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Revista Canavieiros - Abril de 2015
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Revista Canavieiros - Abril de 2015
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Revista Canavieiros - Abril de 2015
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Editorial
A revista de abril traz em sua matéria de capa uma análise das principais consultorias do Brasil
sobre a safra 2015/2016, que teve início no dia 1º de abril e mostra que, devido ao emaranhado de
problemas enfrentados pelo setor sucroenergético nos últimos anos e intensificado pelo fator climáti-
co em 2014, a temporada atual sofre vários impactos. Entre eles, se destaca o atraso na colheita pela
baixa qualidade dos canaviais do início de safra e do estoque de etanol, até recentemente confortáveis,
devido à estratégia dos principais grupos de usinas de dar mais tempo para recuperação do atraso
fisiológico do canavial e melhor amadurecimento.
Diante desse fato, as projeções iniciais para a safra 2015/2016 de cana-de-açúcar no Brasil oscilam
entre 694 e 672 milhões de toneladas. A matéria destaca também quais são os desafios a serem en-
frentados no setor ao longo do ano.
O leitor também saberá como foi o tradicional jantar beneficente em prol do Hospital de Câncer
de Barretos, organizado pelo Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred e que dessa vez contou
com show da cantora baiana, Ivete Sangalo. Em sua 9ª edição, o evento foi realizado pela primeira vez
no Centro de Eventos Copercana, em Sertãozinho-SP. A iniciativa proporcionará o repasse de mais de
R$ 600 mil (receita líquida) para o Hospital.
A edição 106 da Canavieiros mostra também o resultado da Biocoop, projeto mantido pelo Siste-
ma, que está completando dez anos. Também nesta edição o leitor encontrará quais são as propostas
da Governança Corporativa para reerguer o setor sucroenergético e as novidades da Fenasucro &
Agrocana 2015, entre outras notícias.
Entrevistas com o engenheiro agrônomo Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Academia
Nacional de Agricultura, da SNA, e com Luís Roberto Pogetti, presidente do Conselho Deliberativo
da União da UNICA (Indústria de Cana-de-Açúcar), também podem ser conferidas na edição de
abril. Além da Coluna Caipirinha, assinada pelo professor Marcos Fava Neves, opinam no “Ponto
de Vista”, Vicente Abade, presidente da ABIFER; Marcos Mattos, diretor-executivo da ABAG-RP
(Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto); José Oswaldo Bozzo, consultor
tributarista e sócio da MJC; Luis A. F. Bellini, engenheiro mecânico da Bellmec Consultoria; José
Rezende e Luiz Barbosa, da PwC Brasil.
As notícias do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, entre elas, a assembleia ordinária
da Copercana, dicas sobre a queima rural, assuntos legais, informações setoriais, classificados e dicas
de leitura e de português também podem ser conferidas na revista de abril.
Safra indefinida
Boa leitura!
Conselho Editorial
RC
Expediente:
Conselho Editorial:
Antonio Eduardo Tonielo
Augusto César Strini Paixão
Clóvis Aparecido Vanzella
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan
Manoel Sérgio Sicchieri
Oscar Bisson
Editora:
Carla Rossini - MTb 39.788
Projeto gráfico e Diagramação:
Rafael H. Mermejo
Equipe de redação e fotos:
Andréia Vital, Fernanda Clariano, Igor Saven-
hago e Rafael H. Mermejo
Comercial e Publicidade:
Marília F. Palaveri
(16) 3946-3300 - Ramal: 2208
atendimento@revistacanavieiros.com.br
Impressão: São Francisco Gráfica e Editora
Revisão: Lueli Vedovato
Tiragem DESTA EDIçÃO:
22.100 exemplares
ISSN: 1982-1530
A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente
aos cooperados, associados e fornecedores do
Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred.
As matérias assinadas e informes publicitários
são de responsabilidade de seus autores. A
reprodução parcial desta revista é autorizada,
desde que citada a fonte.
Endereço da Redação:
A/C Revista Canavieiros
Rua Augusto Zanini, 1591
Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550
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Revista Canavieiros - Abril de 2015
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10 - Ponto de Vista
Vicente Abate
Presidente da ABIFER
(Associação Brasileira da Indústria Ferroviária
Ano IX - Edição 105 - Abril de 2015 - Circulação: Mensal
Índice:
E mais:
Capa - 42
Safra Indefinida
Estimativas entre consultorias
indicam que a produção de cana-
-de-açúcar na temporada 2015/16
ficará entre 649 a 672 milhões de
toneladas
22 - Notícias Copercana
- Show de Ivete Sangalo marca Jantar Beneficente em prol do Hospital de Câncer de
Barretos
- Quase uma tonelada por dia
- Copercana realiza assembleia geral e apresenta balanço de 2014
40 - Notícias Sicoob Cocred
- Balancete Mensal
Entrevista II
Luís Roberto Pogetti
.....................página 08
Pontos de Vista
Vicente Abate
.....................página 11
Marcos Matos
.....................página 12
José Osvaldo Bozzo
.....................página 13
Luis A. F. Bellini
.....................página 16
José Rezende e Luiz Barbosa
.....................página 18
Coluna Caipirinha
.....................página 20
Assuntos Legais
.....................página 42
Destaques:
Governança Corporativa apresen-
ta propostas para reerguer setor
.....................página 49
Fenasucro 2015 deverá movi-
mentar R$ 2,8 bilhões
.....................página 52
Seminário de Mecanização
.....................página 54
Artigo Técnico II:
Ferrugem Alaranjada da Cana-
-de-açúcar
.....................página 58
Informações Setoriais
.....................página 60
Classificados
.....................página 62
Cultura
.....................página 66
Foto:RafaelMermejo
57 - Artigo Técnico
- Avanços técnologicos do setor
sucroenergético nos últimos anos
05 - Entrevista
Caio Carvalho
Presidente da Abag e da Academia Nacional de Agricultura
“Fazer mais com menos”
- Geladeiroteca instala a sétima unidade, no Hospital Dia, em Ribeirão Preto-SP
36 - Notícias Canaoeste
Revista Canavieiros - Abril de 2015
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Revista Canavieiros: Quais são
seus objetivos como novo presidente da
Academia Nacional de Agricultura?
Caio Carvalho: Dar sequência aos
trabalhos em andamento, focados no
acompanhamento das políticas públi-
cas essenciais ao agronegócio, carac-
terizados na documentação enviada
aos candidatos quando da eleição para
Presidente da República. Sem dúvida
alguma, a melhoria nas relações das
entidades de classe nacionais no agro-
negócio é fundamental para governança
deste setor.
Revista Canavieiros: Com 118
anos, a SNA é a mais antiga institui-
ção brasileira voltada para a defesa e
promoção do setor rural. Quais são os
desafios que a entidade deverá ter nos
próximos anos?
Caio Carvalho: Além do monitora-
mento das políticas essenciais, entende-
Caio Carvalho
Fazer mais com menos
Ao assumir a presidência da Academia Nacional de Agricultura, no final de março, o engenheiro agrô-
nomo Luiz Carlos Corrêa Carvalho, conhecido como Caio Carvalho, afirmou que o agronegócio mostra
grande capacidade de sobrevivência e tem uma resiliência formidável. “Veja o caso da cana-de-açúcar, que
é uma cadeia produtiva que continua sofrendo muito apesar de tudo”, alegou o executivo, que também é
presidente da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio).
A Academia Nacional de Agricultura é uma entidade pertencente à SNA (Sociedade Nacional da Agricul-
tura) e tem como missão estudar, discutir e opinar sobre questões de interesse técnico, jurídico e econômico
nas áreas do agronegócio, alimentação e meio ambiente. Carvalho sucede no comando da entidade o ex-
-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues.
Em sua posse, o engenheiro agrônomo fez uma análise sobre as mudanças na geopolítica mundial, afeta-
da, sobretudo, pela volta dos Estados Unidos como grandes produtores de energia e também de alimentos,
fato que pode comprometer as perspectivas de crescimento do Brasil. Ele também abordou os sistemas
protecionistas de vários países que trazem as mais variadas dificuldades para o produtor brasileiro.
Para ele, a crise atual da economia brasileira afeta muito o agronegócio. “O primeiro impacto tem a ver
com a questão de consumo, que sinaliza a inexistência de estoques, queda de preços, além de perdas nos
mercados nacional e internacional. O segundo é a dificuldade de acesso a crédito, no volume e no custo.
Essas são as duas questões que nos afligem”, comentou o engenheiro agrônomo durante cerimônia, que
marcou também o ingresso da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, na Academia. Na ocasião, o ex-minis-
tro da Agricultura e Fazenda Antônio Delfim Netto também foi homenageado.
Confira entrevista completa com o novo presidente da Academia Nacional de Agricultura:
Andréia Vital
Entrevista I
Revista Canavieiros - Abril de 2015
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mos que trabalhar a imagem do setor junto
aomeiourbanoécondiçãoessencialparaa
valorização do agronegócio nacional.
Revista Canavieiros: Embora o
agronegócio tenha se desenvolvido
muito e mantenha a sua importância
no desempenho da economia nacio-
nal, ainda sofre com um deficit de
comunicação. Na sua opinião, o que
deve ser feito para que a população
entenda a “língua do campo”?
Caio Carvalho: Nesse século XXI,
as grandes mudanças que se notam es-
tão na ruptura tecnológica da questão
energética, no crescimento populacio-
nal global com efetivos ganhos de ren-
da, no processo de urbanização rápido
e, como diferencial e se somando à
retomada geopolítica da energia pelos
Estados Unidos da América, a questão
das redes sociais e a velocíssima comu-
nicação no meio urbano.
Desse modo, trabalhar a questão
das informações e da mídia através do
acompanhamento e ativa participação
nas redes sociais, será essencial para o
melhor entendimento do meio rural.
Revista Canavieiros: A infraestrutu-
ra do Brasil é um dos principais garga-
los do agronegócio. Que ajustes são ne-
cessários para resolver este problema?
Caio Carvalho: Todos os diagnós-
ticos já foram feitos e são conhecidos.
O Brasil não fez a lição de casa nos in-
vestimentos necessários em logística e
infraestrutura e, ao mesmo tempo, ex-
pandiu de forma espetacular a oferta de
produtos do agronegócio. Atingimos o
limite. Hoje, o agronegócio não se ex-
pandirá se não ocorrer o efetivo inves-
timento e as realizações das obras de
logística e infraestrutura do Brasil. Afi-
nal, a nova realidade geográfica da pro-
dução de grãos, caracterizada no Estado
de Mato Grosso, e a região conhecida
como MAPITOBA requerem estradas,
hidrovia, ferrovia e portos adequados,
além do armazenamento ampliado nas
propriedades agrícolas.
Revista Canavieiros: A ministra da
Agricultura, Pecuária e Abastecimen-
to, Kátia Abreu, afirmou, recentemen-
te, que é necessário o Brasil ter uma
“Lei de Política Agrícola”, como existe
nos Estados Unidos e na Europa. Qual
é a sua análise sobre o tema?
Caio Carvalho: Conforme relatado
na primeira pergunta, uma lei agrícola
com visão de médio e longo prazos,
incluindo questões chave ao desenvol-
vimento do agronegócio, é, de fato, fun-
damental. Elogios à ministra pela visão.
Revista Canavieiros: A atual crise
da economia brasileira afeta o agrone-
gócio e impacta o consumo e o acesso
a crédito. Como reverter esse quadro,
na sua visão?
Caio Carvalho: Esse quadro é parte
da grave crise por que passa o País, que
inclui não somente a questão do crédito,
mas, principalmente, o recuo nos inves-
timentos no Brasil, incluído nisso o ca-
pital estrangeiro. Além das medidas em
curso coordenadas pelo ministro Levy,
o chamado “corte na carne” com a re-
dução dos ministérios (incríveis 39) é
questão chave para acelerar a retomada
do Brasil que queremos.
Revista Canavieiros: Na sua análi-
se, quais são os desafios que o agrone-
gócio enfrentará nos próximos anos?
Caio Carvalho: A dificuldade de
acesso a crédito, o ciclo de baixos pre-
ços das commodities e a atual realidade
da contaminação do ambiente político
com o ambiente empresarial.
Revista Canavieiros: E o setor su-
croenergético? Há uma luz no final
do túnel para o segmento?
Caio Carvalho: As últimas medi-
das do retorno da CIDE (Contribui-
ções de Intervenção no Domínio Eco-
nômico) no âmbito federal e o bom
exemplo do governo de Minas Gerais
com a redução do ICMS (Imposto so-
bre Operações Relativas à Circulação
de Mercadorias e sobre Prestações de
Serviços de Transporte Interestadual,
Intermunicipal e de Comunicação) do
etanol e o aumento do ICMS da gaso-
lina, são importantes medidas que, se
atingirem níveis adequados, poderão
de fato trazer a recuperação do setor.
Revista Canavieiros: Conforme
apontam especialistas, para aten-
der ao crescimento da população
do mundo, será preciso ampliar a
produção de alimentos em 60% até
2050 e o Brasil será o responsável
por 40% do total desse incremento.
O senhor acredita que o País possa
atender essa demanda?
Caio Carvalho: Do ponto de vis-
ta físico e a capacidade produtiva do
produtor brasileiro, não tenho a menor
dúvida. O que faltam são as condições
essenciais da redução do Custo Brasil
e de efetiva prioridade ao agronegócio.
Revista Canavieiros: Em sua pos-
se, o senhor afirmou ser fundamen-
tal o trabalho pela sustentabilidade
do agronegócio e que essa função
cabe às entidades de classe. O que a
SNA pode fazer no sentido de contri-
buir para um crescimento constante
e sustentável da produção nos próxi-
mos anos?
Caio Carvalho: Tanto a SNA como
a ABAG (Associação Brasileira do
Agronegócio), a CNA (Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil),
a SRB (Sociedade Rural Brasileira) e
outras entidades devem atuar efetiva-
mente no sentido de ter foco nas ações
que visem à sustentável expansão de
oferta do agronegócio. Isso requer com-
petência em governança, que inclui não
apenas o relacionamento com os pode-
res públicos, mas, sobretudo, na busca
de eficiência que se resume no lema de
“fazer mais com menos”. RC
Entrevista I
Revista Canavieiros - Abril de 2015
7
Revista Canavieiros - Abril de 2015
8
Revista Canavieiros: O senhor aca-
ba de assumir a presidência do Conse-
lho Deliberativo da UNICA. Qual é a
sua missão frente ao novo cargo?
Luís Roberto Pogetti: As mais de
120 companhias associadas à UNICA
são responsáveis por mais de 50% do
etanol e 60% do açúcar produzidos no
Brasil. Nosso trabalho é defender os
interesses dos produtores brasileiros de
açúcar, etanol e bioeletricidade no País
e no mundo, além de garantir a sinto-
nia e harmonização desses interesses.
Também estamos concentrados em
desenvolver as condições para aperfei-
çoar o ambiente institucional a fim de
favorecer a competitividade do setor
sucroenergético no Brasil, um dos mais
estratégicos para o futuro do País.
Revista Canavieiros: Na sua visão,
o aumento da mistura de etanol anidro
à gasolina, de 25% para 27%, benefi-
ciará o setor sucroenergético a ponto
de alavancar a sua retomada?
Entrevista II
Luís Roberto Pogetti
Em busca do reconhecimento para o setor
Andréia Vital
“O etanol se caracteriza como um produto pronto para atender às demandas necessárias de mi-
tigação de gases efeito estufa não só do Brasil, mas de todo o mundo. O Brasil dispõe de recursos
naturais para viabilizar o atendimento dessa demanda, de modo sustentável”. A afirmação é de
Luís Roberto Pogetti, presidente do Conselho Deliberativo da UNICA - União da Indústria de Cana-
-de-Açúcar, que assumiu o cargo em fevereiro, em substituição ao ex-ministro Roberto Rodrigues.
Formado em Administração de Empresas pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Mes-
trado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Pogetti é também
presidente do Conselho Deliberativo da Copersucar, do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), da
Alvean Sugar e da Eco Energy Biofuels. Além de integrar o Conselho de Administração da Logum
Logística S.A., empresa responsável pelo projeto do etanolduto no Brasil.
Para o executivo, após forte investimento nos anos 2000, a crise de 2008 acabou afetando forte-
mente toda a cadeia produtiva, pegando algumas empresas altamente endividadas, o que dificultou
a recuperação de muitas delas. “Agora, o momento é de acomodação, de arrumação de casa, inves-
tindo na redução de custos e ganhos de eficiência e em produtividade. Além disso, o desenvolvimento
e disseminação de novas tecnologias têm sido fundamentais para a retomada da competividade”.
Nesta entrevista, Pogetti fala sobre seus desafios no novo cargo. Confira:
Revista Canavieiros - Abril de 2015
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LRP: O aumento da mistura deve
elevar a demanda por anidro em torno
de 1 bilhão de litros por ano. O setor
sucroenergético, que passa pela maior
crise de sua história, está preparado
para atender a esse aumento da mistura
de etanol à gasolina porque a capaci-
dade de produção instalada nas unida-
des produtoras garante o atendimento
dessa nova demanda de consumo. En-
tretanto, a retomada de crescimento do
setor só ocorrerá por meio de um mar-
co regulatório para o etanol e a bioele-
tricidade, que permita previsibilidade
para investimentos.
Revista Canavieiros: Aportes
de grandes tradings para operação
conjunta no setor sucroenergético,
através de novas joint ventures, têm
sido cada vez mais comuns no seg-
mento. O senhor acredita que este
tipo de negociação, de concentração
de grandes grupos, seja um caminho
para o desenvolvimento da cadeia
produtiva canavieira?
LRP: No início dos anos 2000, ob-
servou-se uma grande movimentação
de aquisições e fusões de empresas,
formação de joint ventures, e houve um
forte investimento no setor. A crise de
2008 acabou afetando fortemente toda
a cadeia produtiva, pegando algumas
empresas altamente endividadas, o que
dificultou a recuperação de muitas de-
las. Agora, o momento é de acomoda-
ção, de arrumação de casa, investindo
na redução de custos e ganhos de efici-
ência e em produtividade. Além disso,
o desenvolvimento e disseminação de
novas tecnologias têm sido fundamen-
tais para a retomada da competividade.
Revista Canavieiros: Especialis-
tas do setor alegam que é essencial o
Governo definir o papel do etanol e
da bioeletricidade na matriz energéti-
ca, contribuindo assim para o retorno
da confiabilidade na agroindústria da
cana-de-açúcar, consequentemente
atraindo novos investimentos. O se-
nhor concorda com essa afirmação?
LRP: A UNICA está trabalhando
para contribuir com o governo na cons-
trução de uma proposta de demarcação
do setor. É preciso definir qual o papel
do etanol no longo prazo, o que asse-
gurará previsibilidade e viabilizará a
definição das ações que o setor deverá
tomar para o futuro. É fundamental para
a indústria sucroenergética a existência
de políticas públicas estáveis, de longo
prazo, que reconheçam as externalida-
des positivas dos biocombustíveis, so-
bretudo ao meio ambiente. Estudos re-
alizados apontam que cada 1.000 m³ de
etanol, em substituição ao combustível
fóssil, resulta na mitigação de 2 tonela-
das de CO² equivalentes. Assim, a pro-
dução brasileira de etanol combustível
da ordem de 27 milhões de m³ propicia
a redução anual de 48 mil toneladas de
CO². Outro dado relevante: em 2014,
estima-se que o uso de etanol no Bra-
sil evitou a ocorrência de 1.400 óbitos
decorrentes de doenças vasculares e
respiratórias associadas à utilização de
combustíveis fósseis.
Revista Canavieiros - Abril de 2015
10
Por tudo isso, a UNICA continuará
buscando junto ao Governo a aprova-
ção de uma diferenciação tributária
entre etanol e gasolina, de forma a re-
munerar o biocombustível pelo efeito
positivo que ele traz ao ambiente e, por
consequência, à saúde pública.
Revista Canavieiros: Como está
o diálogo entre o Governo Federal e
o setor sucroenergético? O posicio-
namento da ministra da Agricultu-
ra, Pecuária e Abastecimento, Kátia
Abreu, até o momento, têm sido bom
para o setor?
LRP: A UNICA sempre manteve e
mantém um diálogo franco com os Go-
vernos nas três esferas, federal, estadu-
al e municipal, e mantém abertos seus
canais de comunicação com a opinião
pública e sociedade em geral influindo
junto ao poder público na defesa dos in-
teresses do setor de uma maneira asser-
tiva, clara e eficaz. No caso da ministra
Kátia Abreu, assim como em relação às
demais autoridades, mantemos um diá-
logo constante e trabalhamos em con-
junto para alcançar as metas traçadas no
planejamento estratégico do setor.
Revista Canavieiros: Na sua opi-
nião, quais são as prioridades para a
recuperação do segmento? Como a
UNICA poderá contribuir para que
isso aconteça?
LRP: Em fevereiro deste ano, o Go-
verno autorizou a volta da incidência da
CIDE (Contribuições de Intervenção no
Domínio Econômico) e aumento da alí-
quota de PIS/COFINS (Programas de
Integração Social/Contribuição para Fi-
nanciamento da Seguridade Social) so-
bre a gasolina, em um montante de R$
0,22 por litro, mas essa recomposição
foi parcial. De acordo com a UNICA,
trazida para valores de 2015, a CIDE
deveria incidir em R$ 0,50 por litro.
Trata-se de diferenciação tributária ne-
cessária para compensação dos benefí-
cios que o etanol proporciona ao meio
ambiente, comentados anteriormente.
Outro eixo será a defesa do livre merca-
do de açúcar, buscando afastar a criação
de subsídios e atitudes protecionistas
que distorcem a concorrência e compe-
titividade da indústria.
Por isso, no ano passado, a UNICA,
por meio do Itamaraty, fez questiona-
mentos à Índia na OMC (Organização
Mundial do Comércio) para entender
mecanismos de incentivos dados pelo
país a seus produtores. Neste ano, fez o
mesmo com a Tailândia. Ainda não ob-
teve resposta, mas está preparada para
iniciar, se for o caso, um contencioso
internacional para ambos os casos.
Revista Canavieiros: A produção
de energia via biomassa tem potencial
para crescer cerca de 15% este ano, de
acordo com especialistas. Na sua ava-
liação, a cogeração poderá servir de
trampolim para o setor sair da crise?
LRP: A geração e comercialização
de energia pela biomassa contribuem de
forma importante para o desempenho
econômico e financeiro da nossa indús-
tria, mas, por si só, não são suficientes
para redundar na saída da crise.
Revista Canavieiros: Seu ante-
cessor, Roberto Rodrigues, defendia
a criação de um Proer (Programa de
Estímulo à Reestruturação e ao For-
talecimento do Sistema Financeiro
Nacional) - implementado no governo
de Fernando Henrique Cardoso para
ajudar os bancos – dedicado às usinas.
Qual é a sua opinião a respeito?
LRP: Devemos buscar um conjun-
to de ações que restabeleça a competi-
tividade do setor, que permita então a
geração de recursos suficientes para fa-
zer frente às obrigações financeiras da
indústria.
Revista Canavieiros: O senhor já
afirmou que o etanol contempla o tripé
da sustentabilidade, ou seja, é econô-
mico, social e ambiental. Mesmo as-
sim, enfrenta muitas barreiras. Então,
o que esperar do etanol brasileiro? A
2ª geração do produto pode ser consi-
derada passagem garantida para um
futuro promissor?
LRP: Acredito na reabilitação da
competitividade do etanol. O etanol se
caracteriza como um produto pronto
para atender às demandas necessárias
de mitigação de gases efeito estufa não
só do Brasil, mas de todo o mundo. O
Brasil dispõe de recursos naturais para
viabilizar o atendimento dessa demanda,
de modo sustentável.Além disso, o setor
está investindo fortemente em inovação
tecnológica através, principalmente, do
CTC (Centro de Tecnologia Canaviei-
ra), na busca de variedades de cana mais
produtivas e processos de produção mais
eficientes. O etanol de segunda geração
integra este esforço de inovação tecnoló-
gica e deverá contribuir para a melhoria
de competitividade da produção.RC
Entrevista II
Revista Canavieiros - Abril de 2015
11
Ponto de Vista I
Setor agrícola nacional, cada vez mais pujante
*Vicente Abate
Vicente Abate
E
spera-se um novo recorde na sa-
fra 2014/2015, que deverá atin-
gir pouco mais de 200 milhões
de toneladas de grãos e cereais, além de
um volume expressivo de cana-de-açú-
car. A cogeração de energia renovável,
através da biomassa originada de cana-
-de-açúcar e do eucalipto, faz parte do
avançado desenvolvimento tecnológico
do setor agrícola.
Em que pese a depreciação dos pre-
ços internacionais das “commodities”
agrícolas, fatores favoráveis como o
clima, aplicação de tecnologia e câm-
bio, ensejam resultados auspiciosos
para o agronegócio brasileiro, susten-
táculo do que ainda há de positivo na
balança comercial do País.
Tudo isso, como sabemos, acontece
da porteira para dentro, pois falta ao
Brasil uma infraestrutura de transporte
e de armazenagem que permita movi-
mentar, com menores custos, os mais
variados produtos aos seus destinos,
seja o mercado consumidor doméstico
ou a exportação.
Com a expansão crescente da frontei-
ra agrícola para o Centro-Oeste e Nor-
deste brasileiros, torna-se imperiosa a
construção de ferrovias que, integradas
aos modos rodoviário e hidroviário, pos-
sibilitem um transporte de grãos mais
competitivo, incentivando a sua saída
para os portos do Norte e Nordeste e de-
safogando os do Sul e Sudeste do País.
A Ferrovia Norte-Sul, de Palmas a
Anápolis, já se encontra em fase inicial
de operação comercial. Até o primeiro
semestre de 2016, sua continuação até
Estrela D’Oeste (680 km) será também
uma realidade, que se conectará com
a Malha Paulista da Rumo-ALL. Se-
rão 2.700 km desde São Luís a Estrela
D’Oeste e 1.700 km de Rondonópolis
até Santos, ininterruptos, na mesma bi-
tola (1,60m) de alta capacidade.
Falta, ainda, destravar os projetos
iniciais do PIL ferroviário. Espera-se
que no segundo semestre de 2015 seja
lançado o leilão do primeiro trecho, en-
tre Lucas do Rio Verde e Campinorte.
Para isso, seria oportuno que o Gover-
no Federal e as concessionárias atuais
chegassem a uma convergência entre o
modelo vertical vigente e o modelo ho-
rizontal proposto, aproveitando e maxi-
mizando as vantagens que cada modelo
oferece, em prol de um sistema ferrovi-
ário mais eficaz.
Do lado da indústria ferroviária bra-
sileira, as concessionárias e os usuários
do transporte ferroviário já contam com
vagões bastante produtivos, com maior
capacidade de carga e menor tempo de
carga e descarga, disponíveis para todos
os tipos de produtos.
Modernas locomotivas, de alta po-
tência e com motores de corrente al-
ternada, economizam cerca de 30% de
combustível e são menos poluentes.
Os materiais para a construção e ma-
nutenção da via permanente garantem
a qualidade e segurança requeridas nas
operações ferroviárias.
Enfim, toda a cadeia produtiva desta
indústria está apta a fornecer todos os
materiais e equipamentos necessários,
projetados por engenheiros e técnicos
brasileiros.
A união de uma ferrovia forte, com
uma indústria forte, contribui para me-
lhorar o necessário e premente desen-
volvimento do Brasil.
*Vicente Abate – Presidente da
ABIFER (Associação Brasileira da
Indústria Ferroviária) RC
Revista Canavieiros - Abril de 2015
12
Ponto de Vista II
O futuro do Agronegócio: a Sustentabilidade
frente aos cenários políticos e econômicos
*Marcos Matos
S
e o Brasil é, sem contestação,
uma grande potência na produ-
ção de alimentos, fibras e ener-
gia e também na geração e difusão de
conhecimento e tecnologia, muitos
esforços foram empreendidos. A com-
petitividade do agronegócio brasileiro
é resultado do empreendedorismo e da
melhor organização dos produtores em
cooperativas e associações somados ao
trabalho de instituições de ensino, pes-
quisa, desenvolvimento e inovação.
O agronegócio brasileiro é exemplo
de produção e preservação, pois, se tra-
balhasse ainda sob as condições tecno-
lógicas dos anos 1990, seriam necessá-
rios mais 68 milhões de hectares para
atingir a atual produção.
Além do desmatamento evitado, o uso
da tecnologia na agri-
cultura vem reduzindo
a pressão sobre os re-
cursos naturais, como
solo e água. As chama-
das boas práticas adota-
das no campo, como o
plantio direto, o uso ra-
cional dos insumos por
meio da agricultura de
precisão, a construção e
manutenção de terraços
e a integração lavoura-
-pecuária-floresta, entre
outras, têm ajudado a
reduzir desperdícios,
aumentar a recarga de
aquíferos e regular o
fluxo hídrico ao longo do ano. A adoção
de boas práticas de produção, somada à
recuperação da vegetação nativa nas áre-
as ao redor dos cursos d’água e nascentes,
contribui significativamente para a pre-
servação dos recursos hídricos, fornecen-
do um importante serviço ecossistêmico a
ser incentivado.
O agronegócio apresenta relevante
importância na economia brasileira e
mundial, principalmente devido à in-
tegração das cadeias produtivas e dos
diversos agentes envolvidos, o que re-
sulta na geração de riqueza e empregos
entre os elos produtivos. Segundo o
CEPEA (Centro de Estudos Avançados
em EconomiaAplicada), o PIB do agro-
negócio foi de R$ 1,79 trilhão em 2014,
1,59% de crescimento em relação ao
ano anterior. Embora o resultado con-
solidado tenha encerrado 2014 abaixo
das expectativas, a expansão observada
é significativa frente aos resultados am-
plamente divulgados para a economia
como um todo.
O contexto macroeconômico de
2014 foi marcado por inflação em alta
e estagnação econômica, devido às in-
certezas do cenário econômico, influen-
ciadas pelos desdobramentos políticos
e pela perda de con-
fiança do setor priva-
do. Somado a isso, o
deficit de infraestru-
tura do Brasil que
resulta em elevados
custos logísticos, o
complexo sistema
tributário, a falta de
segurança jurídica
e a carência de po-
líticas consistentes
de seguro de renda
demandam esforços
ainda maiores aos
produtores rurais e a
todos os agentes dos
elos das cadeias pro-
dutivas do agronegócio.
Para os próximos anos, as preocu-
pações do setor produtivo se acentuam
frente aos desafios esperados para toda
a economia. De acordo com o Boletim
Focus do Banco Central, a estimativa
para do IPCA (Índice Nacional de Pre-
ços ao Consumidor Amplo) em 2015
atingiu 8,30%, superando o teto da
meta oficial de 6,50%. As projeções
para o PIB mostram retração de 1,01%
em 2015 e ligeira recuperação de
1,10% em 2016. Em relação ao câm-
bio, estimativas do mercado financeiro
mostram o dólar valendo R$ 3,25 no
fechamento de 2015.
A despeito dos desafios que o País
enfrenta em 2015, o agronegócio tende-
rá a ser o grande condicionante do de-
sempenho da economia brasileira, fren-
te às estimativas para os demais setores.
Diante disso, é crescente a necessidade
de fortalecer e ampliar a representativi-
dade do agronegócio, a fim de que seja
possível consolidar as ações em defesa
dos legítimos interesses do agronegócio
e de valorização institucional do setor.
Para tanto, os esforços deverão se con-
centrar na criação de uma estratégia
abrangente, articulada e consistente en-
tre o executivo, o legislativo, o judiciá-
rio e a sociedade.
A sustentabilidade de todo o agro-
negócio brasileiro só estará assegu-
rada diante do apoio e de reconheci-
mento, tanto da sociedade quanto do
ambiente político.
*Marcos Matos é engenheiro agrô-
nomo e diretor-executivo da Associação
Brasileira do Agronegócio da Região
de Ribeirão Preto (ABAG/RP)
Marcos Matos
RC
Revista Canavieiros - Abril de 2015
13
Ponto de Vista III
Boa gestão tributária garante sustentabilidade
às empresas
*José Osvaldo Bozzo
José Osvaldo Bozzo
E
m momentos de instabilidade
econômica como o que vivemos,
utilizar a criatividade pode ser
essencial para garantir a sobrevivência
de uma empresa. O grande problema é
quando o gestor empresarial é tentado a
utilizar criatividade em uma área sensí-
vel, como é a das obrigações tributárias.
Um dos elementos de gestão que é
bastante lembrado em momentos de cri-
se é o chamado planejamento tributário.
Este termo – que não é visto com bons
olhos pelos agentes do Fisco, pois reme-
teria a possíveis tentativas de elisão ou
até de evasão fiscal por parte das empre-
sas – engloba uma série de iniciativas de
administração voltadas a viabilizar ins-
trumentos que permitam a redução da in-
cidência de taxas, contribuições e tribu-
tos sobre o faturamento das companhias.
Em um momento em que vemos na
imprensa nacional graves investigações
de supostos desvios praticados por em-
presas, instituições e por servidores pú-
blicos contra a Receita Federal – como
é o caso da Operação Zelotes, da Polí-
cia Federal e do Ministério Público, que
apura possíveis irregularidades que so-
mam até R$ 19 bilhões em autuações fis-
cais –, buscar medidas “milagrosas” para
fugir da “mordida do leão” pode não ser
a melhor das saídas. Vale destacar que as
punições impingidas pelo Fisco contra
operações tributárias consideradas em
desacordo com as normas vigentes são
graves e podem, em alguns casos, invia-
bilizar a sobrevivência de uma empresa.
Por outro lado, não manter uma per-
feita, organizada e adequada gestão fis-
cal, de acordo com tudo aquilo que leis,
normas, princípios e ferramentas atuais
estabelecem, pode significar a perda de
importantes recursos de uma organi-
zação, especialmente se ela for objeto
de multas fiscais pelo simples fato de
haver desatenção no cumprimento das
obrigações tributárias.
Todo gestor empresarial brasileiro
conhece muito bem a complexidade no
cumprimento das exigências do sistema
tributário nacional. Aliás, tal complexi-
dade, e o custo que seu gerenciamento
representa para as corporações, é um
dos elementos comumente incluídos no
chamado “custo Brasil”. Dispor de pro-
fissionais preparados e plenamente atua-
lizados nas ordenações desse complexo
sistema e manter perfeita organização na
gestão tributária são fatores essenciais
para: primeiro, cumprir no limite míni-
mo estrito as obrigações fiscais – o que
representa a economia de recursos por
evitar o recolhimento de valores não de-
vidos ao Fisco; e, segundo, e não menos
importante, evitar erros no cumprimento
das obrigações mínimas que possam ge-
rar indesejadas punições e multas pelas
autoridades fiscais.
Retomando o tema da criatividade
aplicada à gestão empresarial, é impor-
tante perceber que ser criativo no cam-
po tributário é algo temerário, e pode
gerar transtornos tremendos às empre-
sas e a seus gestores. Afinal, sabemos
que, por exemplo, o Fisco abomina a
chamada elisão fiscal (quando os ad-
ministradores buscam brechas nas leis
e normas para que as empresas paguem
menos impostos). São comuns os casos
em que uma empresa pensa estar pra-
ticando a elisão, enquanto que o Fisco
considera a atitude uma evasão fiscal.
Esteja certo de que o Fisco irá sem-
pre priorizar a forma de arrecadar mais
recursos para as instâncias governa-
mentais, impondo punições graves
àqueles que são considerados infratores
de suas regras. É claro que as empre-
sas têm direito de recorrer de multas e
punições fiscais a outras instâncias, seja
no nível administrativo – como é o caso
do CARF (Conselho Administrativo de
Recursos Fiscais), instituição que está
no olho do furacão da Operação Zelotes
– ou do Judiciário. O problema é saber
se vale a pena apostar na possível rever-
são de decisões do Fisco, conhecendo
a morosidade da Justiça brasileira e os
altos custos que podem representar a
perda de processos nessa área.
Sem contar os riscos relativos à pos-
sível responsabilização dos próprios
gestores caso as autoridades fiscais
considerem ter havido gestão malicio-
sa e, portanto, crime contra o erário. Os
exemplos atuais estão repletos de casos
de empresários sendo responsabiliza-
dos criminalmente pela má gestão de
suas empresas, alguns deles, inclusive,
encarcerados.
Atenção, experiência, conhecimento
e cautela são, portanto, qualidades es-
senciais exigidas dos gestores fiscais na
atualidade. Contar com equipes prepa-
radas para dar as respostas mais ade-
quadas aos desafios da administração
tributária moderna é um passo primor-
dial para evitar a perda de importantes
recursos, assim como preservar o prin-
cipal patrimônio de uma corporação,
que é a sua sustentabilidade.
*José Osvaldo Bozzo
(jbozzo@mjcconsultores.com.br) é
consultor tributarista e sócio da MJC
Consultores. Formado em Direito,
iniciou carreira na PwC. Foi também
Sócio da BDO e da KPMG e professor
de Planejamento Tributário na USP –
MBA de Ribeirão Preto. RC
Revista Canavieiros - Abril de 2015
14
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Revista Canavieiros - Abril de 2015
16
Ponto de Vista IV
A crise não passou.... e agora?
* Luis A. F. Bellini
Luis A. F. Bellini
N
unca nosso setor sofreu tanto.
Vimos e estamos vendo usi-
nas de todos os “tamanhos” e
“idades” fechando as portas ou fazen-
do malabarismos para tentar passar por
essa crise que ninguém sabe quando vai
acabar. Qualquer sinal de otimismo é na
minha opinião... chute!
Numa análise mais detalhada, as em-
presas “sobreviventes” ou menos endi-
vidadas são as que no passado comete-
ram menos erros e buscaram se adiantar
em ações que buscavam produtividade
e baixos custos. Aprendi muito cedo,
ainda no início de minha carreira, que
a área agrícola tinha que ser lucrativa
independente da indústria.
Os orçamentos eram separados. As
metas eram sempre apertadas, fazen-
do com que a busca por produtividade
fosse constante em todos os setores das
áreas envolvidas na produção de cana.
Uma grande parte das usinas naque-
la época tinha um raciocínio diferente
daquele que priorizava custos. As mar-
gens de lucro eram gordas, o governo
“amiguinho”, o etanol era largamente
utilizado e competia em igualdade com
a gasolina e a mecanização da colhei-
ta (principalmente) era só uma questão
de estratégia de algumas usinas, muito
mais do que uma questão de redução de
custos como é hoje.
Quando a legislação trabalhista e
ambiental forçou as usinas a adotarem
a prática da colheita mecanizada foi um
“Deus nos acuda”. Faltaram máquinas,
operadores, mecânicos e grandes erros
foram cometidos pelos quais muitos es-
tão pagando um preço bem salgado até
hoje e outros certamente fecharam as
portas por não terem feito a migração
da colheita manual para a mecanizada
de forma planejada.
A falta de respeito com a lavoura na
hora da colheita, nos pisoteios e no ex-
cessivo trânsito sobre a palhada, leva-
ram a uma compactação e redução de
produtividade absurdas, fazendo com
que o denominador da equação de cus-
tos ficasse cada vez menor enquanto o
numerador dessa mesma fração só cres-
cia, por conta das exigências trabalhis-
tas, ambientais e custos de insumos e de
manutenção da frota.
Para as empresas que ainda podem e
têm tempo, a busca por produtividade e
redução de custos passou a fazer parte das
rotinas e os profissionais envolvidos nes-
sa tarefa vêm aos poucos contando com
importantes evoluções nessa direção.
Novas tecnologias que podem signifi-
car a economia de importantes centavos
na fração de custos estão aí ao alcance de
quem ainda pode pagar, tais como:
Agricultura de precisão - tecnologia
tão largamente utilizada no exterior está
começando a tomar corpo no Brasil. Os
preços dos equipamentos, GPS, bases,
antenas, programas, sinais de satélite
estão caindo, permitindo um melhor
planejamento dos talhões com aumento
de linhas plantadas, diminuição das ma-
nobras dos equipamentos, aumentando
a produtividade e reduzindo custos ope-
racionais, além de disciplinar o tráfego
fora das linhas de cana, diminuindo, as-
sim, a destruição das soqueiras.
Plantadoras de toletes mais eficien-
tes - com câmeras de vídeo que permi-
tem o monitoramento da deposição dos
colmos e a diminuição de falhas, além
de permitirem que um único operador
dirija o trator e gerencie a plantadora.
Pesquisa intensiva em minitoletes
e mudas pré-brotadas (MPB) - que vi-
sam um menor desperdício de mudas,
homogeneidade na distribuição e maior
garantia de germinação.
Cogeração de energia através da pa-
lha de cana - mercado em crescimento
que ainda não definiu se a melhor for-
ma é trazer a palha agregada na cana ou
compactá-la na lavoura e transportá-la
em caminhões, mas que de qualquer
forma é uma rica fonte de energia que
tem potencial, numa visão modesta, de
gerar energia para o Brasil equivalente
a uma hidroelétrica de Belomonte, que
tanta polêmica vem causando por seu
impacto ambiental.
Novos espaçamentos de plantio - que
permitem a canterização da lavoura, evi-
tando o pisoteio e disciplinando a com-
pactação, além de aumentar a produtivi-
dade da colheita e reduzir o consumo de
combustível por tonelada colhida.
Enfim, acho que estamos num mo-
mento importante, em que, apesar da
crise instalada somos chamados a re-
ver paradigmas e práticas que podem
nos levar a um novo patamar de desen-
volvimento. Cabe a cada um de nós,
técnicos, gestores, administradores e
empreendedores, arregaçar as mangas,
reclamar menos e acreditar que pode-
mos fazer a diferença, sabendo que é
um bom negócio plantar cana, produzir
etanol, açúcar e gerar energia.
*Engenheiro mecânico da Bellmec
Consultoria Ltda RC
Revista Canavieiros - Abril de 2015
17
Revista Canavieiros - Abril de 2015
18
Fonte: PwC Brasil
Ponto de Vista V
Mapeamento e controle de processos: uma
necessidade das usinas
José Rezende*
Luiz Barbosa**
Luiz BarbosaJosé Rezende
A
complexidade de uma usina
de cana pode ser medida pelo
número de processos e riscos
para sua operação. Em média, as usinas
possuem 16 macroprocessos, os quais
estão permeados por diversos riscos,
sendo, principalmente, riscos opera-
cionais, financeiros, ambientais e de
imagem. Esses elementos podem gerar
desde ineficiência e retrabalho até frau-
des com impacto financeiro e exposição
indevida do nome da usina na mídia.
Segundo levantamento realizado
pela PwC Brasil, existem cerca de 840
riscos relacionados a esses processos,
que vão desde o plantio da cana até a
comercialização dos produtos finais,
passando por todos os seus processos
principais e também de apoio admi-
nistrativo. O processo Agrícola é o que
possui o maior número de riscos identi-
ficados (213). Em seguida, vem o pro-
cesso de Suprimentos, com 123 riscos
e, em terceiro lugar, o processo de Re-
cursos Humanos, com quase 70 riscos
mapeados. Juntas, essas três áreas res-
pondem por quase metade de todos os
riscos mapeados em uma usina.
O controle e o mapeamento de cada
processo são essenciais para uma boa
gestão, evitam falhas e ineficiências e
permitem uma melhor administração
dos custos de produção. No entanto,
o levantamento da PwC mostrou que
cerca de 72% dos processos das usinas
apresentam alguma ineficiência.
Os processos da área agrícola, res-
ponsável por cerca de 70% dos custos
de produção de açúcar e etanol, são os
principais pontos que requerem melho-
ria e estão relacionados com o registro
das operações e manejo da cultura. No
caso do registro, também chamado de
apontamento, é muito comum o uso
de controles manuais,
apontamentos duplica-
dos de operações, au-
sência de registro de
serviços terceirizados,
falta de rastreabilidade
dos insumos e serviços,
possibilidade de desvio
de insumos, registros
de colheitas em áreas
não colhidas, entre ou-
tros. Já no que se refere
ao manejo da cultura, a
eficiência e redução de
custos estão atreladas
ao uso correto dos in-
sumos, desde a escolha
dos produtos a serem
utilizados até a forma de
aplicação.
Um instrumento que
pode propiciar melhor
controle no manejo e
contribuir para os ga-
Riscos identificados por tipo de processos das usinas
Revista Canavieiros - Abril de 2015
19
nhos de eficiência agrícola é a Agricul-
tura de Precisão (AP). Essa tecnologia
possibilita a identificação
das condições gerais das
áreas produtivas e permite
administrar o uso de insumos
por meio de dosagens espe-
cíficas de acordo com as ne-
cessidades de cada área. Na
prática, isso se traduz no uso
de tecnologia para gerar in-
formações confiáveis para a
tomada de decisão no campo,
aumentando a precisão.
A Agricultura de Precisão é, portan-
to, uma excelente ferramenta para su-
portar a melhoria dos controles adota-
dos em uma usina ou em qualquer outra
agroindústria com produção agrícola.
Vale ressaltar, porém, a importância das
fases que antecedem a adoção da tec-
nologia, como o devido mapeamento e
gestão dos diversos processos e contro-
les pertinentes a cada área.
Enfim, o mercado vem passando por
diversas mudanças, em um ambien-
te competitivo crescente a cada ano.
A existência de processos bem defini-
dos, normas, procedimentos
e controles documentados e
regularmente testados pode
aumentar a confiança das
informações, tornar a toma-
da de decisão mais precisa
e ágil e oferecer maior con-
fiança aos acionistas e ao
mercado. Conhecer e pro-
mover melhorias no nível de
eficiência de seus processos
é vital para que uma empresa
possa buscar crescimento estruturado e
de longo prazo.
*Sócio da PwC Brasil
**Gerente da PwC Brasil e
especialista em Agribusiness RC
Revista Canavieiros - Abril de 2015
20
P
rimeiro, queria dar ao leitor da
Caipirinha uma boa notícia. Te-
remos este ano a reedição do Ca-
minhos da Cana, que em 2014 circulou
mais de 20 cidades fazendo pesquisas,
palestras e propostas ao setor. Iremos
em 2015 para mais 20 cidades, concen-
trando as visitas no segundo semestre.
Queria aqui mais uma vez agradecer ao
apoio financeiro da Bayer e da Case, e
ao apoio institucional da Orplana, Unica,
FEA-RP, Fundace, Markestrat e Canao-
este, além, é lógico, de todas as demais
associações do setor, que nos receberão
para o trabalho. Estou muito animado e
vocês acompanharão as visitas, as prin-
cipais fotos, aqui nesta coluna.
Voltando agora às notícias ruins...
Comecei o semestre dizendo aos meus
alunos da disciplina de planejamento,
que este ano de 2015 seria o pior dos
meus 20 anos dando aulas em Ribeirão
Preto, na FEA/USP. E, desde minha
primeira aula no final de fevereiro, as
coisas só pioraram...
A gestão econômica dos últimos
anos nos entregou um deficit em conta
corrente de 4%. O ano será difícil, pois
buscaremos um superavit de cerca de
1% ao final do ano;
Depreciação do real foi de 40%
em um ano, algo que dificilmente tenha
entrado nos cenários das empresas;
Itaú BBA acredita em redução de
1,5% no PIB do país em 2015;
A inflação em alta e o IPCA de-
vem superar 8,5%, reconhecido até pelo
Governo;
Juros devem ir a 13%, dificultan-
do ainda mais quem tem endividamento;
Vale sempre lembrar que fazer
um forte ajuste fiscal em economia em
recessão é muito ruim, pois a própria
recessão tira arrecadação do Governo;
Câmbio ajudou a reverter a ques-
tão da desconfiança do agronegócio,
mas esta segue muito grande na popu-
lação brasileira, o que deve agravar o
quadro econômico;
Desemprego aumentando vai
reduzir médias salariais e reduzir for-
temente o consumo das famílias, agra-
vando o quadro;
O fator câmbio é o que vai trazer
a retomada da competitividade, mas ele
seleciona, pois os grupos mais fortes te-
rão mais impactos positivos.
Como está nossa cana?
CONAB divulga estimativa de
safra de 592 milhões de toneladas no
Centro-Sul. A produção de açúcar será
de 33,72 milhões de toneladas, (5,4%
maior). Para a CONAB, a produção to-
tal de etanol será de 26,89 bilhões de
litros (1,4% maior);
Estudo do IEA/Apta mostrou que
a produtividade da cana em SP na safra
14/15 caiu 9,6%, principalmente devi-
do ao clima seco que caracterizou este
período.
Como está nosso açúcar?
Expectativa da Índia é de produ-
zir 2% a mais que a safra anterior, che-
gando a 26,5 mi t.;
Em recente análise de custos de
produção atualizados com as desva-
lorizações das moedas frente ao US$,
Arnaldo Correa aponta que o custo no
Brasil está em 11,71 cents/libra peso.
Quando FOB, aumenta para 13,70. Na
África do Sul o custo é de 11,14 e na
Austrália, de 12,38. Estes países tive-
ram forte desvalorização das moedas.
Já Índia e a Tailândia não tiveram, e
seus custos ficaram maiores. Na Índia
é de 23,17 (com o subsídio cai para 20)
e na Tailândia é de 16,21. O real desva-
loriza bem mais que as demais moedas
dos países competidores do Brasil;
A ISO acredita que a produção
mundial supera o consumo nesta safra
em 620 mil toneladas;
Cada ponto adicional no mix para
alcooleiro reduz a produção de açúcar
entre 750 até 800 mil toneladas. Portan-
to, a solução seria produzir mais etanol,
mas com a remuneração em reais do
açúcar está havendo movimento inverso;
Arnaldo Correa aponta que o
custo no Brasil está em 11,71 cents/li-
bra peso. Quando FOB, aumenta para
13,70. Na África do Sul o custo é de
11,14 e na Austrália, de 12,38. Estes
países tiveram forte desvalorização das
moedas. Já Índia e a Tailândia não ti-
veram, e seus custos ficaram maiores.
Na Índia é de 23,17 (com o subsídio cai
para 20) e na Tailândia é de 16,21;
Subsídio sendo dado pela Índia e
pela Tailândia faz com que a produção
não se reduza. Expectativa da Índia é de
produzir mais de 24 milhões de tonela-
das, 13% a mais;
Com o real desvalorizado, esti-
ma-se que os preços de break even do
açúcar passaram a algo próximo a 12
cents por libra peso;
Efeitos do câmbio: preços médios
em R$/tonelada (FOB Santos) foram de
864 (2013), 880 (2014) e expectativa
para 2015 de R$ 920/t.;
As Usinas que estão fixadas apre-
sentam preço médio de R$ 971/t (Archer);
Primeiros dois meses: exporta-
ções de açúcar foram de apenas 3,4 mi-
lhões de toneladas, 13,5% menores que
em 2014;
Finalmente, compartilho com o
leitor fotos (ao lado) que tirei deste açú-
car nos EUA. Vejam que interessante,
na embalagem coloca-se o número de
calorias, para mostrar que são poucas,
tem-se o diferencial exaltado que é fei-
to de cana, e no verso, vejam como a
Coluna Caipirinha
Marcos Fava Neves*
Caipirinha
Como está o nosso agro e o cenário econômico?
Revista Canavieiros - Abril de 2015
21
empresa está ligada nas novas mídias
sociais, participando de praticamente
todas as plataformas existentes.
Como está nosso etanol?
Etanol hidratado chegou a atingir
R$ 1,41/l em 2 a 6/fev. Agora em que-
da livre, desnecessária, atingindo R%
1,15. Alguns traders estão enxugando
o mercado via exportações de anidro,
favorecidas pelo câmbio atual;
Os prejuízos da Petrobras no Lu-
lopetismo foram impressionantes, su-
peram qualquer das piores expectativas
existentes, e a empresa está sem crédito
e reduzindo investimentos. A nova ges-
tão e da Petrobras será benéfica ao se-
tor. Nível de alavancagem bastante alto,
vai ter que virar e isto implica positiva-
mente o setor de cana. Crescimento da
produção da Petrobras será bem menor,
o que ajuda no etanol como substituto;
O ministro das Minas e Energia
deu impactante palestra onde mostra o
buraco que estamos na questão de su-
primento de combustíveis, e isto pode
representar um novo alento ao etanol,
com planos de longo prazo;
Estoques (final de março) estão
mais elevados nas usinas (2,8 bilhões
de litros, contra 1,6 bi l no ciclo ante-
rior). Destes, 1,1 bilhão de litros é de
hidratado, acima em cerca de 500 mi-
lhões do ano anterior (Bioagência);
Consumo de hidratado no pri-
meiro bimestre foi de 2,5 bilhões de
litros, 16% a mais que em 2014. E con-
sumo da gasolina foi 0,72% menor (6,9
bilhões de litros);
Preços do etanol na usina caem,
mesmo na entressafra. Queda este ano
entre 10 a 15%, enquanto que nos pos-
tos recuou apenas 2%. Mais uma vez se
transfere renda do setor produtor para o
setor distribuidor;
No primeiro bimestre de 2015 o
consumo de etanol hidratado no Bra-
sil subiu da participação de 16,5% em
2014 para 20,4%;
Apesar de não remunerador, as
vendas de etanol pelas usinas em março
bateram importante marca, 47% maior
que em 2014. Foi comercializado 1,45
bilhão de litros.
Quem é o homenageado do mês?
Todos os meses esta coluna home-
nageia uma personagem do setor de
cana. Este mês faremos uma homena-
gem ao grande Antonio Cesar Salibe,
presidente executivo da UDOP, que
tem enorme e histórico trabalho em
defesa do setor sucroenergético, fora a
grande simpatia!
Haja Limão:
A popularidade da presidente (em
minúscula propositalmente) atingiu
níveis muito baixos, e praticamente
2/3 da população brasileira defende
sua saída. Eu pegaria meu boné. Um
governo paralisado, desidratado, e já
temos praticamente o PMDB coman-
dando o Brasil, com o vice-presidente
na articulação política e os presiden-
tes da Câmara e do Senado ditando as
reformas e a agenda. Dia 12 de abril
tivemos outra manifestação enorme no
Brasil, repercutindo internacionalmen-
te, e os movimentos sociais de nova
geração, entre eles o Vem Pra Rua, fo-
carão agora sua atuação no Congresso.
Para nosso alento, todos defendem a
redução do tamanho do Estado, e a efi-
ciência, algo que o PT fará apenas na
marra, pois não é de seu perfil e visão
ideológica. Haja limão para o Estado
brasileiro. E digo mais, com a recente
aproximação de Cuba dos EUA, cada
vez mais os bolivarianos vão ficando
isolados no continente.
*Marcos Fava Neves é Professor
Titular da FEA/USP,
Campus de Ribeirão Preto.
Em 2013 foi Professor Visitante
Internacional da Purdue
University (EUA)
21
RC
Revista Canavieiros - Abril de 2015
22
Show de Ivete Sangalo marca Jantar Beneficente
em prol do Hospital de Câncer de Barretos
I
vete Sangalo foi a estrela do 9º Jan-
tar Beneficente realizado pelo Siste-
ma Copercana, Canaoeste e Sicoob
Cocred em prol do Hospital de Câncer
de Barretos-SP, no último dia 2 de abril.
Com um show romântico e intimista, a
cantora baiana ocupou, por duas horas,
o palco do Centro de Eventos Coperca-
na, em Sertãozinho-SP, novíssimo es-
paço inaugurado em junho de 2014 com
a Feira de Agronegócios Copercana. No
repertório, composições próprias e can-
ções que ficaram marcadas nas vozes de
outros artistas.
O show é uma parceria com o Hos-
pital de Câncer de Barretos para arreca-
dar recursos que garantam o tratamento
de pacientes de todo o país, neste que
é considerado o mais avançado centro
oncológico do Brasil. Nos anos anterio-
res, também estiveram presentes nomes
consagrados da Música Popular Brasi-
leira: Chitãozinho e Xororó, Leonardo,
Daniel, Zezé di Camargo e Luciano,
Sérgio Reis e Renato Teixeira, Victor e
Léo, Paula Fernandes e Jorge e Mateus.
Fernanda Clariano
Igor Savenhago
O evento deste ano recebeu cerca de
1.400 pessoas, que puderam desfrutar
do conforto do Centro de Eventos, um
local moderno e sofisticado que con-
ta com área total de 10,3 mil metros
quadrados, estacionamento, vestiário,
sanitários, palco e camarins, cozinha e
apoio para buffets e estrutura completa
para receber feiras, shows, formaturas e
outros eventos.
Além de se divertir com o carisma
de Ivete, o público assistiu à cantora ser
homenageada pela dedicação às ações
do hospital. O “pedacinho do céu”, peça
em acrílico desenvolvida especialmente
Pela primeira vez, o evento, promovido pelo Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred,
foi realizado no novíssimo Centro de Eventos Copercana, em Sertãozinho
Centro de Eventos Copercana
Revista Canavieiros - Abril de 2015
23
Estrutura
para os cantores que participam do jan-
tar, foi entregue por Henrique Prata, di-
retor do Hospital de Câncer de Barretos,
e por Antonio Eduardo Tonielo, presi-
dente da Copercana e do Sicoob Cocred.
“Tem muitas coisas que eu gosta-
ria de fazer. São crianças, são idosos,
é uma série de outras doenças que são
marginalizadas. Mas que felicidade eu
poder ser cantora e ajudar com uma
coisa que sei fazer e que nem dá tanto
trabalho. É só prazer”, afirmou Ivete.
Para Tonielo, a realização do jantar é
motivo de satisfação. “Pra nós, da famí-
lia Copercana, é muito importante porque
não estamos ajudando só o hospital, mas
a população da região e de grande parte
do país, porque o hospital atende o Brasil
inteiro. Com essas ações, o pessoal dá va-
lor ao hospital, o que é fundamental para
que a gente continue sempre apoiando”.
A diretoria do Sistema Copercana,
Canaoeste e Sicoob Cocred, através
dos diretores Antonio Eduardo To-
nielo, Manoel Ortolan e Pedro Esrael
Bighetti, agradece a todas as pessoas,
empresários e fornecedores de produ-
tos e serviços que se empenharam para
a realização do evento. E lembram que
o sucesso do show também é mérito da
equipe de colaboradores, que não medi-
ram esforços para que tudo ocorresse de
forma tranquila e harmônica.
Mais de R$ 600 mil (receita líqui-
da) serão repassados para o Hospital de
Câncer de Barretos.
Reconhecido internacionalmente, o
Hospital de Câncer de Barretos realiza
100% dos atendimentos via SUS (Sis-
tema Único de Saúde). Recebe, anual-
mente, mais de dez mil novos casos de
câncer e realiza 4,5 mil atendimentos
diários. Com mais de 3,5 mil colabora-
dores e um corpo clínico de quase 400
médicos, oferece, ainda, alojamentos
gratuitos e cerca de dez mil refeições to-
dos os dias a pacientes e acompanhantes.
Gerido pela Fundação Pio XII, que
existe desde 1967, está presente não só
em Barretos, mas possui unidades de
prevenção e tratamento em Jales-SP
e Fernandópolis-SP, Porto Velho-RO,
Juazeiro-BA e Campo Grande-MS.
O desafio de manter toda essa es-
trutura em funcionamento cresce dia a
dia, na medida em que a instituição se
torna cada vez mais conhecida e requi-
sitada. Como a tabela do SUS e outras
verbas estaduais e federais não cobrem
os custos, o deficit mensal chega a R$
11 milhões, valor que precisa ser arre-
cadado por meio de doações e eventos
beneficentes, como o jantar promovido
pelo Sistema Copercana, Canaoeste e
Sicoob Cocred.
“Eu sou encantado com o projeto,
que sempre foi, na cabeça e no cora-
ção do Antonio Tonielo, a vontade
de sempre nos ajudar. É um grande
exemplo e uma grande parceria que o
hospital tem. Um orgulho, para que a
gente possa ter a motivação se saber
que todo ano existe um interesse e uma
vontade, cada vez maiores, de nos aju-
dar”, disse Henrique Prata.
Fotos:RafaelMermejo
Antonio Eduardo Tonielo e Henrique Prata entregaram um
“Pedacinho do Céu” para a Ivete Sangalo
Revista Canavieiros - Abril de 2015
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Sandra e Pedro Esrael Bighetti
Danilo Lima, Manoel, Sandra e Érica Ortolan Márcio, Rodolfo e Rita Meloni
Andrea e Giovanni RossanezDaniel e Solange Annibal
Luiz Carlos Tasso JúniorSérgio Sicchieri e Rosali Bonato
Antonio Eduardo e Neli Tonielo
Fotos:RafaelMermejoeJoyceTolentino Notícias Copercana
Revista Canavieiros - Abril de 2015
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Francisco César, Maria José e Lívia Urenha
Márcio Zeviani
Danilo Lima e Érica Ortolan
Dra. Rita Tonielo
Fabiola Ali Meri e Fernanda Pinoti
Natália, Giovana e Solange Tonielo
Cláudia Tonielo e Arnaldo Jardim
Patricia Selegato
Foto:AmndréiaVital
Revista Canavieiros - Abril de 2015
26
Depoimentos
Confira outras opiniões sobre o 9º
Jantar Beneficente em prol do Hospital
de Câncer de Barretos:
Pedro Esrael Bighetti
Diretor da Copercana
Temos que agradecer a Deus, em
primeiro lugar, por estarmos aqui numa
casa nova e o pessoal colaborando com
uma causa social, principalmente para
o Hospital de Câncer de Barretos, mui-
to bem organizado e administrado pelo
Henrique Prata e pela equipe dele. Es-
tão todos de parabéns. Por isso, faze-
mos esse evento com ânimo. Sabemos
onde a verba vai ser aplicada. Graças
à diretoria, aos funcionários e à equipe
da Copercana, conseguimos fazer uma
ação desse porte com sucesso.
Sandra Bighetti
Esposa de Pedro Esrael Bighetti
Inicialmente, parabenizo ao Sistema
Copercana pela construção do Centro
de Eventos, que é monumental e abriga
muitas pessoas de forma bem aconche-
gante. Este evento tem um grande obje-
tivo, que é angariar fundos para o Hos-
pital de Câncer de Barretos e do qual
nos sentimos muito bem em participar.
Por isso, parabenizo o Sistema Coper-
cana mais uma vez.
Frederico Dalmaso
Gerente de Comercialização Insu-
mos da Copercana
Esse é o nono ano do evento e os
recursos arrecadados são muito im-
portantes para o Hospital de Câncer de
Barretos. Acho que é uma obrigação do
ser humano colaborar com os mais ne-
cessitados. E que bom que a Copercana
consegue juntar essas pessoas e empre-
sas que têm condições de ajudar. Somos
apenas o veículo e levamos essa doação
até o hospital. É um grande evento e
está de parabéns o Sistema Copercana,
Canaoeste e Sicoob Cocred.
Manoel Ortolan
Presidente da Canaoeste
Não é só desse evento que as nossas
empresas participam. Apoiamos mui-
tas outras entidades da região, mas
este, sem dúvida, é o maior evento
que temos feito nos últimos anos. Um
motivo maior de satisfação é estarmos
no nosso Centro de Eventos. Quando
o planejamos, tínhamos em mente a
nossa feira de Agronegócios e, tam-
bém, um conforto maior aos nossos
convidados. Esse sonho está sendo re-
alizado aqui hoje. Então, estamos du-
plamente felizes. Primeiro, por poder
contribuir com o hospital que tem um
trabalho fabuloso, reconhecido não só
no Brasil, mas mundialmente. E tam-
bém por estarmos estreando o Centro
de Eventos Copercana.
Revista Canavieiros - Abril de 2015
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Sandra Ortolan
Esposa de Manoel Ortolan
Acho importante participar desses
eventos que têm sido realizados durante
esses nove anos porque, de certa for-
ma, eles contribuem para a melhoria de
qualidade de vida de pessoas com difi-
culdades financeiras para fazer os tra-
tamentos. Por isso, todos os envolvidos
estão de parabéns.
Neli Tonielo
Esposa de Antonio Eduardo Tonielo
Para começar, a diretoria da Coper-
cana está de parabéns pelo evento. O
prédio é maravilhoso, o pessoal está
comentando muito, dando os para-
béns e dizendo que nem Ribeirão Pre-
to tem um local como esse que temos
aqui em Sertãozinho. Agradecemos
muito a Deus e ao pessoal da Coper-
cana, que está sempre se empenhando
em ajudar o Hospital de Câncer de
Barretos. Infelizmente, aqui em Ser-
tãozinho, tem muita gente com essa
doença e que procura a diretoria da
Copercana para ser encaminhada. En-
tão, todos contribuem com este even-
to porque conhecem o trabalho que é
feito lá em Barretos.
Luiz Carlos Tasso Júnior
Superintendente da Canaoeste
É com muita alegria que participo
de um evento como este, que angaria
recursos ao Hospital de Câncer de
Barretos e que tem um pessoal muito
dedicado à saúde de pessoas debili-
tadas e simples. Sempre trabalhamos
em prol disso, da comunidade, de aju-
dar as pessoas. E um evento deste ta-
manho permite contribuir e retribuir
tudo que a sociedade faz por nós, do-
ando um pouquinho para o Hospital
de Câncer de Barretos.
Márcio Meloni
DiretorAdministrativo e Financei-
ro da Sicoob Cocred
Acho que empresas como a Co-
percana, a Canaoeste e a Sicoob Co-
cred têm quase que uma obrigação de
contribuir com essa área social, prin-
cipalmente com o Hospital de Câncer
de Barretos, que dá uma assistência
muito boa não só para Barretos, mas
para a região e para o país. Nesse
momento de crise que vivemos, um
evento como esse é essencial para
o hospital. Tenho certeza de que é
muito bem-vindo esse dinheiro nes-
sa hora. Têm muitas outras empresas
contribuindo e a gente só tem a agra-
decer a elas.
Francisco César Urenha
Diretor de Crédito da Sicoob Cocred
É uma alegria poder participar de um
evento desse porte, com artistas desse
nível, tudo por uma causa muito nobre,
que é ajudar o Hospital de Câncer de
Barretos. Eu me sinto muito feliz de fa-
zer parte e estar vivendo este momento
junto com todos os diretores do Sistema
Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred.
Manoel Sérgio Sicchieri
Assessor das diretorias do Sistema
Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred
É uma grande satisfação, para a di-
retoria e todos os presentes, trazermos
a Ivete Sangalo neste nono ano, junta-
mente com a inauguração da parte social
do Centro de Eventos da Copercana. A
Ivete é uma grande cantora. Acredito
que todo mundo tenha gostado. Espero
que nos próximos anos tenhamos outros
eventos de sucesso como foi o de 2015,
para uma causa tão nobre que é ajudar o
Hospital de Câncer de Barretos.
Ismael Perina
Presidente do Sindicato Rural de
Jaboticabal
É nessa hora que a gente vê que o
ser humano não mede esforços para co-
laborar com uma causa extremamente
nobre, que é o trabalho do Hospital de
Câncer de Barretos. Acho que o empe-
nho das empresas, das pessoas, é o que
permite que ele funcione da maneira
como funciona, podendo atender gen-
te do Brasil inteiro. Felizmente, graças
a eventos como este, muitas pessoas
têm sido curadas. Parabenizo, então,
Revista Canavieiros - Abril de 2015
28
Barretos, na própria Ibitiúva, que é a
minha cidade, todo ano tem um evento
em prol do hospital e procuro sempre
estar à disposição para o que for pre-
ciso. Quero parabenizar o Toninho To-
nielo e toda a diretoria da Copercana,
porque é um belo evento.
João Luiz Sverzut
Diretor da Caldema
Fico muito grato, muito satisfeito. Es-
tou contente por estar aqui, ser convidado
da Copercana a participar desse evento.
É uma ação muito bonita, porque é uma
caridade que a gente faz para um hospital
que tem tanta necessidade. Também fico
satisfeito de ver toda essa estrutura que foi
montada. A Copercana está de parabéns.
Francisco Luiz Galo
Gerente de Suprimentos da Usina
da Pedra
Estamos muito felizes porque a Co-
percana representa um elo muito impor-
tante da cadeia de suprimentos do setor
de produção de etanol e açúcar. E quan-
do vemos um parceiro tão importante
preocupado em mobilizar a sociedade
para trazer benefícios e ajudar entida-
des com as quais o governo deixa de se
comprometer mais intensamente, isso
fortalece ainda mais a cadeia produtiva.
Além de ter produtos, serviços, você
tem um bem social que é conseguido
com esse trabalho.
de confraternização. Que possamos fa-
zer com que este exemplo se prolifere,
se multiplique por aí.
José Marossi
Gerente estratégico da Dupont
É uma honra para a Dupont colabo-
rar com um evento beneficente do porte
que é este aqui.Aempresa participou de
todos os nove anos do jantar e continu-
ará participando. Engrandece muito a
relação entre a Dupont e o Sistema Co-
percana uma ação deste nível.
Cássio Lucenti
Fornecedor de cana
Todos nós devemos, dentro do possí-
vel, colaborar com o Hospital de Câncer
de Barretos, que ajuda tantas pessoas.
Isso é muito importante, principalmente
para as pessoas com mais necessidade.
Não só aqui em Sertãozinho, mas em
a Copercana, a Canaoeste e a Sicoob
Cocred, que juntas realizam um pou-
quinho mais para que o atendimento
continue caminhando e acontecendo de
maneira tão bonita como está sendo ao
longo de todos esses anos.
Letícia Pignata
Encarregada do Departamento de
Marketing
Se não fosse toda a equipe da Coper-
cana, que envolve gestores em todas as
áreas, não conseguiríamos realizar esse
evento. Conto com o apoio de todos e
só tenho a agradecer todo mundo que
está sempre me ajudando. Para montar o
show, tem todo um trabalho, mas, na hora
em que você termina e vê a realização,
tudo organizado, tudo tranquilo, é mara-
vilhoso. É todo mundo unido pelo bem.
Arnaldo Jardim
Secretário de Agricultura e Abas-
tecimento do Estado de São Paulo
Nove anos já. Imagino quantas pes-
soas tiveram uma vida melhor por conta
disso. Este evento contribuiu para que
pessoas se curassem, ajudou a terem
menos sofrimento. Uma vida já valeria
a pena, mas foram muitas. Então, quero
cumprimentar a Copercana, a Canaoes-
te e a Sicoob Cocred por essa iniciativa,
que é um exemplo. Se muitas outras en-
tidades fizessem isso, seria maravilho-
so. Cumprimento, também, a todos os
que estão aqui, por este dia de alegria, RC
Notícias Copercana
Revista Canavieiros - Abril de 2015
29
Revista Canavieiros - Abril de 2015
30
Milena Talamoni,
encarregada da BioCoop
Notícias Copercana
Quase uma tonelada por dia
Q
uase três milhões de quilos de
materiais reaproveitados. Este
é o saldo de uma década de
trabalho da BioCoop, projeto mantido
pelo Sistema Copercana, Canaoeste e
Sicoob Cocred. Todo esse volume cor-
responde a uma média de 300 mil qui-
los/ano, ou 25 mil/mês – perto de uma
tonelada por dia. São embalagens plás-
ticas, de papel, vidro e até sucata. O que
potencialmente era lixo não vai mais
para descarte. É vendido para empresas
de reciclagem, o que gera recursos para
bancar campanhas que visam recolher
ainda mais material. Um círculo virtuo-
so. O meio ambiente agradece.
Os próprios números da BioCoop
mostram que é possível aumentar, ano
a ano, a carga que, retirada da natureza,
não polui mais. E ainda vira renda. O
levantamento, de abril de 2005, quan-
do o projeto foi inaugurado, até o final
do ano passado, mostra um crescimen-
to substancial de praticamente todos os
materiais recebidos. Na comparação
com o ano de 2006, o primeiro em que o
recolhimento foi feito durante os 12 me-
ses, o volume de papelão reaproveitado
subiu 38%, passando de 213.291 qui-
los para 294.570 em 2014. No mesmo
período, plástico e papel praticamente
dobraram. O primeiro saltou de 14.520
quilos para 30.604. Já o outro teve um
incremento de 14.654 para 29.425.
Ao todo, nesses dez anos de atu-
ação, a BioCoop soma 2.895.277,4
quilos de recicláveis. E é bom lembrar
que, nesse placar, nem estão compu-
tadas as sacarias, caixas de madeira e
lâmpadas, que são processadas não por
quilo, mas por unidade.
O sucesso do empreendimento pode
ser explicado por alguns fatores. Um de-
les foi a aposta do Sistema Copercana,
Canaoeste e Sicoob Cocred quando ain-
da pouco se falava em preservação am-
Igor Savenhago
Este é o volume médio de materiais recicláveis processados pela BioCoop, projeto do Sistema
Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred que está completando dez anos
biental. Pioneirismo que também ficou
evidente com as campanhas de cons-
cientização, que incentivam os próprios
colaboradores a separar o lixo em casa.
Elas não existiam até 2009. A partir de
setembro daquele ano, com a chegada
de Milena Talamoni, atual responsável
pelo departamento, a divulgação passou
a ser mais efetiva. A receita era simples.
Aqueles que contribuíssem com os pro-
gramas de reaproveitamento receberiam
cupons para concorrer a brindes.
“Na época, muitos funcionários do sis-
tema sabiam da existência da BioCoop,
mas não exatamente o que ela fazia. Hoje,
acredito que o reconhecimento do traba-
lho já é bem maior”, afirma Milena.Além
de coordenar as campanhas e cuidar da
triagem dos materiais, ela conta com o
apoio de outros dois colaboradores, Ota-
ciano Dionísio de Oliveira e Claudirene
de Mattos, que fazem a separação.
Milena se formou no fim de 2008
e, sete meses depois, conquistava seu
primeiro emprego como bióloga, jus-
tamente na BioCoop. Percebeu um
ambiente propício para a implantação
das campanhas. E não demorou para
que houvesse a adesão de vários co-
laboradores.
Claudirene de MattosOtaciano Dionísio de Oliveira
Revista Canavieiros - Abril de 2015
31
Hábito
A assistente de contas a receber do
departamento financeiro do sistema,
Carmen Sílvia Nadaleto Cancian, já ti-
nha o hábito de separar os recicláveis
em casa. Todo o volume era entregue
no bairro mesmo, a pessoas conhecidas
e que sobreviviam da venda. Mas elas
pararam de passar. Carmen, no entanto,
persistiu. E precisava dar outro destino
aos materiais. “Quando vieram as cam-
panhas da BioCoop, passei a levar para
lá”. Hábito que virou herança. “Tenho
duas filhas e, quando elas consomem
algum alimento, como enlatado ou lei-
te, já lavam e separam”.
A cada 15 dias, a assistente entrega
ao projeto três sacolas cheias de reci-
cláveis. Tanto zelo rendeu prêmio. Em
2014, Carmen foi contemplada com
uma cesta básica e uma de higiene pes-
soal, doadas a um amigo. “Eu já estava
pensando até em comprar uma cesta
para ele, mas não foi necessário”.
Campanhas
Além de fazer a reciclagem de mate-
riais que seriam descartados pelas lojas
e supermercados do Sistema Coperca-
na, Canaoeste e Sicoob Cocred, a Bio-
Coop promove, anualmente, duas cam-
panhas que visam ampliar a destinação
correta de materiais: “Seu reciclável
vale muito” e “Natal Socioambiental”.
No ano passado, só estas iniciativas
evitaram o descarte, na natureza, de
mais de três toneladas de resíduos. De-
pendendo da campanha, a cada 15 ou
20 itens de recicláveis enviados à Bio-
Coop, o colaborador entra num sorteio
para concorrer a cestas básicas e de hi-
giene mensalmente e dezenas de brin-
des em dezembro de cada ano.
Participante ativa o ano todo, Car-
men também destina à BioCoop lacres
de latas de alumínio. Eles são trocados
por cadeiras de rodas, que, por sua vez,
são direcionadas a entidades assisten-
ciais – 11 delas já foram beneficiadas,
em quatro anos de existência dessa
campanha, em diferentes municípios da
área de cobertura do sistema.
Só em 2014, foi arrecadada, apro-
ximadamente, uma tonelada de lacres,
que podem ser entregues em qualquer
unidade da Copercana, da Canaoeste
e do Sicoob Cocred, como supermer-
cados, postos de combustíveis, auto
center, lojas de ferragens, magazines,
unidade de grãos, agências bancárias,
biblioteca e no Cred Clube. A extensa
divulgação do trabalho ajudou a BioCo-
op a se tornar conhecida e requisitada
também em vários pontos de Sertãozi-
nho-SP. Tanto que moradores passaram
a colaborar com o projeto, doando não
só lacres como materiais recicláveis.
Outra marca inconfundível da Bio-
Coop são as campanhas de reforma de
Milena Talamoni e
Carmen Sílvia Nadaleto Cancian
Entrega da Cadeira de Rodas em
Jaborandi no Centro de Promoção da
Sabedoria e Experiência da 3ª idade
Entrega de Cadeira no Lar dos Velhos de Cajuru
uniformes usados pelos colaboradores
do sistema. Em vez de serem descar-
tados, eles são lavados e passam por
ajustes para que sejam reutilizados por
pessoas que precisam de roupas. No
ano passado, mais de 450 peças foram
entregues à Polícia Militar de Sertãozi-
nho e, posteriormente, doadas ao Fundo
Social de Solidariedade.
	
SERVIÇO:
BioCoop
Rua Expedicionário Lellis, nº 702
Sertãozinho-SP
Telefone:
(16) 3946-3300 (Ramal 2140)
Principais
materiais	 2005	 2006	2007	2008	2009	2010	 2011	 2012	 2013	2014	TOTAL
											
Em quilos											
Papelão	 149.790	 213.291	 214.050	 228.474	 242.760	 247.490	 248.530	 232.990	 289.817	 294.570	 2.361.762
Plástico	 7.348	 14.520	 18.150	 18.831	 20.230	 21.280	 20.560	 26.636,7	 29.230	 30.604	 207.389,7
Papel	 9.720	 14.654	 7.386	 15.281	 21.069	 24.672	 24.619	 24.419	 22.646	 29.425	 193.891
Sucata	 1.190	 1.320	 0	 3.220	13.670	21.480	 8.930	21.040	10.760	28.852	110.462
Vidro	 0	 0	 0	 0	 0	 370	 440	3.820	3.630	5.680	13.940
											
Em Unidades											
Caixas Madeira	 8.970	 21.801	 25.291	 30.437	 30.248	 30.657	 35.812	 30.051	 19.548	 17.392	 250.206,9
Sacarias	 1.533	 4.048	 0	3.765	6.986	6.502	 4.563	4.485	5.174	5.061	42.117
Lâmpadas	 0	 0	 0	 0	 1.086	 1.573	 2.246	 1.184	 1.000	 1.400	 8.489
Fonte: BioCoopRC
Revista Canavieiros - Abril de 2015
32
Copercana realiza assembleia geral e apresenta
balanço de 2014
C
om o propósito de fazer a pres-
tação de contas da administração
referente ao exercício de 2014, a
Copercana (Cooperativa dos Plantado-
res de Cana do Oeste do Estado de São
Paulo) realizou sua Assembleia Geral
Ordinária, no dia 26 de março, no audi-
tório da Canaoeste, em Sertãozinho-SP.
Com a participação de diretores e coope-
rados, o encontro foi conduzido pelo di-
retor presidente da Copercana, Antonio
Eduardo Tonielo, participando também
da mesa diretora o diretor superinten-
dente Manoel Ortolan e o diretor secre-
tário, Pedro Esrael Bighetti. Na ocasião,
eles foram assessorados pelo advogado,
Clóvis Aparecido Vanzella, e pelo gestor
de Controladoria e Contabilidade, Mar-
cos Molezin.
A reunião teve como pauta a desti-
nação das sobras líquidas do exercício,
além da eleição do Conselho Fiscal
2015/2016, que assim ficou definido:
efetivos: Gaspar Carmanhan da Silvei-
ra, Célio Márcio Sorci e Luis Antonio
Lovato e seus suplentes: Silvio Lovato,
Milton Martelli e Carlos Cesar Rodri-
gues da Silva.
“Apesar do cenário de instabilidades
atravessado pelo setor sucroenergéti-
co, resultado de políticas equivocadas
adotadas pelo Governo Federal, que
prejudicam, principalmente, o etanol,
ficamos satisfeitos em informar que
com o trabalho e empenho de todos, a
rentabilidade da Copercana segue em
ritmo crescente, não sofrendo grandes
impactos, uma prova de que a coope-
rativa tem aproveitado os momentos
de crise para ousar e crescer, oferecen-
do produtos e serviços de qualidade”,
afirmou Tonielo, ao dar início à assem-
bleia. Ele enfatizou, ainda, que diante
desse fato, a cooperativa cumpriu o
objetivo de estimular a atividade agrí-
cola e que as metas da cooperativa, que
Andréia Vital
A cooperativa terminou o ano de 2014 com 6.299 cooperados e 1.438 funcionários
terminou o ano com 6.299 cooperados
e 1.438 funcionários, foram alcançadas
com sucesso.
Ao apresentar os dados referentes ao
ano de 2014, o gestor de Controladoria e
Contabilidade, Marcos Molezin, desta-
cou que a Copercana ofereceu produtos
e serviços agrícolas para facilitar o dia
a dia do agricultor, como defensivos,
fertilizantes, corretivos e implementos
destinados às lavouras em geral, espe-
cialmente à cultura da cana-de-açúcar,
combustíveis e lubrificantes, prestação
de serviços e recebimento e armazena-
gem de soja, amendoim e milho. Como
também os produtos das lojas de maga-
zine, ferragens e supermercados, além
de serviços automotivos.
Os destaques ficaram por conta da
inauguração do Centro de Eventos Co-
percana, uma área total de 10,3 mil m²,
com estacionamento próprio e toda es-
trutura completa para feiras, shows, for-
maturas e outras festividades, inclusive
para oAgronegócio Copercana e o jantar
beneficente em prol do Hospital de Cân-
cer de Barretos. Além do centro, foram
inauguradas as lojas de Paulo de Faria/
SP, em março; Barretos-SP, em maio;
e Batatais-SP, em dezembro; do posto
de combustíveis em Jaboticabal-SP, em
abril; e a reinauguração da loja de Santa
Rita do Passa Quatro-SP, em junho. Já
em Sertãozinho-SP foram feitas várias
melhorias, entre elas, a modernização e
reinauguração do supermercado.
Também foi proporcionada a par-
ticipação dos produtores em diversos
eventos do setor, realizadas reuniões
técnicas e treinamentos.
O laboratório, localizado no mes-
mo espaço da Uname (Unidade de
Grãos da Copercana) realizou 12.980
análises de solo, 2.194 análises de
micronutrientes, 456 análises entre
gesso, fertilizantes e torta de filtro e
1.100 análises texturais. Já o sistema
de recolhimento de embalagens regis-
trou 98,7 toneladas, sendo 74 tonela-
das de embalagens laváveis e 24,7 to-
neladas de embalagens não laváveis.
O projeto amendoim registrou o plan-
tio em 13.457 hectares e, o projeto
soja, 3.200 hectares. Também foram
comercializados: 180.666 sacas de
60kg de milho; 214.936 sacas de 60kg
de soja; 1.812.107 sacas de 25 kg de
amendoim; 190.000 toneladas de fer-
tilizantes; 7.958.874 quilos/litros de
defensivos; 18.582.000 litros de com-
bustíveis (diesel, gasolina e etanol);
126.919 toneladas de corretivos de
solo, sendo 96.282 toneladas de cal-
cário e 30.637 toneladas de gesso.
No encerramento da assembleia, o
presidente da Copercana ressaltou que
o “trabalho em prol do cooperado con-
tinuará firme em 2015 para que todos
tenham as melhores oportunidades e
para isso contamos com a colaboração
e dedicação dos funcionários”.RC
Notícias Copercana
Revista Canavieiros - Abril de 2015
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Inscrições com desconto
até dia 15 de maio
20 anos
HERBISHOW 14º
Revista Canavieiros - Abril de 2015
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Revista Canavieiros - Abril de 2015
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Notícias Canaoeste
Geladeiroteca instala a sétima unidade, no
Hospital Dia, em Ribeirão Preto-SP
A
brir as portas para o conheci-
mento e para o prazer da leitura.
Esses são alguns dos objetivos
do projeto Geladeiroteca, desenvolvido
pela Biblioteca General Álvaro Tavares
Carmo, da Canaoeste, e que entregou,
no dia 24 de março, sua sétima unida-
de – a primeira fora de Sertãozinho-
-SP. Desta vez, o local escolhido para
receber a antiga geladeira, que, com
intervenções artísticas, se transforma
em estante de livros, foi o Hospital Dia
(anexo ao HC - Hospital das Clínicas),
onde são promovidas reuniões do Gru-
po Comunitário de Saúde Mental de Ri-
beirão Preto-SP.
O dia da entrega foi de festa. A sole-
nidade, acompanhada por participantes
do grupo, começou com reverência a
Tom Jobim. A canção “Eu sei que vou
te amar”, executada pelos músicos Vic-
cenzo Sampaio e Gildo Legure, do Co-
ral e Orquestra Del Chiaro, de Ribeirão,
deu o tom do evento, lembrando que
são múltiplas as formas de declarar o
amor aos livros.
“Acho que leitura e música cami-
nham juntas. Quanto mais a gente ouve,
mais quer ouvir, mais quer conhecer.
Como um livro, faz com que os senti-
mentos aflorem”, afirmou Sampaio. Já
Legure ficou encantado ao ver o públi-
co vidrado, tanto no som quanto nas le-
tras. “A emoção é algo inerente, à mú-
sica e à leitura. Impossível separar uma
coisa da outra. Nosso principal objetivo
é atingir as pessoas e ficamos muito fe-
lizes quando isso é possível”.
Além do Hospital Dia, as reuniões do
Grupo Comunitário são feitas em outras
três instituições de Ribeirão: no ECEU
(Espaço Cultural e de Extensão Uni-
versitária), na Avenida Nove de Julho;
no Centro de Saúde Escola, localizado
no bairro Vila Tibério; e na Unidade de
Saúde da Família do bairro Eugênio
Mendes Lopes. São rodas de conversa
Igor Savenhago
É a primeira vez que o projeto é implantado fora de Sertãozinho-SP; proposta
é atender aos participantes do Grupo Comunitário de Saúde Mental
que duram cerca de uma hora
e meia, sempre iniciadas com
um sarau. Os usuários levam
músicas, relatos de filmes, poe-
sias e outros textos e contam os
motivos daquelas escolhas. Na
sequência, compartilham expe-
riências e reflexões sobre a vida.
O Grupo Comunitário existe
há 18 anos, por meio de uma
parceria entre o Hospital Dia e
o Centro de Psicologia Aplicada
da Faculdade de Filosofia, Ciên-
cias e Letras da USP-Ribeirão.
O psiquiatra Sérgio Ishara, co-
ordenador do grupo, que, duran-
te o evento de entrega da Geladeiroteca
declarou o amor aos livros recitando
trechos de poemas que ouvia na infân-
cia, explica que o projeto desenvolvido
pela Canaoeste irá contribuir para ar-
ticular ainda mais as propostas do tra-
balho realizado no hospital. “Os livros
trazem sempre, de alguma forma, uma
experiência. E poder estar perto dos
livros significa poder conhecer mais
sobre experiências, sobre a vida, o que
é entusiasmante. Os livros podem nos
ajudar a amar a vida”.
Ishara soube da Geladeiroteca por
meio da secretária do grupo, Maria
Luiza, que conheceu o projeto durante
a Feira do Livro de Ribeirão Preto, em
2014. Eles entraram em contato com
o bibliotecário da Canaoeste, Haroldo
Luís Beraldo, com quem foi estabele-
cida, também, uma parceria. A partir
daí, começou o desafio de selecionar
Dr. Sérgio Ishara e o Bibliotecário Haroldo Beraldo
Lola Cauchick
Revista Canavieiros - Abril de 2015
37
Amor, trabalho e reconhecimentoalguém que pudesse ilustrar a geladei-
ra. O nome sugerido foi o de Lola Cau-
chick, artista de rua, acostumada a fazer
intervenções em espaços urbanos. “O
convite foi interessante. Eu nunca havia
feito algo nesse tipo de suporte. Já pin-
tei até kombis. Mas uma geladeira foi a
primeira vez”, disse ela.
Utilizando a técnica do grafite, de
várias cores, ela desenhou corujas. O
motivo? Só mesmo uma declaração aos
livros com arte. “Não tenho uma razão
específica para as corujas. Pinto outros
tipos de personagem, mas acabei me
apaixonando pelas corujas. Fui desen-
volvendo, agregando mais detalhes e
cores e elas se tornaram o que são hoje”.
Com a pintura, o que antes se limi-
tava a uma carcaça de geladeira vira
uma ferramenta lúdica, interativa,
com um conteúdo que remete ao ali-
mento. “Mas, diferente dos alimentos
comuns, que, quando comemos fica-
mos saciados, o livro é um alimento
que quanto mais lemos mais quere-
mos ler”, disse Ishara.
A proposta de transformar geladei-
ras velhas em bibliotecas, que teve iní-
cio em 2013, rendeu ao bibliotecário
Haroldo Luís Beraldo e à Canaoeste
reconhecimentos importantes no ano
passado, como o Prêmio Vivaleitura,
recebido em Brasília-DF – que classifi-
cou a Geladeiroteca entre os 20 melho-
res projetos do Brasil e entre os cinco
vencedores na Categoria “Bibliotecas
Públicas, Privadas e Comunitárias” –,
além de participação, na capital pau-
lista, do 7º Seminário Internacional de
Bibliotecas Públicas e Comunitárias
(Biblioteca Viva).
Antes do Hospital Dia, seis pontos
em Sertãozinho foram contemplados:
o ambulatório da UBS (Unidade Básica
de Saúde) Plínio de Lima Rubião, no
Jardim Recreio; a EMEI (Escola Muni-
cipal de Educação Infantil) Aracy Pelá,
no Jardim Porto Seguro; a ABA (Asso-
ciação de Amigos do Bairro Alvorada);
o CEJUSC (Centro de Solução de Con-
flitos e Cidadania), no bairro Shangri-
-lá; o CCI (Centro de Convivência do
Idoso), no Jardim Soljumar; e o CRAS
V (Centro de Referência de Assistência
Social), na Vila Garcia.
Para a inauguração da sétima unida-
de, foram cedidos livros do acervo da
própria Biblioteca da Canaoeste e hou-
ve, também, doações, como a liderada
por Uanda Cristina Silva, funcionária
Uanda Cristina Silva
Revista Canavieiros - Abril de 2015
38
Biblioteca da Canaoeste promove tarde cultural
Outra ação realizada pela Biblioteca
General Álvaro Tavares Carmo no mês
de março, sob coordenação do biblio-
tecário Haroldo Luís Beraldo, foi uma
tarde cultural, com a peça teatral “O
Buraco”. A apresentação, no dia 31, foi
no Teatro Municipal Olympia Faria de
Aguiar Adami, reunindo várias gerações
da comunidade sertanezina. A iniciativa
contou com o apoio do grupo de teatro
Dalapagarapa e do Departamento de
Cultura e Turismo de Sertãozinho.
Mais que uma expressão artística, o
teatro trabalha a noção de importância
do indivíduo e do coletivo, quando des-
perta para ações em equipe, por meio
das quais cada um aprende a lidar com
situações de grupo, possibilitando a so-
cialização. Na peça, isso aparece quan-
Fernanda Clariano
do dois palhaços passam a enfrentar um
grande desafio. Ignorando um alerta, um
deles acaba caindo em um buraco fundo
e, na tentativa de resgate pelo amigo, o
que se vê é uma sequência de situações
bastante engraçada. Dividem o palco os
atores Toninho Costa e Sérgio Coelho.
“Essa é a segunda vez que trabalha-
mos o teatro através da biblioteca. É
uma forma que estamos adotando para
propiciar outros tipos de atividades cul-
turais para a população, ou seja, não se
restringir aos serviços de informações
de acervo, livros, revistas, internet, mas
oferecer várias formas de linguagem ar-
tística gratuitamente”, disse o bibliote-
cário da Canaoeste.
do serviço de psicoterapia do HC. Co-
movida com a iniciativa, ela reuniu os
amigos de uma rede social e arrecadou
dezenas de exemplares, de autores re-
nomados da nossa literatura, como José
de Alencar e Clarice Lispector.
“Gosto muito de leitura. Então, fui
atrás do meu grupo do WhatsApp e até
de um grupo de corrida do qual faço par-
te. O pessoal foi se simpatizando com a
ideia e um foi pedindo para outro, que
pediu para outro, e conseguimos uma
doação bem expressiva”, conta. “Con-
sidero a doação também como ato de
amor aos livros, que são companheiros
nas horas mais difíceis. Acho muito im-
portante ir espalhando a ideia, divulgan-
do isso que é um recurso maravilhoso
que temos, a literatura”, declarou.
Para Haroldo Beraldo, que diz de-
clarar o amor aos livros com muito
trabalho, levar a Geladeiroteca ao Hos-
pital Dia é especial. “Principalmente
por conta da parceria que fizemos com
a Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto, algo muito simbólico, que de-
monstra que o trabalho está sendo re-
conhecido, visto e apropriado, inclusive
fora de Sertãozinho”.
Ele acredita que o projeto permiti-
rá ampliar a atuação do Grupo Comu-
nitário de Saúde Mental. “O trabalho
envolve temáticas ligadas à literatura,
música e outros tipos de arte com os
pacientes. E a geladeira como supor-
te lúdico pode ser uma ferramenta di-
versificada de trabalho, uma forma de
proporcionar um pequeno acervo, que
eles não tinham aqui ainda”.
E para quem pensa que a missão do
dia está cumprida, Beraldo avisa: “Saio
daqui para buscar mais uma geladeira”.
O endereço é um apartamento na Zona
Sul de Ribeirão. Doação de um casal
que conheceu o projeto há alguns dias.
Agora, ela será adaptada e receberá um
novo toque artístico para que possa,
também, abrir as portas para o conheci-
mento e se transformar, em algum can-
to da região, numa mensageira do amor
aos livros. “Logo, teremos novidades”,
conclui o bibliotecário.
Haroldo Beraldo
RC
Revista Canavieiros - Abril de 2015
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Revista Canavieiros - Abril de 2015
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Notícias Sicoob Cocred
Balancete Mensal - (prazos segregados)
Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do
Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados)
- Fevereiro/2015 - “valores em milhares de reais”
Sertãozinho/SP, 28 de Fevereiro de 2015.
Revista Canavieiros - Abril de 2015
41
Revista Canavieiros - Abril de 2015
42
Queima Rural - Procedimentos a serem adotados
em caso de incêndio de origem desconhecida
E
stimados produtores de cana-de-
-açúcar, inobstante as autoriza-
ções de queima de palha a serem
obtidas junto à Secretaria do Meio Am-
biente, no Estado de São Paulo, os pro-
dutores de cana de açúcar podem sofrer
autuações administrativas decorrentes
de incêndios descontrolados, origina-
dos por terceiras e desautorizadas pes-
soas, que atingem os seus canaviais.
Apraz esclarecer que o requerimen-
to de queima deve ser feito por todo
produtor rural, independente de utili-
zar-se do fogo, pois o órgão ambiental
assim exige. Então, mesmo aqueles
que não mais se utilizam do fogo,
devem fazer o requerimento, que, no
caso, servirá como “declaração de
não-queima”, a ser utilizada em seu
favor oportunamente.
Digo isto porque o novo Código
Florestal (Lei n. 12.651/2012), vigente
desde 28 de maio de 2012, disciplinou
em seu artigo 38, § 3º, que “na apuração
da responsabilidade pelo uso irregular
do fogo em terras públicas ou particu-
lares, a autoridade competente para fis-
calização e autuação deverá comprovar
o nexo de causalidade entre a ação do
proprietário ou qualquer preposto e o
dano efetivamente causado” e, no pará-
grafo 4º do mesmo artigo, que é “neces-
sário o estabelecimento de nexo causal
Juliano Bortoloti
Advogado da Canaoeste
Assuntos Legais
na verificação das responsabilidades
por infração pelo uso irregular do fogo
em terras públicas ou particulares”, sig-
nificando isso que o agente fiscalizador
deve encontrar o real infrator, e não
apenas multar o proprietário ou possui-
dor do imóvel pelo fogo criminoso ali
ocorrido.
Então, por precaução e para con-
seguir pleitear eventual autorização
EXTRAORDINÁRIA de colheita de
cana queimada por incêndio descontro-
lado, junto à CETESB, deve o produ-
tor de cana-de-açúcar buscar produzir
o maior número possível de provas
negativas, ou seja, aquelas capazes de
demonstrar que não teve intenção de
utilizar-se do fogo na lavoura atingida
criminosamente pelo incêndio. Provas
essas que servirão em prováveis defesas
administrativas e judiciais.
Mais uma vez, venho enumerar al-
guns exemplos de provas que o produ-
tor DEVE fazer para tanto:
Sempre fazer o requerimento de eli-
minação de queima até 2 de abril de
cada ano, independente se não for uti-
lizar-se do fogo – neste caso informar
que não procederá ao uso do fogo;
Fazer o Boletim de Ocorrências
acerca do incêndio;
Fazer análise da cana queimada
para poder constatar que o rendimento
industrial, medido em quilos de ATR,
não está no ponto ideal, ou seja, a cana
queimada não estava no seu nível de
maturação máximo para ser colhida,
não sendo justificável, portanto, o uso
do fogo como auxiliar da colheita;
Pedir declaração da unidade indus-
trial e/ou prestadora de serviços que
enviou o caminhão tanque (bombei-
ro), onde conste que o produtor assim
solicitou para apagar um incêndio de
origem desconhecida ocorrido em seu
canavial;
Manter e informar ao agente público
sobre a existência de procedimento de
controle de prevenção e combate de in-
Revista Canavieiros - Abril de 2015
43
cêndio, seja através de estrutura própria
(caminhão bombeiro, brigadistas, ob-
servadores da lavoura, etc.) ou de ter-
ceiros (unidades industriais e vizinhos);
MANTER OS ACEIROS COM
NO MÍNIMO 6 METROS e tirar
fotos dos aceiros existentes na pro-
priedade bem como do não plantio em
áreas proibidas de serem exploradas
(abaixo das linhas de transmissão de
energia elétrica, por exemplo), de-
monstrando com isso obediência à
legislação pertinente;
Caso possua autorização, informar
ao agente autuador, caso esse apareça,
que não estava programada a queima,
tanto que sequer efetuou as comunica-
ções aos confrontantes e à Secretaria do
Meio Ambiente;
Caso não possua autorização, infor-
mar ao agente autuante que não possuía
interesse em utilizar-se do fogo em sua
lavoura, tanto que sequer informou isto
no requerimento;
Demonstrar, através de fotos, tes-
temunhas e laudo pericial, que a área
queimada estava preparada para o
corte mecânico, não justificando, por-
tanto, o seu interesse em utilizar-se do
fogo, assim como a correta área atin-
gida pelo fogo;
Demonstrar que a queima na área
ocorreu em um período inferior a 12
meses. Isso pode ser feito através de
documento que comprove a data da
colheita da área queimada na safra an-
terior, inclusive por meio da comuni-
cação de queima feita à Secretaria do
Meio Ambiente;
Apresentar laudo técnico, assinado
por profissional habilitado, demons-
trando a origem desconhecida do fogo
ou a origem provocada por terceiros
que poderá ser solicitado pelo Escritó-
rio Regional da Coordenadoria de As-
sistência Técnica Integral – CATI (Casa
da Agricultura), da Secretaria de Agri-
cultura e Abastecimento Estadual;
Apresentar o histórico da colheita
mecanizada e/ou evolução desta nas úl-
timas três safras.
Portanto, estes são alguns exemplos de
provas que o produtor rural deverá pro-
duzir em caso de incêndio acidental ou
criminoso em sua propriedade, para pos-
sibilitar, inclusive, o pedido EXTRA-
ORDINÁRIO de colheita perante a
CETESB devendo, ainda, caso receba a
visita de um PolicialAmbiental ou agente
ambiental, informar esses fatos para que
sejam apostos no respectivo Boletim de
Ocorrências ou Auto de Infração, além
de procurar orientação jurídica adequada
IMEDIATAMENTE, onde o Depar-
tamento Jurídico da Canaoeste estará à
inteira disposição do associado para de-
fendê-lo nestes casos.RC
Revista Canavieiros - Abril de 2015
44
e, em março, mais de 16%, sobre os mes-
mos meses do ano anterior”.
Com relação à temporada atual, em
sua segunda estimativa, a consultoria
projeta a moagem de 649 milhões de
toneladas para o Brasil, sendo que o
primeiro terço da safra deve apresentar
canas que sofreram mais intensamen-
te os efeitos do clima desfavorável de
2014. O segundo e terceiro terços da
safra devem apresentar canas com me-
lhor desempenho.
Já do ponto de vista de valores, a
expectativa da consultoria é de pre-
ços de etanol anidro e hidratado de 10
a 15 centavos por litro superiores aos
observados em 2014. “No que tange ao
açúcar, a desvalorização do real trouxe
uma redução do preço avaliado em dó-
lares no mercado livre de Nova York.
Este efeito aumentou a relação de com-
Safra indefinida
Estimativas entre consultorias indicam que a produção de cana-de-açúcar
na temporada 2015/16 ficará entre 649 e 672 milhões de toneladas
Andréia Vital
Reportagem de Capa
44
Plínio Nastari
O
emaranhado de problemas
enfrentados pelo setor sucro-
energético nos últimos anos e
intensificado pelo fator climático em
2014 se reflete de forma diferente em
vários períodos da atual temporada ca-
navieira, que teve sua colheita iniciada
oficialmente no dia 1º de abril.
Um dos primeiros impactos se desta-
ca pelo atraso na colheita neste início de
safra. “Exatamente pela baixa qualida-
de dos canaviais do início de safra e do
estoque de etanol, até recentemente em
níveis confortáveis, o início da moagem
deve apresentar atraso de 15 a 20 dias,
pela estratégia dos principais grupos de
usinas de dar mais tempo para recupera-
ção do atraso fisiológico do canavial, e
melhor amadurecimento”, identifica Plí-
nio Nastari, presidente da DATAGRO.
Ao fazer um balanço sobre a safra
2014/15, o consultor afirma que, do
ponto de vista agronômico, a tempora-
da sofreu o impacto das chuvas abaixo
do normal durante o verão passado e
um comportamento do clima durante o
ano de 2014, com variações significa-
tivas em relação à media histórica. “A
situação econômica financeira delica-
da de vários produtores fez com que o
canavial ficasse mais heterogêneo com
situações de boa condução agronômica
e situações de infestação de mato e pes-
tes”, justificou.
Segundo dados da consultoria, na
safra 2014/15, a oferta total de ATR no
Brasil (Regiões Centro-Sul mais Norte
Nordeste) atingiu 85,4 milhões de to-
neladas, volume que representou uma
ligeira redução em relação à safra an-
terior, de 86,3 milhões de toneladas. Já
o mix de produção, a nível Brasil, foi
de 2,6% mais alcooleiro, resultando
numa redução da produção de açúcar
de 37,6 para 35,4 milhões de toneladas.
“Em contrapartida, a produção de eta-
nol cresceu de 27,5 para 28,3 bilhões de
litros, atingindo um novo recorde que
precisa ser registrado e comemorado”,
afirma o presidente da consultoria, Plí-
nio Nastari.
O destaque para a safra 2014/15 fica
por conta do elevado crescimento do con-
sumo do etanol combustível, alega Nasta-
ri. “Enquanto o consumo de combustíveis
do ciclo Otto cresceu 9,2%, em gasolina
equivalente, o consumo de hidratado
cresceu 20,1% e o de anidro, 14,5%”,
argumentou o consultor, lembrando que
este mesmo comportamento tem se man-
tido no primeiro trimestre de 2015, e deve
ser observado durante todo o ano. “Em
janeiro, o consumo de hidratado cresceu
mais de 13%, em fevereiro mais de 16%
Edição 106   abril 2015 - safra indefinida
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Edição 106 abril 2015 - safra indefinida

  • 1. Revista Canavieiros - Abril de 2015 1
  • 2. Revista Canavieiros - Abril de 2015 2
  • 3. Revista Canavieiros - Abril de 2015 3 Editorial A revista de abril traz em sua matéria de capa uma análise das principais consultorias do Brasil sobre a safra 2015/2016, que teve início no dia 1º de abril e mostra que, devido ao emaranhado de problemas enfrentados pelo setor sucroenergético nos últimos anos e intensificado pelo fator climáti- co em 2014, a temporada atual sofre vários impactos. Entre eles, se destaca o atraso na colheita pela baixa qualidade dos canaviais do início de safra e do estoque de etanol, até recentemente confortáveis, devido à estratégia dos principais grupos de usinas de dar mais tempo para recuperação do atraso fisiológico do canavial e melhor amadurecimento. Diante desse fato, as projeções iniciais para a safra 2015/2016 de cana-de-açúcar no Brasil oscilam entre 694 e 672 milhões de toneladas. A matéria destaca também quais são os desafios a serem en- frentados no setor ao longo do ano. O leitor também saberá como foi o tradicional jantar beneficente em prol do Hospital de Câncer de Barretos, organizado pelo Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred e que dessa vez contou com show da cantora baiana, Ivete Sangalo. Em sua 9ª edição, o evento foi realizado pela primeira vez no Centro de Eventos Copercana, em Sertãozinho-SP. A iniciativa proporcionará o repasse de mais de R$ 600 mil (receita líquida) para o Hospital. A edição 106 da Canavieiros mostra também o resultado da Biocoop, projeto mantido pelo Siste- ma, que está completando dez anos. Também nesta edição o leitor encontrará quais são as propostas da Governança Corporativa para reerguer o setor sucroenergético e as novidades da Fenasucro & Agrocana 2015, entre outras notícias. Entrevistas com o engenheiro agrônomo Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Academia Nacional de Agricultura, da SNA, e com Luís Roberto Pogetti, presidente do Conselho Deliberativo da União da UNICA (Indústria de Cana-de-Açúcar), também podem ser conferidas na edição de abril. Além da Coluna Caipirinha, assinada pelo professor Marcos Fava Neves, opinam no “Ponto de Vista”, Vicente Abade, presidente da ABIFER; Marcos Mattos, diretor-executivo da ABAG-RP (Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto); José Oswaldo Bozzo, consultor tributarista e sócio da MJC; Luis A. F. Bellini, engenheiro mecânico da Bellmec Consultoria; José Rezende e Luiz Barbosa, da PwC Brasil. As notícias do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, entre elas, a assembleia ordinária da Copercana, dicas sobre a queima rural, assuntos legais, informações setoriais, classificados e dicas de leitura e de português também podem ser conferidas na revista de abril. Safra indefinida Boa leitura! Conselho Editorial RC Expediente: Conselho Editorial: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Editora: Carla Rossini - MTb 39.788 Projeto gráfico e Diagramação: Rafael H. Mermejo Equipe de redação e fotos: Andréia Vital, Fernanda Clariano, Igor Saven- hago e Rafael H. Mermejo Comercial e Publicidade: Marília F. Palaveri (16) 3946-3300 - Ramal: 2208 atendimento@revistacanavieiros.com.br Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Revisão: Lueli Vedovato Tiragem DESTA EDIçÃO: 22.100 exemplares ISSN: 1982-1530 A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. As matérias assinadas e informes publicitários são de responsabilidade de seus autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Endereço da Redação: A/C Revista Canavieiros Rua Augusto Zanini, 1591 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550 Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008) redacao@revistacanavieiros.com.br www.revistacanavieiros.com.br www.twitter.com/canavieiros www.facebook.com/RevistaCanavieiros
  • 4. Revista Canavieiros - Abril de 2015 4 10 - Ponto de Vista Vicente Abate Presidente da ABIFER (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária Ano IX - Edição 105 - Abril de 2015 - Circulação: Mensal Índice: E mais: Capa - 42 Safra Indefinida Estimativas entre consultorias indicam que a produção de cana- -de-açúcar na temporada 2015/16 ficará entre 649 a 672 milhões de toneladas 22 - Notícias Copercana - Show de Ivete Sangalo marca Jantar Beneficente em prol do Hospital de Câncer de Barretos - Quase uma tonelada por dia - Copercana realiza assembleia geral e apresenta balanço de 2014 40 - Notícias Sicoob Cocred - Balancete Mensal Entrevista II Luís Roberto Pogetti .....................página 08 Pontos de Vista Vicente Abate .....................página 11 Marcos Matos .....................página 12 José Osvaldo Bozzo .....................página 13 Luis A. F. Bellini .....................página 16 José Rezende e Luiz Barbosa .....................página 18 Coluna Caipirinha .....................página 20 Assuntos Legais .....................página 42 Destaques: Governança Corporativa apresen- ta propostas para reerguer setor .....................página 49 Fenasucro 2015 deverá movi- mentar R$ 2,8 bilhões .....................página 52 Seminário de Mecanização .....................página 54 Artigo Técnico II: Ferrugem Alaranjada da Cana- -de-açúcar .....................página 58 Informações Setoriais .....................página 60 Classificados .....................página 62 Cultura .....................página 66 Foto:RafaelMermejo 57 - Artigo Técnico - Avanços técnologicos do setor sucroenergético nos últimos anos 05 - Entrevista Caio Carvalho Presidente da Abag e da Academia Nacional de Agricultura “Fazer mais com menos” - Geladeiroteca instala a sétima unidade, no Hospital Dia, em Ribeirão Preto-SP 36 - Notícias Canaoeste
  • 5. Revista Canavieiros - Abril de 2015 5 Revista Canavieiros: Quais são seus objetivos como novo presidente da Academia Nacional de Agricultura? Caio Carvalho: Dar sequência aos trabalhos em andamento, focados no acompanhamento das políticas públi- cas essenciais ao agronegócio, carac- terizados na documentação enviada aos candidatos quando da eleição para Presidente da República. Sem dúvida alguma, a melhoria nas relações das entidades de classe nacionais no agro- negócio é fundamental para governança deste setor. Revista Canavieiros: Com 118 anos, a SNA é a mais antiga institui- ção brasileira voltada para a defesa e promoção do setor rural. Quais são os desafios que a entidade deverá ter nos próximos anos? Caio Carvalho: Além do monitora- mento das políticas essenciais, entende- Caio Carvalho Fazer mais com menos Ao assumir a presidência da Academia Nacional de Agricultura, no final de março, o engenheiro agrô- nomo Luiz Carlos Corrêa Carvalho, conhecido como Caio Carvalho, afirmou que o agronegócio mostra grande capacidade de sobrevivência e tem uma resiliência formidável. “Veja o caso da cana-de-açúcar, que é uma cadeia produtiva que continua sofrendo muito apesar de tudo”, alegou o executivo, que também é presidente da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio). A Academia Nacional de Agricultura é uma entidade pertencente à SNA (Sociedade Nacional da Agricul- tura) e tem como missão estudar, discutir e opinar sobre questões de interesse técnico, jurídico e econômico nas áreas do agronegócio, alimentação e meio ambiente. Carvalho sucede no comando da entidade o ex- -ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. Em sua posse, o engenheiro agrônomo fez uma análise sobre as mudanças na geopolítica mundial, afeta- da, sobretudo, pela volta dos Estados Unidos como grandes produtores de energia e também de alimentos, fato que pode comprometer as perspectivas de crescimento do Brasil. Ele também abordou os sistemas protecionistas de vários países que trazem as mais variadas dificuldades para o produtor brasileiro. Para ele, a crise atual da economia brasileira afeta muito o agronegócio. “O primeiro impacto tem a ver com a questão de consumo, que sinaliza a inexistência de estoques, queda de preços, além de perdas nos mercados nacional e internacional. O segundo é a dificuldade de acesso a crédito, no volume e no custo. Essas são as duas questões que nos afligem”, comentou o engenheiro agrônomo durante cerimônia, que marcou também o ingresso da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, na Academia. Na ocasião, o ex-minis- tro da Agricultura e Fazenda Antônio Delfim Netto também foi homenageado. Confira entrevista completa com o novo presidente da Academia Nacional de Agricultura: Andréia Vital Entrevista I
  • 6. Revista Canavieiros - Abril de 2015 6 mos que trabalhar a imagem do setor junto aomeiourbanoécondiçãoessencialparaa valorização do agronegócio nacional. Revista Canavieiros: Embora o agronegócio tenha se desenvolvido muito e mantenha a sua importância no desempenho da economia nacio- nal, ainda sofre com um deficit de comunicação. Na sua opinião, o que deve ser feito para que a população entenda a “língua do campo”? Caio Carvalho: Nesse século XXI, as grandes mudanças que se notam es- tão na ruptura tecnológica da questão energética, no crescimento populacio- nal global com efetivos ganhos de ren- da, no processo de urbanização rápido e, como diferencial e se somando à retomada geopolítica da energia pelos Estados Unidos da América, a questão das redes sociais e a velocíssima comu- nicação no meio urbano. Desse modo, trabalhar a questão das informações e da mídia através do acompanhamento e ativa participação nas redes sociais, será essencial para o melhor entendimento do meio rural. Revista Canavieiros: A infraestrutu- ra do Brasil é um dos principais garga- los do agronegócio. Que ajustes são ne- cessários para resolver este problema? Caio Carvalho: Todos os diagnós- ticos já foram feitos e são conhecidos. O Brasil não fez a lição de casa nos in- vestimentos necessários em logística e infraestrutura e, ao mesmo tempo, ex- pandiu de forma espetacular a oferta de produtos do agronegócio. Atingimos o limite. Hoje, o agronegócio não se ex- pandirá se não ocorrer o efetivo inves- timento e as realizações das obras de logística e infraestrutura do Brasil. Afi- nal, a nova realidade geográfica da pro- dução de grãos, caracterizada no Estado de Mato Grosso, e a região conhecida como MAPITOBA requerem estradas, hidrovia, ferrovia e portos adequados, além do armazenamento ampliado nas propriedades agrícolas. Revista Canavieiros: A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimen- to, Kátia Abreu, afirmou, recentemen- te, que é necessário o Brasil ter uma “Lei de Política Agrícola”, como existe nos Estados Unidos e na Europa. Qual é a sua análise sobre o tema? Caio Carvalho: Conforme relatado na primeira pergunta, uma lei agrícola com visão de médio e longo prazos, incluindo questões chave ao desenvol- vimento do agronegócio, é, de fato, fun- damental. Elogios à ministra pela visão. Revista Canavieiros: A atual crise da economia brasileira afeta o agrone- gócio e impacta o consumo e o acesso a crédito. Como reverter esse quadro, na sua visão? Caio Carvalho: Esse quadro é parte da grave crise por que passa o País, que inclui não somente a questão do crédito, mas, principalmente, o recuo nos inves- timentos no Brasil, incluído nisso o ca- pital estrangeiro. Além das medidas em curso coordenadas pelo ministro Levy, o chamado “corte na carne” com a re- dução dos ministérios (incríveis 39) é questão chave para acelerar a retomada do Brasil que queremos. Revista Canavieiros: Na sua análi- se, quais são os desafios que o agrone- gócio enfrentará nos próximos anos? Caio Carvalho: A dificuldade de acesso a crédito, o ciclo de baixos pre- ços das commodities e a atual realidade da contaminação do ambiente político com o ambiente empresarial. Revista Canavieiros: E o setor su- croenergético? Há uma luz no final do túnel para o segmento? Caio Carvalho: As últimas medi- das do retorno da CIDE (Contribui- ções de Intervenção no Domínio Eco- nômico) no âmbito federal e o bom exemplo do governo de Minas Gerais com a redução do ICMS (Imposto so- bre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação) do etanol e o aumento do ICMS da gaso- lina, são importantes medidas que, se atingirem níveis adequados, poderão de fato trazer a recuperação do setor. Revista Canavieiros: Conforme apontam especialistas, para aten- der ao crescimento da população do mundo, será preciso ampliar a produção de alimentos em 60% até 2050 e o Brasil será o responsável por 40% do total desse incremento. O senhor acredita que o País possa atender essa demanda? Caio Carvalho: Do ponto de vis- ta físico e a capacidade produtiva do produtor brasileiro, não tenho a menor dúvida. O que faltam são as condições essenciais da redução do Custo Brasil e de efetiva prioridade ao agronegócio. Revista Canavieiros: Em sua pos- se, o senhor afirmou ser fundamen- tal o trabalho pela sustentabilidade do agronegócio e que essa função cabe às entidades de classe. O que a SNA pode fazer no sentido de contri- buir para um crescimento constante e sustentável da produção nos próxi- mos anos? Caio Carvalho: Tanto a SNA como a ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), a SRB (Sociedade Rural Brasileira) e outras entidades devem atuar efetiva- mente no sentido de ter foco nas ações que visem à sustentável expansão de oferta do agronegócio. Isso requer com- petência em governança, que inclui não apenas o relacionamento com os pode- res públicos, mas, sobretudo, na busca de eficiência que se resume no lema de “fazer mais com menos”. RC Entrevista I
  • 7. Revista Canavieiros - Abril de 2015 7
  • 8. Revista Canavieiros - Abril de 2015 8 Revista Canavieiros: O senhor aca- ba de assumir a presidência do Conse- lho Deliberativo da UNICA. Qual é a sua missão frente ao novo cargo? Luís Roberto Pogetti: As mais de 120 companhias associadas à UNICA são responsáveis por mais de 50% do etanol e 60% do açúcar produzidos no Brasil. Nosso trabalho é defender os interesses dos produtores brasileiros de açúcar, etanol e bioeletricidade no País e no mundo, além de garantir a sinto- nia e harmonização desses interesses. Também estamos concentrados em desenvolver as condições para aperfei- çoar o ambiente institucional a fim de favorecer a competitividade do setor sucroenergético no Brasil, um dos mais estratégicos para o futuro do País. Revista Canavieiros: Na sua visão, o aumento da mistura de etanol anidro à gasolina, de 25% para 27%, benefi- ciará o setor sucroenergético a ponto de alavancar a sua retomada? Entrevista II Luís Roberto Pogetti Em busca do reconhecimento para o setor Andréia Vital “O etanol se caracteriza como um produto pronto para atender às demandas necessárias de mi- tigação de gases efeito estufa não só do Brasil, mas de todo o mundo. O Brasil dispõe de recursos naturais para viabilizar o atendimento dessa demanda, de modo sustentável”. A afirmação é de Luís Roberto Pogetti, presidente do Conselho Deliberativo da UNICA - União da Indústria de Cana- -de-Açúcar, que assumiu o cargo em fevereiro, em substituição ao ex-ministro Roberto Rodrigues. Formado em Administração de Empresas pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Mes- trado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Pogetti é também presidente do Conselho Deliberativo da Copersucar, do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), da Alvean Sugar e da Eco Energy Biofuels. Além de integrar o Conselho de Administração da Logum Logística S.A., empresa responsável pelo projeto do etanolduto no Brasil. Para o executivo, após forte investimento nos anos 2000, a crise de 2008 acabou afetando forte- mente toda a cadeia produtiva, pegando algumas empresas altamente endividadas, o que dificultou a recuperação de muitas delas. “Agora, o momento é de acomodação, de arrumação de casa, inves- tindo na redução de custos e ganhos de eficiência e em produtividade. Além disso, o desenvolvimento e disseminação de novas tecnologias têm sido fundamentais para a retomada da competividade”. Nesta entrevista, Pogetti fala sobre seus desafios no novo cargo. Confira:
  • 9. Revista Canavieiros - Abril de 2015 9 LRP: O aumento da mistura deve elevar a demanda por anidro em torno de 1 bilhão de litros por ano. O setor sucroenergético, que passa pela maior crise de sua história, está preparado para atender a esse aumento da mistura de etanol à gasolina porque a capaci- dade de produção instalada nas unida- des produtoras garante o atendimento dessa nova demanda de consumo. En- tretanto, a retomada de crescimento do setor só ocorrerá por meio de um mar- co regulatório para o etanol e a bioele- tricidade, que permita previsibilidade para investimentos. Revista Canavieiros: Aportes de grandes tradings para operação conjunta no setor sucroenergético, através de novas joint ventures, têm sido cada vez mais comuns no seg- mento. O senhor acredita que este tipo de negociação, de concentração de grandes grupos, seja um caminho para o desenvolvimento da cadeia produtiva canavieira? LRP: No início dos anos 2000, ob- servou-se uma grande movimentação de aquisições e fusões de empresas, formação de joint ventures, e houve um forte investimento no setor. A crise de 2008 acabou afetando fortemente toda a cadeia produtiva, pegando algumas empresas altamente endividadas, o que dificultou a recuperação de muitas de- las. Agora, o momento é de acomoda- ção, de arrumação de casa, investindo na redução de custos e ganhos de efici- ência e em produtividade. Além disso, o desenvolvimento e disseminação de novas tecnologias têm sido fundamen- tais para a retomada da competividade. Revista Canavieiros: Especialis- tas do setor alegam que é essencial o Governo definir o papel do etanol e da bioeletricidade na matriz energéti- ca, contribuindo assim para o retorno da confiabilidade na agroindústria da cana-de-açúcar, consequentemente atraindo novos investimentos. O se- nhor concorda com essa afirmação? LRP: A UNICA está trabalhando para contribuir com o governo na cons- trução de uma proposta de demarcação do setor. É preciso definir qual o papel do etanol no longo prazo, o que asse- gurará previsibilidade e viabilizará a definição das ações que o setor deverá tomar para o futuro. É fundamental para a indústria sucroenergética a existência de políticas públicas estáveis, de longo prazo, que reconheçam as externalida- des positivas dos biocombustíveis, so- bretudo ao meio ambiente. Estudos re- alizados apontam que cada 1.000 m³ de etanol, em substituição ao combustível fóssil, resulta na mitigação de 2 tonela- das de CO² equivalentes. Assim, a pro- dução brasileira de etanol combustível da ordem de 27 milhões de m³ propicia a redução anual de 48 mil toneladas de CO². Outro dado relevante: em 2014, estima-se que o uso de etanol no Bra- sil evitou a ocorrência de 1.400 óbitos decorrentes de doenças vasculares e respiratórias associadas à utilização de combustíveis fósseis.
  • 10. Revista Canavieiros - Abril de 2015 10 Por tudo isso, a UNICA continuará buscando junto ao Governo a aprova- ção de uma diferenciação tributária entre etanol e gasolina, de forma a re- munerar o biocombustível pelo efeito positivo que ele traz ao ambiente e, por consequência, à saúde pública. Revista Canavieiros: Como está o diálogo entre o Governo Federal e o setor sucroenergético? O posicio- namento da ministra da Agricultu- ra, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, até o momento, têm sido bom para o setor? LRP: A UNICA sempre manteve e mantém um diálogo franco com os Go- vernos nas três esferas, federal, estadu- al e municipal, e mantém abertos seus canais de comunicação com a opinião pública e sociedade em geral influindo junto ao poder público na defesa dos in- teresses do setor de uma maneira asser- tiva, clara e eficaz. No caso da ministra Kátia Abreu, assim como em relação às demais autoridades, mantemos um diá- logo constante e trabalhamos em con- junto para alcançar as metas traçadas no planejamento estratégico do setor. Revista Canavieiros: Na sua opi- nião, quais são as prioridades para a recuperação do segmento? Como a UNICA poderá contribuir para que isso aconteça? LRP: Em fevereiro deste ano, o Go- verno autorizou a volta da incidência da CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico) e aumento da alí- quota de PIS/COFINS (Programas de Integração Social/Contribuição para Fi- nanciamento da Seguridade Social) so- bre a gasolina, em um montante de R$ 0,22 por litro, mas essa recomposição foi parcial. De acordo com a UNICA, trazida para valores de 2015, a CIDE deveria incidir em R$ 0,50 por litro. Trata-se de diferenciação tributária ne- cessária para compensação dos benefí- cios que o etanol proporciona ao meio ambiente, comentados anteriormente. Outro eixo será a defesa do livre merca- do de açúcar, buscando afastar a criação de subsídios e atitudes protecionistas que distorcem a concorrência e compe- titividade da indústria. Por isso, no ano passado, a UNICA, por meio do Itamaraty, fez questiona- mentos à Índia na OMC (Organização Mundial do Comércio) para entender mecanismos de incentivos dados pelo país a seus produtores. Neste ano, fez o mesmo com a Tailândia. Ainda não ob- teve resposta, mas está preparada para iniciar, se for o caso, um contencioso internacional para ambos os casos. Revista Canavieiros: A produção de energia via biomassa tem potencial para crescer cerca de 15% este ano, de acordo com especialistas. Na sua ava- liação, a cogeração poderá servir de trampolim para o setor sair da crise? LRP: A geração e comercialização de energia pela biomassa contribuem de forma importante para o desempenho econômico e financeiro da nossa indús- tria, mas, por si só, não são suficientes para redundar na saída da crise. Revista Canavieiros: Seu ante- cessor, Roberto Rodrigues, defendia a criação de um Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao For- talecimento do Sistema Financeiro Nacional) - implementado no governo de Fernando Henrique Cardoso para ajudar os bancos – dedicado às usinas. Qual é a sua opinião a respeito? LRP: Devemos buscar um conjun- to de ações que restabeleça a competi- tividade do setor, que permita então a geração de recursos suficientes para fa- zer frente às obrigações financeiras da indústria. Revista Canavieiros: O senhor já afirmou que o etanol contempla o tripé da sustentabilidade, ou seja, é econô- mico, social e ambiental. Mesmo as- sim, enfrenta muitas barreiras. Então, o que esperar do etanol brasileiro? A 2ª geração do produto pode ser consi- derada passagem garantida para um futuro promissor? LRP: Acredito na reabilitação da competitividade do etanol. O etanol se caracteriza como um produto pronto para atender às demandas necessárias de mitigação de gases efeito estufa não só do Brasil, mas de todo o mundo. O Brasil dispõe de recursos naturais para viabilizar o atendimento dessa demanda, de modo sustentável.Além disso, o setor está investindo fortemente em inovação tecnológica através, principalmente, do CTC (Centro de Tecnologia Canaviei- ra), na busca de variedades de cana mais produtivas e processos de produção mais eficientes. O etanol de segunda geração integra este esforço de inovação tecnoló- gica e deverá contribuir para a melhoria de competitividade da produção.RC Entrevista II
  • 11. Revista Canavieiros - Abril de 2015 11 Ponto de Vista I Setor agrícola nacional, cada vez mais pujante *Vicente Abate Vicente Abate E spera-se um novo recorde na sa- fra 2014/2015, que deverá atin- gir pouco mais de 200 milhões de toneladas de grãos e cereais, além de um volume expressivo de cana-de-açú- car. A cogeração de energia renovável, através da biomassa originada de cana- -de-açúcar e do eucalipto, faz parte do avançado desenvolvimento tecnológico do setor agrícola. Em que pese a depreciação dos pre- ços internacionais das “commodities” agrícolas, fatores favoráveis como o clima, aplicação de tecnologia e câm- bio, ensejam resultados auspiciosos para o agronegócio brasileiro, susten- táculo do que ainda há de positivo na balança comercial do País. Tudo isso, como sabemos, acontece da porteira para dentro, pois falta ao Brasil uma infraestrutura de transporte e de armazenagem que permita movi- mentar, com menores custos, os mais variados produtos aos seus destinos, seja o mercado consumidor doméstico ou a exportação. Com a expansão crescente da frontei- ra agrícola para o Centro-Oeste e Nor- deste brasileiros, torna-se imperiosa a construção de ferrovias que, integradas aos modos rodoviário e hidroviário, pos- sibilitem um transporte de grãos mais competitivo, incentivando a sua saída para os portos do Norte e Nordeste e de- safogando os do Sul e Sudeste do País. A Ferrovia Norte-Sul, de Palmas a Anápolis, já se encontra em fase inicial de operação comercial. Até o primeiro semestre de 2016, sua continuação até Estrela D’Oeste (680 km) será também uma realidade, que se conectará com a Malha Paulista da Rumo-ALL. Se- rão 2.700 km desde São Luís a Estrela D’Oeste e 1.700 km de Rondonópolis até Santos, ininterruptos, na mesma bi- tola (1,60m) de alta capacidade. Falta, ainda, destravar os projetos iniciais do PIL ferroviário. Espera-se que no segundo semestre de 2015 seja lançado o leilão do primeiro trecho, en- tre Lucas do Rio Verde e Campinorte. Para isso, seria oportuno que o Gover- no Federal e as concessionárias atuais chegassem a uma convergência entre o modelo vertical vigente e o modelo ho- rizontal proposto, aproveitando e maxi- mizando as vantagens que cada modelo oferece, em prol de um sistema ferrovi- ário mais eficaz. Do lado da indústria ferroviária bra- sileira, as concessionárias e os usuários do transporte ferroviário já contam com vagões bastante produtivos, com maior capacidade de carga e menor tempo de carga e descarga, disponíveis para todos os tipos de produtos. Modernas locomotivas, de alta po- tência e com motores de corrente al- ternada, economizam cerca de 30% de combustível e são menos poluentes. Os materiais para a construção e ma- nutenção da via permanente garantem a qualidade e segurança requeridas nas operações ferroviárias. Enfim, toda a cadeia produtiva desta indústria está apta a fornecer todos os materiais e equipamentos necessários, projetados por engenheiros e técnicos brasileiros. A união de uma ferrovia forte, com uma indústria forte, contribui para me- lhorar o necessário e premente desen- volvimento do Brasil. *Vicente Abate – Presidente da ABIFER (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária) RC
  • 12. Revista Canavieiros - Abril de 2015 12 Ponto de Vista II O futuro do Agronegócio: a Sustentabilidade frente aos cenários políticos e econômicos *Marcos Matos S e o Brasil é, sem contestação, uma grande potência na produ- ção de alimentos, fibras e ener- gia e também na geração e difusão de conhecimento e tecnologia, muitos esforços foram empreendidos. A com- petitividade do agronegócio brasileiro é resultado do empreendedorismo e da melhor organização dos produtores em cooperativas e associações somados ao trabalho de instituições de ensino, pes- quisa, desenvolvimento e inovação. O agronegócio brasileiro é exemplo de produção e preservação, pois, se tra- balhasse ainda sob as condições tecno- lógicas dos anos 1990, seriam necessá- rios mais 68 milhões de hectares para atingir a atual produção. Além do desmatamento evitado, o uso da tecnologia na agri- cultura vem reduzindo a pressão sobre os re- cursos naturais, como solo e água. As chama- das boas práticas adota- das no campo, como o plantio direto, o uso ra- cional dos insumos por meio da agricultura de precisão, a construção e manutenção de terraços e a integração lavoura- -pecuária-floresta, entre outras, têm ajudado a reduzir desperdícios, aumentar a recarga de aquíferos e regular o fluxo hídrico ao longo do ano. A adoção de boas práticas de produção, somada à recuperação da vegetação nativa nas áre- as ao redor dos cursos d’água e nascentes, contribui significativamente para a pre- servação dos recursos hídricos, fornecen- do um importante serviço ecossistêmico a ser incentivado. O agronegócio apresenta relevante importância na economia brasileira e mundial, principalmente devido à in- tegração das cadeias produtivas e dos diversos agentes envolvidos, o que re- sulta na geração de riqueza e empregos entre os elos produtivos. Segundo o CEPEA (Centro de Estudos Avançados em EconomiaAplicada), o PIB do agro- negócio foi de R$ 1,79 trilhão em 2014, 1,59% de crescimento em relação ao ano anterior. Embora o resultado con- solidado tenha encerrado 2014 abaixo das expectativas, a expansão observada é significativa frente aos resultados am- plamente divulgados para a economia como um todo. O contexto macroeconômico de 2014 foi marcado por inflação em alta e estagnação econômica, devido às in- certezas do cenário econômico, influen- ciadas pelos desdobramentos políticos e pela perda de con- fiança do setor priva- do. Somado a isso, o deficit de infraestru- tura do Brasil que resulta em elevados custos logísticos, o complexo sistema tributário, a falta de segurança jurídica e a carência de po- líticas consistentes de seguro de renda demandam esforços ainda maiores aos produtores rurais e a todos os agentes dos elos das cadeias pro- dutivas do agronegócio. Para os próximos anos, as preocu- pações do setor produtivo se acentuam frente aos desafios esperados para toda a economia. De acordo com o Boletim Focus do Banco Central, a estimativa para do IPCA (Índice Nacional de Pre- ços ao Consumidor Amplo) em 2015 atingiu 8,30%, superando o teto da meta oficial de 6,50%. As projeções para o PIB mostram retração de 1,01% em 2015 e ligeira recuperação de 1,10% em 2016. Em relação ao câm- bio, estimativas do mercado financeiro mostram o dólar valendo R$ 3,25 no fechamento de 2015. A despeito dos desafios que o País enfrenta em 2015, o agronegócio tende- rá a ser o grande condicionante do de- sempenho da economia brasileira, fren- te às estimativas para os demais setores. Diante disso, é crescente a necessidade de fortalecer e ampliar a representativi- dade do agronegócio, a fim de que seja possível consolidar as ações em defesa dos legítimos interesses do agronegócio e de valorização institucional do setor. Para tanto, os esforços deverão se con- centrar na criação de uma estratégia abrangente, articulada e consistente en- tre o executivo, o legislativo, o judiciá- rio e a sociedade. A sustentabilidade de todo o agro- negócio brasileiro só estará assegu- rada diante do apoio e de reconheci- mento, tanto da sociedade quanto do ambiente político. *Marcos Matos é engenheiro agrô- nomo e diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto (ABAG/RP) Marcos Matos RC
  • 13. Revista Canavieiros - Abril de 2015 13 Ponto de Vista III Boa gestão tributária garante sustentabilidade às empresas *José Osvaldo Bozzo José Osvaldo Bozzo E m momentos de instabilidade econômica como o que vivemos, utilizar a criatividade pode ser essencial para garantir a sobrevivência de uma empresa. O grande problema é quando o gestor empresarial é tentado a utilizar criatividade em uma área sensí- vel, como é a das obrigações tributárias. Um dos elementos de gestão que é bastante lembrado em momentos de cri- se é o chamado planejamento tributário. Este termo – que não é visto com bons olhos pelos agentes do Fisco, pois reme- teria a possíveis tentativas de elisão ou até de evasão fiscal por parte das empre- sas – engloba uma série de iniciativas de administração voltadas a viabilizar ins- trumentos que permitam a redução da in- cidência de taxas, contribuições e tribu- tos sobre o faturamento das companhias. Em um momento em que vemos na imprensa nacional graves investigações de supostos desvios praticados por em- presas, instituições e por servidores pú- blicos contra a Receita Federal – como é o caso da Operação Zelotes, da Polí- cia Federal e do Ministério Público, que apura possíveis irregularidades que so- mam até R$ 19 bilhões em autuações fis- cais –, buscar medidas “milagrosas” para fugir da “mordida do leão” pode não ser a melhor das saídas. Vale destacar que as punições impingidas pelo Fisco contra operações tributárias consideradas em desacordo com as normas vigentes são graves e podem, em alguns casos, invia- bilizar a sobrevivência de uma empresa. Por outro lado, não manter uma per- feita, organizada e adequada gestão fis- cal, de acordo com tudo aquilo que leis, normas, princípios e ferramentas atuais estabelecem, pode significar a perda de importantes recursos de uma organi- zação, especialmente se ela for objeto de multas fiscais pelo simples fato de haver desatenção no cumprimento das obrigações tributárias. Todo gestor empresarial brasileiro conhece muito bem a complexidade no cumprimento das exigências do sistema tributário nacional. Aliás, tal complexi- dade, e o custo que seu gerenciamento representa para as corporações, é um dos elementos comumente incluídos no chamado “custo Brasil”. Dispor de pro- fissionais preparados e plenamente atua- lizados nas ordenações desse complexo sistema e manter perfeita organização na gestão tributária são fatores essenciais para: primeiro, cumprir no limite míni- mo estrito as obrigações fiscais – o que representa a economia de recursos por evitar o recolhimento de valores não de- vidos ao Fisco; e, segundo, e não menos importante, evitar erros no cumprimento das obrigações mínimas que possam ge- rar indesejadas punições e multas pelas autoridades fiscais. Retomando o tema da criatividade aplicada à gestão empresarial, é impor- tante perceber que ser criativo no cam- po tributário é algo temerário, e pode gerar transtornos tremendos às empre- sas e a seus gestores. Afinal, sabemos que, por exemplo, o Fisco abomina a chamada elisão fiscal (quando os ad- ministradores buscam brechas nas leis e normas para que as empresas paguem menos impostos). São comuns os casos em que uma empresa pensa estar pra- ticando a elisão, enquanto que o Fisco considera a atitude uma evasão fiscal. Esteja certo de que o Fisco irá sem- pre priorizar a forma de arrecadar mais recursos para as instâncias governa- mentais, impondo punições graves àqueles que são considerados infratores de suas regras. É claro que as empre- sas têm direito de recorrer de multas e punições fiscais a outras instâncias, seja no nível administrativo – como é o caso do CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), instituição que está no olho do furacão da Operação Zelotes – ou do Judiciário. O problema é saber se vale a pena apostar na possível rever- são de decisões do Fisco, conhecendo a morosidade da Justiça brasileira e os altos custos que podem representar a perda de processos nessa área. Sem contar os riscos relativos à pos- sível responsabilização dos próprios gestores caso as autoridades fiscais considerem ter havido gestão malicio- sa e, portanto, crime contra o erário. Os exemplos atuais estão repletos de casos de empresários sendo responsabiliza- dos criminalmente pela má gestão de suas empresas, alguns deles, inclusive, encarcerados. Atenção, experiência, conhecimento e cautela são, portanto, qualidades es- senciais exigidas dos gestores fiscais na atualidade. Contar com equipes prepa- radas para dar as respostas mais ade- quadas aos desafios da administração tributária moderna é um passo primor- dial para evitar a perda de importantes recursos, assim como preservar o prin- cipal patrimônio de uma corporação, que é a sua sustentabilidade. *José Osvaldo Bozzo (jbozzo@mjcconsultores.com.br) é consultor tributarista e sócio da MJC Consultores. Formado em Direito, iniciou carreira na PwC. Foi também Sócio da BDO e da KPMG e professor de Planejamento Tributário na USP – MBA de Ribeirão Preto. RC
  • 14. Revista Canavieiros - Abril de 2015 14 Patrocinadores:
  • 15. Revista Canavieiros - Abril de 2015 15 O DNA do Agronegócio www.agrishow.com.br /agrishow De 27 de Abril a 01º de Maio Das 8h às 18h - Ribeirão Preto - São Paulo 22ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação A Agrishow é uma das maiores e mais completas feiras de tecnologia agrícola do mundo. Um ambiente de atualização profissional, lançamentos,divulgação das próximas tendências do setor e onde grandes tecnologias são de fato demonstradas durante o evento. • 160 mil visitantes qualificados,de 71 países; • 440 mil m² de área de exposição; • 800 marcas presentes no evento. Realização: Promoção & Organização: MENORES DE 14 ANOS DEVEM ESTAR ACOMPANHADOS DOS PAIS E/OU RESPONSÁVEIS.
  • 16. Revista Canavieiros - Abril de 2015 16 Ponto de Vista IV A crise não passou.... e agora? * Luis A. F. Bellini Luis A. F. Bellini N unca nosso setor sofreu tanto. Vimos e estamos vendo usi- nas de todos os “tamanhos” e “idades” fechando as portas ou fazen- do malabarismos para tentar passar por essa crise que ninguém sabe quando vai acabar. Qualquer sinal de otimismo é na minha opinião... chute! Numa análise mais detalhada, as em- presas “sobreviventes” ou menos endi- vidadas são as que no passado comete- ram menos erros e buscaram se adiantar em ações que buscavam produtividade e baixos custos. Aprendi muito cedo, ainda no início de minha carreira, que a área agrícola tinha que ser lucrativa independente da indústria. Os orçamentos eram separados. As metas eram sempre apertadas, fazen- do com que a busca por produtividade fosse constante em todos os setores das áreas envolvidas na produção de cana. Uma grande parte das usinas naque- la época tinha um raciocínio diferente daquele que priorizava custos. As mar- gens de lucro eram gordas, o governo “amiguinho”, o etanol era largamente utilizado e competia em igualdade com a gasolina e a mecanização da colhei- ta (principalmente) era só uma questão de estratégia de algumas usinas, muito mais do que uma questão de redução de custos como é hoje. Quando a legislação trabalhista e ambiental forçou as usinas a adotarem a prática da colheita mecanizada foi um “Deus nos acuda”. Faltaram máquinas, operadores, mecânicos e grandes erros foram cometidos pelos quais muitos es- tão pagando um preço bem salgado até hoje e outros certamente fecharam as portas por não terem feito a migração da colheita manual para a mecanizada de forma planejada. A falta de respeito com a lavoura na hora da colheita, nos pisoteios e no ex- cessivo trânsito sobre a palhada, leva- ram a uma compactação e redução de produtividade absurdas, fazendo com que o denominador da equação de cus- tos ficasse cada vez menor enquanto o numerador dessa mesma fração só cres- cia, por conta das exigências trabalhis- tas, ambientais e custos de insumos e de manutenção da frota. Para as empresas que ainda podem e têm tempo, a busca por produtividade e redução de custos passou a fazer parte das rotinas e os profissionais envolvidos nes- sa tarefa vêm aos poucos contando com importantes evoluções nessa direção. Novas tecnologias que podem signifi- car a economia de importantes centavos na fração de custos estão aí ao alcance de quem ainda pode pagar, tais como: Agricultura de precisão - tecnologia tão largamente utilizada no exterior está começando a tomar corpo no Brasil. Os preços dos equipamentos, GPS, bases, antenas, programas, sinais de satélite estão caindo, permitindo um melhor planejamento dos talhões com aumento de linhas plantadas, diminuição das ma- nobras dos equipamentos, aumentando a produtividade e reduzindo custos ope- racionais, além de disciplinar o tráfego fora das linhas de cana, diminuindo, as- sim, a destruição das soqueiras. Plantadoras de toletes mais eficien- tes - com câmeras de vídeo que permi- tem o monitoramento da deposição dos colmos e a diminuição de falhas, além de permitirem que um único operador dirija o trator e gerencie a plantadora. Pesquisa intensiva em minitoletes e mudas pré-brotadas (MPB) - que vi- sam um menor desperdício de mudas, homogeneidade na distribuição e maior garantia de germinação. Cogeração de energia através da pa- lha de cana - mercado em crescimento que ainda não definiu se a melhor for- ma é trazer a palha agregada na cana ou compactá-la na lavoura e transportá-la em caminhões, mas que de qualquer forma é uma rica fonte de energia que tem potencial, numa visão modesta, de gerar energia para o Brasil equivalente a uma hidroelétrica de Belomonte, que tanta polêmica vem causando por seu impacto ambiental. Novos espaçamentos de plantio - que permitem a canterização da lavoura, evi- tando o pisoteio e disciplinando a com- pactação, além de aumentar a produtivi- dade da colheita e reduzir o consumo de combustível por tonelada colhida. Enfim, acho que estamos num mo- mento importante, em que, apesar da crise instalada somos chamados a re- ver paradigmas e práticas que podem nos levar a um novo patamar de desen- volvimento. Cabe a cada um de nós, técnicos, gestores, administradores e empreendedores, arregaçar as mangas, reclamar menos e acreditar que pode- mos fazer a diferença, sabendo que é um bom negócio plantar cana, produzir etanol, açúcar e gerar energia. *Engenheiro mecânico da Bellmec Consultoria Ltda RC
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  • 18. Revista Canavieiros - Abril de 2015 18 Fonte: PwC Brasil Ponto de Vista V Mapeamento e controle de processos: uma necessidade das usinas José Rezende* Luiz Barbosa** Luiz BarbosaJosé Rezende A complexidade de uma usina de cana pode ser medida pelo número de processos e riscos para sua operação. Em média, as usinas possuem 16 macroprocessos, os quais estão permeados por diversos riscos, sendo, principalmente, riscos opera- cionais, financeiros, ambientais e de imagem. Esses elementos podem gerar desde ineficiência e retrabalho até frau- des com impacto financeiro e exposição indevida do nome da usina na mídia. Segundo levantamento realizado pela PwC Brasil, existem cerca de 840 riscos relacionados a esses processos, que vão desde o plantio da cana até a comercialização dos produtos finais, passando por todos os seus processos principais e também de apoio admi- nistrativo. O processo Agrícola é o que possui o maior número de riscos identi- ficados (213). Em seguida, vem o pro- cesso de Suprimentos, com 123 riscos e, em terceiro lugar, o processo de Re- cursos Humanos, com quase 70 riscos mapeados. Juntas, essas três áreas res- pondem por quase metade de todos os riscos mapeados em uma usina. O controle e o mapeamento de cada processo são essenciais para uma boa gestão, evitam falhas e ineficiências e permitem uma melhor administração dos custos de produção. No entanto, o levantamento da PwC mostrou que cerca de 72% dos processos das usinas apresentam alguma ineficiência. Os processos da área agrícola, res- ponsável por cerca de 70% dos custos de produção de açúcar e etanol, são os principais pontos que requerem melho- ria e estão relacionados com o registro das operações e manejo da cultura. No caso do registro, também chamado de apontamento, é muito comum o uso de controles manuais, apontamentos duplica- dos de operações, au- sência de registro de serviços terceirizados, falta de rastreabilidade dos insumos e serviços, possibilidade de desvio de insumos, registros de colheitas em áreas não colhidas, entre ou- tros. Já no que se refere ao manejo da cultura, a eficiência e redução de custos estão atreladas ao uso correto dos in- sumos, desde a escolha dos produtos a serem utilizados até a forma de aplicação. Um instrumento que pode propiciar melhor controle no manejo e contribuir para os ga- Riscos identificados por tipo de processos das usinas
  • 19. Revista Canavieiros - Abril de 2015 19 nhos de eficiência agrícola é a Agricul- tura de Precisão (AP). Essa tecnologia possibilita a identificação das condições gerais das áreas produtivas e permite administrar o uso de insumos por meio de dosagens espe- cíficas de acordo com as ne- cessidades de cada área. Na prática, isso se traduz no uso de tecnologia para gerar in- formações confiáveis para a tomada de decisão no campo, aumentando a precisão. A Agricultura de Precisão é, portan- to, uma excelente ferramenta para su- portar a melhoria dos controles adota- dos em uma usina ou em qualquer outra agroindústria com produção agrícola. Vale ressaltar, porém, a importância das fases que antecedem a adoção da tec- nologia, como o devido mapeamento e gestão dos diversos processos e contro- les pertinentes a cada área. Enfim, o mercado vem passando por diversas mudanças, em um ambien- te competitivo crescente a cada ano. A existência de processos bem defini- dos, normas, procedimentos e controles documentados e regularmente testados pode aumentar a confiança das informações, tornar a toma- da de decisão mais precisa e ágil e oferecer maior con- fiança aos acionistas e ao mercado. Conhecer e pro- mover melhorias no nível de eficiência de seus processos é vital para que uma empresa possa buscar crescimento estruturado e de longo prazo. *Sócio da PwC Brasil **Gerente da PwC Brasil e especialista em Agribusiness RC
  • 20. Revista Canavieiros - Abril de 2015 20 P rimeiro, queria dar ao leitor da Caipirinha uma boa notícia. Te- remos este ano a reedição do Ca- minhos da Cana, que em 2014 circulou mais de 20 cidades fazendo pesquisas, palestras e propostas ao setor. Iremos em 2015 para mais 20 cidades, concen- trando as visitas no segundo semestre. Queria aqui mais uma vez agradecer ao apoio financeiro da Bayer e da Case, e ao apoio institucional da Orplana, Unica, FEA-RP, Fundace, Markestrat e Canao- este, além, é lógico, de todas as demais associações do setor, que nos receberão para o trabalho. Estou muito animado e vocês acompanharão as visitas, as prin- cipais fotos, aqui nesta coluna. Voltando agora às notícias ruins... Comecei o semestre dizendo aos meus alunos da disciplina de planejamento, que este ano de 2015 seria o pior dos meus 20 anos dando aulas em Ribeirão Preto, na FEA/USP. E, desde minha primeira aula no final de fevereiro, as coisas só pioraram... A gestão econômica dos últimos anos nos entregou um deficit em conta corrente de 4%. O ano será difícil, pois buscaremos um superavit de cerca de 1% ao final do ano; Depreciação do real foi de 40% em um ano, algo que dificilmente tenha entrado nos cenários das empresas; Itaú BBA acredita em redução de 1,5% no PIB do país em 2015; A inflação em alta e o IPCA de- vem superar 8,5%, reconhecido até pelo Governo; Juros devem ir a 13%, dificultan- do ainda mais quem tem endividamento; Vale sempre lembrar que fazer um forte ajuste fiscal em economia em recessão é muito ruim, pois a própria recessão tira arrecadação do Governo; Câmbio ajudou a reverter a ques- tão da desconfiança do agronegócio, mas esta segue muito grande na popu- lação brasileira, o que deve agravar o quadro econômico; Desemprego aumentando vai reduzir médias salariais e reduzir for- temente o consumo das famílias, agra- vando o quadro; O fator câmbio é o que vai trazer a retomada da competitividade, mas ele seleciona, pois os grupos mais fortes te- rão mais impactos positivos. Como está nossa cana? CONAB divulga estimativa de safra de 592 milhões de toneladas no Centro-Sul. A produção de açúcar será de 33,72 milhões de toneladas, (5,4% maior). Para a CONAB, a produção to- tal de etanol será de 26,89 bilhões de litros (1,4% maior); Estudo do IEA/Apta mostrou que a produtividade da cana em SP na safra 14/15 caiu 9,6%, principalmente devi- do ao clima seco que caracterizou este período. Como está nosso açúcar? Expectativa da Índia é de produ- zir 2% a mais que a safra anterior, che- gando a 26,5 mi t.; Em recente análise de custos de produção atualizados com as desva- lorizações das moedas frente ao US$, Arnaldo Correa aponta que o custo no Brasil está em 11,71 cents/libra peso. Quando FOB, aumenta para 13,70. Na África do Sul o custo é de 11,14 e na Austrália, de 12,38. Estes países tive- ram forte desvalorização das moedas. Já Índia e a Tailândia não tiveram, e seus custos ficaram maiores. Na Índia é de 23,17 (com o subsídio cai para 20) e na Tailândia é de 16,21. O real desva- loriza bem mais que as demais moedas dos países competidores do Brasil; A ISO acredita que a produção mundial supera o consumo nesta safra em 620 mil toneladas; Cada ponto adicional no mix para alcooleiro reduz a produção de açúcar entre 750 até 800 mil toneladas. Portan- to, a solução seria produzir mais etanol, mas com a remuneração em reais do açúcar está havendo movimento inverso; Arnaldo Correa aponta que o custo no Brasil está em 11,71 cents/li- bra peso. Quando FOB, aumenta para 13,70. Na África do Sul o custo é de 11,14 e na Austrália, de 12,38. Estes países tiveram forte desvalorização das moedas. Já Índia e a Tailândia não ti- veram, e seus custos ficaram maiores. Na Índia é de 23,17 (com o subsídio cai para 20) e na Tailândia é de 16,21; Subsídio sendo dado pela Índia e pela Tailândia faz com que a produção não se reduza. Expectativa da Índia é de produzir mais de 24 milhões de tonela- das, 13% a mais; Com o real desvalorizado, esti- ma-se que os preços de break even do açúcar passaram a algo próximo a 12 cents por libra peso; Efeitos do câmbio: preços médios em R$/tonelada (FOB Santos) foram de 864 (2013), 880 (2014) e expectativa para 2015 de R$ 920/t.; As Usinas que estão fixadas apre- sentam preço médio de R$ 971/t (Archer); Primeiros dois meses: exporta- ções de açúcar foram de apenas 3,4 mi- lhões de toneladas, 13,5% menores que em 2014; Finalmente, compartilho com o leitor fotos (ao lado) que tirei deste açú- car nos EUA. Vejam que interessante, na embalagem coloca-se o número de calorias, para mostrar que são poucas, tem-se o diferencial exaltado que é fei- to de cana, e no verso, vejam como a Coluna Caipirinha Marcos Fava Neves* Caipirinha Como está o nosso agro e o cenário econômico?
  • 21. Revista Canavieiros - Abril de 2015 21 empresa está ligada nas novas mídias sociais, participando de praticamente todas as plataformas existentes. Como está nosso etanol? Etanol hidratado chegou a atingir R$ 1,41/l em 2 a 6/fev. Agora em que- da livre, desnecessária, atingindo R% 1,15. Alguns traders estão enxugando o mercado via exportações de anidro, favorecidas pelo câmbio atual; Os prejuízos da Petrobras no Lu- lopetismo foram impressionantes, su- peram qualquer das piores expectativas existentes, e a empresa está sem crédito e reduzindo investimentos. A nova ges- tão e da Petrobras será benéfica ao se- tor. Nível de alavancagem bastante alto, vai ter que virar e isto implica positiva- mente o setor de cana. Crescimento da produção da Petrobras será bem menor, o que ajuda no etanol como substituto; O ministro das Minas e Energia deu impactante palestra onde mostra o buraco que estamos na questão de su- primento de combustíveis, e isto pode representar um novo alento ao etanol, com planos de longo prazo; Estoques (final de março) estão mais elevados nas usinas (2,8 bilhões de litros, contra 1,6 bi l no ciclo ante- rior). Destes, 1,1 bilhão de litros é de hidratado, acima em cerca de 500 mi- lhões do ano anterior (Bioagência); Consumo de hidratado no pri- meiro bimestre foi de 2,5 bilhões de litros, 16% a mais que em 2014. E con- sumo da gasolina foi 0,72% menor (6,9 bilhões de litros); Preços do etanol na usina caem, mesmo na entressafra. Queda este ano entre 10 a 15%, enquanto que nos pos- tos recuou apenas 2%. Mais uma vez se transfere renda do setor produtor para o setor distribuidor; No primeiro bimestre de 2015 o consumo de etanol hidratado no Bra- sil subiu da participação de 16,5% em 2014 para 20,4%; Apesar de não remunerador, as vendas de etanol pelas usinas em março bateram importante marca, 47% maior que em 2014. Foi comercializado 1,45 bilhão de litros. Quem é o homenageado do mês? Todos os meses esta coluna home- nageia uma personagem do setor de cana. Este mês faremos uma homena- gem ao grande Antonio Cesar Salibe, presidente executivo da UDOP, que tem enorme e histórico trabalho em defesa do setor sucroenergético, fora a grande simpatia! Haja Limão: A popularidade da presidente (em minúscula propositalmente) atingiu níveis muito baixos, e praticamente 2/3 da população brasileira defende sua saída. Eu pegaria meu boné. Um governo paralisado, desidratado, e já temos praticamente o PMDB coman- dando o Brasil, com o vice-presidente na articulação política e os presiden- tes da Câmara e do Senado ditando as reformas e a agenda. Dia 12 de abril tivemos outra manifestação enorme no Brasil, repercutindo internacionalmen- te, e os movimentos sociais de nova geração, entre eles o Vem Pra Rua, fo- carão agora sua atuação no Congresso. Para nosso alento, todos defendem a redução do tamanho do Estado, e a efi- ciência, algo que o PT fará apenas na marra, pois não é de seu perfil e visão ideológica. Haja limão para o Estado brasileiro. E digo mais, com a recente aproximação de Cuba dos EUA, cada vez mais os bolivarianos vão ficando isolados no continente. *Marcos Fava Neves é Professor Titular da FEA/USP, Campus de Ribeirão Preto. Em 2013 foi Professor Visitante Internacional da Purdue University (EUA) 21 RC
  • 22. Revista Canavieiros - Abril de 2015 22 Show de Ivete Sangalo marca Jantar Beneficente em prol do Hospital de Câncer de Barretos I vete Sangalo foi a estrela do 9º Jan- tar Beneficente realizado pelo Siste- ma Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred em prol do Hospital de Câncer de Barretos-SP, no último dia 2 de abril. Com um show romântico e intimista, a cantora baiana ocupou, por duas horas, o palco do Centro de Eventos Coperca- na, em Sertãozinho-SP, novíssimo es- paço inaugurado em junho de 2014 com a Feira de Agronegócios Copercana. No repertório, composições próprias e can- ções que ficaram marcadas nas vozes de outros artistas. O show é uma parceria com o Hos- pital de Câncer de Barretos para arreca- dar recursos que garantam o tratamento de pacientes de todo o país, neste que é considerado o mais avançado centro oncológico do Brasil. Nos anos anterio- res, também estiveram presentes nomes consagrados da Música Popular Brasi- leira: Chitãozinho e Xororó, Leonardo, Daniel, Zezé di Camargo e Luciano, Sérgio Reis e Renato Teixeira, Victor e Léo, Paula Fernandes e Jorge e Mateus. Fernanda Clariano Igor Savenhago O evento deste ano recebeu cerca de 1.400 pessoas, que puderam desfrutar do conforto do Centro de Eventos, um local moderno e sofisticado que con- ta com área total de 10,3 mil metros quadrados, estacionamento, vestiário, sanitários, palco e camarins, cozinha e apoio para buffets e estrutura completa para receber feiras, shows, formaturas e outros eventos. Além de se divertir com o carisma de Ivete, o público assistiu à cantora ser homenageada pela dedicação às ações do hospital. O “pedacinho do céu”, peça em acrílico desenvolvida especialmente Pela primeira vez, o evento, promovido pelo Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, foi realizado no novíssimo Centro de Eventos Copercana, em Sertãozinho Centro de Eventos Copercana
  • 23. Revista Canavieiros - Abril de 2015 23 Estrutura para os cantores que participam do jan- tar, foi entregue por Henrique Prata, di- retor do Hospital de Câncer de Barretos, e por Antonio Eduardo Tonielo, presi- dente da Copercana e do Sicoob Cocred. “Tem muitas coisas que eu gosta- ria de fazer. São crianças, são idosos, é uma série de outras doenças que são marginalizadas. Mas que felicidade eu poder ser cantora e ajudar com uma coisa que sei fazer e que nem dá tanto trabalho. É só prazer”, afirmou Ivete. Para Tonielo, a realização do jantar é motivo de satisfação. “Pra nós, da famí- lia Copercana, é muito importante porque não estamos ajudando só o hospital, mas a população da região e de grande parte do país, porque o hospital atende o Brasil inteiro. Com essas ações, o pessoal dá va- lor ao hospital, o que é fundamental para que a gente continue sempre apoiando”. A diretoria do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, através dos diretores Antonio Eduardo To- nielo, Manoel Ortolan e Pedro Esrael Bighetti, agradece a todas as pessoas, empresários e fornecedores de produ- tos e serviços que se empenharam para a realização do evento. E lembram que o sucesso do show também é mérito da equipe de colaboradores, que não medi- ram esforços para que tudo ocorresse de forma tranquila e harmônica. Mais de R$ 600 mil (receita líqui- da) serão repassados para o Hospital de Câncer de Barretos. Reconhecido internacionalmente, o Hospital de Câncer de Barretos realiza 100% dos atendimentos via SUS (Sis- tema Único de Saúde). Recebe, anual- mente, mais de dez mil novos casos de câncer e realiza 4,5 mil atendimentos diários. Com mais de 3,5 mil colabora- dores e um corpo clínico de quase 400 médicos, oferece, ainda, alojamentos gratuitos e cerca de dez mil refeições to- dos os dias a pacientes e acompanhantes. Gerido pela Fundação Pio XII, que existe desde 1967, está presente não só em Barretos, mas possui unidades de prevenção e tratamento em Jales-SP e Fernandópolis-SP, Porto Velho-RO, Juazeiro-BA e Campo Grande-MS. O desafio de manter toda essa es- trutura em funcionamento cresce dia a dia, na medida em que a instituição se torna cada vez mais conhecida e requi- sitada. Como a tabela do SUS e outras verbas estaduais e federais não cobrem os custos, o deficit mensal chega a R$ 11 milhões, valor que precisa ser arre- cadado por meio de doações e eventos beneficentes, como o jantar promovido pelo Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. “Eu sou encantado com o projeto, que sempre foi, na cabeça e no cora- ção do Antonio Tonielo, a vontade de sempre nos ajudar. É um grande exemplo e uma grande parceria que o hospital tem. Um orgulho, para que a gente possa ter a motivação se saber que todo ano existe um interesse e uma vontade, cada vez maiores, de nos aju- dar”, disse Henrique Prata. Fotos:RafaelMermejo Antonio Eduardo Tonielo e Henrique Prata entregaram um “Pedacinho do Céu” para a Ivete Sangalo
  • 24. Revista Canavieiros - Abril de 2015 24 Sandra e Pedro Esrael Bighetti Danilo Lima, Manoel, Sandra e Érica Ortolan Márcio, Rodolfo e Rita Meloni Andrea e Giovanni RossanezDaniel e Solange Annibal Luiz Carlos Tasso JúniorSérgio Sicchieri e Rosali Bonato Antonio Eduardo e Neli Tonielo Fotos:RafaelMermejoeJoyceTolentino Notícias Copercana
  • 25. Revista Canavieiros - Abril de 2015 25 Francisco César, Maria José e Lívia Urenha Márcio Zeviani Danilo Lima e Érica Ortolan Dra. Rita Tonielo Fabiola Ali Meri e Fernanda Pinoti Natália, Giovana e Solange Tonielo Cláudia Tonielo e Arnaldo Jardim Patricia Selegato Foto:AmndréiaVital
  • 26. Revista Canavieiros - Abril de 2015 26 Depoimentos Confira outras opiniões sobre o 9º Jantar Beneficente em prol do Hospital de Câncer de Barretos: Pedro Esrael Bighetti Diretor da Copercana Temos que agradecer a Deus, em primeiro lugar, por estarmos aqui numa casa nova e o pessoal colaborando com uma causa social, principalmente para o Hospital de Câncer de Barretos, mui- to bem organizado e administrado pelo Henrique Prata e pela equipe dele. Es- tão todos de parabéns. Por isso, faze- mos esse evento com ânimo. Sabemos onde a verba vai ser aplicada. Graças à diretoria, aos funcionários e à equipe da Copercana, conseguimos fazer uma ação desse porte com sucesso. Sandra Bighetti Esposa de Pedro Esrael Bighetti Inicialmente, parabenizo ao Sistema Copercana pela construção do Centro de Eventos, que é monumental e abriga muitas pessoas de forma bem aconche- gante. Este evento tem um grande obje- tivo, que é angariar fundos para o Hos- pital de Câncer de Barretos e do qual nos sentimos muito bem em participar. Por isso, parabenizo o Sistema Coper- cana mais uma vez. Frederico Dalmaso Gerente de Comercialização Insu- mos da Copercana Esse é o nono ano do evento e os recursos arrecadados são muito im- portantes para o Hospital de Câncer de Barretos. Acho que é uma obrigação do ser humano colaborar com os mais ne- cessitados. E que bom que a Copercana consegue juntar essas pessoas e empre- sas que têm condições de ajudar. Somos apenas o veículo e levamos essa doação até o hospital. É um grande evento e está de parabéns o Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. Manoel Ortolan Presidente da Canaoeste Não é só desse evento que as nossas empresas participam. Apoiamos mui- tas outras entidades da região, mas este, sem dúvida, é o maior evento que temos feito nos últimos anos. Um motivo maior de satisfação é estarmos no nosso Centro de Eventos. Quando o planejamos, tínhamos em mente a nossa feira de Agronegócios e, tam- bém, um conforto maior aos nossos convidados. Esse sonho está sendo re- alizado aqui hoje. Então, estamos du- plamente felizes. Primeiro, por poder contribuir com o hospital que tem um trabalho fabuloso, reconhecido não só no Brasil, mas mundialmente. E tam- bém por estarmos estreando o Centro de Eventos Copercana.
  • 27. Revista Canavieiros - Abril de 2015 27 Sandra Ortolan Esposa de Manoel Ortolan Acho importante participar desses eventos que têm sido realizados durante esses nove anos porque, de certa for- ma, eles contribuem para a melhoria de qualidade de vida de pessoas com difi- culdades financeiras para fazer os tra- tamentos. Por isso, todos os envolvidos estão de parabéns. Neli Tonielo Esposa de Antonio Eduardo Tonielo Para começar, a diretoria da Coper- cana está de parabéns pelo evento. O prédio é maravilhoso, o pessoal está comentando muito, dando os para- béns e dizendo que nem Ribeirão Pre- to tem um local como esse que temos aqui em Sertãozinho. Agradecemos muito a Deus e ao pessoal da Coper- cana, que está sempre se empenhando em ajudar o Hospital de Câncer de Barretos. Infelizmente, aqui em Ser- tãozinho, tem muita gente com essa doença e que procura a diretoria da Copercana para ser encaminhada. En- tão, todos contribuem com este even- to porque conhecem o trabalho que é feito lá em Barretos. Luiz Carlos Tasso Júnior Superintendente da Canaoeste É com muita alegria que participo de um evento como este, que angaria recursos ao Hospital de Câncer de Barretos e que tem um pessoal muito dedicado à saúde de pessoas debili- tadas e simples. Sempre trabalhamos em prol disso, da comunidade, de aju- dar as pessoas. E um evento deste ta- manho permite contribuir e retribuir tudo que a sociedade faz por nós, do- ando um pouquinho para o Hospital de Câncer de Barretos. Márcio Meloni DiretorAdministrativo e Financei- ro da Sicoob Cocred Acho que empresas como a Co- percana, a Canaoeste e a Sicoob Co- cred têm quase que uma obrigação de contribuir com essa área social, prin- cipalmente com o Hospital de Câncer de Barretos, que dá uma assistência muito boa não só para Barretos, mas para a região e para o país. Nesse momento de crise que vivemos, um evento como esse é essencial para o hospital. Tenho certeza de que é muito bem-vindo esse dinheiro nes- sa hora. Têm muitas outras empresas contribuindo e a gente só tem a agra- decer a elas. Francisco César Urenha Diretor de Crédito da Sicoob Cocred É uma alegria poder participar de um evento desse porte, com artistas desse nível, tudo por uma causa muito nobre, que é ajudar o Hospital de Câncer de Barretos. Eu me sinto muito feliz de fa- zer parte e estar vivendo este momento junto com todos os diretores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. Manoel Sérgio Sicchieri Assessor das diretorias do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred É uma grande satisfação, para a di- retoria e todos os presentes, trazermos a Ivete Sangalo neste nono ano, junta- mente com a inauguração da parte social do Centro de Eventos da Copercana. A Ivete é uma grande cantora. Acredito que todo mundo tenha gostado. Espero que nos próximos anos tenhamos outros eventos de sucesso como foi o de 2015, para uma causa tão nobre que é ajudar o Hospital de Câncer de Barretos. Ismael Perina Presidente do Sindicato Rural de Jaboticabal É nessa hora que a gente vê que o ser humano não mede esforços para co- laborar com uma causa extremamente nobre, que é o trabalho do Hospital de Câncer de Barretos. Acho que o empe- nho das empresas, das pessoas, é o que permite que ele funcione da maneira como funciona, podendo atender gen- te do Brasil inteiro. Felizmente, graças a eventos como este, muitas pessoas têm sido curadas. Parabenizo, então,
  • 28. Revista Canavieiros - Abril de 2015 28 Barretos, na própria Ibitiúva, que é a minha cidade, todo ano tem um evento em prol do hospital e procuro sempre estar à disposição para o que for pre- ciso. Quero parabenizar o Toninho To- nielo e toda a diretoria da Copercana, porque é um belo evento. João Luiz Sverzut Diretor da Caldema Fico muito grato, muito satisfeito. Es- tou contente por estar aqui, ser convidado da Copercana a participar desse evento. É uma ação muito bonita, porque é uma caridade que a gente faz para um hospital que tem tanta necessidade. Também fico satisfeito de ver toda essa estrutura que foi montada. A Copercana está de parabéns. Francisco Luiz Galo Gerente de Suprimentos da Usina da Pedra Estamos muito felizes porque a Co- percana representa um elo muito impor- tante da cadeia de suprimentos do setor de produção de etanol e açúcar. E quan- do vemos um parceiro tão importante preocupado em mobilizar a sociedade para trazer benefícios e ajudar entida- des com as quais o governo deixa de se comprometer mais intensamente, isso fortalece ainda mais a cadeia produtiva. Além de ter produtos, serviços, você tem um bem social que é conseguido com esse trabalho. de confraternização. Que possamos fa- zer com que este exemplo se prolifere, se multiplique por aí. José Marossi Gerente estratégico da Dupont É uma honra para a Dupont colabo- rar com um evento beneficente do porte que é este aqui.Aempresa participou de todos os nove anos do jantar e continu- ará participando. Engrandece muito a relação entre a Dupont e o Sistema Co- percana uma ação deste nível. Cássio Lucenti Fornecedor de cana Todos nós devemos, dentro do possí- vel, colaborar com o Hospital de Câncer de Barretos, que ajuda tantas pessoas. Isso é muito importante, principalmente para as pessoas com mais necessidade. Não só aqui em Sertãozinho, mas em a Copercana, a Canaoeste e a Sicoob Cocred, que juntas realizam um pou- quinho mais para que o atendimento continue caminhando e acontecendo de maneira tão bonita como está sendo ao longo de todos esses anos. Letícia Pignata Encarregada do Departamento de Marketing Se não fosse toda a equipe da Coper- cana, que envolve gestores em todas as áreas, não conseguiríamos realizar esse evento. Conto com o apoio de todos e só tenho a agradecer todo mundo que está sempre me ajudando. Para montar o show, tem todo um trabalho, mas, na hora em que você termina e vê a realização, tudo organizado, tudo tranquilo, é mara- vilhoso. É todo mundo unido pelo bem. Arnaldo Jardim Secretário de Agricultura e Abas- tecimento do Estado de São Paulo Nove anos já. Imagino quantas pes- soas tiveram uma vida melhor por conta disso. Este evento contribuiu para que pessoas se curassem, ajudou a terem menos sofrimento. Uma vida já valeria a pena, mas foram muitas. Então, quero cumprimentar a Copercana, a Canaoes- te e a Sicoob Cocred por essa iniciativa, que é um exemplo. Se muitas outras en- tidades fizessem isso, seria maravilho- so. Cumprimento, também, a todos os que estão aqui, por este dia de alegria, RC Notícias Copercana
  • 29. Revista Canavieiros - Abril de 2015 29
  • 30. Revista Canavieiros - Abril de 2015 30 Milena Talamoni, encarregada da BioCoop Notícias Copercana Quase uma tonelada por dia Q uase três milhões de quilos de materiais reaproveitados. Este é o saldo de uma década de trabalho da BioCoop, projeto mantido pelo Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. Todo esse volume cor- responde a uma média de 300 mil qui- los/ano, ou 25 mil/mês – perto de uma tonelada por dia. São embalagens plás- ticas, de papel, vidro e até sucata. O que potencialmente era lixo não vai mais para descarte. É vendido para empresas de reciclagem, o que gera recursos para bancar campanhas que visam recolher ainda mais material. Um círculo virtuo- so. O meio ambiente agradece. Os próprios números da BioCoop mostram que é possível aumentar, ano a ano, a carga que, retirada da natureza, não polui mais. E ainda vira renda. O levantamento, de abril de 2005, quan- do o projeto foi inaugurado, até o final do ano passado, mostra um crescimen- to substancial de praticamente todos os materiais recebidos. Na comparação com o ano de 2006, o primeiro em que o recolhimento foi feito durante os 12 me- ses, o volume de papelão reaproveitado subiu 38%, passando de 213.291 qui- los para 294.570 em 2014. No mesmo período, plástico e papel praticamente dobraram. O primeiro saltou de 14.520 quilos para 30.604. Já o outro teve um incremento de 14.654 para 29.425. Ao todo, nesses dez anos de atu- ação, a BioCoop soma 2.895.277,4 quilos de recicláveis. E é bom lembrar que, nesse placar, nem estão compu- tadas as sacarias, caixas de madeira e lâmpadas, que são processadas não por quilo, mas por unidade. O sucesso do empreendimento pode ser explicado por alguns fatores. Um de- les foi a aposta do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred quando ain- da pouco se falava em preservação am- Igor Savenhago Este é o volume médio de materiais recicláveis processados pela BioCoop, projeto do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred que está completando dez anos biental. Pioneirismo que também ficou evidente com as campanhas de cons- cientização, que incentivam os próprios colaboradores a separar o lixo em casa. Elas não existiam até 2009. A partir de setembro daquele ano, com a chegada de Milena Talamoni, atual responsável pelo departamento, a divulgação passou a ser mais efetiva. A receita era simples. Aqueles que contribuíssem com os pro- gramas de reaproveitamento receberiam cupons para concorrer a brindes. “Na época, muitos funcionários do sis- tema sabiam da existência da BioCoop, mas não exatamente o que ela fazia. Hoje, acredito que o reconhecimento do traba- lho já é bem maior”, afirma Milena.Além de coordenar as campanhas e cuidar da triagem dos materiais, ela conta com o apoio de outros dois colaboradores, Ota- ciano Dionísio de Oliveira e Claudirene de Mattos, que fazem a separação. Milena se formou no fim de 2008 e, sete meses depois, conquistava seu primeiro emprego como bióloga, jus- tamente na BioCoop. Percebeu um ambiente propício para a implantação das campanhas. E não demorou para que houvesse a adesão de vários co- laboradores. Claudirene de MattosOtaciano Dionísio de Oliveira
  • 31. Revista Canavieiros - Abril de 2015 31 Hábito A assistente de contas a receber do departamento financeiro do sistema, Carmen Sílvia Nadaleto Cancian, já ti- nha o hábito de separar os recicláveis em casa. Todo o volume era entregue no bairro mesmo, a pessoas conhecidas e que sobreviviam da venda. Mas elas pararam de passar. Carmen, no entanto, persistiu. E precisava dar outro destino aos materiais. “Quando vieram as cam- panhas da BioCoop, passei a levar para lá”. Hábito que virou herança. “Tenho duas filhas e, quando elas consomem algum alimento, como enlatado ou lei- te, já lavam e separam”. A cada 15 dias, a assistente entrega ao projeto três sacolas cheias de reci- cláveis. Tanto zelo rendeu prêmio. Em 2014, Carmen foi contemplada com uma cesta básica e uma de higiene pes- soal, doadas a um amigo. “Eu já estava pensando até em comprar uma cesta para ele, mas não foi necessário”. Campanhas Além de fazer a reciclagem de mate- riais que seriam descartados pelas lojas e supermercados do Sistema Coperca- na, Canaoeste e Sicoob Cocred, a Bio- Coop promove, anualmente, duas cam- panhas que visam ampliar a destinação correta de materiais: “Seu reciclável vale muito” e “Natal Socioambiental”. No ano passado, só estas iniciativas evitaram o descarte, na natureza, de mais de três toneladas de resíduos. De- pendendo da campanha, a cada 15 ou 20 itens de recicláveis enviados à Bio- Coop, o colaborador entra num sorteio para concorrer a cestas básicas e de hi- giene mensalmente e dezenas de brin- des em dezembro de cada ano. Participante ativa o ano todo, Car- men também destina à BioCoop lacres de latas de alumínio. Eles são trocados por cadeiras de rodas, que, por sua vez, são direcionadas a entidades assisten- ciais – 11 delas já foram beneficiadas, em quatro anos de existência dessa campanha, em diferentes municípios da área de cobertura do sistema. Só em 2014, foi arrecadada, apro- ximadamente, uma tonelada de lacres, que podem ser entregues em qualquer unidade da Copercana, da Canaoeste e do Sicoob Cocred, como supermer- cados, postos de combustíveis, auto center, lojas de ferragens, magazines, unidade de grãos, agências bancárias, biblioteca e no Cred Clube. A extensa divulgação do trabalho ajudou a BioCo- op a se tornar conhecida e requisitada também em vários pontos de Sertãozi- nho-SP. Tanto que moradores passaram a colaborar com o projeto, doando não só lacres como materiais recicláveis. Outra marca inconfundível da Bio- Coop são as campanhas de reforma de Milena Talamoni e Carmen Sílvia Nadaleto Cancian Entrega da Cadeira de Rodas em Jaborandi no Centro de Promoção da Sabedoria e Experiência da 3ª idade Entrega de Cadeira no Lar dos Velhos de Cajuru uniformes usados pelos colaboradores do sistema. Em vez de serem descar- tados, eles são lavados e passam por ajustes para que sejam reutilizados por pessoas que precisam de roupas. No ano passado, mais de 450 peças foram entregues à Polícia Militar de Sertãozi- nho e, posteriormente, doadas ao Fundo Social de Solidariedade. SERVIÇO: BioCoop Rua Expedicionário Lellis, nº 702 Sertãozinho-SP Telefone: (16) 3946-3300 (Ramal 2140) Principais materiais 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 TOTAL Em quilos Papelão 149.790 213.291 214.050 228.474 242.760 247.490 248.530 232.990 289.817 294.570 2.361.762 Plástico 7.348 14.520 18.150 18.831 20.230 21.280 20.560 26.636,7 29.230 30.604 207.389,7 Papel 9.720 14.654 7.386 15.281 21.069 24.672 24.619 24.419 22.646 29.425 193.891 Sucata 1.190 1.320 0 3.220 13.670 21.480 8.930 21.040 10.760 28.852 110.462 Vidro 0 0 0 0 0 370 440 3.820 3.630 5.680 13.940 Em Unidades Caixas Madeira 8.970 21.801 25.291 30.437 30.248 30.657 35.812 30.051 19.548 17.392 250.206,9 Sacarias 1.533 4.048 0 3.765 6.986 6.502 4.563 4.485 5.174 5.061 42.117 Lâmpadas 0 0 0 0 1.086 1.573 2.246 1.184 1.000 1.400 8.489 Fonte: BioCoopRC
  • 32. Revista Canavieiros - Abril de 2015 32 Copercana realiza assembleia geral e apresenta balanço de 2014 C om o propósito de fazer a pres- tação de contas da administração referente ao exercício de 2014, a Copercana (Cooperativa dos Plantado- res de Cana do Oeste do Estado de São Paulo) realizou sua Assembleia Geral Ordinária, no dia 26 de março, no audi- tório da Canaoeste, em Sertãozinho-SP. Com a participação de diretores e coope- rados, o encontro foi conduzido pelo di- retor presidente da Copercana, Antonio Eduardo Tonielo, participando também da mesa diretora o diretor superinten- dente Manoel Ortolan e o diretor secre- tário, Pedro Esrael Bighetti. Na ocasião, eles foram assessorados pelo advogado, Clóvis Aparecido Vanzella, e pelo gestor de Controladoria e Contabilidade, Mar- cos Molezin. A reunião teve como pauta a desti- nação das sobras líquidas do exercício, além da eleição do Conselho Fiscal 2015/2016, que assim ficou definido: efetivos: Gaspar Carmanhan da Silvei- ra, Célio Márcio Sorci e Luis Antonio Lovato e seus suplentes: Silvio Lovato, Milton Martelli e Carlos Cesar Rodri- gues da Silva. “Apesar do cenário de instabilidades atravessado pelo setor sucroenergéti- co, resultado de políticas equivocadas adotadas pelo Governo Federal, que prejudicam, principalmente, o etanol, ficamos satisfeitos em informar que com o trabalho e empenho de todos, a rentabilidade da Copercana segue em ritmo crescente, não sofrendo grandes impactos, uma prova de que a coope- rativa tem aproveitado os momentos de crise para ousar e crescer, oferecen- do produtos e serviços de qualidade”, afirmou Tonielo, ao dar início à assem- bleia. Ele enfatizou, ainda, que diante desse fato, a cooperativa cumpriu o objetivo de estimular a atividade agrí- cola e que as metas da cooperativa, que Andréia Vital A cooperativa terminou o ano de 2014 com 6.299 cooperados e 1.438 funcionários terminou o ano com 6.299 cooperados e 1.438 funcionários, foram alcançadas com sucesso. Ao apresentar os dados referentes ao ano de 2014, o gestor de Controladoria e Contabilidade, Marcos Molezin, desta- cou que a Copercana ofereceu produtos e serviços agrícolas para facilitar o dia a dia do agricultor, como defensivos, fertilizantes, corretivos e implementos destinados às lavouras em geral, espe- cialmente à cultura da cana-de-açúcar, combustíveis e lubrificantes, prestação de serviços e recebimento e armazena- gem de soja, amendoim e milho. Como também os produtos das lojas de maga- zine, ferragens e supermercados, além de serviços automotivos. Os destaques ficaram por conta da inauguração do Centro de Eventos Co- percana, uma área total de 10,3 mil m², com estacionamento próprio e toda es- trutura completa para feiras, shows, for- maturas e outras festividades, inclusive para oAgronegócio Copercana e o jantar beneficente em prol do Hospital de Cân- cer de Barretos. Além do centro, foram inauguradas as lojas de Paulo de Faria/ SP, em março; Barretos-SP, em maio; e Batatais-SP, em dezembro; do posto de combustíveis em Jaboticabal-SP, em abril; e a reinauguração da loja de Santa Rita do Passa Quatro-SP, em junho. Já em Sertãozinho-SP foram feitas várias melhorias, entre elas, a modernização e reinauguração do supermercado. Também foi proporcionada a par- ticipação dos produtores em diversos eventos do setor, realizadas reuniões técnicas e treinamentos. O laboratório, localizado no mes- mo espaço da Uname (Unidade de Grãos da Copercana) realizou 12.980 análises de solo, 2.194 análises de micronutrientes, 456 análises entre gesso, fertilizantes e torta de filtro e 1.100 análises texturais. Já o sistema de recolhimento de embalagens regis- trou 98,7 toneladas, sendo 74 tonela- das de embalagens laváveis e 24,7 to- neladas de embalagens não laváveis. O projeto amendoim registrou o plan- tio em 13.457 hectares e, o projeto soja, 3.200 hectares. Também foram comercializados: 180.666 sacas de 60kg de milho; 214.936 sacas de 60kg de soja; 1.812.107 sacas de 25 kg de amendoim; 190.000 toneladas de fer- tilizantes; 7.958.874 quilos/litros de defensivos; 18.582.000 litros de com- bustíveis (diesel, gasolina e etanol); 126.919 toneladas de corretivos de solo, sendo 96.282 toneladas de cal- cário e 30.637 toneladas de gesso. No encerramento da assembleia, o presidente da Copercana ressaltou que o “trabalho em prol do cooperado con- tinuará firme em 2015 para que todos tenham as melhores oportunidades e para isso contamos com a colaboração e dedicação dos funcionários”.RC Notícias Copercana
  • 33. Revista Canavieiros - Abril de 2015 33 Inscrições com desconto até dia 15 de maio 20 anos HERBISHOW 14º
  • 34. Revista Canavieiros - Abril de 2015 34
  • 35. Revista Canavieiros - Abril de 2015 35
  • 36. Revista Canavieiros - Abril de 2015 36 Notícias Canaoeste Geladeiroteca instala a sétima unidade, no Hospital Dia, em Ribeirão Preto-SP A brir as portas para o conheci- mento e para o prazer da leitura. Esses são alguns dos objetivos do projeto Geladeiroteca, desenvolvido pela Biblioteca General Álvaro Tavares Carmo, da Canaoeste, e que entregou, no dia 24 de março, sua sétima unida- de – a primeira fora de Sertãozinho- -SP. Desta vez, o local escolhido para receber a antiga geladeira, que, com intervenções artísticas, se transforma em estante de livros, foi o Hospital Dia (anexo ao HC - Hospital das Clínicas), onde são promovidas reuniões do Gru- po Comunitário de Saúde Mental de Ri- beirão Preto-SP. O dia da entrega foi de festa. A sole- nidade, acompanhada por participantes do grupo, começou com reverência a Tom Jobim. A canção “Eu sei que vou te amar”, executada pelos músicos Vic- cenzo Sampaio e Gildo Legure, do Co- ral e Orquestra Del Chiaro, de Ribeirão, deu o tom do evento, lembrando que são múltiplas as formas de declarar o amor aos livros. “Acho que leitura e música cami- nham juntas. Quanto mais a gente ouve, mais quer ouvir, mais quer conhecer. Como um livro, faz com que os senti- mentos aflorem”, afirmou Sampaio. Já Legure ficou encantado ao ver o públi- co vidrado, tanto no som quanto nas le- tras. “A emoção é algo inerente, à mú- sica e à leitura. Impossível separar uma coisa da outra. Nosso principal objetivo é atingir as pessoas e ficamos muito fe- lizes quando isso é possível”. Além do Hospital Dia, as reuniões do Grupo Comunitário são feitas em outras três instituições de Ribeirão: no ECEU (Espaço Cultural e de Extensão Uni- versitária), na Avenida Nove de Julho; no Centro de Saúde Escola, localizado no bairro Vila Tibério; e na Unidade de Saúde da Família do bairro Eugênio Mendes Lopes. São rodas de conversa Igor Savenhago É a primeira vez que o projeto é implantado fora de Sertãozinho-SP; proposta é atender aos participantes do Grupo Comunitário de Saúde Mental que duram cerca de uma hora e meia, sempre iniciadas com um sarau. Os usuários levam músicas, relatos de filmes, poe- sias e outros textos e contam os motivos daquelas escolhas. Na sequência, compartilham expe- riências e reflexões sobre a vida. O Grupo Comunitário existe há 18 anos, por meio de uma parceria entre o Hospital Dia e o Centro de Psicologia Aplicada da Faculdade de Filosofia, Ciên- cias e Letras da USP-Ribeirão. O psiquiatra Sérgio Ishara, co- ordenador do grupo, que, duran- te o evento de entrega da Geladeiroteca declarou o amor aos livros recitando trechos de poemas que ouvia na infân- cia, explica que o projeto desenvolvido pela Canaoeste irá contribuir para ar- ticular ainda mais as propostas do tra- balho realizado no hospital. “Os livros trazem sempre, de alguma forma, uma experiência. E poder estar perto dos livros significa poder conhecer mais sobre experiências, sobre a vida, o que é entusiasmante. Os livros podem nos ajudar a amar a vida”. Ishara soube da Geladeiroteca por meio da secretária do grupo, Maria Luiza, que conheceu o projeto durante a Feira do Livro de Ribeirão Preto, em 2014. Eles entraram em contato com o bibliotecário da Canaoeste, Haroldo Luís Beraldo, com quem foi estabele- cida, também, uma parceria. A partir daí, começou o desafio de selecionar Dr. Sérgio Ishara e o Bibliotecário Haroldo Beraldo Lola Cauchick
  • 37. Revista Canavieiros - Abril de 2015 37 Amor, trabalho e reconhecimentoalguém que pudesse ilustrar a geladei- ra. O nome sugerido foi o de Lola Cau- chick, artista de rua, acostumada a fazer intervenções em espaços urbanos. “O convite foi interessante. Eu nunca havia feito algo nesse tipo de suporte. Já pin- tei até kombis. Mas uma geladeira foi a primeira vez”, disse ela. Utilizando a técnica do grafite, de várias cores, ela desenhou corujas. O motivo? Só mesmo uma declaração aos livros com arte. “Não tenho uma razão específica para as corujas. Pinto outros tipos de personagem, mas acabei me apaixonando pelas corujas. Fui desen- volvendo, agregando mais detalhes e cores e elas se tornaram o que são hoje”. Com a pintura, o que antes se limi- tava a uma carcaça de geladeira vira uma ferramenta lúdica, interativa, com um conteúdo que remete ao ali- mento. “Mas, diferente dos alimentos comuns, que, quando comemos fica- mos saciados, o livro é um alimento que quanto mais lemos mais quere- mos ler”, disse Ishara. A proposta de transformar geladei- ras velhas em bibliotecas, que teve iní- cio em 2013, rendeu ao bibliotecário Haroldo Luís Beraldo e à Canaoeste reconhecimentos importantes no ano passado, como o Prêmio Vivaleitura, recebido em Brasília-DF – que classifi- cou a Geladeiroteca entre os 20 melho- res projetos do Brasil e entre os cinco vencedores na Categoria “Bibliotecas Públicas, Privadas e Comunitárias” –, além de participação, na capital pau- lista, do 7º Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias (Biblioteca Viva). Antes do Hospital Dia, seis pontos em Sertãozinho foram contemplados: o ambulatório da UBS (Unidade Básica de Saúde) Plínio de Lima Rubião, no Jardim Recreio; a EMEI (Escola Muni- cipal de Educação Infantil) Aracy Pelá, no Jardim Porto Seguro; a ABA (Asso- ciação de Amigos do Bairro Alvorada); o CEJUSC (Centro de Solução de Con- flitos e Cidadania), no bairro Shangri- -lá; o CCI (Centro de Convivência do Idoso), no Jardim Soljumar; e o CRAS V (Centro de Referência de Assistência Social), na Vila Garcia. Para a inauguração da sétima unida- de, foram cedidos livros do acervo da própria Biblioteca da Canaoeste e hou- ve, também, doações, como a liderada por Uanda Cristina Silva, funcionária Uanda Cristina Silva
  • 38. Revista Canavieiros - Abril de 2015 38 Biblioteca da Canaoeste promove tarde cultural Outra ação realizada pela Biblioteca General Álvaro Tavares Carmo no mês de março, sob coordenação do biblio- tecário Haroldo Luís Beraldo, foi uma tarde cultural, com a peça teatral “O Buraco”. A apresentação, no dia 31, foi no Teatro Municipal Olympia Faria de Aguiar Adami, reunindo várias gerações da comunidade sertanezina. A iniciativa contou com o apoio do grupo de teatro Dalapagarapa e do Departamento de Cultura e Turismo de Sertãozinho. Mais que uma expressão artística, o teatro trabalha a noção de importância do indivíduo e do coletivo, quando des- perta para ações em equipe, por meio das quais cada um aprende a lidar com situações de grupo, possibilitando a so- cialização. Na peça, isso aparece quan- Fernanda Clariano do dois palhaços passam a enfrentar um grande desafio. Ignorando um alerta, um deles acaba caindo em um buraco fundo e, na tentativa de resgate pelo amigo, o que se vê é uma sequência de situações bastante engraçada. Dividem o palco os atores Toninho Costa e Sérgio Coelho. “Essa é a segunda vez que trabalha- mos o teatro através da biblioteca. É uma forma que estamos adotando para propiciar outros tipos de atividades cul- turais para a população, ou seja, não se restringir aos serviços de informações de acervo, livros, revistas, internet, mas oferecer várias formas de linguagem ar- tística gratuitamente”, disse o bibliote- cário da Canaoeste. do serviço de psicoterapia do HC. Co- movida com a iniciativa, ela reuniu os amigos de uma rede social e arrecadou dezenas de exemplares, de autores re- nomados da nossa literatura, como José de Alencar e Clarice Lispector. “Gosto muito de leitura. Então, fui atrás do meu grupo do WhatsApp e até de um grupo de corrida do qual faço par- te. O pessoal foi se simpatizando com a ideia e um foi pedindo para outro, que pediu para outro, e conseguimos uma doação bem expressiva”, conta. “Con- sidero a doação também como ato de amor aos livros, que são companheiros nas horas mais difíceis. Acho muito im- portante ir espalhando a ideia, divulgan- do isso que é um recurso maravilhoso que temos, a literatura”, declarou. Para Haroldo Beraldo, que diz de- clarar o amor aos livros com muito trabalho, levar a Geladeiroteca ao Hos- pital Dia é especial. “Principalmente por conta da parceria que fizemos com a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, algo muito simbólico, que de- monstra que o trabalho está sendo re- conhecido, visto e apropriado, inclusive fora de Sertãozinho”. Ele acredita que o projeto permiti- rá ampliar a atuação do Grupo Comu- nitário de Saúde Mental. “O trabalho envolve temáticas ligadas à literatura, música e outros tipos de arte com os pacientes. E a geladeira como supor- te lúdico pode ser uma ferramenta di- versificada de trabalho, uma forma de proporcionar um pequeno acervo, que eles não tinham aqui ainda”. E para quem pensa que a missão do dia está cumprida, Beraldo avisa: “Saio daqui para buscar mais uma geladeira”. O endereço é um apartamento na Zona Sul de Ribeirão. Doação de um casal que conheceu o projeto há alguns dias. Agora, ela será adaptada e receberá um novo toque artístico para que possa, também, abrir as portas para o conheci- mento e se transformar, em algum can- to da região, numa mensageira do amor aos livros. “Logo, teremos novidades”, conclui o bibliotecário. Haroldo Beraldo RC
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  • 40. Revista Canavieiros - Abril de 2015 40 Notícias Sicoob Cocred Balancete Mensal - (prazos segregados) Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados) - Fevereiro/2015 - “valores em milhares de reais” Sertãozinho/SP, 28 de Fevereiro de 2015.
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  • 42. Revista Canavieiros - Abril de 2015 42 Queima Rural - Procedimentos a serem adotados em caso de incêndio de origem desconhecida E stimados produtores de cana-de- -açúcar, inobstante as autoriza- ções de queima de palha a serem obtidas junto à Secretaria do Meio Am- biente, no Estado de São Paulo, os pro- dutores de cana de açúcar podem sofrer autuações administrativas decorrentes de incêndios descontrolados, origina- dos por terceiras e desautorizadas pes- soas, que atingem os seus canaviais. Apraz esclarecer que o requerimen- to de queima deve ser feito por todo produtor rural, independente de utili- zar-se do fogo, pois o órgão ambiental assim exige. Então, mesmo aqueles que não mais se utilizam do fogo, devem fazer o requerimento, que, no caso, servirá como “declaração de não-queima”, a ser utilizada em seu favor oportunamente. Digo isto porque o novo Código Florestal (Lei n. 12.651/2012), vigente desde 28 de maio de 2012, disciplinou em seu artigo 38, § 3º, que “na apuração da responsabilidade pelo uso irregular do fogo em terras públicas ou particu- lares, a autoridade competente para fis- calização e autuação deverá comprovar o nexo de causalidade entre a ação do proprietário ou qualquer preposto e o dano efetivamente causado” e, no pará- grafo 4º do mesmo artigo, que é “neces- sário o estabelecimento de nexo causal Juliano Bortoloti Advogado da Canaoeste Assuntos Legais na verificação das responsabilidades por infração pelo uso irregular do fogo em terras públicas ou particulares”, sig- nificando isso que o agente fiscalizador deve encontrar o real infrator, e não apenas multar o proprietário ou possui- dor do imóvel pelo fogo criminoso ali ocorrido. Então, por precaução e para con- seguir pleitear eventual autorização EXTRAORDINÁRIA de colheita de cana queimada por incêndio descontro- lado, junto à CETESB, deve o produ- tor de cana-de-açúcar buscar produzir o maior número possível de provas negativas, ou seja, aquelas capazes de demonstrar que não teve intenção de utilizar-se do fogo na lavoura atingida criminosamente pelo incêndio. Provas essas que servirão em prováveis defesas administrativas e judiciais. Mais uma vez, venho enumerar al- guns exemplos de provas que o produ- tor DEVE fazer para tanto: Sempre fazer o requerimento de eli- minação de queima até 2 de abril de cada ano, independente se não for uti- lizar-se do fogo – neste caso informar que não procederá ao uso do fogo; Fazer o Boletim de Ocorrências acerca do incêndio; Fazer análise da cana queimada para poder constatar que o rendimento industrial, medido em quilos de ATR, não está no ponto ideal, ou seja, a cana queimada não estava no seu nível de maturação máximo para ser colhida, não sendo justificável, portanto, o uso do fogo como auxiliar da colheita; Pedir declaração da unidade indus- trial e/ou prestadora de serviços que enviou o caminhão tanque (bombei- ro), onde conste que o produtor assim solicitou para apagar um incêndio de origem desconhecida ocorrido em seu canavial; Manter e informar ao agente público sobre a existência de procedimento de controle de prevenção e combate de in-
  • 43. Revista Canavieiros - Abril de 2015 43 cêndio, seja através de estrutura própria (caminhão bombeiro, brigadistas, ob- servadores da lavoura, etc.) ou de ter- ceiros (unidades industriais e vizinhos); MANTER OS ACEIROS COM NO MÍNIMO 6 METROS e tirar fotos dos aceiros existentes na pro- priedade bem como do não plantio em áreas proibidas de serem exploradas (abaixo das linhas de transmissão de energia elétrica, por exemplo), de- monstrando com isso obediência à legislação pertinente; Caso possua autorização, informar ao agente autuador, caso esse apareça, que não estava programada a queima, tanto que sequer efetuou as comunica- ções aos confrontantes e à Secretaria do Meio Ambiente; Caso não possua autorização, infor- mar ao agente autuante que não possuía interesse em utilizar-se do fogo em sua lavoura, tanto que sequer informou isto no requerimento; Demonstrar, através de fotos, tes- temunhas e laudo pericial, que a área queimada estava preparada para o corte mecânico, não justificando, por- tanto, o seu interesse em utilizar-se do fogo, assim como a correta área atin- gida pelo fogo; Demonstrar que a queima na área ocorreu em um período inferior a 12 meses. Isso pode ser feito através de documento que comprove a data da colheita da área queimada na safra an- terior, inclusive por meio da comuni- cação de queima feita à Secretaria do Meio Ambiente; Apresentar laudo técnico, assinado por profissional habilitado, demons- trando a origem desconhecida do fogo ou a origem provocada por terceiros que poderá ser solicitado pelo Escritó- rio Regional da Coordenadoria de As- sistência Técnica Integral – CATI (Casa da Agricultura), da Secretaria de Agri- cultura e Abastecimento Estadual; Apresentar o histórico da colheita mecanizada e/ou evolução desta nas úl- timas três safras. Portanto, estes são alguns exemplos de provas que o produtor rural deverá pro- duzir em caso de incêndio acidental ou criminoso em sua propriedade, para pos- sibilitar, inclusive, o pedido EXTRA- ORDINÁRIO de colheita perante a CETESB devendo, ainda, caso receba a visita de um PolicialAmbiental ou agente ambiental, informar esses fatos para que sejam apostos no respectivo Boletim de Ocorrências ou Auto de Infração, além de procurar orientação jurídica adequada IMEDIATAMENTE, onde o Depar- tamento Jurídico da Canaoeste estará à inteira disposição do associado para de- fendê-lo nestes casos.RC
  • 44. Revista Canavieiros - Abril de 2015 44 e, em março, mais de 16%, sobre os mes- mos meses do ano anterior”. Com relação à temporada atual, em sua segunda estimativa, a consultoria projeta a moagem de 649 milhões de toneladas para o Brasil, sendo que o primeiro terço da safra deve apresentar canas que sofreram mais intensamen- te os efeitos do clima desfavorável de 2014. O segundo e terceiro terços da safra devem apresentar canas com me- lhor desempenho. Já do ponto de vista de valores, a expectativa da consultoria é de pre- ços de etanol anidro e hidratado de 10 a 15 centavos por litro superiores aos observados em 2014. “No que tange ao açúcar, a desvalorização do real trouxe uma redução do preço avaliado em dó- lares no mercado livre de Nova York. Este efeito aumentou a relação de com- Safra indefinida Estimativas entre consultorias indicam que a produção de cana-de-açúcar na temporada 2015/16 ficará entre 649 e 672 milhões de toneladas Andréia Vital Reportagem de Capa 44 Plínio Nastari O emaranhado de problemas enfrentados pelo setor sucro- energético nos últimos anos e intensificado pelo fator climático em 2014 se reflete de forma diferente em vários períodos da atual temporada ca- navieira, que teve sua colheita iniciada oficialmente no dia 1º de abril. Um dos primeiros impactos se desta- ca pelo atraso na colheita neste início de safra. “Exatamente pela baixa qualida- de dos canaviais do início de safra e do estoque de etanol, até recentemente em níveis confortáveis, o início da moagem deve apresentar atraso de 15 a 20 dias, pela estratégia dos principais grupos de usinas de dar mais tempo para recupera- ção do atraso fisiológico do canavial, e melhor amadurecimento”, identifica Plí- nio Nastari, presidente da DATAGRO. Ao fazer um balanço sobre a safra 2014/15, o consultor afirma que, do ponto de vista agronômico, a tempora- da sofreu o impacto das chuvas abaixo do normal durante o verão passado e um comportamento do clima durante o ano de 2014, com variações significa- tivas em relação à media histórica. “A situação econômica financeira delica- da de vários produtores fez com que o canavial ficasse mais heterogêneo com situações de boa condução agronômica e situações de infestação de mato e pes- tes”, justificou. Segundo dados da consultoria, na safra 2014/15, a oferta total de ATR no Brasil (Regiões Centro-Sul mais Norte Nordeste) atingiu 85,4 milhões de to- neladas, volume que representou uma ligeira redução em relação à safra an- terior, de 86,3 milhões de toneladas. Já o mix de produção, a nível Brasil, foi de 2,6% mais alcooleiro, resultando numa redução da produção de açúcar de 37,6 para 35,4 milhões de toneladas. “Em contrapartida, a produção de eta- nol cresceu de 27,5 para 28,3 bilhões de litros, atingindo um novo recorde que precisa ser registrado e comemorado”, afirma o presidente da consultoria, Plí- nio Nastari. O destaque para a safra 2014/15 fica por conta do elevado crescimento do con- sumo do etanol combustível, alega Nasta- ri. “Enquanto o consumo de combustíveis do ciclo Otto cresceu 9,2%, em gasolina equivalente, o consumo de hidratado cresceu 20,1% e o de anidro, 14,5%”, argumentou o consultor, lembrando que este mesmo comportamento tem se man- tido no primeiro trimestre de 2015, e deve ser observado durante todo o ano. “Em janeiro, o consumo de hidratado cresceu mais de 13%, em fevereiro mais de 16%