que ninguém tome a tua de que te enriqueças; roupas brancas, para
coroa. que possas cobrir sua vergonhosa nudez;
12 Farei do vencedor uma coluna no tem- e compra o melhor colírio para que, ao
plo do meu Deus, o nome da cidade do ungir os teus olhos, possas enxergar cla-
meu Deus, a nova Jerusalém que desce do ramente.9
céu da parte do meu Deus; e igualmente 19 Eu repreendo e corrijo a todos quantos
escreverei nele o meu novo Nome.6 amo: sê pois diligente e arrepende-te.
13 Aquele que tem ouvidos, compreenda 20 Eis que estou à porta e bato: se alguém
o que o Espírito revela às igrejas’”. ouvir a minha voz e abrir a porta, en-
trarei em sua casa e cearei com ele, e ele
Carta à igreja em Laodicéia comigo.10
14 “Ao anjo em Laodicéia escreve: ‘Assim 21 Ao vencedor, Eu lhe concederei que
de ingressar no Reino de Deus. O poder das chaves é a autoridade exclusiva outorgada a Jesus Cristo, o Messias davídico (v.9;
5.5; 22.16; Is 22.22; 60.14; Mt 16.18-19).
4 O contexto desta carta indica que Cristo estabeleceu uma porta de entrada para todos os que nele crêem, com acesso abso-
luto aos privilégios do Reino de Deus e do serviço cristão. Uma entrada que ninguém pode bloquear (1Co 16.9).
5 Uma alusão às “dores messiânicas”, a seqüência de sofrimentos e perseguições que sobrevirão ao povo de Deus antes do
glorioso retorno do Senhor Jesus (Is 60.14; Dn 12.1-13; Mc 13.14; 2Ts 2.1-12). Grandes provações atingirão os crentes persegui-
dos pelo anticristo, enquanto os não-cristãos (pagãos), definidos neste livro como “os que habitam sobre a terra”, sofrerão os
julgamentos divinos por sua incredulidade (13.7-8; 8.1 – 9.19; 16.1-20).
6 Os judeus estabeleciam estreito paralelo entre o nome e o caráter de uma pessoa. O novo nome de Cristo simboliza tudo
o que é por causa da sua obra salvadora e remidora a favor da humanidade. Evento que se dará na segunda vinda do Senhor
(2.7; 7.15; 14.1; 21.2; 22.4).
7 Laodicéia foi a cidade mais rica da região da Frígia na época do Império Romano, e ficava próxima à atual Denizli. Era
conhecida em todo o mundo antigo por seus estabelecimentos bancários, escola de medicina e indústria têxtil. Contudo, a cidade
sofria com sérios problemas de abastecimento de água potável. A expressão “Soberano” significa literalmente no original grego
“o primeiro no tempo”: origem ou princípio de tudo (Jo 1.14; Pv 8.22; 2Co 5.17; Cl 1.15-18). O “Deus do Amém” se refere ao “Deus
da Verdade”, como designação pessoal; refere-se a quem é perfeitamente crível, leal e fidedigno (1.5; 19.11; Is 65.16).
8 Em Hierápolis, cidade de repouso, adjacente a Laodicéia, havia muitas fontes de água térmicas e medicinais, porém impró-
prias para saciar a sede dos viajantes. A igreja cristã local não estava proporcionando água da vida para os peregrinos sedentos,
nem cura e conforto para os espiritualmente enfermos.
9 O texto se refere aos três grandes orgulhos de Laodicéia: riquezas financeiras, a ponto de rejeitar a ajuda de Roma quando foi
praticamente destruída por um terremoto em 60 d.C., próspera indústria têxtil e grande avanço na medicina, tanto que lá desen-
volveram a fórmula de um colírio muito apreciado na época. Contudo, nem todo o progresso econômico, cultural ou científico do
mundo podem ser comparados com a riqueza do verdadeiro relacionamento com Deus (Os 12.8; Mt 6.19-20; Lc 1.53; 12.21).
10 Embora tradicionalmente aplicado aos incrédulos, o contexto dessa passagem revela uma admoestação explícita e direta
aos crentes que se iludem com suas próprias conquistas ou com uma religiosidade formal, e abandonam o sincero relacionamen-
to com Cristo e o dedicado amor ao próximo. O Senhor sempre disciplina seus filhos com amor (Jó 5.17; Sl 94.12; Pv 3.11,12;
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10. APOCALIPSE 3, 4 10
se assente comigo no meu trono, assim e quatro outros tronos; vi assentados so-
como Eu venci e me assentei com meu Pai bre eles vinte e quatro anciãos, vestidos
no seu trono. de branco e com coroas de ouro sobre a
22 Aquele que tem ouvidos, compreenda cabeça.4
o que o Espírito revela às igrejas!’” 5 Do trono emanavam relâmpagos, vozes
e trovões. Perante Ele estavam acesas
A visão da majestade de Deus sete lâmpadas de fogo, que são os sete
espíritos de Deus.5
4 Depois destes acontecimentos, ob-
servei uma porta no céu, e a primeira
voz que eu ouvira, voz como de trombe-
6 E diante do trono, ainda, havia algo se-
melhante a um mar de vidro, trans-lúcido
ta, falando comigo, chamou-me: “Sobe como o cristal. No centro, circundando o
até aqui, e Eu te revelarei os eventos que trono, havia quatro seres viventes cobertos
devem ocorrer depois destes”.1 de olhos, tanto na frente como nas costas.6
2 Imediatamente, me vi absolutamente 7 O primeiro aparentava um leão, o segun-
tomado pelo Espírito, e diante de mim do era semelhante a um touro, o terceiro
estava um trono no céu e nele estava tinha um semblante como o de homem, o
assentado alguém.2 quarto parecia uma águia em pleno vôo.7
3 Aquele, pois, que estava assentado ti- 8 Cada um desses seres tinha seis asas e
nha a aparência que se assemelhava às eram repletos de olhos, tanto ao redor
pedras lapidadas de diamante e sardônio. como por baixo das asas. Dia e noite
Ao redor do trono, reluzia um arco-íris proclamam sem cessar: “Santo, santo,
parecendo uma esmeralda.3 santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso,
4 Também ao redor do trono havia vinte Aquele que era, que é e que há de vir!”8
1Co 11.32; Hb 12.5-11). Todos quantos perseveram na fé, estes são os vencedores e participarão do majestoso trono de Cristo
(2.7; 20.4-6; Mt 19.28; 2Tm 2.12).
1 As passagens de 4.1 a 5.14 proporcionam ao leitor uma introdução para o longo trecho de 6 a 20. Na sala do trono celestial,
o Cordeiro inicia a derradeira batalha contra as forças diabólicas, em cujo final lançará definitivamente o Diabo e seus seguidores
no lago do fogo eterno. O Senhor usa com João o mesmo tipo de convocação que usou com Moisés no monte Sinai, a fim de
receber as orientações de Deus (Êx 19.20.24).
2 João foi elevado a um estado raro de consciência espiritual alterada, em que seus sentidos foram totalmente arrebatados pela
plenitude do Espírito, a fim de que pudesse ver, ouvir e sentir vívidamente tudo o quanto lhe seria comunicado por Deus (1.10; 17.3;
21.10). O estilo literário, retratar Deus governando em seu trono celestial é uma forma clássica e tradicional do AT (Sl 47.8).
3 Deus é plena luz, verdade e santidade, e não pode ser contemplado diretamente por nenhum ser humano (1Tm 6.16); por
isso, se apresenta como o brilho intenso das pedras preciosas (os tons multicoloridos refletidos pelo diamante puro ou averme-
lhados do jaspe, e castanhos dos cristais de calcedônia) combinando com todas as matizes de verde, como que produzidos pelo
prisma da luz através dos mais puros cristais de esmeralda (Ez 1.26-28; Ap 10.1).
4 Os vinte e quatro anciãos representam os doze patriarcas de Israel (as doze tribos) e os doze apóstolos, simbolizando desse
modo a cifra completa e a unidade de todos os salvos de todas as eras (Ef 2.11-22). Há outros estudiosos cristãos que entendem
que essa é uma representação dos anjos que servem a Deus no governo do Universo (Sl 89.7; Is 24.23; Êx 24.11; Ap 4.9-11;
5.5-14; 7.11-17; 11.16-18; 14.3; 19.4).
5 Os relâmpagos, trovões, grandes sinais no céu e as lâmpadas simbolizam o magnífico poder e a majestade eterna do Senhor,
assim como vem se revelando à humanidade, desde a própria Criação, o Dilúvio e as grandes manifestações do amor de Deus
para com seu povo no deserto do Sinai (Êx 19.16-19; Sl 18.12-15; 77.18; Ez 1.13). Na visão do Apocalipse, esses fenômenos estão
sempre associados a algum acontecimento relevante para a humanidade e que se passa nas amplas e maravilhosas dependências
do templo celestial (8.5; 11.19; 16.18). A expressão “os sete espíritos” é apenas uma maneira simbólica de mostrar o poder e a
majestade perfeita do Espírito de Deus, uma vez que o sete é sempre o número da perfeição e da completeza (1.4).
6 A origem dessas expressões figuradas, como “mar de vidro”, está no AT (Gn 1.7; Êx 24.10; Ez 1.22), que também indicava a
bacia do templo celestial (11.19; 14.15-17; 15.5-8; 16.1,17), cujo equivalente no templo terreno era chamado de mar (1Rs 7.23-25;
2Rs 16.17; 2Cr 4.2,4,15,39; Jr 27.19). Os quatro seres pertencem a uma ordem elevada de criaturas angelicais, cuja missão é zelar
pelo trono celestial enquanto coordenam uma sistemática e interminável proclamação de louvor e adoração a Deus. Com seus
muitos olhos, nada escapa à atenção e ao cuidado deles.
7 O profeta Ezequiel teve uma visão semelhante (Ez 1.6-10; 10.14).
8 Aqui vemos uma expansão do próprio nome de Deus (Êx 3.14,15), com o objetivo de enfatizar que os atributos de Deus
(próprios de seu nome), como seu poder e santidade, se estendem da eternidade passada à eternidade futura, sem oscilação ou
qualquer possibilidade de cessar (1.4; Is 6.2,3; 41.4; Ez 1.18; 10.12).
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11. 11 APOCALIPSE 4, 5
9 Toda vez que os seres viventes excla- encontrou ninguém que fosse digno de
mam glória, honra e graças Àquele que abrir o livro e de olhar para ele.
está assentado no trono e que vive para 5 Então, um dos anciãos consolou-me,
todo sempre, afirmando: “Não chores, pois o Leão da
10 os vinte e quatro anciãos se prostram tribo de Judá, a raíz de Davi, venceu para
diante daquele que está assentado no abrir o livro e romper os sete selos”.3
trono e adoram Àquele que vive para 6 Nisso, aconteceu que reparei, no meio
todo o sempre. Eles lançam suas coroas do trono e dos quatro seres viventes e en-
diante do trono e declaram: tre os anciãos, em pé, um Cordeiro que
11 “Nosso Senhor e nosso Deus, tu és dig- parecia estar morto, e tinha sete chifres
no de receber a glória, a honra e o poder, e sete olhos, que são os sete espíritos de
porquanto tu és o Criador de tudo e, por Deus enviados a toda a terra.4
tua soberana vontade, tudo o que há, foi 7 Ele veio e pegou o livro da mão direita
criado e veio a existir”. de quem estava assentado no trono.
8 E assim que o recebeu, os quatro seres
A visão do livro do Cordeiro viventes e os vinte e quatro anciãos pros-
5 Então, observei na mão direita da-
quele que está assentado no trono um
livro em forma de rolo, escrito de ambos
traram-se diante do Cordeiro. Cada um
deles tinha uma harpa e taças de ouro
cheias de incenso, que são as orações
os lados e selado com sete selos.1 dos santos;
2 Vi, também, um anjo forte, que procla- 9 e eles cantavam um cântico novo: “Tu
mava em grande voz: “Quem é digno de és digno de tomar o livro e de abrir seus
abrir o livro e de lhe romper os selos?”. selos, porque foste morto, e com o teu
3 No entanto, não havia ninguém, nem sangue compraste para Deus homens de
no céu, nem na terra nem debaixo da toda tribo, língua, povo e nação.5
terra, que pudesse abrir o livro, ou ao 10 Tu os constituíste reino e sacerdotes
menos olhar para ele.2 para o nosso Deus; e assim reinarão sobre
4 E eu chorava muito, porque não se a terra”.6
1 O livro estava na forma de um pergaminho enrolado, escrito de ambos os lados (1.11; 10.2-10). Assim como as tábuas de
pedra da Lei no AT (Êx 32.15; Ez 2.9,10), os setes selos revelam a inviolabilidade de um testamento de grande importância e valor
(Is 29.11; Dn 12.4). Os nobres da época costumavam escrever suas últimas vontades e heranças em um documento que era
lacrado na presença de sete testemunhas. Após a morte do testador, suas determinações eram lidas em público e executadas
à risca (1Pe 1.4).
2 A expressão original grega (céu, terra e debaixo da terra) não objetiva dividir o Universo nessas três partes. Era uma forma
convencional de referir-se à universalidade da proclamação (Êx 20.4; Fp 2.10).
3 Vários títulos messiânicos são mencionados nessa passagem, vinculando a obra de Cristo às profecias do AT (Gn 49.8-10).
O Leão da tribo de Judá simboliza o poder e a majestade do Messias. No AT, Judá é chamado de “leãozinho” e lhe é prometido
o governo até o glorioso retorno do Messias (Ez 21.27). Raíz de Davi é outro título profetizado para o Messias e Rei ideal (Is
11.1,10; Rm 15.12).
4 João emprega uma palavra especial para “Cordeiro” (29 vezes neste livro, e uma vez em Jo 21.15), revelando o sacrifício
vicário de Cristo (Is 53.7; Zc 4.10; Jo 1.29) e seu pleno poder (17.14). Na milenar tradição judaica, o “chifre” é símbolo do poder e
da “luz da glória” (Dt 33.17). O quarto grande animal que aparece na profecia de Daniel tem dez chifres. Entretanto, são os “sete
chifres” que representam o pleno poder e glória absoluta do Messias (Dn 7.7,20; 8.3,5; Ap 4.5).
5 No NT, o Cordeiro representa o único e grande líder da nova humanidade (Hb 2.9-11). Os Salmos conclamam todo povo de
Deus a cantar novos louvores a Cristo, o Messias (Sl 33.3; 98.1; 141.2; 144.9; 149.1). Enquanto o capítulo 4 termina com a canção
da Criação, o quinto se encerra com os cânticos da Nova Criação, que reúne os salvos de todas as nações e culturas. A morte e
ressurreição de Jesus Cristo é a base da redenção, restauração, criação e exaltação eterna do Filho de Deus: o Vencedor e seu
povo (Mt 20.28; 1Co 6.20; 7.23; 1Pe 1.18-19; Ap 14.3-4). É para a glória de Deus-Pai que Cristo redime homens e mulheres ao
longo da história (Ef 1.1-14).
6 Hoje em dia, a Igreja de Cristo passa por uma fase de lutas e descrédito por parte do mundo. Entretanto, na Nova Ordem ou
Nova Jerusalém, os crentes serão constituídos “reino e sacerdotes” e reinarão sobre toda a terra (Êx 19.6; Dn 7.10; 1.6; 2.26,27;
20.4,6; 22.5).
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12. APOCALIPSE 5, 6 12
11 Então reparei e também ouvi a voz de O segundo selo
grande multidão de anjos ao redor do 3 Quando Ele abriu o segundo selo, ouvi
trono e dos seres viventes e dos anciãos, o segundo ser vivente bradar: “Vem!”.
cujo número era de milhares de milhares 4 Então, partiu outra cavalgadura, um
e de milhões de milhões. cavalo vermelho; e ao seu cavaleiro, foi
12 Eles proclamavam em alta voz: “Digno concedido o poder de tirar a paz da terra,
é o Cordeiro, que foi morto, de receber de modo que os homens matassem uns
a plenitude do poder, riqueza, sabedoria, aos outros. E lhes foi entregue também
força, honra, glória e louvor!”. uma grande espada.3
13 Em seguida, ouvi todas as criaturas
existentes no céu, na terra, debaixo da O terceiro selo
terra e no mar, e tudo o que neles há, 5 Quando o Cordeiro abriu o terceiro
que exclamavam: “Ao que está assentado selo, ouvi o terceiro ser vivente convocar:
no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a “Vem!”. Então, reparei e eis um cavalo
honra, a glória e o domínio pelos séculos preto e o seu cavaleiro ostentava na mão
dos séculos!”. uma balança.
14 E os quatro seres viventes bradavam: 6 Então, ouvi o que parecia uma voz
“Amém!”, e os anciãos igualmente pros- grave, vinda dentre os quatro seres
traram-se e o adoraram.7 viventes, exclamando: “Um quilo de
trigo por um dinheiro, e três quilos de
O Cordeiro abre o Primeiro Selo cevada também por um dinheiro, mas
não destruas o azeite e o vinho!”.4
6 Observei quando o Cordeiro abriu o
primeiro dos sete selos. Em seguida,
ouvi um dos seres viventes exclamar com O quarto selo
voz de trovão: “Vem!”.1 7 Quando Ele abriu o quarto selo, ouvi
2 Olhei, e diante de mim estava um cava- a voz do quarto ser vivente clamar:
lo branco e o seu cavaleiro empunhava “Vem!”.
um arco, e foi-lhe outorgada uma coroa; 8 Olhei, e diante de mim estava um
e ele cavalgava altaneiramente, como cavalo amarelo pálido. Seu cavaleiro
vencedor, determinado a vencer.2 chamava-se Morte e o lugar dos mortos
7 Deus Pai entronizado na glória eterna, e o Deus-Cordeiro-Filho, que é o Messias (Cristo em grego), são de igual modo
adorados (Fp 2.9-11) e seus “sete atributos” (sua perfeição) evidenciados (5.12; 7.12), o que demonstra uma vez mais a absoluta
unidade do Pai com o Filho.
Capítulo 6
1 Há três séries bem definidas de julgamentos que se sucederão em grupos de sete elementos: os sete selos (6.1-16; 8.1-5), as
sete trombetas (8.1 – 9.21) e as sete taças (cap. 16).
2 Os quatro cavaleiros do apocalipse fazem parte de um contexto simbólico que tem suas raízes no AT (Zc 1.8-17; 6.1-8). Há vá-
rias interpretações possíveis quanto ao significado das cores, missões e personalidades dos cavaleiros (assim como para o livro
todo), mas o comitê internacional de tradução da KJA considera que o cavalo branco representa o Espírito de Cristo, que através
da sua Igreja conquistará milhões de almas (vitórias) para o Reino. A cor branca no NT, e especialmente no Apocalipse, sempre
indica ou está relacionada com a pessoa ou a obra de Jesus Cristo, cuja vitória – no final – será plena e perene (19.11-16).
3 O cavalo e o cavaleiro vermelhos simbolizam os grandes e horríveis derramamentos de sangue provocados principalmente
pelas guerras. A espada grande (em grego hromfaia) é uma metáfora de todo tipo de arma ou poder que visa o extermínio
humano (Zc 1.8; 6.2; Mt 10.34).
4 O cavalo preto representa os períodos trágicos de extrema necessidade de alimentos que, normalmente, se seguem aos
tempos de guerra e graves conflitos políticos (Zc 6.2,6). Os processos econômicos mundiais não são solidários aos pobres e,
portanto, quanto maior a escassez maiores os preços. Um dinheiro (em grego denarion) era uma moeda de prata, que, na época
de João, era capaz de comprar até quinze vezes a alimentação diária de um homem e, normalmente, era o salário que um soldado
ou operário braçal ganhava por dia a serviço ao Império romano. Todavia, nos dias de “fome”, aqui previstos, o equivalente
monetário a um denário não será suficiente para alimentar uma família pequena todos os dias, mesmo considerando uma balança
com alimentos (cevada) menos nutritivos do que o trigo. Entretanto, o Senhor coloca limites à destruição promovida pelo cavaleiro
negro: as raízes da oliveira e da videira são fortes e profundas, e resistem aos períodos de seca e privações.
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13. 13 APOCALIPSE 6, 7
o seguia de perto. Foi-lhes dado o poder ficou escurecido como coberto com roupa
sobre um quarto de toda a terra, a fim de luto, e toda a lua se tornou vermelha
de que matassem à espada, pela fome, como se estivesse ensangüentada;8
por meio da pestilência e pelos animais 13 e as estrelas do firmamento caíram so-
selvagens da terra.5 bre a terra, como figos verdes derrubados
da figueira por um terrível vendaval.
O quinto selo 14 E, assim, o céu foi recolhido como
9 Quando Ele abriu o quinto selo, con- um pergaminho quando se enrola. En-
templei debaixo do altar as almas daque- tão, todas as montanhas e ilhas foram
les que haviam sido mortos por causa da removidas de seus lugares.9
Palavra de Deus e do testemunho que 15 E aconteceu que os reis da terra, os
proclamaram.6 príncipes, os generais, os ricos, os pode-
10 Eles exclamavam com grande voz: “Até rosos; todos enfim, escravos e livres, bus-
quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, caram refugiar-se em cavernas e entre as
esperarás para julgar os que habitam em rochas das montanhas.
toda a terra e vingar o nosso sangue?”. 16 Então, passaram a berrar para as mon-
11 Então, para cada um deles foi entregue tanhas e rochedos: “Caiam sobre nós e
uma vestidura branca, e foi-lhes orien- ocultem-nos da face daquele que se as-
tado que aguardassem ainda um pouco senta no trono e da ira do Cordeiro,10
mais, até que se completasse o número 17 porquanto, eis que é chegado o grande
dos seus irmãos que, como eles, foram Dia da ira deles; e quem poderá sobre-
servos e que, da mesma forma, também viver?”.
deveriam ser mortos.7
Os 144.000 israelitas selados...
O sexto selo
12 Vi, quando Ele abriu o sexto selo. Então,
aconteceu um enorme terremoto. O sol
7 Depois desses eventos, observei quatro
anjos em pé nos quatro cantos da ter-
ra, com a missão de reter os quatro ventos
5 A expressão grega original chlõros descreve um tom de cor “amarelo esverdeado” (pálido), próprio da aparência de pessoas
portadoras de graves doenças, o que simboliza a pestilência, epidemias e a morte. Aqui a “Morte” é personificada (1Co 15.26;
Rm 5.14,17; 6.9), e o Hades, expressão grega, derivada do termo hebraico Sheol (v.1.18; 20.13,14; Mt 16.18), que pode significar
“sepulcro” ou “inferno”, em alguns casos. Tem aqui melhor tradução como “lugar dos mortos”, pois no NT é companheiro da morte
(1Co 15.55; Ap 6.8; 20.13-14). Os soldados romanos lançaram milhares de cristãos e pessoas consideradas criminosas às feras na
arena, em espetáculo público. Estes são alguns dos sinais previstos por Cristo como indicação do seu breve retorno (Mt 24.6-28).
6 No ritual do sacrifício do AT, o sangue do animal oferecido ao Senhor era derramado na base do altar (Êx 29.12; Lv 4.7).
7 O símbolo da justiça e pureza de Cristo é atribuído também aos cristãos martirizados, como se o sangue e a dor desses
homens e mulheres fossem um sacrifício aos pés do altar de Deus (Fp 2.17; 2Tm 4.6, em paralelo a Lv 4.7). É o sangue dos servos
do Senhor que reivindicam o julgamento de Deus sobre os ímpios e toda a forma de injustiça sobre a terra. Há um número dos
eleitos (justificados) que se completará naturalmente por conversão a Cristo antes de seu glorioso retorno (Rm 11.12). Embora
não seja possível determinar com exatidão que número é esse, o que João nos profetiza é que haverá muitos outros mártires
até a volta do Senhor.
8 Terremotos sempre fizeram parte da expressão do castigo divino sobre a humanidade (Êx 19.18; Is 2.19; 13.10; Ez 32.7; Ag
2.6). Os terremotos que sinalizarão as colossais alterações físicas da terra e prenunciarão o glorioso retorno de Cristo, o final dos
tempos e a transformação total da criação, terão magnitudes inimagináveis. Toda a descrição do sexto selo está relacionada aos
fenômenos cósmicos profetizados pelo próprio Senhor Jesus (Mt 24.29; Mc 13.24-25; Lc 21.25). O apóstolo Pedro, igualmente,
cita o profeta Joel em seu sermão no Pentecostes, como uma indicação da iminência histórica desses eventos (At 2.20; Jl 2.31).
9 Um dos últimos sinais que antecederão ao glorioso retorno do Senhor ocorrerá no firmamento. As pessoas olharão para o céu
escuro e verão algo como uma intensa e prolongada chuva de estrelas cadentes. Os figos que surgem no inverno são soprados
facilmente das árvores sem folhas pelos fortes ventos desta estação (Mc 13.25,26). Um outro fenômeno (em geral, relatados
nas Escrituras sob o ponto de vista do observador leigo e não de cientistas especializados) será o desaparecimento do céu (a
abóbada atmosférica azul que observamos hoje em torno da terra), desmantelamento das cordilheiras e montanhas em todo o
mundo, assim como o desaparecimento ou anexação ao continente de todas as ilhas (16.20; 20.11; Is 34.4; Jr 4.24; Na 1.5).
10 No Dia do Senhor, até mesmo os generais experientes e destemidos (na época de João um general romano comandava uma
coorte, cerca de mil soldados guerreiros) se acuarão desesperados nas cavernas (comuns na região da Palestina), reconhecerão
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14. APOCALIPSE 7 14
da terra e evitar que qualquer massa de ar Naftali; doze mil, da tribo de Manassés;
fosse soprada sobre a terra, o mar ou em doze mil,
qualquer árvore.1 7 da tribo de Simeão; doze mil, da tribo
2 Então, vi um outro anjo subindo do de Levi; doze mil, da tribo de Issacar;
Oriente, tendo o selo do Deus vivo. Ele doze mil,
bradou com voz grave aos quatro an- 8 da tribo de Zebulom; doze mil, da tribo
jos a quem havia sido concedido poder de José; doze mil, da tribo de Benjamim;
para produzir destruição na terra e no doze mil”.5
mar:
3 “Não danifiqueis a terra, nem o mar, ...e a enorme multidão de cristãos
nem as árvores, até que selemos a testa 9 Em seguida, olhei, e diante de mim
dos servos do nosso Deus!”. descortinava-se uma grande multidão
4 Então me foi revelado número dos que tão vasta que ninguém podia contar,
foram selados: “cento e quarenta e qua- formada por pessoas de todas as nações,
tro mil, de todas as tribos de Israel.3 tribos, povos e línguas. Estavam em pé,
5 Da tribo de Judá, foram selados doze diante do trono do Cordeiro, vestidos
mil, da tribo de Rúben; doze mil, da tribo com túnicas brancas, empunhando fo-
de Gade; doze mil,4 lhas de palmeira.6
6 da tribo de Aser; doze mil, da tribo de 10 E proclamavam com grande voz: “A
que o Cordeiro (o Jesus sacrificado) e Deus são a mesma pessoa, e temerão a ira do julgamento divino (5.6; 19.15; Is 2.10; Sf
1.14-18; Os 10.8; Jl 2.11; Na 1.6; Ml 3.2; Rm 1.18).
Capítulo 7
1 Este capítulo é uma espécie de parênteses entre a narrativa dos seis primeiros selos e a visão do selo final. Essa mesma
característica ocorre na seqüência descritiva da visão das trombetas (10.1 – 11.13). O capítulo sete nos revela duas visões espe-
cíficas: o selo dos 144.000 fiéis de Israel (v. 1-8) e a vasta multidão dos crentes comemorando a salvação e a vitória do Cordeiro
(v. 9-17). Os quatro cantos da terra simbolizam os quatro pontos cardeais da bússola (Zc 6.5). Deus controla a história, assim
como todos os fenômenos físicos e meteorológicos em função do seu plano em Cristo para a plena e eterna redenção do seu
povo (judeus e cristãos).
2 Na antigüidade, os documentos importantes e os que circulavam entre os nobres eram enrolados ou dobrados, amarrados,
e uma massa especial de argila era aplicada sobre o nó. Assim, o remetente carimbava a massa que se endurecia, com seu anel
ou sinete (com a marca da família), que autenticava e protegia aquele conteúdo. O capítulo 7 deixa claro que o Nome de Jesus
Cristo é o lacre (selo) de propriedade de Deus, registrado na fronte de todos os que nele crêem sinceramente. O objetivo desta
marca espiritual é proteger o povo de Deus dos terríveis juízos que acometerão toda a terra. Assim como aconteceu no Egito, para
a libertação do povo de Deus da escravatura (Êx 12.29-36), o profeta Ezequiel adverte Israel quanto à destruição de Jerusalém e
de todos os não selados por Deus (o que de fato ocorreu, por meio da invasão babilônica, seis anos após a proclamação dessa
profecia). Na época de Ezequiel, o Senhor marcou os crentes sinceros com a última letra do antigo alfabeto hebraico (tav), que
era escrita de modo fenício, semelhante a um “X” ou sinal de “cruz” (Ez 9.4).
3 Algumas das seitas heréticas, que pregam que 144.000 é o número exato dos salvos, já contam com um número maior
do que este de adeptos. Os livros proféticos e apocalípticos da Bíblia são alvos de várias interpretações, e é necessário muito
discernimento espiritual, visão integral e histórica das Escrituras, conhecimento das línguas originais e a indispensável graça
divina para uma interpretação adequada e saudável. Contudo, as mensagens vitais de cada livro podem ser compreendidas sem
dificuldade, restando à investigação acurada os aspectos menos fundamentais e detalhes instigantes. Quanto a essa passagem,
por exemplo, duas posições teológicas são defendidas por estudiosos cristãos sérios: 1) Alguns vêem aqui uma referência aos
membros das tribos judaicas, o remanescente israelita fiel da “grande tribulação” (v.14). 2) Um outro grupo defende o simbolismo
deste trecho, e o interpretam como sendo a expressão alegórica do número que indica completeza (144.000 é o equivalente a
mil dúzias de doze, o que seria uma espécie de hipérbole numerológica). Simboliza todos os cristãos que permanecem fiéis ao
Senhor mesmo vivendo num mundo secularizado, hedonista e materialista, e também inclui os judeus que ainda serão salvos por
Cristo e que não se dobrarão aos ditames do anticristo durante a “grande tribulação”.
4 A tribo de Judá é listada antes de Rúben, seu irmão mais velho, devido ao fato do Cristo (o Messias, em hebraico) pertencer
à linhagem da tribo de Judá (Gn 37.21).
5 Manassés era a mais pobre e frágil das tribos de José (Efraim e Manassés). Entretanto, aqui é mencionada para completar
as doze tribos (Jz 6), considerando que Dã fora excluída (assim como Judas Iscariotes que foi infiel e teve de ser substituído no
grupo dos Doze), por causa de sua avareza e idolatria (Jz 18.30). Uma antiga tradição judaica prevê que o último anticristo virá
da tribo de Dã.
6 As pessoas que fazem parte do povo de Deus na terra se reunirão no grande palácio celestial, diante do trono do Cordeiro.
Essa multidão incontável é composta de todos os salvos de todas as partes da terra. Essa visão pode referir-se aos mesmos
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15. 15 APOCALIPSE 7, 8
Salvação pertence ao nosso Deus, que se seu santuário; e Aquele que está assenta-
assenta no trono e ao Cordeiro!”.7 do no trono estenderá sobre eles o seu
11 Todos os anjos que se encontravam tabernáculo.10
em pé ao redor do trono dos anciãos e 16 Nunca mais passarão fome, jamais
dos quatro seres viventes prostraram-se terão sede. Não os afligirá o sol, nem
diante do trono com o rosto em terra e tampouco qualquer mormaço,11
adoraram a Deus, 17 pois o Cordeiro que está no centro do
12 exclamando: “Amém! Louvor e glória, trono será o seu Pastor; Ele os conduzirá
sabedoria, ação de graças, sejam ao nosso às fontes das águas da vida, e Deus lhes
Deus para todo o sempre. Amém!”.8 enxugará dos olhos toda lágrima”.12
13 Então um dos anciãos me indagou:
“Quem são e de onde vieram todos O sétimo selo e o incensário
estes que estão vestidos com túnicas
brancas?”.
14 E eu lhe respondi: “Ó meu Senhor, tu
8 Quando o Cordeiro abriu o sétimo
selo houve absoluto silêncio nos céus
por aproximadamente meia hora.1
o sabes”. Então ele afirmou: “Estes são 2 Então, observei os sete anjos que se
os que vieram da grande tribulação e encontram em pé perante Deus, e lhes
lavaram as suas vestes e as alvejaram no foram entregues sete trombetas.2
sangue do Cordeiro.9 3 Aproximou-se um outro anjo e se
15 Por este motivo, eles estão perante o colocou em pé junto ao altar, portando
trono de Deus e o servem dia e noite em um incensário de ouro. A ele foi entregue
144.000 (se considerarmos esse número como um símbolo da vasta multidão dos eleitos), que, após a “grande tribulação” dos
últimos tempos (v.14), celebram e louvam ao Senhor por tão grande salvação e pela magnífica vitória sobre as perseguições,
provações (tentações) e a própria morte (vv. 16,17). A Igreja de Cristo é apresentada em Apocalipse e ao longo de todo o NT,
como o verdadeiro “Israel de Deus” (o povo do Senhor), judeus e não-judeus (Gl 6.16). Sendo assim, é possível compreender que
as duas multidões que aparecem neste capítulo se referem a uma só “inumerável multidão”, vista em dois momentos diferentes:
antes (1.3-8) e depois da “última tribulação” (Lc 21.16,18). As folhas de palmeira sendo agitadas e as vestiduras brancas são
fortes símbolos da vitória perpétua (Lv 23.40; Jo 12.13).
7 A salvação (no original hebraico tem o duplo sentido de cura e livramento) é propriedade exclusiva de Deus, que ele, graciosa
e soberanamente, oferece a todos que a recebem (Gn 49.18; Jn 2.9; Jo 1.12).
8 A seqüência de sete atributos enfatiza o louvor completo e perfeito (5.12).
9 A expressão “grande tribulação” (Dn 12.1; Mt 24.21; Mc 13.19) aponta para os terríveis constrangimentos éticos, morais e toda
espécie de hostilidades que o anticristo e seus comandados deflagrarão contra os judeus e cristãos fiéis, pouco antes do glorioso
retorno de Cristo. Todavia, é importante observar que uma crescente perseguição aos crentes vem ocorrendo, em alternância de
intensidade e método, desde os tempos de João.
10 Outro detalhe significativo a ser considerado está ligado ao termo original grego “templo”, que, nas dezesseis vezes em que
aparece neste livro, significa o “santuário interior” e não o recinto maior. Ou seja, “o lugar santo onde habita o Espírito de Deus”,
o qual simboliza o antigo “tabernáculo”, onde resplandecia a “presença do Senhor” no deserto (Lv 26.11-13).
11 Aqui estão em foco aqueles que sofreram os graves momentos de provação e tribulação provocados pelo anticristo (Is
49.10), mas não abdicaram de sua fé sincera no Senhor. Purificaram-se diariamente no sangue do Cordeiro e souberam honrar
seus corpos como a própria habitação do Espírito Santo. Agora chegaram às suas moradas no Reino de Deus, conforme a
promessa de Cristo, e estão perante seu trono para adorá-lo eternamente (Jo 14.1-6). O vocábulo original grego latreuõ comunica
um tipo de serviço espiritual (trabalho) que realmente agrada a Deus (v.14; Rm 1.9; At 26.7; Hb 12.28).
12 Sl 23.1,2; Ez 34.23; Is 25.8.
Capítulo 8
1 João observa que em todo o céu há uma pausa marcante e atônita antes da série final de punições que sobrevirão ao planeta.
Os julgamentos de Deus serão tão severos e terríveis que os próprios habitantes do céu ficam pasmos e comovidos com o castigo
dos ímpios. O tempo no céu não é cronometrado como na terra, contudo João procura nos comunicar a sensação que sente ao
presenciar esse momentum de absoluta apreensão no Universo.
2 Na época de João e especialmente no AT, usava-se o som forte e marcante das trombetas para anunciar acontecimentos
de grande importância nacional. A reverberação dos variados toques podia alcançar quilômetros de distância e servia para
orientar as estratégias bélicas dos generais e seus exércitos nas batalhas. As sete trombetas (caps. 8, 9 e 11.15-19) proclamam
uma série ainda mais severa de açoites contra a incredulidade, porém não mais terrível e devastadora como as reservadas nas
“taças” (cap. 16).
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16. APOCALIPSE 8 16
grande quantidade de incenso para ofe- 9 e morreu a terça parte das criaturas que
recer com as orações de todos os santos vivem no mar, e um terço de todas as
sobre o altar de ouro diante do trono.3 embarcações foram destruídas.
4 E da mão do anjo elevou-se na presença
de Deus a fumaça do incenso juntamente A terceira trombeta
com as orações dos santos. 10 O terceiro anjo tocou a sua trombeta,
5 Então, o anjo tomou o incensário, en- e precipitou do céu uma grande estrela,
cheu-o com o fogo do altar e lançou-o ardendo em chamas como tocha, sobre
sobre a terra; e aconteceram trovões, um terço dos rios e das fontes de águas
vozes, relâmpagos e um terremoto. da terra.
11 E o nome dessa estrela é Absinto; por-
A visão das sete trombetas tanto, um terço de toda a água potável
6 E aconteceu que os sete anjos que da terra se tornou amarga, e multidões
estavam com as sete trombetas prepara- morreram pela ação nefasta das águas
ram-se para tocá-las. que foram envenenadas.6
A primeira trombeta A quarta trombeta
7 O primeiro anjo tocou a sua trombeta, 12 O quarto anjo tocou a sua trombeta e
e ocorreu grande precipitação de granizo um terço do sol foi ferido, bem como a
e fogo misturado com sangue, os quais terça parte da lua e das estrelas, de ma-
foram lançados sobre a terra. E, assim, neira que um terço deles se escureceu
um terço de toda a terra foi queimado, completamente. Assim, um terço do
e também um terço das árvores e toda a dia ficou sem luz e também um terço
relva verde existente.4 da noite.7
13 Enquanto eu admirava esses aconteci-
A segunda trombeta mentos, ouvi uma águia que planava
8 O segundo anjo tocou a sua trombeta, pelo meio do céu grasnindo em alta voz:
e algo como uma enorme montanha ar- “Ai! Ai! Ai dos que habitam sobre a terra,
dendo em chamas foi arremessada sobre por causa dos toques das trombetas que
o mar. Por esse motivo, um terço do mar estão prestes a serem entoados pelos três
transformou-se em sangue,5 próximos anjos!”.8
3 O incensário, no AT, era uma espécie de panela repleta de carvão vegetal em brasa, usada para queimar o incenso na presen-
ça do Senhor, como um símbolo da fragrância e certeza de que todas as nossas orações sobem até o Pai, que sempre nos ouve
atentamente e nos educa em seu amor (Êx 27.3; 30.1; 1Rs 7.50; Mt 7.9; Rm 8.26-27). A expressão grega original, usada aqui por
João, nos permite apreender que o “incenso”, verdadeiro e espiritual, não é a fumaça perfumada que sobe quando queimada,
mas sim as próprias “orações”, quando evaporam dos nossos corações em brasa (Lv 16.12; Ez 10.2; Ap 5.8; 11.19; 16.18).
4 Há uma analogia simbólica entre a primeira trombeta e a quarta praga do Egito (Êx 9.13-25; Ez 38.22). As frações empregadas
por João não devem ser tomadas literalmente, pois indicam apenas que a punição anunciada pelas trombetas ainda não está
completa nem conclusiva (vs. 8,9,10,11,12).
5 Outra similaridade com as pragas do Egito (Êx 7.20,21): João observa um juízo escatológico, não derivado da poluição
natural, mas de grandes erupções vulcânicas em vários pontos do planeta em um mesmo “momentum”.
6 Absinto é uma planta de sabor desagradável e intensamente amargo, embora não letal. Aqui serve de metáfora para
comunicar a degradação da humanidade, bem como uma possível contaminação radioativa de grande parte da água potável do
planeta (6.13; 9.1; Êx 15.25; Pv 5.3,4; Jr 9.15; 23.15; Is 14.12; Lm 3.19).
7 Na nona praga do Egito, densas trevas cobriram a terra durante três dias (Êx 10.21-23; Is 13.10; Ez 32.7; Jl 2.10).
8 A expressão original grega e apocalíptica “os que habitam sobre a terra” refere-se aos “ímpios e incrédulos” que resistem à
convocação do Senhor para a salvação (6.10; 9.4). Até este ponto da narrativa de João, os julgamentos divinos haviam tocado
somente a natureza inanimada do planeta; agora, contudo, os três “Ais” proclamados pela águia anunciam os três castigos finais,
e cada pessoa incrédula sobre a face da terra experimentará a ira de Deus contra o pecado. Os sete juízos referentes às “taças”
dos capítulos 15 e 16 podem ser compreendidos como uma expressão do terceiro “Ai”.
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