O mercado de tuning, que modifica carros para aumentar o desempenho e a aparência, vem enfrentando uma crise em Belo Horizonte, com várias lojas especializadas fechando as portas. A febre pelo tuning começou a diminuir nos últimos anos à medida que o estilo passou de uma forma de chamar atenção para personalizações mais sutis. Publicações do setor também têm dificuldade de encontrar carros modificados para estampar em suas capas.

1. E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 2 7 D E J A N E I R O D E 2 0 0 8
2 CLASSIFICADOSVEÍCULOS
TODO CARNAVAL TEM SEU FIM para o mal. Além, é claro, de um equi-
ROLIMÃ
DERRADEIRA A crise que atinge o de som, para recuperar as vendas. bem mais leves, longe da papagaiada
pamento de som capaz de reprodu- mercado de tuning pode ser medida e de clichês dos carros tunados.
Pára-choques emendados aos pára- zir qualquer ruído, a uma altura su- pelas lojas fechadas e pela diminuição SUTILEZAS João Paulo Notini já teve “Tuning era para chamar a atenção,
lamas, com quantidades generosas perior àquela que a saúde da audição dos carros fantasiados circulando pela sede para sua loja da Overboost Brasil, igual aos carros do filme Velozes e fu-
de fibra de vidro. Uma proliferação aceita. Junte tudo isso, aperte bem os cidade. A última que leva a palavra onde transformava simples carros em riosos, com luzes de neon, adesivos
de manômetros no painel, que o dei- fios e prepare a receita básica de um tuning no nome, na capital mineira, é cabides para todo tipo de acessório. nas laterais e quantidade excessiva de
xam semelhante a uma nave espa- carro tunado. Mas, se deseja realmen- a Hotter Tuning, no Bairro Palmares, Depois, fechou o estabelecimento, manômetros. Já a personalização dei-
cial. Rodas imensas, suspensão rebai- te isso, faça com capricho, pois pode Região Nordeste. Há quatro anos no mas continua fazendo projetos. Se o xa o carro apto a circular no dia-a-dia,
xada e toda a criatividade vazada na ser um dos últimos a tunar o veículo mercado, o proprietário Nícolas tuning morreu, Notini diz que conti- sem seguir tendências, e obedecendo
pintura do veículo – para o bem ou em Belo Horizonte. Stuart assistiu ao fechamento de di- nua projetando personalizações, mas ao gosto do cliente”, explica Notini.
versas concorrentes e, para não cerrar
BETO MAGALHÃES/EM – 5/7/07 as portas, aposta na lanternagem. MARLOS NEY VIDAL/EM – 2/6/05
“Acabou o tuning na cidade. Vendía-
mos cerca de quatro pára-choques
por semana, mas, este mês, ainda não
vendemos nenhum”, conta. Um pára-
choque feito sob encomenda custa
cerca de R$ 700. Já um modelo pronto
é vendido por R$ 500.
EMPOLGAÇÃO Nos último seis meses,
a revista Circuito Mineiro, especializa-
da em tuning, não encontrou um veí-
culo que fosse para estampar na capa
da publicação e, por isso, recorrem a
modelos de fábrica ou customizados.
De acordo com o editor da publicação,
Ênio Dionatam, “o pessoal caiu na real
de que esse mercado é mais empolga-
BETO MAGALHÃES/EM – 26/4/06
ção do que lucro”. Ele explica que a de- BETO MAGALHÃES/EM – 5/7/07
mora para tunar um carro consome a
mão-de-obra que pode ser usada em
outros serviços e, por isso, muitos pre-
paradores saíram do mercado.
QUEDA A loja 5° Roda, na Avenida Pe-
dro II, também sente o impacto da de-
saceleração do tuning. O vendedor Fer-
nando Correia lembra que, nos áureos
tempos da febre, que teve início com
o primeiro filme da série Velozes e fu-
riosos (2001), cada funcionário vendia
até R$ 40 mil por mês. Agora, segundo
Fernando, as vendas de cada um dimi-
nuíram 65%. As principais quedas
ocorreram nas vendas de rodas e ma-
CRISTINA HORTA/EM – 11/1/06 nômetros. Por isso, a loja aposta em MARLOS NEY VIDAL/EM -22/12/04
outros acessórios, mais corriqueiros,
como os que integram o equipamento
MARLOS NEY VIDAL/EM – 9/5/06
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