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1
2	 Fevereiro · 2015
3
Clivonei Roberto	
clivonei@canaonline.com.br
Luciana Paiva
luciana@canaonline.com.br
CÁ ENTRE NÓS
E
m 27 de janeiro de 2015, a cidade de
Sertãozinho, no interior paulista, se
uniu para pedir socorro, especialmen-
te contra as políticas adotadas pelo governo
federal que levam o setor sucroenergético a
uma das crises mais longas de sua história.
Empresários e funcionários da indús-
tria de base, representantes de entidades
patronais e de trabalhadores, comerciantes
e comerciários marcharam juntos para pedir
apoio à retomada da cadeia sucroenergética.
Em polos que oferecem tecnologia
e serviços para a agroindústria canaviei-
ra, como Sertãozinho, Piracicaba, Matão, as
empresas da cadeia contabilizam prejuízos,
pátios ociosos e inúmeras demissões, além
da queda da arrecadação dos municípios.
Há quem diga que esse grito pela reto-
mada do setor veio tarde. Deveria ter acon-
tecido em 2014, ano eleitoral e, por isso,
com mais chances de as reivindicações se-
rem ouvidas. E se fossem atendidas, o remé-
dio talvez ainda chegasse a tempo de salvar
muitas empresas.
Outros dizem que antes tarde do que
nunca. E ainda há os que questionam: o que
acontece após a marcha de Sertãozinho?
A situação não está crítica apenas para
o setor sucroenergético, a Petrobras atra-
vessa o caos. E ao tomar medidas para ali-
viar o caixa da estatal, como não reduzir o
preço dos combustíveis, mesmo com o va-
lor do petróleo despencando; aumentar o
valor da gasolina; e a volta da Cide, o go-
verno acaba minimizando o sufoco do setor
sucroenergético.
Mas são ações tímidas. São necessá-
rias políticas públicas que ofereçam estabili-
dade para promover os investimentos, prin-
cipalmente em bioeletricidade. É nisso que
foca nossa matéria de capa, o setor precisa
muito mais do que lampejos de possibilida-
des para retomar o curso.
E se a realização de marchas de reivin-
dicação contribuir para salvar a agroindús-
tria sucroenergética, então: Pé na estrada.
Vamos para Brasília!
Segundo os organizadores, evento
reuniu 15 mil pessoas, parando
duas rodovias que cortam a cidade
O setor foi às ruas
Capa
Lampejos no fim do túnel
Holofote
-	Quando começa a
	 safra da cana 2015/16?
Insectshow
-	Uma doença
	silenciosa
Soluções Integradas
-	Setor abraça o desafio
	 da máxima produtividade
ÍNDICE
Tendências
-	As oportunidades e
	 os investimentos no
	 Agronegócio Brasileiro
Herbsishow
-	Manejo de qualidade
Economia
-	Endividamento e problemas
	 operacionais marcam
	 próxima safra sucroenergética
Editores:
Luciana Paiva
luciana@canaonline.com.br
Clivonei Roberto
clivonei@canaonline.com.br
Redação:
Adair Sobczack
Jornalista
adair@canaonline.com.br
Leonardo Ruiz
Jornalista
leonardo@canaonline.com.br
Marketing
Regina Baldin
Comercial
comercial@canaonline.com.br
Editor gráfico
Thiago Gallo
Pesquisa & Desenvolvimento
-	As quatro novas variedades de
	 cana da Ridesa/ UFSCar são
	 resistentes às principais doenças
Mecanização
-	Agricultura de Precisão melhora
	 qualidade das operações
	 e aumenta rendimento
Tecnologia Industrial
-	Na São Manoel, a água vale ouro
Tecnologia
-	Gerenciamento das partes
	 interessadas em projetos
Sustentabilidade
-	A cana mineira
	ecológica
Cana Substantivo Feminino
-	Pré-programação do IV Encontro
	 Cana Substantivo Feminino
-	Debatedores confirmados
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digital da Paiva& Baldin Editora
6	 Fevereiro · 2015
7
Safra começa em março
No Paraná, a safra 2015/16 deverá ter
uma produção próxima de 46 mi-
lhões de toneladas e vai começar em mar-
ço. Inclusive, a unidade Jussara, do Gru-
po Melhoramentos, deve começar antes
do dia 15 de março. Se por um lado algu-
mas unidades que estão com mais dificul-
dades financeiras vão reduzir um pouco
a moagem, isso será compensado pelos
grupos mais estáveis, que deverão ter sa-
fra maior. A próxima safra deverá ser um
pouco maior do que a última, que foi de
42,949 milhões de toneladas. No ge-
ral, em 2014, o estado não teve pro-
blema de seca. Inclusive usinas
mais ao centro do estado e abaixo
de Maringá tiveram mais chuva
que a média. Mas no nor-
te paranaense, perto da
divisa com São Paulo,
chegamos a ter usina
que sofreu um pouco com a estiagem. Na
média, tivemos uma boa produção no ano
passado.
Miguel Tranin, presidente da Alcopar
(Associação dos Produtores de
Bionergia do Estado do Paraná)
Início de moagem
pode ser postergado
Estamos mantendo nossa previsão de
data para as usinas do Grupo, que é de
14 de abril, mas há possibilidade de iniciar
mais tarde a moagem por causa do desen-
volvimento dos canaviais e
de uma menor dispo-
nibilidade de canas
de 18 meses. A de-
cisão sobre o adia-
mento ou não do
início da moagem ainda está sendo ava-
liada. A previsão de moagem para a pró-
xima safra é de 3,3 milhões de toneladas
na Usina S. João (Araras, SP) e de cerca de
7 milhões de toneladas na SJC Bioenergia
(duas unidades em Goiás).
Narciso Bertholdi, diretor executivo
da Usina São João, em Araras, SP
A vertente começa
em 15 de abril
Afalta de chuva afetou significati-
vamente a produtividade e foi um
grande desafio, mas houve uma boa re-
cuperação que contribuiu para a retoma-
da de estabilidade. Por isso, nossa previ-
são é iniciar a safra 2015/16 em 15 de abril
e a expectativa é atingir a marca de 2,2 mi-
lhões de toneladas de cana moída. Na sa-
fra 2014/15 moemos 2 milhões de tone-
lada, nosso recorde.
Resultado de um plano
de expansão iniciado
em 2013 e de cana
bisada que fi-
cou da safra
2013/14, o
que equi-
librou o
8	 Fevereiro · 2015
impacto negativo da longa estiagem que
penalizou a lavoura.
Hugo Cagno Filho, diretor-
executivo da Usina Vertente,
localizada em Guaraci, SP
Expectativa de
boa safra
Nossas expectativas para a safra
2015/16 são as melhores, levando-se
ainda em consideração as renovações re-
alizadas em nossos canaviais e a amplia-
ção de nossa área plantada com varieda-
des melhores adaptadas aos nossos solos
e às condições climáticas de nossa região,
acrescido do constante entrosamento dos
gestores com suas equipes, determinando
e acompanhando metas a serem atingidas.
Esperamos, com base em nossos planeja-
mentos, uma safra com significativo au-
mento de produção e melhoria nas nossas
eficiências agrícola e industrial. A previsão
de início é para o dia 20 de abril de 2015,
com término em 31 de outubro de 2015.
Ocorre tradicionalmente nesse período,
diferentemente de outras regiões produ-
toras, pela baixa incidência de chuvas na
região nesses meses, facilitando nossa lo-
gística de colheita e
transporte.
João Bastos
Colaço, diretor
presidente da
Agrovale, em
Juazeiro, BA
Tentativa de começar
a safra em março
No Mato Grosso do Sul, o principal
foco é a recuperação de produtivida-
de, tanto agrícola quanto industrial. Esses
índices foram afetados por conta dos pro-
blemas climáticos que enfrentamos nas 4
últimas safras. Muitas unidades do esta-
do tentarão iniciar as operações da safra
2015/16 já em março e existe cana dispo-
nível, mas a grande incógnita é o clima.
Roberto
Hollanda Filho,
presidente
da Biosul-MS
(Associação
dos Produtores
de Bioenergia
de Mato
Grosso do
Sul)
2 de abril
Asafra de etanol de milho no Mato
Grosso já está a todo vapor. Já a pri-
meira unidade começa a moer cana no
estado em 2 de abril e as demais ao lon-
go do mês de abril. De modo geral, a sa-
fra 2015/16 no Mato Grosso será
igual à anterior, com exceção
ao incremento de etanol trazi-
do pela entrada em funciona-
mento da terceira unidade
de grãos do estado.
Jorge dos Santos,
diretor executivo
do Sindálcool-MT
HOLOFOTE
9
10	 Fevereiro · 2015
MG algumas unidades iniciam
na segunda quinzena de mar-
ço e tem unidades que come-
çam só em abril, mas é di-
fícil falar agora. Quem
teve sobra de cana
pode começar mais
cedo. Mas tudo
depende da previsão de chuva. No ano
passado muita usina postergou o início
da safra porque sabia que a produtivida-
de estava baixa.
Mário Campos Filho, presidente
executivo da Siamig (Associação das
Indústrias Sucroenergéticas de MG)
Boas expectativas
Na Usina Jalles Machado a previsão de
início da safra é 1º de abril. As nossas
expectativas para o próximo ciclo são boas,
principalmente com a alta no preço do eta-
nol. A estimativa de produção de 4.350.000
toneladas de cana também é maior do
que a safra anterior, que foi de 4.250.000
toneladas. Porém, devido à falta de chu-
vas no mês de janeiro, esperamos uma
pequena queda na
produtividade.
Otávio Lage
de Siqueira Fi-
lho, diretor pre-
sidente da Usina
Jalles Macha-
do, situada
em Goiané-
sia, GO
Dentro da normalidade
Amoagem da safra 2014/2015 foi den-
tro das nossas estimativas: tivemos
uma moagem e ATR maior que a safra
2013/2014, e conseguimos manter a pro-
dutividade média, pois tínhamos muita
área de 1° corte. Poderíamos ter tido me-
lhores resultados, pois tivemos os meses
de janeiro e fevereiro de 2014 com o me-
nor índice pluviométrico dos últimos 15
anos, mas não podemos reclamar, pois sa-
bemos que temos regiões que a frustração
foi muito maior. Além do problema da es-
tiagem, o aumento do custo de pro-
dução foi outro fator acontecido
nesta safra. A previsão é de come-
çar a moagem da safra 2015/2016
no início de abril, dentro da
normalidade. Para nós,
até o momento, não te-
remos problema com
disponibilidade de
matéria-prima. A previsão de moagem
para a próxima safra é de 3,8 milhões de
toneladas, 6% superior à última. Isto é só
uma estimativa, sabemos que depende-
mos do fator clima.
Rodrigo Piau, engenheiro agrônomo
e coordenador agrícola da
Canacampo, de Campo Florido, MG
Ainda é difícil falar
Tenho a impressão de que a safra em
Minas Gerais nesse ano começa no
seu período normal. Historicamente, em
HOLOFOTE
11
12	 Fevereiro · 2015
V
ocê sabia que é possível que seu
canavial esteja totalmente com-
prometido por uma doença que
muitos não dão atenção devido ao fato
INSECTSHOW
Uma doença silenciosa
Leonardo Ruiz
O RAQUITISMO DAS SOQUEIRAS É UM PROBLEMA BEM MAIOR DO QUE
MUITAS USINAS IMAGINAM. A DOENÇA PODE INFECCIONAR ATÉ 100%
DO CANAVIAL E CAUSAR PREJUÍZOS DE 5% A 30% DA PRODUTIVIDADE
de ela não apresentar sintomas caracte-
rísticos que permitam sua identificação no
campo, mesmo para os especialistas mais
experientes? Trata-se do raquitismo das
DIVULGAÇÃOBIOSEV
O raquitismo das
soqueiras pode
contribuir para
a diminuição
da longevidade
dos canaviais
13
Alfredo Seiiti Urashima:
“Acredito que seria difícil citar
alguma usina no Brasil que não
tenha cana com essa doença”
soqueiras, uma doença que já se instalou
nos canaviais do Brasil e que reduz a pro-
dutividade dos mesmos.
Ocorre que, devido à ausência de sin-
tomas característicos, uma planta doente
pode dar origem a toletes aparentemente
sadios que serão, posteriormente, usados
na multiplicação de mudas. Segundo le-
vantamentos do Laboratório de Genética
Molecular (LAGEM), da Universidade Fede-
ral de São Carlos (UfSCar), com amostras
de canas enviadas para análise no período
2009-2011, a bactéria Leifsonia xyli subsp.
Xyli, responsável por causar a doença, foi
detectada numa porcentagem que variou
de 23,6% a 27,1% nesses anos.
O professor associado Alfredo Seiiti
Urashima, responsável pelo LAGEM, afirma
que, possivelmente, a dissemi-
nação nos canaviais brasilei-
ros seja ainda maior, se for le-
vado em consideração que as
amostras examinadas são as
melhores, visto que serão em-
pregadas como matrizes na
produção de mudas (sofrendo
seleção para as mais sadias).
Confirmando essa suposição,
levantamentos sobre a incidência da do-
ença em canaviais do Espírito Santo, sul da
Bahia e oeste de Minas Gerais, realizados
em 2003 e 2004, mostraram contaminação
de 67,6% dos talhões analisados e em 28
das 34 variedades amostradas. “Acredito
que seria difícil citar alguma usina no Bra-
sil que não tenha cana com essa doença”,
afirma Urashima.
Estudos apontam que, ao longo dos
últimos anos, o raquitismo das soqueiras
causou quebra de produtividade de até
41% na África do Sul, de 12% a 37% na
Austrália, de 9% a 33% nos Estados Uni-
dos e de 50% na Índia. Considerando es-
ses números, é fácil afirmar que o Brasil
também deve sofrer sua parcela de danos.
Embora não existam trabalhos científicos
DIVULGAÇÃOLAGEM/UFSCAR
14	 Fevereiro · 2015
INSECTSHOW
é bem maior do que muitos imaginam,
principalmente pelo fato de não haver no
mercado variedades resistentes à doença.
“Além disso, nem todas as usinas e pro-
dutores independentes fazem análises dos
materiais a serem empregados como ma-
trizes para produção de mudas. Com isso,
a mecanização, adotada largamente nos
canaviais do Centro-Sul do Brasil, dissemi-
na eficientemente a bactéria a partir de um
único tolete doente presente no campo”.
Características
Os engenheiros agrônomos da área
de Qualidade Fitossanitária do Centro de
Tecnologia Canavieira (CTC), Aline Cristi-
ne Zavaglia e Enrico De Beni Arrigoni, afir-
mam que, por não apresentar sintomas
evidentes, o raquitismo das soqueiras é
uma doença subestimada que se agrava
com o corte das soqueiras, diminuindo a
produtividade ao longo dos anos, princi-
palmente quando aliado a outros fatores
Devido ao crescimento
retardado causado
pelo ataque da
bactéria, os entrenós
se tornam mais curtos
DIVULGAÇÃOLAGEM/UFSCAR
Para Enrico De Beni
Arrigoni, do CTC,
o raquitismo das
soqueiras é uma
doença subestimada
DIVULGAÇÃOCTC
que mensurem a quebra de produtivida-
de no país, pesquisadores apontam que as
perdas podem chegar a 30% em TCH.
Outro agravante da doença é rela-
cionado ao aumento do custo de produ-
ção da cana, devido à necessidade de se
realizar reformas antecipadas no canavial,
já que os danos aumentam em função do
número de cortes, justificando o nome ra-
quitismo das soqueiras para a doença.
Urashima ressalta que o problema
15
Pontuações coloridas,
conhecidas como
vírgulas, podem
aparecer em variedades
muito suscetíveis
causadores de estresse.
“A doença não apresenta sintomas
evidentes, porém os colmos se tornam
mais finos e os entrenós mais curtos, de-
correntes do crescimento retardado cau-
sado pelo ataque da bactéria. Além disso,
podem ser vistos pontos avermelhados no
interior dos colmos em função do entupi-
mento dos vasos. Porém, esse sintoma não
é específico e pode ser causado, também,
por outras bacterioses que atuam em va-
sos, como a Escaldadura das Folhas”. Des-
sa forma, apenas com exames laborato-
riais é possível ter certeza da infestação do
raquitismo das soqueiras.
Com relação à disseminação, os pes-
quisadores do CTC afirmam que, por se
tratar de uma bactéria que coloniza os va-
sos do xilema, a propagação ocorre, prin-
cipalmente, por mudas contaminadas e
instrumentos de corte, como facões e co-
lhedoras que, ao cortar um colmo infecta-
do, acabam levando seiva com a bactéria
para outro colmo sadio.
O pesquisador da UfSCar, Alfredo
Seiiti Urashima, conta que, como não é
possível identificar o problema no campo
com segurança, é difícil afirmar que certas
regiões ou condições
de clima favoreçam
o surgimento da do-
ença. Porém, segun-
do ele, existem rela-
tos que enfatizam que
DIVULGAÇÃOLAGEM/UFSCAR
DIVULGAÇÃOLAGEM/UFSCAR
Plantas raquíticas com colmos menores e mais
finos podem estar entre as características
de uma planta atacada pela doença
16	 Fevereiro · 2015
os sintomas associados à doença podem
ser mais pronunciados quando a cana está
submetida ao estresse climático (seca, por
exemplo). Entretanto, isso não quer dizer
que plantas que não estejam nessas con-
dições não sofrem com a doença. “Os da-
dos de queda de produtividade nos dife-
rentes países mostram que o raquitismo
das soqueiras causa perda independente
do clima, região ou solo do local”.
Para evitar que a doença se instale
em áreas comerciais, é essencial o uso de
mudas reconhecidamente sadias, sendo
que isso só será obtido através da análise
prévia das canas que fornecerão as gemas.
“Aqui está o ponto principal, pois, geral-
mente, as análises são feitas por amostra-
gem e podem não representar todas as
plantas. Na produção de mudas é funda-
mental que as matrizes estejam todas sa-
dias”, relata Urashima.
Porém, o pesquisador ressalta, ainda,
a importância de uma correta análise. “A
bactéria causadora da doença é fastidiosa,
sendo que uma das principais consequên-
cias desse fato é o longo período neces-
sário para a visualização de sua presença
numa cana. Dessa forma, para que o exa-
me laboratorial consiga fazer uma diagno-
se correta, é preciso que a cana tenha ida-
de adulta. Atualmente, o LAGEM/UfSCar,
assim como todos os laboratórios ao redor
do mundo que fazem exame diagnóstico
de rotina (onde grande número de amos-
tras é examinado), emprega a técnica soro-
lógica de seiva de cana, cuja idade mínima
é de nove meses. Se a idade for antecipa-
da existe o risco de se ter falso negativo”.
Controle
Infelizmente, é correto afirmar que
o controle do raquitismo das soqueiras,
uma vez instalado, é quase impossível.
Urashima conta que o combate deve ser
feito através de mudas sadias associada à
termoterapia, empregando as condições
de 50°C/2h. Porém, segundo ele, mesmo
nessas condições, a eliminação da bacté-
ria pode não ser total. “Infelizmente, mui-
tos não fazem tratamento térmico para
erradicar a bactéria dos toletes e mesmo
aqueles que o fazem empregam 52°C/30
min, que apresenta alta taxa de escape, ou
seja, não mata toda a bactéria”. Outra téc-
nica que deve ser utilizada é a desinfesta-
ção dos instrumentos de corte com uso de
calor ou Amônia Quaternária.
Diferença na altura da planta é um dos danos
causados pelo raquitismo das soqueiras
INSECTSHOW
DIVULGAÇÃOLAGEM/UFSCAR
17
18	 Fevereiro · 2015
SOLUÇÕES INTEGRADAS
Cana-soca ganha o reforço de
defensivos da BASF que, além
de controlarem doenças, pragas
e plantas daninhas, contribuem
para o aumento de produtividade
19
O 1º DESAFIO DE PRODUTIVIDADE DA CANA
CANAMAX CTC/BASF - SOCA DA SAFRA 2014/2015
SUPERA A EXPECTATIVA DE UNIDADES INSCRITAS
Setor abraça o
desafio da máxima
produtividade
20	 Fevereiro · 2015
SOLUÇÕES INTEGRADAS
E
m setembro de 2015, o Centro de
Tecnologia Canavieira (CTC), em par-
ceria com a BASF, lançou o 1º Desa-
fio de Produtividade da Cana CANAMAX
CTC/BASF - Soca da Safra 2014/2015. Uma
iniciativa de cunho técnico com o objeti-
vo de incentivar as unidades sucroenergé-
ticas a buscarem superações por meio de
soluções integradas.
Na época, Virgílio Vicino, gerente de
marketing do CTC, salientou que o Desafio
visa disseminar que é possível melhorar a
produtividade atual apenas utilizando as
ferramentas que já estão no mercado e
planejando melhor as atividades. E expli-
cou que o CANAMAX pretende criar um
ambiente que estimule as equipes técni-
cas das usinas a ousarem em suas ideias, e
práticas de cultivo inovadoras, que possi-
bilitem extrair o potencial máximo da cul-
tura, com sustentabilidade e rentabilidade.
Carulina Oliveira, gerente de Marke-
ting Cultivos (cana, citros e amendoim) da
BASF, ressaltou que a proposta é convidar
os profissionais ligados à área de produ-
ção a colocar seu conhecimento em práti-
Luciana Paiva e Clivonei Roberto
Área de cana-soca com
CTC 15, na usina Vertente
(Grupo Guarani), em
Guaraci, SP. Unidade
participante do Desafio
CANAMAX. Visita realizada
em novembro de 2014
CTC
21
ca. “Levaremos para o setor a mensagem
de que é possível alcançar o tão deseja-
do 3 dígitos, produzir acima de 100 tone-
ladas de cana por hectare. Vamos em bus-
ca de superações e consequentemente da
redução no custo por tonelada produzida,
como ocorre em outras culturas”, disse.
Inscrições superam
expectativas
O primeiro módulo do CANAMAX foi
dirigido às áreas de cana-soca e ofereceu
duas categorias:
1.	 Cana-Soca CTC15
em Solo Restritivo
2.	 Cana-Soca de CTC2,
4 ou 20 em Solo Responsivo.
As inscrições, dirigidas aos clientes
CTC e BASF, aconteceram entre 01 de se-
tembro a 31 de outubro e a expectativa
era atingir 30 participantes, mas o resulta-
do superou as expectativas, segundo Vir-
gílio, totalizando 41 participantes. Hou-
ve também os que se inscreveram fora
do prazo, não puderam participar e foram
aconselhados a esperar o próximo Desa-
fio, que será lançado agora em Fevereiro.
Após o encerramento das inscrições
e o anúncio dos participantes, profissio-
nais do CTC e da BASF iniciaram as visitas
às unidades participantes para realizarem
o georreferenciamento das áreas e conferir
Área de cana-soca com CTC 15, na usina
São José (Grupo Guarani), em Colina,
SP. Participante do Desafio CANAMAX.
Visita realizada em novembro de 2014
CTC
22	 Fevereiro · 2015
SOLUÇÕES INTEGRADAS
se atendem às exigências contidas no re-
gulamento do Desafio, como talhão de no
mínimo 20 hectares, cana-soca de até ter-
ceiro corte com as variedades CTC indica-
das, e as áreas de solo restrito e responsivo.
A missão dos participantes é elevar a
produtividade desses talhões. As práticas
de manejo para alcançar a máxima pro-
dutividade ficam a cargo dos profissionais
das empresas participantes. É permitido
qualquer espaçamento, manejo ou trato
cultural, menos irrigação com água. Mas é
liberada na área inscrita a fertirrigação por
vinhaça, uso de torta de filtro ou qualquer
outro substrato. Também é livre o uso de
qualquer fertilizante ou insumo registrado
para a cultura da cana, de qualquer marca,
desde que utilizado dentro de sua reco-
mendação de rótulo. Já em relação ao uso
de herbicidas e fungicidas, são propostas
as soluções BASF, que devem ser seguidas
conforme o regulamento.
Meta da Usina Mandú é maior
produtividade e longevidade
“Queremos instigar os profissionais
das usinas a participar, a buscar alternati-
vas para produzir melhor”, disse Carulina
no lançamento do CANAMAX, e é o que
está acontecendo na Usina Mandu, unida-
Área de cana-soca com CTC
15, na usina Andrade (Grupo
Guarani), em Pitangueiras,
SP. Participante do Desafio
CANAMAX. Visita realizada
em novembro de 2014
CTC
23
24	 Fevereiro · 2015
SOLUÇÕES INTEGRADAS
de do Grupo Guarani, localizada em Gua-
íra, SP. O propósito de atingir o patamar
dos três dígitos de produtividade e man-
ter-se nele estimulou a empresa a aderir
ao Desafio proposto pela BASF e pelo CTC.
Segundo o engenheiro agrônomo
Douglas Ogassawara Nakano, responsável
pela Área de Desenvolvimento Técnico da
Mandu, o fato de a BASF e o CTC se uni-
A Mandu aderiu
ao CANAMAX e
começou a fazer o
acompanhamento
de uma área de cana
de 40 hectares
USINAMANDU
Área de cana-soca com
CTC 4, na usina Nardini,
em Vista Alegre do Alto,
SP. Participante do Desafio
CANAMAX. Visita realizada
em novembro de 2014
CTC
25
rem para desafiar as unidades industriais
de que é possível aumentar a produtivi-
dade é um estímulo para o setor buscar a
sustentabilidade da atividade.
A Mandu aderiu ao CANAMAX e co-
meçou a fazer o acompanhamento de
uma área de cana de 40 hectares a par-
tir do final de outubro do ano passado.
Nakano observa que nesta primeira fase
do Desafio a intenção é adotar tecnolo-
gias e manejos que elevem a produtivida-
de em áreas de cana-soca. “Para isso, uti-
lizamos variedades CTC com ferramentas
como Opera®
com efeito AgCelence®
para
incremento de produtividade.”
Virgílio Vicino salienta que, ao reali-
zar esse bom manejo operacional, a Man-
du favorece o potencial genético das va-
riedades com alto potencial. Em muitas
variedades mais produtivas podem haver
ocorrência eventual de doenças, as quais
são controladas usando-se de tecnolo-
gia, permitindo que estas variedades con-
tinuem colaborando com o aumento mé-
dio de produtividade.
Na área dedicada ao projeto, a Man-
du fez análise química voltada para agri-
cultura de precisão e realizou todos os
tratos culturais na cana, para colheita em
julho. “Além do nosso pacote tecnológico
existente, sempre investimos em agricul-
tura de precisão”, diz Nakano, destacan-
do que o Grupo Guarani busca a excelên-
cia operacional em suas atividades. “E, por
isso, sempre contamos com tecnologias
de ponta e ferramentas inovadoras junto
a nossos parceiros.”
A Guarani já investe muito em tecno-
logias que favoreçam a produção, com o
objetivo de buscar excelência interna para
ganho de produtividade, como agricultura
de precisão. “Por isso, se esta experiência
com o Desafio CANAMAX for viável, na in-
tenção de caminhar em direção aos três dí-
gitos, com certeza vamos aderir às tecno-
logias aplicadas. Tendo retorno financeiro
positivo para o Grupo, podemos adotar
como padrão e expandir para áreas comer-
ciais de toda companhia”, afirma Nakano.
Usina São José da Estiva
quer aprimorar suas
práticas e melhorar os
índices de produtividade
O supervisor de planejamento agrí-
cola da Usina São José da Estiva, de Novo
26	 Fevereiro · 2015
Horizonte, SP, Marcelo da Rocha, também
elogia o esforço da BASF e do CTC em rea-
lizarem o Desafio CANAMAX. Segundo ele,
a Estiva pretende aproveitar sua participa-
ção no Desafio para aprimorar suas práti-
cas e melhorar os índices de produtividade.
Para o Desafio, a Estiva escolheu
duas áreas de cana-soca em propriedades
diferentes: uma de 22,5 hectares de CTC
20 e outra de 20 hectares de CTC 15. “De-
senvolver conhecimento e técnicas nes-
sa fase da cana-de-açúcar, que representa
em média 80% do tempo de um canavial
(considerando o período entre a fundação
até a reforma), é crucial para elevar signifi-
cativamente a produtividade da empresa”,
explica Rocha.
A Estiva já teve médias de produti-
vidade superiores às que tem registrado
ultimamente, e hoje almeja não apenas
retomar os índices que já atingiu, como
superá-los.
Para alcançar o objetivo de explorar
o máximo do potencial da cana-de-açúcar
no Desafio CANAMAX, Rocha salienta que
a Estiva conta com ferramentas de peso:
o suporte tecnológico da BASF e do CTC.
“A BASF é das maiores empresas parceiras
da Estiva. Acreditamos muito nas soluções
que nos oferece. Independente do Desa-
fio, não é apenas nesta área selecionada
que utilizamos o sistema AgCelence®
, que
SOLUÇÕES INTEGRADAS
São José da Estiva quer superar seus índices
SÃOJOSÉDAESTIVA
27
além de controlar pragas e doenças, pos-
sibilita ganhos no rendimento industrial.”
Além disso, o supervisor de planejamen-
to agrícola salienta que a Estiva é uma das
unidades que mais utilizam as variedades
CTC no país.
Como a Estiva pretende obter o me-
lhor desempenho possível no Desafio CA-
NAMAX, a unidade está atenta a todas as
técnicas necessárias para conferir excelên-
cia de produtividade, além de inovar. “Em
uma das áreas, fizemos aplicação aérea de
adubo, complementando a adubação cor-
riqueira. Foi algo além do planejado para
vermos se conseguimos retorno”, explica
Rocha. Esse exemplo, segundo Carulina,
vai ao encontro de um dos objetivos do
CANAMAX: possibilitar que nesses talhões
os técnicos das usinas possam ousar, colo-
car em prática o que pensam ser bom, mas
que nunca tiveram oportunidade de apli-
car em grandes áreas.
O aprendizado será replicado
A colheita das áreas participantes do
1º Desafio CANAMAX deve ocorrer entre
julho e setembro de 2015. A usina precisa
comunicar com antecedência a data pre-
vista para a colheita, pois será acompa-
nhada pelos técnicos do CTC ou da BASF.
“A colheita dos dois talhões inscritos no
programa será realizada de forma contí-
nua, no mesmo dia, totalmente separada
das demais áreas adjacentes”, explica Vir-
Área de cana-
soca com CTC 4,
na usina Ruette,
em Paraíso, SP.
Participante do
Desafio CANAMAX.
Profissionais do
CTC, da BASF e da
Ruette em visita
realizada em
dezembro de 2015
CTC
28	 Fevereiro · 2015
SOLUÇÕES INTEGRADAS
O
ano começa com o 2º. Desafio CANAMAX estendido para as áreas de ca-
na-planta. “É a possibilidade de elevar ainda mais a produtividade, pois as
áreas receberão variedades com alto potencial, manejo e tratos culturais
inovadores desde o início, o que pode não ter acontecido com as áreas de cana-so-
ca, no 1º. CANAMAX”, salienta Virgílio Vicino.
As inscrições para o Desafio de Produtividade CANAMAX CTC/BASF para
Cana-planta vão de 15 de Fevereiro a 30 de Abril de 2015. Podem participar as usi-
nas da região Centro-Sul. A inscrição, disponível a partir de 15 de Fevereiro, se dará
pelo site:  www.desafiocanamax.com.br, no qual também se encontra o regulamen-
to completo deste novo ciclo do CANAMAX.
gílio. O resultado do 1º Desafio CANA-
MAX será anunciado até 30 de novembro
de 2015.
Todo o aprendizado adquirido na
condução das áreas registradas no Desa-
fio CANAMAX poderá ser transferido para
o restante das lavouras, se comprovada a
sua viabilidade, sustentabilidade e renta-
bilidade. Assim, tornando-se uma fonte
de inspiração para os vizinhos, e gerando
uma onda positiva de inovação que pode-
rá ser adotada nas áreas comerciais.
Agora é a vez do 2º. Desafio de Produtividade
CANAMAX CTC/BASF para cana-planta 2015
CANAMAX - Cana-planta é a oportunidade de empreender inovações desde o preparo do solo
29
TENDÊNCIAS
E
m 2050, com uma população de 9,3
bilhões de pessoas, o mundo irá pre-
cisar de uma quantidade 50% maior
de alimentos. Portanto, a necessidade de
Ana Malvestio1
e Luiz Barbosa2
Em 2050, o mundo
terá uma população
de 9,3 bilhões
de pessoas
As oportunidades e os investimentos
no Agronegócio Brasileiro
uma ampliação robusta da oferta de pro-
dutos agropecuários, seja para o consu-
mo humano, seja para subsidiar a pro-
dução de proteína animal, ou até mesmo
30	 Fevereiro · 2015
para a produção de bioenergia, é urgente
e necessária.
O Brasil é um dos poucos países onde
ainda há muita área para ser incorporada
à produção. Além das áreas de fronteira
agrícola, que ainda estão disponíveis para
serem exploradas, existem áreas que po-
dem ser melhores aproveitadas, como no
caso das áreas de pastagem extensiva ou
pastagem degradada.
Existem cerca de 100 milhões de hec-
tares disponíveis para utilização na agro-
pecuária, de acordo com a Empresa Brasi-
leira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
dos quais 65 milhões de hectares são ap-
tos a usos agrícolas diversos e 35 milhões
de hectares possuem aptidão para pasta-
gens, estando excluídas deste cálculo as
áreas de preservação ambiental, unidades
de conservação e terras do Governo.
Somado à disponibilidade de terras
produtivas, também não se pode esquecer
as excelentes condições brasileiras de cli-
ma, água, relevo e solo, existindo até mes-
mo a possibilidade de ocorrência de duas
safras ao longo do ano, como no caso do
milho.
Contudo, a exploração de todo esse
potencial do agronegócio brasileiro passa
por relevantes investimentos que propor-
cionem a superação de importantes desa-
fios, como o de tecnologia, essencial para
TENDÊNCIAS
31
garantir alta produtividade e qualidade; o
de infraestrutura, que possibilite a supera-
ção dos gargalos logísticos e desenvolvi-
mento de áreas de fronteira agrícola e; a
estruturação de uma gestão profissionali-
zada, que proporcione aos produtores oti-
mização de processos, captação com me-
nores custos e melhoria na margem de
rentabilidade.
Tecnologia
Em relação à tecnologia, a otimiza-
ção dos fatores de produção como terras,
insumos e recursos hídricos, cria oportu-
nidades para o desenvolvimento de novos
produtos e serviços alinhados com a rea-
lidade brasileira de produção e mercado.
Nesse contexto, destaca-se a necessidade
de adoção pelas empresas do agronegó-
cio, desde insumos até a distribuição de
alimentos, de tecnologias que garantam a
origem, qualidade e padrões de produção,
visando assegurar a sustentabilidade e a
segurança dos alimentos. Por isso, ferra-
Para produzir mais na mesma área é preciso ter investimento em pesquisas
32	 Fevereiro · 2015
TENDÊNCIAS
mentas que auxiliem na rastreabilidade e
certificação deverão ganhar espaço.
Infraestrutura
O investimento em infraestrutura lo-
gística do Brasil será um dos pilares de
sustentação do desenvolvimento do agro-
negócio brasileiro. A melhoria no escoa-
mento da safra, tanto interna como exter-
namente se configuram hoje no principal
gargalo do agronegócio brasileiro.
Adicionalmente, as regiões de fron-
Armazenamento é um dos gargalos
33
teira agrícola, localizadas no Norte e Nor-
deste do país, necessitam de suporte e or-
ganização para se desenvolverem, pois
além da falta de infraestrutura relaciona-
da com a própria produção agrícola e es-
coamento da mesma, nessas áreas há ain-
da uma carência de infraestrutura para
atender a população local e a população
migrante que vão para essas regiões em
busca de oportunidades. As regiões de-
mandam negócios como rede de alimen-
tação, moradia, hotéis, escolas, comércio
e outros.
Gestão
Operando cada vez mais em um am-
biente globalizado, produtores e empresas
dos diversos elos da cadeia agroindustrial
devem se adequar aos conceitos de ges-
tão aplicados internacionalmente. Práticas
como gestão de riscos na cadeia de su-
primentos, planejamento tributário, ges-
tão de custos e de capital humano, plane-
jamento estratégico e auditoria contábil e
financeira estão entre as práticas que de-
vem ser incorporadas para o crescimento
sustentável do negócio.
Ainda no campo da gestão, a im-
plantação e melhor aproveitamento de
softwares são essenciais para a moderni-
zação dos negócios, visando ampliar as
vendas e os processos operacionais, redu-
zir custos, automatizar processos, ganhar
agilidade e se adequar as exigências dos
consumidores globais.
Assim, as oportunidades e investi-
mentos abrangem toda a cadeia do agro-
negócio: antes da porteira (insumos), den-
tro da porteira (produção agropecuária)
e depois da porteira (armazenagem, dis-
tribuição e processamento). Além disso,
o desenvolvimento do agronegócio bra-
sileiro gera reações em cadeia, impulsio-
nando a demanda de outros produtos e
serviços e abrindo ainda mais o leque de
possibilidade de negócios no Brasil, com
oportunidades em segmentos que não es-
tão estritamente relacionadas à produção
no campo.
Não há dúvidas que empresas e in-
vestidores dos mais variados segmentos
e países encontrarão oportunidades no
agronegócio brasileiro. É preciso, porém,
entender as peculiaridades desse setor no
Brasil para identificar a melhor forma de
atuação e de fato, fazer os investimentos
necessários para que se possa aproveitar
todo o seu potencial.
2
Luiz Barbosa,
Gerente do
Centro PwC de
Inteligência em
Agronegócio
1
Ana Malvestio,
Sócia da PwC
Brasil e líder de
Agribusiness para o
Brasil e Américas
34	 Fevereiro · 2015
HERBISHOW
Manejo de qualidade
Leonardo Ruiz
O CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS É UMA PRÁTICA DE GRANDE
IMPORTÂNCIA PARA GARANTIR A PRODUTIVIDADE DA CULTURA. MAS
SERÁ QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO O MANEJO DA MELHOR FORMA?
T
iririca, grama-seda, brachiárias, cor-
da-de-viola, capim-marmelada, ca-
pim-colchão. Enfim, o portfólio de
espécies de plantas daninhas que infes-
tam os canaviais é imenso. As citadas não
são as únicas que geram dor de cabeça aos
produtores, mas aquelas que podem eclo-
dir em qualquer parte do Brasil. Além des-
A Corda-de-viola é uma
das principais espécies
de plantas daninhas
encontradas no Brasil
DIVULGAÇÃOUSINASITAMARATI
35
sas, existem, ainda, as espécies que são
mais localizadas, que atacam os canaviais
de determinadas regiões, como o capim-
camalote, problema nos municípios paulis-
tas de Igarapava, Piracicaba, Mococa e Por-
to Ferreira. Já em Itapira, também em São
Paulo, o problema é o capim-massambará.
Caso não esteja atento ao manejo,
o produtor pode ter danos significativos.
Lembrando, é claro, que isso depende da
magnitude da infestação. Uma área bas-
tante afetada (10 a 12 daninhas por metro
quadrado) pode ter perdas que chegam a
85%. A longevidade do canavial também
é comprometida, levando o produtor a
ter que reformar a área antecipadamente.
Outros aspectos negativos decorrentes de
grandes infestações são: queda na quali-
dade industrial da matéria-prima e dificul-
dade nas operações de corte, carregamen-
to e transporte. Além disso, estas plantas
servem também como hospedeiras de ne-
matoides, doenças e pragas, aumentando
a população destas na cultura e dificultan-
do as estratégias de controle das mesmas.
Dessa forma, é importante que o
produtor se muna de ferramentas e técni-
cas para realizar um manejo de qualidade,
Uma área bastante afetada (10 a 12 daninhas por
metro quadrado) pode ter perdas que chegam a 85%
DIVULGAÇÃOUSINASITAMARATI
36	 Fevereiro · 2015
HERBISHOW
a fim de conseguir conviver com as plan-
tas daninhas infestantes e obter produtivi-
dades mais elevadas.
PPI
Segundo o pesquisador do Instituto
Agronômico de Campinas (IAC), Carlos Al-
berto Mathias Azania, o manejo de plantas
daninhas pode ser segmentado em dois
fatores: áreas agrícolas muito e pouco in-
festadas. Em áreas de elevada infestação,
a recomendação é que se faça aplicação
em PPI (Pré-Plantio Incorporado), de 60 a
30 dias antes do plantio. “O objetivo aqui
é uma atenuação da pressão do banco de
sementes.”
Ocorre que, durante a fase de prepa-
ro de solo, o revolvimento acaba estimu-
lando a emergência de plantas daninhas,
ou seja, quebrando a dormência da se-
mente. Se o banco for muito intenso, a in-
festação da área será grande. Nessa hora,
é possível aplicar doses maiores de herbi-
cidas, pois não existe a questão da sele-
tividade para com a cultura. “O produtor
deve ficar atento para saber qual produto
será aplicado. Um herbicida que dura mais
tempo no solo deve ser utilizado com 60
dias de antecedência. Já os que duram
menos, com 30 dias”. Esse tempo é neces-
sário para que o produto se posicione no
solo, fazendo com que, conforme as dani-
nhas forem eclodindo, elas absorvam os
princípios ativos.
Na hora do plantio, Azania afirma
que o produtor deve fazer uma aplicação
de pré-emergência e, se for o caso, uma
aplicação de complemento antes do fe-
chamento do canavial. “Com isso, os her-
bicidas aplicados em pré ou pós irão ser
mais eficazes, pois não há uma pressão
muito grande de mato.”
A Usina Ester, localizada em Cosmó-
polis, SP, é uma das unidades que adotam
a prática do PPI. Segundo Lucas Tanaju-
ra, coordenador de produção agrícola da
empresa, com o avanço da colheita me-
canizada, a quantidade e a qualidade das
plantas daninhas foram alteradas. Por isso,
foi necessário buscar novas soluções para
combatê-las.
Segundo Carlos Alberto Mathias
Azania, a aplicação em PPI (Pré-Plantio
Incorporado) tem como objetivo atenuar
a pressão do banco de sementes
DIVULGAÇÃO
37
Tanajura explica que o PPI era utili-
zado pela maioria das usinas apenas para
a aplicação da trifluralina – molécula mais
indicada para o controle de gramíneas.
Apesar disso, a equipe da Usina Ester en-
xergou no PPI uma ferramenta interessan-
te para combater toda a gama de dani-
nhas incidentes na lavoura.
Segundo ele, o índice de eficiência
no controle de emergência das plantas
daninhas após a aplicação do PPI é muito
positivo. “Começamos um trabalho mais
agressivo em 2013. Não montamos cam-
po de experimentação ainda, mas campos
de observação. Nessas áreas, consegui-
mos um controle satisfatório, eficiente”,
diz ele, lembrando que a técnica permi-
te ainda atrasar um pouco a entrada com
herbicida pós-plantio por conseguir um
residual maior.
O resultado é que a tecnologia su-
prime o banco de sementeiras e de tubér-
culos, havendo redução na necessidade
de mão de obra futuramente para fazer re-
passe ou catação. “É uma ferramenta que
ajuda no controle de custos e no aumen-
to de produtividade, uma vez que as in-
tervenções realizadas através de trabalha-
dores rurais, como repasses com químicos
e capinas, têm sido cada vez mais onero-
sas em função dos custos trabalhistas e
da escassez deste trabalhador, que vem
Caso o banco de sementes esteja atenuado, não é necessária uma
aplicação antes do plantio; apenas a de pré-emergência será suficiente
DIVULGAÇÃOFMC
38	 Fevereiro · 2015
Para Lucas Tanajura,
o resultado é que o
PPI suprime o banco
de sementeiras e de
tubérculos, reduzindo
a necessidade de mão
de obra para fazer
repasse ou catação
HERBISHOW
especializando cada vez mais em outras
funções”.
Outras técnicas
Se, ao longo das soqueiras, o produ-
tor foi mantendo um controle efetivo de
plantas daninhas, ou seja, aplicando os
herbicidas na época correta, seja em pré
ou pós-emergência, na hora de reformar
o canavial, o banco de sementes estará
atenuado. Nesse cenário, não é necessá-
ria uma aplicação antes do plantio, apenas
a de pré-emergência será suficiente. Lem-
brando que, havendo necessidade, deve-
rá ser realizada uma aplicação de pós-e-
mergência antes do fechamento. “Porém,
infelizmente, são poucos os produtores
que fazem aplicações corretas em todas
as soqueiras como deve ser feito”, afirma
Azania.
Outra técnica utilizada em pequenas
infestações é a catação química, necessária
quando ocorre a eclosão de daninhas es-
paçadas no canavial antes do fechamento
do mesmo. Porém, a fer-
ramenta está caindo em
desuso devido ao fato
de ter se tornado one-
rosa em virtude das legislações. “Sem ela,
teremos que realizar aplicações em pré-e-
mergência ou em pós em área total muito
bem conduzida”, afirma Azania.
Já nas áreas de pousio da Usinas
Itamarati, localizada na cidade de Nova
Olímpia, MT, o foco é evitar que as plan-
tas invasoras completem seu ciclo, impe-
dindo, dessa forma, o incremento do ban-
co de sementes. Outro ponto importante,
ressaltado pelo engenheiro agrônomo
da empresa, Rafael Charlier, é não utilizar
mudas de áreas com infestação de plan-
tas, como capim-camalote, Bucha e Mucu-
na, principalmente no plantio mecaniza-
do, em que a colheita da muda pode levar
sementes para novas áreas. “Um canavial
sadio e sem falhas também contribui para
o controle das plantas daninhas”.
Charlier afirma que o manejo de
plantas daninhas é como a construção
de uma casa, a qual precisa ter um alicer-
ce forte, sendo que esse será construído
através do manejo do banco de sementes.ARQUIVOCANAONLINE
39
“Evitar o incremento de sementes ou pro-
págulos de plantas daninhas trazidos de
outras áreas por implementos agrícolas,
colheita ou transporte de mudas e a uti-
lização da aplicação de herbicida residual
em PPI é fundamental no manejo do ban-
co de sementes”.
Produtos
Porém, de nada adianta essas téc-
nicas se o produtor não entender a im-
portância de utilizar o herbicida certo no
momento certo. Segundo o engenheiro
agrônomo da Usinas Itamarati, é funda-
mental conhecer as características físico-
químicas de cada produto, como Koc, Kow,
solubilidade e pressão de vapor. Além dis-
so, deve-se, ainda, entender o comporta-
mento do herbicida, ter em mãos o his-
tórico de infestação da área e saber qual
será o alvo (planta ou solo) para, com base
nisso, adotar a tecnologia de aplicação
mais adequada.
“Outro ponto fundamental é res-
peitar as condições climáticas durante as
aplicações (velocidade do vento, tempe-
ratura e umidade relativa). Assim, quando
não for possível trabalhar dentro das con-
dições ideais, devemos ajustar a tecnolo-
gia de aplicação para minimizar as perdas
causadas em condições climáticas adver-
sas”, afirma Rafael Charlier.
Todas essas técnicas são de extre-
ma importância para combater o amplo
portfólio de plantas daninhas encontra-
do nos canaviais da empresa. Capim-col-
chão, capim-braquiária, capim-camalote,
fedegoso, cordas-de-viola, bucha e mucu-
na estão entre as principais invasoras. Es-
sas três últimas, inclusive, figuram entre os
maiores problemas da unidade, pois, além
de reduzir a produtividade dos canaviais,
Segundo Rafael Charlier, é importante não
utilizar mudas de áreas com infestação
de plantas, como Capim Camalote, Bucha
e Mucuna, principalmente no plantio
mecanizado, pois a colheita da muda
pode levar sementes para novas áreas
DIVULGAÇÃOUSINASITAMARATI
40	 Fevereiro · 2015
O levantamento de
plantas daninhas
deve ser feito para
obtenção de dados
sobre as espécies
infestantes
daquela área
HERBISHOW
têm interferência di-
reta no processo de
colheita mecanizada,
causando perdas sig-
nificativas nos rendimentos e elevando os
custos da atividade.
Levantamento
De grande importância, o levanta-
mento de plantas daninhas, popularmen-
te chamado de matologia, funciona como
um importante aliado do produtor, pois
ele irá escanear o canavial e mostrará da-
dos sobre as espécies infestantes daquela
área, como germinação, crescimento, de-
senvolvimento, morfologia, anatomia, re-
produção e convivência com outras plan-
tas, além, é claro, dos níveis de infestação.
Esse conhecimento será essencial para
segurança e precisão nas tomadas de
decisões.
O pesquisador do IAC, Carlos Aza-
nia, afirma que esse procedimento é me-
nos trabalhoso do que muitos imaginam.
Segundo ele, o processo para a realização
de um levantamento de qualidade é o se-
guinte: o produtor deve separar uma área
de testemunha com cerca de 90 m² sem
aplicação de herbicidas a cada 50 hecta-
res de sua propriedade. A cada 30 dias, ele
deve ir a essas áreas e anotar as daninhas
que ali eclodiram. Lembrando que o pro-
cedimento deve ser feito até o fechamen-
to do canavial.
Com esses dados em mãos, ele vai
conseguir saber quais as principais espé-
cies infestantes daquelas áreas. No ano
seguinte, a aplicação de herbicidas pode-
rá ser feita de modo mais assertivo, pois
ela irá ser feita em função da matologia
registrada no ano anterior. “Dessa forma,
a cada ano, o produtor deve escolher áre-
as diferentes e realizar os mesmos pro-
cedimentos, pois novas espécies podem
surgir”.
A partir desses levantamentos, o
produtor terá um histórico completo de
sua propriedade, passando a entender os
padrões biológicos da área. “Dessa for-
ma, ele terá a certeza de que as formas de
combate adotadas serão as mais eficien-
tes possíveis”.
DIVULGAÇÃOFMC
41
Endividamento e problemas
operacionais marcam próxima
safra sucroenergética
ECONOMIA
Usina Albertina, em
Sertãozinho, uma
das 80 unidades
fechadas com a crise
DÍVIDA DO SETOR SUPERA R$ 60 BILHÕES
42	 Fevereiro · 2015
A
partir de 2008, o setor sucroe-
nergético teve agravada uma cri-
se operacional e financeira, que já
era anunciada devido ao alto grau de en-
dividamento das empresas, crise que se
estendeu para toda cadeia produtiva. Em
Sertãozinho, uma das cidades mais atingi-
das no interior de São Paulo, em três me-
ses registrou cerca de 2,2 mil demissões,
segundo o Ministério do Trabalho e Em-
prego (MTE). De acordo com pesquisa da
MBF Agribusiness, consultoria de Sertão-
zinho, especializada no agronegócio, até o
momento 67 usinas encontram-se em re-
cuperação judicial e as perspectivas ain-
da não são animadoras. Segundo a Unica
(União da Indústria da Cana-de-Açúcar),
desde 2008, cerca de 80 unidades já fe-
charam suas portas e em 2015, mais nove
usinas poderão encerrar suas atividades
devido à grave situação financeira.
“A recuperação do setor será lenta.
Carrega um alto endividamento e proble-
mas operacionais sérios, como baixa pro-
dutividade agrícola e elevados custos por
falta de investimentos na recuperação dos
canaviais, dos equipamentos industriais
e infraestrutura de apoio agrícola. Ainda
não é possível prever com qualidade o que
será da nova safra em relação à produti-
vidade agrícola, mas tende a ser próxima
ou menor que a safra que se encerra. Não
Andréia Moreno, da MBF Agribusiness
Aralco, em Araçatuba, uma das 67 unidades em recuperação judicial
ECONOMIA
43
houve o volume de investimento agríco-
la que se anuncia no mercado, até mes-
mo porque muitas empresas aguardam a
liberação de recursos das linhas subsidia-
das do BNDES (Banco Nacional de Desen-
volvimento Econômico e Social). Há mui-
to marketing sobre as linhas de crédito e
pouca efetividade na distribuição dos va-
lores”, revela Marcos Antonio Françóia, di-
retor da MBF Agribusiness.
Ele lembra que a dívida do setor su-
croenergético, em 2014, atingiu R$ 60 bi-
lhões e R$ 91,03/tonelada.
Françóia explica que, em 2015, o se-
tor ainda poderá ter reflexos positivos
nos preços, mas as condições do endivi-
damento em relação ao tamanho e exi-
gências quanto a prazos e taxas, deverão
forçar as empresas a venderem antecipa-
damente a safra, não auferindo resultados
com os preços melhores durante a tempo-
rada, resultados que acabam ficando para
poucos. “Como estamos falando do se-
tor como um todo e o volume de empre-
sas endividadas é alto, ainda veremos uma
boa fatia cambaleando durante o ano. Os
juros estão subindo e as linhas de crédito,
para um setor em descrédito, estão cada
vez mais escassas”, admite.
Mercado
Os preços devem melhorar em 2015,
segundo Jair Pires, diretor executivo da MBF
Agribusiness. “A queda do preço do Petró-
leo fará com que a gasolina se mantenha
mais barata, fato que limita o etanol. Quan-
to ao açúcar, o preço deve subir e ajudar um
pouco nas contas, porém, na média geral,
muitas unidades ainda contabilizarão preju-
ízos”, finaliza. (Fonte: MBF Agribusiness)
Françóia:
“Há muito
marketing
sobre as linhas
de crédito
e pouca
efetividade na
distribuição
dos valores”
44	 Fevereiro · 2015
TADEUFESSEL.CORTESIAUNICA
CAPA
45
Lampejos no
fim do túnel
AÇÕES COMO A VOLTA DA CIDE E AUMENTO DA
MISTURA DE ETANOL NA GASOLINA PROPORCIONAM
CERTO ALÍVIO, MAS O MAIOR REFLEXO VIRÁ SE
HOUVER VALORIZAÇÃO DA ENERGIA DA BIOMASSA
46	 Fevereiro · 2015
P
ara o setor sucroenergético, os últi-
mos seis anos foram marcados por
muitas tempestades e trovoadas.
Com remuneração inferior ao tamanho do
endividamento, mais de 80 usinas parali-
saram suas atividades e 67 estão em re-
cuperação judicial. Nesse período, milha-
res de trabalhadores foram demitidos por
unidades produtoras e empresas de bens
e serviços voltadas ao setor. Em 2014, ape-
sar de muita tentativa de diálogo com o
Palácio do Planalto, quase nada avançou.
Mas 2015 começa com lampejos no
fim do túnel a favor da agroindústria da
cana-de-açúcar. Alguns avanços já vie-
ram no final do ano passado em diferen-
tes estados da federação. Em dezembro
foi aprovada pela Assembleia Legislativa
de Minas Gerais a redução do ICMS (Im-
posto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços) sobre o etanol hidratado no es-
tado de 19% para 14%, o que tende a am-
pliar o potencial de consumo do biocom-
bustível em MG.
“Essa mudança vai inserir Minas Ge-
rais no mercado de etanol brasileiro,
que tem 10% da frota nacional, a segun-
da maior do país. E é um potencial muito
grande”, projeta Mário Campos, presiden-
te executivo da Siamig (Associação da In-
dústria Sucroenergética de Minas Gerais).
Em 2014, as usinas mineiras já dedicaram
57% da matéria-prima para o biocombus-
tível. O que deve acontecer, segundo ele,
é a mudança do fluxo logístico do produ-
to. “Hoje, Minas produz 1,5 bilhão de li-
Clivonei Roberto e Luciana Paiva
CAPA
Mário Campos: A expectativa de Minas Gerais é dobrar o consumo atual
de etanol hidratado, de 750 milhões de litros para 1,5 bilhão de litros
47
tros de hidratado e tem um consumo de
cera de 750 milhões de litros. O excedente
do combustível ia para outros mercados,
especialmente São Paulo. Mas com o mi-
neiro utilizando mais o etanol, nossa ex-
pectativa é de que atinjamos um consumo
de pelo menos 1,5 bilhão de litros”, expli-
ca Campos. Será o dobro do consumo atu-
al, reduzindo a oferta e a pressão sobre o
preço do produto no estado de São Paulo.
O consumo de etanol em outros es-
tados brasileiros também deve crescer por
conta de mudanças na tributação do ICMS.
No Paraná, onde este imposto é de 18%
sobre o etanol, houve mudança do ICMS
sobre a gasolina: foi de 28% para 29%.
Em abril entra em vigor o aumento
do ICMS sobre a gasolina em outro estado
brasileiro, a Bahia. Em dezembro do ano
passado, a Assembleia Legislativa baiana
aprovou aumento da alíquota do imposto
de 27% para 30%.
Já no Distrito Federal, o governo dis-
trital apresentou uma proposta de redu-
zir o ICMS sobre o etanol, de 25% para
19%, e aumentar a mesma alíquota sobre
a gasolina, que subiria de 25% para 28%.
Esta proposta valerá para 2016, mas an-
tes depende de aprovação da Assembleia
Legislativa.
Mas para a competitividade do bio-
combustível, Marcos Fava Neves, profes-
sor da Faculdade de Economia, Adminis-
tração e Contabilidade da Universidade
de São Paulo (USP), o setor pede a equali-
zação das alíquotas do ICMS sobre o eta-
nol hidratado entre os estados ao menor
nível praticado. Segundo ele, “a redução
do ICMS para 12% em todos os estados”
é uma medida necessária para a recupera-
ção do setor sucroenergético.
Retorno da Cide e
aumento da mistura
O governo federal reajustou em 1º
de fevereiro o PIS e o Cofins em R$ 0,22
por litro e anunciou o retorno da Cide
(Contribuição de Intervenção no Domí-
nio Econômico) sobre a gasolina. Em 1º de
Fava Neves: redução
do ICMS sobre o etanol
hidratado para 12%
em todos os estados
48	 Fevereiro · 2015
maio, quando a Cide passa a incidir sobre
o combustível (R$ 0,10 por litro), a alíquota
de PIS e Cofins recua no mesmo valor para
evitar novo aumento de carga tributária.
A volta da Cide é um antigo pleito do
setor. Por suas externalidades, o segmento
entende que o etanol deve ter condições
tributárias diferenciadas em comparação
à gasolina. Quando foi criada, em 2001, a
Cide era de R$ 0,28 por litro de gasolina,
sendo zerada em 2012 para compensar o
aumento na cotação do combustível fóssil.
Agora o tributo volta no valor de R$ 0,10,
bem abaixo do patamar anterior.
De qualquer forma, o setor come-
morou a medida, pois ganha em compe-
titividade, segundo Elizabeth Farina, pre-
sidente da Unica (União da Indústria da
Cana-de-açúcar).
Plínio Nastari, presidente da con-
sultoria Datagro, observa que as recentes
medidas do governo criam um potencial
de aumento para o etanol hidratado de R$
0,15 por litro, o equivalente a 70% (parida-
de entre o preço do álcool e o da gasoli-
na) de R$ 0,22. Para ele, também há espa-
ço para aumentar o valor do etanol anidro,
que é misturado à gasolina. Nesse caso, o
aumento potencial passa a ser de R$ 0,22
por litro.
Outra decisão do Planalto que pode
entrar em vigor ainda em fevereiro de
2015, depois de aprovada pelo Planalto, é
o aumento da mistura de anidro à gasoli-
na, de 25% para 27%, mas que entra em
vigor após 90 dias. Esta medida já era plei-
teada pelo setor desde o início de 2014.
Segundo Elizabeth, as usinas estão
preparadas para atender uma demanda
maior por anidro. O aumento da mistu-
ra deve elevar em 1 bilhão de litros a de-
manda pelo biocombustível. “O estoque
que temos é suficiente para abastecermos
o mercado de combustíveis durante a en-
tressafra e a safra.”
Medidas insuficientes,
mas bem-vindas
De acordo com Antonio Padua Ro-
drigues, diretor-executivo da Unica, todas
estas novidades trazem ânimo para a safra
que vai começar em abril no Centro-Sul
(embora algumas unidades já iniciem as
operações em março). “São medidas pon-
Elizabeth Farina: o setor ganha
em competitividade com as
mudanças na tributação
CAPA
49
tuais, que terão efeito imediato. Primeiro
pelo aumento do tributo na gasolina, que
vai aumentar competitividade do hidrata-
do, dependendo de cada estado. Isso será
em algo como R$ 0,18 centavos por litro.
Mas é um aumento teórico. Vai depender
muito de como vai se comportar o mer-
cado. Mas esse aumento proporciona me-
lhora da competitividade do etanol.”
Padua observa que as medidas do
governo talvez estanquem o endivida-
mento. “Mas vamos ver por quanto tempo
se perpetua. Ainda tem muito a se fazer,
tanto em políticas públicas, tanto em estí-
mulo ao etanol e à cogeração de energia.
Houve uma situação pontual, uma sinali-
zação positiva. O que precisa é continuar
esse diálogo e criar regras de longo prazo
que estimulem a volta do investimento.”
Somente quando isso ocorrer que o setor
terá condições de ‘voltar às compras’.”
Mas se não haverá expansão, é cer-
to que as usinas continuam precisando re-
alizar manutenção, investir em melhoria
da produtividade do canavial, reduzir cus-
tos, renovar a frota. “Isto tudo é coisa na-
tural que uma usina precisa fazer sempre.
Mas vinha sendo realizado à custa do au-
mento do endividamento. Por isso o setor
chegou onde está. Faltava condição de ter
preço melhor. Mas a melhor rentabilida-
de dará condição de fazer estas atividades
com recursos próprios, dependendo me-
nos de financiamento.”
Para Padua, as mudanças de ICMS
nos estados de Minas Gerais, Bahia e Pa-
raná, além do Distrito Federal, favorecem
o etanol. “No curto prazo, vão criar poten-
cial de demanda, a um preço razoável no
hidratado, na casa de 1 bilhão de litros.”
Padua: o pacote de medidas traz ânimo para a
safra que vai começar em abril no Centro-Sul
Ortolan: as medidas não contemplam
todas as necessidades da cadeia,
mas representam um avanço
50	 Fevereiro · 2015
De acordo com Arnaldo Luiz Corrêa,
diretor da Archer Consulting, a remunera-
ção melhor com o etanol é positiva para as
usinas, porque permite fazer dinheiro mais
rápido.
Manoel Ortolan, presidente da Ca-
naoeste e Orplana (Organização dos Plan-
tadores de Cana da Região Centro-Sul do
Brasil), ressalta que as medidas anuncia-
das, por si só, não contemplam todas as
necessidades da cadeia sucroenergética,
mas representam um avanço. E os reflexos
dessas novidades, segundo ele, já pode-
rão ser percebidos de imediato, por conta
do aumento da gasolina, que abriu mar-
gem para uma melhor remuneração do
etanol. “E a relação de preço está boa para
o consumidor, favorecendo e estimulando
o uso do biocombustível.”
Ortolan está otimista quanto ao re-
torno dos investimentos, por conta do
melhor cenário trazido pelas mudanças na
tributação e no aumento da mistura. “Mas
acredito que os investidores vão apostar
mesmo na energia elétrica em função da
crise de energia que estamos vivendo.”
Já Antonio Eduardo Tonielo, presi-
dente da Copercana e presidente do Gru-
po Tonielo – detentor de três unidades
produtoras - é mais cauteloso. Acredita
que os investimentos até voltam, mas será
bem devagar por conta dos custos, dos ju-
ros e da complexidade para se conseguir
financiamento que se tem hoje. “Se não
fosse essa dificuldade de acesso ao crédi-
to, os investimentos voltariam mais rápi-
do. E quando voltarem, os investimentos
devem ser direcionados mais para a área
de etanol porque o produto trará melhor
remuneração.”
Para ele, as novas medidas do gover-
no federal vão melhorar o preço do eta-
nol, beneficiando o setor industrial. “Além
disso, provavelmente devem beneficiar
também o açúcar porque as empresas de-
verão fazer mais etanol, principalmente
neste começo de safra, para atender à de-
manda do produto e também porque os
preços serão melhores que os do açúcar”,
pontua.
O que se espera é que todo este mo-
vimento tenha reflexo sobre o açúcar. Mas
quando? Para Padua, o mercado está ain-
da receoso. Tem apostas e apostas. “Mes-
Tonielo:
investimentos
até voltam,
mas ocorrerão
bem devagar
CAPA
51
André Rocha:
melhoria da
eficiência
energética dos
motores flex
continua sendo
um dos pleitos
do setor
mo com todas as medidas, o mercado de
açúcar ainda não reagiu, continua patinan-
do. Por que não reage? Talvez por conta
do câmbio.” Além disso, ainda existe exce-
dente de açúcar no mercado mundial. Mas
é possível um déficit de açúcar em 2016,
segundo ele.
Com o ajuste fiscal que a economia
brasileira vem passando, acessar os recur-
sos do BNDES (Banco Nacional de Desen-
volvimento Econômico e Social) pode ficar
ainda mais difícil. Na opinião de Padua, as
linhas de crédito vão continuar. “A mudan-
ça vai ser no aumento dos juros de merca-
do. E assim a usina vai avaliar se é viável
utilizar o BNDES. Certamente não vamos
ter juros abaixo da condição de mercado
que estimulem o setor produtivo.”
Já os benefícios para o fornecedor
de cana, segundo Ortolan, acabam sendo
indiretos. “A melhor remuneração do eta-
nol e açúcar reflete no preço da cana”, diz.
Mas ele reconhece que não espera gran-
des melhorias, mas torce para que 2015
seja um ano me-
nos apertado do
que 2014.
Para André Rocha, presidente do Fó-
rum Nacional Sucroenergético e do Si-
faeg (Sindicato da Indústria de Fabricação
de Etanol e Açúcar do Estado de Goiás),
as lutas do setor continuam. Um dos de-
safios é o avanço do Programa Inovar-Au-
to, a fim de se atingir motores flex mais
eficientes. “Assim, poderíamos conquistar
mais mercado. No entanto, a melhoria da
eficiência do motor flex seria positiva para
a sociedade como um todo.” Outra pau-
ta do setor é oferecer ao consumidor na-
cional, com a consolidação da tecnologia
dos carros híbridos, a opção de veículos
com motor flex, para que se possa utili-
zar etanol.
Com aumento da frota,
como abastecer o Ciclo Otto?
Outro ingrediente a este cenário que
Padua apresenta é a mudança de estrutu-
ra a que a Petrobras está passando, o que
pode dar novo estímulo ao setor sucroe-
nergético no médio e longo prazo. “A pre-
52	 Fevereiro · 2015
sidência anterior da Petrobras já anunciava
recuo de investimento em novas refinarias
e no pré-sal. Ao mesmo tempo em que há
um cenário de incremento de combustí-
vel Ciclo Otto (veículos leves e de passeio)
para os próximos dez anos, uma projeção
que já está dada”, analisa o executivo da
Unica.
Segundo Corrêa, não se pode es-
quecer que, embora as vendas de veículos
nesse ano tendam a uma queda, a previ-
são é de crescimento da frota flex, em rela-
ção ao ano passado, de pelo menos 2,5%.
Ante a este cenário, o governo brasi-
leiro precisa ter posição clara sobre como
se vai abastecer a frota de veículos que vai
continuar crescendo nos próximos anos.
“Vai ter incremento de gasolina A ou ha-
verá estimulo de oferta de hidratado? Para
isso, é necessária a expansão da capaci-
dade de produção do etanol hidratado.
E aí vamos precisar de novos investimen-
tos, seja na agrícola ou indústria”, analisa
Padua.
Para Corrêa, a arrefecida nos inves-
timentos da Petrobras pode ser positiva
para o setor sucroenergético dependen-
do do patamar de preço do barril de pe-
tróleo no mercado internacional. Segundo
ele, a ANP (Agência Nacional de Petró-
leo, Gás Natural e Biocombustíveis) afirma
que o Brasil consumiu quase 10% a mais
de barril de petróleo no ano passado. “O
incremento que houve no consumo nes-
ses doze meses foi de 5,1 bilhões de litros.
Desse total, apenas 1,3 foram de gasoli-
na A.” A tendência é de, havendo aumento
de consumo, qualquer incremento ocorra
com anidro e hidratado. Até porque o Bra-
sil vai ter dificuldade logística de importar
Menor investimento na área de
petróleo deve favorecer o etanol
CAPA
53
essa gasolina. “Temos limite para impor-
tação de gasolina. Por isso, a tendência é
que se olhe mais com carinho para o eta-
nol. Esta pode ser uma via de retorno de
investimentos para o setor, mas ocorre-
rá apenas se houver mudança na manei-
ra como o governo conduz a formação de
preço de combustível, o que traria segu-
rança jurídica.”
Medidas vieram tarde
Para o professor Marcos Fava Ne-
ves, as medidas são positivas para o se-
tor e ajudam na sua recuperação, mas vie-
ram muito tarde. “O estrago agora já está
feito! O endividamento cresceu tanto que
boa parte desta melhoria será consumida
para pagar serviços da dívida.”
Corrêa salienta que o pacote apre-
sentado pelo governo federal neste início
de ano não passa de um paliativo. “Tem o
mesmo efeito de dar azeitona para quem
está há meses sem comer nada. Hoje, pelo
nosso cálculo, o setor tem aproximada-
mente R$ 74 bilhões em dívidas e uma es-
timativa de faturamento de R$72 bilhões
na última safra. A dívida é maior do que a
receita.”
Segundo ele, quando um setor deve
mais de 100% do seu faturamento, ele te-
ria que primeiro equacionar essa dívida,
tentar alongá-la, de tal maneira que con-
siga, aos poucos, com recursos que vai ob-
tendo, amortizar esse montante.
“No entanto, o tamanho é tão gran-
de que fica difícil haver o equacionamento
de toda essa dívida. O que tem acontecido
é que não se consegue alongar dívida em
longo prazo. Para as dívidas vencidas, as
usinas têm enorme trabalho para renovar
as linhas. E o mais difícil é encontrar linhas
novas de crédito”, relata Corrêa. Quem en-
tra no mercado hoje para tentar dinheiro
novo para poder saldar seus compromis-
sos e manter a estrutura rodando, encon-
tra enorme dificuldade. “E toda a situação
ruim do país hoje acaba refletindo.”
Na visão de Corrêa, outro compo-
nente que afeta o humor do mercado é a
conjuntura internacional difícil, marcada
Arnaldo Luiz
Corrêa: “Pacote
tem o mesmo
efeito de dar
azeitona para
quem está há
meses sem
comer nada”
54	 Fevereiro · 2015
pela diminuição da atividade econômica,
inclusive na China, e pela queda acentua-
da do preço da cotação do petróleo.
As medidas adotadas pelo governo,
de certa forma, melhoram o cenário do
setor, mas não o suficiente para voltarem
os investimentos. “O país continua muito
confuso”, diz Fava Neves.
Neste ano, o professor da USP acre-
dita que pode haver continuidade do pro-
cesso de consolidação do setor, além de
novos casos de empresas em recuperação
judicial. “Sem cenário de longo prazo, in-
vestimento em novas usinas não voltam.
Talvez um pouco sim em cogeração.” Mui-
to embora ele tema que não sejam efe-
tivadas políticas que beneficiem a coge-
ração, apesar das proporções da crise
hídrica e do risco do apagão. Este gover-
no atual tem uma gestão “sem tradição de
pensamento, de planejamento. Atua apa-
gando incêndios.”
Por estes, entre outros motivos, Cor-
rêa também não confia muito no atual co-
mando do país. “Já estou pensando em
2018 e 2019, não tenho nada de positivo a
esperar desse governo atual”, dispara.
Portas se abrindo
O ex-ministro Roberto Rodrigues,
que até o início deste ano ocupou a pre-
sidência do conselho da Unica, avalia que
há uma nova postura do governo em rela-
ção ao setor sucroenergético. Na opinião
dele, está havendo uma abertura para o
diálogo entre o setor e o governo fede-
ral, especialmente pela pessoa do Minis-
tro Aloízio Mercadante. Diferente de antes,
Mais etanol em 2015
CAPA
55
56	 Fevereiro · 2015
Injeção na veia da indústria de base
Bioletricidade pode turbinar a economia do setor
P
ara Antonio Eduardo Tonielo Fi-
lho, presidente do Ceise Br (Cen-
tro Nacional das Indústrias do
Setor Sucroenergético e Biocombustí-
veis), a situação para setor ainda é mui-
to complicada, pois o período de estag-
nação se arrasta por um período longo.
“Mas estas iniciativas recentes do go-
Mercadante tem sido uma porta de nego-
ciação no governo para o setor, segundo o
ex-ministro.
Esta também é a opinião de An-
dré Rocha. “Não apenas vejo com bons
olhos as medidas anunciadas neste iní-
cio de ano, como afirmo que a interlocu-
ção com o governo está melhor. Estamos
tendo apoio principalmente dos Ministros
Mercadante e Kátia Abreu [da Agricultu-
ra, Pecuária e Abastecimento], além do Mi-
nistro Armando Monteiro Neto [de Desen-
volvimento, Indústria e Comércio Exterior]
e Eduardo Braga [de Minas e Energia]. Por
isso, o cenário é mais animador.”
Para ele, o setor sucroenergético co-
meça 2015 muito mais otimista e esperan-
çoso em relação ao ano passado. “O hu-
mor do setor mudou, mas ainda temos
uma série de conquistas e desafios.”
Este otimismo já pode ser percebi-
do nas palavras de Tonielo. Segundo ele,
com as boas notícias deste início de ano,
a expectativa para 2014 melhora. “E acho
que o ano será muito melhor do que se
esperava.”
CAPA
57
verno ajudam o setor como um todo,
pois possibilitarão o aumento da renta-
bilidade e competitividade deste com-
bustível. No entanto, não provocam al-
terações na geração de energia e nem
no preço do açúcar.”
Na opinião do presidente do Ceise
Br, se surtirem os efeitos desejados no
médio prazo, as medidas provocarão o
retorno de investimentos. O investidor
quer ter segurança, regras claras e só
investe onde existe possibilidade de re-
torno de seu capital aplicado. “Acredito
que, no curto prazo, o que possibilita-
rá um aquecimento de investimento no
setor é a geração de energia. As condi-
ções objetivas para um plano de expan-
são estão dadas.”
Ele lembra que o país tem tecno-
logia e matéria-prima (bagaço e pa-
lha) disponíveis. Um plano de aumen-
to de capacidade instalada de energia
gerada no setor, além de ajudar a so-
Antonio Eduardo
Tonielo Filho: em
tempos de crise
hídrica, apoio efetivo
à bioeletricidade é
estímulo que a cadeia
sucroenergética
está esperando
lucionar o problema
nacional de abaste-
cimento de energia
elétrica, melhorará o
resultado financeiro
das usinas e movimentará toda a cadeia
produtiva sucroenergética. “Trará enco-
mendas para a indústria de base, que
encontra-se estagnada e com ociosi-
dade de aproximadamente 50% de sua
capacidade instalada.”
Segundo ele, a principal expecta-
tiva no curto prazo da cadeia de bens
de capital e serviços é a implementa-
ção imediata de um programa de ex-
pansão de geração de energia elétrica
voltado às usinas de açúcar e etanol já
em operação. “A efetivação deste pro-
grama será injeção na veia da indústria
de base, e produzirá resultados imedia-
tos, possibilitando o início de um círcu-
lo virtuoso no setor.”
“No médio e longo prazo, espe-
ramos investimentos em novas plantas
com o retorno da confiança dos inves-
tidores, devido às medidas adotadas na
tributação, mistura e política de preço
do etanol”, conclui.
58	 Fevereiro · 201558	 Fevereiro · 2015
A luz para o setor virá com
a energia da biomassa
O bagaço e a palha da cana-de-açúcar correspondem a mais
de 80% de todas as fontes de biomassa utilizadas no país
P
ara não ficar no escuro, o Brasil pre-
cisa de mais oferta de energia, e a
biomassa da cana é a alternativa
mais eficiente: menor prazo, menor custo
e é renovável. Mas para que a cana ilumine
o país, são necessárias políticas públicas
de incentivo. Se elas vierem, aí sim a recu-
peração do setor estará em curso.
A energia elétrica produzida a par-
tir da biomassa da cana-de-açúcar ocu-
pa participação cada vez maior na matriz
energética brasileira. Considerando dados
de 2013 e 2014, Zilmar de Souza, gerente
de bioeletricidade da Unica, destaca que
a biomassa é responsável atualmente por
aproximadamente 4,5% do consumo de
energia elétrica do Brasil, sendo que o ba-
gaço e a palha da cana-de-açúcar corres-
pondem a mais de 80% de todas as fontes
de biomassa utilizadas no país.
Somente em 2014, a biomassa gerou
20,732 GW/h para a rede elétrica do Sis-
tema Interligado Nacional (SIN). No Esta-
do de São Paulo, na safra 2013/14, para
CAPA
5959
A palha começa a
se unir ao bagaço
para gerar energia
uma moagem de 348 milhões de tonela-
das de cana, a biomassa produziu para a
rede 8,341 GW/h. Toda geração exportada
pelas usinas paulistas na última safra equi-
vale, segundo o Protocolo Agroambiental,
a 22% do consumo residencial anual do
estado.
Diante do incremento que a bioele-
tricidade pode oferecer ao sistema elétrico
nacional, o olhar sobre esta fonte energé-
tica já está mudando. “Atualmente o go-
verno federal está mais sensível aos bene-
fícios da biomassa”, na opinião de Zilmar.
Mas não na velocidade que poderia ser.
“A biomassa tem importância estra-
tégica para o país”, lembra Zilmar. E os nú-
meros deixam isso bem claro. Se em 2014
o setor sucroenergético gerou quase 21
mil GW/h para a rede, se todo o bagaço
e palha fossem aproveitados pelas usinas
seria possível gerar seis vezes mais ener-
gia do que este patamar de 21 GW/h.
“Este é um número teórico, e não
seria possível concretizá-lo da noite para
o dia. Mas se houver um sinal econômi-
co favorável, com dois ou três anos de
antecedência o setor sucroenergético
consegue ampliar a geração de energia
significativamente.”
Mas é possível afirmar que é rápi-
da a resposta do setor aos estímulos. Um
indicador deste potencial foi registrado
em 2010. “Com política favorável e algu-
ma antecedência, chega-
mos a acrescentar ao sis-
tema num único ano 1,8
GW/h”, conta Zilmar. Em
2015, o setor vai instalar
0,5 GW/h.
Hoje, segundo ele,
Zilmar: se todo o bagaço e palha
fossem aproveitados pelas usinas, seria
possível gerar seis vezes mais energia
do que o patamar atual de 21 GW/h
60	 Fevereiro · 201560	 Fevereiro · 2015
utilizar outras biomassas, que não ape-
nas a oriunda da cana, para gerar eletri-
cidade. E fizeram isso, aproveitando para
vender energia em momento de alto pre-
ço no mercado de curto prazo. “Isso fez
com que quem quisesse energia contra-
tada ou quisesse gerar mais buscando pa-
lha ou biomassa de terceiros, como cava-
co de madeira, pudesse aproveitar o bom
momento, que perdurou por boa parte de
2014”, frisa Zilmar.
a biomassa tem capacidade ociosa
na indústria que pode ser aprovei-
tada para dar uma resposta ágil ao
incremento de energia que o país
precisa.
Valiosa biomassa
Para uma usina de cana-de
-açúcar que comercializa energia,
este negócio responde por algo
em torno de 10% a 12% da receita,
o que ajuda na competitividade da
empresa como um todo. E o que
se viu em 2014 foram muitas uni-
dades buscando ao máximo fazer
caixa com a bioeletricidade.
Com reservatórios baixos,
as hidrelétricas enfrentaram altos
custos para cobrir o déficit de ge-
ração. Sem contar a necessidade
de acionar quase todas as termelé-
tricas, que têm custo elevado. Esta
conjuntura ajudou a elevar o preço
do megawatt/hora da energia elé-
trica no mercado spot.
As usinas que puderam aproveitar os
bons preços para vender o excedente, saí-
ram no lucro. Durante boa parte do ano o
Preço de Liquidação de Diferenças (PLD),
que é o balizador do preço no mercado de
curto prazo, ficou próximo ao teto admiti-
do pela Aneel (Agência Nacional de Ener-
gia Elétrica), que era de R$ 822,23 – para
2015 este teto foi reduzido para R$ 338,48.
As usinas sucroenergéticas podem
Secador de bagaço: é preciso
garantia para ter investimento
CAPA
6161
No entanto, segundo ele, a cogera-
ção de energia a partir da biomassa da
cana chamou atenção do setor sucroener-
gético em 2014 também por outro fator: a
visão de longo prazo, que corresponde ao
Ambiente de Contratação Regulada (ACR),
cujos preços são estabelecidos em leilão.
O ano de 2014 fez parte de um proces-
so de amadurecimento deste mercado de
longo prazo, depois da criação do produto
térmico em agosto de 2013, que separou
as biomassas das eólicas, no leilão chama-
do A-5.
Investimentos
pedem previsibilidade
O primeiro fator, da venda de ener-
gia spot, é mais imediatista, já o segun-
do (o mercado regulado) tem a ver com as
condições estruturantes que este merca-
do sucroenergético precisa. “Por isso, po-
demos dizer que 2014 foi um momento
importante para a biomassa”, diz Zilmar,
que reconhece que houve avanços nos úl-
timos anos nesta área, mas estes progres-
sos têm de continuar. “Isso é fundamental
para que consigamos fazer com que o in-
vestimento retorne de forma consolidada.”
O executivo da Unica destaca que é
preciso continuar melhorando o preço de
remuneração da biomassa nos leilões para
viabilizar projetos de retrofit e de apro-
veitamento de palha. “No último leilão, o
valor teto foi de R$ 209,00. É preciso que
este preço melhore. É difícil ter preço pa-
drão, pois cada usina tem uma eficiência
de projeto. Mas o mercado já sinaliza di-
zendo que o preço teto tem que ser bem
superior a esse patamar de R$ 209”, sa-
lienta Zilmar, pois essa remuneração, até
o momento, não conseguiu atrair o retro-
fit nos leilões.
Segundo ele, existem mais de du-
zentas usinas instaladas no país que não
comercializam, mas têm disponibilidade
de biomassa que poderia ser usada para
gerar energia para a rede. Dados da Uni-
ca apontam que, em dezembro de 2013, o
Brasil tinha 379 usinas em operação, sen-
do que deste total apenas cerca de 170 ex-
portavam energia elétrica para a rede.
Em 2015 estão programados três lei-
lões e não se sabe qual será o preço teto
da biomassa. E aí reside a preocupação
do empresário sucroenergético. Falta cla-
reza suficiente para que se possa apostar
na bioeletricidade, principalmente no lon-
go prazo.
Antonio de Padua Rodrigues, diretor
técnico da Unica, concorda que o gran-
de entrave da bioeletricidade são os pre-
ços praticados. “A atividade é mantida por
rentabilidade, por resultados.” Segundo
ele, embora cada unidade tenha seu preço
ideal para comercializar energia, muito se
fala entre profissionais da área que o pre-
ço teto dos leilões para viabilizar a coge-
ração esteja entre R$ 250 e R$ 300. “E com
contratos de 15 anos, a um preço viável,
com política de correção. Isso requer ava-
62	 Fevereiro · 201562	 Fevereiro · 2015
liação correta pela usina. Mas com certe-
za ninguém vai investir pesado para ficar
no spot, para em certos momentos rece-
ber bem e em outros ter de oferecer ener-
gia de graça.”
A política da bioeletricidade que o
setor reivindica inclui uma visão de lon-
go prazo, com leilões regionais e especí-
ficos para biomassa. Aí sim, segundo ele,
será viável buscar na lavoura a palha, ou-
tra biomassa da cana preciosa que muitas
usinas têm preferido deixar no campo. “Só
para recolher a palha, o custo sai por R$
80, R$ 90 para levar à usina.” Hoje a palha
para o fornecedor reduz o preço da cana
devido à quantidade de impurezas mine-
rais. Com preço da energia baixo, o pro-
dutor acaba sendo penalizado. “Se houver
uma mudança real na política de preço da
bioeletricidade, já amanhã poderíamos ter
mais energia. A palha está lá no campo, só
precisa ter preço para ser utilizada em lar-
ga escala.”
Gargalos a superar
Enquanto o nível dos reservatórios
das hidrelétricas cai e se gasta fábulas de
recursos com as térmicas, muito mais ca-
ras e poluentes, o país continua desper-
diçando um grande potencial energético
que poderia vir da cana-de-açúcar. Além
de a energia da biomassa ser limpa e re-
“Só para recolher a palha, o custo sai por R$ 80, R$ 90 para levar à usina.”
CAPA
6363
novável, gera riqueza e emprego em cida-
des do interior do país, além de uma série
de outras vantagens comparativas.
O gerente de bioeletricidade da Uni-
ca enumera algumas políticas públicas im-
prescindíveis para o estímulo da energia
da biomassa no Brasil:
- promover leilões dedicados à bio-
massa com preços remuneradores;
- extinguir o limite máximo de inje-
ção de energia na rede com direito a des-
conto. É que hoje quem exporta até 30 MW
tem desconto na tarifa de uso da rede. “Isto
é um incentivo, mas a energia da biomas-
sa tem crescido de tamanho. Se uma usina
injeta 31 MW perde o desconto, o que tem
sido trava tecnológica para o setor”;
- criar condições mais atrativas de
financiamento para aquisição de máqui-
nas e equipamentos para retrofit e reco-
lhimento e uso da palha;
- desenvolver estudos para a cone-
xão de empreendimentos nas redes de
transmissão e distribuição, a fim de miti-
gar o custo destes investimentos. Quem
paga a conexão é o gerador, e isto pode
representar 30% do investimento em um
projeto de bioeletricidade.
Além disso, para Zilmar é importante
que o governo mantenha esse processo de
melhoria do ambiente regulado dos leilões,
iniciado em 2013. “Esta é nossa principal
porta de entrada neste negócio. Aprimoran-
do o preço teto, certamente no futuro tere-
mos a bioeletricidade retornando ao certa-
me de forma mais consolidada e contínua.”
Enquanto nível dos
reservatórios das
hidrelétricas cai, sobra
energia nos canaviais
64	 Fevereiro · 2015
PESQUISA & DESENVOLVIMENTO
As quatro novas variedades
de cana da Ridesa/ UFSCar são
resistentes às principais doenças
DE GRANDE POTENCIAL, AS PRÉ-LIBERAÇÕES SE DESTACAM
PELA COMPETITIVIDADE E JÁ ESTÃO EM FASE ACELERADA
DE MULTIPLICAÇÃO NAS UNIDADES CONVENIADAS
Leonardo Ruiz
O
Programa de Melhoramento Ge-
nético da Cana-de-açúcar da
Universidade Federal de São Car-
los (UFSCar), integrante da Rede Interuni-
versitária para o Desenvolvimento do Se-
tor Sucroenergético (Ridesa), anunciou, no
final de 2014, quatro novas variedades RB
de cana-de-açúcar que deverão, em bre-
ve, ser liberadas para o plantio, devido ao
fato de terem se destacado durante o pro-
cesso de seleção e experimentação. Uma
delas, inclusive, a RB975201, já foi a déci-
ma variedade mais plantada no estado do
Mato Grosso do Sul em 2014. Os materiais
já estão em fase acelerada de multiplica-
ção nas unidades conveniadas.
Segundo o pesquisador Roberto
Chapola, da Ridesa/UFSCar, é importan-
te que os produtores experimentem no-
vos materiais para que possam aumentar
suas opções para o plantio. “Nesse senti-
do, essas quatro pré-liberações mostra-
ram grande potencial durante as fases de
experimentação, muitas vezes superan-
do os resultados dos padrões (variedades
comerciais).”
Chapola ressalta que os novos ma-
teriais são muito competitivos e resisten-
tes às principais doenças da cultura. “Cada
produtor possui necessidades específicas
e, diante disso, a Ridesa tem trabalhado
e continuará trabalhando intensivamente
para suprir essas carências.”
Confira as pré-liberações da Ridesa/
UFSCar e suas principais características:
As quatro pré-liberações da Ridesa/
UFSCar foram apresentadas para profis-
sionais de usinas e produtores de cana no
final do ano passado, durante a Reunião
Técnica Anual da instituição, em Ribeirão
Preto.
65
RB975242
Opção para o final de safra, não
floresce e deve ser alocada em
ambientes médios a restritivos.
RB975952
Opção para o início de safra nos
melhores ambientes de produção.
RB985476
Possui altíssima produtividade,
devendo ser colhida
no meio de safra.
RB975201
Opção para o final de safra, excelente
resposta nos melhores ambientes de
produção e ausência de florescimento.
66	 Fevereiro · 2015
MECANIZAÇÃO
Agricultura de Precisão melhora qualidade
das operações e aumenta rendimento
UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS DE CONTROLE DE VAZÃO, BARRA DE LUZ E
PILOTO AUTOMÁTICO TAMBÉM AUXILIA NA GESTÃO DAS ATIVIDADES DE CAMPO
Operador Paulo
Gabriel Ribeiro
auxiliado pelas
novas tecnologias
*Daniela Rodrigues
DIVULGAÇÃOJALLESMACHADO
A
Jalles Machado e a Unidade Otá-
vio Lage, situadas em Goianésia,
GO, se destacam no uso da Agri-
cultura de Precisão, uma tecnologia agrí-
cola que utiliza GPS com correção de sinal
em tempo real (RTK), que garante maior
precisão e rendimento nas atividades de
campo, favorecendo o processo de gestão
das operações.
O piloto automático instalado nas
67
máquinas é capaz de fornecer, por exem-
plo, a velocidade do equipamento, em
quantos hectares a atividade foi realizada,
a sua posição exata no campo e dados de
altimetria. Essas informações são repassa-
das ao escritório, que tem toda a gestão
do processo.
Nas duas unidades, são utilizadas
as tecnologias de controle de vazão, bar-
ra de luz e piloto automático. O controla-
dor de vazão é utilizado para controlar a
quantidade de corretivos (calcário, fósfo-
ro e gesso), herbicidas e adubos, aplicados
no preparo de solo e nos tratos culturais.
Já a barra de luz está presente na irrigação
para esticar os carretéis de forma paralela
e reduzir possíveis erros de sobreposição
e/ou falhas na aplicação de vinhaça.
O piloto automático é a tecnologia
que abrange mais operações, desde a sul-
cação, plantio e tratos culturais, até a co-
lheita da cana. A sua utilização permite
maior precisão, diminui consideravelmen-
te as falhas e os erros de operação, além
de aumentar o rendimento.
O operador realizava as atividades
de forma manual e era praticamente im-
possível fazer com que os sulcos ficassem
perfeitamente paralelos. Hoje, a Topogra-
fia faz o levantamento das áreas, a siste-
matização e gera o projeto para o plantio.
Os dados desse mapa, que contém coor-
denadas geográficas, são inseridos nos pi-
lotos automáticos de cada máquina.
“O equipamento realiza a sulcação,
garantindo o paralelismo das linhas, que
garante maior aproveitamento da área. A
partir daí, é possível realizar todas as ou-
tras atividades, como plantio, quebra-lom-
bo e colheita, tendo como referência essas
Piloto automático é a tecnologia que abrange mais operações
DIVULGAÇÃOJALLESMACHADO
68	 Fevereiro · 2015
MECANIZAÇÃO
linhas. Logo, essa tecnologia foi um gran-
de avanço que proporciona ótimos resul-
tados para a empresa”, explica o responsá-
vel pelo departamento de Agricultura de
Precisão, Jânio Lima.
O projeto
O início do projeto de Agricultura de
Precisão na Jalles Machado foi por volta de
2003, com a aplicação de taxa variada de
corretivos. Antes eram aplicadas dosagens
médias em toda a área. Com a amostra-
gem georreferenciada do solo, foi possível
detectar suas diversas manchas e identifi-
car as suas variações, passando a aplicar a
quantidade adequada de produto no local
correto, considerando a variabilidade es-
pacial do solo.
Posteriormente, a empresa foi adqui-
rindo pilotos automáticos para preparo de
solo e plantio, garantindo o paralelismo
das linhas. Depois, também passou a in-
vestir na aplicação de Herbicida em Taxa
Variável (HTV), aplicando a quantidade
adequada de produto em cada local ma-
peado. “Hoje, já expandimos o uso de pi-
loto automático para colhedoras de cana,
motoniveladoras e operação de quebra
-lombo, sendo uma das primeiras empre-
sas no Brasil a fazer uso dessa tecnologia
nessas atividades”, ressalta Jânio Lima.
“A implementação e utilização des-
ses equipamentos no campo passa por
um processo de mudança de cultura, pla-
nejamento e gestão de toda a equipe, que
hoje já consegue enxergar os benefícios
no uso dessas tecnologias”, ressalta o ge-
rente agrícola Edgar Alves.
O operador de máquinas agrícolas,
Paulo Gabriel Ribeiro, 42 anos, trabalha na
Unidade Otávio Lage como safrista há três
anos, no setor de Tratos Culturais. Segundo
Quebra-lombo
com uso de piloto
automático
DIVULGAÇÃOJALLESMACHADO
69
70	 Fevereiro · 2015
Treinamento para
minimizar barreiras
e resistência à
implantação das
novas tecnologias
ele, em 2013, a atividade de quebra-lom-
bo (realizar o nivelamento do solo nas en-
trelinhas da cana planta, deixando a área
preparada para a colheita mecanizada) era
manual, cansativa e exigia mais cuidado e
atenção. “Fazíamos cerca de 7 hectares por
turno. Hoje, o uso de piloto automático fa-
cilita a realização da atividade, melhora a
eficiência, qualidade e aumenta o rendi-
mento, sendo possível fazer até 12 hecta-
res por turno. Então, foi a melhor coisa que
criaram para os operadores”, afirma.
Para a próxima safra, a intenção é
ampliar o uso de piloto automático na co-
lheita. Para isso, já está sendo feito o ma-
peamento de áreas, inclusive com suporte
de fotografias tiradas com o auxílio de um
veículo aéreo não tripulado (Vant).
Treinamentos
Para minimizar barreiras e resistên-
cia à implantação das novas tecnologias, o
Departamento de Agricultura de Precisão
realiza cursos e treinamentos, que incluem
desde cargos de liderança até os operado-
res de máquinas.
A operadora de
máquinas Dulcineia Fer-
reira Moraes, 32 anos, que trabalha com a
tecnologia de barra de luz na Fertirrigação
da Unidade Otávio Lage, também afirma
que o uso da Agricultura de Precisão fa-
cilitou a execução de suas atividades. “Re-
cebi o treinamento de como manusear o
GPS. No início, achei um pouco complica-
do lidar com os botões, mas com o tempo
a gente aprende. Hoje já considero fácil e
simples utilizar o sistema e consigo fazer o
trabalho com mais agilidade”, explica.
Vantagens da AP
•	Maior precisão das operações
•	Economia de produtos (adubos,
corretivos, herbicidas, etc)
•	Identificação do potencial das áreas
•	Maiorcontroleegestãodasoperações
•	Redução de falhas nas atividades
•	Ganhos de rendimento
•	Ganhos de produtividade agrícola
*Daniela Rodrigues
Coordenadora de Comunicação
da Jalles Machado S/A
MECANIZAÇÃO
71
U
m dos grandes desafios ambien-
tais do Século XXI é o aperfeiço-
amento da gestão da água e isto
fica ainda mais evidente com a atual crise
hídrica enfrentada por várias cidades do
Estado de São Paulo. Mas não apenas o
consumo doméstico de água deve ser re-
pensado. Também as empresas, tanto in-
dustriais como agrícolas, precisam inves-
tir nesta área.
Para a agroindústria sucroenergética
esta questão não é menos desafiadora. Usi-
TECNOLOGIA INDUSTRIAL
Na São Manoel, a água vale ouro
A EMPRESA REDUZIU EM 22% EM RELAÇÃO À SAFRA 2012/2013
A CAPTAÇÃO ESPECÍFICA POR T/CANA MOÍDA, DECORRENTE DE
SÉRIE DE MELHORIAS INTRODUZIDAS; TAMBÉM REUTILIZA 96%
DA ÁGUA NECESSÁRIA AO PROCESSO DA INDÚSTRIA
Vista da Usina
São Manoel
Clivonei Roberto
nas e fornecedores de cana assinaram no
Estado de São Paulo o Protocolo Agroam-
biental, que estabeleceu 2014 como pra-
zo para o fim da colheita com queima em
áreas mecanizáveis de cana-de-açúcar. E o
setor está em dia no cumprimento desta
meta, atingindo mais de 83% de mecaniza-
ção nas áreas de colheita neste ano.
Mas o Protocolo Agroambiental tam-
bém estabelece outras metas ao setor ca-
navieiro, como a redução do consumo de
água no processo de produção. Isto exige
DIVULGAÇÃO
72	 Fevereiro · 2015
investimentos e adequações, mas algumas
usinas do setor estão se adiantando, se-
guindo a passos largos em direção ao me-
lhor gerenciamento dos recursos hídricos.
Exemplo nesta área vem de uma das
usinas sucroenergéticas brasileiras mais
preocupadas com a sustentabilidade do
negócio: a São Manoel. A empresa acabou
de lançar o quinto relatório de sustentabi-
lidade consecutivo, desta vez referente ao
ciclo 2012/2013 e 2013/2014 e alinhado à
versão mais recente do Global Reporting
Initiative (GRI).
Menor captação
A água que abastece a Usina São
Manoel vem de circuito fechado, com alto
TECNOLOGIA INDUSTRIAL
Ponto de captação de água superficial
DIVULGAÇÃO
73
Estação do sistema
de tratamento de
águas residuais
porcentual de reuso. A empresa também
possui um dos menores índices de uso de
água do setor por tonelada de cana.
O cultivo de cana-de-açúcar, na re-
gião onde está a usina, se beneficia de
boas condições pluviométricas e de solo
para o plantio. Por isso, a irrigação plena
não é praticada nos canaviais. Há consu-
mo de água apenas no processo indus-
trial, em que a matéria-prima é processa-
da para se transformar em açúcar, etanol,
levedura seca inativa hidrolisada e autoli-
sada, e bioeletricidade. Para suprir a pró-
pria demanda, possui outorgas regula-
res para captações superficiais e de poços
profundos.
A usina reduziu em 22% em relação à
safra 2012/2013 a captação específica por
t/cana moída, decorrente de série de me-
lhorias introduzidas ao longo do período,
com destaque para a operação do sistema
de resfriamento de excedentes de conden-
sados de vapor vegetal. Na São Manoel, o
nível de captação de água está em menos
de 1 m³/t de cana. No ciclo 2012/2013, o
volume de água captado foi de 0,76 m3/t
de cana. Já na safra 2014/2015, a média
foi menor ainda, chegando a 0,57 m3/t de
cana.
Outra iniciativa adotada pela São Ma-
noel foi a substituição, no processo de des-
tilação, do vapor de escape borbotado nas
colunas B por vapor vegetal, o que econo-
miza vapor de escape e, consequentemen-
DIVULGAÇÃO
74	 Fevereiro · 2015
TECNOLOGIA INDUSTRIAL
•	Uso de circuitos fechados de resfriamento de água na destilaria e moenda,
com torres de resfriamento projetadas com margem extra (folga) nos gradientes de
temperatura.
•	Circuito de águas fechado nos aspersores da água nas colunas barométricas.
•	Circuito fechado para a água de lavagem de cana inteira e redução da vazão
de água pela diminuição da entrada de cana inteira (em processo de eliminação to-
tal pela mecanização da colheita de cana).
•	Incremento da porcentagem de cana picada, que não utiliza água de lavagem.
•	Utilização de regeneradores de calor na área de tratamento de caldo, redu-
zindo a necessidade de água de resfriamento.
•	Reuso de águas residuárias tratadas no Sistema de Tratamento de Águas Resi-
duárias, como fonte de reposição em circuitos de água de resfriamento de multijatos.
•	Operação com reboilers (aquecedores indiretos) na destilação, com aprovei-
tamento de condensados nobres de vapor de escape.
•	Aplicação, desde 2013, de sistema de resfriamento (via torres de resfriamen-
to em série) de excedentes de condensados de vapor vegetal, os quais passaram a
ser totalmente reutilizados como água na seção de pré-fermentação e fermentação.
*Fonte: Secretaria do Meio Ambiente (Protocolo Agroambiental)
Captação m3
/tc
Safras
2010/2011 2011/2012 2012/2013 2013/2014
Protocolo Agroambiental*
1,52 1,45 1,26 1,18
Usina S. Manoel 0,82 0,86 0,86 0,67
RESULTADO DO EMPENHO DA SÃO MANOEL
EM REDUZIR O CONSUMO DE ÁGUA
Práticas adotadas para melhorar a
gestão da água na Usina São Manoel
te, água. Porém, ainda sem alterar a relação
vinhaça/etanol. Esta era uma meta da orga-
nização, que foi atingida em maio de 2014.
Hoje, a São Manoel alcançou a reuti-
lização de 96% da água necessária ao pro-
cesso da empresa.
75
TECNOLOGIA
J
untamente com o gerenciamento das
comunicações e com o gerenciamen-
to dos recursos humanos, o gerencia-
mento das partes interessadas faz parte
do grupo de ‘soft skills’ da base de conhe-
cimento em gerenciamento de projetos.
O termo ‘partes interessadas’ é uma
tradução do termo em inglês stakehol-
Gerenciamento das partes
interessadas em projetos
*Danilo Piccolo - Mestre em Engenharia de Processos,
PMI-PMP®
e gestor de projetos na Reunion Engenharia
ders, que basicamente pode ser definido
como o conjunto de pessoas ou institui-
ções que podem afetar ou que são afeta-
das pela condução de um projeto.
Este conceito é bastante abrangen-
te e exige que a equipe gestora do projeto
olhe pra dentro (ambiente interno), para
frente (cliente), para os lados (outros se-
76	 Fevereiro · 2015
TECNOLOGIA
tores da organização) e para fora do am-
biente organizacional (ambiente externo).
(Figura 1)
Partindo-se da formação técnica que,
normalmente, precede um líder de proje-
to, o exercício de enxergar com os olhos
dos outros é um dos mais complexos de-
safios da gestão.
Dificuldades relativas à gestão das
partes interessadas podem comprome-
ter significativamente o desempenho de
um projeto. A importância do tema cres-
ceu de tal maneira que o estudo da rela-
ção do projeto com as partes interessadas
tornou-se uma nova área de conhecimen-
to do PMBoK.
Um exemplo prático deste tipo de in-
teração são os problemas enfrentados pe-
las equipes de projeto nas construções das
hidrelétricas do Norte do País. Além das di-
ficuldades técnicas inerentes a um projeto
desta magnitude, a influência de partes in-
teressadas externas tais como ONGs liga-
das ao meio ambiente, ativistas e tribos in-
dígenas que reivindicavam demarcação na
área dos empreendimentos, foi responsá-
vel por atrasos consideráveis nas obras.
Outro ponto bastante delicado que
deve ser considerado é que nem sempre
todos os envolvidos diretamente em um
projeto são necessariamente forças favo-
ráveis. Nem sempre os objetivos indivi-
duais se alinham aos objetivos das orga-
nizações, e isto pode ocorrer pelos mais
diversos motivos.
Desta maneira, é importante que se
dedique tempo ao gerenciamento dos
stakeholders desde a fase de planejamento
do projeto. Normalmente o planejamento é
feito com base em quatro pilares (figura 2):
•	Quem são as partes interessadas
do projeto;
•	O que esperam do projeto;
•	Qual é o grau de influência que po-
dem ter sobre o projeto;
•	Qual a estratégia de abordagem
para cada tipo de parte interessada.
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Setor sucroenergético marcha por apoio

  • 1. 1
  • 3. 3 Clivonei Roberto clivonei@canaonline.com.br Luciana Paiva luciana@canaonline.com.br CÁ ENTRE NÓS E m 27 de janeiro de 2015, a cidade de Sertãozinho, no interior paulista, se uniu para pedir socorro, especialmen- te contra as políticas adotadas pelo governo federal que levam o setor sucroenergético a uma das crises mais longas de sua história. Empresários e funcionários da indús- tria de base, representantes de entidades patronais e de trabalhadores, comerciantes e comerciários marcharam juntos para pedir apoio à retomada da cadeia sucroenergética. Em polos que oferecem tecnologia e serviços para a agroindústria canaviei- ra, como Sertãozinho, Piracicaba, Matão, as empresas da cadeia contabilizam prejuízos, pátios ociosos e inúmeras demissões, além da queda da arrecadação dos municípios. Há quem diga que esse grito pela reto- mada do setor veio tarde. Deveria ter acon- tecido em 2014, ano eleitoral e, por isso, com mais chances de as reivindicações se- rem ouvidas. E se fossem atendidas, o remé- dio talvez ainda chegasse a tempo de salvar muitas empresas. Outros dizem que antes tarde do que nunca. E ainda há os que questionam: o que acontece após a marcha de Sertãozinho? A situação não está crítica apenas para o setor sucroenergético, a Petrobras atra- vessa o caos. E ao tomar medidas para ali- viar o caixa da estatal, como não reduzir o preço dos combustíveis, mesmo com o va- lor do petróleo despencando; aumentar o valor da gasolina; e a volta da Cide, o go- verno acaba minimizando o sufoco do setor sucroenergético. Mas são ações tímidas. São necessá- rias políticas públicas que ofereçam estabili- dade para promover os investimentos, prin- cipalmente em bioeletricidade. É nisso que foca nossa matéria de capa, o setor precisa muito mais do que lampejos de possibilida- des para retomar o curso. E se a realização de marchas de reivin- dicação contribuir para salvar a agroindús- tria sucroenergética, então: Pé na estrada. Vamos para Brasília! Segundo os organizadores, evento reuniu 15 mil pessoas, parando duas rodovias que cortam a cidade O setor foi às ruas
  • 4. Capa Lampejos no fim do túnel Holofote - Quando começa a safra da cana 2015/16? Insectshow - Uma doença silenciosa Soluções Integradas - Setor abraça o desafio da máxima produtividade ÍNDICE Tendências - As oportunidades e os investimentos no Agronegócio Brasileiro Herbsishow - Manejo de qualidade Economia - Endividamento e problemas operacionais marcam próxima safra sucroenergética
  • 5. Editores: Luciana Paiva luciana@canaonline.com.br Clivonei Roberto clivonei@canaonline.com.br Redação: Adair Sobczack Jornalista adair@canaonline.com.br Leonardo Ruiz Jornalista leonardo@canaonline.com.br Marketing Regina Baldin Comercial comercial@canaonline.com.br Editor gráfico Thiago Gallo Pesquisa & Desenvolvimento - As quatro novas variedades de cana da Ridesa/ UFSCar são resistentes às principais doenças Mecanização - Agricultura de Precisão melhora qualidade das operações e aumenta rendimento Tecnologia Industrial - Na São Manoel, a água vale ouro Tecnologia - Gerenciamento das partes interessadas em projetos Sustentabilidade - A cana mineira ecológica Cana Substantivo Feminino - Pré-programação do IV Encontro Cana Substantivo Feminino - Debatedores confirmados Aproveite melhor sua navegação clicando em: Áudio LinkFotosVídeo Entre em contato: Opiniões, dúvidas e sugestões sobre a re- vista CanaOnline serão muito bem-vindas: Redação: Rua João Pasqualin, 248, cj 22 Cep 14090-420 – Ribeirão Preto, SP Telefones: (16) 3627-4502 / 3421-9074 Email: luciana@canaonline.com.br www.canaonline.com.br CanaOnline é uma publicação digital da Paiva& Baldin Editora
  • 7. 7 Safra começa em março No Paraná, a safra 2015/16 deverá ter uma produção próxima de 46 mi- lhões de toneladas e vai começar em mar- ço. Inclusive, a unidade Jussara, do Gru- po Melhoramentos, deve começar antes do dia 15 de março. Se por um lado algu- mas unidades que estão com mais dificul- dades financeiras vão reduzir um pouco a moagem, isso será compensado pelos grupos mais estáveis, que deverão ter sa- fra maior. A próxima safra deverá ser um pouco maior do que a última, que foi de 42,949 milhões de toneladas. No ge- ral, em 2014, o estado não teve pro- blema de seca. Inclusive usinas mais ao centro do estado e abaixo de Maringá tiveram mais chuva que a média. Mas no nor- te paranaense, perto da divisa com São Paulo, chegamos a ter usina que sofreu um pouco com a estiagem. Na média, tivemos uma boa produção no ano passado. Miguel Tranin, presidente da Alcopar (Associação dos Produtores de Bionergia do Estado do Paraná) Início de moagem pode ser postergado Estamos mantendo nossa previsão de data para as usinas do Grupo, que é de 14 de abril, mas há possibilidade de iniciar mais tarde a moagem por causa do desen- volvimento dos canaviais e de uma menor dispo- nibilidade de canas de 18 meses. A de- cisão sobre o adia- mento ou não do início da moagem ainda está sendo ava- liada. A previsão de moagem para a pró- xima safra é de 3,3 milhões de toneladas na Usina S. João (Araras, SP) e de cerca de 7 milhões de toneladas na SJC Bioenergia (duas unidades em Goiás). Narciso Bertholdi, diretor executivo da Usina São João, em Araras, SP A vertente começa em 15 de abril Afalta de chuva afetou significati- vamente a produtividade e foi um grande desafio, mas houve uma boa re- cuperação que contribuiu para a retoma- da de estabilidade. Por isso, nossa previ- são é iniciar a safra 2015/16 em 15 de abril e a expectativa é atingir a marca de 2,2 mi- lhões de toneladas de cana moída. Na sa- fra 2014/15 moemos 2 milhões de tone- lada, nosso recorde. Resultado de um plano de expansão iniciado em 2013 e de cana bisada que fi- cou da safra 2013/14, o que equi- librou o
  • 8. 8 Fevereiro · 2015 impacto negativo da longa estiagem que penalizou a lavoura. Hugo Cagno Filho, diretor- executivo da Usina Vertente, localizada em Guaraci, SP Expectativa de boa safra Nossas expectativas para a safra 2015/16 são as melhores, levando-se ainda em consideração as renovações re- alizadas em nossos canaviais e a amplia- ção de nossa área plantada com varieda- des melhores adaptadas aos nossos solos e às condições climáticas de nossa região, acrescido do constante entrosamento dos gestores com suas equipes, determinando e acompanhando metas a serem atingidas. Esperamos, com base em nossos planeja- mentos, uma safra com significativo au- mento de produção e melhoria nas nossas eficiências agrícola e industrial. A previsão de início é para o dia 20 de abril de 2015, com término em 31 de outubro de 2015. Ocorre tradicionalmente nesse período, diferentemente de outras regiões produ- toras, pela baixa incidência de chuvas na região nesses meses, facilitando nossa lo- gística de colheita e transporte. João Bastos Colaço, diretor presidente da Agrovale, em Juazeiro, BA Tentativa de começar a safra em março No Mato Grosso do Sul, o principal foco é a recuperação de produtivida- de, tanto agrícola quanto industrial. Esses índices foram afetados por conta dos pro- blemas climáticos que enfrentamos nas 4 últimas safras. Muitas unidades do esta- do tentarão iniciar as operações da safra 2015/16 já em março e existe cana dispo- nível, mas a grande incógnita é o clima. Roberto Hollanda Filho, presidente da Biosul-MS (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul) 2 de abril Asafra de etanol de milho no Mato Grosso já está a todo vapor. Já a pri- meira unidade começa a moer cana no estado em 2 de abril e as demais ao lon- go do mês de abril. De modo geral, a sa- fra 2015/16 no Mato Grosso será igual à anterior, com exceção ao incremento de etanol trazi- do pela entrada em funciona- mento da terceira unidade de grãos do estado. Jorge dos Santos, diretor executivo do Sindálcool-MT HOLOFOTE
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  • 10. 10 Fevereiro · 2015 MG algumas unidades iniciam na segunda quinzena de mar- ço e tem unidades que come- çam só em abril, mas é di- fícil falar agora. Quem teve sobra de cana pode começar mais cedo. Mas tudo depende da previsão de chuva. No ano passado muita usina postergou o início da safra porque sabia que a produtivida- de estava baixa. Mário Campos Filho, presidente executivo da Siamig (Associação das Indústrias Sucroenergéticas de MG) Boas expectativas Na Usina Jalles Machado a previsão de início da safra é 1º de abril. As nossas expectativas para o próximo ciclo são boas, principalmente com a alta no preço do eta- nol. A estimativa de produção de 4.350.000 toneladas de cana também é maior do que a safra anterior, que foi de 4.250.000 toneladas. Porém, devido à falta de chu- vas no mês de janeiro, esperamos uma pequena queda na produtividade. Otávio Lage de Siqueira Fi- lho, diretor pre- sidente da Usina Jalles Macha- do, situada em Goiané- sia, GO Dentro da normalidade Amoagem da safra 2014/2015 foi den- tro das nossas estimativas: tivemos uma moagem e ATR maior que a safra 2013/2014, e conseguimos manter a pro- dutividade média, pois tínhamos muita área de 1° corte. Poderíamos ter tido me- lhores resultados, pois tivemos os meses de janeiro e fevereiro de 2014 com o me- nor índice pluviométrico dos últimos 15 anos, mas não podemos reclamar, pois sa- bemos que temos regiões que a frustração foi muito maior. Além do problema da es- tiagem, o aumento do custo de pro- dução foi outro fator acontecido nesta safra. A previsão é de come- çar a moagem da safra 2015/2016 no início de abril, dentro da normalidade. Para nós, até o momento, não te- remos problema com disponibilidade de matéria-prima. A previsão de moagem para a próxima safra é de 3,8 milhões de toneladas, 6% superior à última. Isto é só uma estimativa, sabemos que depende- mos do fator clima. Rodrigo Piau, engenheiro agrônomo e coordenador agrícola da Canacampo, de Campo Florido, MG Ainda é difícil falar Tenho a impressão de que a safra em Minas Gerais nesse ano começa no seu período normal. Historicamente, em HOLOFOTE
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  • 12. 12 Fevereiro · 2015 V ocê sabia que é possível que seu canavial esteja totalmente com- prometido por uma doença que muitos não dão atenção devido ao fato INSECTSHOW Uma doença silenciosa Leonardo Ruiz O RAQUITISMO DAS SOQUEIRAS É UM PROBLEMA BEM MAIOR DO QUE MUITAS USINAS IMAGINAM. A DOENÇA PODE INFECCIONAR ATÉ 100% DO CANAVIAL E CAUSAR PREJUÍZOS DE 5% A 30% DA PRODUTIVIDADE de ela não apresentar sintomas caracte- rísticos que permitam sua identificação no campo, mesmo para os especialistas mais experientes? Trata-se do raquitismo das DIVULGAÇÃOBIOSEV O raquitismo das soqueiras pode contribuir para a diminuição da longevidade dos canaviais
  • 13. 13 Alfredo Seiiti Urashima: “Acredito que seria difícil citar alguma usina no Brasil que não tenha cana com essa doença” soqueiras, uma doença que já se instalou nos canaviais do Brasil e que reduz a pro- dutividade dos mesmos. Ocorre que, devido à ausência de sin- tomas característicos, uma planta doente pode dar origem a toletes aparentemente sadios que serão, posteriormente, usados na multiplicação de mudas. Segundo le- vantamentos do Laboratório de Genética Molecular (LAGEM), da Universidade Fede- ral de São Carlos (UfSCar), com amostras de canas enviadas para análise no período 2009-2011, a bactéria Leifsonia xyli subsp. Xyli, responsável por causar a doença, foi detectada numa porcentagem que variou de 23,6% a 27,1% nesses anos. O professor associado Alfredo Seiiti Urashima, responsável pelo LAGEM, afirma que, possivelmente, a dissemi- nação nos canaviais brasilei- ros seja ainda maior, se for le- vado em consideração que as amostras examinadas são as melhores, visto que serão em- pregadas como matrizes na produção de mudas (sofrendo seleção para as mais sadias). Confirmando essa suposição, levantamentos sobre a incidência da do- ença em canaviais do Espírito Santo, sul da Bahia e oeste de Minas Gerais, realizados em 2003 e 2004, mostraram contaminação de 67,6% dos talhões analisados e em 28 das 34 variedades amostradas. “Acredito que seria difícil citar alguma usina no Bra- sil que não tenha cana com essa doença”, afirma Urashima. Estudos apontam que, ao longo dos últimos anos, o raquitismo das soqueiras causou quebra de produtividade de até 41% na África do Sul, de 12% a 37% na Austrália, de 9% a 33% nos Estados Uni- dos e de 50% na Índia. Considerando es- ses números, é fácil afirmar que o Brasil também deve sofrer sua parcela de danos. Embora não existam trabalhos científicos DIVULGAÇÃOLAGEM/UFSCAR
  • 14. 14 Fevereiro · 2015 INSECTSHOW é bem maior do que muitos imaginam, principalmente pelo fato de não haver no mercado variedades resistentes à doença. “Além disso, nem todas as usinas e pro- dutores independentes fazem análises dos materiais a serem empregados como ma- trizes para produção de mudas. Com isso, a mecanização, adotada largamente nos canaviais do Centro-Sul do Brasil, dissemi- na eficientemente a bactéria a partir de um único tolete doente presente no campo”. Características Os engenheiros agrônomos da área de Qualidade Fitossanitária do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Aline Cristi- ne Zavaglia e Enrico De Beni Arrigoni, afir- mam que, por não apresentar sintomas evidentes, o raquitismo das soqueiras é uma doença subestimada que se agrava com o corte das soqueiras, diminuindo a produtividade ao longo dos anos, princi- palmente quando aliado a outros fatores Devido ao crescimento retardado causado pelo ataque da bactéria, os entrenós se tornam mais curtos DIVULGAÇÃOLAGEM/UFSCAR Para Enrico De Beni Arrigoni, do CTC, o raquitismo das soqueiras é uma doença subestimada DIVULGAÇÃOCTC que mensurem a quebra de produtivida- de no país, pesquisadores apontam que as perdas podem chegar a 30% em TCH. Outro agravante da doença é rela- cionado ao aumento do custo de produ- ção da cana, devido à necessidade de se realizar reformas antecipadas no canavial, já que os danos aumentam em função do número de cortes, justificando o nome ra- quitismo das soqueiras para a doença. Urashima ressalta que o problema
  • 15. 15 Pontuações coloridas, conhecidas como vírgulas, podem aparecer em variedades muito suscetíveis causadores de estresse. “A doença não apresenta sintomas evidentes, porém os colmos se tornam mais finos e os entrenós mais curtos, de- correntes do crescimento retardado cau- sado pelo ataque da bactéria. Além disso, podem ser vistos pontos avermelhados no interior dos colmos em função do entupi- mento dos vasos. Porém, esse sintoma não é específico e pode ser causado, também, por outras bacterioses que atuam em va- sos, como a Escaldadura das Folhas”. Des- sa forma, apenas com exames laborato- riais é possível ter certeza da infestação do raquitismo das soqueiras. Com relação à disseminação, os pes- quisadores do CTC afirmam que, por se tratar de uma bactéria que coloniza os va- sos do xilema, a propagação ocorre, prin- cipalmente, por mudas contaminadas e instrumentos de corte, como facões e co- lhedoras que, ao cortar um colmo infecta- do, acabam levando seiva com a bactéria para outro colmo sadio. O pesquisador da UfSCar, Alfredo Seiiti Urashima, conta que, como não é possível identificar o problema no campo com segurança, é difícil afirmar que certas regiões ou condições de clima favoreçam o surgimento da do- ença. Porém, segun- do ele, existem rela- tos que enfatizam que DIVULGAÇÃOLAGEM/UFSCAR DIVULGAÇÃOLAGEM/UFSCAR Plantas raquíticas com colmos menores e mais finos podem estar entre as características de uma planta atacada pela doença
  • 16. 16 Fevereiro · 2015 os sintomas associados à doença podem ser mais pronunciados quando a cana está submetida ao estresse climático (seca, por exemplo). Entretanto, isso não quer dizer que plantas que não estejam nessas con- dições não sofrem com a doença. “Os da- dos de queda de produtividade nos dife- rentes países mostram que o raquitismo das soqueiras causa perda independente do clima, região ou solo do local”. Para evitar que a doença se instale em áreas comerciais, é essencial o uso de mudas reconhecidamente sadias, sendo que isso só será obtido através da análise prévia das canas que fornecerão as gemas. “Aqui está o ponto principal, pois, geral- mente, as análises são feitas por amostra- gem e podem não representar todas as plantas. Na produção de mudas é funda- mental que as matrizes estejam todas sa- dias”, relata Urashima. Porém, o pesquisador ressalta, ainda, a importância de uma correta análise. “A bactéria causadora da doença é fastidiosa, sendo que uma das principais consequên- cias desse fato é o longo período neces- sário para a visualização de sua presença numa cana. Dessa forma, para que o exa- me laboratorial consiga fazer uma diagno- se correta, é preciso que a cana tenha ida- de adulta. Atualmente, o LAGEM/UfSCar, assim como todos os laboratórios ao redor do mundo que fazem exame diagnóstico de rotina (onde grande número de amos- tras é examinado), emprega a técnica soro- lógica de seiva de cana, cuja idade mínima é de nove meses. Se a idade for antecipa- da existe o risco de se ter falso negativo”. Controle Infelizmente, é correto afirmar que o controle do raquitismo das soqueiras, uma vez instalado, é quase impossível. Urashima conta que o combate deve ser feito através de mudas sadias associada à termoterapia, empregando as condições de 50°C/2h. Porém, segundo ele, mesmo nessas condições, a eliminação da bacté- ria pode não ser total. “Infelizmente, mui- tos não fazem tratamento térmico para erradicar a bactéria dos toletes e mesmo aqueles que o fazem empregam 52°C/30 min, que apresenta alta taxa de escape, ou seja, não mata toda a bactéria”. Outra téc- nica que deve ser utilizada é a desinfesta- ção dos instrumentos de corte com uso de calor ou Amônia Quaternária. Diferença na altura da planta é um dos danos causados pelo raquitismo das soqueiras INSECTSHOW DIVULGAÇÃOLAGEM/UFSCAR
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  • 18. 18 Fevereiro · 2015 SOLUÇÕES INTEGRADAS Cana-soca ganha o reforço de defensivos da BASF que, além de controlarem doenças, pragas e plantas daninhas, contribuem para o aumento de produtividade
  • 19. 19 O 1º DESAFIO DE PRODUTIVIDADE DA CANA CANAMAX CTC/BASF - SOCA DA SAFRA 2014/2015 SUPERA A EXPECTATIVA DE UNIDADES INSCRITAS Setor abraça o desafio da máxima produtividade
  • 20. 20 Fevereiro · 2015 SOLUÇÕES INTEGRADAS E m setembro de 2015, o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), em par- ceria com a BASF, lançou o 1º Desa- fio de Produtividade da Cana CANAMAX CTC/BASF - Soca da Safra 2014/2015. Uma iniciativa de cunho técnico com o objeti- vo de incentivar as unidades sucroenergé- ticas a buscarem superações por meio de soluções integradas. Na época, Virgílio Vicino, gerente de marketing do CTC, salientou que o Desafio visa disseminar que é possível melhorar a produtividade atual apenas utilizando as ferramentas que já estão no mercado e planejando melhor as atividades. E expli- cou que o CANAMAX pretende criar um ambiente que estimule as equipes técni- cas das usinas a ousarem em suas ideias, e práticas de cultivo inovadoras, que possi- bilitem extrair o potencial máximo da cul- tura, com sustentabilidade e rentabilidade. Carulina Oliveira, gerente de Marke- ting Cultivos (cana, citros e amendoim) da BASF, ressaltou que a proposta é convidar os profissionais ligados à área de produ- ção a colocar seu conhecimento em práti- Luciana Paiva e Clivonei Roberto Área de cana-soca com CTC 15, na usina Vertente (Grupo Guarani), em Guaraci, SP. Unidade participante do Desafio CANAMAX. Visita realizada em novembro de 2014 CTC
  • 21. 21 ca. “Levaremos para o setor a mensagem de que é possível alcançar o tão deseja- do 3 dígitos, produzir acima de 100 tone- ladas de cana por hectare. Vamos em bus- ca de superações e consequentemente da redução no custo por tonelada produzida, como ocorre em outras culturas”, disse. Inscrições superam expectativas O primeiro módulo do CANAMAX foi dirigido às áreas de cana-soca e ofereceu duas categorias: 1. Cana-Soca CTC15 em Solo Restritivo 2. Cana-Soca de CTC2, 4 ou 20 em Solo Responsivo. As inscrições, dirigidas aos clientes CTC e BASF, aconteceram entre 01 de se- tembro a 31 de outubro e a expectativa era atingir 30 participantes, mas o resulta- do superou as expectativas, segundo Vir- gílio, totalizando 41 participantes. Hou- ve também os que se inscreveram fora do prazo, não puderam participar e foram aconselhados a esperar o próximo Desa- fio, que será lançado agora em Fevereiro. Após o encerramento das inscrições e o anúncio dos participantes, profissio- nais do CTC e da BASF iniciaram as visitas às unidades participantes para realizarem o georreferenciamento das áreas e conferir Área de cana-soca com CTC 15, na usina São José (Grupo Guarani), em Colina, SP. Participante do Desafio CANAMAX. Visita realizada em novembro de 2014 CTC
  • 22. 22 Fevereiro · 2015 SOLUÇÕES INTEGRADAS se atendem às exigências contidas no re- gulamento do Desafio, como talhão de no mínimo 20 hectares, cana-soca de até ter- ceiro corte com as variedades CTC indica- das, e as áreas de solo restrito e responsivo. A missão dos participantes é elevar a produtividade desses talhões. As práticas de manejo para alcançar a máxima pro- dutividade ficam a cargo dos profissionais das empresas participantes. É permitido qualquer espaçamento, manejo ou trato cultural, menos irrigação com água. Mas é liberada na área inscrita a fertirrigação por vinhaça, uso de torta de filtro ou qualquer outro substrato. Também é livre o uso de qualquer fertilizante ou insumo registrado para a cultura da cana, de qualquer marca, desde que utilizado dentro de sua reco- mendação de rótulo. Já em relação ao uso de herbicidas e fungicidas, são propostas as soluções BASF, que devem ser seguidas conforme o regulamento. Meta da Usina Mandú é maior produtividade e longevidade “Queremos instigar os profissionais das usinas a participar, a buscar alternati- vas para produzir melhor”, disse Carulina no lançamento do CANAMAX, e é o que está acontecendo na Usina Mandu, unida- Área de cana-soca com CTC 15, na usina Andrade (Grupo Guarani), em Pitangueiras, SP. Participante do Desafio CANAMAX. Visita realizada em novembro de 2014 CTC
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  • 24. 24 Fevereiro · 2015 SOLUÇÕES INTEGRADAS de do Grupo Guarani, localizada em Gua- íra, SP. O propósito de atingir o patamar dos três dígitos de produtividade e man- ter-se nele estimulou a empresa a aderir ao Desafio proposto pela BASF e pelo CTC. Segundo o engenheiro agrônomo Douglas Ogassawara Nakano, responsável pela Área de Desenvolvimento Técnico da Mandu, o fato de a BASF e o CTC se uni- A Mandu aderiu ao CANAMAX e começou a fazer o acompanhamento de uma área de cana de 40 hectares USINAMANDU Área de cana-soca com CTC 4, na usina Nardini, em Vista Alegre do Alto, SP. Participante do Desafio CANAMAX. Visita realizada em novembro de 2014 CTC
  • 25. 25 rem para desafiar as unidades industriais de que é possível aumentar a produtivi- dade é um estímulo para o setor buscar a sustentabilidade da atividade. A Mandu aderiu ao CANAMAX e co- meçou a fazer o acompanhamento de uma área de cana de 40 hectares a par- tir do final de outubro do ano passado. Nakano observa que nesta primeira fase do Desafio a intenção é adotar tecnolo- gias e manejos que elevem a produtivida- de em áreas de cana-soca. “Para isso, uti- lizamos variedades CTC com ferramentas como Opera® com efeito AgCelence® para incremento de produtividade.” Virgílio Vicino salienta que, ao reali- zar esse bom manejo operacional, a Man- du favorece o potencial genético das va- riedades com alto potencial. Em muitas variedades mais produtivas podem haver ocorrência eventual de doenças, as quais são controladas usando-se de tecnolo- gia, permitindo que estas variedades con- tinuem colaborando com o aumento mé- dio de produtividade. Na área dedicada ao projeto, a Man- du fez análise química voltada para agri- cultura de precisão e realizou todos os tratos culturais na cana, para colheita em julho. “Além do nosso pacote tecnológico existente, sempre investimos em agricul- tura de precisão”, diz Nakano, destacan- do que o Grupo Guarani busca a excelên- cia operacional em suas atividades. “E, por isso, sempre contamos com tecnologias de ponta e ferramentas inovadoras junto a nossos parceiros.” A Guarani já investe muito em tecno- logias que favoreçam a produção, com o objetivo de buscar excelência interna para ganho de produtividade, como agricultura de precisão. “Por isso, se esta experiência com o Desafio CANAMAX for viável, na in- tenção de caminhar em direção aos três dí- gitos, com certeza vamos aderir às tecno- logias aplicadas. Tendo retorno financeiro positivo para o Grupo, podemos adotar como padrão e expandir para áreas comer- ciais de toda companhia”, afirma Nakano. Usina São José da Estiva quer aprimorar suas práticas e melhorar os índices de produtividade O supervisor de planejamento agrí- cola da Usina São José da Estiva, de Novo
  • 26. 26 Fevereiro · 2015 Horizonte, SP, Marcelo da Rocha, também elogia o esforço da BASF e do CTC em rea- lizarem o Desafio CANAMAX. Segundo ele, a Estiva pretende aproveitar sua participa- ção no Desafio para aprimorar suas práti- cas e melhorar os índices de produtividade. Para o Desafio, a Estiva escolheu duas áreas de cana-soca em propriedades diferentes: uma de 22,5 hectares de CTC 20 e outra de 20 hectares de CTC 15. “De- senvolver conhecimento e técnicas nes- sa fase da cana-de-açúcar, que representa em média 80% do tempo de um canavial (considerando o período entre a fundação até a reforma), é crucial para elevar signifi- cativamente a produtividade da empresa”, explica Rocha. A Estiva já teve médias de produti- vidade superiores às que tem registrado ultimamente, e hoje almeja não apenas retomar os índices que já atingiu, como superá-los. Para alcançar o objetivo de explorar o máximo do potencial da cana-de-açúcar no Desafio CANAMAX, Rocha salienta que a Estiva conta com ferramentas de peso: o suporte tecnológico da BASF e do CTC. “A BASF é das maiores empresas parceiras da Estiva. Acreditamos muito nas soluções que nos oferece. Independente do Desa- fio, não é apenas nesta área selecionada que utilizamos o sistema AgCelence® , que SOLUÇÕES INTEGRADAS São José da Estiva quer superar seus índices SÃOJOSÉDAESTIVA
  • 27. 27 além de controlar pragas e doenças, pos- sibilita ganhos no rendimento industrial.” Além disso, o supervisor de planejamen- to agrícola salienta que a Estiva é uma das unidades que mais utilizam as variedades CTC no país. Como a Estiva pretende obter o me- lhor desempenho possível no Desafio CA- NAMAX, a unidade está atenta a todas as técnicas necessárias para conferir excelên- cia de produtividade, além de inovar. “Em uma das áreas, fizemos aplicação aérea de adubo, complementando a adubação cor- riqueira. Foi algo além do planejado para vermos se conseguimos retorno”, explica Rocha. Esse exemplo, segundo Carulina, vai ao encontro de um dos objetivos do CANAMAX: possibilitar que nesses talhões os técnicos das usinas possam ousar, colo- car em prática o que pensam ser bom, mas que nunca tiveram oportunidade de apli- car em grandes áreas. O aprendizado será replicado A colheita das áreas participantes do 1º Desafio CANAMAX deve ocorrer entre julho e setembro de 2015. A usina precisa comunicar com antecedência a data pre- vista para a colheita, pois será acompa- nhada pelos técnicos do CTC ou da BASF. “A colheita dos dois talhões inscritos no programa será realizada de forma contí- nua, no mesmo dia, totalmente separada das demais áreas adjacentes”, explica Vir- Área de cana- soca com CTC 4, na usina Ruette, em Paraíso, SP. Participante do Desafio CANAMAX. Profissionais do CTC, da BASF e da Ruette em visita realizada em dezembro de 2015 CTC
  • 28. 28 Fevereiro · 2015 SOLUÇÕES INTEGRADAS O ano começa com o 2º. Desafio CANAMAX estendido para as áreas de ca- na-planta. “É a possibilidade de elevar ainda mais a produtividade, pois as áreas receberão variedades com alto potencial, manejo e tratos culturais inovadores desde o início, o que pode não ter acontecido com as áreas de cana-so- ca, no 1º. CANAMAX”, salienta Virgílio Vicino. As inscrições para o Desafio de Produtividade CANAMAX CTC/BASF para Cana-planta vão de 15 de Fevereiro a 30 de Abril de 2015. Podem participar as usi- nas da região Centro-Sul. A inscrição, disponível a partir de 15 de Fevereiro, se dará pelo site: www.desafiocanamax.com.br, no qual também se encontra o regulamen- to completo deste novo ciclo do CANAMAX. gílio. O resultado do 1º Desafio CANA- MAX será anunciado até 30 de novembro de 2015. Todo o aprendizado adquirido na condução das áreas registradas no Desa- fio CANAMAX poderá ser transferido para o restante das lavouras, se comprovada a sua viabilidade, sustentabilidade e renta- bilidade. Assim, tornando-se uma fonte de inspiração para os vizinhos, e gerando uma onda positiva de inovação que pode- rá ser adotada nas áreas comerciais. Agora é a vez do 2º. Desafio de Produtividade CANAMAX CTC/BASF para cana-planta 2015 CANAMAX - Cana-planta é a oportunidade de empreender inovações desde o preparo do solo
  • 29. 29 TENDÊNCIAS E m 2050, com uma população de 9,3 bilhões de pessoas, o mundo irá pre- cisar de uma quantidade 50% maior de alimentos. Portanto, a necessidade de Ana Malvestio1 e Luiz Barbosa2 Em 2050, o mundo terá uma população de 9,3 bilhões de pessoas As oportunidades e os investimentos no Agronegócio Brasileiro uma ampliação robusta da oferta de pro- dutos agropecuários, seja para o consu- mo humano, seja para subsidiar a pro- dução de proteína animal, ou até mesmo
  • 30. 30 Fevereiro · 2015 para a produção de bioenergia, é urgente e necessária. O Brasil é um dos poucos países onde ainda há muita área para ser incorporada à produção. Além das áreas de fronteira agrícola, que ainda estão disponíveis para serem exploradas, existem áreas que po- dem ser melhores aproveitadas, como no caso das áreas de pastagem extensiva ou pastagem degradada. Existem cerca de 100 milhões de hec- tares disponíveis para utilização na agro- pecuária, de acordo com a Empresa Brasi- leira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), dos quais 65 milhões de hectares são ap- tos a usos agrícolas diversos e 35 milhões de hectares possuem aptidão para pasta- gens, estando excluídas deste cálculo as áreas de preservação ambiental, unidades de conservação e terras do Governo. Somado à disponibilidade de terras produtivas, também não se pode esquecer as excelentes condições brasileiras de cli- ma, água, relevo e solo, existindo até mes- mo a possibilidade de ocorrência de duas safras ao longo do ano, como no caso do milho. Contudo, a exploração de todo esse potencial do agronegócio brasileiro passa por relevantes investimentos que propor- cionem a superação de importantes desa- fios, como o de tecnologia, essencial para TENDÊNCIAS
  • 31. 31 garantir alta produtividade e qualidade; o de infraestrutura, que possibilite a supera- ção dos gargalos logísticos e desenvolvi- mento de áreas de fronteira agrícola e; a estruturação de uma gestão profissionali- zada, que proporcione aos produtores oti- mização de processos, captação com me- nores custos e melhoria na margem de rentabilidade. Tecnologia Em relação à tecnologia, a otimiza- ção dos fatores de produção como terras, insumos e recursos hídricos, cria oportu- nidades para o desenvolvimento de novos produtos e serviços alinhados com a rea- lidade brasileira de produção e mercado. Nesse contexto, destaca-se a necessidade de adoção pelas empresas do agronegó- cio, desde insumos até a distribuição de alimentos, de tecnologias que garantam a origem, qualidade e padrões de produção, visando assegurar a sustentabilidade e a segurança dos alimentos. Por isso, ferra- Para produzir mais na mesma área é preciso ter investimento em pesquisas
  • 32. 32 Fevereiro · 2015 TENDÊNCIAS mentas que auxiliem na rastreabilidade e certificação deverão ganhar espaço. Infraestrutura O investimento em infraestrutura lo- gística do Brasil será um dos pilares de sustentação do desenvolvimento do agro- negócio brasileiro. A melhoria no escoa- mento da safra, tanto interna como exter- namente se configuram hoje no principal gargalo do agronegócio brasileiro. Adicionalmente, as regiões de fron- Armazenamento é um dos gargalos
  • 33. 33 teira agrícola, localizadas no Norte e Nor- deste do país, necessitam de suporte e or- ganização para se desenvolverem, pois além da falta de infraestrutura relaciona- da com a própria produção agrícola e es- coamento da mesma, nessas áreas há ain- da uma carência de infraestrutura para atender a população local e a população migrante que vão para essas regiões em busca de oportunidades. As regiões de- mandam negócios como rede de alimen- tação, moradia, hotéis, escolas, comércio e outros. Gestão Operando cada vez mais em um am- biente globalizado, produtores e empresas dos diversos elos da cadeia agroindustrial devem se adequar aos conceitos de ges- tão aplicados internacionalmente. Práticas como gestão de riscos na cadeia de su- primentos, planejamento tributário, ges- tão de custos e de capital humano, plane- jamento estratégico e auditoria contábil e financeira estão entre as práticas que de- vem ser incorporadas para o crescimento sustentável do negócio. Ainda no campo da gestão, a im- plantação e melhor aproveitamento de softwares são essenciais para a moderni- zação dos negócios, visando ampliar as vendas e os processos operacionais, redu- zir custos, automatizar processos, ganhar agilidade e se adequar as exigências dos consumidores globais. Assim, as oportunidades e investi- mentos abrangem toda a cadeia do agro- negócio: antes da porteira (insumos), den- tro da porteira (produção agropecuária) e depois da porteira (armazenagem, dis- tribuição e processamento). Além disso, o desenvolvimento do agronegócio bra- sileiro gera reações em cadeia, impulsio- nando a demanda de outros produtos e serviços e abrindo ainda mais o leque de possibilidade de negócios no Brasil, com oportunidades em segmentos que não es- tão estritamente relacionadas à produção no campo. Não há dúvidas que empresas e in- vestidores dos mais variados segmentos e países encontrarão oportunidades no agronegócio brasileiro. É preciso, porém, entender as peculiaridades desse setor no Brasil para identificar a melhor forma de atuação e de fato, fazer os investimentos necessários para que se possa aproveitar todo o seu potencial. 2 Luiz Barbosa, Gerente do Centro PwC de Inteligência em Agronegócio 1 Ana Malvestio, Sócia da PwC Brasil e líder de Agribusiness para o Brasil e Américas
  • 34. 34 Fevereiro · 2015 HERBISHOW Manejo de qualidade Leonardo Ruiz O CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS É UMA PRÁTICA DE GRANDE IMPORTÂNCIA PARA GARANTIR A PRODUTIVIDADE DA CULTURA. MAS SERÁ QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO O MANEJO DA MELHOR FORMA? T iririca, grama-seda, brachiárias, cor- da-de-viola, capim-marmelada, ca- pim-colchão. Enfim, o portfólio de espécies de plantas daninhas que infes- tam os canaviais é imenso. As citadas não são as únicas que geram dor de cabeça aos produtores, mas aquelas que podem eclo- dir em qualquer parte do Brasil. Além des- A Corda-de-viola é uma das principais espécies de plantas daninhas encontradas no Brasil DIVULGAÇÃOUSINASITAMARATI
  • 35. 35 sas, existem, ainda, as espécies que são mais localizadas, que atacam os canaviais de determinadas regiões, como o capim- camalote, problema nos municípios paulis- tas de Igarapava, Piracicaba, Mococa e Por- to Ferreira. Já em Itapira, também em São Paulo, o problema é o capim-massambará. Caso não esteja atento ao manejo, o produtor pode ter danos significativos. Lembrando, é claro, que isso depende da magnitude da infestação. Uma área bas- tante afetada (10 a 12 daninhas por metro quadrado) pode ter perdas que chegam a 85%. A longevidade do canavial também é comprometida, levando o produtor a ter que reformar a área antecipadamente. Outros aspectos negativos decorrentes de grandes infestações são: queda na quali- dade industrial da matéria-prima e dificul- dade nas operações de corte, carregamen- to e transporte. Além disso, estas plantas servem também como hospedeiras de ne- matoides, doenças e pragas, aumentando a população destas na cultura e dificultan- do as estratégias de controle das mesmas. Dessa forma, é importante que o produtor se muna de ferramentas e técni- cas para realizar um manejo de qualidade, Uma área bastante afetada (10 a 12 daninhas por metro quadrado) pode ter perdas que chegam a 85% DIVULGAÇÃOUSINASITAMARATI
  • 36. 36 Fevereiro · 2015 HERBISHOW a fim de conseguir conviver com as plan- tas daninhas infestantes e obter produtivi- dades mais elevadas. PPI Segundo o pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Carlos Al- berto Mathias Azania, o manejo de plantas daninhas pode ser segmentado em dois fatores: áreas agrícolas muito e pouco in- festadas. Em áreas de elevada infestação, a recomendação é que se faça aplicação em PPI (Pré-Plantio Incorporado), de 60 a 30 dias antes do plantio. “O objetivo aqui é uma atenuação da pressão do banco de sementes.” Ocorre que, durante a fase de prepa- ro de solo, o revolvimento acaba estimu- lando a emergência de plantas daninhas, ou seja, quebrando a dormência da se- mente. Se o banco for muito intenso, a in- festação da área será grande. Nessa hora, é possível aplicar doses maiores de herbi- cidas, pois não existe a questão da sele- tividade para com a cultura. “O produtor deve ficar atento para saber qual produto será aplicado. Um herbicida que dura mais tempo no solo deve ser utilizado com 60 dias de antecedência. Já os que duram menos, com 30 dias”. Esse tempo é neces- sário para que o produto se posicione no solo, fazendo com que, conforme as dani- nhas forem eclodindo, elas absorvam os princípios ativos. Na hora do plantio, Azania afirma que o produtor deve fazer uma aplicação de pré-emergência e, se for o caso, uma aplicação de complemento antes do fe- chamento do canavial. “Com isso, os her- bicidas aplicados em pré ou pós irão ser mais eficazes, pois não há uma pressão muito grande de mato.” A Usina Ester, localizada em Cosmó- polis, SP, é uma das unidades que adotam a prática do PPI. Segundo Lucas Tanaju- ra, coordenador de produção agrícola da empresa, com o avanço da colheita me- canizada, a quantidade e a qualidade das plantas daninhas foram alteradas. Por isso, foi necessário buscar novas soluções para combatê-las. Segundo Carlos Alberto Mathias Azania, a aplicação em PPI (Pré-Plantio Incorporado) tem como objetivo atenuar a pressão do banco de sementes DIVULGAÇÃO
  • 37. 37 Tanajura explica que o PPI era utili- zado pela maioria das usinas apenas para a aplicação da trifluralina – molécula mais indicada para o controle de gramíneas. Apesar disso, a equipe da Usina Ester en- xergou no PPI uma ferramenta interessan- te para combater toda a gama de dani- nhas incidentes na lavoura. Segundo ele, o índice de eficiência no controle de emergência das plantas daninhas após a aplicação do PPI é muito positivo. “Começamos um trabalho mais agressivo em 2013. Não montamos cam- po de experimentação ainda, mas campos de observação. Nessas áreas, consegui- mos um controle satisfatório, eficiente”, diz ele, lembrando que a técnica permi- te ainda atrasar um pouco a entrada com herbicida pós-plantio por conseguir um residual maior. O resultado é que a tecnologia su- prime o banco de sementeiras e de tubér- culos, havendo redução na necessidade de mão de obra futuramente para fazer re- passe ou catação. “É uma ferramenta que ajuda no controle de custos e no aumen- to de produtividade, uma vez que as in- tervenções realizadas através de trabalha- dores rurais, como repasses com químicos e capinas, têm sido cada vez mais onero- sas em função dos custos trabalhistas e da escassez deste trabalhador, que vem Caso o banco de sementes esteja atenuado, não é necessária uma aplicação antes do plantio; apenas a de pré-emergência será suficiente DIVULGAÇÃOFMC
  • 38. 38 Fevereiro · 2015 Para Lucas Tanajura, o resultado é que o PPI suprime o banco de sementeiras e de tubérculos, reduzindo a necessidade de mão de obra para fazer repasse ou catação HERBISHOW especializando cada vez mais em outras funções”. Outras técnicas Se, ao longo das soqueiras, o produ- tor foi mantendo um controle efetivo de plantas daninhas, ou seja, aplicando os herbicidas na época correta, seja em pré ou pós-emergência, na hora de reformar o canavial, o banco de sementes estará atenuado. Nesse cenário, não é necessá- ria uma aplicação antes do plantio, apenas a de pré-emergência será suficiente. Lem- brando que, havendo necessidade, deve- rá ser realizada uma aplicação de pós-e- mergência antes do fechamento. “Porém, infelizmente, são poucos os produtores que fazem aplicações corretas em todas as soqueiras como deve ser feito”, afirma Azania. Outra técnica utilizada em pequenas infestações é a catação química, necessária quando ocorre a eclosão de daninhas es- paçadas no canavial antes do fechamento do mesmo. Porém, a fer- ramenta está caindo em desuso devido ao fato de ter se tornado one- rosa em virtude das legislações. “Sem ela, teremos que realizar aplicações em pré-e- mergência ou em pós em área total muito bem conduzida”, afirma Azania. Já nas áreas de pousio da Usinas Itamarati, localizada na cidade de Nova Olímpia, MT, o foco é evitar que as plan- tas invasoras completem seu ciclo, impe- dindo, dessa forma, o incremento do ban- co de sementes. Outro ponto importante, ressaltado pelo engenheiro agrônomo da empresa, Rafael Charlier, é não utilizar mudas de áreas com infestação de plan- tas, como capim-camalote, Bucha e Mucu- na, principalmente no plantio mecaniza- do, em que a colheita da muda pode levar sementes para novas áreas. “Um canavial sadio e sem falhas também contribui para o controle das plantas daninhas”. Charlier afirma que o manejo de plantas daninhas é como a construção de uma casa, a qual precisa ter um alicer- ce forte, sendo que esse será construído através do manejo do banco de sementes.ARQUIVOCANAONLINE
  • 39. 39 “Evitar o incremento de sementes ou pro- págulos de plantas daninhas trazidos de outras áreas por implementos agrícolas, colheita ou transporte de mudas e a uti- lização da aplicação de herbicida residual em PPI é fundamental no manejo do ban- co de sementes”. Produtos Porém, de nada adianta essas téc- nicas se o produtor não entender a im- portância de utilizar o herbicida certo no momento certo. Segundo o engenheiro agrônomo da Usinas Itamarati, é funda- mental conhecer as características físico- químicas de cada produto, como Koc, Kow, solubilidade e pressão de vapor. Além dis- so, deve-se, ainda, entender o comporta- mento do herbicida, ter em mãos o his- tórico de infestação da área e saber qual será o alvo (planta ou solo) para, com base nisso, adotar a tecnologia de aplicação mais adequada. “Outro ponto fundamental é res- peitar as condições climáticas durante as aplicações (velocidade do vento, tempe- ratura e umidade relativa). Assim, quando não for possível trabalhar dentro das con- dições ideais, devemos ajustar a tecnolo- gia de aplicação para minimizar as perdas causadas em condições climáticas adver- sas”, afirma Rafael Charlier. Todas essas técnicas são de extre- ma importância para combater o amplo portfólio de plantas daninhas encontra- do nos canaviais da empresa. Capim-col- chão, capim-braquiária, capim-camalote, fedegoso, cordas-de-viola, bucha e mucu- na estão entre as principais invasoras. Es- sas três últimas, inclusive, figuram entre os maiores problemas da unidade, pois, além de reduzir a produtividade dos canaviais, Segundo Rafael Charlier, é importante não utilizar mudas de áreas com infestação de plantas, como Capim Camalote, Bucha e Mucuna, principalmente no plantio mecanizado, pois a colheita da muda pode levar sementes para novas áreas DIVULGAÇÃOUSINASITAMARATI
  • 40. 40 Fevereiro · 2015 O levantamento de plantas daninhas deve ser feito para obtenção de dados sobre as espécies infestantes daquela área HERBISHOW têm interferência di- reta no processo de colheita mecanizada, causando perdas sig- nificativas nos rendimentos e elevando os custos da atividade. Levantamento De grande importância, o levanta- mento de plantas daninhas, popularmen- te chamado de matologia, funciona como um importante aliado do produtor, pois ele irá escanear o canavial e mostrará da- dos sobre as espécies infestantes daquela área, como germinação, crescimento, de- senvolvimento, morfologia, anatomia, re- produção e convivência com outras plan- tas, além, é claro, dos níveis de infestação. Esse conhecimento será essencial para segurança e precisão nas tomadas de decisões. O pesquisador do IAC, Carlos Aza- nia, afirma que esse procedimento é me- nos trabalhoso do que muitos imaginam. Segundo ele, o processo para a realização de um levantamento de qualidade é o se- guinte: o produtor deve separar uma área de testemunha com cerca de 90 m² sem aplicação de herbicidas a cada 50 hecta- res de sua propriedade. A cada 30 dias, ele deve ir a essas áreas e anotar as daninhas que ali eclodiram. Lembrando que o pro- cedimento deve ser feito até o fechamen- to do canavial. Com esses dados em mãos, ele vai conseguir saber quais as principais espé- cies infestantes daquelas áreas. No ano seguinte, a aplicação de herbicidas pode- rá ser feita de modo mais assertivo, pois ela irá ser feita em função da matologia registrada no ano anterior. “Dessa forma, a cada ano, o produtor deve escolher áre- as diferentes e realizar os mesmos pro- cedimentos, pois novas espécies podem surgir”. A partir desses levantamentos, o produtor terá um histórico completo de sua propriedade, passando a entender os padrões biológicos da área. “Dessa for- ma, ele terá a certeza de que as formas de combate adotadas serão as mais eficien- tes possíveis”. DIVULGAÇÃOFMC
  • 41. 41 Endividamento e problemas operacionais marcam próxima safra sucroenergética ECONOMIA Usina Albertina, em Sertãozinho, uma das 80 unidades fechadas com a crise DÍVIDA DO SETOR SUPERA R$ 60 BILHÕES
  • 42. 42 Fevereiro · 2015 A partir de 2008, o setor sucroe- nergético teve agravada uma cri- se operacional e financeira, que já era anunciada devido ao alto grau de en- dividamento das empresas, crise que se estendeu para toda cadeia produtiva. Em Sertãozinho, uma das cidades mais atingi- das no interior de São Paulo, em três me- ses registrou cerca de 2,2 mil demissões, segundo o Ministério do Trabalho e Em- prego (MTE). De acordo com pesquisa da MBF Agribusiness, consultoria de Sertão- zinho, especializada no agronegócio, até o momento 67 usinas encontram-se em re- cuperação judicial e as perspectivas ain- da não são animadoras. Segundo a Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), desde 2008, cerca de 80 unidades já fe- charam suas portas e em 2015, mais nove usinas poderão encerrar suas atividades devido à grave situação financeira. “A recuperação do setor será lenta. Carrega um alto endividamento e proble- mas operacionais sérios, como baixa pro- dutividade agrícola e elevados custos por falta de investimentos na recuperação dos canaviais, dos equipamentos industriais e infraestrutura de apoio agrícola. Ainda não é possível prever com qualidade o que será da nova safra em relação à produti- vidade agrícola, mas tende a ser próxima ou menor que a safra que se encerra. Não Andréia Moreno, da MBF Agribusiness Aralco, em Araçatuba, uma das 67 unidades em recuperação judicial ECONOMIA
  • 43. 43 houve o volume de investimento agríco- la que se anuncia no mercado, até mes- mo porque muitas empresas aguardam a liberação de recursos das linhas subsidia- das do BNDES (Banco Nacional de Desen- volvimento Econômico e Social). Há mui- to marketing sobre as linhas de crédito e pouca efetividade na distribuição dos va- lores”, revela Marcos Antonio Françóia, di- retor da MBF Agribusiness. Ele lembra que a dívida do setor su- croenergético, em 2014, atingiu R$ 60 bi- lhões e R$ 91,03/tonelada. Françóia explica que, em 2015, o se- tor ainda poderá ter reflexos positivos nos preços, mas as condições do endivi- damento em relação ao tamanho e exi- gências quanto a prazos e taxas, deverão forçar as empresas a venderem antecipa- damente a safra, não auferindo resultados com os preços melhores durante a tempo- rada, resultados que acabam ficando para poucos. “Como estamos falando do se- tor como um todo e o volume de empre- sas endividadas é alto, ainda veremos uma boa fatia cambaleando durante o ano. Os juros estão subindo e as linhas de crédito, para um setor em descrédito, estão cada vez mais escassas”, admite. Mercado Os preços devem melhorar em 2015, segundo Jair Pires, diretor executivo da MBF Agribusiness. “A queda do preço do Petró- leo fará com que a gasolina se mantenha mais barata, fato que limita o etanol. Quan- to ao açúcar, o preço deve subir e ajudar um pouco nas contas, porém, na média geral, muitas unidades ainda contabilizarão preju- ízos”, finaliza. (Fonte: MBF Agribusiness) Françóia: “Há muito marketing sobre as linhas de crédito e pouca efetividade na distribuição dos valores”
  • 44. 44 Fevereiro · 2015 TADEUFESSEL.CORTESIAUNICA CAPA
  • 45. 45 Lampejos no fim do túnel AÇÕES COMO A VOLTA DA CIDE E AUMENTO DA MISTURA DE ETANOL NA GASOLINA PROPORCIONAM CERTO ALÍVIO, MAS O MAIOR REFLEXO VIRÁ SE HOUVER VALORIZAÇÃO DA ENERGIA DA BIOMASSA
  • 46. 46 Fevereiro · 2015 P ara o setor sucroenergético, os últi- mos seis anos foram marcados por muitas tempestades e trovoadas. Com remuneração inferior ao tamanho do endividamento, mais de 80 usinas parali- saram suas atividades e 67 estão em re- cuperação judicial. Nesse período, milha- res de trabalhadores foram demitidos por unidades produtoras e empresas de bens e serviços voltadas ao setor. Em 2014, ape- sar de muita tentativa de diálogo com o Palácio do Planalto, quase nada avançou. Mas 2015 começa com lampejos no fim do túnel a favor da agroindústria da cana-de-açúcar. Alguns avanços já vie- ram no final do ano passado em diferen- tes estados da federação. Em dezembro foi aprovada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais a redução do ICMS (Im- posto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre o etanol hidratado no es- tado de 19% para 14%, o que tende a am- pliar o potencial de consumo do biocom- bustível em MG. “Essa mudança vai inserir Minas Ge- rais no mercado de etanol brasileiro, que tem 10% da frota nacional, a segun- da maior do país. E é um potencial muito grande”, projeta Mário Campos, presiden- te executivo da Siamig (Associação da In- dústria Sucroenergética de Minas Gerais). Em 2014, as usinas mineiras já dedicaram 57% da matéria-prima para o biocombus- tível. O que deve acontecer, segundo ele, é a mudança do fluxo logístico do produ- to. “Hoje, Minas produz 1,5 bilhão de li- Clivonei Roberto e Luciana Paiva CAPA Mário Campos: A expectativa de Minas Gerais é dobrar o consumo atual de etanol hidratado, de 750 milhões de litros para 1,5 bilhão de litros
  • 47. 47 tros de hidratado e tem um consumo de cera de 750 milhões de litros. O excedente do combustível ia para outros mercados, especialmente São Paulo. Mas com o mi- neiro utilizando mais o etanol, nossa ex- pectativa é de que atinjamos um consumo de pelo menos 1,5 bilhão de litros”, expli- ca Campos. Será o dobro do consumo atu- al, reduzindo a oferta e a pressão sobre o preço do produto no estado de São Paulo. O consumo de etanol em outros es- tados brasileiros também deve crescer por conta de mudanças na tributação do ICMS. No Paraná, onde este imposto é de 18% sobre o etanol, houve mudança do ICMS sobre a gasolina: foi de 28% para 29%. Em abril entra em vigor o aumento do ICMS sobre a gasolina em outro estado brasileiro, a Bahia. Em dezembro do ano passado, a Assembleia Legislativa baiana aprovou aumento da alíquota do imposto de 27% para 30%. Já no Distrito Federal, o governo dis- trital apresentou uma proposta de redu- zir o ICMS sobre o etanol, de 25% para 19%, e aumentar a mesma alíquota sobre a gasolina, que subiria de 25% para 28%. Esta proposta valerá para 2016, mas an- tes depende de aprovação da Assembleia Legislativa. Mas para a competitividade do bio- combustível, Marcos Fava Neves, profes- sor da Faculdade de Economia, Adminis- tração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP), o setor pede a equali- zação das alíquotas do ICMS sobre o eta- nol hidratado entre os estados ao menor nível praticado. Segundo ele, “a redução do ICMS para 12% em todos os estados” é uma medida necessária para a recupera- ção do setor sucroenergético. Retorno da Cide e aumento da mistura O governo federal reajustou em 1º de fevereiro o PIS e o Cofins em R$ 0,22 por litro e anunciou o retorno da Cide (Contribuição de Intervenção no Domí- nio Econômico) sobre a gasolina. Em 1º de Fava Neves: redução do ICMS sobre o etanol hidratado para 12% em todos os estados
  • 48. 48 Fevereiro · 2015 maio, quando a Cide passa a incidir sobre o combustível (R$ 0,10 por litro), a alíquota de PIS e Cofins recua no mesmo valor para evitar novo aumento de carga tributária. A volta da Cide é um antigo pleito do setor. Por suas externalidades, o segmento entende que o etanol deve ter condições tributárias diferenciadas em comparação à gasolina. Quando foi criada, em 2001, a Cide era de R$ 0,28 por litro de gasolina, sendo zerada em 2012 para compensar o aumento na cotação do combustível fóssil. Agora o tributo volta no valor de R$ 0,10, bem abaixo do patamar anterior. De qualquer forma, o setor come- morou a medida, pois ganha em compe- titividade, segundo Elizabeth Farina, pre- sidente da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar). Plínio Nastari, presidente da con- sultoria Datagro, observa que as recentes medidas do governo criam um potencial de aumento para o etanol hidratado de R$ 0,15 por litro, o equivalente a 70% (parida- de entre o preço do álcool e o da gasoli- na) de R$ 0,22. Para ele, também há espa- ço para aumentar o valor do etanol anidro, que é misturado à gasolina. Nesse caso, o aumento potencial passa a ser de R$ 0,22 por litro. Outra decisão do Planalto que pode entrar em vigor ainda em fevereiro de 2015, depois de aprovada pelo Planalto, é o aumento da mistura de anidro à gasoli- na, de 25% para 27%, mas que entra em vigor após 90 dias. Esta medida já era plei- teada pelo setor desde o início de 2014. Segundo Elizabeth, as usinas estão preparadas para atender uma demanda maior por anidro. O aumento da mistu- ra deve elevar em 1 bilhão de litros a de- manda pelo biocombustível. “O estoque que temos é suficiente para abastecermos o mercado de combustíveis durante a en- tressafra e a safra.” Medidas insuficientes, mas bem-vindas De acordo com Antonio Padua Ro- drigues, diretor-executivo da Unica, todas estas novidades trazem ânimo para a safra que vai começar em abril no Centro-Sul (embora algumas unidades já iniciem as operações em março). “São medidas pon- Elizabeth Farina: o setor ganha em competitividade com as mudanças na tributação CAPA
  • 49. 49 tuais, que terão efeito imediato. Primeiro pelo aumento do tributo na gasolina, que vai aumentar competitividade do hidrata- do, dependendo de cada estado. Isso será em algo como R$ 0,18 centavos por litro. Mas é um aumento teórico. Vai depender muito de como vai se comportar o mer- cado. Mas esse aumento proporciona me- lhora da competitividade do etanol.” Padua observa que as medidas do governo talvez estanquem o endivida- mento. “Mas vamos ver por quanto tempo se perpetua. Ainda tem muito a se fazer, tanto em políticas públicas, tanto em estí- mulo ao etanol e à cogeração de energia. Houve uma situação pontual, uma sinali- zação positiva. O que precisa é continuar esse diálogo e criar regras de longo prazo que estimulem a volta do investimento.” Somente quando isso ocorrer que o setor terá condições de ‘voltar às compras’.” Mas se não haverá expansão, é cer- to que as usinas continuam precisando re- alizar manutenção, investir em melhoria da produtividade do canavial, reduzir cus- tos, renovar a frota. “Isto tudo é coisa na- tural que uma usina precisa fazer sempre. Mas vinha sendo realizado à custa do au- mento do endividamento. Por isso o setor chegou onde está. Faltava condição de ter preço melhor. Mas a melhor rentabilida- de dará condição de fazer estas atividades com recursos próprios, dependendo me- nos de financiamento.” Para Padua, as mudanças de ICMS nos estados de Minas Gerais, Bahia e Pa- raná, além do Distrito Federal, favorecem o etanol. “No curto prazo, vão criar poten- cial de demanda, a um preço razoável no hidratado, na casa de 1 bilhão de litros.” Padua: o pacote de medidas traz ânimo para a safra que vai começar em abril no Centro-Sul Ortolan: as medidas não contemplam todas as necessidades da cadeia, mas representam um avanço
  • 50. 50 Fevereiro · 2015 De acordo com Arnaldo Luiz Corrêa, diretor da Archer Consulting, a remunera- ção melhor com o etanol é positiva para as usinas, porque permite fazer dinheiro mais rápido. Manoel Ortolan, presidente da Ca- naoeste e Orplana (Organização dos Plan- tadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil), ressalta que as medidas anuncia- das, por si só, não contemplam todas as necessidades da cadeia sucroenergética, mas representam um avanço. E os reflexos dessas novidades, segundo ele, já pode- rão ser percebidos de imediato, por conta do aumento da gasolina, que abriu mar- gem para uma melhor remuneração do etanol. “E a relação de preço está boa para o consumidor, favorecendo e estimulando o uso do biocombustível.” Ortolan está otimista quanto ao re- torno dos investimentos, por conta do melhor cenário trazido pelas mudanças na tributação e no aumento da mistura. “Mas acredito que os investidores vão apostar mesmo na energia elétrica em função da crise de energia que estamos vivendo.” Já Antonio Eduardo Tonielo, presi- dente da Copercana e presidente do Gru- po Tonielo – detentor de três unidades produtoras - é mais cauteloso. Acredita que os investimentos até voltam, mas será bem devagar por conta dos custos, dos ju- ros e da complexidade para se conseguir financiamento que se tem hoje. “Se não fosse essa dificuldade de acesso ao crédi- to, os investimentos voltariam mais rápi- do. E quando voltarem, os investimentos devem ser direcionados mais para a área de etanol porque o produto trará melhor remuneração.” Para ele, as novas medidas do gover- no federal vão melhorar o preço do eta- nol, beneficiando o setor industrial. “Além disso, provavelmente devem beneficiar também o açúcar porque as empresas de- verão fazer mais etanol, principalmente neste começo de safra, para atender à de- manda do produto e também porque os preços serão melhores que os do açúcar”, pontua. O que se espera é que todo este mo- vimento tenha reflexo sobre o açúcar. Mas quando? Para Padua, o mercado está ain- da receoso. Tem apostas e apostas. “Mes- Tonielo: investimentos até voltam, mas ocorrerão bem devagar CAPA
  • 51. 51 André Rocha: melhoria da eficiência energética dos motores flex continua sendo um dos pleitos do setor mo com todas as medidas, o mercado de açúcar ainda não reagiu, continua patinan- do. Por que não reage? Talvez por conta do câmbio.” Além disso, ainda existe exce- dente de açúcar no mercado mundial. Mas é possível um déficit de açúcar em 2016, segundo ele. Com o ajuste fiscal que a economia brasileira vem passando, acessar os recur- sos do BNDES (Banco Nacional de Desen- volvimento Econômico e Social) pode ficar ainda mais difícil. Na opinião de Padua, as linhas de crédito vão continuar. “A mudan- ça vai ser no aumento dos juros de merca- do. E assim a usina vai avaliar se é viável utilizar o BNDES. Certamente não vamos ter juros abaixo da condição de mercado que estimulem o setor produtivo.” Já os benefícios para o fornecedor de cana, segundo Ortolan, acabam sendo indiretos. “A melhor remuneração do eta- nol e açúcar reflete no preço da cana”, diz. Mas ele reconhece que não espera gran- des melhorias, mas torce para que 2015 seja um ano me- nos apertado do que 2014. Para André Rocha, presidente do Fó- rum Nacional Sucroenergético e do Si- faeg (Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol e Açúcar do Estado de Goiás), as lutas do setor continuam. Um dos de- safios é o avanço do Programa Inovar-Au- to, a fim de se atingir motores flex mais eficientes. “Assim, poderíamos conquistar mais mercado. No entanto, a melhoria da eficiência do motor flex seria positiva para a sociedade como um todo.” Outra pau- ta do setor é oferecer ao consumidor na- cional, com a consolidação da tecnologia dos carros híbridos, a opção de veículos com motor flex, para que se possa utili- zar etanol. Com aumento da frota, como abastecer o Ciclo Otto? Outro ingrediente a este cenário que Padua apresenta é a mudança de estrutu- ra a que a Petrobras está passando, o que pode dar novo estímulo ao setor sucroe- nergético no médio e longo prazo. “A pre-
  • 52. 52 Fevereiro · 2015 sidência anterior da Petrobras já anunciava recuo de investimento em novas refinarias e no pré-sal. Ao mesmo tempo em que há um cenário de incremento de combustí- vel Ciclo Otto (veículos leves e de passeio) para os próximos dez anos, uma projeção que já está dada”, analisa o executivo da Unica. Segundo Corrêa, não se pode es- quecer que, embora as vendas de veículos nesse ano tendam a uma queda, a previ- são é de crescimento da frota flex, em rela- ção ao ano passado, de pelo menos 2,5%. Ante a este cenário, o governo brasi- leiro precisa ter posição clara sobre como se vai abastecer a frota de veículos que vai continuar crescendo nos próximos anos. “Vai ter incremento de gasolina A ou ha- verá estimulo de oferta de hidratado? Para isso, é necessária a expansão da capaci- dade de produção do etanol hidratado. E aí vamos precisar de novos investimen- tos, seja na agrícola ou indústria”, analisa Padua. Para Corrêa, a arrefecida nos inves- timentos da Petrobras pode ser positiva para o setor sucroenergético dependen- do do patamar de preço do barril de pe- tróleo no mercado internacional. Segundo ele, a ANP (Agência Nacional de Petró- leo, Gás Natural e Biocombustíveis) afirma que o Brasil consumiu quase 10% a mais de barril de petróleo no ano passado. “O incremento que houve no consumo nes- ses doze meses foi de 5,1 bilhões de litros. Desse total, apenas 1,3 foram de gasoli- na A.” A tendência é de, havendo aumento de consumo, qualquer incremento ocorra com anidro e hidratado. Até porque o Bra- sil vai ter dificuldade logística de importar Menor investimento na área de petróleo deve favorecer o etanol CAPA
  • 53. 53 essa gasolina. “Temos limite para impor- tação de gasolina. Por isso, a tendência é que se olhe mais com carinho para o eta- nol. Esta pode ser uma via de retorno de investimentos para o setor, mas ocorre- rá apenas se houver mudança na manei- ra como o governo conduz a formação de preço de combustível, o que traria segu- rança jurídica.” Medidas vieram tarde Para o professor Marcos Fava Ne- ves, as medidas são positivas para o se- tor e ajudam na sua recuperação, mas vie- ram muito tarde. “O estrago agora já está feito! O endividamento cresceu tanto que boa parte desta melhoria será consumida para pagar serviços da dívida.” Corrêa salienta que o pacote apre- sentado pelo governo federal neste início de ano não passa de um paliativo. “Tem o mesmo efeito de dar azeitona para quem está há meses sem comer nada. Hoje, pelo nosso cálculo, o setor tem aproximada- mente R$ 74 bilhões em dívidas e uma es- timativa de faturamento de R$72 bilhões na última safra. A dívida é maior do que a receita.” Segundo ele, quando um setor deve mais de 100% do seu faturamento, ele te- ria que primeiro equacionar essa dívida, tentar alongá-la, de tal maneira que con- siga, aos poucos, com recursos que vai ob- tendo, amortizar esse montante. “No entanto, o tamanho é tão gran- de que fica difícil haver o equacionamento de toda essa dívida. O que tem acontecido é que não se consegue alongar dívida em longo prazo. Para as dívidas vencidas, as usinas têm enorme trabalho para renovar as linhas. E o mais difícil é encontrar linhas novas de crédito”, relata Corrêa. Quem en- tra no mercado hoje para tentar dinheiro novo para poder saldar seus compromis- sos e manter a estrutura rodando, encon- tra enorme dificuldade. “E toda a situação ruim do país hoje acaba refletindo.” Na visão de Corrêa, outro compo- nente que afeta o humor do mercado é a conjuntura internacional difícil, marcada Arnaldo Luiz Corrêa: “Pacote tem o mesmo efeito de dar azeitona para quem está há meses sem comer nada”
  • 54. 54 Fevereiro · 2015 pela diminuição da atividade econômica, inclusive na China, e pela queda acentua- da do preço da cotação do petróleo. As medidas adotadas pelo governo, de certa forma, melhoram o cenário do setor, mas não o suficiente para voltarem os investimentos. “O país continua muito confuso”, diz Fava Neves. Neste ano, o professor da USP acre- dita que pode haver continuidade do pro- cesso de consolidação do setor, além de novos casos de empresas em recuperação judicial. “Sem cenário de longo prazo, in- vestimento em novas usinas não voltam. Talvez um pouco sim em cogeração.” Mui- to embora ele tema que não sejam efe- tivadas políticas que beneficiem a coge- ração, apesar das proporções da crise hídrica e do risco do apagão. Este gover- no atual tem uma gestão “sem tradição de pensamento, de planejamento. Atua apa- gando incêndios.” Por estes, entre outros motivos, Cor- rêa também não confia muito no atual co- mando do país. “Já estou pensando em 2018 e 2019, não tenho nada de positivo a esperar desse governo atual”, dispara. Portas se abrindo O ex-ministro Roberto Rodrigues, que até o início deste ano ocupou a pre- sidência do conselho da Unica, avalia que há uma nova postura do governo em rela- ção ao setor sucroenergético. Na opinião dele, está havendo uma abertura para o diálogo entre o setor e o governo fede- ral, especialmente pela pessoa do Minis- tro Aloízio Mercadante. Diferente de antes, Mais etanol em 2015 CAPA
  • 55. 55
  • 56. 56 Fevereiro · 2015 Injeção na veia da indústria de base Bioletricidade pode turbinar a economia do setor P ara Antonio Eduardo Tonielo Fi- lho, presidente do Ceise Br (Cen- tro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustí- veis), a situação para setor ainda é mui- to complicada, pois o período de estag- nação se arrasta por um período longo. “Mas estas iniciativas recentes do go- Mercadante tem sido uma porta de nego- ciação no governo para o setor, segundo o ex-ministro. Esta também é a opinião de An- dré Rocha. “Não apenas vejo com bons olhos as medidas anunciadas neste iní- cio de ano, como afirmo que a interlocu- ção com o governo está melhor. Estamos tendo apoio principalmente dos Ministros Mercadante e Kátia Abreu [da Agricultu- ra, Pecuária e Abastecimento], além do Mi- nistro Armando Monteiro Neto [de Desen- volvimento, Indústria e Comércio Exterior] e Eduardo Braga [de Minas e Energia]. Por isso, o cenário é mais animador.” Para ele, o setor sucroenergético co- meça 2015 muito mais otimista e esperan- çoso em relação ao ano passado. “O hu- mor do setor mudou, mas ainda temos uma série de conquistas e desafios.” Este otimismo já pode ser percebi- do nas palavras de Tonielo. Segundo ele, com as boas notícias deste início de ano, a expectativa para 2014 melhora. “E acho que o ano será muito melhor do que se esperava.” CAPA
  • 57. 57 verno ajudam o setor como um todo, pois possibilitarão o aumento da renta- bilidade e competitividade deste com- bustível. No entanto, não provocam al- terações na geração de energia e nem no preço do açúcar.” Na opinião do presidente do Ceise Br, se surtirem os efeitos desejados no médio prazo, as medidas provocarão o retorno de investimentos. O investidor quer ter segurança, regras claras e só investe onde existe possibilidade de re- torno de seu capital aplicado. “Acredito que, no curto prazo, o que possibilita- rá um aquecimento de investimento no setor é a geração de energia. As condi- ções objetivas para um plano de expan- são estão dadas.” Ele lembra que o país tem tecno- logia e matéria-prima (bagaço e pa- lha) disponíveis. Um plano de aumen- to de capacidade instalada de energia gerada no setor, além de ajudar a so- Antonio Eduardo Tonielo Filho: em tempos de crise hídrica, apoio efetivo à bioeletricidade é estímulo que a cadeia sucroenergética está esperando lucionar o problema nacional de abaste- cimento de energia elétrica, melhorará o resultado financeiro das usinas e movimentará toda a cadeia produtiva sucroenergética. “Trará enco- mendas para a indústria de base, que encontra-se estagnada e com ociosi- dade de aproximadamente 50% de sua capacidade instalada.” Segundo ele, a principal expecta- tiva no curto prazo da cadeia de bens de capital e serviços é a implementa- ção imediata de um programa de ex- pansão de geração de energia elétrica voltado às usinas de açúcar e etanol já em operação. “A efetivação deste pro- grama será injeção na veia da indústria de base, e produzirá resultados imedia- tos, possibilitando o início de um círcu- lo virtuoso no setor.” “No médio e longo prazo, espe- ramos investimentos em novas plantas com o retorno da confiança dos inves- tidores, devido às medidas adotadas na tributação, mistura e política de preço do etanol”, conclui.
  • 58. 58 Fevereiro · 201558 Fevereiro · 2015 A luz para o setor virá com a energia da biomassa O bagaço e a palha da cana-de-açúcar correspondem a mais de 80% de todas as fontes de biomassa utilizadas no país P ara não ficar no escuro, o Brasil pre- cisa de mais oferta de energia, e a biomassa da cana é a alternativa mais eficiente: menor prazo, menor custo e é renovável. Mas para que a cana ilumine o país, são necessárias políticas públicas de incentivo. Se elas vierem, aí sim a recu- peração do setor estará em curso. A energia elétrica produzida a par- tir da biomassa da cana-de-açúcar ocu- pa participação cada vez maior na matriz energética brasileira. Considerando dados de 2013 e 2014, Zilmar de Souza, gerente de bioeletricidade da Unica, destaca que a biomassa é responsável atualmente por aproximadamente 4,5% do consumo de energia elétrica do Brasil, sendo que o ba- gaço e a palha da cana-de-açúcar corres- pondem a mais de 80% de todas as fontes de biomassa utilizadas no país. Somente em 2014, a biomassa gerou 20,732 GW/h para a rede elétrica do Sis- tema Interligado Nacional (SIN). No Esta- do de São Paulo, na safra 2013/14, para CAPA
  • 59. 5959 A palha começa a se unir ao bagaço para gerar energia uma moagem de 348 milhões de tonela- das de cana, a biomassa produziu para a rede 8,341 GW/h. Toda geração exportada pelas usinas paulistas na última safra equi- vale, segundo o Protocolo Agroambiental, a 22% do consumo residencial anual do estado. Diante do incremento que a bioele- tricidade pode oferecer ao sistema elétrico nacional, o olhar sobre esta fonte energé- tica já está mudando. “Atualmente o go- verno federal está mais sensível aos bene- fícios da biomassa”, na opinião de Zilmar. Mas não na velocidade que poderia ser. “A biomassa tem importância estra- tégica para o país”, lembra Zilmar. E os nú- meros deixam isso bem claro. Se em 2014 o setor sucroenergético gerou quase 21 mil GW/h para a rede, se todo o bagaço e palha fossem aproveitados pelas usinas seria possível gerar seis vezes mais ener- gia do que este patamar de 21 GW/h. “Este é um número teórico, e não seria possível concretizá-lo da noite para o dia. Mas se houver um sinal econômi- co favorável, com dois ou três anos de antecedência o setor sucroenergético consegue ampliar a geração de energia significativamente.” Mas é possível afirmar que é rápi- da a resposta do setor aos estímulos. Um indicador deste potencial foi registrado em 2010. “Com política favorável e algu- ma antecedência, chega- mos a acrescentar ao sis- tema num único ano 1,8 GW/h”, conta Zilmar. Em 2015, o setor vai instalar 0,5 GW/h. Hoje, segundo ele, Zilmar: se todo o bagaço e palha fossem aproveitados pelas usinas, seria possível gerar seis vezes mais energia do que o patamar atual de 21 GW/h
  • 60. 60 Fevereiro · 201560 Fevereiro · 2015 utilizar outras biomassas, que não ape- nas a oriunda da cana, para gerar eletri- cidade. E fizeram isso, aproveitando para vender energia em momento de alto pre- ço no mercado de curto prazo. “Isso fez com que quem quisesse energia contra- tada ou quisesse gerar mais buscando pa- lha ou biomassa de terceiros, como cava- co de madeira, pudesse aproveitar o bom momento, que perdurou por boa parte de 2014”, frisa Zilmar. a biomassa tem capacidade ociosa na indústria que pode ser aprovei- tada para dar uma resposta ágil ao incremento de energia que o país precisa. Valiosa biomassa Para uma usina de cana-de -açúcar que comercializa energia, este negócio responde por algo em torno de 10% a 12% da receita, o que ajuda na competitividade da empresa como um todo. E o que se viu em 2014 foram muitas uni- dades buscando ao máximo fazer caixa com a bioeletricidade. Com reservatórios baixos, as hidrelétricas enfrentaram altos custos para cobrir o déficit de ge- ração. Sem contar a necessidade de acionar quase todas as termelé- tricas, que têm custo elevado. Esta conjuntura ajudou a elevar o preço do megawatt/hora da energia elé- trica no mercado spot. As usinas que puderam aproveitar os bons preços para vender o excedente, saí- ram no lucro. Durante boa parte do ano o Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), que é o balizador do preço no mercado de curto prazo, ficou próximo ao teto admiti- do pela Aneel (Agência Nacional de Ener- gia Elétrica), que era de R$ 822,23 – para 2015 este teto foi reduzido para R$ 338,48. As usinas sucroenergéticas podem Secador de bagaço: é preciso garantia para ter investimento CAPA
  • 61. 6161 No entanto, segundo ele, a cogera- ção de energia a partir da biomassa da cana chamou atenção do setor sucroener- gético em 2014 também por outro fator: a visão de longo prazo, que corresponde ao Ambiente de Contratação Regulada (ACR), cujos preços são estabelecidos em leilão. O ano de 2014 fez parte de um proces- so de amadurecimento deste mercado de longo prazo, depois da criação do produto térmico em agosto de 2013, que separou as biomassas das eólicas, no leilão chama- do A-5. Investimentos pedem previsibilidade O primeiro fator, da venda de ener- gia spot, é mais imediatista, já o segun- do (o mercado regulado) tem a ver com as condições estruturantes que este merca- do sucroenergético precisa. “Por isso, po- demos dizer que 2014 foi um momento importante para a biomassa”, diz Zilmar, que reconhece que houve avanços nos úl- timos anos nesta área, mas estes progres- sos têm de continuar. “Isso é fundamental para que consigamos fazer com que o in- vestimento retorne de forma consolidada.” O executivo da Unica destaca que é preciso continuar melhorando o preço de remuneração da biomassa nos leilões para viabilizar projetos de retrofit e de apro- veitamento de palha. “No último leilão, o valor teto foi de R$ 209,00. É preciso que este preço melhore. É difícil ter preço pa- drão, pois cada usina tem uma eficiência de projeto. Mas o mercado já sinaliza di- zendo que o preço teto tem que ser bem superior a esse patamar de R$ 209”, sa- lienta Zilmar, pois essa remuneração, até o momento, não conseguiu atrair o retro- fit nos leilões. Segundo ele, existem mais de du- zentas usinas instaladas no país que não comercializam, mas têm disponibilidade de biomassa que poderia ser usada para gerar energia para a rede. Dados da Uni- ca apontam que, em dezembro de 2013, o Brasil tinha 379 usinas em operação, sen- do que deste total apenas cerca de 170 ex- portavam energia elétrica para a rede. Em 2015 estão programados três lei- lões e não se sabe qual será o preço teto da biomassa. E aí reside a preocupação do empresário sucroenergético. Falta cla- reza suficiente para que se possa apostar na bioeletricidade, principalmente no lon- go prazo. Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica, concorda que o gran- de entrave da bioeletricidade são os pre- ços praticados. “A atividade é mantida por rentabilidade, por resultados.” Segundo ele, embora cada unidade tenha seu preço ideal para comercializar energia, muito se fala entre profissionais da área que o pre- ço teto dos leilões para viabilizar a coge- ração esteja entre R$ 250 e R$ 300. “E com contratos de 15 anos, a um preço viável, com política de correção. Isso requer ava-
  • 62. 62 Fevereiro · 201562 Fevereiro · 2015 liação correta pela usina. Mas com certe- za ninguém vai investir pesado para ficar no spot, para em certos momentos rece- ber bem e em outros ter de oferecer ener- gia de graça.” A política da bioeletricidade que o setor reivindica inclui uma visão de lon- go prazo, com leilões regionais e especí- ficos para biomassa. Aí sim, segundo ele, será viável buscar na lavoura a palha, ou- tra biomassa da cana preciosa que muitas usinas têm preferido deixar no campo. “Só para recolher a palha, o custo sai por R$ 80, R$ 90 para levar à usina.” Hoje a palha para o fornecedor reduz o preço da cana devido à quantidade de impurezas mine- rais. Com preço da energia baixo, o pro- dutor acaba sendo penalizado. “Se houver uma mudança real na política de preço da bioeletricidade, já amanhã poderíamos ter mais energia. A palha está lá no campo, só precisa ter preço para ser utilizada em lar- ga escala.” Gargalos a superar Enquanto o nível dos reservatórios das hidrelétricas cai e se gasta fábulas de recursos com as térmicas, muito mais ca- ras e poluentes, o país continua desper- diçando um grande potencial energético que poderia vir da cana-de-açúcar. Além de a energia da biomassa ser limpa e re- “Só para recolher a palha, o custo sai por R$ 80, R$ 90 para levar à usina.” CAPA
  • 63. 6363 novável, gera riqueza e emprego em cida- des do interior do país, além de uma série de outras vantagens comparativas. O gerente de bioeletricidade da Uni- ca enumera algumas políticas públicas im- prescindíveis para o estímulo da energia da biomassa no Brasil: - promover leilões dedicados à bio- massa com preços remuneradores; - extinguir o limite máximo de inje- ção de energia na rede com direito a des- conto. É que hoje quem exporta até 30 MW tem desconto na tarifa de uso da rede. “Isto é um incentivo, mas a energia da biomas- sa tem crescido de tamanho. Se uma usina injeta 31 MW perde o desconto, o que tem sido trava tecnológica para o setor”; - criar condições mais atrativas de financiamento para aquisição de máqui- nas e equipamentos para retrofit e reco- lhimento e uso da palha; - desenvolver estudos para a cone- xão de empreendimentos nas redes de transmissão e distribuição, a fim de miti- gar o custo destes investimentos. Quem paga a conexão é o gerador, e isto pode representar 30% do investimento em um projeto de bioeletricidade. Além disso, para Zilmar é importante que o governo mantenha esse processo de melhoria do ambiente regulado dos leilões, iniciado em 2013. “Esta é nossa principal porta de entrada neste negócio. Aprimoran- do o preço teto, certamente no futuro tere- mos a bioeletricidade retornando ao certa- me de forma mais consolidada e contínua.” Enquanto nível dos reservatórios das hidrelétricas cai, sobra energia nos canaviais
  • 64. 64 Fevereiro · 2015 PESQUISA & DESENVOLVIMENTO As quatro novas variedades de cana da Ridesa/ UFSCar são resistentes às principais doenças DE GRANDE POTENCIAL, AS PRÉ-LIBERAÇÕES SE DESTACAM PELA COMPETITIVIDADE E JÁ ESTÃO EM FASE ACELERADA DE MULTIPLICAÇÃO NAS UNIDADES CONVENIADAS Leonardo Ruiz O Programa de Melhoramento Ge- nético da Cana-de-açúcar da Universidade Federal de São Car- los (UFSCar), integrante da Rede Interuni- versitária para o Desenvolvimento do Se- tor Sucroenergético (Ridesa), anunciou, no final de 2014, quatro novas variedades RB de cana-de-açúcar que deverão, em bre- ve, ser liberadas para o plantio, devido ao fato de terem se destacado durante o pro- cesso de seleção e experimentação. Uma delas, inclusive, a RB975201, já foi a déci- ma variedade mais plantada no estado do Mato Grosso do Sul em 2014. Os materiais já estão em fase acelerada de multiplica- ção nas unidades conveniadas. Segundo o pesquisador Roberto Chapola, da Ridesa/UFSCar, é importan- te que os produtores experimentem no- vos materiais para que possam aumentar suas opções para o plantio. “Nesse senti- do, essas quatro pré-liberações mostra- ram grande potencial durante as fases de experimentação, muitas vezes superan- do os resultados dos padrões (variedades comerciais).” Chapola ressalta que os novos ma- teriais são muito competitivos e resisten- tes às principais doenças da cultura. “Cada produtor possui necessidades específicas e, diante disso, a Ridesa tem trabalhado e continuará trabalhando intensivamente para suprir essas carências.” Confira as pré-liberações da Ridesa/ UFSCar e suas principais características: As quatro pré-liberações da Ridesa/ UFSCar foram apresentadas para profis- sionais de usinas e produtores de cana no final do ano passado, durante a Reunião Técnica Anual da instituição, em Ribeirão Preto.
  • 65. 65 RB975242 Opção para o final de safra, não floresce e deve ser alocada em ambientes médios a restritivos. RB975952 Opção para o início de safra nos melhores ambientes de produção. RB985476 Possui altíssima produtividade, devendo ser colhida no meio de safra. RB975201 Opção para o final de safra, excelente resposta nos melhores ambientes de produção e ausência de florescimento.
  • 66. 66 Fevereiro · 2015 MECANIZAÇÃO Agricultura de Precisão melhora qualidade das operações e aumenta rendimento UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS DE CONTROLE DE VAZÃO, BARRA DE LUZ E PILOTO AUTOMÁTICO TAMBÉM AUXILIA NA GESTÃO DAS ATIVIDADES DE CAMPO Operador Paulo Gabriel Ribeiro auxiliado pelas novas tecnologias *Daniela Rodrigues DIVULGAÇÃOJALLESMACHADO A Jalles Machado e a Unidade Otá- vio Lage, situadas em Goianésia, GO, se destacam no uso da Agri- cultura de Precisão, uma tecnologia agrí- cola que utiliza GPS com correção de sinal em tempo real (RTK), que garante maior precisão e rendimento nas atividades de campo, favorecendo o processo de gestão das operações. O piloto automático instalado nas
  • 67. 67 máquinas é capaz de fornecer, por exem- plo, a velocidade do equipamento, em quantos hectares a atividade foi realizada, a sua posição exata no campo e dados de altimetria. Essas informações são repassa- das ao escritório, que tem toda a gestão do processo. Nas duas unidades, são utilizadas as tecnologias de controle de vazão, bar- ra de luz e piloto automático. O controla- dor de vazão é utilizado para controlar a quantidade de corretivos (calcário, fósfo- ro e gesso), herbicidas e adubos, aplicados no preparo de solo e nos tratos culturais. Já a barra de luz está presente na irrigação para esticar os carretéis de forma paralela e reduzir possíveis erros de sobreposição e/ou falhas na aplicação de vinhaça. O piloto automático é a tecnologia que abrange mais operações, desde a sul- cação, plantio e tratos culturais, até a co- lheita da cana. A sua utilização permite maior precisão, diminui consideravelmen- te as falhas e os erros de operação, além de aumentar o rendimento. O operador realizava as atividades de forma manual e era praticamente im- possível fazer com que os sulcos ficassem perfeitamente paralelos. Hoje, a Topogra- fia faz o levantamento das áreas, a siste- matização e gera o projeto para o plantio. Os dados desse mapa, que contém coor- denadas geográficas, são inseridos nos pi- lotos automáticos de cada máquina. “O equipamento realiza a sulcação, garantindo o paralelismo das linhas, que garante maior aproveitamento da área. A partir daí, é possível realizar todas as ou- tras atividades, como plantio, quebra-lom- bo e colheita, tendo como referência essas Piloto automático é a tecnologia que abrange mais operações DIVULGAÇÃOJALLESMACHADO
  • 68. 68 Fevereiro · 2015 MECANIZAÇÃO linhas. Logo, essa tecnologia foi um gran- de avanço que proporciona ótimos resul- tados para a empresa”, explica o responsá- vel pelo departamento de Agricultura de Precisão, Jânio Lima. O projeto O início do projeto de Agricultura de Precisão na Jalles Machado foi por volta de 2003, com a aplicação de taxa variada de corretivos. Antes eram aplicadas dosagens médias em toda a área. Com a amostra- gem georreferenciada do solo, foi possível detectar suas diversas manchas e identifi- car as suas variações, passando a aplicar a quantidade adequada de produto no local correto, considerando a variabilidade es- pacial do solo. Posteriormente, a empresa foi adqui- rindo pilotos automáticos para preparo de solo e plantio, garantindo o paralelismo das linhas. Depois, também passou a in- vestir na aplicação de Herbicida em Taxa Variável (HTV), aplicando a quantidade adequada de produto em cada local ma- peado. “Hoje, já expandimos o uso de pi- loto automático para colhedoras de cana, motoniveladoras e operação de quebra -lombo, sendo uma das primeiras empre- sas no Brasil a fazer uso dessa tecnologia nessas atividades”, ressalta Jânio Lima. “A implementação e utilização des- ses equipamentos no campo passa por um processo de mudança de cultura, pla- nejamento e gestão de toda a equipe, que hoje já consegue enxergar os benefícios no uso dessas tecnologias”, ressalta o ge- rente agrícola Edgar Alves. O operador de máquinas agrícolas, Paulo Gabriel Ribeiro, 42 anos, trabalha na Unidade Otávio Lage como safrista há três anos, no setor de Tratos Culturais. Segundo Quebra-lombo com uso de piloto automático DIVULGAÇÃOJALLESMACHADO
  • 69. 69
  • 70. 70 Fevereiro · 2015 Treinamento para minimizar barreiras e resistência à implantação das novas tecnologias ele, em 2013, a atividade de quebra-lom- bo (realizar o nivelamento do solo nas en- trelinhas da cana planta, deixando a área preparada para a colheita mecanizada) era manual, cansativa e exigia mais cuidado e atenção. “Fazíamos cerca de 7 hectares por turno. Hoje, o uso de piloto automático fa- cilita a realização da atividade, melhora a eficiência, qualidade e aumenta o rendi- mento, sendo possível fazer até 12 hecta- res por turno. Então, foi a melhor coisa que criaram para os operadores”, afirma. Para a próxima safra, a intenção é ampliar o uso de piloto automático na co- lheita. Para isso, já está sendo feito o ma- peamento de áreas, inclusive com suporte de fotografias tiradas com o auxílio de um veículo aéreo não tripulado (Vant). Treinamentos Para minimizar barreiras e resistên- cia à implantação das novas tecnologias, o Departamento de Agricultura de Precisão realiza cursos e treinamentos, que incluem desde cargos de liderança até os operado- res de máquinas. A operadora de máquinas Dulcineia Fer- reira Moraes, 32 anos, que trabalha com a tecnologia de barra de luz na Fertirrigação da Unidade Otávio Lage, também afirma que o uso da Agricultura de Precisão fa- cilitou a execução de suas atividades. “Re- cebi o treinamento de como manusear o GPS. No início, achei um pouco complica- do lidar com os botões, mas com o tempo a gente aprende. Hoje já considero fácil e simples utilizar o sistema e consigo fazer o trabalho com mais agilidade”, explica. Vantagens da AP • Maior precisão das operações • Economia de produtos (adubos, corretivos, herbicidas, etc) • Identificação do potencial das áreas • Maiorcontroleegestãodasoperações • Redução de falhas nas atividades • Ganhos de rendimento • Ganhos de produtividade agrícola *Daniela Rodrigues Coordenadora de Comunicação da Jalles Machado S/A MECANIZAÇÃO
  • 71. 71 U m dos grandes desafios ambien- tais do Século XXI é o aperfeiço- amento da gestão da água e isto fica ainda mais evidente com a atual crise hídrica enfrentada por várias cidades do Estado de São Paulo. Mas não apenas o consumo doméstico de água deve ser re- pensado. Também as empresas, tanto in- dustriais como agrícolas, precisam inves- tir nesta área. Para a agroindústria sucroenergética esta questão não é menos desafiadora. Usi- TECNOLOGIA INDUSTRIAL Na São Manoel, a água vale ouro A EMPRESA REDUZIU EM 22% EM RELAÇÃO À SAFRA 2012/2013 A CAPTAÇÃO ESPECÍFICA POR T/CANA MOÍDA, DECORRENTE DE SÉRIE DE MELHORIAS INTRODUZIDAS; TAMBÉM REUTILIZA 96% DA ÁGUA NECESSÁRIA AO PROCESSO DA INDÚSTRIA Vista da Usina São Manoel Clivonei Roberto nas e fornecedores de cana assinaram no Estado de São Paulo o Protocolo Agroam- biental, que estabeleceu 2014 como pra- zo para o fim da colheita com queima em áreas mecanizáveis de cana-de-açúcar. E o setor está em dia no cumprimento desta meta, atingindo mais de 83% de mecaniza- ção nas áreas de colheita neste ano. Mas o Protocolo Agroambiental tam- bém estabelece outras metas ao setor ca- navieiro, como a redução do consumo de água no processo de produção. Isto exige DIVULGAÇÃO
  • 72. 72 Fevereiro · 2015 investimentos e adequações, mas algumas usinas do setor estão se adiantando, se- guindo a passos largos em direção ao me- lhor gerenciamento dos recursos hídricos. Exemplo nesta área vem de uma das usinas sucroenergéticas brasileiras mais preocupadas com a sustentabilidade do negócio: a São Manoel. A empresa acabou de lançar o quinto relatório de sustentabi- lidade consecutivo, desta vez referente ao ciclo 2012/2013 e 2013/2014 e alinhado à versão mais recente do Global Reporting Initiative (GRI). Menor captação A água que abastece a Usina São Manoel vem de circuito fechado, com alto TECNOLOGIA INDUSTRIAL Ponto de captação de água superficial DIVULGAÇÃO
  • 73. 73 Estação do sistema de tratamento de águas residuais porcentual de reuso. A empresa também possui um dos menores índices de uso de água do setor por tonelada de cana. O cultivo de cana-de-açúcar, na re- gião onde está a usina, se beneficia de boas condições pluviométricas e de solo para o plantio. Por isso, a irrigação plena não é praticada nos canaviais. Há consu- mo de água apenas no processo indus- trial, em que a matéria-prima é processa- da para se transformar em açúcar, etanol, levedura seca inativa hidrolisada e autoli- sada, e bioeletricidade. Para suprir a pró- pria demanda, possui outorgas regula- res para captações superficiais e de poços profundos. A usina reduziu em 22% em relação à safra 2012/2013 a captação específica por t/cana moída, decorrente de série de me- lhorias introduzidas ao longo do período, com destaque para a operação do sistema de resfriamento de excedentes de conden- sados de vapor vegetal. Na São Manoel, o nível de captação de água está em menos de 1 m³/t de cana. No ciclo 2012/2013, o volume de água captado foi de 0,76 m3/t de cana. Já na safra 2014/2015, a média foi menor ainda, chegando a 0,57 m3/t de cana. Outra iniciativa adotada pela São Ma- noel foi a substituição, no processo de des- tilação, do vapor de escape borbotado nas colunas B por vapor vegetal, o que econo- miza vapor de escape e, consequentemen- DIVULGAÇÃO
  • 74. 74 Fevereiro · 2015 TECNOLOGIA INDUSTRIAL • Uso de circuitos fechados de resfriamento de água na destilaria e moenda, com torres de resfriamento projetadas com margem extra (folga) nos gradientes de temperatura. • Circuito de águas fechado nos aspersores da água nas colunas barométricas. • Circuito fechado para a água de lavagem de cana inteira e redução da vazão de água pela diminuição da entrada de cana inteira (em processo de eliminação to- tal pela mecanização da colheita de cana). • Incremento da porcentagem de cana picada, que não utiliza água de lavagem. • Utilização de regeneradores de calor na área de tratamento de caldo, redu- zindo a necessidade de água de resfriamento. • Reuso de águas residuárias tratadas no Sistema de Tratamento de Águas Resi- duárias, como fonte de reposição em circuitos de água de resfriamento de multijatos. • Operação com reboilers (aquecedores indiretos) na destilação, com aprovei- tamento de condensados nobres de vapor de escape. • Aplicação, desde 2013, de sistema de resfriamento (via torres de resfriamen- to em série) de excedentes de condensados de vapor vegetal, os quais passaram a ser totalmente reutilizados como água na seção de pré-fermentação e fermentação. *Fonte: Secretaria do Meio Ambiente (Protocolo Agroambiental) Captação m3 /tc Safras 2010/2011 2011/2012 2012/2013 2013/2014 Protocolo Agroambiental* 1,52 1,45 1,26 1,18 Usina S. Manoel 0,82 0,86 0,86 0,67 RESULTADO DO EMPENHO DA SÃO MANOEL EM REDUZIR O CONSUMO DE ÁGUA Práticas adotadas para melhorar a gestão da água na Usina São Manoel te, água. Porém, ainda sem alterar a relação vinhaça/etanol. Esta era uma meta da orga- nização, que foi atingida em maio de 2014. Hoje, a São Manoel alcançou a reuti- lização de 96% da água necessária ao pro- cesso da empresa.
  • 75. 75 TECNOLOGIA J untamente com o gerenciamento das comunicações e com o gerenciamen- to dos recursos humanos, o gerencia- mento das partes interessadas faz parte do grupo de ‘soft skills’ da base de conhe- cimento em gerenciamento de projetos. O termo ‘partes interessadas’ é uma tradução do termo em inglês stakehol- Gerenciamento das partes interessadas em projetos *Danilo Piccolo - Mestre em Engenharia de Processos, PMI-PMP® e gestor de projetos na Reunion Engenharia ders, que basicamente pode ser definido como o conjunto de pessoas ou institui- ções que podem afetar ou que são afeta- das pela condução de um projeto. Este conceito é bastante abrangen- te e exige que a equipe gestora do projeto olhe pra dentro (ambiente interno), para frente (cliente), para os lados (outros se-
  • 76. 76 Fevereiro · 2015 TECNOLOGIA tores da organização) e para fora do am- biente organizacional (ambiente externo). (Figura 1) Partindo-se da formação técnica que, normalmente, precede um líder de proje- to, o exercício de enxergar com os olhos dos outros é um dos mais complexos de- safios da gestão. Dificuldades relativas à gestão das partes interessadas podem comprome- ter significativamente o desempenho de um projeto. A importância do tema cres- ceu de tal maneira que o estudo da rela- ção do projeto com as partes interessadas tornou-se uma nova área de conhecimen- to do PMBoK. Um exemplo prático deste tipo de in- teração são os problemas enfrentados pe- las equipes de projeto nas construções das hidrelétricas do Norte do País. Além das di- ficuldades técnicas inerentes a um projeto desta magnitude, a influência de partes in- teressadas externas tais como ONGs liga- das ao meio ambiente, ativistas e tribos in- dígenas que reivindicavam demarcação na área dos empreendimentos, foi responsá- vel por atrasos consideráveis nas obras. Outro ponto bastante delicado que deve ser considerado é que nem sempre todos os envolvidos diretamente em um projeto são necessariamente forças favo- ráveis. Nem sempre os objetivos indivi- duais se alinham aos objetivos das orga- nizações, e isto pode ocorrer pelos mais diversos motivos. Desta maneira, é importante que se dedique tempo ao gerenciamento dos stakeholders desde a fase de planejamento do projeto. Normalmente o planejamento é feito com base em quatro pilares (figura 2): • Quem são as partes interessadas do projeto; • O que esperam do projeto; • Qual é o grau de influência que po- dem ter sobre o projeto; • Qual a estratégia de abordagem para cada tipo de parte interessada.