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PARA COMPETIR
     ESTRATEGICAMENTE.
                                                 Cesar Queiroz
                                           Sócio e Estrategista da 2DA




     Sejamos honestos. Está muito difícil concorrer. Margens diminuem,
     novos competidores surgem, pressões aumentam. É preciso diminuir
     preços? Lançar mais produtos? Ser mais ágil? Aumentar a qualidade?
     Algumas empresas desistem e fecham as portas. Outras continuam
     com muito esforço. Esforço cada vez maior.

     Reduzir o timing de desenvolvimento e lançamento de produtos,
     ajustar preços, reduzir custos, melhorar processos. Táticas são
     excelentes e necessárias. No entanto, sozinhas não garantem
     sucesso. Basta olhar o mercado. Produtos e serviços semelhantes,
     empresas genéricas. Quem ganha uma pequena vantagem (timing,
     qualidade, preço) é rapidamente copiado. Incrementalismo não
     garante e nem coloca ninguém à frente.
01   Por isso muitas empresas desistiram do planejamento estratégico
     tradicional, pois na prática diz Hamel1, de estratégico ele não tem
     nada. Ao contrário, é um ritual sobre planejamentos e planos
     movido pelo calendário e não pela exploração do potencial do
     negócio. O foco é tático.


     Mas então, como competir
     estrategicamente?
     Uma personalidade relevante e única é o fator chave para o sucesso
     das empresas. Não há competição de igual para igual deixando
     escondido o que elas têm de mais precioso: sua personalidade, visão,
     ambição, essência, alma, DNA, identidade, ‘o sangue que corre em
     suas veias’. Essa, sem dúvida, é a base para construção da estratégia.

     Toda organização é única, tem sua própria identidade. E isso se aplica
     a qualquer instituição na história: a igreja cristã, nações, e por que
     não empresas?


       1
        HAMEL, Gary & PRAHALAD, C. K. (1996). Competing for the Future. Harvard Business Press.
Existem aquelas em que a personalidade do fundador, por ser tão
                                  forte, permeia todas as áreas e equipes. Outras naturalmente são
                                  guiadas por uma ideia tão viva que invade todo o grupo. E existem
                                  muitas cuja autenticidade não é visível, que não salta aos olhos.
                                  Apesar de ela existir, está escondida.
Para competir estrategicamente.




02



                                                             Autenticidades
                                                             que não saltam
                                                             aos olhos.
O desafio é, portanto, descobrir e desenterrar a autenticidade da
                                  organização. Para isso, é necessário olhar para a empresa como
                                  olham os antropólogos e sociólogos para grupos de pessoas com
                                  uma causa: em busca da essência. Sejam esses grupos políticos,
                                  sociais, espirituais, esportivos.

                                  Empresas têm muito a ver com lealdades, com a criação de uma
                                  cultura comum, de valores compartilhados e um senso de direção
                                  bem claro, diz Olins2 . Taí o valor da personalidade, o que de fato
                                  confere unicidade para os grupos, sejam eles empresas ou não.

                                  É a personalidade e a visão do grupo que proporcionam a cola
                                  interna, que unem e orientam a equipe. São elas que tornam cada
Para competir estrategicamente.




                                  colaborador agente da causa. Conectam com as pessoas não só
                                  dentro, mas fora, conferindo relevância e significado. Elas geram
                                  sentimentos e se tornam símbolo de autoexpressão no dia a dia
                                  das pessoas. Tornam assim a empresa única e diferente, com seu
                                  jeito singular de ser e se comportar.

                                  Produtos e serviços comunicam seus valores e visão. Manuais e
                                  materiais de comunicação refletem a essência e sua ambição. O
                                  ambiente, onde se desenvolve sonhos e negociações, corre seu
                                  sangue, carrega e manifesta sua alma. O comportamento e o
                                  tom de voz da equipe contagiam, expressam, comunicam quem,
                                  de fato, ela é. (Figura 1).

                                                                       Produtos e
                                                                        Serviços
03




                                  Ambiente
                                                                        Idéia da                             Comunicação
                                                                         marca




                                                                   Comportamento
                                  Figura 1: Os 4 vetores de expressão da identidade de uma empresa3.



                                  OLINS, Wally (1989). Corporate Identity - Making Business Strategy Visible Through Design.
                                  2

                                  OLINS, Wally (1998). The Brand Handbook. Thames & Hudson
                                  3
Tudo aquilo que a empresa faz (comprar, vendar, liderar) deve ser
                                  uma afirmação de quem ela é. A identidade, contudo, ganha vida,
                                  sabor, forma, cor, comportamento próprio. A razão de existir torna-
                                  se clara dando sentido ao grupo.

                                  A personalidade é, pois, tão fundamental que Marvin Bower4, o pai
                                  da consultoria de gestão e sócio desenvolvedor da McKinsey & Co.
                                  reflete sobre ela em 1953 com sua equipe:
Para competir estrategicamente.




                                                                             ‘‘Uma personalidade distinta e atrativa
                                                                             é a chave para construir a reputação de
                                                                             uma empresa. E - exceto pela equipe
                                                                             - a reputação é o bem de maior valor e
                                                                             retorno de uma firma5’’.



                                  A ‘‘personalidade’’” da empresa - como a de um indivíduo - é
                                  fator chave na impressão que as pessoas têm quando entram
                                  em contato com a empresa. Essa impressão, que Marvin chama
                                  de ‘‘impressão total’’, depende de dois fatores principais. As
                                  impressões pessoais coletivas daqueles que relacionam com a
04                                firma é um. O outro são os objetivos, políticas, e abordagens da
                                  empresa que guiam (ou deveriam guiar) cada membro da equipe no
                                  que ele faz e comunica.

                                  Empresas com personalidades distintas e atrativas são
                                  revolucionárias, enxerga Hamel6. Têm sua forma própria de
                                  ver o mundo. Não se abalam com as convenções, não buscam
                                  aceitação, são seguras de si, entendem quem são e se comportam
                                  dessa forma. Por que ser igual a todos? Por que seguir regras e
                                  convenções se você mesmo pode criá-las? Empresas genéricas
                                  são dispersas, irrelevantes e esquecidas. Isso porque não têm, de
                                  forma clara, qual sua direção, seu propósito, causa. Não sabem de
                                  fato qual a razão de existir.




                                  4
                                   Widely credited with being the founder of professional management consulting, Bower was
                                  a member of McKinsey and its guiding influence from 1933, when he joined, through his
                                  retirement in 1995, and until his death in 2003 at the age of 99. He served as managing director
                                  from 1950 to 1967.
                                  5
                                    EDERSHEIM, Elizabeth Haas (2004). McKinsey’s, Marvin Bower, Vision, Leadership, and the
                                  Creation of Management Consulting. John Wiley & Sons, Inc.
                                  6
                                   HAMEL, Gary (2002). Leading the Revolution. Harvard Business School Press.
Para competir estrategicamente.




05


                                                                                Autenticidades
                                  Bankinter é o
                                  banco espanhol
                                  líder em inovação
                                  tecnológica.
                                                                                que saltam
                                                                                aos olhos.
                                  Raiffeisen é o
                                  banco líder no
                                  mercado leste
                                  europeu.




                                                      Assim como acontece com pessoas, uma personalidade tão
                                                      característica, singular e própria faz nascer e crescer o bem
                                                      de maior retorno de uma empresa: a marca. Ela torna-se viva,
                                                      experiencial, visível. Autenticidade é, assim, fator chave. É o
                                                      substrato da estratégia e consequentemente da marca.
Competir estrategicamente é, portanto, saber quem de fato a
                                  empresa é e se portar coerentemente como tal. A construção
                                  estratégica em seu core tem as pessoas, a identidade, a relevância,
                                  o significado. Afinal, empresas não concorrem com outras
                                  empresas, elas competem por idéias, sonhos, sentimentos,
                                  emoções, significado. A tática, que é muito importante, vem depois,
                                  com planos, ações e jogadas.

                                  Se a manga disser que é uva, será isso uma experiência agradável?
                                  Pior ainda se ela achar que é uva e disser que é abacaxi. No entanto,
                                  se ela souber que é manga, disser que é manga e se comportar como
                                  manga, quem não gostar que fique longe. Mas terá toda a fidelidade
                                  de quem ama manga.
Para competir estrategicamente.




                                  Pare de olhar os concorrentes por um instante. Olhe para sua empresa
                                  e para seu cliente. Quem é sua empresa? Quem é seu cliente? Seja você,
                                  conecte com ele. O cliente tem o poder, a empresa não.




06




                                  Personalidade não resolvida. Quem é e como se comporta sua empresa?
www.2da.com.br
2da@2da.com.br

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Competir estrategicamente através da personalidade única da empresa

  • 1. PARA COMPETIR ESTRATEGICAMENTE. Cesar Queiroz Sócio e Estrategista da 2DA Sejamos honestos. Está muito difícil concorrer. Margens diminuem, novos competidores surgem, pressões aumentam. É preciso diminuir preços? Lançar mais produtos? Ser mais ágil? Aumentar a qualidade? Algumas empresas desistem e fecham as portas. Outras continuam com muito esforço. Esforço cada vez maior. Reduzir o timing de desenvolvimento e lançamento de produtos, ajustar preços, reduzir custos, melhorar processos. Táticas são excelentes e necessárias. No entanto, sozinhas não garantem sucesso. Basta olhar o mercado. Produtos e serviços semelhantes, empresas genéricas. Quem ganha uma pequena vantagem (timing, qualidade, preço) é rapidamente copiado. Incrementalismo não garante e nem coloca ninguém à frente. 01 Por isso muitas empresas desistiram do planejamento estratégico tradicional, pois na prática diz Hamel1, de estratégico ele não tem nada. Ao contrário, é um ritual sobre planejamentos e planos movido pelo calendário e não pela exploração do potencial do negócio. O foco é tático. Mas então, como competir estrategicamente? Uma personalidade relevante e única é o fator chave para o sucesso das empresas. Não há competição de igual para igual deixando escondido o que elas têm de mais precioso: sua personalidade, visão, ambição, essência, alma, DNA, identidade, ‘o sangue que corre em suas veias’. Essa, sem dúvida, é a base para construção da estratégia. Toda organização é única, tem sua própria identidade. E isso se aplica a qualquer instituição na história: a igreja cristã, nações, e por que não empresas? 1 HAMEL, Gary & PRAHALAD, C. K. (1996). Competing for the Future. Harvard Business Press.
  • 2. Existem aquelas em que a personalidade do fundador, por ser tão forte, permeia todas as áreas e equipes. Outras naturalmente são guiadas por uma ideia tão viva que invade todo o grupo. E existem muitas cuja autenticidade não é visível, que não salta aos olhos. Apesar de ela existir, está escondida. Para competir estrategicamente. 02 Autenticidades que não saltam aos olhos.
  • 3. O desafio é, portanto, descobrir e desenterrar a autenticidade da organização. Para isso, é necessário olhar para a empresa como olham os antropólogos e sociólogos para grupos de pessoas com uma causa: em busca da essência. Sejam esses grupos políticos, sociais, espirituais, esportivos. Empresas têm muito a ver com lealdades, com a criação de uma cultura comum, de valores compartilhados e um senso de direção bem claro, diz Olins2 . Taí o valor da personalidade, o que de fato confere unicidade para os grupos, sejam eles empresas ou não. É a personalidade e a visão do grupo que proporcionam a cola interna, que unem e orientam a equipe. São elas que tornam cada Para competir estrategicamente. colaborador agente da causa. Conectam com as pessoas não só dentro, mas fora, conferindo relevância e significado. Elas geram sentimentos e se tornam símbolo de autoexpressão no dia a dia das pessoas. Tornam assim a empresa única e diferente, com seu jeito singular de ser e se comportar. Produtos e serviços comunicam seus valores e visão. Manuais e materiais de comunicação refletem a essência e sua ambição. O ambiente, onde se desenvolve sonhos e negociações, corre seu sangue, carrega e manifesta sua alma. O comportamento e o tom de voz da equipe contagiam, expressam, comunicam quem, de fato, ela é. (Figura 1). Produtos e Serviços 03 Ambiente Idéia da Comunicação marca Comportamento Figura 1: Os 4 vetores de expressão da identidade de uma empresa3. OLINS, Wally (1989). Corporate Identity - Making Business Strategy Visible Through Design. 2 OLINS, Wally (1998). The Brand Handbook. Thames & Hudson 3
  • 4. Tudo aquilo que a empresa faz (comprar, vendar, liderar) deve ser uma afirmação de quem ela é. A identidade, contudo, ganha vida, sabor, forma, cor, comportamento próprio. A razão de existir torna- se clara dando sentido ao grupo. A personalidade é, pois, tão fundamental que Marvin Bower4, o pai da consultoria de gestão e sócio desenvolvedor da McKinsey & Co. reflete sobre ela em 1953 com sua equipe: Para competir estrategicamente. ‘‘Uma personalidade distinta e atrativa é a chave para construir a reputação de uma empresa. E - exceto pela equipe - a reputação é o bem de maior valor e retorno de uma firma5’’. A ‘‘personalidade’’” da empresa - como a de um indivíduo - é fator chave na impressão que as pessoas têm quando entram em contato com a empresa. Essa impressão, que Marvin chama de ‘‘impressão total’’, depende de dois fatores principais. As impressões pessoais coletivas daqueles que relacionam com a 04 firma é um. O outro são os objetivos, políticas, e abordagens da empresa que guiam (ou deveriam guiar) cada membro da equipe no que ele faz e comunica. Empresas com personalidades distintas e atrativas são revolucionárias, enxerga Hamel6. Têm sua forma própria de ver o mundo. Não se abalam com as convenções, não buscam aceitação, são seguras de si, entendem quem são e se comportam dessa forma. Por que ser igual a todos? Por que seguir regras e convenções se você mesmo pode criá-las? Empresas genéricas são dispersas, irrelevantes e esquecidas. Isso porque não têm, de forma clara, qual sua direção, seu propósito, causa. Não sabem de fato qual a razão de existir. 4 Widely credited with being the founder of professional management consulting, Bower was a member of McKinsey and its guiding influence from 1933, when he joined, through his retirement in 1995, and until his death in 2003 at the age of 99. He served as managing director from 1950 to 1967. 5 EDERSHEIM, Elizabeth Haas (2004). McKinsey’s, Marvin Bower, Vision, Leadership, and the Creation of Management Consulting. John Wiley & Sons, Inc. 6 HAMEL, Gary (2002). Leading the Revolution. Harvard Business School Press.
  • 5. Para competir estrategicamente. 05 Autenticidades Bankinter é o banco espanhol líder em inovação tecnológica. que saltam aos olhos. Raiffeisen é o banco líder no mercado leste europeu. Assim como acontece com pessoas, uma personalidade tão característica, singular e própria faz nascer e crescer o bem de maior retorno de uma empresa: a marca. Ela torna-se viva, experiencial, visível. Autenticidade é, assim, fator chave. É o substrato da estratégia e consequentemente da marca.
  • 6. Competir estrategicamente é, portanto, saber quem de fato a empresa é e se portar coerentemente como tal. A construção estratégica em seu core tem as pessoas, a identidade, a relevância, o significado. Afinal, empresas não concorrem com outras empresas, elas competem por idéias, sonhos, sentimentos, emoções, significado. A tática, que é muito importante, vem depois, com planos, ações e jogadas. Se a manga disser que é uva, será isso uma experiência agradável? Pior ainda se ela achar que é uva e disser que é abacaxi. No entanto, se ela souber que é manga, disser que é manga e se comportar como manga, quem não gostar que fique longe. Mas terá toda a fidelidade de quem ama manga. Para competir estrategicamente. Pare de olhar os concorrentes por um instante. Olhe para sua empresa e para seu cliente. Quem é sua empresa? Quem é seu cliente? Seja você, conecte com ele. O cliente tem o poder, a empresa não. 06 Personalidade não resolvida. Quem é e como se comporta sua empresa?