1. A teoria do consumidor baseia-se na hipótese do indivíduo ter um comportamento
racional, tendo por objectivo a maximização da utilidade que lhe advêm do
consumo de bens e serviços.
Perante várias possibilidades de consumo , o consumidor racional optará pela
combinação de bens que lhe proporcionar maior satisfação, tendo em conta o seu
rendimento disponível e o preço dos bens.
A decisão do consumidor é estudada em duas etapas:
1. apresenta-se a restrição orçamental que condiciona a escolha de consumo e nos
mostra quais as combinações que estão acessíveis ao consumidor (espaço
orçamental);
2. o consumidor escolhe, de acordo com as suas preferências ou gostos, a
combinação de bens (cabaz) que lhe proporciona o maior nível de satisfação.
2. A Restrição Orçamental
Vamos admitir, por hipótese, que o consumidor pode escolher apenas dois
bens (Alimentação e Habitação).
Qualquer combinação específica de dois ou mais bens é designada por
cabaz de bens.
3. O conjunto de todos os cabazes acessíveis ao consumidor, dado o seu rendimento
e preço, é designado por restrição orçamental ou recta do orçamento ou
conjunto de possibilidades de consumo.
Todos os cabazes situados sobre a restrição orçamental ou dentro do espaço
orçamental são designados por cabazes acessíveis ou possíveis . Os restantes são
designados por cabazes inacessíveis ou impossíveis.
4. Sendo S e F a quantidade de habitação e de alimentação e PS e PF os os
preços dos bens e M o rendimento do consumidor
A restrição orçamental deve satisfazer a seguinte equação:
PS S+ PF F =M
Ou seja:
A soma da despesa com os dois bens (habitação e alimentação) é igual ao
rendimento do consumidor
5. Alterações nos preços e no rendimento → provocam deslocações na
restrição orçamental.
1) Um aumento do preço da habitação desloca a restrição orçamental
para a origem (rotação), reduzindo o espaço orçamental, tornando-a mais
inclinada e vice-versa. Reduzindo-se o rendimento real (quantidade que
se pode adquirir com o rendimento nominal) em termos de Habitação.
6. 2) Uma redução no rendimento nominal tem o mesmo efeito de um
aumento de todos os preços na mesma proporção e desloca a restrição
orçamental para a origem paralela à anterior, reduzindo o espaço
orçamental.
7. A Teoria da Utilidade – Os consumidores escolhem entre os
diferentes bens e serviços de acordo com a utilidade / satisfação que lhe
estão associados
A utilidade é:
“ uma construção científica que os economistas usam para compreender
como os consumidores repartem os seus recursos limitados entre bens que
lhes proporcionam satisfação”
Os indivíduos procuram maximizar a sua utilidade escolhendo para tal os
bens que mais lhes agradam. Se um bem X confere mais utilidade a um
consumidor do que um bem Y, então ele opta por consumir o bem X ⇒
mostra preferir X a Y
8. A Utilidade Marginal – mostra a utilidade adicional que se consegue com o
consumo de uma unidade adicional de um bem (incremento da utilidade)
A Lei da Utilidade Marginal Decrescente – diz que à medida que um indivíduo
consome cada vez mais de um bem, a utilidade marginal (ou adicional) diminui.
Justificação desta lei – resulta do facto do prazer (ou satisfação) associado ao
consumo de um bem se reduzir à medida que o consumo desse bem for aumentando.
A Utilidade Total – aumenta com o consumo do bem, mas aumenta a uma taxa
decrescente (fig. a).
A Utilidade Marginal – A lei da utilidade marginal decrescente ⇒ a curva da UMg
tem que ter uma inclinação negativa
11. Implicações da Maximização da Utilidade – cada indivíduo deve organizar o
seu consumo de forma a que o último euro gasto em cada bem lhe proporcione
a mesma Utilidade Marginal
Princípio da Igualdade Marginal (condição para a utilidade máxima) →
de acordo com o qual um consumidor com rendimento fixo e dados os preços
de mercado atingirá a satisfação ou utilidade máxima quando a UMg do último
euro gasto em cada bem é exactamente igual à UMg do último euro gasto em
qualquer outro bem
Ou seja:
O quociente da utilidade marginal pelo preço deve ser o mesmo para todos
os bens no cabaz de bens que consumidor consome (cabaz óptimo) por
forma a que ele → maximize a sua utilidade
12. Preferências do Consumidor
A relação de preferências do consumidor é um esquema pelo qual o
consumidor classifica, por ordem de preferência todos os cabazes
possíveis.
Propriedades da relação de preferências:
1. Relação completa, o que significa que os consumidores são capazes de
ordenar todas as combinações possíveis de bens e serviços;
2. “Quanto mais melhor”, esta propriedade significa, ceteris paribus, que
maior quantidade do bem é preferível a menor quantidade do mesmo;
3. Transitividade, as preferências do consumidor são consistentes, o que
significa se um consumidor prefere A a B e B a C, então → prefere A a
C, ou se A é indiferente a B e B a C, logicamente → A é indiferente a C;
4. Convexidade, segundo esta propriedade o indivíduo prefere diversificar
o seu consumo, prefere combinações de bens a uma especialização do
consumo apenas num bem.
13. Curva de indiferença – É o lugar geométrico que apresenta o conjunto de
combinações de bens (cabazes) às quais o consumidor é indiferente, isto é,
que lhe proporcionam o mesmo nível de satisfação (utilidade).
14. As preferências ao serem completas implicam a existência de uma curva
de indiferença que passe por cada cabaz de bens possível.
O conjunto de curvas de indiferença que resulta da ordenação das
preferências do consumidor dá origem ao Mapa de indiferença.
As curvas de indiferença mais afastadas da origem representam
preferências com níveis de utilidade superiores I4>I3>I2>I1
15. Características das curvas de indiferença e do mapa de
indiferença:
1. Existe uma infinidade de curvas de indiferença (ma vez que a relação de
preferências é completa);
2. As curvas de indiferença são negativamente inclinadas → para que dois
cabazes sejam indiferentes não podem ter ambos mais quantidade dos dois
bens → caso contrário violaria o principio de “Quanto mais, melhor”;
3. As curvas de indiferença não se podem cruzar, caso contrário violaria o
principio da transitividade (ver gráfico slide seg);
4. O declive das curvas de indiferença diminui à medida que nos
deslocamos para baixo e para a direita, este facto decorre da convexidade
das preferências ( a taxa marginal de substituição é decrescente).
17. A Taxa Marginal de Substituição (TMSC) – é (em qualquer ponto da
curva de indiferença) o valor absolutodo declive da curva de indiferença
nesse ponto
Se a TMSCy:x =2, significa que: o consumidor tem de sacrificar 2 unidades
do bem y para obter mais 1 unidade do bem x, de modo a manter-se no
mesmo nível de satisfação (ou seja, na mesma curva de indiferença).
A TMSC é decrescente - diminui quando nos deslocamos no sentido
descendente da curva de indiferença. Tal resulta da convexidade das curvas
de indiferença (ou seja o consumidor irá sacrificar cada vez menor
quantidade de alimentação (eixo das ordenadas) para obter uma unidade de
habitação (eixo das abcissas)
19. No gráfico anterior:
O melhor cabaz (em termos económicos) – é o cabaz sobre a restrição
orçamental situado na curva de indiferença mais elevada c o cabaz F
O cabaz F fica no ponto de tangência entre a restrição orçamental e a curva
de indiferença I2
No ponto F – A Taxa Marginal de Substituição (TMSC) é igual ao módulo
do declive da recta do orçamento .
20. Frank, R. H. (2006) “Microeconomia e Comportamento”,
McGraw-Hill, 6ª ed., (Capítulo 3)